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05 / O BDI “nominal” da Construção Civil hoje está por volta de 25% (20% a 30%). Ele se
aplica sobre todos os “custos diretos” da construção. Estima-se que metade dessa taxa vá
pagar as “despesas indiretas” e a outra metade vá formar a sua taxa de interesse que é o
lucro, também chamada de “bonificação”. Esse BDI “nominal” pode ser ampliado para um
BDI “real” por volta de 60%, podendo chegar a 100%. Sempre que se discute o tamanho do
BDI “real” aparece uma polêmica enorme pois as empresas temem que sejam flagradas em
evasão fiscal. Mas essa inconfidência não nos interessa, não é o nosso papel. O que nos
interessa de verdade, dentro da universidade, é ter uma maior clareza sobre a real
composição dos custos da construção para poder racionalizá-los e planejar os
empreendimentos com mais liberdade e eficiência como exigem os grandes problemas
nacionais onde a habitação popular se encontra em permanente destaque. A ausência de
auditorias e a falta dos desenhos das tipologias espaciais referenciais mais realistas, faz
com que as metodologias empregadas pelo setor na análise dos seus próprios custos
resultem negligentes. Por exemplo : o setor emprega oficialmente, para estimativa de custos,
o mesmo custo/m2 de construção tipológica (que pode ser uma habitação unifamiliar de 2
dormitórios, padrão popular), independentemente da qualidade e detalhamento do projeto e
da escala da construção ou da estrutura gerencial.
06 / Um BDI genérico entre 20% e 30% se aplica na verdade no setor atacadista das
mercadorias da Construção Civil, enquanto os setores de produção realmente industrial,
praticam um BDI próximo a 200%, como é caso do setor de alimentação e de confecções, e
próximo de 400% quando se trata da indústria automobilística. Seguramente a indústria de
artigos de luxo, de perfumes e de informática têm BDI muito maiores. Lembrando : o BDI se
aplica sobre os materiais e a mão-de-obra da produção da mercadoria; não se aplica sobre o
capital investido nas instalações (edifícios e equipamentos); não se aplica sobre os
investimentos com o planejamento e desenvolvimento dos projetos; não se aplica sobre as
campanhas publicitárias, não se aplica sobre os salários e consumos do corpo administrativo
(diretores, gerentes, secretárias, etc.); não se aplica sobre os custos financeiros do capital
de giro (diferença temporal entre as despesas da produção e o recebimento pelas vendas);
não se aplica sobre os custos financeiros dos estoques; não se aplica sobre o treinamento
da mão-de-obra e os benefícios assistenciais extras que se lhe dá; não se aplica sobre os
riscos dos investimentos; e se tratando da Construção Civil não se aplica sobre o canteiro de
obras. Por essa razão o genérico BDI de 30% para a produção da Construção Civil, está
muito distante de qualquer BDI industrial, mais realista.
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manualmente dos orçamentos é uma tarefa muito árdua, já se dispõe da TCPO sintetizada
em listagens impressas, e principalmente, já se dispõe do seu programa informatizado de
custos - VOLARE - em ambiente Windows, instalado em alguns micros do LCG, que
aguardam atualização para uma versão mais nova. A mesma PINI já pôs no mercado um
programa de desenho em ambiente CAD que dispõe de link com o programa de orçamentos
Volare para permitir um orçamento automaticamente a partir dos desenhos.
14 / Assim, esses três valores, de uso, de troca e de imagem, definem o que podemos
chamar de “Valor de Negócio”, pois é este quem determina se é interessante e viável a
sua produção para o consumo de uma determinada demandam alvo.
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16 / Por “perdas”, nos consumos de materiais, nos rendimentos da mão-de-obra e dos
equipamentos, entendem-se as quantidades estatisticamente esperadas e naturais de
materiais (entre 2% e 5%) e horas não trabalhadas (em torno de 30%), comuns durante os
trabalhos e emprego dos materiais e equipamentos.
21/ Por “materiais” da construção, que correspondem a aproximadamente 60% dos custos
diretos, se entendem todos os insumos regidos pela NBR.5706/77:
a) materiais simples – todo aquele material que não tem forma geométrica definida. Como
areia, pedra britada, cimento, tintas, etc. Perdas típicas = 5% a 20%.
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ela é da “produção” quando está envolvida diretamente com o serviço: pedreiros,
carpinteiros, etc.; e da “administração” quando está dando apoio técnico à produção:
mestres, encarregados, arquitetos, engenheiros, advogados, contadores, vigias,
controladores de qualidade, almoxarifes, gerentes, secretárias, boys, etc. Quanto à sua
capacitação tecnológica, ela poderá ser “artesanal” – quando empregar exclusivamente a
habilidade das mãos; “semi-artesanal” quando empregar individualmente equipamentos
elétro-mecânicos e pneumáticos; “mecanizado” quando trabalha sempre com a mediação
coletiva de equipamentos: guinchos, gruas, caminhões, tratores, etc.; e “industrializado”
quando trabalha dentro de instalações tipicamente industriais em linhas de produção seriada
: indústria de pré-moldados, e indústria de equipamentos e materiais em geral.
24 / As “Leis Sociais e Riscos do Trabalho”, que todo trabalhador tem direito sobre o seu
salário de “horista”, com são todos os trabalhadores dentro das TCPOs, e que todo
empregador tem obrigação de oferecer, não são regularmente respeitadas e é bastante
comum o trabalhador e o empregador acordarem informalmente, entre si, o não
cumprimento dessas leis. Pode parecer estranho, mas o trabalhador ao abrir mão desses
direitos (sob o risco de não ter o emprego), exige em contrapartida uma melhor remuneração
direta. Aparentemente o trabalhador sente alguma forma de benefício, pois grande parte dos
trabalhadores da Construção Civil não tem registro em Carteira de Trabalho. Vamos
entender melhor isso: as LS&RT, quando recolhidas pelo empregador resultam numa taxa
de aproximadamente 127%, e dentro delas se encontram: Previdência Social; FGTS; Férias;
13o Salário; SENAI; SESI; INCRA; SECONCI; SEBRAE; Salário Educação; Segurança de
Acidentes do Trabalho; Licença Paternidade; Auxílio Enfermidade; Indenizações por
Demissão Injusta; Repouso Semanal; e dias parados devido a chuvas e feriados. Nos
acordos informais, de sonegação dessas taxas, um oficial recebe pelo dia trabalhado, em
média, o dobro do que receberia se estivesse registrado. Isso equivale dizer que ao invés de
no fim do mês um trabalhador registrado qualquer, receber R$ 500,00, ele recebe R$
1.000,00. É uma coisa muito contraditória e conflituosa. O trabalhador está ali trocando a
garantia de um futuro mais previsível e assistido, pela garantia de uma melhor renda mensal,
efêmera. O empregador afirma que as taxas são muito altas e o salário baixo, e para o
trabalhador mais do que os direitos, ele precisa de trabalho, pois não lhe dá a garantia de
continuar no empregado. Dessa forma perversa, o trabalhador passa a administrar a sua
vida a curto prazo, morando em favelas e auto-construções, ou ainda, voltando para a sua
cidade natal aguardando que o chamem para um novo trabalho efêmero, que novamente
encerrado ele voltará para lá.
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e metodologias se manifestam através da qualificação dos desenhos de arquitetura.
Enquanto a EC trabalha sobre bases predominantemente mais objetivas, a AC sem
abandonar suas bases subjetivas, trabalha com alguns dos instrumentos da EC, como a
apropriação de orçamentos e indicadores espaciais e funcionais tipológicos e referenciais,
que ambos usam em projetos análogos. Aqui também o orçamento da construção é previsto,
e sobretudo, ele é monitorado durante o desenvolvimento dos desenhos do projeto. Esse
controle econômico do projeto está cada vez mais sendo exigido dos arquitetos, e a sua
eficiência exige a colaboração da EC, embora essa relação ainda não esteja totalmente
definida.
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B.2 – O CASO DOS MUTIRÕES DA CDHU-SP EM 1996
A Editora PINI representa hoje o grupo editorial de maior destaque e credibilidade nos
assuntos da Construção Civil, onde se encontra a Engenharia de Avaliações e Custos. A sua
presença marcante em todos os eventos do setor é prova evidente da sua sintonia com as
questões, debates e iniciativas que estão sendo abordadas pelos profissionais, empresas e
centros acadêmicos debruçados sobre as questões da Construção Civil.
Dos serviços que ela presta destacamos o manual TCPO.10 – “Tabela de Composição de
Preços para Orçamentos” na sua versão nº 10 de 1996. Esse manual compreende mais
de 800 páginas com um total de mais de 3000 Tabelas, organizadas em 14 títulos principais
– Etapas – com suas subdivisões específicas. Esse manual tem orientado o mercado na
composição dos custos dos serviços construtivos, e tem sido consensualmente aceito
como um referencial confiável, que guarda uma certa e necessária independência em
relação ao setores sindicais empresariais e operários. E que não está isento de algumas
críticas de ordem metodológica mas que não lhe destroem a sua boa estrutura.
Para ilustrar a discussão vamos analisar e fazer intervenções numa tabela, em R$ na base
de jan/07 :
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C.1 – Custos “posto obra”, convencionais
Código 070160 – Alvenaria de vedação para revestimento, com blocos de concreto,
dimensões : 14 x 19 x 39 cm, assentados com argamassa (mista de cimento e areia média,
traço 1:0,5:8); espessura das juntas 10 mm; espessura da parede sem revestimentos = 14
cm; unidade em m2:
Nessa tabela estamos adotando o BDI em 25 % e a taxa de Leis Sociais, calculada pela
PINI SISTEMAS, em 126,80 %. Os preços dos insumos foram extraídos da revista
CONSTRUÇÃO-Mercado São Paulo, de março/07 que trazem as cotações desses insumos
na data de jan/07.
São as reais contextualidades, que aparecem ao compormos as Tabelas, que dão uma
significativa flexibilidade na definição no Preço Total Final que elas definem. De uma forma
geral a flexibilização dos preços dos insumos se dá pelos seguintes aspectos:
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grande número de produtores de blocos para essas condições de “vedação” a ser revestida.
Nesse contexto a redução no preço do bloco de concreto pode ultrapassar os 20%;
5- Da mesma forma a areia, se puder ser estocada no canteiro em volumes maiores, será
mais econômico da ordem de 15 %, comprá-la em volumes de 11 m3 ao invés de 4 m3;
Da comparação desses dois quadros 1 e 2, principalmente nos seus Preços Totais Finais,
temos que a tabela com os procedimentos racionalizados é mais econômica que a dos
procedimentos convencionais, da ordem de [1 - (25,15 : 30,81)] = 1 – 0,8163 ≅ 0,18 ≅ 18 %.
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C.2 – As “gorduras sistemáticas” das tabelas oficiais e convencionais de
consumos e custos da Construção Civil
Para sabermos qual é o BDI “real” do construtor nós devemos confrontar o que ele cobra
como preço total final “convencional” e o que ele efetivamente tem como gastos totais
“racionalizados”, o que dá = (30,81 : 20,12) – 1 = 1,53 – 1 = 0,53 = 53 %, portanto bem
diferente dos 25% declarados!
Portanto, não fazem sentido prático algum as afirmações improcedentes e injustas de que
seria a mão-de-obra a responsável pela elevação do “Custo Brasil” da Construção Civil. Pois
uma mão-de-obra mal paga, desestimulada e desprestigiada jamais obterá melhorias
expontâneas na sua produtividade nem na qualidade das obras se não houver o interesse
central do empresariado da C. Civil.
E se essa mão-de-obra vier a ser bem remunerada, virão junto os processos industriais ou
de maior mecanização que reduzirão a presença de pessoal no canteiro. Só nesse instante
é que o canteiro artesanal estará se deslocando em direção ao industrial.
O custo da mão-de-obra, nestas duas simulações nossas, está variando entre 34,30 % e
35,00 % do Preço Total Final, já incluídas as suas Leis Sociais. Que é uma valor médio
praticamente igual ao BDI Nominal” de 25,93 %.
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Se essa escala de 30 % de desperdícios estiver genericamente sendo praticada para todos
os materiais, o que sensatamente é impossível de ocorrer, seguramente estará ocorrendo
um erro de interpretação ou uma mentira dirigida. Esses 30 % de desperdícios podem ser
encontrados no rendimento da mão-de-obra, e sobretudo, essa baixa produtividade não é
por incompetência da mão-de-obra, senão por exclusiva incompetência da administração
das obras, que não orienta, não acompanha e nem avalia corretamente a produção dos seus
trabalhadores. É óbvio que nenhum trabalhador se interessa em ver a sua produtividade
rebaixada pois ali ele perde os argumentos e condições nas negociações para sua melhor
remuneração.
Quanto aos Manuais das TCPOs, eles deveriam colocar os consumos de mão-de-obra e o
cadastro dos custos dos insumos dentro de pelo menos três padrões de especificações e
três níveis de desempenho. Assim teríamos para os diversos contextos do canteiro, a
anotação da mão-de-obra com três níveis de desempenho: baixo, médio, e alto; e também
para os materiais as cotações dos produtos teriam as suas especificação em três padrões:
baixo, normal, e luxo. Essa racionalidade, mais do que óbvia, é um forte indicador da
abordagem metodologicamente mascaradora dos custos efetivos dos serviços da C. Civil.
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