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ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL FREI NIVALDO LIEBEL - ASSEFRENI

FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS - FACISA


CELER FACUL DADES
CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE A DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGENS E


APLICAÇÕES DE RECURSOS E A DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA
DE UMA EMPRESA DO RAMO INDUSTRIAL

DAISON ANDRÉ PAGANI


Relatório Final de Estágio

Xaxim (SC), Dezembro/2010


Associação Educacional Frei Nivaldo Liebel – ASSEFRENI
Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas – FACISA
Celer Faculdades
Curso: Ciências Contábeis
Período: 8º (oitavo)
Disciplina: Relatório Final de Estágio
Professor: Fernando Krahl

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE A DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGENS E


APLICAÇÕES DE RECURSOS E A DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA
DE UMA EMPRESA DO RAMO INDUSTRIAL

DAISON ANDRÉ PAGANI

Xaxim (SC), Dezembro/2010


ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE A DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGENS E
APLICAÇÕES DE RECURSOS E A DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA
DE UMA EMPRESA DO RAMO INDUSTRIAL

DAISON ANDRÉ PAGANI

Este trabalho de Conclusão foi julgado adequado para a obtenção do título de Bacharel
em Ciências Contábeis, e aprovado pelo Curso de Ciências Contábeis da Associação
Educacional Frei Nivaldo Liebel.

_____________________________________
Prof. (a): José Arnaldo Favretto
Coordenador de Estágio

Apresentado a Comissão Examinadora Integrada pelos Professores:

_____________________________________
Prof. (a): Cleonir P. Theisen
Presidente da Banca

_____________________________________
Prof. (a) Fernando Krahl
Orientador (a) e Membro da Comissão

_____________________________________
Prof. (a): José Arnaldo Favretto
Membro da Banca

Xaxim (SC), Dezembro/2010


DEDICATÓRIA

“Dedico este trabalho a minha família, em


especial meu pai e minha mãe que sempre me
apoiaram e não mediram esforços para que eu
chegasse até aqui. Também dedico este trabalho
a todos os meus colegas de faculdade pelos anos
de convivência no curso, que com certeza
ficarão eternamente guardados na minha
lembrança como uma das melhores fases da
minha vida. Enfim, este trabalho é uma grande
conquista e com certeza, resultado de muito
esforço”.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, pela vida, saúde e oportunidades, nas quais encontro força e
inspiração na busca por novas conquistas.
Aos meus pais Gasparino e Claudete Pagani, pela educação e incentivo, criadores dos
meus princípios de vida e construtores da minha personalidade.
Aos professores da Celer Faculdades, pelo conhecimento que me foi passado no
decorrer deste curso, em especial ao Prof. Fernando Krahl que sempre me atendeu e se
empenhou ao máximo para que a conclusão deste trabalho fosse possível.
Aos amigos e colegas, pelo constante incentivo.
Estejam certos que sem a vossa presença e apoio tudo não seria realidade. Por isso,
meus sinceros agradecimentos.
RESUMO

Com a lei 11.638/2007 muitas mudanças foram feitas na lei das sociedades por ações
(6.404/76), no intuito de padronizar a lei brasileira com as normas internacionais de
Contabilidade. Uma destas mudanças foi à substituição da obrigatoriedade de publicação da
Demonstração das Origens e Aplicação de Recursos (DOAR) pela Demonstração dos Fluxos
de Caixa. Este trabalho teve como premissa, verificar se a substituição da DOAR pela DFC
trouxe benefícios para a evidenciação contábil melhorando o entendimento dos usuários da
Contabilidade. Discorre sobre as vantagens e desvantagens da DOAR e da DFC bem como
sua forma legal de apresentação. Adotou-se a metodologia do tipo exploratória e descritiva
com enfoque em informações bibliográficas restrita a livros e artigos científicos já publicados
e realizou-se um estudo de caso na empresa Rafitec S/A instalada no município de Xaxim/SC,
onde foram coletados dados para o andamento do trabalho através de uma entrevista a setores
administrativos da empresa. Prossegue mostrando uma análise sobre os dois demonstrativos
da empresa em questão e os dados obtidos com a entrevista. E conclui-se que a DFC traz
benefícios aos usuários, por ser fácil o seu entendimento em relação a DOAR atendendo
melhor o público interessado nas informações contábeis das empresas.
Palavras-chave: Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC), Demonstração das Origens e
Aplicações de Recursos (DOAR), benefícios e evidenciação contábil.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Parque Industrial Rafitec S/A ................................................................................... 18


LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Modelo de uma DOAR ............................................................................................ 33


Quadro 2: DFC pelo método direto .......................................................................................... 40
Quadro 3: DFC pelo método indireto ....................................................................................... 41
Quadro 4: Vantagens da DFC e da DOAR ............................................................................... 43
Quadro 5: Desvantagens da DFC e DOAR .............................................................................. 44
Quadro 6: Resumo dos dados da DFC 2009............................................................................. 53
Quadro 7: Resumo dos dados da DOAR 2009 ......................................................................... 56
Quadro 8: Comparativo dos dados da DFC e da DOAR .......................................................... 57
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Resumo dos dados da DFC 2009 ............................................................................ 54


Gráfico 2: Variação das disponibilidades ................................................................................. 55
Gráfico 3: Substituição da DOAR pela DFC............................................................................ 59
Gráfico 4: Influência da substituição da DOAR pela DFC na evidenciação contabil .............. 60
Gráfico 5: Aspectos: informação, entendimento e decisão ...................................................... 63
LISTA DE ANEXOS

ANEXO 1 - ENTREVISTA ..................................................................................................... 71


ANEXO 2 – DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA (DFC) ................................... 74
ANEXO 3 – RESUMO DA DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGENS E APLICAÇÕES DE
RECURSOS (DOAR)............................................................................................................... 76
LISTA DE ABREVIATURAS

AC – Ativo Circulante
PC – Passivo Circulante
CCL – Capital Circulante Líquido
CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis
CVM – Comissão de Valores Mobiliários
DFC – Demonstração dos Fluxos de Caixa
DOAR – Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos
DRE – Demonstração do Resultado do Exercício
DVA – Demonstrações do Valor Adicionado
IASB – International Accouting Standards Board
IFRS – International Financial Reporting Standards
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 14
1.1 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 16
1.1.1 Objetivo geral ................................................................................................................. 16
1.1.2 Objetivos específicos ...................................................................................................... 16
2 EMPRESA E/OU AMBIENTE .......................................................................................... 17
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................... 19
3.1 IMPORTÂNCIA DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL PARA OS USUÁRIOS E
SOCIEDADE ........................................................................................................................... 19
3.2 A LEI 11.638/2007 ............................................................................................................. 22
3.3 DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS (DOAR) ....... 24
3.3.1 Descrição das origens e das aplicações de recursos .................................................... 27
3.3.1.1 Origem de recursos ....................................................................................................... 27
3.3.1.2 Aplicação de recursos ................................................................................................... 29
3.3.2 Origens e aplicações que não afetam o capital circulante líquido, mas aparecem na
demonstração .......................................................................................................................... 30
3.3.3 Importância da DOAR .................................................................................................. 30
3.3.4 Forma legal de apresentação ........................................................................................ 31
3.4 DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA ............................................................. 34
3.4.1 Caixa e equivalentes de caixa ....................................................................................... 36
3.4.2 Apresentação da demonstração dos fluxos de caixa ................................................... 37
3.5 DOAR x DFC ..................................................................................................................... 42
4 METODOLOGIA................................................................................................................ 47
4.1 MÉTODOS CIENTÍFICOS ............................................................................................... 47
4.2 NÍVEIS DE PESQUISA..................................................................................................... 47
4.3 TIPO DE PROJETO ........................................................................................................... 48
4.4 DELINEAMENTO DA PESQUISA .................................................................................. 49
4.5 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ................................................................... 49
4.6 DEFINIÇÃO DA ÁREA OU POPULAÇÃO-ALVO ........................................................ 50
4.7 TÉCNICA DE ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS ........................................ 50
5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ............................................................... 52
5.1 INFORMAÇÕES OBTIDAS COM A ANÁLISE DA DFC ............................................. 52
5.2 INFORMAÇÕES OBTIDAS COM A ANÁLISE DA DOAR .......................................... 56
5.3 VISÃO COMPARATIVA ENTRE A DOAR E A DFC ................................................... 57
5.4 ANÁLISE DOS DADOS DA ENTREVISTA ................................................................... 58
5.4.1 Opinião dos entrevistados quanto à substituição da DOAR pela DFC .................... 58
5.4.2 Os aspectos entendimento, informação e decisão ....................................................... 62
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 65
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 68
ANEXO 1 – ENTREVISTA ................................................................................................... 71
13

ANEXO 2 – DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA (DFC) ............................... 74


ANEXO 3 – RESUMO DA DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGENS E APLICAÇÕES DE
RECURSOS (DOAR) ............................................................................................................. 76
1 INTRODUÇÃO

A globalização da economia, por meio do desenvolvimento do mercado de capitais


internacional, do crescimento de investidores estrangeiros e também a formação de blocos
econômicos fez surgir à necessidade de informações para seus usuários. Tanto para os
usuários que necessitam de informações para a tomada de decisões, quanto para os usuários
que precisam divulgar informações que atendam as necessidades do mercado. Cada um desses
usuários encontra-se inseridos em locais diferentes, com diferenças de leis, costumes, cultura,
mas a grande diferença em questão esta na existência de diferenças entre as normas contábeis
entre os países inseridos neste contexto de globalização dificultando o processo de
comunicação entre os diversos usuários das informações contábeis.
Diante deste conflito de necessidade de informação contábil e da dificuldade de
comunicação entre os usuários, existe uma tendência mundial visando à padronização dos
procedimentos contábeis, no intuito de possibilitar uma maior interação das empresas, dos
investidores e do mercado de capitais em função do fenômeno da globalização.
Gomes (2000, pag. 01) destaca a expectativa dos usuários quanto à divulgação
contábil afirmando: “A contabilidade como instrumento fundamental no processo de
mensuração e meio de comunicação [...] não pode dar margem ou interpretação equivocada”.
Dentre os objetivos da contabilidade destaca-se a transparência da realidade
econômica e financeira das empresas, com a divulgação de suas operações, ou seja, a
evidenciação, que seria a forma pela qual a administração de cada entidade atende seus
usuários externos com as informações necessárias para a tomada de decisões. Assim a
contabilidade já não é considerada como mero instrumento decisório, mas como fornecedora
de informações que possam ser vistas e entendidas internacionalmente.
É neste ambiente que os padrões internacionais de contabilidade foram fortalecidos, e
a busca pela convergência das práticas contábeis brasileiras com as internacionais se faz
necessária. Essa necessidade se encontrava nos tramites burocráticos há vários anos, mas com
a aprovação da lei 11.638/2007 o Brasil da um grande passo pela busca dessa padronização.
15

Essa nova lei tem objetivo de criar condições para harmonizar as práticas contábeis
adotadas no País e respectivas demonstrações contábeis, com as práticas e demonstrações
exigidas nos principais mercados financeiros mundiais, mais precisamente a contabilidade
internacional.
A lei 11.638/2007 promoveu várias mudanças no cenário contábil nacional, alterando
desde a estrutura do Balanço Patrimonial introduzindo novos grupos de contas no mesmo e
extinguindo outros. Algumas demonstrações financeiras deixaram de ser obrigatórias, como a
Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR) sendo substituída pela
Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC), teve também o surgimento da Demonstração do
Valor Adicionado (DVA), mudanças nos Critérios de Avaliação, mudanças na Demonstração
do Resultado do Exercício (DRE) e entre outras.
A Demonstração do Fluxo de Caixa é uma das demonstrações que passou a ser
obrigatória para as sociedades abrangidas pela lei 11.638/2007, diante deste contexto
levantou-se a seguinte questão: será que a DFC, instituída pela lei 11.638/2007 é de fato
um demonstrativo com características para substituir a DOAR, sem que com isso se
tenha perda na qualidade da informação?
Como já dito, a globalização e a constante evolução tecnológica abriram as portas do
mercado internacional, fazendo com que a Contabilidade assuma um papel cada vez mais
importante e notável no cenário econômico financeiro atual. Diante deste novo contexto, o
profissional contábil deve estar atento as constantes mudanças devendo ser mais flexível para
poder atender as exigências desse novo mercado, não somente a nível nacional, mas também
internacional e buscando maior rapidez na qualidade das informações, comparabilidade e
transparência nas demonstrações financeiras e outros relatórios contábeis, em busca de
facilitar cada vez mais o entendimento de seus usuários no que tange a tomada de decisões
econômicas e financeiras, mas sempre dentro dos limites da ética e normas que regulam a
profissão.
Devido à abrangência do assunto, este trabalho visa discutir a capacidade
informacional da contabilidade por meio da DFC em substituição a DOAR, na tentativa de
avaliar se esta substituição foi benéfica ou não para seus usuários quanto às contribuições para
a evidenciação contábil. Não se pretende neste trabalho orientar seus leitores na elaboração de
quaisquer demonstrações financeiras.
Demonstrar conhecimento e entendimento no assunto tratado neste trabalho é sem
duvida um passo a frente para qualquer profissional da área que busca reconhecimento na sua
atividade, pois o mercado de trabalho hoje é cada vez mais competitivo e, ira se destacar o
16

profissional que se antecipar na busca de informações e estiver atento as frequentes mudanças


que ocorrem e principalmente, mantiver uma educação continuada.

1.1 OBJETIVOS

Para atender as expectativas do referido trabalho, tem-se alguns objetivos:

1.1.1 Objetivo geral

Verificar se a substituição da DOAR pela DFC trazida pela lei 11.638/2007 trouxe
benefícios na qualidade e interpretação da informação contábil dentro de uma empresa do
ramo industrial.

1.1.2 Objetivos específicos

• Relatar a importância da evidenciação contábil para seus usuários e sociedade;


• Determinar a importância do processo de convergência para as normas internacionais
de contabilidade;
• Descrever os objetivos, a importância e os aspectos introdutórios quanto à elaboração
e divulgação da DOAR;
• Identificar a importância da DFC para seus usuários;
• Determinar se a substituição ocorrida apresentou melhora ou piora na qualidade das
informações contábeis.
2 EMPRESA E/OU AMBIENTE

Em agosto de 1995, nascia a Rafitec Indústria e Comércio de Sacaria Ltda. no


município de Xanxerê – SC, fundada pelos senhores Eloy Luiz Vaccaro e Marcio Vaccaro,
hoje Diretor presidente da empresa. Tendo como objetivo principal a produção de sacos de
ráfia. Em dezembro do mesmo ano, foi produzido o primeiro saco. Contando com poucas
máquinas e apenas 25 colaboradores, produziam cerca de 230.000 (duzentos e trinta mil)
sacos/mês. A empresa mudou-se de local por duas vezes em Xanxerê e por esse motivo sentia
a necessidade de ter seu próprio prédio, para que conseguisse desenvolver bem o projeto
estabelecido. Recebeu então convite para mudar-se para Xaxim/SC.
Em março de 1998, a Rafitec mudou-se totalmente para Xaxim, com um prédio
próprio de 2.300 m² de área construída, com mais equipamentos e condições de trabalho,
absorvendo aproximadamente 60 (sessenta) colaboradores. Na entrada de ano 2000, ampliou
suas instalações, adquiriu novas máquinas e aumentou em grande escala sua produção
diversificando a linha de produtos. Hoje, a Rafitec com uma capacidade instalada de
13.000.000 sacos ao mês e 200.000 big bags ao mês, desenvolve e comercializa seus produtos
para todo Brasil e alguns países do exterior. Seu forte mesmo é a venda no mercado interno,
até porque o Brasil tem grande potencial consumidor para sacarias e big bags, já que produz,
por exemplo, grande quantidade de grãos, sementes. Hoje se denomina Rafitec S/A Indústria
e Comércio de Sacarias.
18

Figura 1: Parque Industrial Rafitec S/A


Fonte: www.rafitec.com.br
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo terá o objetivo de fundamentar os assuntos abordando vários autores.

3.1 IMPORTÂNCIA DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL PARA OS USUÁRIOS E


SOCIEDADE

Desde os primórdios da contabilidade, quando esta servia a necessidade do gestor em


medir o seu patrimônio, pois ele era muitas vezes o proprietário de sua empresa, havia o
interesse de fornecer informações aos demais usuários interessados no negócio.
O próprio histórico da contabilidade revela um campo de estudo preocupado com a
informação que fornece aos seus usuários, pois a cada nova faze da sociedade mais
informações são requeridas. Assim nasce a contabilidade como sistema de informação,
visando medir e avaliar o patrimônio das entidades, mensurar seu lucro e principalmente,
gerar informações úteis e eficazes para que, quem as analisar, seja capaz de compreender e
trabalhar com essas informações visando à melhor gestão do patrimônio.

A contabilidade tem dois objetivos primordiais:


• Apresentar o patrimônio de uma empresa da maneira mais real possível; e
• Apurar o resultado econômico das transações negociais de uma empresa, num
determinado período, com a maior precisão possível (OLIVEIRA, 2002, p. 58).

A contabilidade é então um instrumento que fornece o máximo de informações uteis


para a tomada de decisões dentro e fora das empresas. Ela tem sua metodologia voltada em
captar, registrar, acumular, resumir e interpretar os fenômenos que afetam as situações
patrimoniais, financeiras e econômicas de qualquer entidade.
20

As informações contábeis são, na realidade, produto das necessidades dos usuários.


Os sistemas contábeis atuam em função de seus usuários. Estes buscam nas
informações contábeis subsídios para suas decisões, ou seja, formas de reduzirem
suas incertezas no processo de tomada de decisão. As decisões são tomadas
buscando a maximização dos resultados das atividades de um segmento social
(SCHMIDT, 1996, p. 446).

A informação contábil assumiu de certa forma uma função que oferece a sociedade
vários benefícios, incluindo menores riscos ao investir e a melhor destinação e controle dos
recursos.
Com o objetivo de atender seus usuários, a contabilidade elabora demonstrações ricas
em informações que relatam os principais fatos registrados pela contabilidade em determinado
período visando aumentar a produtividade, reduzir custos e manter a qualidade dos bens e
serviços. Por isso que no atual cenário econômico mundial as empresas cada vez mais,
necessitam dessas informações que a contabilidade fornece para melhor administrar suas
atividades e, alcançar seus objetivos.

A contabilidade está vinculada as mudanças sociais que ocorrem ao longo dos anos
e que a cada nova mudança exige-se da contabilidade nova postura na divulgação
das informações geradas, visando suprir os anseios de informações requeridas pelos
seus usuários. Não resta dúvida que o cumprimento da missão da Contabilidade
tornou-se mais difícil de ser alcançado, já que cada usuário deseja um conjunto
específico de informações que possam suprir seu modelo decisório (IUDICIBUS,
1997, p. 20).

Verifica-se então a importância da contabilidade como fonte geradora de informações


que agrega valor através de seus relatórios para a gestão das empresas, permitindo a cada
grupo principal de usuários a avaliação da situação econômica e financeira da entidade e
também fazer análises sobre suas tendências futuras.
Nos tempos atuais, a informação é uma poderosa ferramenta de gestão e análise que
está à disposição dos empresários e demais usuários destas informações, ou seja, através das
informações contábeis é possível mensurar o desempenho da empresa, traçar um
planejamento estratégico ou fazer uma análise de investimentos, formando então um conjunto
especifico de informações para atender o modelo decisório de cada usuário como citou o
autor.

O objetivo da Contabilidade praticamente permaneceu inalterado ao longo dos anos;


as mudanças substanciais verificaram-se nos tipos de usuário e nas formas de
informação que têm sido demandadas (IUDICIBUS, 1997, p. 21).
21

As informações hoje ganharam uma velocidade muito grande com os avanços


tecnológicos, e a contabilidade como uma ciência social aplicada não poderia ficar de fora
dessa evolução.
Com a globalização dos mercados, os usuários da informação contábil são cada vez
maiores e necessitam de informações cada vez mais precisas e que avaliem as características
econômicas e financeiras de empresas com os mais variados ramos de atividade e por
diferentes ângulos.
A profissão contábil tem procurado acompanhar as mudanças e adaptar-se à nova
realidade de mercado, produzindo informações que buscam o máximo de transparência e
compreensão dos dados apresentados procurando uma interação entre o usuário cada vez mais
exigente e a informação contábil, que deve acompanhar a economia que se encontra a cada
dia mais globalizada, e traz junto com ela a necessidade de informações econômicas e
financeiras que se adéquem a este mercado em constante mudança.

As expectativas da sociedade crescem continuamente, uma vez que ela vê a


profissão contábil como capaz de enfrentar os desafios do futuro e de cumprir suas
responsabilidades. A profissão tem, portanto, de avaliar e reconhecer até onde ela
pode atender às expectativas da sociedade, sempre crescentes, adaptando-se às novas
situações, seu crescimento será assegurado. Isso exigirá constante comparação entre
as expectativas da sociedade e a capacitação dos membros da profissão para atender
a essas expectativas. Ela terá, portanto, de atualizar constantemente seus
conhecimentos para justificar sua afirmação de que pode atender às necessidades da
sociedade (FRANCO, 1999, p. 86).

Diante do exposto pelo autor, entende-se que o profissional contábil de hoje deve
interagir com as novas perspectivas do mercado e da própria contabilidade mantendo-se
atualizado e em constante aperfeiçoamento para poder enfrentar os desafios das mudanças
existentes e também das mudanças que estão por vir. O que se percebe também, é que a
contabilidade por meio das informações que gera, presta um serviço relevante para as
empresas e consequentemente para a sociedade, contribuindo para a solução de problemas
econômicos, financeiros e até mesmo sociais.
A contabilidade não é e nem nunca será um luxo das empresas, ou algo burocrático
que serve somente para atender a legislação fiscal e societária. A contribuição da
contabilidade vai muito além desses conceitos, sendo ela uma ciência, e como tal, contribui
para o aprimoramento da própria sociedade.
Esta ciência é uma enorme fonte de registro, interpreta dados empresariais e também
governamentais buscando a plenitude de seu objetivo: a informação contábil, que deve ser útil
e compreensível para seus usuários, desempenhando um papel fundamental na modernização
22

e internacionalização da economia, pois a informação é um meio necessário para se alcançar


os objetivos de uma sociedade.

3.2 A LEI 11.638/2007

Desde a sua criação, ainda na década de 70, a lei 6.404/1976 surgiu com o objetivo de
trazer maior transparência para os procedimentos contábeis e administrativos para as
empresas de capital acionário principalmente. No entanto com o passar dos anos as inovações
nos processos financeiros, nas formas de apuração de resultado bem como a necessidade de
informações socioeconômicas das empresas e principalmente, as constantes alterações
legislativas, fizeram com que a lei 6.404/1976 perde-se parte de sua eficiência e eficácia de
quando fora implantada. Todo este processo se deu mediante ao tão conhecido fenômeno da
globalização, que estabeleceu novos padrões nas relações políticas, sociais e econômicas do
mundo.
Lembra-se também, que à existência de práticas contábeis diferentes pelo mundo tem
sido um problema para a melhor compreensão e comparabilidade das informações
econômicas e financeiras, sendo por meio da contabilidade que os principais agentes
econômicos do mundo buscam estas informações. Por esse motivo, busca-se também à
convergência das normas contábeis no mundo, com o intuito de facilitar o processo de
comunicação das economias.
Diante do exposto, o Brasil não poderia então ficar alheio a tantas mudanças ao seu
redor. Nasce então a lei 11.638/2007 que tramitou durante 7 (sete) anos na Câmara dos
Deputados, como projeto de lei n° 3.741/2000 que tinha a finalidade de possibilitar a
eliminação de algumas barreiras regulatórias que impediam a inserção total das companhias
abertas no processo de convergência contábil internacional, além de aumentar o grau de
transparência das demonstrações financeiras em geral. Foi aprovada então pelo congresso e
sancionada pelo Presidente da Republica na forma da lei 11.638/2007, que altera, revoga e
introduz novos dispositivos à lei 6.404/76 (lei das sociedades por ações) e também da lei
6.385/76, instituindo várias mudanças nos padrões nacionais de contabilidade relativas à
elaboração e divulgação de demonstrações financeiras, buscando a convergência aos
pronunciamentos internacionais de contabilidade.
23

Esta convergência é irreversível, insere-se no contexto das melhores práticas de


governança corporativa, contribuindo para a maior transparência das informações
das empresas, aumentando sua exposição aos investidores internacionais e ao
mercado de um modo geral (BRAGA; ALMEIDA, 2009, p. 6).

As novas regras estão alinhadas com o mercado contábil internacional, sendo assim,
estamos caminhando para um processo de transparência, fazendo com que as empresas
divulguem informações que possam ser uteis e compreendidas por todos os usuários da
informação contábil, sejam eles: clientes, fornecedores, governo etc.
A lei 11.638/2007 contribui para a melhoria das praticas de governança, fazendo com
que o mercado de capitais cresça ainda mais, pois com o surgimento de uma nova realidade
econômica no Brasil e o processo de globalização das economias, de abertura de capitais, com
expressivo fluxo de capitais ingressando no país e com as empresas brasileiras captando
recursos no exterior, o país deve possuir normas ou uma regulação contábil que favoreçam a
comparabilidade entre as demonstrações financeiras, dentro do país, e de empresas nacionais
com estrangeiras, buscando a internacionalização da economia e a perspectiva de um único
mercado.

Em função do disposto no § 5° do art. 177 adicionado pela lei n° 11.638/2007, as


normas contábeis emitidas pela CVM deverão estar obrigatoriamente em
consonância com os padrões internacionais adotados nos principais mercados de
valores mobiliários, ou seja, de acordo com as normas emitidas pelo International
Accouting Standards Board – IASB, que é hoje considerado como a referência
internacional dos padrões de contabilidade (Comunicado ao Mercado, de 14-01-
2008, da CVM).

O principal objetivo da lei 11.638/2007 ao entrar em vigor, foi de atualizar as regras


contábeis brasileiras e aprofundar a harmonização destas regras com os pronunciamentos
intencionais, em especial os emitidos pelo International Accouting Standards Board (IASB),
por meio dos International Financial Reporting Standards (IFRS).
A lei produziu alterações específicas, pontuais e de aplicação imediata para as
empresas atingidas por ela, em linha com os padrões internacionais de contabilidade, além de
estabelecer para a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aliada com o Comitê de
Pronunciamentos Contábeis (CPC) o poder e o dever de emitir normas para as companhias
abrangidas pela lei em consonância com esses padrões internacionais, para que as
demonstrações financeiras já elaboradas de acordo com as novas práticas adotadas no Brasil
24

contenham informações que proporcionem um ponto de partida adequado para a contabilidade


de acordo com as novas práticas contábeis adotas no país.

Profissionais experientes que militam a certo tempo no processo de convergência


contábil internacional ressaltam que a conversão para IFRS é complexa e exigirá um
enorme esforço das empresas, reservando importantes desafios para os próximos
anos (...) As mudanças tendem a afetar praticamente todas as áreas das empresas,
inclusive nos processos e sistemas de informação (AZEVEDO, 2009, p.19).

A apresentação das demonstrações pelas companhias brasileiras em conformidade


com os procedimentos internacionais de contabilidade trará maior transparência e
confiabilidade das informações, aumentando assim a qualidade no fluxo de informações em
busca a facilitar o acesso das empresas brasileiras ao mercado externo com um custo e riscos
reduzidos, promovendo benefícios para a economia nacional como um todo.
Com a atualização da Lei das Sociedades por Ações, juntamente com o poder
regulatório e interpretativo que a CVM passa a ter apoiando-se nos estudos e normas
levantadas pelo CPC, irão colocar o Brasil, mesmo que aos poucos, mas com muita
serenidade aos níveis mais altos de regulação contábil internacional, exigindo cada vez mais
do profissional contábil, uma educação continuada para que ele possa atender as necessidades
e exigências deste novo mercado trazido pela globalização contábil tendo assim o devido e
merecido reconhecimento da classe.
Entre as diversas alterações promovidas pela nova lei, alguns pontos importantes
podem ser destacados. Em relação às demonstrações contábeis a serem apresentadas pelas
empresas sujeitas a nova lei, a Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) substituirá a
Demonstração das Origens e Aplicação de Recursos (DOAR), assim na seqüência deste
trabalho serão apresentadas as características, objetivos e as informações geradas pelas duas
demonstrações.

3.3 DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS (DOAR)

A Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos, também conhecida por


Demonstração de Mudanças na Posição Financeira ou ainda Demonstração do Fluxo de
Fundos, procura evidenciar o que afeta a folga financeira de curto prazo de uma empresa,
25

mostrando de forma organizada as informações relativas às operações de financiamento e


investimento da empresa durante o exercício, e principalmente, identifica as fontes de
recursos responsáveis pelas alterações no capital de giro e onde esses recursos foram
aplicados durante determinado período de tempo.

A Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos possibilita ao administrador


financeiro analisar as origens e aplicações históricas de recursos da empresa. Sua
maior vantagem está na avaliação das origens e aplicações. O conhecimento dos
padrões históricos da utilização dos recursos dá ao administrador financeiro
melhores condições de planejar as necessidades futuras de recursos em prazos
intermediários e longos (GITMAN, 1987, p. 205).

Com essa demonstração os usuários das demonstrações financeiras podem conhecer


como fluíram os recursos ao longo de um exercício, ou seja, quais foram os recursos gerados
e como e onde esses recursos foram aplicados na empresa. A finalidade da DOAR de acordo
com Marion (2003, p. 455), é de “[...]esclarecer a variação que aconteceu no Capital
Circulante Líquido (CCL) entre dois momentos distintos no tempo, referente a uma mesma
empresa.” Enfim a Demonstração das Origens e Aplicação de Recursos permite a análise do
aspecto financeiro da empresa, tanto no que diz respeito ao movimento de investimentos e
financiamentos e como os recursos da empresa foram obtidos e aplicados em um dado
período.
Os financiamentos estão representados pela origem de recursos, e os investimentos
pela aplicação de recursos, sendo que o significado de recursos na DOAR não se resume
apenas ao dinheiro da empresa ou de suas disponibilidades, o mesmo abrange um conceito
bem mais amplo do que isso.
Os recursos na DOAR representam o capital de giro líquido da empresa, sendo este
denominado pela lei das Sociedades por Ações (lei 6.404/1976) de Capital Circulante
Líquido. Conforme Iudícibus (1998, p. 218), ao se subtrair do Ativo Circulante o valor do
Passivo Circulante, “[...] ter-se-á o que se denomina Capital Circulante Líquido, também
chamado de Capital de Giro Líquido”.
A forma mais utilizada para se calcular o Capital Circulante Líquido, como o próprio
autor citou, é através da diferença entre o Ativo Circulante e o Passivo Circulante (CCL= AC
- PC), porém o significado financeiro do CCL é distinto dessa diferença, podendo ser
observado pela diferença entre fontes de financiamento do longo prazo e de Investimentos de
Longo Prazo. Em termos de análise, se a empresa possuir uma fonte de recursos de longo
prazo maior que os investimentos de longo prazo, o CCL desta será positivo, caracterizando a
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sobra de fontes de financiamentos de longo prazo em relação aos investimentos de longo


prazo. Dessa forma, essa sobra estaria necessariamente aplicada em investimento líquido de
curto prazo, indicando uma folga financeira de curto prazo, sendo este o significado
financeiro do CCL.
Caso existam na empresa investimentos de longo prazo superiores às fontes de
financiamentos de longo prazo, a mesma estará financiando parte de seus investimentos de
longo prazo com recursos de curto prazo, o que consequentemente implica no desligamento
de prazos entre origens e aplicações de recursos, podendo afetar significativamente a posição
financeira da empresa, sua liquidez por exemplo. Nessa situação o Passivo Circulante é
superior ao Ativo Circulante, indicando, em vez de um investimento líquido de curto prazo,
uma fonte de financiamento líquida de curto prazo.
De acordo com Marion (2003, p. 459), o objetivo da DOAR é exatamente mostrar as
alterações do CCL. Só ocorre variação no CCL com operações “[...] não circulante X
circulante”. Em decorrência disto, qualquer “[...] alteração do não Circulante é a causa da
variação do Circulante”. Portanto, quanto à variação do CCL, deve ser observado que está só
ocorrerá se a transação, envolvendo o ativo circulante ou o passivo circulante, tiver reflexo
em um grupo não circulante.
Caso tivermos uma transação envolvendo exclusivamente o ativo circulante e o
passivo circulante o CCL não sofrerá nenhum tipo de alteração e, o CCL é aumentado pelo
aumento do ativo circulante e reduzido pelo aumento do passivo circulante. Dessa forma a
DOAR para Marion (2003, p. 459), “[...] não evidência, por exemplo, a operação que envolve
Estoque X Fornecedores, uma vez que se trata de Contas de Circulante. Portanto, a DOAR só
existe quando houver alterações simultâneas de Circulante X Não Circulante”.
A DOAR deve apresentar todas as aplicações e todas as origens de recursos, devendo
estás obrigatoriamente serem iguais, assim como o Balanço Patrimonial apresenta no lado
esquerdo (ativo) as aplicações de recursos, e do lado direito (passivo mais patrimônio líquido)
as fontes de financiamentos ou origem dos recursos, pois todas as origens possuem aplicações
e vice-versa.
Porém a DOAR, na sua forma legal de apresentação, que será vista na sequência deste
trabalho, não auxilia no entendimento da igualdade entre origem e aplicação dos recursos,
pois está demonstração é finalizada demonstrando a variação do CCL, e quando a variação do
CCL for positiva na DOAR, ira se ter a impressão que as origens são superiores as aplicações,
e quando a variação do CCL for negativa a impressão é contrária.
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Dessa forma a DOAR não apresenta somente as entradas e saídas de dinheiro da


empresa, ela apresenta as variações em função do Capital Circulante Líquido, em vez de
caixa, representa também uma demonstração das mutações na posição financeira da empresa
vista em sua totalidade.
Atualmente existem poucos países que fazem uso desta demonstração, apesar de ser
muito rica em termos de informação. O Brasil seguindo uma tendência mundial substituiu a
DOAR pela DFC com a aprovação da lei 11.638/2007 que entrou em vigor no dia 1º de
janeiro de 2008, estabelecendo a desobrigação da apresentação da DOAR pelas empresas que
até então estavam obrigadas a fazê-la, sendo substituída pela Demonstração dos Fluxos de
Caixa. Os principais motivos desta substituição serão vista na sequência deste trabalho.

3.3.1 Descrição das origens e das aplicações de recursos

3.3.1.1 Origem de recursos

As origens de recursos são representadas pelos aumentos das fontes de financiamento,


ou pelas transferências dos investimentos de longo prazo para curto prazo, resumindo são os
aumentos no Capital Circulante Líquido. Conforme Matarazzo (2007, p. 137) “[...] as origens
de recursos mais comuns são: das próprias operações, dos acionistas e de terceiros”.
As origens de recursos oriundas das próprias operações ocorrem quando as receitas do
exercício são maiores que as despesas. Assim sendo, se ignorarmos as despesas ou receitas
que não afetam o capital circulante líquido, se houver lucro teremos uma origem de recursos e
se ocorrer prejuízo teremos uma aplicação de recursos. Segundo Santos; Shmidt e Fernandes
(2006, p. 112), “[...] o objetivo deste grupo é o de identificar as origens de recursos geradas
pelas operações da empresa, ou seja, recursos gerados pela própria entidade”.
Em caso de a empresa obter prejuízo no período, esse deve ser apresentado no grupo
de aplicações, como sendo o primeiro item de grupo. Entretanto, se a empresa está com
prejuízo, mas, como decorrência dos ajustes, as operações apresentam uma origem de
recursos, a apresentação do prejuízo e de seus ajustes deve ser no agrupamento das origens.
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Mas também, se empresa estiver com lucro, mas os ajustes evidenciam finalmente uma
aplicação de recursos, deve ser então apresentado o lucro e seus ajustes no agrupamento de
aplicações. Alguns exemplos de operações que devem ser ajustadas ao lucro ou prejuízo do
exercício na elaboração da DOAR são: depreciação, variação dos resultados de exercícios
futuros, ajustes de exercícios anteriores, equivalência patrimonial, ganhos ou perdas de capital
etc. Segundo Santos; Schmidt e Fernandes (2006, p. 113), “[...] dessa forma evita-se repetir a
maior parte da Demonstração do Resultado do Exercício na Demonstração das Origens e
Aplicação de Recursos”.
As origens de recursos dos acionistas são representadas pelos aumentos de capital
integralizados pelos próprios acionistas no exercício e, também através da formação de
algumas reservas de capital, como: ágio na emissão de ações, alienação de bônus de
subscrição e partes beneficiárias a acionistas, sendo que tais recursos aumentam as
disponibilidades da empresa e consequentemente seu Capital Circulante Líquido.
Mesmo quando a integralização de capital é realizada em bens de ativo permanente,
temos uma origem dos acionistas, pois apesar de não haver uma variação no capital circulante
líquido tem-se simultaneamente uma origem de recursos pela integralização do capital e uma
aplicação de recursos pelo aumento de ativo permanente.
No caso das origens de recursos provenientes de terceiros, são quando a empresa
obtêm empréstimos pagáveis a longo prazo, bem como dos recursos obtidos pela venda de
bens do Ativo Permanente a terceiros, ou também pela transformação do Realizável a longo
prazo em Ativo Circulante.
Ainda nas origens de recursos de terceiros, quando ocorrer aumento do Passivo
Exigível a Longo Prazo pelo valor de novos empréstimos recebidos no exercício e que
geraram aumento do Ativo Circulante, o valor desse empréstimo deve ser caracterizado pelo
seu valor total como Origens, e as reduções por pagamentos ou transferências para Passivo
Circulante devem ser apresentadas com Aplicações.
Ainda, uma redução do Ativo Realizável a Longo Prazo, normalmente representa uma
origem de recursos, pois é transferido para o Ativo Circulante através do recebimento ou da
venda desse ativo, aumentando assim o CCL da empresa. Da mesma maneira, um acréscimo
nesse saldo representa uma aplicação de recursos.
Vale lembrar também que na venda de um bem do imobilizado, a alteração ocorrida
no CCL se da pelo valor da venda. Como o lucro (ou prejuízo) na transação está registrado no
resultado do exercício e, por outro lado, há uma redução no imobilizado pelo ser valor líquido
contábil, basta somá-los para se ter o valor da venda. Porém para que não haja distorções no
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entendimento da DOAR, reduz-se do lucro líquido o valor do lucro ou prejuízo da venda do


imobilizado e, ao mesmo tempo, registra-se como origem o valor total produzido por esta
operação.

3.3.1.2 Aplicação de recursos

As aplicações de recursos são representadas pelos aumentos dos investimentos de


longo prazo, ou pelas transferências de fontes de financiamento de longo prazo para o curto
prazo, resumindo são as reduções do Capital Circulante Líquido.

As aplicações das operações surgem quando o resultado do exercício ajustado pelas


recitas e despesas que integraram a demonstração do resultado exercício e que não
afetaram o CCL, for negativo (SANTOS; SHMIDT e FERNANDES, 2006, p. 114).

Assim, quando as operações da entidade consumir recursos, ou seja, a variação no


CCL for negativa, elas não devem ser apresentadas como origem de recursos, com o seu valor
negativo, pois se trata de uma aplicação de recursos e como tal deve ser classificada.
As aplicações de recursos mais comuns são as seguintes:
a) Inversões permanentes derivadas de:
• Aquisições de bens do Ativo Imobilizado;
• Aquisições de novos investimentos permanentes em outras sociedades;
• Aplicação de recursos no Ativo Diferido;
b) Pagamento de empréstimos a longo prazo, pois, assim como a obtenção de um novo
financiamento representa uma origem, sua liquidação representa uma aplicação.
Na verdade, como o conceito de Recursos é o de Capital Circulante Líquido, a mera
transferência de um saldo de empréstimo do Exigível a Longo Prazo para o Passivo
Circulante, por vencer no exercício seguinte, representa uma aplicação de recursos, pois
reduziu o Capital Circulante Líquido;
c) Remuneração dos acionistas, derivada dos dividendos declarados e/ou juros sobre capital
próprio propostos e/ou distribuídos.
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3.3.2 Origens e aplicações que não afetam o capital circulante líquido, mas aparecem
na demonstração

Além das origens e aplicações de recursos relacionadas acima, há inúmeros tipos de


transações que também figuram origens e aplicações, mas que não afetam o Capital
Circulante Líquido, mas devido a sua importância, devem ser representadas na Demonstração
das Origens e Aplicação de Recursos.
Na aquisição de bens do Ativo Permanente, tanto investimentos quanto imobilizados,
pagáveis a longo prazo, é um exemplo claro disso, pois há uma aplicação devido ao aumento
do Ativo Permanente e ao mesmo tempo temos uma origem pelo financiamento obtido pelo
aumento no Exigível a Longo Prazo, como se houvesse entrado um recurso que fosse
imediatamente aplicado.
A conversão de Empréstimos de Longo Prazo em Capital, nesse tipo de operação há
uma origem pelo aumento do capital e, ao mesmo tempo, uma aplicação pela redução do
Exigível a Longo Prazo, como se houvesse ingresso de recurso de Capital aplicado na
liquidação da dívida.
A integralização de Capital em bens do Ativo Permanente é outra situação que resulta
em efeito algum sobre o Capital Circulante Líquido, porém representada na origem pelo
aumento de capital e na aplicação pelos bens do Ativo Permanente recebidos, como se
houvesse essa circulação de recursos.
Outra situação é a venda de bens do Ativo Permanente recebível a longo prazo, está
operação também deve ser apresentada na origem, como se fosse recebido o valor da venda, e
na aplicação, como se houvesse o empréstimo sido feito para recebimento a longo prazo.

3.3.3 Importância da DOAR

Como visto anteriormente, pela natureza das informações apresentadas pela


Demonstração das Origens e Aplicação de Recursos, tal demonstração demonstra ter grande
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utilidade, pois fornece dados importantes que não são contemplados pelas demais
demonstrações contábeis.
Tal demonstração está diretamente relacionada tanto com o Balanço Patrimonial como
com a Demonstração do Resultado do Exercício, complementando ambas as demonstrações,
fornecendo as modificações na posição financeira da empresa pelo fluxo de recursos. Dessa
forma, o conhecimento e a análise da DOAR por parte da empresa é muito útil para avaliar a
sua evolução no tempo, pois a mesma auxilia em importantes aspectos, como citam os autores
a seguir, por exemplo:

• Conhecimento da política de inversões permanentes da empresa e fontes dos


recursos correspondentes;
• Constatação dos recursos gerados pelas operações próprias, ou seja, o lucro do
exercício ajustado pelos itens que o integram, mas não afetam o capital circulante
líquido;
• Verificações de como foram aplicados os recursos obtidos como os novos
empréstimos de longo prazo;
• Constatação de se a empresa esta mantendo, reduzindo ou aumentando seu
capital circulante líquido;
• Verificação da compatibilidade entre os dividendos e a posição financeira da
empresa (IUDICIBUS; MARTINS e GELBECK, 2003, p. 385).

Essa demonstração é também muito importante e muito utilizada no acompanhamento


de desenvolvimento de novos projetos, comparando seus valores realizados com os orçados,
não só para fins internos da administração e de seus acionistas, como também pelos agentes
financiadores do projeto.
Enfim, a análise aprofundada da DOAR, lembrando importância das demais
demonstrações contábeis, permite para a empresa que utilizá-la tirar informações relevantes
para avaliar o seu desempenho num dado período de tempo, avaliando de um modo geral a
administração de variáveis relacionadas ao modo pelo qual a empresa consegue os recursos
necessários para seu funcionamento, ajudando-nos a compreender como e por que a Posição
Financeira mudou de um exercício para outro.

3.3.4 Forma legal de apresentação


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A Demonstração das Origens e Aplicação de Recursos é apresentada conforme os


autores citam com os seguintes grandes títulos:

I – ORIGEM DE RECURSOS
Onde são discriminadas as origens, por natureza, e apurado o valor total dos recursos
obtidos no exercício.
II – APLICAÇÃO DE RECURSOS
Onde são relacionadas as aplicações, também por natureza, e evidenciando seu valor
total.
III – AUMENTO OU RECUÇÃO NO CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO
Representa a diferença entre o tal das origens e o total das aplicações.
IV – SALDO INCIAL E FINAL DO CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO E
VARIAÇÃO
Onde são evidenciados Ativo e Passivo Circulante do início e do fim do exercício e
respectivo aumento ou redução. (IUDICIBUS; MARTINS e GELBECK, 2003, p.
385)

O texto legal quanto a apresentação da DOAR era o artigo 188 da lei 6.404/1976,
sendo que este com aprovação da lei 11.638/2007 foi alterado sendo tal demonstração
substituída pela Demonstração dos Fluxos de Caixa. O Art. 188 da Lei nº 6.404/1976
reconhecia os critérios de apresentação e o conteúdo dessa demonstração como segue:

A demonstração das origens e aplicações de recursos indicará as modificações na


posição financeira da companhia, discriminando:
I – as origens de recursos, agrupadas em:
a) lucro do exercício, acrescido de depreciação, amortização ou exaustão e ajustado
pela variação nos resultados de exercícios futuros;
b) realização do capital social e contribuições para reservas de capital;
c) recursos de terceiros, originários do aumento do passivo exigível a longo prazo,
da redução do ativo realizável a longo prazo e da alienação de investimentos e
direitos do ativo imobilizado.

II – as aplicações de recursos, agrupados em:


a) dividendos distribuídos;
b) aquisição de direitos do ativo imobilizado;
c) aumento do ativo realizável a longo prazo, dos investimentos e do ativo diferido;
d) redução do passivo exigível a longo prazo.
III – o excesso ou insuficiência das origens de recursos em relação às aplicações,
representando aumento ou redução do capital circulante líquido.
IV – os saldos no início e no fim do exercício, do ativo e passivo circulantes, o
montante do capital circulante líquido e o seu aumento ou redução durante o
exercício (Art. 188 da Lei 6.404/1976).
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I – ORIGENS DE RECURSOS

• DAS OPERAÇÕES
Lucro Líquido do Exercício
(+) Depreciação, Amortização e Exaustão
(+) Variações Monetárias de Empréstimos e Financiamentos a Longo Prazo
(+) Perda por Equivalência Patrimonial
(+) Prejuízo na Venda de Bens e Direitos do Ativo Permanente
(+) Recebimentos no Período classificados como REF
(-) Ganhos por Equivalência Patrimonial
(-) Lucro na Venda de Bens e Direitos do Ativo Permanente
(-) Transferência de REF para o Resultado do Exercício
(±) Outras Despesas e Receitas que não afetam o CCL

• DOS PROPRIETÁRIOS
(+) Realização do Capital Social e Contribuições para Reservas de Capital

• DE TERCEIROS
(+) Redução de Bens e Direitos do Ativo Realizável a Longo Prazo
(+) Valor de alienação de Bens ou Direitos do Ativo Permanente
(+) Aumento do Passivo Exigível a Longo Prazo
II – APLICAÇÕES DE RECURSOS
- Dividendos pagos, creditados ou propostos
- Aumento do Ativo Realizável a Longo Prazo
- Aquisição de Bens e Direitos do Ativo Permanente
- Redução do Passivo Exigível a Longo Prazo
III - VARIAÇÃO DO CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO
IV – DEMONSTRTAÇÃO DA VARIAÇÃO DO CCL
Elementos Inicial Final Variações
Ativo Circulante (AC) X X X
(-) Passivo Circulante (PC) X X X
(=) Capital Circulante Líquido (CCL) X X X
Quadro 1: Modelo de uma DOAR
Fonte: Desenvolvida pelo acadêmico Daison André Pagani, 2010
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3.4 DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA

A Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC), com a aprovação da lei 11.638/2007,


passou a compor o grupo de demonstrações financeiras de publicação obrigatória para as
sociedades anônimas que se enquadram na lei, passando a fazer parte do grupo de
informações que são analisadas pelo mercado.
A Demonstração dos Fluxos de Caixa pode ser definida, de acordo com Iudícibus;
Martins e Gelbeck (2003, p. 32) como uma peça contábil que “[...] visa mostrar como
ocorreram às movimentações de disponibilidades em um dado período de tempo”. Resumindo
em outras palavras o que os autores citam, a DFC é uma demonstração contábil cuja
finalidade é evidenciar o impacto das atividades da empresa no comportamento do caixa. Ela
possibilita apresentar de forma direta ou indireta as mudanças ocorridas no caixa da empresa,
indicando a origem de todo o dinheiro que entrou no caixa bem como a aplicação de todo o
dinheiro que saiu do caixa em um dado período.
O objetivo primário da DFC é fornecer informações relevantes sobre pagamentos e
recebimentos, em dinheiro, de uma empresa em um dado período de tempo, esclarecendo
situações que geram controversas dentro de uma empresa, como por exemplo, comparando-se
a DRE com a DFC, o porquê de a empresa ter um lucro considerável e estar com o caixa
baixo não conseguindo honrar todos seus compromissos, ou o porquê de a empresa operar
com prejuízo no período e o caixa da mesma ter aumentado.

A Demonstração dos Fluxos de Caixa, quando usada em conjunto com as demais


demonstrações contábeis, proporciona informações que habilitam os usuários a
avaliar as mudanças nos ativos líquidos de uma entidade, sua estrutura financeira e
sua capacidade para alterar valores e prazos dos fluxos de caixa, a fim de adaptá-los
às mudanças nas circunstâncias e oportunidades. A Demonstração dos Fluxos de
Caixa também melhora a comparabilidade dos relatórios de desempenho operacional
para diferentes entidades porque reduz os efeitos decorrentes do uso de diferentes
tratamentos contábeis para as mesmas transações e eventos (Deliberação da CVM n°
547 de 13 de agosto de 2008).

A DFC é capaz de fornecer informações que, analisadas com as demais demonstrações


contábeis, indicam como a empresa está se comportando em relação às suas atividades
operacionais, proporcionando aos gestores da empresa a elaboração do melhor planejamento
financeiro, verificando o momento certo de buscar empréstimos para saldar a falta de fundos,
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assim como à hora certa de aplicar no mercado financeiro o excesso de dinheiro,


proporcionando maior rendimento à empresa.
As decisões econômicas que são tomadas pelos usuários exigem avaliação da
capacidade de que a empresa possui de gerar caixa e equivalentes de caixa, bem como da
época e do grau de segurança de geração de tais recursos. Os usuários das demonstrações
contábeis se interessam em saber como a empresa gera e usa os recursos de caixa e
equivalentes de caixa, independente da natureza de suas atividades.
As empresas necessitam de caixa essencialmente pelas mesmas razões, por mais
diferentes que sejam suas principais atividades geradoras de receita. Elas necessitam dos
recursos de caixa para efetuar suas operações, pagar suas obrigações e prover um retorno para
seus investimentos, e a DFC contempla todas essas informações e, também a necessidade de
Capital de Giro da empresa, sendo este ferramenta importante para analisar se a empresa
possui condições de saldar suas dividas, receber investimentos, bem como avaliar as situações
presentes e futuras do caixa da empresa, tudo isso para que ele não se aproxime da
insolvência.
Com a DFC é possível identificar quais operações representam maior ou menor
geração de caixa. Também é possível verificar onde se encontram as necessidades de caixa,
em maior ou menor intensidade. Assim sendo, a Demonstração dos Fluxos de Caixa, é útil e
importante em vários aspectos e para vários usuários das demonstrações contábeis, os autores
a seguir reforçam ainda mais a capacidade informativa da DFC, salientam que:

As informações da DFC, principalmente quando analisadas em conjunto com as


demais demonstrações financeiras, podem permitir que investidores, credores e
outros usuários avaliem:
• A capacidade de a empresa gerar futuros fluxos líquidos positivos de caixa;

• A capacidade de a empresa honrar seus compromissos, pagar dividendos e


retornar empréstimos obtidos;

• A liquides, solvência e flexibilidade financeira da empresa;

• A taxa de conversão de lucros em caixa;

• A performance operacional de diferentes empresas, por eliminar os efeitos de


distintos tratamentos contábeis para as mesmas transações e eventos;

• O grau de precisão das estimativas passadas de fluxos futuros de caixa;

• Os efeitos, sobre a posição financeira da empresa, das transações de


investimentos e de financiamentos, etc. (IUDICIBUS, MARTINS e GELBECK,
2003, p.388).
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Dessa forma, para que o processo de tomada de decisão ocorra de forma satisfatória, é
necessário que os gestores tenham em mãos informações suficientes para conhecer o
comportamento da empresa e, consequentemente, escolher as alternativas que maximizem o
retorno do investimento. A DFC em conjunto com as demais demonstrações contábeis
apresenta todas essas informações que se fazem necessárias para que os gestores consigam
assim planejar e controlar as atividades da empresa.
As empresas que se utilizarem da DFC, não apenas para atender os aspectos legais,
mas de forma a utilizá-la gerencialmente e analisando a mesma no processo de tomada de
decisões principalmente financeiras, só terão a ganhar com essa análise, pois tal demonstração
constitui uma importante ferramenta de gestão, sendo assim está não deveria ser somente para
as sociedades anônimas como cita a lei, mas sim para qualquer empresa. Lembrando da
importância de se analisar a DFC juntando-a com as demais demonstrações contábeis para
que as decisões sejam tomadas com maior segurança e confiabilidade.

3.4.1 Caixa e equivalentes de caixa

Ao se falar de Demonstração dos Fluxos de Caixa, o conceito de caixa é bem mais


amplo do conceito utilizado no dia-a-dia, ele é ampliada para contemplar também os
investimentos qualificados como equivalentes de caixa. Isso acontece porque faz parte da
gestão de qualquer empresa a aplicação oportuna das sobras de caixa em investimentos de
curto prazo, sendo que estes investimentos são mantidos para os compromissos de caixa a
curto prazo e não para investimento ou outros fins.
A deliberação da CVM nº 547 (2008, p. 4) diz que “[-...] para ser considerada
equivalente de caixa, uma aplicação financeira deve ter conversibilidade imediata em um
montante conhecido de caixa e estar sujeita a um insignificante risco de mudança de valor”.
Vale destacar também, que se consideram como equivalentes de caixa, apenas os
investimentos resgatáveis em até três meses em relação a sua aquisição e os mesmos não
possuem caráter especulativo, de obter lucros exorbitantes com tais aplicações, mas apenas o
de assegurar a estas sobras temporárias a remuneração correspondente ao preço do dinheiro
no mercado.
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É importante destacar que os empréstimos bancários são considerados como atividades


de financiamento, devendo ser considerados saldos bancários a descoberto, decorrentes de
empréstimos obtidos por meio de instrumentos como cheques especiais ou conta-corrente
garantidas. A parcela não utilizada do limite dessas linhas de crédito não deverá compor os
equivalentes de caixa.

Os fluxos de caixa excluem movimentos entre itens que constituem caixa ou


equivalentes de caixa porque esses componentes são parte da gestão financeira da
entidade e não parte de suas atividades operacionais, de investimento ou de
financiamento. A gestão de caixa inclui o investimento do excesso de caixa em
equivalentes de caixa (Deliberação da CVM nº 547 2008, p. 4).

Assim sendo, as disponibilidades compreendem o caixa puro da empresa, que seria o


dinheiro em espécie ou em conta corrente em bancos, e as aplicações financeiras são os
equivalentes de caixa sendo que as transações entre caixa e equivalentes de caixa não são
contempladas pela DFC.
Dessa forma, ao se elaborar a Demonstração dos Fluxos de Caixa, deve-se
observar não só a movimentação da conta caixa, propriamente dita, como também a
movimentação dos investimentos em altíssima liquides e variação insignificante de valor,
definidos como equivalentes de caixa.

3.4.2 Apresentação da demonstração dos fluxos de caixa

Existem dois grandes métodos para apresentação da DFC que são reconhecidos
internacionalmente: o Método Direto, onde a demonstração é elaborada a partir da
movimentação do caixa e equivalentes de caixa e o Método Indireto, em que a demonstração
é obtida a partir do lucro ou prejuízo do exercício.
A nova norma da lei societária alterada pela lei 11.638/2007 estabelece também:

Art. 176...
IV – demonstração dos fluxos de caixa;
...
Art. 188. As demonstrações referidas nos incisos IV e V do caput do art. 176 desta
Lei indicarão, no mínimo:
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I – demonstração dos fluxos de caixa – as alterações ocorridas durante o exercício,


no saldo de caixa e equivalente de caixa, segregando-se essas alterações em, no
mínimo 3 (três) fluxos:
a) Das operações;
b) Dos financiamentos; e
c) Dos investimentos (Art. 176 e188 da Lei 6.404/1976 consolidada).

Conforme estabelecido pela lei à empresa deve apresentar os fluxos de caixa


decorrentes das atividades operacionais, de investimento e de financiamento da forma que
seja mais apropriada para seu ramo de negócio. A classificação por atividade possibilita a
extração de informações que permitem aos usuários avaliar o impacto de tais atividades sobre
a posição financeira da empresa e o montante do seu caixa e equivalentes de caixa.
Os autores a seguir descrevem os fluxos das atividades operacionais, de
financiamentos e de investimentos da seguinte forma:

• Atividades operacionais: representam pagamentos e recebimentos atrelados


principalmente a geração do lucro operacional da sociedade;
• Atividades de investimentos: significam pagamentos e recebimentos relacionados
fundamentalmente com realizações a longo prazo, investimentos, imobilizado,
intangível, diferido, renda fixa e renda variável;
• Atividades de financiamentos: representam pagamentos e recebimentos
vinculados essencialmente a passivos e patrimônio líquido (BRAGA;
ALMEIDA, 2009, p. 12).

As atividades operacionais são as atividades relacionadas à Demonstração do


Resultado do Exercício, ou seja, são as principais atividades geradoras de receita da empresa.
O montante desse grupo serve como indicador para avaliar se as operações da empresa tem
gerado fluxo de caixa suficiente para amortizar empréstimos, fazer novos investimentos sem
recorrer a fontes externas de financiamento etc.
As atividades de investimentos são a aquisição e venda de ativos de longo prazo e
outros investimentos que representam gastos destinados a gerar receitas futuras e fluxos de
caixa que não estão incluídos nos equivalentes de caixa.
Atividades de financiamento são atividades que resultam em mudanças e na
composição do patrimônio líquido e empréstimos a pagar da entidade, que representam
exigências impostas a futuros fluxos de caixa pelos fornecedores de capital à empresa.
Essas três atividades estão intimamente ligadas, existindo certa interdependência no
funcionamento de cada uma delas. Quando uma empresa é criada ela estabelece um objeto
social direcionando o foco para sua atividade operacional, que para torná-la viável serão
necessários investimentos para que o negócio seja possível e esses passam a impulsionar sua
atividade de investimento. Esses investimentos são originados de fontes de recursos próprios
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e de terceiros, que caracterizam a atividade de financiamento. Portanto, todo o funcionamento


da empresa esta retratado nestes três importantes grupos de atividades que compõem os três
fluxos de caixa apresentados na DFC, observando então a complexibilidade desta
demonstração.
Como já dito, existem duas modalidades para elaboração da DFC, o método direto e o
método indireto, sendo a forma com que a mesma deve ser apresentada é motivo de discussão,
pois as próprias normas internacionais de contabilidade não estabelecem qual método deve ser
utilizado.
No método direto as entradas e as saídas de caixa dos principais componentes da
atividade operacional são apresentadas de forma explicita, ocorrendo um detalhamento do
montante dos principais grupos de recebimento e de pagamentos e, ao final, o saldo das
operações que representa a expressão do volume líquido de caixa provido ou consumido pelas
operações durante o período em questão.

O fluxo de caixa pelo método direto é caracterizado como Fluxo de Caixa no sentido
restrito, sendo chamado também como o verdadeiro Fluxo de Caixa por demonstrar
efetivamente todos os recebimentos e pagamentos que colaboraram com a variação
do caixa naquele período (IUDICIBUS; MARION, 1999, p. 221).

O poder informativo apresentado por esse modelo é importante tanto para os usuários
externos, quanto para os usuários internos na preparação do planejamento financeiro do
empreendimento, proporcionando também informações que podem ser uteis na estimativa de
fluxos de caixa futuros. Segue a estrutura de uma Demonstração dos Fluxos de caixa pelo
método direto:
40

Demonstração dos Fluxos de Caixa pelo Método Direto


Fluxos de caixa das atividades operacionais
Recebimentos de clientes
Pagamentos a fornecedores e empregados
Caixa gerado pelas operações
Juros pagos
Imposto de renda e contribuição social pagos
Imposto de renda na fonte sobre dividendos recebidos
Caixa líquido proveniente das atividades operacionais
Fluxos de caixa das atividades de investimento
Aquisição da controlada X líquido do caixa incluído
na aquisição (Nota A)
Compra de ativo imobilizado (Nota B)
Recebido pela venda de equipamento
Juros recebidos
Dividendos recebidos
Caixa líquido usado nas atividades de investimento
Fluxos de caixa das atividades de financiamento
Recebido pela emissão de ações
Recebido por empréstimo a logo prazo
Pagamento de passivo por arrendamento
Dividendos pagos*
Caixa líquido usado nas atividades de financiamento
Aumento líquido de caixa e equivalentes de caixa
Caixa e equivalentes de caixa no início do período
Caixa e equivalentes de caixa ao fim do período
Quadro 2: DFC pelo método direto
Fonte: Deliberação da CVM n° 547, de 13 de Agosto de 2008

No método indireto a função principal é a conversão do resultado econômico constante


da DRE em caixa. A partir desta concepção, parte-se do resultado líquido do exercício,
apurado pelo regime de competência e, com uma serie de ajustes, chega-se ao fluxo de caixa
operacional que seria uma demonstração de resultado numa base de caixa, ou seja, é possível
associar a realização financeira dos itens que compõe a respectiva demonstração contábil.
Com a DFC realizada pelo método indireto, faz-se necessário uma conciliação entre o
resultado contábil ou lucro líquido e o fluxo de caixa líquido gerado pelas atividades
operacionais, visando fornecer informações sobre os efeitos líquidos das transações
operacionais e de outros eventos que afetaram o resultado líquido. O objetivo desta
conciliação “é o de permitir uma ligação entre os regimes de competência e de caixa, DRE e
DFC, respectivamente, uma vez que existem diferenças temporais entre os fluxos de lucro e
de caixa e, por conseqüência, seus montantes não se igualam num período de curto prazo.”
(MARQUES; BRAGA, 2003, p. 28).
Segue a estrutura de uma Demonstração dos Fluxos de caixa pelo método indireto:
41

Demonstração dos Fluxos de Caixa pelo Método


Indireto
Fluxo de caixa das atividades operacionais
Lucro líquido antes do imposto de renda e contribuição social
Ajustes por:
Depreciação
Perda cambial
Renda de Investimentos
Despesas de Juros
Aumento nas contas a receber de clientes e outros
Diminuição nos estoques
Diminuição nas contas a pagar - Fornecedores
Caixa proveniente das operações
Juros pagos
Imposto de renda e contribuição social pagos
Imposto de renda na fonte sobre dividendos recebidos
Caixa líquido proveniente das atividades operacionais
Fluxo de caixa das atividades de investimento

Aquisição da controlada X menos caixa líquido incluído na aquisição


Compra de ativo imobilizado
Recebimento pela venda de equipamentos
Juros recebidos
Dividendos recebidos
Caixa líquido utilizado nas atividades de investimentos
Fluxos de caixa das atividades de financiamentos
Recebimento pela emissão de ações
Recebimento de empréstimos a longo prazo
Pagamento de obrigação por arrendamento
Dividendos pagos
Aumento líquido de caixa e equivalentes de caixa
Caixa e equivalente de caixa no inicio do período
Caixa e equivalente de caixa no fim do período
Quadro3: DFC pelo método indireto
Fonte: Deliberação da CVM n° 547, de 13 de Agosto de 2008

A diferença na elaboração da DFC, entre o método direto e o método indireto


encontra-se apenas no grupo das atividades operacionais, uma vez que os fluxos de
Financiamentos e de Investimentos são iguais para os dois métodos. A DFC, quando
elaborada pelo método direto apresenta dentro do grupo das atividades operacionais, primeiro
o valor referente à receita pela venda de mercadorias e serviços, para, em seguida subtrair
deste os valores equivalentes aos pagamentos de fornecedores, salários e encargos sociais dos
empregados, bem como os impostos e outras despesas legais. Já o método indireto apresenta o
fluxo de caixa das atividades operacionais de forma indireta, realizando ajustes ao lucro
líquido do exercício.
Na comparação entre os dois métodos de apresentação da DFC é importante destacar
as vantagens e desvantagens de cada um. De acordo com Campos Filho (1999, p. 48) a
comparação entre os dois métodos deve ir além dos aspectos técnicos:
42

Método indireto - Vantagens


• Apresenta baixo custo. Basta utilizar dois balanços patrimoniais (o do início e o
do final do período), a demonstração de resultados e algumas informações
adicionais obtidas na contabilidade.
• Concilia lucro contábil com fluxo de caixa operacional líquido, mostrando como
se compõe a diferença.

Método Indireto - Desvantagens


• O tempo necessário para gerar as informações pelo regime de competência e só
depois convertê-las para o regime de caixa. Se isso for feito uma vez por ano, por
exemplo, podemos ter surpresas desagradáveis e tardiamente.
• Se há interferência da legislação fiscal na contabilidade oficial, e geralmente há,
o método indireto irá eliminar somente parte dessas distorções.

Método Direto – Vantagens


• Cria condições favoráveis para que a classificação dos recebimentos e
pagamentos siga critérios técnicos e não fiscais.
• Permite que a cultura de administrar pelo caixa seja introduzida mais
rapidamente nas empresas.
• As informações de caixa podem estar disponíveis diariamente.

Método Direto – Desvantagens


• O custo adicional para classificar os recebimentos e pagamentos.
• A falta de experiência dos profissionais das áreas contábil e financeira em usar as
partidas dobradas para classificar os recebimentos e pagamentos.

3.5 DOAR x DFC

Seguindo uma tendência internacional e, também, em função das necessidades dos


usuários, em especial por parte dos analistas de mercado e investidores institucionais, a lei
11.638/2007 introduz a substituição da DOAR pela DFC (Lei nº 6.404/1976 – art. 176 –
Consolidado com as alterações da Lei nº 11.638/2007 e MP 449/2008), sendo que as
companhias de capital fechado com o patrimônio líquido, na data do balanço patrimonial,
inferior a R$ 2 milhões, não serão obrigadas a elaborar e publicar a DFC.
Tais mudanças mostram uma tendência mundial de dar transparência às informações
contábeis, pois, apesar da DOAR ser uma demonstração mais completa quanto ao volume de
informações, apresenta uma estrutura e conceitos de difícil entendimento a não contabilistas,
enquanto a DFC atende de melhor maneira o público interessado nas informações contábeis
das empresas.
43

Do ponto de vista prático, portanto, somos favoráveis à substituição, para efeito de


divulgação, da DOAR pela DFC, mesmo reconhecendo a perda de capacidade
informativa desta frente aquela, mas provavelmente com o ganho líquido decorrente
da maior possibilidade de utilização do Fluxo de Caixa por um número muito mais
ampliado de usuários (MARTINS; CFC e SANTOS, 2008, p. 78).

A DFC já é adotada em vários outros países ao contrário da DOAR que não é tão
utilizada, e o Brasil com a aprovação da lei 11.638/07 passa a seguir também esta tendência
internacional visando à harmonização com as normas internacionais de contabilidade.
Vejamos abaixo um quadro com as vantagens da DFC e da DOAR:

Vantagens

DOAR DFC

Fornece informações que não constam em outras Existe tendência mundial de adotar o fluxo de caixa
demonstrações. em detrimento da DOAR, pela utilização de uma
linguagem comum.

Possibilita melhor conhecimento da política de Oferece maior facilidade de entendimento por


investimento e de financiamento da empresa. visualizar melhor o fluxo dos recursos financeiros

Destinada a mostrar a compatibilidade entre a posição Utiliza um conceito mais concreto, crítico em
financeira e a distribuição de lucros. qualquer empresa, necessário nos curtos/curtíssimos
prazos.

Algumas obras enfatizam o seu poder preditivo. Ë necessário para prever problemas de insolvência e,
portanto, avaliar o risco, o caixa e os dividendos
futuros.

Ë uma demonstração mais abrangente, por representar


as mutações em toda a posição financeira.

Possui capacidade analítica maior que o fluxo de


caixa , principalmente de longo prazo.

Quadro 4: Vantagens da DFC e da DOAR


Fonte: Revista do Conselho Regional de Contabilidade - SP /1997.

Vejamos agora as desvantagens da DFC e da DOAR conforme apresentado no quadro


a seguir:
44

Desvantagens

DOAR DFC

Depende da conceituação do circulante, o que Não existe consenso sobre que conceito de caixa
pode prejudicar sua capacidade analítica. utilizar. Uns autores aconselham caixa e bancos;
outros consideram também títulos de curto prazo. O
conceito de equivalente foi proposto em diversas
legislações de outros países.

Não é fundamentalmente financeiro, pois aceita Apresenta volume de informação menor que a
ativos não monetários, como os estoques e as DOAR.
despesas antecipadas.

O resultado é afetado pelo método de avaliação de A atração pelo Fluxo de Caixa pode levar ao
ativos não monetários. processo de window dressing dessa demonstração.
Não obstante a crença contrária, o fluxo de caixa é
manipulável.

Apresenta modificações internas do Capital Existe tendência de utilização do fluxo de caixa pelo
Circulante Líquido de forma residual. método indireto, apesar desta metodologia não ser a
mais recomendada.

Alguns autores acham sua denominação


inadequada, sugerindo a substituição da
nomenclatura para "Demonstração das
Modificações na Posição Financeira".

Seu uso não tem sido pesquisado de forma


científica, inclusive nos países de pesquisa
contábil desenvolvida.

Enquanto a DRE obteve aceitação consagrada, o


mesmo não aconteceu com a DOAR.

Ë uma demonstração que apresenta dificuldades


de entendimento aos usuários, principalmente por
trabalhar com o conceito abstrato de capital de
giro líquido ou folga financeira de curto prazo.

Quadro 5: Desvantagens da DFC e DOAR


Fonte: Revista do Conselho Regional de Contabilidade - SP /1997.

Hoje em dia o que os gestores e usuários das demonstrações financeiras necessitam


são de informações que lhes dêem suporte na tomada de decisões e que essas informações
sejam apresentadas de forma clara e objetiva, em fim, que atendam as suas necessidades. A
DFC se torna superior a DOAR especialmente neste sentido, suas informações são de fácil
entendimento e bem objetivas ao contrario da DOAR, que conforme já comentado existem
45

dificuldades quanto a sua elaboração e interpretação das transações contempladas pela


mesma.
A contabilidade é uma ciência que tem entre as suas principais funções, fornecer
informações uteis aos diversos usuários, porém se as informações fornecidas não estiverem
sendo entendias pelos usuários, então para que serviriam? Este argumento reforça ainda mais
a substituição da DOAR pela DFC, assim como os tópicos a seguir que apresentam algumas
vantagens da DFC frente a DOAR:
• A DFC apresenta-se em uma linguagem comum e de fácil compreensão aos usuários,
enquanto a DOAR, em geral, é de difícil compreensão pelos usuários, devido à linguagem
técnica com que é apresentada;
• Propicia maior visualização do fluxo dos recursos financeiros, enquanto a DOAR envolve
a avaliação de ativos não-monetários;
• A DFC se faz necessária na previsão de problemas de insolvência e na avaliação de riscos,
caixa e dividendos futuros, enquanto a DOAR não propicia previsões futuras quanto à
disponibilidade financeira da empresa;
• A DFC utiliza o conceito de curto prazo, evidenciando apenas elementos monetários. Já a
DOAR engloba elementos de longo prazo, inclusive não-monetários.
A diferença fundamental entre a DOAR e a DFC é que a DOAR é elaborada no
conceito de capital circulante líquido, dentro do regime de competência, mostrando a posição
financeira da empresa, suas tendências futuras e tem características de médio e longo prazo.
Já a DFC baseia-se no conceito de disponibilidade imediata dentro do regime de caixa,
proporcionando informações concretas, se houve ou haverá dinheiro, quando se deve tomar de
empréstimos e tem características de curto prazo.
A forma com que a DFC é elaborada, propicia fácil leitura e entendimento dos dados
apresentados pela mesma, onde o foco destes dados é a variação do Caixa e Equivalentes de
Caixa, o que, efetivamente, representa o dinheiro pertencente à empresa.
No mundo econômico o processo final de todas as operações é o dinheiro, portanto, o
conceito de dinheiro, ou informações a respeito do dinheiro de uma determinada empresa, é a
informação mais desejada no que tange o processo de tomada de decisão, seja do acionista,
interessado na distribuição de dividendos; seja dos fornecedores, interessados no recebimento
dos seus créditos; seja do governo, interessado no recebimento dos seus impostos; enfim, no
mundo empresarial e/ou econômico, o dinheiro é o principal fator na tomada de decisões e a
46

Demonstração dos Fluxos de Caixa é uma das demonstrações financeiras que melhor atende
esta necessidade.
Porém Iudícibus e Marion em respeito à substituição da DOAR pela DFC afirmam
que:

A DFC deve ser adota visando atender ao interesse dos usuários pelo conhecimento
do fluxo de caixa das empresas e por ser compreendida mais facilmente,
principalmente pelos usuários menos afeitos a Contabilidade. Por outro lado, a
DOAR não deve ser substituída, apesar de sua reconhecida complexibilidade, pois
satisfaz aqueles usuários que podem usufruir de sua superioridade informativa ou
mesmo pelo ganho proporcionado pela analise conjunta (IUDÍCIBUS; MARION,
2002, p. 224)

Em fim, nenhuma demonstração contábil, por mais útil que ela seja por si só é capaz
de proporcionar ao usuário de todas as informações importantes necessárias para atender suas
necessidades.
A DFC deve ser adotada para facilitar o conhecimento do fluxo de caixa das empresas
e, devida a sua simplicidade, pode ser acessada pelos usuários menos íntimos da
contabilidade. Mas por outro lado a DOAR, não deveria ser deixada de lado pelas empresas
por não ser mais obrigatória, a mesma deveria continuar a ser elaborada pelas mesmas e
desfrutada da análise dos usuários que possam usufruir de suas informações, seja pela sua
maior abrangência, seja pela própria suscetibilidade da DFC, pois de certa forma essas
demonstrações se complementam e tem a sua importância potencializada quando utilizadas
em conjunto.
4 METODOLOGIA

4.1 MÉTODOS CIENTÍFICOS

“A característica distintiva do método é a de ajudar a compreender, no sentido mais


amplo, não os resultados da investigação cientifica, mas o próprio processo de investigação.
(KAPLAN, 1972, p. 18).
O método deve permitir a todos, retraçar os procedimentos daquele que alcança um
resultado válido, permitindo a compreensão do caminho seguido no processo de investigação,
ou seja, “[...] a finalidade da atividade científica é a obtenção da verdade, por intermédio da
comprovação de hipóteses, que, por sua vez, são pontes entre a observação da realidade e a
teoria cientifica que explica a realidade.” (LAKATOS; MARCONI, 2000, p. 46). Resumindo,
o método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e
economia, permite alcançar o objetivo, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e
auxiliando nas decisões.
O método utilizado na elaboração deste trabalho foi o método dialético, através deste
foi proposto diálogos passando depois a se referir, ainda dentro do diálogo proposto, a uma
argumentação que fazia clara distinção dos conceitos envolvidos na discussão.

4.2 NÍVEIS DE PESQUISA

A pesquisa exploratória visa proporcionar um maior conhecimento para o pesquisador


em volta do assunto levantado, a fim de que este possa formular problemas mais precisos ou
criar hipóteses que possam ser pesquisadas por estudos posteriores, ou seja, a pesquisa
48

exploratória é um estudo preliminar em que o maior objetivo é se tornar familiar com o


fenômeno que se quer investigar, de maneira que o estudo principal a seguir seja planejado
com grande entendimento e precisão. Segundo Gil (1999, p. 55), “[...] pesquisas exploratórias
são desenvolvidas com o objetivo de proporcionar visão geral, de tipo aproximativo, acerca de
determinado fato”.
A pesquisa descritiva tem por finalidade observar, registrar e analisar os fenômenos
sem, entretanto, entrar no mérito do seu conteúdo. Na pesquisa descritiva não há interferência
do investigador, que apenas procura perceber, com o necessário cuidado, a frequência com
que o fenômeno acontece. É importante que se faça uma analise completa desses
questionários para que se chegue a uma conclusão.
A elaboração deste trabalho ocorreu através de pesquisas exploratórias e descritivas.
Na formação de opinião sobre qual das demonstrações contábeis em questão contribuem mais
para a evidenciação contábil e, se os entrevistados são a favor ou não a substituição da DOAR
pela DFC, utilizar-me-ei deste nível de pesquisa para verificar os resultados na opinião dos
mesmos.

4.3 TIPO DE PROJETO

Os tipos de projeto busca identificar a realidade do trabalho na prática e ver sua


eficiência e eficácia. Pode classificar em 5 (cinco) tipos, pesquisa aplicada, avaliação de
resultado, avaliação formativa, propósitos de plano, pesquisa diagnostico.
Para a pesquisa deste trabalho foi utilizada a avaliação formativa, a finalidade desta
“[...] é melhorar ou aperfeiçoar sistemas ou processos. Implica um diagnostico do sistema e
sugestões para a sua reformulação, por isso requer certa familiaridade com o sistema e,
idealmente, a possibilidade de implementar as mudanças sugeridas e observar seus efeitos.”
(ROESCH, 1999, p.74).
Com a avaliação formativa, foi possível o entendimento do tema em questão,
estudando-o de forma aprofundada verificando sua possibilidade aplicação e os ganhos com
esta aplicação.
49

4.4 DELINEAMENTO DA PESQUISA

O levantamento de informações é o primeiro passo para conhecermos melhor qualquer


assunto que nos interessa. Neste sentido, quando nos defrontamos com uma temática de
pesquisa, é essencial que procuremos dominar, da melhor maneira possível, o conhecimento
existente sobre este assunto. Para tano é necessário a pesquisa de informações disponíveis,
geradas anteriormente por outros pesquisadores.
No delineamento da pesquisa utilizou-se a pesquisa bibliográfica, que é segundo
Fachin (2006, p. 120) “[...] uma fonte inesgotável de informações, pois auxilia na atividade
intelectual e contribui para o conhecimento cultural em as formas de saber”. Foram
localizadas e consultadas fontes escritas que melhor se adaptem ao tema para, após, coleta de
dados que foram utilizados na elaboração deste trabalho, ampliando e melhorando assim o
conhecimento a respeito do assunto.
Além disso, se fará um estudo de caso, “[...] caracterizado por ser um estudo intensivo.
No método do estudo de caso, leva-se em consideração, principalmente, a compreensão, como
um todo, do assunto investigado. Todos os aspectos do caso são investigados” (FACHIN,
2006, p. 45).

4.5 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

A definição do instrumento de coleta de dados se baseou nos objetivos que se


pretendia alcançar com a pesquisa em que se obtêm os dados da realidade para aplicação
técnica. E através da coleta de dados que se iniciam todos os procedimentos científicos no
processo de pesquisa, pode ser considerado como método de investigação.
Os dados podem ser coletados de fontes primárias ou secundárias, “se trata de coleta
de dados primários através de entrevistas e questionários” (ROESCH, 1999 pg. 128). Entre as
técnicas citadas acima se encontram outras como a técnica de documentos e a técnica de
observação.
50

Para a coleta de dados deste trabalho foi feita uma entrevista, que permitiu um estreito
relacionamento entre pesquisador e pesquisado, com o intuito de agregar o máximo possível
de conhecimento do assunto para poder aplicá-lo de maneira correta e eficaz.

4.6 DEFINIÇÃO DA ÁREA OU POPULAÇÃO-ALVO

É a limitação da área ou população que o estudo será aplicado para se identificar a


realidade da questão. Para Lakatos (2000, pg.99) população “[...] é um conjunto definido de
elementos que possuem determinadas características”. Amostra se define como subconjunto
da população por meio do qual se estabelecem ou se estimam características desse universo
ou população.
A pesquisa foi realizada em uma população, que segundo Fachin é (2006. p.49) “[...]
um conjunto de números obtidos, medindo-se ou contando-se certos atributos dos fenômenos
ou fatos que compõe um universo”.
Assim a pesquisa foi voltada inteiramente para os setores administrativos da empresa
Rafitec S/A.

4.7 TÉCNICA DE ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS

Uma vez manipulados os dados e obtidos os resultados, o passo seguinte foi analisar e
interpretar os mesmos, constituindo-se na parte principal da pesquisa.
A análise dos dados apurados é de fundamental importância para a eficácia da
pesquisa, por isso é importante que sejam colocados de forma sintética e de maneira clara e
acessível. Na análise e interpretação dos dados utilizam-se dos métodos a fim de dar
significados mais amplos as respostas e orientar a tomada de decisão, tais métodos podem ser
classificados como qualitativos e quantitativos.
Foi utilizada a pesquisa qualitativa, que utiliza de seus métodos de coleta e análise de
dados que são apropriados para uma fase exploratória de pesquisa. Para a análise e
interpretação de dados Gil (1999) aponta as seguintes técnicas: “estabelecimento de
51

categorias, codificação, tabulação, análise estatística dos dados, inferência de relações causais
e interpretação de dados”.
Este método foi utilizado neste trabalho, pois o assunto em estudo é complexo, de
natureza social e não tende a quantificação. A pesquisa qualitativa tem como objetivo
principal interpretar o fenômeno que se observa e, traz grande contribuição para o trabalho de
pesquisa apresentando uma mistura de procedimentos de cunho racional e intuitivo capazes de
contribuir para melhor compreensão dos fenômenos.
5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Para a realização deste trabalho foi feita uma análise comparativa das informações
fornecidas pela DFC e pela DOAR, verificando as principais diferenças entre essas
demonstrações. As demonstrações contábeis utilizadas no trabalho são da empresa Rafitec
S/A Indústria e Comércio de Sacarias.
Após análise comparativa entre as duas demonstrações, foram apresentados os
resultados obtidos e entrevistando os setores contábil, financeiro e a gerência administrativa
da empresa, objetivando conhecer na percepção dos profissionais desses setores as seguintes
informações:
 Se os entrevistados são a favor ou não a substituição da DOAR pela DFC;
 Os principais motivos de serem a favor ou contra essa substituição;
 Se os mesmos acreditam que esta mudança irá melhorar ou não a evidenciação
contábil;
 Conhecer as vantagens e desvantagens da DFC quando comparada com a DOAR na
visão dos entrevistados.
 Verificar os seguintes aspectos quanto a substituição da DOAR pela DFC na visão dos
entrevistados: entendimento, informação e decisão;

5.1 INFORMAÇÕES OBTIDAS COM A ANÁLISE DA DFC

A Demonstração dos Fluxos de Caixa da empresa Rafitec S/A foi elaborada a partir do
método indireto e com os dados obtidos desta demonstração foi possível a elaboração do
quadro a seguir no intuito de se comparar com as informações da DOAR:
53

RESUMO DA DFC – 2009 VALORES


EM R$
CAIXA GERADO PELAS ATIVIDADES OPERACIONAIS 7.797.474
CAIXA CONSUMIDO PELAS ATIVIDADES DE INVESTIMENTO (6.205.718)
CAIXA CONSUMIDO PELAS ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO (2.694.803)
DIMINUIÇÃO DAS DISPONIBILIDADES (1.103.047)
DISPONIBILIDADES NO FIM DO EXERCICIO 1.167.449
DISPONIBILIDADES NO INÍCIO DO EXERCICIO 2.270.495
VARIAÇAO DAS DISPONIBILIDADES (1.103.047)
Quadro 6: Resumo dos dados da DFC 2009 1
Fonte: Desenvolvida pelo acadêmico Daison André Pagani, 2010

A partir deste quadro nota-se que as informações demonstradas da DFC apresentada


pela Rafitec S/A é possível identificar que as atividades operacionais da empresa geraram um
caixa de R$ 7.797.474 (sete milhões setecentos e noventa e sete mil quatrocentos e setenta e
quatro reais), sendo que o fluxo das atividades operacionais é o principal fluxo da empresa.
Demonstra que a empresa possui grande capacidade de geração operacional de caixa,
suficiente para amortizar seus empréstimos, pagar dividendos, e de fazer novos investimentos
sem a necessidade de captar recursos externos.
Verificou-se também o consumo de R$ 6.205.718 (seis milhões duzentos e cindo mil
setecentos e dezoito reais) em atividades de investimentos. Tal fluxo, por apresentar-se
negativo na DFC demonstra que a empresa está a investindo.
Com novos investimentos a empresa tende a gerar receitas e fluxos de caixa futuros,
assegurando seu funcionamento competitivo no mercado.
Foi consumido com as atividades de financiamento R$ 2.694.803 (dois milhões
seiscentos e noventa e quatro mil oitocentos e três reais), o que demonstra que a empresa
liquidou mais do que captou recursos de fontes externas no período em questão, por isso o
mesmo apresentou-se negativo. Demonstrando que a empresa possui capacidade de liberar
fundos provenientes das atividades operacionais suficientes para saldar seus investimentos, no
entanto o crescimento da mesma não pode ficar limitado pelos fundos provenientes das suas
atividades operacionais, assim a empresa pode buscar novos financiamentos para expandir
ainda mais o seu crescimento.
Essas informações indicam o que ocorreu no período no que diz respeito às saídas e
entradas de dinheiro no caixa da empresa.
54

Resumo dos dados da DFC


10.000.000
7.797.474
8.000.000

6.000.000

4.000.000 Caixa das Atividades


Valores em (R$)

Operacionais
2.000.000
Caixa das Atividades de
Investimento
0
Caixa das Atividades de
(2.000.000) Financiamento

(4.000.000) (2.694.803)

(6.000.000)
(6.205.718)
(8.000.000)

Gráfico 1: Resumo dos dados da DFC 2009


Fonte: Desenvolvido pelo acadêmico Daison André Pagani 2010

O resultado desse fluxo foi à diminuição das disponibilidades da empresa, que seriam
o caixa, bancos e aplicações de liquidez imediata (até 90 dias) em R$ 1.103.046 (um milhão
cento e três mil e quarenta e seis reais), sendo que o consumo maior de caixa fora nas
atividades de investimento, onde 67,62% do dinheiro investido teve origem das atividades
operacionais da empresa, 26,84% foi proveniente de recursos externos e o restante, 5,54%
desses investimentos, foi consumido dos saldos que havia no caixa e equivalentes de caixa
vindos do exercício anterior, por isso da diminuição desses.
55

Variação das Disponibilidades


2.500.000
2.270.495

2.000.000
Valores em (R$)

1.500.000 Disponibilidades no inicio do


exercício
1.167.449
Disponibilidades no final do
1.000.000 exercicio

500.000

Gráfico 2: Variação das disponibilidades


Fonte: Desenvolvido pelo acadêmico Daison André Pagani 2010

Embora o resultado da variação das disponibilidades fora negativo, não quer dizer que
tenha sido ruim para a empresa, pois como podemos observar no gráfico acima a mesma
possuía um valor bem significativo de sobras de caixa e equivalentes no inicio do exercício,
sendo que a diminuição foi de 48,58%, que foram aplicados em novos investimentos na
empresa e para saldar recursos obtidos de fontes externas, restando ainda R$ 1.167.449 (um
milhão cento e sessenta e sete mil quatrocentos e quarenta e nove mil reais) de disponibilidade
para o início do próximo exercício, demonstrando de fato uma folga financeira excelente.
Analisando os dados apresentados, podemos afirmar que a DFC utiliza conceitos
simples e de fácil interpretação, o que permite uma melhor comunicação com seus usuários,
pois para ser apresentada depende apenas de informações dos Balanços Patrimoniais e da
Demonstração de Resultados do Exercício possibilitando mostrar as mudanças ocorridas no
caixa da empresa desde o momento que sai da DRE até o Balanço Patrimonial.
Através das informações da DFC é possível evidenciar o confronto do fluxo de caixa,
permitindo à administração da empresa decidir com antecedência se a empresa deve tomar
recursos ou aplicá-los, e ainda, avalia e controla ao longo do tempo as decisões importantes
que são tomadas na empresa e seus reflexos monetários.
56

Com essas informações é possível obter as razões das diferenças observadas entre o
lucro líquido e o caixa gerado pelo lucro líquido, avaliando o impacto que os investimentos e
os financiamentos tiveram sobre a posição financeira da empresa no período considerado.
Resumindo, a facilidade de compreensão da DFC é sua vantagem principal, pois
permite que a comunicação da contabilidade com o usuário possa ser aprimorada, atendendo
assim as necessidades desse usuário, seja ele interno ou externo, possibilitando que essa
demonstração seja utilizada para fins decisórios, por constituir-se numa fonte útil de
informações.

5.2 INFORMAÇÕES OBTIDAS COM A ANÁLISE DA DOAR

Com os dados obtidos da DOAR foi elaborado o quadro a seguir:

RESUMO DA DOAR – 2009 VALORES


EM R$
ORIGENS 20.148.380
OPERAÇÕES 7.357.073
FINANCIAMENTOS DE TERCEIROS 12.791.307
APLICAÇÕES 9.173.511
VARIAÇÃO DO CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO - CCL=(AC-PC) 10.974.869
Quadro 7: Resumo dos dados da DOAR 2009
Fonte: Desenvolvida pelo acadêmico Daison André Pagani, 2010

Pode-se notar que no quadro 7 as atividades operacionais originaram os recursos da


Rafitec S/A num montante de R$ 7.357.073 (sete milhões trezentos e cinqüenta e sete e
setenta e três reais) e os financiamentos de terceiros originaram R$ 12.791.307 (dose milhões
setecentos e noventa e um trezentos e sete mil reais), integrando a parte dos ativos circulantes
totalizados em R$ 20.148.380 (vinte milhões cento e quarenta e oito mil e trezentos e oitenta
reais).
A empresa possui investimentos de R$ 9.173.511 (nove milhões cento e setenta e três
mil e quinhentos e onze reais) totalizados no seu passivo circulante que, variando com os
ativos circulantes representam o capital de giro líquido que a empresa possui.
57

Vale ressaltar que esses recursos demonstrados não são fáceis de serem
compreendidos, pois falta um detalhamento considerado necessário para melhor entendimento
dos usuários. Logo a DOAR não especificam quais desses financiamentos e investimentos a
empresa tem e também não possibilita avaliar adequadamente a liquidez de curto prazo da
empresa pelo fato de ser de difícil interpretação.
A diferença entre o Ativo Circulante e o Passivo Circulante representa os recursos
financeiros à disposição da sociedade, que serão utilizados para atender as operações do
próximo exercício, portanto neste caso demonstra que a empresa tem mais origem do que
aplicação de recursos, possuindo assim uma variação positiva do CCL de R$ 10.947.869 (dez
milhões novecentos e setenta e quatro mil e oitocentos e sessenta e nove reais).
A preocupação principal da DOAR é evidenciar os itens que alteram o CCL, portanto
não apontam os itens que se modificam dentro do próprio Ativo ou Passivo Circulantes, pois
estes itens não provocam modificações no Capital Circulante Líquido.

5.3 VISÃO COMPARATIVA ENTRE A DOAR E A DFC

Ainda com os dado da DOAR e da DFC da empresa Rafitec S/A elaborou-se o


seguinte quadro, no intuito de se comparar as informações obtidas das duas demonstrações:

RESUMO DA DOAR E DFC – 2009 VALORES


EM R$
DOAR DFC
ORIGENS
OPERAÇÕES 7.357.073 OPERACIONAL 7.797.474
FINANCIAMENTOS 12.791.307 FINANCIAMENTOS (2.694.803)
APLICAÇÕES
INVESTIMENTOS 9.173.511 INVESTIMENTOS (6.205.718)
Variação positiva do 10.974.869 Aumento/Diminuição (1.103.047)
CCL das Disponibilidades
Quadro 8: Comparativo dos dados da DFC e da DOAR
Fonte: Desenvolvida pelo acadêmico Daison André Pagani, 2010

A diferença fundamental dessas duas demonstrações é a metodologia na qual são


elaboradas, a DOAR utiliza como base o conceito de capital circulante líquido, dentro do
regime de competência teve uma variação positiva de R$ 10.947.869 (dez milhões novecentos
58

e setenta e quatro mil e oitocentos e sessenta e nove reais) e a DFC utiliza o conceito de
disponibilidade imediata, dentro do regime de caixa teve uma diminuição das disponibilidades
de R$ 1.103.046 (um milhão cento e três mil e quarenta e seis reais).
Portanto ao final do período em evidencia nas duas demonstrações, o que realmente
tem em caixa líquido na empresa são as informações apresentadas na DFC. Evidenciando a
necessidade ou não de captar empréstimos ou aplicar excedentes de caixa em operações
rentáveis com a finalidade de buscar a eficácia financeira e administrativa da empresa em
questão.

5.4 ANÁLISE DOS DADOS DA ENTREVISTA

Foram entrevistados 3 (três) setores da empresa, gerência administrativa,


departamento contábil e departamento financeiro, totalizando 7 (sete) entrevistados ao todo,
sendo que o retorno do questionário foi de 100%.
Foram escolhidos estes três setores, pois são os que estão realmente envolvidos no
planejamento e controle dos recursos financeiros da empresa.
Para que os entrevistados pudessem responder as questões da entrevista com maior
lucidez, foi primeiramente apresentado aos mesmos um texto com informações extraídas de
pesquisas bibliográficas relatando os principais pontos das demonstrações em questão,
explicando resumidamente cada uma delas e as informações que podem ser extraídas dessas
demonstrações. Foi frisado também os principais motivos da DOAR ter sido substituída pela
DFC.

5.4.1 Opinião dos entrevistados quanto à substituição da DOAR pela DFC

Partiu-se do pressuposto de que um dos fatores determinantes da substituição da


DOAR pela DFC, no Brasil e em vários outros países, ocorreu em razão da dificuldade de
entendimento da DOAR pelos usuários, questionando os entrevistados se esta substituição
59

realmente melhora a evidenciação contábil da empresa em questão e, se os mesmos são contra


ou a favor dessa substituição chegou-se aos seguintes resultados:

Substituição da DOAR pela DFC

29%

Favoravel
71% Desfavoravel

Gráfico 3: Substituição da DOAR pela DFC


Fonte: Desenvolvida pelo acadêmico Daison André Pagani, 2010

Dos 7 (sete) entrevistados, 5 (cinco) foram a favor da substituição da DOAR pela DFC
o que representa 71% das opiniões e 2 (dois) dos entrevistados opinaram que são contra a
substituição da DOAR pela DFC representando 29% dos entrevistados, como mostra o
gráfico na acima.
Quanto a opinião dos entrevistados sobre a evidenciação contábil após a substituição
da DOAR pela DFC, 2 (dois) acharam que a mesma não melhorou e não ira melhorar o que
representa 29% das opiniões e, 5 (cinco) entrevistados acharam que a evidenciação contábil
melhorou ou irá melhorar representando 71% das opiniões, como vemos no gráfico a seguir.
60

Influência da substituição da DOAR pela DFC na evidenciação


contabil

29%
Melhorou ou irá melhorar

71% Não melhorou ou não irá


melhorar

Gráfico 4: Influência da substituição da DOAR pela DFC na evidenciação contábil


Fonte: Desenvolvida pelo acadêmico Daison André Pagani, 2010

Analisando esses dois conjuntos de repostas dos entrevistados que são ou não a favor
da substituição da DOAR pela DFC e as opiniões quanto à influência dessa substituição na
evidenciação contábil e ainda, as respostas obtidas para a verificação na percepção dos
entrevistados quais os principais motivos de serem ou não a favor da substituição da DOAR
pela DFC chegou-se a um resultado muito interessante, a saber:
 Teve os entrevistados que não foram a favor da substituição, afirmando que não
haverá melhora na evidenciação contábil. Estes alegaram que a DOAR apresenta um
nível de informação maior que a DFC satisfazendo as necessidades dos usuários não
sendo necessário na opinião destes outra demonstração;
 Teve também os entrevistados que não são favoráveis a essa substituição, pois
acreditam que uma demonstração complementa a outra, não se tratando de
demonstrações excludentes, mas sim complementares e deveriam ser apresentadas em
conjunto melhorando a evidenciação contábil;
 Dos entrevistados que foram a favor da substituição, tivemos os que acharam que essa
substituição é uma tendência internacional devendo ser seguida e, a DFC é de fácil
entendimento para os usuários principalmente para aqueles menos conhecedores de
contabilidade aumentando assim a quantidade de usuários das demonstrações
contábeis, mas mesmo assim estes acreditam que a substituição da DOAR pela DFC
não melhorou ou irá melhorar a evidenciação contábil;
 Dos entrevistados que foram favoráveis a substituição, tivemos também os que
acreditam que a DFC melhorou ou irá melhorar a evidenciação contábil,
principalmente para os menos afeitos a contabilidade, pois é mais fácil entender o
61

conceito de caixa usado na DFC do que o de capital circulante líquido usado na


DOAR. Outro aspecto verificado neste grupo de entrevistados foi de que a DFC
possibilita maior visualização do fluxo de recursos financeiros, sendo mais eficaz na
avaliação financeira da empresa, principalmente de sua liquidez, ou seja, sua
capacidade de pagamento.
Observando então os dados levantados com o questionário até aqui, verificou-se que a
maioria dos entrevistados é a favor da substituição da DOAR pela DFC e essa maioria
também acredita que tal mudança melhorou ou irá melhorar a informação contábil. Porém se
levarmos em conta as respostas obtidas por setor em que o questionário foi aplicado vale fazer
algumas observações importantes de serem destacadas, mostrando o principal motivo de
opiniões diferentes quanto à substituição ou não:
 O setor de contabilidade foi o único que teve entrevistados a favor e contra a
substituição da DOAR pela DFC, pode-se afirmar que isso se deu pelo fato destes
apresentarem maior facilidade de leitura e entendimento das demonstrações, tirando da
DOAR, por exemplo, informações que outros usuários menos conhecedores de
contabilidade teriam mais dificuldades em interpretá-las. Os entrevistados que foram
desfavoráveis a substituição neste setor, acham que ambas as demonstrações deveriam
ser apresentadas e analisadas em conjunto, a DFC facilitaria na opinião deste grupo de
entrevistados o conhecimento do fluxo caixa das empresas e ganharíamos um número
maior de usuários da informação contábil por ser mais fácil o seu entendimento, ainda
na opinião dos mesmos, reconhecem que a DOAR é realmente mais complexa, mas
não deveria ser substituída destinando-se aos usuários que podem usufruir de suas
informações;
 Nos outros setores todos foram a favor dessa substituição, pois não assimilam tão
facilmente como o setor contábil, a metodologia com que a DOAR é apresentada, pois
está como já comentado baseia-se no conceito de capital circulante líquido
apresentando valores não monetários, ao contrário da DFC que demonstra os saldos
reais dos recursos financeiros da empresa e como estes fluíram no decorrer do período
em evidência.
Fica claro então que o que mais influenciou os entrevistados quanto à opinião de
serem ou não a favor da substituição da DOAR pela DFC e sua contribuição para a
informação contábil foi o nível de entendimento das informações obtidas da DOAR e da
DFC, pois os setores que teriam menos conhecimento em contabilidade tiveram dificuldades
em assimilar as informações da DOAR e foram a favor de sua substituição achando melhor a
62

publicação da DFC por ser mais fácil de entender, o que não ocorreu com todos os
entrevistados no setor contábil da empresa.

5.4.2 Os aspectos entendimento, informação e decisão

Sendo um dos objetivos desta pesquisa analisar se a substituição da DOAR pela DFC
melhorou ou não a evidenciação contábil procurou-se, através dos aspectos entendimento,
informação e decisão, verificar esta análise reforçando ainda mais os resultados obtidos até
aqui.
O aspecto entendimento foi escolhido tendo em vista que um dos maiores motivos que
levaram a substituição da DOAR pela DFC, conforme pesquisas bibliográficas, dizem
respeito à dificuldade de entendimento por parte de algum grupo de usuários. O objetivo da
análise deste aspecto é de verificar na opinião dos entrevistados, se realmente existem
dificuldades de entendimento dessa demonstração quando comparada com a DFC e se o
entendimento melhorou ou não com essa substituição.
Com os aspectos informação e decisão buscou-se verificar se as informações trazidas
pela DFC que substitui a DOAR podem realmente auxiliar no processo de tomada de decisão
tendo em vista que o principal objetivo da contabilidade é o de fornecer informações úteis e
confiáveis aos seus usuários, de forma a auxiliá-los na tomada de decisão.
Com os resultados obtidos do questionário que avaliaram tais aspectos, chegou-se ao
seguinte gráfico:
63

Aspectos: informação, entendimento e decisão


100%

90% 86%

80%
71% 71%
70%

60%
entendimento
50%
informaçao
40% decisão
29% 29%
30%

20% 14%
10%

0%
melhorou não melhorou

Gráfico 5: Aspectos: informação, entendimento e decisão


Fonte: Desenvolvida pelo acadêmico Daison André Pagani, 2010

Para avaliar o aspecto entendimento foram feitas perguntas sobre qual demonstração
apresenta um entendimento mais amplo e fácil de assimilar por parte dos usuários, verificando
se esse aspecto melhorou ou não com a substituição.
Como demonstra o gráfico então, 71% dos entrevistados quando questionados sobre o
aspecto entendimento acham que este melhorou com a substituição da DOAR pela DFC e
29% dizem que não melhorou.
Verificou-se que tal fato deveu-se à grande concordância, por parte dos entrevistados,
que a DOAR, realmente, é de difícil entendimento principalmente para os usuários menos
afeitos à contabilidade, sendo que no setor financeiro e da gerência administrativa da empresa
essa concordância foi de 100%, já no setor contábil da empresa foi bem menor.
No aspecto informação foram questionados os entrevistados sobre qual das duas
demonstrações apresenta-se como uma fonte mais útil de informação verificando se
informação melhorou ou não com a substituição.
Novamente a maioria concordou em favor da DFC, onde 79% acharam que tal quando
comparada com a DOAR, apresenta informações mais úteis para a empresa, principalmente
na gestão dos seus recursos financeiros e, melhorou a qualidade da informação contábil na
opinião desses entrevistados.
64

Ressalta-se ainda que entrevistados que acreditam que a DOAR também é uma fonte
útil de informação, até mais que a DFC na opinião destes e, sua substituição não melhorou o
aspecto informação, sendo que estes entrevistados compõe 29% das respostas e encontram-se
no setor contábil da empresa e assim como nos demais aspectos verificados até aqui este setor
é o único entre os entrevistados que defende a DOAR.
Quando questionados a respeito do aspecto decisão a concordância foi ainda maior a
favor da DFC, onde 86% dos entrevistados concordam que a DFC melhora esse aspecto e
apenas 14% acredita que não.
Ainda no aspecto decisão, verificou-se a partir das respostas dos entrevistados que
uma das maiores contribuições da DFC é o auxilio que esta da ao usuário no processo de
tomada de decisão, pois todas as decisões tomadas pelos administradores da empresa têm
repercussão direta no caixa da empresa, lembrando a teoria de que o caixa é coração de uma
empresa, e como a DFC focaliza a atenção de seus usuários ao verdadeiro valor do dinheiro
e/ou do caixa da empresa, considerado como medida mais apropriada para mensurar a
empresa em continuidade, tal demonstração possibilita à administração projetar o futuro da
empresa e melhor visualizar a capacidade de pagamento dos investimentos realizados e da
política financeira empregada.
A partir dos dados levantados com esta análise se verificou que a grande maioria dos
entrevistados concorda em favor da DFC e que está melhorou a evidenciação contábil da
empresa, reforçando ainda mais o fato de que esta demonstração é de um entendimento mais
simplificado do que a DOAR, sendo que os únicos entrevistados que defenderam a DOAR
pertenciam ao setor contábil da empresa e nos demais setores entrevistados todos foram a
favor da DFC, demonstrando a dificuldade de entendimento da DOAR por usuários menos
conhecedores de contabilidade.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho foram demonstrados os aspectos relevantes da DFC e da DOAR para


verificar através da percepção dos profissionais da área financeira, contábil e gerência
administrativa da empresa em questão através de uma entrevista com os mesmos, se a
substituição da DOAR pela DFC introduzida pela lei 11.638/2007 melhorou ou não a
evidenciação contábil, que é entendida como o processo pelo qual as informações são
divulgadas através das demonstrações financeiras, sendo que esta não permite à Contabilidade
fornecer informações a usuários conhecidos de modelos particulares de decisão. Dessa
maneira, a Contabilidade procura fornecer informação a usuários não conhecidos com
objetivos múltiplos.
Através da entrevista realizada nos três setores da empresa, verificou-se que essa
substituição melhorou sim a evidenciação contábil, já que 71% dos entrevistados, o que
equivale a 5 (cinco) pessoas de um total de 7 (sete), foram a favor dessa substituição achando
a mesma benéfica para o resultado final da contabilidade, que é a evidenciação contábil e
também, de que a DFC é de mais fácil entendimento quando comparada com a DOAR.
A facilidade de compreensão da DFC frente a DOAR ficou claro na opinião dos
entrevistados quando 71% destes afirmaram que o aspecto entendimento melhorou com a
substituição.
Sendo assim, a DFC, por ser considerada de mais fácil entendimento, traz sua
contribuição à evidenciação contábil através do fornecimento de informações úteis,
lembrando que o conceito de utilidade deve estar associado aos aspectos de materialidade,
quantidade de informação, qualidade e relevância da informação.
Isso se deve ao fato de a mesma trabalhar exclusivamente com o conceito de caixa e
de equivalentes de caixa, mais fácil de ser entendido por qualquer usuário das informações
contábeis, quando a DOAR baseia-se no regime de competência considerando o capital
circulante líquido. Outra contribuição importante que a DFC traz, diz respeito às melhores
condições de avaliação da situação financeira da empresa que a elaboração e divulgação desta
66

demonstração irá proporcionar, uma vez que o fluxo de caixa mostra a real capacidade de
pagamento das dívidas, sendo um importante indicador da situação financeira da empresa.
Um ponto importante que foi observado, é que dos 5 (cinco) entrevistados que foram a
favor da DFC no lugar da DOAR e, acharam-na de mais fácil entendimento quando
comparada com a DOAR, 1 (um) é do setor de gerência administrativa , 2 (dois) do setor
financeiro e os outros 2 (dois) pertencem ao setor contábil, sendo estes últimos citados os
menos experientes do seu setor. Isso reforça o fato de que a DFC é de mais fácil entendimento
que a DOAR, principalmente para os usuários menos afeitos à Contabilidade, sendo que fora
do setor contábil nenhum outro entrevistado defendeu a não substituição, ficando claro isso
principalmente no próprio setor contábil da empresa, onde 4 (quatro) pessoas foram
entrevistadas e os dois menos experientes do setor como citado acima, responderam em favor
da DFC e, os outros 2 (dois) são profissionais com anos de experiência na área e por isso não
concordaram em substituir a DFC pela DOAR, pois assimilam melhor o conceito de capital
circulante líquido e o regime de competência usados na DOAR do que os outros
entrevistados, e conseguem extrair desta demonstração informações não percebidas pelos
demais.
No setor financeiro da empresa, os dois entrevistados concordaram em substituir a
DOAR pela DFC como já mencionado no parágrafo acima, a explicação para isso é que
historicamente os profissionais desta área trabalham com base no regime de caixa utilizado
como base na elaboração DFC e não pelo regime de competência, este aplicado na DOAR.
A gerência administrativa da empresa também apoiou a substituição da DOAR pela
DFC, considerando-a de mais fácil entendimento e consequentemente mais útil no processo
de tomada de decisão, pois este setor da empresa toma seguidas e importantes decisões, que
causam reflexos diretos no aspecto financeiro da empresa.
Para tomar qualquer decisão o gestor precisa de informações para analisar a real e
atual situação financeira da empresa e nenhuma outra demonstração contábil mostra isso
melhor que a DFC, onde está apresenta o que de fato a nas disponibilidades de uma empresa
demonstrando quanto e como foram gerados seus recursos e onde foram aplicados, isso
comprovou-se quando 71% dos entrevistados acharam que a informação contábil melhorou
com a substituição da DOAR pela DFC.
A relevância da DFC para o processo de tomada de decisão comprovou-se na
importância que os entrevistados deram ao aspecto decisão que pode ser considerado a maior
contribuição que a DFC oferece aos diversos usuários da informação contábil, onde 86% dos
entrevistados concordaram que tal demonstração melhora o processo de tomada de decisão.
67

Conclui-se, portanto que a adoção da DFC no lugar da DOAR no rol das


demonstrações financeiras obrigatórias, trará importantes contribuições à evidenciação
contábil, pois atende melhor o público interessado nas informações contábeis das empresas e
os objetivos desta substituição que foi introduzida pela lei 11.638/2007, de dar mais
transparência as informações contábeis e consequentemente melhorar o entendimento das
mesmas para os mais diversos usuários da Contabilidade foram atingidos.
REFERÊNCIAS

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Origens e Aplicações de Recursos (DOAR) e da Demonstração de Fluxos de Caixa
(DFC). Revista Brasileira de Contabilidade. Brasília, n.117, p. 20-32, maio/jun. 1999.

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Societária. Lei n° 11.638, de 28-12-2007. São Paulo: Atlas S/A, 2009.

BRASIL. Lei n.º 6.404, de 15 de Dezembro de 1976. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol.htm>. Acesso em 02 out. 2010.

CAMPOS FILHO, Aldemar. Demonstração dos Fluxos de Caixa: uma ferramenta


indispensável para administrar sua empresa. São Paulo: Atlas, 1999.

COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Comunicado ao Mercado, de 14-01-2008.

COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Deliberação n.º 547 Aprova o Pronunciamento


Técnico CPC 03 de Pronunciamentos Contábeis, que trata da Demonstração do Fluxo de
Caixa. Disponível em: <http://www.cvm.gov.br/>. Acesso em: 28 ago. 2010.

COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Pronunciamento Técnico CPC 13 – Adoção da


Lei n.º 11.638/07 e da Medida Provisória n.º 449/08. Disponível em: <
http://www.cpc.org.br/pdf/CPC_13.pdf>. Acesso em: 28 ago. 2010.

FACHIN, Odilia. Fundamentos de Metodologia. 5. Ed. São Paulo: Saraiva, 2006.

FERREIRA, Neide de Souza. A importância da gestão do fluxo de caixa no processo


decisório das empresas. Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2003. Disponível em:
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FRANCO, Hilário. A Contabilidade na Era da Globalização. São Paulo: Atlas, 1999.

GIL, Antonio . Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1999.
GITMAN, Lawrence J. Princípios de Administração Financeira. Tradução Jacob
Ancelevicz e Francisco José dos Santos Braga. 3. ed. São Paulo: Harbra, 1987.

IUDÍCIBUS. Sérgio de; MARION. José Carlos. Introdução à Teoria da Contabilidade


para o nível de graduação. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

IUDÍCIBUS, Sérgio de. Análises de balanços. São Paulo: Atlas, 1988.

______. Teoria da Contabilidade. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1997.

KAPLAN, Abraham. A conduta na pesquisa: metodologia para as ciências do


comportamento. São Paulo: Herder, 1972.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia científica: ciência e


conhecimento científico, métodos científicos, teoria, hipóteses e variáveis, metodologia
jurídica. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2000.

MARION, José Carlos. Contabilidade Empresarial. 11. ed. São Paulo: Atlas S/A, 2005.

______. Contabilidade empresarial. São Paulo: Atlas, 2003.

MARTINS, Eliseu; CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE; SANTOS, Ariovaldo


dos. A nova lei das S/A e a internacionalização da contabilidade. Brasília: CFC, 2008.

MATARAZZO, Dante C. Análise Financeira de Balanços. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

OLIVEIRA, Álvaro G. Contabilidade financeira. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.

ROESCH, Sylvia Maria Azevedo. Projetos de Estágio e de Pesquisa em administração:


guia para estágios, trabalhos de conclusão, dissertações e estudos de caso. São Paulo:
Atlas, 1999.

SCHIMIDT, Paulo. Uma Contribuição ao Estudo da História do Pensamento Contábil.


São Paulo: tese de Doutoramento, USP, 1996.
ANEXOS
71

ANEXO 1 – ENTREVISTA

Você é a favor ou contra a substituição da DOAR pela DFC imposta pela lei 11.638/2007?
a) Sim, sou a favor;
b) Não, sou contra.
Resposta Quantidade
a 5
b 2
Total 7

Uma das principais funções da contabilidade é de fornecer informações uteis aos usuários
através da evidenciação contábil, com a substituição da DOAR pela DFC, qual sua opinião
entre as alternativas abaixo quanto à evidenciação contábil:
a) Melhorou ou irá melhorar;
b) Não melhorou ou não irá melhorar.
Resposta Quantidade
a 5
b 2
Total 7

Se você acha que a DOAR não deveria ter sido substituída pela DFC, qual o principal(s)
motivo(s) em sua opinião entre as alternativas abaixo:
a) Apresenta um volume de informação maior que a DFC, satisfazendo as necessidades
dos usuários;
b) Fornece informações que não constam em outras demonstrações;
c) Possuiu um poder preditivo maior que a DFC;
d) Ou ainda, uma demonstração complementa a outra e, deveriam ser apresentadas em
conjunto.
Resposta Quantidade
a 1
d 1
Total 2
72

Se você concorda com a introdução da DFC no lugar da DOAR, qual o(s) principal(s)
motivo(s) em sua opinião entre as alternativas abaixo:
a) A DFC permite um melhor entendimento aumentando a comunicação entre a
contabilidade e o seu usuário, além de ser essa substituição uma tendência
internacional;
b) A DOAR é de difícil entendimento, principalmente para os não contabilistas;
c) A DFC possibilita maior visualização do fluxo de recursos financeiros, sendo mais
eficaz na avaliação financeira da empresa;
d) É mais fácil entender o conceito de caixa usado na DFC do que o conceito de capital
circulante líquido na DOAR
Resposta Quantidade
a 1
b 1
c 1
d 2
Total 5

Levando em conta o aspecto entendimento, qual sua opinião quanto à substituição da DOAR
pela DFC:
a) Melhorou;
b) Não melhorou.
Resposta Quantidade
a 5
b 2
Total 7

Levando em conta o aspecto informação, qual sua opinião quanto à substituição da DOAR
pela DFC:
a) Melhorou;
b) Não melhorou.
Resposta Quantidade
a 5
b 2
Total 7
7 - Levando em conta o aspecto decisão, qual sua opinião quanto à substituição da DOAR
pela DFC:
a) Melhorou;
73

b) Não melhorou.

Resposta Quantidade
a 6
b 1
Total 7
74

ANEXO 2 – DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA (DFC)

RAFITEC S.A. INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE SACARIAS

Demonstração dos Fluxos de Caixa dos exercícios findo em 31 de dezembro de - (Em reais)

2009 2008
FLUXO DE CAIXA DAS ATIVIDADES OPERACIONAIS
a) RESUTADO LÍQUIDO AJUSTADO 20.412.834 9.622.570

Lucro (Prejuízo) do Exercício 2.291.267 (504.117)

Depreciação e Amortização 4.721.039 3.225.087

Despesa (Receita) Variação Cambial - 53.657

Perda/Ganho na Alienação Imobilizado 6.950 (8.874)

Juros sobre Capital Próprio 1.929.583 1.822.476

Juros sobre Aplicações Financeiras (2.504.019) (1.039.151)

Juros sobre Empréstimos/Debêntures 13.717.521 5.020.848

Equivalência Patrimonial (65.725) 980.644

Provisão para Contingências 316.218 72.000


b) ACRÉSCIMO/DECRÉSCIMO DO ATIVO (12.298.147) 308.541

Contas a Receber de Clientes (262.137) (44.218)

Estoques (264.845) (4.045.000)

Adiantamentos (11.023.199) 6.081.580

Outras Contas a Receber (1.137.759) (888.270)

Realizável a Longo Prazo 389.793 (795.551)


c) ACRÉSCIMO/DESCRÉCIMO DO PASSIVO (317.213) 1.448.337

Fornecedores 2.115 706.327

Obrigações Tributárias 196.654 175.102

Obrigações Sociais 262.723 259.353

Outras contas a Pagar (1.325.707) 307.555

Exigível a Longo Prazo 547.002 -


CAIXA LÍQUIDO PROVENIENTE
DAS ATIVIDADES OPERACIONAIS 7.797.474 11.379.448
FLUXO DE CAIXA DAS ATIVIDADES DE
INVESTIMENTOS
75

Valor da Venda de Ativos Imobilizados 491 10.000

Aquisição de Investimentos (164.623) (624.613)

Aquisição de Ativos Imobilizados (3.915.610) (12.081.485)

Aquisição de Ativos Intangíveis (6.854) 167.077

Empréstimos Concedidos a Terceiros - (321.000)

Empréstimos Concedidos a Empresas Ligadas (9.798.034) (2.491.994)

Aplicação em Renda Fixa e Renda Variável (7.500.000) (9.271.593)


Resgate de Aplicação em Renda Fixa e

Renda Variável 15.178.912 8.656.499


CAIXA LÍQUIDO PROVENIENTE
DAS ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS (6.205.718) (15.957.109)
FLUXO DE CAIXA DAS ATIVIDADES DE
FINANCIAMENTOS

Captação de Empréstimos e Financiamentos 16.823.052 8.195.342

Pagamentos de Empréstimos e Financiamentos (17.663.244) (3.632.120)

Pagamento de Juros sobre Capital Próprio (1.854.611) (860.372)


CAIXA LÍQUIDO PROVENIENTE DAS ATIVIDADES
DE FINANCIAMENTOS (2.694.803) 3.702.850
AUMENTO/DIMINUIÇÃO DE CAIXA E EQUIVALENTES (1.103.047) (874.811)
SALDO INICIAL DE CAIXA E EQUIVALENTES DE
CAIXA 2.270.495 315.306
SALDO FINAL DE CAIXA E EQUIVALENTES DE CAIXA 1.167.449 2.270.495

"As notas explicativas são partes integrantes das demonstrações financeiras"


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ANEXO 3 – RESUMO DA DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGENS E APLICAÇÕES DE


RECURSOS (DOAR)

Valores em Reais

1 - Origem de Recursos 20.148.380

Das Operações 7.357.073


Dos Proprietários -
De Terceiros 12.791.307
2 - Aplicação de Recursos 9.173.511
3 - Variação do Capital Circulante Líquido 10.974.869

4 - Demonstração da Variação do CCL


Elementos Inicial Final Variações

Ativo Circulante 39.132.878 49.864.696 10.731.818

(-) Passivo Circulante 6.896.280 6.653.229 (243.051)


(=) Capital Circulante Líquido
(CCL) 32.236.598 43.211.467 10.974.869

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