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Apostila de
Conversão
Eletromecânica de
Energia B - EEL 7073
Professor:
Renato Lucas Pacheco
Colaboradores:
Alex Bohn
Diego Prado
Fabrício Leandro Tristão
Semestre 2010-1
SUMÁRIO
SUMÁRIO........................................................................................................................................................ 2
CAPÍTULO 1 MOTOR DE INDUÇÃO TRIFÁSICO ................................................................... 6
1.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................ 6
1.2 O CAMPO GIRANTE ................................................................................................................................. 8
1.3 – PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DO MOTOR DE INDUÇÃO ............................................................. 8
1.4 O ESCORREGAMENTO .............................................................................................................................. 9
1.5 O CIRCUITO ELÉTRICO EQUIVALENTE................................................................................................. 10
1.5.1 Circuito Elétrico Equivalente do Estator, por Fase............................................................ 10
1.5.2 Circuito Elétrico Equivalente do Rotor, por Fase .............................................................. 11
1.5.3 Circuito Elétrico Equivalente Completo Referido ao Estator, por Fase.......................... 13
1.5.4 Forma Alternativa para o Circuito Elétrico Equivalente................................................... 13
1.6 POTÊNCIA MECÂNICA ÚTIL .................................................................................................................. 14
1.7 TORQUE .................................................................................................................................................. 15
1.8 PERDAS NO COBRE DO ESTATOR ......................................................................................................... 15
1.9 CONJUGADO E POTÊNCIA PELO USO DO TEOREMA DE THÉVENIN................................................... 15
1.10 CURVAS DE CONJUGADO, POTÊNCIA E CORRENTE.......................................................................... 17
1.11 DIAGRAMA FASORIAL .......................................................................................................................... 18
1.12 DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS DO MOTOR DE INDUÇÃO TRIFÁSICO .................................... 18
1.12.1 Ensaio de Rotor Bloqueado (Travado) ................................................................................. 18
1.12.2 Ensaio a Vazio ......................................................................................................................... 20
1.13 MÉTODOS DE PARTIDA........................................................................................................................ 22
1.13.1 Partida Direta .......................................................................................................................... 22
1.13.2 Partida com Tensão Reduzida com Auto-Transformador (Chave Compensadora)....... 22
1.13.3 Partida com Tensão Reduzida com Reator ou Resistor Primário ................................... 23
1.13.4 Partida Estrela-Triângulo....................................................................................................... 23
1.13.5 Partida por Fase Dividida ou por Enrolamento Parcial.................................................... 24
1.13.6 Partida com Resistência Externa de Rotor.......................................................................... 25
1.13.7 Partida Direta com Rotor de Dupla Gaiola......................................................................... 26
1.14 CONTROLE DE VELOCIDADE DE MOTORES DE INDUÇÃO TRIFÁSICOS ........................................... 26
1.14.1 Controle pela Variação do Número de Pólos ...................................................................... 26
1.14.2 Controle pela Variação da Freqüência da Linha ................................................................ 28
1.14.3 Controle pela Variação da Tensão da Linha ....................................................................... 28
1.14.4 Controle pela Variação da Resistência do Rotor ................................................................ 28
1.14.5 Controle pela Aplicação de Freqüência no Rotor ............................................................... 29
1.15 CATEGORIAS DOS MOTORES DE INDUÇÃO TRIFÁSICOS ................................................................... 29
1.15.1 Categorias Segundo a IEC...................................................................................................... 29
1.15.2 Categorias Segundo a NEMA................................................................................................. 31
CAPÍTULO 2 MÁQUINAS DE CORRENTE CONTÍNUA ..................................................... 33
2.1 GERAÇÃO DE TENSÃO UNIDIRECIONAL ............................................................................................... 33
2.1.1 Introdução ................................................................................................................................. 33
2.1.2 Máquina de Corrente Contínua Elementar .......................................................................... 33
SUMÁRIO 3
2.1.3 Funcionamento do Comutador............................................................................................... 34
2.1.4 Observações Finais .................................................................................................................. 36
2.2 TIPOS DE GERADORES DE CORRENTE CONTÍNUA .............................................................................. 37
2.2.1 Excitação Independente........................................................................................................... 37
2.2.2 Auto-Excitação ......................................................................................................................... 38
2.3 EFEITO DA FORÇA MAGNETOMOTRIZ DA ARMADURA ...................................................................... 39
2.3.1 Introdução ................................................................................................................................. 39
2.3.2 Máquina com somente O Campo Excitado .......................................................................... 39
2.3.3 Máquina com somente a Armadura Excitada...................................................................... 40
2.3.4 Fluxo na Máquina de Corrente Contínua com O Campo e A Armadura Excitados ..... 42
2.4 COMUTAÇÃO E INTERPOLOS ................................................................................................................. 44
2.4.1 Introdução ................................................................................................................................. 44
2.4.2 Considerações Iniciais............................................................................................................. 45
2.4.3 Interpolos ou Pólos de Comutação ........................................................................................ 46
2.5 ENROLAMENTOS COMPENSADORES...................................................................................................... 47
2.5.1 Introdução ................................................................................................................................. 47
2.5.2 Enrolamento Compensador .................................................................................................... 47
2.6 FUNDAMENTOS ANALÍTICOS. ASPECTOS DOS CIRCUITOS ELÉTRICOS E MAGNÉTICOS .................. 48
2.6.1 Introdução ................................................................................................................................. 48
2.6.2 Aspectos do Circuito Elétrico ................................................................................................ 51
2.6.3 Aspectos do Circuito Magnético ............................................................................................ 53
2.7 ANÁLISE DO DESEMPENHO EM REGIME PERMANENTE ...................................................................... 55
2.8 CARACTERÍSTICAS DO GERADOR. ANÁLISE NÃO-LINEAR................................................................. 55
2.8.1 Excitação Independente........................................................................................................... 55
2.8.2 Auto-Excitação ......................................................................................................................... 55
2.9 ANÁLISE DO MOTOR DE CORRENTE CONTÍNUA ................................................................................. 58
2.10 CARACTERÍSTICA VELOCIDADE – TOQUE DO MOTOR ..................................................................... 59
2.11 CONTROLE DE VELOCIDADE ............................................................................................................... 60
2.11.1 Introdução ................................................................................................................................. 60
2.11.2 Controle por Reostato de Campo Derivação ....................................................................... 60
2.11.3 Controle por Resistência no Circuito de Armadura........................................................... 61
2.11.4 Controle por Tensão Terminal de Armadura...................................................................... 63
2.11.5 Controle pela Mudança da Posição das Escovas................................................................. 64
2.12 APLICAÇÕES DA MÁQUINA DE CORRENTE CONTÍNUA ..................................................................... 64
2.13 PARTIDA E CONTROLADORES DA MÁQUINA DE CORRENTE CONTÍNUA ........................................ 65
2.13.1 Introdução ................................................................................................................................. 65
2.13.2 Partida Direta .......................................................................................................................... 65
2.13.3 Partida com Reostato em Série com a Armadura .............................................................. 66
2.14 PARTIDA CONTROLADA (AUTOMÁTICA)........................................................................................... 67
CAPÍTULO 3 MOTORES FRACIONÁRIOS E ESPECIAIS................................................... 69
3.1 MOTOR DE INDUÇÃO BIFÁSICO BALANCEADO.................................................................................... 69
3.1.1 Introdução ................................................................................................................................. 69
3.1.2 Representação Esquemática ................................................................................................... 69
3.1.3 Circuito Elétrico Equivalente Referido, por Fase (1) ........................................................ 70
3.1.4 Formulário ................................................................................................................................ 70
4 Conversão Eletromecânica de Energia B
3.1.5 Uso do Teorema de Thévenin ................................................................................................ 71
3.1.6 Observação Final...................................................................................................................... 72
3.2 NOÇÕES DE COMPONENTES SIMÉTRICAS............................................................................................. 72
3.3 MOTOR DE INDUÇÃO BIFÁSICO DESBALANCEADO ............................................................................. 74
3.3.1 Introdução ................................................................................................................................. 74
3.3.2 Circuitos Elétricos Equivalentes ............................................................................................ 74
3.3.3 Análise do Circuito Equivalente ............................................................................................ 75
3.4 MOTOR DE INDUÇÃO MONOFÁSICO ..................................................................................................... 76
3.4.1 Introdução ................................................................................................................................. 76
3.4.2 Análise do Motor de Indução Monofásico Através do Campo Girante ........................... 76
3.4.3 O Circuito Equivalente por Componentes Simétricas ........................................................ 77
3.4.4 Obtenção dos Parâmetros do Motor de Indução Monofásico............................................ 79
3.4.5 Característica Torque-Velocidade ......................................................................................... 81
3.4.6 Análise de Desempenho........................................................................................................... 83
3.4.7 A Partida do Motor de Indução Monofásico ....................................................................... 84
3.4.8 Cálculo do Capacitor de Partida ........................................................................................... 88
3.5 TACOGERADORES DE CORRENTE ALTERNADA .................................................................................. 89
3.5.1 Introdução ................................................................................................................................. 89
3.5.2 O circuito Elétrico Equivalente do Tacogerador AC.......................................................... 89
3.5.3 Análise de Desempenho do Tacogerador AC....................................................................... 91
3.5.4 Tensão Residual ....................................................................................................................... 92
3.6 MOTORES UNIVERSAIS .......................................................................................................................... 92
3.7 MOTORES DE RELUTÂNCIA ................................................................................................................... 93
3.8 MOTOR DE HISTERESE .......................................................................................................................... 94
3.9 MOTOR DE DISTORÇÃO DE FLUXO OU MOTOR COM BOBINA DE ARRASTE OU MOTOR DE
INDUÇÃO DE PÓLO RANHURADO OU MOTOR COM BOBINA DE SOMBRA ............................................................. 95
3.10 SINCROS DE POTÊNCIA, DE POSIÇÃO, DIFERENCIAL E TRANSFORMADOR DE CONTROLE........... 98
3.10.1 Introdução ................................................................................................................................. 98
3.10.2 Sincro de Posição .................................................................................................................... 98
3.10.3 Transmissor Diferencial ......................................................................................................... 99
3.10.4 Receptor Diferencial.............................................................................................................. 100
3.10.5 Transformador de Controle.................................................................................................. 101
3.10.6 Diferenças Construtivas e de Aplicação dos Sincros........................................................ 101
3.10.7 Sincros de Potência e Sistemas de Laço Sincro................................................................ 102
3.11 MOTOR DE PASSOS OU MOTOR PASSO A PASSO............................................................................. 103
3.12 RESOLVEDOR DE INDUÇÃO................................................................................................................ 107
3.13 SERVOMOTORES BIFÁSICOS .............................................................................................................. 110
3.13.1 Introdução ............................................................................................................................... 110
3.13.2 Circuito Equivalente e Análise............................................................................................. 111
3.13.3 Curvas Torque-Velocidade.................................................................................................... 111
3.14 OUTROS MOTORES E MÁQUINAS ESPECIAIS (CITAÇÕES).............................................................. 112
ANEXO A O CAMPO GIRANTE ..................................................................................................... 113
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA.................................................................................................... 118
Capítulo 1
Motor de Indução
Trifásico
1.1 Introdução
O motor de indução, também chamado motor assíncrono, é uma máquina rotativa
de dupla excitação, onde o estator (parte fixa) e o rotor (parte móvel) são excitados com
corrente alternada. A energia elétrica é aplicada na armadura, normalmente no estator, e
por efeito transformador induz-se tensões no outro enrolamento, normalmente no rotor.
O enrolamento de armadura, no caso de motor trifásico, é constituído por três enro-
lamentos individuais e idênticos, ligados em delta (Δ) ou estrela (Y), distribuídos ao longo
de ranhuras existentes na periferia do entreferro.
O cilindro do rotor, que acolhe o enrolamento secundário, é constituído de aço lami-
nado, no qual condutores de cobre ou de alumínio são fundidos ou enrolados paralelamente
ao eixo, em ranhuras ou orifícios existentes no núcleo. Os condutores não precisam ser iso-
lados do núcleo, já que as correntes procurarão os caminhos de menor resistência elétrica
(condutores de cobre, alumínio ou ligas de cobre). Este enrolamento normalmente é curto-
circuitado e sem acesso externo. São basicamente de dois tipos:
a) Rotor Bobinado ou Enrolado ou de Anéis:
Constituído por espiras de fios de cobre, convenientemente isoladas, colocadas nas
diversas ranhuras, e ligadas a anéis coletores isolados, montadas no eixo, que permitem um
acesso externo ao rotor através de escovas. Possuem maior custo de manutenção e maior
custo inicial em relação ao rotor tipo gaiola de esquilo (item b a seguir), sendo usado ape-
nas quando se deseja pelo menos um dos seguintes objetivos:
1 – Obter-se elevado torque de partida;
2 – Controlar-se com precisão a velocidade do motor;
3 – Introduzir-se tensões externas ao circuito do rotor;
4 – Obter-se externamente as tensões do rotor.
Capitulo 1: Motor de Indução Trifásico 7
A figura a seguir mostra um motor de indução de rotor bobinado, explodido. Obser-
var os anéis coletores e as escovas.
Ou seja, induz-se um pólo norte (sul) na frente do pólo norte (sul), de forma a se
opor ao movimento, gerando uma força de repulsão. Da mesma forma, induz-se um pólo
sul (norte) atrás do pólo norte (sul), que tende a manter o movimento, após a passagem do
imã, que é uma força de atração.
A interação entre o campo do imã e os campos induzidos faz com que o disco gire
no mesmo sentido de rotação do imã.
Capitulo 1: Motor de Indução Trifásico 9
1.4 O Escorregamento
Deve ficar bem claro que a velocidade do disco nunca poderá ser igual à velocidade
do imã, caso contrário, não haverá movimento relativo entre eles, e não haverá indução.
Assim sendo, a velocidade do disco será menor que a velocidade do imã, ou seja, o
disco deve “escorregar” em relação ao imã. Esta diferença entre as duas velocidades é cha-
mada velocidade de escorregamento ou rotação de escorregamento. Normalmente é expres-
sa em porcentagem da velocidade do campo girante, sendo denominado escorregamento
percentual ou simplesmente escorregamento, e representada por s:
Num motor de indução trifásico ocorre algo semelhante: o campo girante do estator,
girando à velocidade síncrona (Ns), induz tensões no rotor (curto-circuitado), que produzem
correntes, que por sua vez produzem um campo que tende a se opor ao campo girante. A
interação desses dois campos produz um torque que faz o rotor girar, mas sempre a uma
velocidade sub-síncrona (no caso de motor), para que exista o “escorregamento”. Se N é a
velocidade do rotor, tem-se:
N s − N ws − w
s= = (1.02)
Ns ws
No caso de gerador, N > Ns, e o escorregamento é negativo. Quando N = Ns, s = 0
(escorregamento nulo), e não existirá torque (não haverá campo induzido). Na partida (ro-
tor parado), o escorregamento vale 1. Na velocidade síncrona, vale 0 (zero). Para funcionar
como gerador, o rotor precisa ser acionado numa velocidade acima da velocidade síncrona,
através de uma máquina primária acoplada ao rotor, quando s < 0.
O movimento relativo dos condutores do rotor em relação ao campo pulsante induz
correntes de freqüência f r = s ⋅ f , chamada freqüência de escorregamento, ou seja, ocorre no
rotor, além do efeito transformador, uma transformação de freqüência.
fr = s ⋅ f (1.03)
A velocidade do campo girante do rotor em relação ao estator é:
s ⋅ N s + N = s ⋅ N s + N s ⋅ (1 − s ) = N s
Ou seja, os campos girantes do rotor e do estator estão estacionários um em relação
ao outro, produzindo assim um torque estável assíncrono (s ≠ 0), embora exista um defa-
samento constante entre eles, o chamado ângulo de carga.
A tabela a seguir mostra o valor das velocidades dos campos girantes do estator e
do rotor em relação a observadores no rotor e no estator.
10 Conversão Eletromecânica de Energia B
Tabela 1.1 - Velocidades dos Campos Girantes do Estator e do Rotor em Relação a Observadores no
Estator e no Rotor
Velocidade do campo
girante do Estator Rotor
Em relação ao
Estator ws ws
Rotor s ⋅ ws s ⋅ ws
Com o auxílio da Equação 1.02, podem ser obtidos todos os valores da Tabela 1.1
(Verificar!).
Para finalizar, deve ser enfatizado que, no rotor tipo gaiola de esquilo, ou fundido,
são induzidas as mesmas quantidades de pólos do estator. Já no motor com rotor bobina-
do, para melhor eficiência, o campo deve ser enrolado com o mesmo número de pólos do
estator.
″ 1 ′
I& 2 = ⋅ I& 2 (1.06)
a
″ ′ ′ ′
Z& 2 = a 2 ⋅ Z& 2 = a 2 ⋅ r2 + a 2 ⋅ j ⋅ s ⋅ x2 (1.07)
Entretanto, como o estator “vê” o rotor através do fluxo de entreferro e da força
magnetomotriz do rotor, então se o rotor de gaiola ou enrolado, for substituído por um
outro equivalente, com relação de transformação unitária (a = 1), tendo a mesma força
magnetomotriz e o mesmo fator de potência na mesma velocidade, o estator não “percebe-
rá” nenhuma diferença. Assim, o circuito elétrico equivalente com relação de transformação
unitária será:
1.7 – Circuito Elétrico Equivalente do Rotor, por Fase, Referido ao Estator, na Freqüência do Rotor.
Este circuito não deve ser acoplado ao circuito elétrico equivalente do estator, sem
antes verificar-se as freqüências envolvidas.
A tensão induzida (valor eficaz) produzida por um fluxo sinosoidal Φ, enlaçando N
espiras, na freqüência angular w (w = 2πf) vale:
w 2 ⋅π ⋅ f
E= ⋅ N ⋅ Φ máx. = ⋅ N ⋅ Φ máx. (1.08)
2 2
Ou seja, a tensão induzida é diretamente proporcional à freqüência. Assim, se a ten-
são E2’’, na freqüência do rotor é proporcional à freqüência rotórica s.f, a tensão E2, na
freqüência do estator f será:
″ ″
E2 E2 E2
= ou = E1 (1.09)
f s⋅ f s
A força magnetomotriz resultante no rotor e no estator é a mesma. Logo:
Fe = Fr
″ I& 2 N
N e ⋅ I& 2 = N r ⋅ I& 2 ⇒ = r =1
″ Ne
I&2
″
I& 2 = I& 2 (mesmos valor eficaz e ângulo) (1.10)
Capitulo 1: Motor de Indução Trifásico 13
A impedância do rotor na freqüência do estator fica:
& ″
E
E& 2 & ″ ″
Z& 2 = 2 = s = 1 ⋅ E2 = 1 ⋅ Z
& ″ = 1 ⋅ r ″ + j ⋅ s ⋅ x ″ = r2 + j ⋅ x ″
I& ″ s I& ″ s s s
2 2 2 2
2 I& 2 2
Observar que os valores numéricos de r2’’ e x2’’ não mudaram, mas o efeito da fre-
qüência aparece agora dividindo a resistência efetiva do rotor mais o efeito da carga no
eixo. Como os valores não mudaram, a partir de agora r2’’, será chamado de r2 e x2’’, de x2.
Assim:
r
Z& 2 = 2 + j ⋅ x2 (1.11)
s
Finalmente, o circuito equivalente do rotor passa a ser aquele mostrado na Figura
1.8.
1.8 – Circuito Elétrico Equivalente do Rotor, por Fase, Referido ao Estator, na Freqüência do Estator.
1.9 – Circuito Elétrico Equivalente Completo do Motor de Indução, por Fase, Referido ao Estator.
2
Pc 2 = q ⋅ I 2 ⋅ r2 (1.13a)
Ou:
Pc 2 = s ⋅ Ptr (1.13b)
14 Conversão Eletromecânica de Energia B
A potência mecânica interna desenvolvida pelo motor vale:
r2 2 r
− q ⋅ I 2 ⋅ r2 = (1 − s ) ⋅ q ⋅ I 2 ⋅ 2
2 2
Pm = Ptr − Pc 2 = q ⋅ I 2 ⋅
s s
Pm = (1 − s ) ⋅ Ptr (1.14)
Observar que, quanto menor a velocidade do motor (maior escorregamento), menor
é a potência mecânica interna (e menor o rendimento, como será constatado).
Para expressar esse efeito, pode-se redesenhar o circuito elétrico equivalente como
mostrado na Figura 1.10, onde a resistência r2/s’ foi separada em duas componentes, sendo
que a componente r2 representa as perdas no cobre do rotor e a componente [(1 - s)/s]* r2, a
potência mecânica interna, por fase do motor:
1− s r
r2 + ⋅ r2 = 2 (1.15)
s s
No diagrama da Figura 1.10 se considerou a condutância de perdas no ferro, já que
essas perdas podem ser obtidas diretamente através de ensaios e subtraídas diretamente da
potência mecânica interna, o que é um procedimento mais simples.
Assim sendo, se torna mais conveniente tratar o ramo de magnetização como uma
reatância, onde:
1
xΦ = (1.16)
bm
1.10 – Circuito Elétrico Equivalente Alternativo do Motor de Indução, por Fase, Referido ao Estator
Atenção: Para o caso de motores, não se pode desprezar o ramo de excitação ou
movê-lo diretamente para os terminais de entrada, alternativas válidas para o caso de
transformadores. Ocorre que nos motores, a presença do entreferro obriga a uma corrente
de excitação muito mais alta que aquela dos transformadores, atingindo de 30% a 50% da
corrente de plena carga.
1.7 Torque
O conjugado (torque) eletromagnético interno é:
Pm (1 − s ) 1
Tm = = ⋅ Pm = ⋅ (1 − s ) ⋅ Ptr
w w ws ⋅ (1 − s )
1 2 r P
Tm = ⋅ q ⋅ I 2 ⋅ 2 = tr (1.18)
ws s w
O conjugado eletromagnético útil é:
1
Tu = ⋅P (1.19)
(1 − s ) ⋅ ws u
Onde (1 − s ) ⋅ ws é a velocidade do rotor e ws é a velocidade síncrona, calculada por:
4 ⋅π ⋅ f
ws = (1.20)
p
120 ⋅ f
ns = (1.21)
p
Z th = R1 + j ⋅ X 1 =
(r1 + j ⋅ x2 ) ⋅ j ⋅ xφ
=
− x1 ⋅ xφ + j ⋅ r1 ⋅ x1 + xφ
=
( 2 2
r1 ⋅ xφ + j ⋅ xφ ⋅ r1 + x1 + x1 xφ )
r1 + j ⋅ (x1 + xφ )
2
r1 + j ⋅ (x1 + xφ ) r1 + (x1 + xφ )
2 2
Daí:
2
r1 ⋅ xφ
R1 = (1.24)
r1 + (x1 + xφ )
2 2
X1 =
( 2
xφ ⋅ r1 + x1 + x1 xφ
2
) (1.25)
r1 + (x1 + xφ )
2 2
O circuito elétrico equivalente completo é mostrado na Figura 1.12 onde, após ob-
ter-se o equivalente de Thévenin visto dos terminais a - b (“visto” pelo rotor) do circuito da
Figura 1.11, anexou-se o circuito elétrico equivalente do rotor.
1.12 – Circuito Elétrico Equivalente do Motor de Indução Obtido com o Auxílio do Teorema de Thévenin
O circuito da Figura 1.12 é uma forma alternativa para o cálculo do torque forneci-
do pelo motor, mas seu uso mais importante é para a determinação do torque (conjugado)
máximo que pode ser obtido do motor, bem como do escorregamento onde esse torque o-
corre.
2 r
V1a ⋅ 2
1 2 r 1 s
Tm = ⋅ q ⋅ I2 ⋅ 2 = ⋅q⋅ 2
(1.26)
ws s ws r
R1 + 2 + ( X 1 + x2 )
2
s
Uma curva de torque típica de uma máquina de indução é mostrada na figura 1.13,
mostrando suas várias regiões de operação e os escorregamentos correspondentes.
1
Da equação 1.18 ( Tm = ⋅ Ptr ), tem-se que o conjugado interno é máximo quando a
w
1− s
potência transferida ao rotor através do entreferro (entregue às resistências r2 e r2 ⋅ )é
s
máxima. Pela teoria de circuitos, sabe-se que isso ocorre quando:
Capitulo 1: Motor de Indução Trifásico 17
r2
= R1 + ( X 1 + x2 )
2 2
(1.27)
s máx.T
Assim, o escorregamento para torque máximo é:
r2
s máx.T = (1.28)
R1 + ( X 1 + x 2 )
2 2
Além da região de freio, motor e gerador, das formas gerais de cada curva, do tor-
que de partida não nulo e da potência mecânica interna nula na partida, duas outras ca-
racterísticas devem ser observadas:
1 – Os máximos do conjugado e da potência não ocorrem para o mesmo escorrega-
mento;
18 Conversão Eletromecânica de Energia B
2 – Na partida (s = 1), a corrente de armadura está com um valor bem maior que o
de regime (s > 0), o que leva à exigência da utilização de métodos de partida para se evitar
sobrecargas na rede de alimentação durante a partida do motor.
1.14 – Variação do Fator de Potência com Aumento da Carga do Motor de Indução Trifásico
Deve ser observado na Figura 1.14 que a corrente de excitação praticamente não va-
ria (o diagrama da letra c está em escala reduzida), e a componente de carga aumenta em
módulo e tem seu defasamento em relação à tensão de excitação reduzido com o aumento
da carga, implicando em melhor fator de potência nessa situação.
Req
r1 = r2 = (1.33)
2
X eq
x1 = x2 = (1.34)
2
Essas aproximações, boas para o caso de transformadores, são apenas razoáveis para
o caso de motores bobinados de pequena potência, ou quando as formas das ranhuras rotó-
ricas e estatóricas são bastante semelhantes. Não se deve esquecer também que as freqüên-
cias de operação do rotor são bem diferentes daquela de rotor travado, levando a mais er-
ros. Além disso, se desprezou o ramo de excitação, consideração perfeitamente válida para
o caso de transformadores. Entretanto, para o caso de motores de indução, devido à eleva-
da reatância de rotor bloqueado e à presença do entreferro, os dados resultantes deverão
ser compensados.
Existem ensaios mais apurados para a determinação mais exata desses parâmetros,
levando em conta inclusive a “relação de transformação” do motor e a obtenção das resis-
tências em corrente contínua, mas fogem do objetivo desse capítulo.
20 Conversão Eletromecânica de Energia B
1.12.2 Ensaio a Vazio
Nesse ensaio, chamado às vezes de “Ensaio de Circuito Aberto”, devido à semelhança
com o Ensaio de Circuito Aberto para Transformadores, deixa-se a máquina girar a vazio
(sem qualquer carga no eixo), alimentada com tensão nominal.
Nesse ensaio, o escorregamento é muito pequeno (s ≠ 0), e r2/s torna-se muito grande
(corrente rotórica I2 muito pequena), e o circuito elétrico equivalente por fase pode ser a-
proximado por aquele mostrado na Figura 1.16.
& = r + j⋅x
Z (1.43)
f f f
& = 1 = 1 rf − j ⋅ x f rf xf
YΦ ⋅ = 2 − j ⋅ (1.44)
Z& f r f + j ⋅ x f r f − j ⋅ x f r f + x f 2 2
rf + x f
2
rf
gm = 2 2
(1.45)
rf + x f
xf
bm = 2 2
(1.46)
rf + x f
As perdas rotacionais podem ser obtidas diretamente através de um ensaio, o que
permitirá melhores resultados para gm , bm e para as perdas rotacionais. Nesse ensaio se
varia a tensão aplicada e se mede a potência consumida. As perdas rotacionais correspon-
dem àquelas perdas existentes quando a tensão aplicada é nula, conforme mostra a Figura
1.17.
1.17 – Variação da Potência Ativa consumida pelo Motor a Vazio com a Tensão de Entrada Aplicada.
Na figura 1.17, o ponto Vmin corresponde ao menor valor de tensão aplicada na qual
a máquina consegue se manter girando próximo à velocidade síncrona. A partir desse pon-
to, a corrente de armadura começa a crescer, e se interrompem as medidas a partir desse
ponto. Prot é obtida por extrapolação da curva até a tensão nula. A corrente, no ensaio,
aumenta porque as perdas mecânicas não diminuem significativamente e a componente
ativa da corrente deve, sob baixa tensão, alimentar essas perdas.
22 Conversão Eletromecânica de Energia B
r2 + Rs
De (1.28): s máx.T =
R1 + ( X 1 + x2 )
2 2
1.29 – Esquemas Básicos para Controle de Velocidade com o Auxílio de Máquinas Auxiliares.
Classe H:
Aqui se encontram motores de alto conjugado de partida, próprios para o aciona-
mento de peneiras, transportadores-carregadores e outras cargas de alta inércia. Possuem
um alto conjugado de partida, mas com corrente de partida normal e baixo escorregamen-
to.
Classe D:
É composta pelos motores de conjugados de partida muito altos, necessários para o
acionamento de prensas excêntricas e cargas semelhantes, onde a carga apresenta picos de
potência periódicos, e também em elevadores e outras cargas que exigem alto torque de
partida com corrente limitada. Possuem elevado torque de partida, mas uma corrente de
partida normal, com alto escorregamento (mais de 5%), com rendimento relativamente
baixo.
A figura 1.30 mostra torque x velocidade para essas categorias de motores, com va-
lores percentuais típicos de torque de partida e torque máximo, em relação a valores per-
centuais da velocidade síncrona.
1.30 – Curvas Torque x Velocidade Típicas para cada Categoria de Motor de Indução Trifásico de Rotor
em Gaiola, Segundo a IEC.
Capitulo 1: Motor de Indução Trifásico 31
1.15.2 Categorias Segundo a NEMA
Além do rotor bobinado, esta norma considera os motores de rotor de gaiola classifi-
cados em quatro categorias, quais sejam, A, B, C e D, neste caso dependendo não somente
das características torque x velocidade, mas também das características da corrente de par-
tida.
Classe A:
Compreende os motores de aplicação geral, normalmente com estampagem do rotor
com ranhuras semi-fechadas, de profundidade média, de forma a limitar o efeito pelicular
(ver Figura 1.31a). Caracteriza-se por alto rendimento e alto fator de potência sob carga
nominal, mas em contra partida exige correntes de partida da ordem de cinco a oito vezes
a corrente nominal. Para os tamanhos e nas circunstâncias em que a partida direta é tole-
rada (abaixo de 7,5 HP normalmente), é o motor de menor custo e também o que requer
menor manutenção, além de ser projetado com torque máximo desenvolvido da ordem de
225% do torque nominal, uma reserva que permite ao motor suportar sem problemas so-
brecargas temporárias. Na impossibilidade de partida direta, a redução do torque de parti-
da, o custo dos equipamentos auxiliares e suas manutenções exigem a análise de outras
classes de motores. A característica torque versus velocidade é mostrada na Figura 1.32.
Classe B:
Motor de baixa corrente de partida, ma com torque de partida normal (comparável
ao motor classe A). A laminação do rotor é mostrada na Figura 1.31.b, onde se observa as
barras profundas ou, outra possibilidade, duas barras de tamanhos ligeiramente diferentes,
mas com a barra mais externa com maior sessão transversal. O processo de partida é seme-
lhante ao descrito no item 1.13.7 (Partida Direta com Rotor de Dupla Gaiola), com a con-
seqüente limitação da corrente de partida em cerca de 75% do valor da corrente de partida
de um motor Classe A equivalente. Por outro lado, o torque máximo é inferior, o fator de
potência ligeiramente baixo e seu custo é um pouco maior. Sua característica torque x ve-
locidade é mostrada na Figura 1.32.
Classe C:
É um motor de dupla gaiola, com baixa corrente de partida e torque elevado na par-
tida, conseguido pela maior resistência da gaiola superficial, mostrada na Figura 1.31c. O
seu funcionamento está descrito no item 1.13.7 (Partida Direta com Rotor de Dupla Gaio-
la). Seus rendimento e fator de potência são menores que os dos motores classes A e B,
mas por outro lado, possui um torque de aceleração superior, conforme mostra a Figura
1.32, onde também se observa outra de suas características, qual seja, um torque de parti
32 Conversão Eletromecânica de Energia B
da maior que seu torque máximo em funcionamento. Substitui-se o motor de indução com
rotor bobinado em algumas aplicações.
Classe D:
Utiliza uma única gaiola, com ranhura pouco profunda e de pequena área de seção
transversal, conforme mostra a Figura 1.31.d. Freqüentemente são usadas barras de alta
resistividade. Desta forma se obtém elevada resistência rotórica e, conseqüentemente, ele-
vados torques de partida e de aceleração, conforme mostra a Figura 1.32. Por outro lado,
isto implica num menor rendimento e num escorregamento maior que os das outras classes
de motores. Mas nas suas aplicações (ferramentas de perfurar, guindastes, guinchos e equi-
pamentos semelhantes) esta característica torque x velocidade é muito útil. O uso de um
volante, em cargas intermitentes, ajuda a diminuir os picos de potência solicitados à rede
de energia elétrica.
Figura
1.31 - Laminações Típicas para as Diferentes 1.31de
Classes – Motores de Indução (Rotores), segunda a
NEMA.
1.32– Curvas Torque x Velocidade Típicas para cada Categoria de Motor de Indução Trifásico de Rotor
em Gaiola, Segundo a NEMA.
Capítulo 2
Máquinas de Corrente
Contínua
2.1 Geração de Tensão Unidirecional
2.1.1 Introdução
Máquina de corrente contínua é uma máquina elétrica de dupla excitação, onde o
enrolamento de campo está no estator e o enrolamento de armadura, no rotor. A corrente
de armadura é conduzida ao rotor por meio de escovas de carvão, que deslizam sobre um
coletor de cobre, laminado para funcionar como um retificador mecânico, ou comutador.
Ambos os enrolamentos, no caso de motor, são alimentados com corrente contínua. No ca-
so de gerador, a tensão gerada é contínua. Normalmente os pólos, no estator, são salientes.
2.2 - Distribuição espacial da indução de entreferro em uma máquina 2.3 - Tensão entre escovas numa
c.c. Elementar. máquina c.c. Elementar.
Observações:
1 – A bobina a é constituída por N espiras.
2 – As escovas, de carvão ou grafite, são estacionárias em relação ao estator.
3 – As lâminas de cobre do coletor são isoladas entre si através de mica e montadas
no eixo do rotor, formando, juntamente com as escovas, o comutador.
4 – A distribuição espacial da indução magnética é mostrada na Figura 2.2.
5 – Notar, na Figura 2.1, que, pela comutação, o lado da bobina que está sob o pólo
sul está sempre ligado à escova positiva, e o lado que está sob o pólo norte, à negativa, o
que resulta numa retificação de onda completa (Figura 2.3), fornecendo uma tensão unidi-
recional ao circuito externo.
6 – Numa máquina real, pode-se ter mais de dois pólos e várias bobinas ligadas em
série e/ou paralelo.
7 – A tensão induzida é máxima quando a espira está sob os pólos e mínima quando
o plano da espira está a 90° com o eixo polar. Neste instante, deve ser feita a comutação,
pois a corrente é nula e não haverá faiscamento nas escovas devido à abertura de um cir-
cuito indutivo.
2.4 - Enrolamento de armadura de máquina de corrente contínua com comutador e escovas, em dois
instantes ( a e b ).
1 ,2 ,3 ,...,11,12 Lamelas;
1d,2d,3d,...,11d,12d posição ( d=dentro) da bobina dentro das ranhuras
(ranhura 1, 2, ..., 12).
1f, 2f, 3f,..., 11f, 12f posição ( f=fora) da bobina dentro das ranhuras
(ranhura 1, 2, ..., 12).
Figura 2.04c – Conexões das bobinas da figura 2.4A.
2.5 – Tensões de bobina retificadas e tensão resultante entre escovas em uma máquina de c.c.
2.2.2 Auto-Excitação
A auto-excitação pode se dar de três modos: série, paralelo (ou derivação ou
“shunt”) ou composto ( curto ou longo).
Observações:
1 – No gerador composto, o campo é dividido em duas partes (dois enrolamentos),
uma ligada em série e outra em paralelo, formando o sistema composto derivação curta ou
derivação longa, dependendo se o campo ligado mais próximo à armadura é o campo para-
lelo ou o série, respectivamente (ver Figuras 2.8 c e d);
2.3.1 Introdução
A força magnetomotriz de reação de armadura tem efeito sobre a distribuição espa-
cial do fluxo de entreferro, influenciando os limites da comutação satisfatória. Outro efeito
é a alteração do valor líquido do fluxo por pólo, influenciando a tensão gerada e o torque
desenvolvido por unidade de corrente de armadura.
2.12 – Distribuição de fmm e densidade de fluxo de armadura com as escovas na posição neutra e
somente a armadura excitada.
Observações:
1 – A onda de força magne-
tomotriz da armadura foi aproxi-
mada por uma onda triangular
(tracejada na figura), característica
de enrolamento finamente distribu-
ído (se o enrolamento não for fina-
mente distribuído, pode ser obtida
uma “lâmina de corrente” equiva-
lente, como mostra a Figura 2.12a,
onde nb é o número de espiras de
cada bobina e Ib é a corrente nas
bobinas e 2.nb.Ib é a “altura do de-
grau”, já que existem duas bobinas
de passo pleno por ranhura);
3 – A indução magnética resultante é dada pela curva de traço cheio, e em geral não
é a soma algébrica das outras duas devido ao efeito da saturação. Em virtude da não linea-
ridade do circuito magnético, a indução magnética é diminuída de uma quantidade maior
sob uma ponta do pólo do que é aumentada sob a outra. Esta curva não se anula na linha
neutra;
4 – O efeito anterior faz com que o fluxo resultante por pólo seja menor que aquele
produzido apenas pelo campo principal, ocorrendo o que se chama “efeito desmagnetizante
da reação de armadura por magnetização transversal”, cujo valor é uma função não linear
da corrente de campo e da corrente de armadura, devido à saturação. Este efeito, princi-
44 Conversão Eletromecânica de Energia B
palmente com carga elevada, deve ser levado em conta na análise do desempenho da má-
quina;
5 – O efeito desmagnetizante é mais pronunciado em máquinas com excitação deri-
vação e menos em máquinas com excitação série (Por quê?);
8 – Se as escovas não estiverem na posição neutra, correta, os dois campos não esta-
rão em quadratura, e além da desmagnetização transversal, haverá também uma magneti-
zação ou desmagnetização direta, dependendo do sentido de deslocamento das escovas.
2.4.1 Introdução
O faiscamento produz enegrecimento, corrosão e desgaste das escovas e das lamelas,
com perdas locais e aquecimentos indesejáveis.
A Figura 2.16 mostra os interpolos, pequenos pólos colocados entre os pólos princi-
pais e que servem para evitar faiscamentos originados por condições elétricas.
Capitulo 2: Máquinas de Corrente Contínua 45
4 – Uma densidade de corrente muito alta numa porção da escova pode romper o
filme neste ponto, produzindo faiscamento.
2.5.1 Introdução
No caso de máquinas sujeitas a sobrecargas pesadas, cargas rapidamente variáveis,
condições transitórias ou funcionamento com o campo principal reduzido, a tensão induzida
numa bobina localizada no pico de uma onda de fluxo fortemente distorcida pode ser sufi-
cientemente elevada (maior que 30 a 40 V) para romper o arco entre as lâminas do coletor,
já que aí existe uma condição favorável (Qual?). Isto limita o número mínimo de lâminas
do coletor. Na Figura 2.13 haverá a indução de uma tensão elevada na bobina localizada
sob os centros polares, devido à grande variação do fluxo nesta região, o que não pode ser
evitado pelos interpolos. Se o arco se estender entre todas as lâminas, além do efeito des-
trutivo sobre o comutador, constitui um curto-circuito direto na linha.
Desvantagem:
- Alto custo
A Figura 2.20 mostra o diagrama esquemático das ligações de uma máquina de cor-
rente contínua com excitação composta (derivação longa) e enrolamentos de comutação e
compensador:
2.6.1 Introdução
Considerando uma máquina de corrente contínua de uma única bobina com N espi-
ras, e se supondo ondas sinusoidais, tem-se:
Substituindo em 2.05:
p.N n
Ea = .Φ.ω = 2. p.N .Φ.
π 60 (2.06)
f) Valor Médio da Tensão numa Máquina Real:
É o mesmo obtido pela Equação 2.06, desde que N seja tomado como o número total
de espiras em série entre as escovas.
Sejam:
Za - Número total de condutores no enrolamento de armadura (Za/2 bobinas);
a – número de caminhos paralelos (condutores em paralelo).
Assim:
Za
N= (número de espiras em série), (2.07)
2a
E
p.Z a p.Z a . n
Ea = .Φ.ω = Φ.
2π .a a 60 (2.08)
50 Conversão Eletromecânica de Energia B
Fazendo:
p.Z a
Ka = (2.09)
2.π .a
Que depende unicamente do projeto da máquina tem-se:
2π
Ea = K a .Φ.ω = .K a .Φ.n
60 (2.10)
Mantido o fluxo, “A tensão gerada é diretamente proporcional à velocidade mecâni-
ca.”
g) Torque:
2
π p
T= .F .Φ r .senδ FR
22 (Conversão A)
Observações:
1 – Quando um enrolamento não estiver presente, basta desconsiderar as perdas a
ele associadas;
52 Conversão Eletromecânica de Energia B
2 – As percentagens típicas indicadas nas figuras são para geradores e motores de
aplicação geral, na faixa de 1 a 100 kW ou 1 a 100 CV, com as percentagens menores apli-
cando-se às maiores potências nominais;
Observação:
A tensão gerada varia com a velocidade. Assim, se a máquina estiver operando nu-
ma velocidade diferente da do ensaio, a tensão deve ser corrigida pela expressão:
ω
Ea = .Eao
ωo (2.20)
Onde: Ea - tensão gerada na velocidade ω, de trabalho;
Eao - tensão gerada na velocidade ωo;
ωo - velocidade do ensaio.
2.25 - Curvas de magnetização para uma máquina de c.c. de 250 volts, 1200 rpm.
Observações:
1 - Todas as curvas estão relacionadas com a tensão gerada (Ea) e não com a tensão
terminal (Vt);
b) Motor:
- Dada uma carga e a excitação, determinar a velocidade, para uma tensão terminal
conhecida (a da rede);
- Dada uma carga e a velocidade requerida, determinar a excitação necessária, para
uma tensão terminal conhecida.
2.8.2 Auto-Excitação
Neste caso, a excitação do campo derivação depende da tensão terminal e a do cam-
po série, da corrente de armadura. Dois conceitos são importantes:
Observações:
1 – Se o campo se opõe ao magnetismo residual seus terminais devem ser invertidos
para que ocorra o escorvamento;
2 – A queda de tensão extremamente pequena produzida na armadura pela corrente
de campo desprezada;
3 – Se a resistência de campo for muito alta (linha ob na Figura 2.25), a interseção
pode ocorrer em um valor de tensão muito baixo, e não ocorrer o escorvamento;
4 – Se a linha de resistência de campo for tangente à parte inferior (linear) da curva
de magnetização (Rf = 52Ω na Figura 2.25), a interseção se dá em vários pontos (de 60 a
170 V na Figura 2.25), resultando em condições muito instáveis. Esta é a resistência crítica
de campo, além da qual não haverá escorvamento (situação da Observação 3, anterior);
5 – O mesmo processo de escorvamento ocorre com os geradores compostos, já que a
vazio, o campo criado pelo enrolamento série na derivação longa é desprezível (Por quê? E
na curta?).
Para a análise do desempenho de geradores auto-excitados tem-se o método gerador
derivação e para o gerador composto.
1) Gerador Derivação:
1º - Conhecida a carga (IL) obter a queda de tensão ∆V=Ra.Ia (Ia ≠ IL);
2º - Encontrar o ponto aonde a linha de resistência de campo e a curva
de magnetização para a corrente Ia estão distanciadas (na vertical) pela queda de tensão
∆V, obtendo If ;
Capitulo 2: Máquinas de Corrente Contínua 57
3º - A ordenada da linha de resistência de campo para If é a tensão ter-
minal da máquina (Vt), e a da característica de magnetização é a tensão interna (Ea).
2) Gerador Composto:
1º - Conhecida a carga (IL), calcular a queda de tensão ∆V=Ra.Ia (Ia ≈
IL);
2º - Achar a força magnetomotriz do campo série em amperes equiva-
lentes do campo derivação:
Ns
I f série = ± .I s
Nf
;
A
I fa =
∆I f = I f − I feq = m I f série + I fa Nf
3º - Calcular , onde . Se a curva com carga esti-
ver disponível, Ifa não precisa ser conhecida;
4º - Encontrar a posição onde o triângulo de catetos ∆V e ∆If se encaixa entre a li-
nha de resistência do campo, suposta fixa, e a curva de magnetização para Ia (ou a vazio,
se Ifa for conhecida). Observar (ver Figura 2.28) que o vértice “a” deverá estar sobre a linha
de resistência do campo, e o vértice “c”, sobre a característica de magnetização;
Passos:
1º - Conhecida a corrente de armadura (carga), obter a tensão gerada real (Ea), a-
través das Equações 2.16 ou 2.17;
Observações:
1 – Em motores independentemente excitados ou em derivação o fluxo do campo é
aproximadamente constante;
60 Conversão Eletromecânica de Energia B
2 – O motor derivação é um motor de velocidade constante, com cerca de 5% de
queda de velocidade entre funcionamento a vazio e a carga nominal;
3 – O motor derivação tem a destacada vantagem da facilidade do controle de velo-
cidade através do reostato de campo (variação do fluxo) e da tensão imposta à armadura;
4 – O motor série é um motor de velocidade variável, o que é vantajoso para aplica-
ções que requerem sobrecargas pesadas, pois as sobrecargas de potência são mantidas a
valores mais razoáveis pelas quedas de velocidade associadas (Por quê?);
5 – As características de partida do motor série são mais favoráveis (Por quê?);
6 – A ligação composta subtrativa raramente é usada;
7 – No motor composto, a queda de velocidade depende do número relativo de am-
peres-espiras dos dois campos, não apresentando a desvantagem do motor série, de possuir
uma velocidade muito alta com carga pequena.
2.11.1 Introdução
A facilidade do controle de velocidade das máquinas de corrente contínua se consti-
tui na sua grande vantagem em relação às maquinas de corrente alternada.
Os métodos mais comuns são:
- Ajuste do fluxo através do reostato do campo derivação;
- Ajuste da resistência associada no circuito de armadura;
- Ajuste da tensão terminal de armadura.
- O conjugado aumenta com o fluxo e, desta forma, tem seu valor mais alto na velo-
cidade mais baixa.
Características:
- É obtido pela adição de resistores em série no circuito de armadura;
- Usado para obter velocidades reduzidas (abaixo da ωbase);
62 Conversão Eletromecânica de Energia B
- Usado em motores série, derivação ou composto;
- O resistor fica conectado entre o campo derivação e a armadura (Por quê?);
- Método comum para motores série;
- A velocidade varia amplamente com a carga, mesmo com um resistor fixo, devido
à queda de tensão na resistência;
- A regulação de velocidade, insatisfatória, pode não ser importante em motor série,
normalmente usado quando é necessário (ou satisfatório) o serviço a velocidade variável;
- Grande perda de potência no resistor, especialmente em velocidades muito reduzi-
das, o que leva a custos operacionais relativamente altas (Por quê?);
- Baixo custo inicial, o que o torna atraente para reduções de velocidade em perío-
dos curtos ou intermitentes;
- Como o fluxo sofre apenas pequenas variações, limitando-se a corrente de armadu-
ra em sue valor nominal para que o motor não se aqueça demasiadamente, tem-se que o
torque máximo de saída que pode ser fornecido pelo motor em qualquer velocidade é igual
a:
Tsaídamáx = K a .Φ.I a = cte
“motor a conjugado constante”
Variação: Método de resistor de derivação da armadura
2.33 – Controle por resistor derivação de armadura: a) Motor derivação; b) Motor série
Observações:
1 – R1 e R2 formam uma espécie de “divisor de tensão”, aplicando uma tensão redu-
zida à armadura;
4 – Para motores série, a velocidade em vazio pode ser ajustada a um valor razoável
(evita-se que o motor dispare), obtendo-se pequenas velocidades para cargas leves.
Capitulo 2: Máquinas de Corrente Contínua 63
2.11.4 Controle por Tensão Terminal de Armadura
Característica:
- É obtido pela mudança da tensão de armadura de um motor derivação:
Ea
ω=
K a .Φ
- Necessita de um equipamento auxiliar para prover a tensão de armadura controla-
da para o motor (retificador controla ou conjunto motor-gerador usando-se, neste segundo
caso, normalmente um motor de indução).
Um método de controle de velocidade por tensão de armadura ajustável é o sistema
Ward-Leonard:
Observações:
1 – O controle da tensão é feito pelo campo do gerador;
2 – Alto investimento inicial (três máquinas de mesma potência);
3 – Controle de velocidade colocado em circuitos de pequena potência;
4 – Suavidade e versatilidade no controle de velocidade, o que faz com que este mé-
todo ou suas variantes sejam freqüentemente utilizados;
5 - Com a ajuda do reostato de campo do motor pode-se atingir uma faixa mais am-
pla de velocidades (duplo controle);
6 – Definindo acima da velocidade de base como aquela obtida com tensão nominal
e campo pleno, pode-se ter:
a) Velocidade acima da velocidade de base obtida pelo controle de campo do mo-
tor (motor com potência mecânica constante), com limitações semelhantes ao
controle por reostato de campo;
b) Velocidades abaixo da velocidade de base obtida pelo controle da tensão de
armadura (motor de conjugado constante), característica esta apropriada a
muitas indústrias de máquinas operatrizes, onde se tem que vencer atritos de
partes móveis. Neste caso, a principal limitação é o magnetismo residual do ge-
rador, limitando a velocidade a 10% da velocidade de base, com faixa total não
excedendo 40 para 1;
64 Conversão Eletromecânica de Energia B
7 – Existem variações do sistema Ward-Leonard, projetadas para vencer estas limi-
tações, e outros sistemas de controle, conseguindo-se variações de velocidade de até 120
para 1 (amplidínamo, gerador de três enrolamentos);
8 – A Figura 2.35 mostra as limitações de torque e potência no controle Ward-
Leonard, onde ficam claras as diferenças no desempenho abaixo e acima da velocidade de
base.
2.35 – Limitações de (a) conjugado e (b) potência dos métodos combinados de controle de velocidade por
tensão de armadura e por reostato de campo.
2.13.1 Introdução
Na partida, ω = 0 e Ea = 0. Logo, a corrente de armadura é limitada somente pela
resistência de armadura, que é um valor pequeno, o que implica numa corrente elevada.
Motores com mais de 2 HP devem ter sua partida controlada, para evitar correntes exces-
sivas na rede.
Observações:
2.37 – Partida com reostato em série com a armadura para motores compostos e em derivação.
b) Motores série:
2.38 – Partida com reostato em série com a armadura para motores série.
Capitulo 2: Máquinas de Corrente Contínua 67
2.14 Partida Controlada (Automática)
a) Controle pela tensão gerada:
Usa relés aceleração (RA), sensíveis à tensão gerada, que se fecham quando a tensão,
partido do zero, atinge valores previamente especificados. Normalmente o RA1 está ajustado
para 50% da tensão de linha e o RA2, para 80%.
Vantagens:
- A seqüência de fechamento é ajustada automaticamente com as variações das con-
dições de carga;
- O controle é automático e eficiente.
Problema:
Se o motor não consegue partir no primeiro passo, no caso de carga excessiva para a
partida, os passos subseqüentes não ocorrerão, e além da partida ficar prejudicada, poderá
haver a queima dos resistores, já que não tem potência de dissipação para tolerar longo
período de funcionamento.
3.1.4 Formulário
n s − n ws − w 2 ⋅ wr 120 ⋅ f
s= = (3.02a) ws = (3.02b) ns = (3.02c)
ns ws p p
η = 1−
∑ P = 1− P c1 + Pc 2 + Pa + Pv + Pf + Ps
(3.08)
Pe Pe
Torque eletromagnético interno:
Pm (1 − s ) 1 2 r
Tm = = ⋅ Ptr = ⋅ q ⋅ I2 ⋅ 2 (3.09)
w w ws s
Torque (conjugado) eletromagnético útil:
1
Tu = ⋅P (3.10)
(1 − s ) ⋅ ws u
jxφ
& =
V &
⋅V (3.11)
r1 + j (x1 + xφ )
1a 1
X1 =
( 2
xφ ⋅ r1 + x1 + x1 xφ
2
) (3.13)
r1 + (x1 + xφ )
2 2
2 r2
V1a ⋅
1 s
Tm = ⋅q⋅ 2
(3.14)
ws r2
R1 + + ( X 1 + x 2 )
2
s
72 Conversão Eletromecânica de Energia B
Escorregamento para torque máximo:
r2
s máx.t = (3.15)
R1 + ( X 1 + x 2 )
2 2
Essas expressões, fique bem claro, servem para motores polifásicos equilibrados, ou
seja, onde as tensões nas fases sejam iguais em módulo (valor eficaz), e os defasamentos
entre fases consecutivas sejam iguais (90º no motor bifásico, 120º no motor trifásico, 60º
no motor hexafásico, etc).
& + +V
& =V
V & − (3.18)
b b b
Mas:
& + = − j⋅V
V & + (seqüência positiva) (3.19)
b a
& − = j⋅V
V & − (seqüência negativa) (3.20)
b a
Substituindo em (3.17):
Va
& + + − j⋅V
& =V
a
& +
& +V
b a ( )
& + = 1 (V
V & )
& + j⋅V (3.22)
a a b
2
Isolando Va+ em (3.21):
& + =V
V & − + j⋅V
&
a a b
Substituindo em (3.17):
Va
& −+ V
& =V
a
& − + j⋅V
a
&
b ( )
& − = 1 (V
V & )
& − j⋅V (3.23)
a a b
2
Analogamente para as correntes:
+ −
I& a = I& a + I& a (3.24)
+ −
I& b = I& b + I& b (3.25)
+ +
I& b = − j ⋅ I& a (3.26)
− −
I& b = j ⋅ I& a (3.27)
+ −
I& b = − j ⋅ I& a + j ⋅ I& a (3.28)
1
I& a = ⋅ (I& a + j ⋅ I& b )
+
(3.29)
2
1
I& a = ⋅ (I& a − j ⋅ I& b )
−
(3.30)
2
& = 3∠75º V e V
Exercício: Se V & = 4∠ − 45º V, obtenha suas componentes simétri-
a b
3.3.1 Introdução
Neste caso, a análise não fica tão simples, e ocorre quando os valores eficazes das
tensões de alimentação não são iguais e/ou quando o desafamento entre elas é diferente de
90º. Neste caso se decompõe o sistema desbalanceado em dois sistemas balanceados, e se
aplica cada um ao motor, não esquecendo que as seqüências giram em sentidos opostos,
com influência sobre as freqüências rotóricas e, conseqüentemente, sobre os escorregamen-
tos de seqüência positiva e negativa, ou seja:
ns − n n
s+ = s = = 1−
ns ns
(3.31)
n
= 1− s
ns
ns + n n
s− = = 1+ = 1 + (1 − s )
ns ns (freio!) (3.32)
s− = 2 − s
+ −
Ptr = Ptr + Ptr (3.33)
+ −
Pc 2 = Pc 2 + Pc 2 (3.34)
+ −
Pm = Pm + Pm (3.35)
Pu = Pm − Pa − Pv − Pf − Ps (3.07)
+ −
Tm = Tm + Tm (3.36)
+ −
Pc1 = Pc1 + Pc1 (3.37)
3.4.1 Introdução
Este motor corresponde a um único enrolamento percorrido por uma corrente mono-
fásica. A força magnetomotriz resultante corresponde àquela oriunda de apenas uma das
fases de um motor trifásico (ou bifásico) sendo, desta forma, um campo pulsante estacioná-
rio.
O torque resultante é nulo. Não há torque de partida, conforme se observa nas figu-
ras acima, embora exista torque em cada condutor (observar isto, usando a “regra da mão
esquerda”, já que se trata de motor, ou seja, carga).
1 &
∴ I& + = I& − = ⋅I (3.39)
2
Estes dois circuitos podem ser associados em série (mesma corrente e tensão total
igual a V). Tem-se:
Capitulo 3: Motores Fracionários e Especiais 79
Ou:
Obtém-se:
Pv
θ = arccos (3.48)
Vv ⋅ I v
V
Z& v = v ∠θ (3.49)
Iv
r x
xφ = 2 ⋅ Z& r − r1 + 2 + j x1 + 2 (3.50)
4 2
Como o motor de indução a vazio possui um fator de potência muito baixo, um dia-
grama fasorial nessa situação mostra que Vv, Vab e Iv.(x1 + x2/2) são quase colineares (mos-
trar!). Assim, a reatância de magnetização pode ser obtida pelas expressões simplificadas,
em módulo (comparar com os resultados das expressões originais):
x
Vab ≅ Vv − I v ⋅ x1 + 2 (3.51)
2
Vab
xφ ≅ 2 ⋅ (3.52)
Iv
Conclusões:
1. O campo magnético resultante é um campo girante no mesmo sentido do ro-
tor, com amplitude razoavelmente constante (próximo à velocidade nominal);
2. Uma vez que tenha início a força eletromotriz de velocidade, será produzido
um torque como o obtido no campo girante de um motor de indução polifási-
co, com ângulo de carga de 90º, fazendo com que o motor monofásico conti-
nue a girar no mesmo sentido em que foi iniciada a rotação.
3. O motor gira no sentido em que for iniciada a rotação.
ws
( +
⋅ Ptr − Ptr
−
) (3.59)
(
Pm = (1 − s ) ⋅ ws ⋅ Tm = (1 − s ) ⋅ Ptr − Ptr
+ −
) (3.60)
Pc 2 = s ⋅ Ptr + (2 − s ) ⋅ Ptr
+ −
(3.61)
84 Conversão Eletromecânica de Energia B
Exemplo: Um motor de capacitor de partida, ¼ CV, 110 V, 60 Hz, 4 pólos, tem as
seguintes constantes: r1 = 2,02 Ω, x1 = 2,79 Ω, r2 = 4,12 Ω, x2 = 2,12 Ω, xφ = 66,8 Ω. As perdas
no ferro valem 24 W, e as rotacionais, 13 W. Para escorregamento de 0,05 (o capacitor já foi
desconectado do circuito por uma chave centrífuga), pede-se:
a) A potência e o fator de potência de entrada (R. 246 W, 0,62)
b) A velocidade (R. 179,08 rad/s ou 1710 rpm)
c) A potência útil no eixo (R. 147 W)
d) O torque útil (R. 0,821 N.m)
e) O rendimento (R. 59,76%)
ra > rp
xa < x p
x
θ = arctan
r
θa < θ p
ra + jx a ≠ rp + jx p
Neste caso, o capacitor não é removido do circuito, não existindo a chave centrífuga.
O fator de potência, o rendimento e o conjugado podem ser melhorados, já que o enrola-
mento auxiliar e o capacitor podem ser projetados para perfeita operação bifásica para
qualquer carga desejada.
Devido ao uso contínuo, é utilizado um capacitor a óleo. Seu valor é baseado nas
condições ideais de funcionamento, e é relativamente pequeno, daí sua característica de
partida não ser tão satisfatória, já que o torque de partida é relativamente pequeno. O seu
torque de funcionamento relativamente baixo torna o motor sensível às variações de ten-
são, e assim sua velocidade pode ser controlada por variações da tensão de alimentação.
Capitulo 3: Motores Fracionários e Especiais 87
É um motor reversível, bastando para isto, conforme na figura anterior, mudar a
posição da chave reversora, trocando o enrolamento com capacitor, sem necessidade de
parar o motor ou desligar a alimentação.
Aplicações: Devido às suas características,
é um motor muito popular, usado em venti-
ladores e exaustores, máquinas de escritório
e unidades de aquecimento. Dos motores
com capacitor este é o de custo mais baixo,
seguido pelo motor que usa capacitor de
partida.
Figura 3.30 – Torque versus velocidade
d) Motor de Fase Dividida com dois Capacitores
xp xc − x a
θ p = arctan θ a = 90° − θ p θ a = arctan
rp ra
1
C= [F] (3.63)
2 ⋅ π ⋅ f ⋅ xc
Capitulo 3: Motores Fracionários e Especiais 89
3.5 Tacogeradores de Corrente Alternada
3.5.1 Introdução
São semelhantes a pequenos motores
de indução bifásicos, cuidadosamente cons-
truídos para manter concentricidade e evi-
tar acoplamento direto dos fluxos dispersos
entre os dois enrolamentos, usados freqüen-
temente em sistemas de controle na medi-
ção da velocidade angular de um sistema
3.36 – O rotor tipo caneca rotativo. Seu rotor pode ser de gaiola de
esquilo ou simplesmente uma “caneca” de alumínio, que gira em torno de um núcleo de fer-
ro fixo à carcaça.
Um dos enrolamentos, chamado campo fixo ou campo de referência é energizado por
uma tensão alternada de amplitude e freqüência fixas. No outro enrolamento, chamado de
campo de controle, é gerada uma tensão de mesma freqüência, mas de amplitude propor-
cional à velocidade, que será aplicada na entrada de amplificador de alta impedância, de
forma que o campo auxiliar (de controle) pode ser considerado um circuito aberto.
3.37 – O tacogerador
O tacogerador deve possuir pequena inércia para acompanhar as rápidas variações
de velocidade e ter pequeno conjugado, comparado com outros conjugados do sistema. A
tensão gerada deve ser uma função linear da velocidade e não deve haver variação de fase
com a velocidade. A inversão do sentido de rotação inverte a fase da tensão gerada. Muitas
vezes se usa freqüência de 400 Hz.
& − = j ⋅ α ⋅ E& −
E (3.69)
a p
& =E
E a
& + +E
a
& − = − j ⋅ α ⋅ I& ⋅ Z
a
& + −Z(
&− ) (3.72)
Capitulo 3: Motores Fracionários e Especiais 91
xφ x 2 r2 r2 ⋅ xφ
j ⋅j⋅ + − xφ ⋅ x 2 + j ⋅
2 2 2 ⋅ (1 − ν ) 1 1 −ν
Z& =
+
= ⋅ (3.73)
xφ x 2 r2 2 r2
j +j⋅ + + j ⋅ x 22
2 2 2 ⋅ (1 − ν ) 1 −ν
xφ x 2 r2 r2 ⋅ xφ
j ⋅j⋅ + − xφ ⋅ x 2 + j ⋅
2 2 2 ⋅ (1 + ν ) = ⋅1 1 +ν
Z& + = (3.74)
xφ x 2 r2 2 r2
j +j⋅ + + j ⋅ x 22
2 2 2 ⋅ (1 + ν ) 1 +ν
V&
I& =
p
(3.75)
r1 + j ⋅ x1 + Z & + + Z& −
&E =
α ⋅ V& p ⋅ν
(3.76)
a
a + b ⋅ν 2 + j ⋅ c − d ⋅ν 2 ( )
Onde:
2
r2 ⋅ x1 r1 ⋅ x 22 r x ⋅x x x
a= + 2⋅ + 2 − 2 22 − 1 ⋅ 22 (3.77)
xφ
2
xφ
2
xφ r2 ⋅ xφ r2 x
φ
2 2
x x x
b= 1 ⋅ 22 + x2 ⋅ 22 (3.78)
r2 x r2 x
φ φ
2
x
r
c= 1 ⋅ 22 + x 2 + x 22 + 2 ⋅ x1 ⋅ x 22 − r2 ⋅ r1 (3.79)
r2 x xφ xφ
2
xφ
2
φ
2
r x
d= 1 ⋅ 22 (3.80)
r2 x
φ
As características para corrente alternada e corrente contínua diferem por duas ra-
zões:
1. Queda de tensão nas reatâncias do campo e da armadura em corrente alter-
nada, com diminuição da tensão rotacional gerada (tensão de armadura) e
queda de velocidade;
2. Saturação nos picos da corrente alternada, com diminuição do valor eficaz do
fluxo, com aumento da velocidade e diminuição de conjugado.
A velocidade do motor pode ser controlada pode dispositivas a estado sólido, que
modificam o valor eficaz da tensão aplicada, resultando numa unidade motora controlável
econômica.
Aplicações: Tração elétrica e onde é importante pouco peso e grande torque: liqui-
dificadores, batedeiras, enceradeiras, aspiradores, barbeadores, brinquedos, ferramentas
portáteis e outras aplicações, com velocidades entre 1500 e 15000 rpm. São fabricados nor-
malmente para freqüências entre 0 e 60 Hz e tensões de 1,5 a 250 V.
O motor, com cargas leves, acelera até uma velocidade próxima da síncrona, quando
o rotor tende a se alinhar com o fluxo do campo girante, buscando o caminho de menor
relutância, surgindo o torque de relutância que leva a carga à velocidade síncrona, e aí
mantendo o sistema.
Aplicações: A ausência de excitação reduz o torque de saída e não permite o con-
trole do fator de potência, mas a simplicidade da construção e pequena manutenção (au-
sência de escovas, coletores, enrolamentos de corrente contínua, etc.) dão importantes van-
tagens, sendo usados para acionamentos de cargas com velocidade constante de até 150
HP. Motores de potências fracionárias acionam relógios elétricos e outros medidores de
tempo.
As correntes induzidas nestas bobinas fazem com que o fluxo nas pernas onde fo-
ram colocadas se atrase em relação ao fluxo na outra parte (Lei de Lenz), e conforme a
seqüência a, b e c a seguir, correspondentes aos tempos ta (fluxo crescendo), tb (fluxo
constante) e tc (fluxo de crescente), o resultado é semelhante a um campo girante na di-
reção das ranhuras com as bobinas. Há a produção de um pequeno torque de partida,
conforme mostra a característica conjugado-velocidade a seguir.
A corrente de rotor travado é apenas um pouco
mais elevada que a corrente nominal, de forma
que o motor pode funcionar com rotor bloque-
ando por curtos períodos, sem que haja prejuízo
A grande virtude deste motor é a sua grande simplicidade. O rotor é do tipo gaiola,
fundido. Para que este motor se torne reversível, sem necessidade de desmontar e inverter
as peças polares, pode-se usar um dos seguintes métodos:
Capitulo 3: Motores Fracionários e Especiais 97
3.50-Terceiro método
3.10.1 Introdução
Sincros, Selsins, “Selsyns” (“self-syncronizing” -> auto-sincronizante) ou Dispositivos
Sincronizantes são dispositivos usados em sistemas de controle para manter o sincronismo
entre dois ou mais eixos, transmitir informação sobre posição de eixos e para desempenhar
operações aritméticas com informação angular. Normalmente são constituídos por enrola-
mentos trifásicos distribuídos idênticos aos empregados em máquinas síncronas ou assín-
cronas. Os rotores, monofásicos de dois pólos, se assemelham aos rotores bobinados de mo-
tores de indução trifásicos ou aos rotores (campo) usados em geradores síncronos. A ali-
mentação dos rotores, normalmente na freqüência de 60 ou 400 Hz, é feita através de anéis
coletores montados no eixo.
Há essencialmente cinco dispositivos auto-sincronizantes de indução básicos: trans-
missor (gerador), receptor (motor), transmissor diferencial, receptor diferencial e transfor-
mador de controle.
Os termos “gerador” e “motor” não são muito adequados, pois um transmissor não
gera e um receptor não converte energia elétrica. A diferença básica entre um transmissor e
um receptor é a presença no segundo de um amortecedor (por molas, fricção, viscosidade
ou ação magnética), que visa a rápida acomodação do sistema.
Os sincros de potência (ou sincros potência) não são, a rigor, sincros, como será vis-
to na seção correspondente na seção 3.10.7
A seguir serão apresentados os princípios de funcionamento de cada um dos sincro
arrolados anteriormente, com exemplo de aplicação, para que se tenha uma idéia do de-
sempenho destes dispositivos.
1
Fonte: Kosow
102 Conversão Eletromecânica de Energia B
Na figura a seguir, o motor terá passos de 90º, excitando-se as bobinas Na, Nb, Nc e
Nd (neste caso, o rotor deve ser de imã permanente). Também podem ser obtidas passos de
45º (0º, 45º, 90º, 135, 180º, ...), se os enrolamentos forem excitados na seqüência Na, Na +
Nb, Nb, Nb + Nc, Nc, ...
P& = P∠α = P1 + j ⋅ P2
P1 = P ⋅ cos α ; P2 = P ⋅ senα
E3 = E1 ⋅ cos α = a ⋅ P ⋅ cos α
E 4 = − E1 ⋅ senα = − a ⋅ P ⋅ senα
E3 E4
P1 = ; P2 = −
a a
1
P& = ⋅ (E3 − j ⋅ E 4 )
a
3.61 –Resposta da questão 1
2) Mostrar como, com o auxílio de um resolvedor de indução, é possível fazer a se-
guinte rotação nos eixos de um sistema de coordenadas. Note que o ponto P independe do
sistema de coordenadas (não muda de lugar), o que permite se obter uma relação entre as
antigas (x e y) e as novas (x’ e y’) coordenadas.
x = E2 ; x' = E 4 ; γ =θ
Fazendo:
y = E1 ; y ' = E3
E 4 = E 2 ⋅ cos θ − E1 ⋅ senθ
E3 = E1 ⋅ cos θ + E 2 ⋅ senθ
Entradas:
E1 = y; E 2 = x; γ =θ
Saídas:
E3 = y ' ; E 4 = x'
e1 (t ) = E m ⋅ sen(ω ⋅ t )
Entradas:
e2 (t ) = E m ⋅ cos(ω ⋅ t )
e3 (t ) = E m ⋅ sen(ω ⋅ t + θ )
Saídas*:
e4 (t ) = E m ⋅ cos(ω ⋅ t + θ )
*
- Não esquecer que e1(t) e e2(t) têm o mes-
mo valor eficaz e estão defasadas de 90º
3.64 – Resposta da questão 3
3.13.1 Introdução
São pequenos motores bifásicos (difásicos), de 1/1500 a 1/8 de HP, que funcionam
como motores de indução bifásicos desequilibrados. Na figura a seguir, a fase r é a fase fixa
(de referência), alimentada por uma tensão V& , conhecida. O capacitor visa dar um defa-
r
no tempo.
nula, o servomotor não continue a girar como um motor monofásico (resistência rotórica
elevada).
O rotor normalmente é do tipo gaiola de esquilo, devido à sua simplicidade. Em sis-
temas de baixa potência, para diminuir a inércia, usa-se rotor tipo “caneca” (ver tacogera-
dor de corrente alternada, seção 3.5).
Estes servomotores substituem com vantagem os servomotores de corrente contínua
em aplicações de pequena potência, devido ao seu menor custo, robustez, simplicidade, au-
sência de escovas e contatos deslizantes e menor inércia. Em potências maiores, o seu baixo
rendimento e dificuldades na refrigeração dificultam a sua aplicação.
Capitulo 3: Motores Fracionários e Especiais 111
3.13.2 Circuito Equivalente e Análise
O circuito elétrico equivalente pode ser obtido por componentes simétricas, e a par-
tir daí obtém-se todas as grandezas de interesse (ver “Motor de Indução Bifásico Desbalan-
ceado”, item 3.3.2 (circuitos elétricos equivalentes) e 3.3.3 (análise do circuito elétrico equi-
valente), lembrando de substituir V & , por V
& e V & por V & ).
a r b c
Para este tipo de serviço, o conjugado deve ser alto e sua característica ter inclina-
ção negativa em velocidades pequenas, para estabilizar rapidamente o sistema. Isto implica
num rotor de alta resistência, o que impede também que o servomotor gire como um motor
& = 0 ). Curvas típicas são mostradas na fi-
monofásico na ausência do sinal de controle ( V c
As forças magnetomotrizes geradas em cada fase (supondo uma bobina por fase)
são:
Fa (t ) = N ⋅ i a (t ) = Fm ⋅ cos( ws ⋅ t )
(A.2a)
Fb (t ) = N ⋅ ib (t ) = Fm ⋅ cos( ws ⋅ t − 120°)
(A.2b)
Fc (t ) = N ⋅ ic (t ) = Fm ⋅ cos( ws ⋅ t + 120°)
(A.2c)
114 Conversão Eletromecânica de Energia B
As forças magnetomotrizes, para cada enrolamento, se distribuem cossenoidalmente
ao longo do entreferro, sendo máximas sobre o eixo da respectiva fase e nulas sobre as res-
pectivas bobinas, pulsantes com a freqüência ws.
Considerando que:
1 1
cos α ⋅ cos β = ⋅ cos(α − β ) + ⋅ cos(α + β )
2 2 (A.5)
Tem-se:
1 1 1
2 ⋅ cos(θ − ws ⋅ t ) + 2 ⋅ cos(θ + ws ⋅ t ) + 2 ⋅ cos(θ − 120 ° − ws ⋅ t + 120 °) +
1 1
F (θ , t ) = Fm ⋅ ⋅ cos(θ − 120 ° + ws ⋅ t − 120 °) + ⋅ cos(θ + 120 ° − ws ⋅ t − 120 °) +
2 2
1
⋅ cos(θ + 120 ° + ws ⋅ t + 120 °)
2
1 1 1
2 ⋅ cos(θ − ws ⋅ t ) + 2 ⋅ cos(θ + ws ⋅ t ) + 2 ⋅ cos(θ − ws ⋅ t ) +
1 1
F (θ , t ) = Fm ⋅ ⋅ cos(θ + ws ⋅ t − 240 °) + ⋅ cos(θ − ws ⋅ t ) +
2 2
1
⋅ cos(θ + ws ⋅ t + 240 °)
2
1,5 ⋅ cos(θ − ws ⋅ t ) +
F (θ , t ) = Fm ⋅ 1
2 ⋅ cos(θ − w ⋅ t ) + cos(θ + ws ⋅ t − 120 °) + cos(θ + ws ⋅ t + 120 °)
1444s4444444 4244444444444 3
=0
Portanto:
F (θ , t ) = Fm ⋅ 1,5 ⋅ cos(θ − ws ⋅ t )
(A.6)
A onda descrita pela expressão A.6 é uma função cossenoidal do ângulo espacial θ.
Ela tem uma amplitude constante e um ângulo de fase espacial que é uma função linear do
tempo. O ângulo ws.t indica a rotação da onda resultante na periferia do entreferro, na ve-
locidade angular constante ws.
Em outras palavras, a força magnetomotriz resultante está girando no entreferro
com velocidade angular ws, no sentido anti-horário. Isso pode ser demonstrado para qual-
quer sistema polifásico equilibrado.
116 Conversão Eletromecânica de Energia B
Graficamente tem-se:
Se o enrolamento tiver p pólos (p/2 bobinas por fase), a velocidade angular ws, cha-
mada de velocidade síncrona, não se altera (dependente da freqüência da fonte), mas a ve-
locidade mecânica será alterada da forma:
2 ⋅ ws
W= (rad / s ) (A.7)
p
120 ⋅ f
n= (rpm) (A.8)
p
Daí se observa que a velocidade mecânica w (ou n) diminui à medida que se aumen-
ta o número de pólos. Lembrar que agora, numa máquina trifásica, as bobinas estão defa-
sadas de 2.360°/3.p, e que um ciclo elétrico se completa cada vez que, numa determinada
referência, ocorre uma reprodução de valores da força magnetomotriz. Por exemplo, par-
tindo de um pólo norte numa referência fixa, quando um outro pólo norte chega nessa refe-
rência, um ciclo elétrico se completa, o que, numa máquina de 4 pólos, ocorre duas vezes
num giro mecânica completo.
Na Figura A.4 observa-se a produção dos pólos numa máquina de 4 pólos e numa de
6 pólos.
ANEXO A: O Campo Girante 117
Em qualquer dos casos (2, 4, 6 ou mais pólos), o efeito resultante é equivalente a um
imã permanente girando no entreferro, com número de pólos igual ao número de pólos do
estator da máquina elétrica.