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Castelo Branco Polis

Plano de Pormenor da Zona Histórica e da Devesa


PPZHD/CB

Relatório

Enquadramento Histórico
Breve Resenha

Não iremos aqui fazer uma abordagem histórica profunda à cidade de Castelo Branco
dado não ser este o objectivo do Plano de Pormenor mas tão só deixar expresso um
diagnóstico e uma visão estratégica da zona da colina do castelo para, em conjunto com os
outros relatórios que dão suporte a este Plano , garantir uma visão conjunta da cidade e
reflectir sobre o as propostas que consubstanciarão o seu futuro.

É conhecida a sua antiguidade, as bases da sua evolução histórica e política sendo


também óbvia a ocupação do seu território no período paleolítico, neolítico e romano , como
atestam diversos vestígios encontrados e presentes no museu de Castelo Branco.
Se nos concentramos um pouco mais sobre a nossa história recente referiremos que
Castelo Branco terá sido conquistado aos Mouros por D. Afonso Henriques , no decurso do
séc. XII.
Tendo na sua origem dois aglomerado próximos, como rezam as crónicas, localizados
a nascente e a sul de uma elevação marcante em todo o planalto envolvente ( com cerca de
450m ), designada por Cerro da Cardosa. Castelo Branco veio a constituir o pólo unificador e
de fixação dessas duas povoações, ao que diz a lenda em resultado de epidemia que as
assolou e provocou a sua deslocação para as áreas mais altas. A Cardosa era já no século XII
o cruzamento de todos os caminhos que demandavam a Egitânia.
Um dos domínios rurais envolventes do Monte da Cardosa, onde existia um
assentamento populacional foi doado por Fernandes Sanches, em 1209 aos Templários , não
na totalidade, tendo vindo depois a ser concedida por D. Afonso II a posse integral da
propriedade. O Templário Pedro Alvito concede-lhe foral ainda na 1ª metade do séc. XIII. O
domínio rural existente mais a Sul e designado por Vila Franca da Cardosa, perdeu autonomia
em 1255 e foi aglutinado por Castelo Branco de Moncarche, de seu nome inicial.

Sendo antes uma povoação de encruzilhada, quando as muralhas são construídas


pelos Templários no principio do séc. XIII, estas incluem 4 portas nos eixos dos caminhos de
ligação pré existentes : Porta da Vila ( à entrada da rua dos Ferreiros, vindo do Largo de S.
João ) Porta de Santiago ( a Norte ), Porta de Santarém ( a Poente ) e Porta do Espirito Santo
( a Sul, no topo da Rua Sta Maria. Sabe-se que por ordem de D. Dinis em 1285 para permitir
a expansão da população é promovido o alargamento da cinta da Muralha e abertura de mais 3
portas: Postiguinho de Valadares, Porta do Relógio e Porta do Postigo, de saída para a Rua do
Poço das Covas.

Durante o séc. XIII apresenta-se uma sociedade de economia fechada


( agricultura e pastorícia ) mas em regime de transição para um sistema produtivo mais largado
e um sistema comercial com trocas directas e pagamentos em géneros, e relações comerciais
para além da vila, com pagamento de direitos de portagem sobre as mercadorias. Segue-se
uma evolução para um sistema de economia artesanal, com manufactura de produtos diversos
e para associação em corporações de artes e ofícios.
As feiras e mercados tiveram o seu papel na economia local e regional, datando a mais
antiga feira albicastrense de 1390 e, a partir de 1420, por ordem de D. João I, passa a existir
uma feira anual com duração de 15 dias em Abril.

Do séc. XIII até finais do séc. XV, o aglomerado apresenta um ordenamento de carácter
militar, de ruas estreitas desde a muralha da alcáçova, de construções ritmadas de porta larga
de loja, para arrumação do cavalo, e de porta estreita para acesso ao andar de habitação do
cavaleiro e sua família.

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Depois de um período estacionário vem a manifestar-se no séc. XVI uma evolução
significativa do aglomerado, em que a muralha já concluída assume claramente a importância
na defesa fronteiriça e apresenta alguma imponência com as suas 5 torres ( 3 sextavadas ) , a
Torre de Menagem , a Alcáçova e o Paço.

Em 1510, D. Manuel I concede o 2º Foral a Castelo Branco com pergaminho original


guardado hoje no Arquivo Municipal, e em 1535, D. João II concede-lhe o titulo de Vila Notável.
Castelo Branco herda na região o papel da velha Egitania, face à importância que
assume como centro administrativo e de comunicação.
Em 1523 a sua população situava-se entre 3000 e 4000 habitantes, ocupando 870 fogos.
Dentro da estrutura muralhada que constituía a Freguesia de Sta Maria, a vila
hierarquiza-se a partir da Praça Velha ( hoje praça Luís de Camões e antiga Praça do
Pelourinho ), configurada em simples alargamento de rua, como centro cívico e económico
desde finais do séc. XV. Nela se localizam a “ Domus Municipalis “ , de traça seiscentista e
posteriores reconstruções ( até ao séc. XIX, e antes instalada na rua Nova desde 1481 ) , o
celeiro dos Templários e depois da Ordem de Cristo, o Pelourinho ( desaparecido em 1880 ), a
1ª residência do Bispo e o Mercado, no rés do chão de um edifício. A Capela de S. Brás,
datada igualmente do séc. XVI é considerada como 1º santuário da Vila Medieval.
As ruas que chegam à praça, na transição da rua de Sta Maria para a rua dos Ferreiros
e que constituía o eixo de atravessamento da base da colina, apresentam a toponímia das
respectivas Corporações : dos Cavaleiros, dos Ferreiros, dos Peleteiros, dos Oleiros.
Importantes edifícios que compõem as frentes urbanas do aglomerado datam do séc.
XVI. É o caso do Solar dos Cardosos na Rua do Arco do Bispo, do Solar dos Bejas na rua dos
Muros, do Solar dos Caldeiras no rua dos Ferreiros, e a Igreja da Misericórdia na rua da
Misericórdia, depois reconstruída no séc. XVII já com referências da Renascença e do Barroco.
Nesta época é também fundada a Misericórdia, em 1514 por iniciativa do Rei
D. Manuel, são construídos fora dos muros os conventos dos frades Agostinhos ( 1526 ) e de
Stº António ou dos Frades dos Capuchos ( 1562 ) , é construída a Igreja de S. Miguel, ( que era
a colegiada da Ordem de Cristo ), actual Sé Catedral, e as Igrejas do Convento da Graça, de
S. Marcos, de Nossa Sra da Piedade e do Espirito Santos. Entre 1596 e 1608 é mandado
edificar o Paço Episcopal e Jardim envolvente pelo Bispo da Guarda, D. Nuno da Noronha,
mais trade remodelado. A posição do Paço Episcopal encostado a Norte da Muralha Medieval
condicionou de alguma forma o crescimento urbano neste sentido.

Durante o séc. XVII ocorre um novo período de alguma recessão económica,


possivelmente relacionada com a expulsão e extinção de uma comunidade judaica existente, e
no facto de, em 1648, os castelhanos se terem apoderado temporariamente da Vila e do
Castelo, altura em que incendiaram a Igreja de Sta Maria do Castelo. No entanto é desta
época que se conhece a instalação de uma indústria artesanal de lanifícios, com importância
assinalada até e durante o século seguinte. A indústria de extracção de azeite era de carácter
intermitente havendo em 1655 seis lagares na Vila na área do concelho.
Também a concessão régia em regime de monopólio à área albicastrense para a
fabricação de sabão, a partir do azeite e dos seus subprodutos, concedida no séc. XVI,
estende-se até o séc. XVIII.
A periodicidade de feiras e mercados aumenta com a criação de uma feira de S. João
em 1641, e com a realização de mais 5 feiras entre 1641 e 1760, data a partir da qual passa a
haver mercado no 1º Domingo de cada mês.

Com a degradação da muralha e castelo, dá-se a expansão da Vila para fora da


muralha, no sentido da Igreja da S. Miguel e envolvente.
Em 1700 já a comarca da Castelo Branco abrangia 21 vilas e uma importância
significativa em toda a região, desde a Serra da Estrela ao Rio Tejo. Desta importância
manifesta resulta a criação pelo Papa Clemente XVI, em 15 de Abril de 1771, da Diocese de
Castelo Branco, por desdobramento da Diocese da Guarda. Só cem anos mais tarde , em
1881, o Bispado é extinto e sua área de jurisdição dividida pelas Dioceses da Guarda e de
Portalegre.
É então em 1711 que D. João de Mendonça procede à remodelação do Paço Episcopal
e ao alargamento dos seus jardins e quinta ajardinada ligados pelo arco do passadiço.
Os jardins do período barroco são constituídos por jardins de buxo, escadarias,
varandas, espelhos de água e estatuária com simbologia diversa.

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É em 1771 que D. José I, Marquês de Pombal concede a categoria de Cidade a
Castelo Branco, anterior vila, tendo como padroeira da cidade Nossa Senhora do Rosário, por
decisão de sessão camarária de 1787.
Em 1794 existiam já duas freguesias, a de S.ta Maria do Castelo e a São Miguel da Sé.
Depois de uma redução do nº fogos de 1272 para 795 entre 1758 e 1786, surge um período de
crescimento populacional lento.

Pelo final do séc. XVIII ocorre uma nova expansão além muralhas, no sentido da Fonte
Nova, Oleiros e S. Sebastião, começando a estruturar-se novas áreas do tecido urbano,
sempre relacionadas com a presença da água ou a existência de fontanários,
( exemplo do poço do Largo de S. João, do poço na Pá Queijada e do chafariz do Largo de S.
Marcos ) e nunca por um processo de expansão em manchas concêntricas.
Entretanto em 20 de Novembro de 1807, as Invasões Francesas que seguem a
caminho de Lisboa chegam a Castelo Branco. Os soldados ocupam o Terreiro da Devesa e o
general Junot instala-se no Paço Episcopal. Calcula-se que tenham passado por Castelo
Branco 36 000 soldados até Janeiro do ano seguinte. A igreja de Stª Maria do Castelo é
incendiada pela 2ª vez agora pelos Franceses mas em 1810 as portas da muralhas
mantinham-se ainda intactas. A passagem das invasões francesas acompanhada de
destruição conduziu a um novo período de recessão económica e mais tarde em 1856 e 1857 a
cidade atravessa uma grave crise de falta de alimentos.

Em 1883, a decisão do governo, presidido por Fontes Pereira de Melo, da construção


do Caminho de Ferro da Beira Baixa, de Abrantes à Guarda, assume um papel significativo na
perspectiva da abertura de novos horizontes para a agricultura, comércio e indústria de toda a
região. É com grande entusiasmo que, em Junho de 1889, a população albicastrense recebe a
chegada da 1ª locomotiva a Castelo Branco e a posterior extensão da linha até à Covilhã em
1891. Também a substituição dos tradicionais “ caminhos de mulas “ por estradas modernas,
primeiro com a ligação a Abrantes em 1849 e à Guarda em 1864, vem contribuir para a maior
transformação quantitativa e qualitativa ocorrida até então, no velho Burgo.
Para toda a região da bacia hidrográfica do rio Tejo, este manteve a sua importância
como via de comunicação fluvial para transporte de mercadorias, pelo menos até 1924 e
apesar do papel entretanto assumido pelo caminho de ferro da Beira Baixa.

A anterior fundação em 1836 pelo Dr. José António Mourão, da Sociedade Civilizadora
de Castelo Branco, com o intuito de animar as indústrias, o comércio, a agricultura, as letras e
as ciências, marca também o início da mudança.
De 1804 a 1900 não existe referência a centros produtores de seda pelo que se poderá
concluir que a confecção das afamadas colchas de noivado de Castelo Branco, com origem no
séc. XVII ou XVIII, seriam executadas com seda eventualmente proveniente de outras
localidades.
Entre 1890 e 1892 aparece na cidade a 1ª máquina a vapor, uma debulhadora a vapor,
embora em Portugal já sejam conhecidas desde 1835.
Em 1892 foi fundada junto à estação uma fábrica de cortiça com projecção
internacional pela exportação para Europa. Pelo final do séc. XIX havia na cidade mais 3
fábricas de cortiça , 2 fábricas de vapor de moagem de cereais e 2 lagares mecânicos de
azeite. Na exposição industrial portuguesa de 1888, em Lisboa, estiveram expositores da
cidade e do concelho, apresentando principalmente produtos agrícolas.
Neste período vem a ocorrer o aparecimento do 1º Jornal em 1846, o serviço de
transporte diário de correspondência , em 1853, e o início do telégrafo eléctrico entre Abrantes
e Castelo Branco, em 1858.

Do ponto de vista cultural é de salientar a instalação do Liceu em 1848, ( embora não em


edifício definitivo ), a fundação da biblioteca em 1864 pelo Dr. José António Mourão, com
doação da sua própria colecção particular, aberta ao público em 1870.
É também nesta época que é instalado o quartel do regimento de Cavalaria 8 no Largo
da Devesa.
A Câmara Municipal, depois de deslocada temporariamente da Pc Velha para o Largo
da Sé, é transferida definitivamente em 1935 para o Solar dos Viscondes de Oleiros, edifício
civil do séc. XVII e até essa data residência da família Bartolomeu da Fonseca e seus
descendentes Mesquitas e Albuquerque.

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O Centro Cívico desloca-se da Praça Velha para o Largo da Devesa onde já existia
então o Quartel e onde desde 1904 funcionava também um cinema em instalações precárias.
Desde 1904 que se conhece igualmente a existência de um estabelecimento permanente de
fotografia.
De 10 de Abril de 1904 data ainda a fundação do Clube de Castelo Branco, conforme
consta dos seus estatutos, vindo a vir a substituir a anterior Agremiação Recreativa de 1870
com o mesmo nome.
Em 10 de Abril de 1910 é fundado o Museu de Castelo Branco por Francisco Tavares de
Proença Júnior que veio a dar nome ao Museu e que o organizou, oferecendo grande parte dos
seus objectos, tendo este vindo a tornar-se um Museu Regional por Decreto de 6 de Março de
1929, tendo um recheio de importantes objectos arqueológicos, colecção de numismática,
peças de mobília e quadros do antigo Paço Episcopal bem como as designadas “ Tapeçarias
de Raz “ de fabrico flamengo dos finais do séc. XVI de excepcional valor e peças de etnografia
regional onde se incluem as conhecidas colchas de noivado de Castelo Branco.

De 1916 as ruas de maior movimento eram as de Mouzinho Magro, ( antiga rua de Sta
Maria ), Alfredo Keil ( antiga rua dos Ferreiros ) Stº António e dos Prazeres. A rua da Ferradura
ainda não tinha ligação com o passeio público.
No solar dos condes de Portalegre, cuja origem remonta ao séc. XVII, e que foi
residência da família Fonseca Coutinho entre 1743 e 1888, veio a ser mais tarde ocupado para
a instalação do Governo Civil, reforçando o carácter de Centro Cívico entretanto adquirido pelo
Largo da Devesa e envolvente.

Constroi-se também o Hotel Turismo, concluído em 1942 e que veio a ter vida curta já
que veio a ser demolido poucos anos mais tarde. A filial da Caixa Geral de Depósitos, é
igualmente de 1942, com projecto do Arqtº Cristino da Silva, ainda hoje afirmando a sua
presença com a Arquitectura da Época. É também construído um novo mercado perto da
Devesa e que anteriormente, em 1907 funcionava precariamente no r/chão de uma construção
do séc. XVII entretanto desaparecida da Praça Velha. O espaço deste Centro Cívico vem a
atrair a instalação do novo Cineteatro Avenida , bom exemplo de Arquitectura Modernista e
hoje totalmente recuperado após anos de abandono decorrentes de um incêndio, algumas
direcções de serviços públicos e a instalação do novo edifício do Tribunal.
A criação de infra estruturas básicas da cidade começa a ser implementada com a
regular iluminação pública a partir de 5 de Janeiro de 1905. A rede pública de telefone funciona
a partir de 21 de Outro de 1928.
O estudo hidro-geológico da envolvente de Castelo Branco reporta-se a 1895 e 1923,
mas só em Dezembro de 1933 é que a água proveniente do Casal da Serra passa a ter
sistema canalizado de distribuição pela cidade. É a partir desta altura que o crescimento
urbano se apresenta de uma forma mais contínua, nas áreas voltadas ao sol e protegidas dos
ventos Norte, embora a expansão da estrutura urbana actual seja claramente determinada pela
originária da época medieval.

Só no final do séc. XIX de 1864 até 1960, se afirma um crescimento populacional


significativo, triplicando a população albicastrense, em contraponto com apenas uma
duplicação a nível nacional. Dos dados populacionais conhecidos referiremos em 6928 em
1878, uma ligeira diminuição em 1890 para 6728 habitantes e por fim em 1970 já eram
referenciados 21 730 habitantes.

Ao centro cívico , chegam nos anos 30 e 40 as grandes avenidas estruturantes da


cidade nova, Av. Nuno Álvares, vinda da estação dos Caminhos de Ferro, constituindo um
importante eixo visual para o morro do Castelo, a Av. Marechal Carmona, hoje Humberto
Delgado e a Av. 28 de Maio , hoje, Av. da Liberdade. Ao longo destas e respectiva envolvente
estabelece-se o principal comércio da cidade, e como já antes referido edifícios públicos de
importância urbana como é o caso do liceu Nuno Álvares com arquitectura Estado Novo.
Hoje a cidade no seu crescimento para além das fronteiras que temos vindo a referir e a
historiar, estabeleceu focos importantes de urbanização, sendo hoje uma cidade com
equipamentos públicos fortes e diversos, realçando-se o Politécnico, a Escola Superior de
Educação, o Hospital, o Estádio, a Piscina Municipal , 2 bons hotéis e alguns restaurantes e
bares de nomeada.

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Enquadramento Morfológico
Breves Apontamentos

Dentro das muralhas e no alto do morro o Castelo dos Templários, sobranceiro,


espreita terrenos da Beira Meridional, a vista abrange troço do Tejo e numa rotação
abrangemos Alpedrinha, a Serra da Estrela, enfim um extraordinário miradouro.
Interessante o desenho de Duarte d’ Armas que nos transmite uma imagem duma
fortificação bem estruturada com um serpentear da muralha ao longo de um declive bastante
acentuado, rematada no alto por um castelo formalmente visível e, num encosto, ajustado, o
casario contrapõe-se à mancha simétrica do olival, hoje ainda presente.
O casario espraia-se assim ao longo da encosta Sul e Nascente, terminando quando
o terreno atinge a sua imagem de planura, de serenidade topográfica. O aglomerado medieval
foi assim estruturado por cinco arruamentos principais e que relacionavam as portas das
muralhas numa clara atitude de organicidade funcional e comercial.
Deste modo a vila medieval assenta num eixo base que liga a porta Sul (Espirito Santo)
á porta Norte ( S. Tiago ) , arruamento que sobe a encosta e que se aproxima do Castelo, e
um eixo na base da colina que atravessa o aglomerado ( rua de Sta Maria/Rua dos Ferreiros ),
permitindo que as outras portas da muralha se abram para esta via e que projectem novos
arruamentos que , com perfil bastante inclinado, vão interligar-se com o castelo e com via
superior, a rua do Arresário/ rua do Sobreiro.
O rompimento urbano para fora das muralhas permitiu o aparecimento de importantes
edifícios do séc. XVI situados agora nas ruas principais do aglomerado medieval, como é fácil
verificar em visita rápida, tendo sido os anos da década de 1830 os anos mais nefastos para o
património edificado (muralhas e castelo ), com a utilização inadequada das suas alvenarias
de pedra para as obras particulares.

A vila de Castelo Branco estruturava-se deste modo e até finais do séc. XVI dentro da
sua estrutura muralhada , convivendo a sua população com uma estrutura urbana contida
dentro de uma malha legível onde praticamente só uma Praça hierarquiza a Vila , a Praça
Velha ( hoje Camões ), antiga Praça do Pelourinho e da antiga Câmara Municipal, sendo um
acontecimento urbano da rua Sta Maria.
Nesta praça o antigo Domus Municipalis, o antigo celeiro dos Templários, o antigo
Pelourinho e a antiga residência do Bispo, enquadravam um dos mais equilibrados espaços de
Castelo Branco e outrora centro cívico por excelência e praça do mercado.
Os quarteirões estruturados pelas ruas diversas que foram sendo criadas a partir da
estrutura dorsal já referida organizam-se dum modo repetitivo, de frentes fechadas ,abrindo-se
para pequenos pátios interiores, raramente para pátios laterais, a não ser já nas zonas mais
declivosas e junto ao Castelo onde os muros dos logradouros estão mais presentes e onde se
sente um pouco mais de salubridade e o verde de algumas poucas árvores.

A cidade ao romper-se para fora das muralhas e com o abandono dos conceitos de
defesa que a muralha garantia , vai desenvolver-se dum modo mais alargado , abandonando
as portas , recorre à destruição de grande parte da muralha para as novas edificações e inicia
a fase de degradação da estrutura urbana consolidada e que demorou tantos anos a construir.

A colina do castelo e dentro da sua estrutura muralhada poderá e, no nosso entender,


ser subdividida em duas áreas distintas e que se prendem, claramente , com o aumento do
perfil da encosta, áreas que suportam tipologias edificadas diversas . Na zona menos
acentuada topograficamente, onde os acessos são mais fáceis, as tipologias edificadas são
mais eruditas, com recurso a soluções volumétricas mais elevadas e com melhor construção,
como é fácil indagar pela presença de edifícios de carácter solarengo, ou pelas casas com
varandas cobertas e que determinam um estatuto social mais elevado e uma melhor
adaptação das construções ao clima e ao enquadramento urbano: a rua dos Cavaleiros, de Sta
Maria, do Arco do Bispo, são ruas onde os bons exemplos de arquitectura surgem amiúde. A
rua D’Ega , curiosamente, apesar de ser uma rua com uma pendente contra as curvas de nível,
consegue uma coerência tipológica ao concentrar um conjunto de edifícios seiscentistas , com
importantes portais e pormenores manuelinos, a que certamente não será alheio o facto desta
rua estabelecer uma relação privilegiada com a rua do mercado e com as Portas de saída do
aglomerado- Porta Postiguinho de Valadares e Porta de S. Tiago. Esta rua é de algum modo o
prolongamento natural da rua Sta Maria.

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A zona superior do aglomerado é caracterizada por uma maior diversidade ao nível da
construção e dos espaços, sendo edificada por construções mais populares, com recurso a
soluções de aproveitamento das parcelas urbanas menos densamente, de modo a libertarem
os espaços para a organização de pequenos logradouros. A vegetação entra aqui dum modo
mais natural , sendo talvez um espaço de interpenetração entre o mundo rural extra muralhas e
o espaço urbano inter muralhas.

Com a expansão do conceito de cidade , fora das muralhas , abertura ao território


envolvente, um novo espaço irá ser criado e que determinará uma nova morfologia da cidade:
estamos a falar do Rossio, espaço de excelência para a realização de feiras . Este espaço de
capital importância, ainda hoje, será aumentado com a construção do Quartel de Cavalaria 8 ,
e irá ajudar a configurar um especial espaço urbano , espaço central e radial da nova cidade
que se abrirá no 1º quartel do séc. XX para as avenidas novas.

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Análise Arquitectónica e Urbanística

Preâmbulo

A Zona Histórica de Castelo Branco foi estudada ao nível dos seus volumes
construídos e do seu espaço urbano público , tendo deste inquérito resultado um conjunto de
elementos de análise , que depois de sistematizados e inter relacionados, deram origem ao
programa de intervenção que se encontra definido nas propostas do Plano.
Foram realizadas fichas individuais por edifício de modo a garantir uma compreensão
sobre o valor do imóvel , seu uso , seu estado de conservação, sua habitabilidade , etc.
Também para os arruamentos e espaços públicos se definiram fichas de caracterização que
permitiram apreciar o estado de conservação, constrangimentos rodoviários ou pedonais e
ainda estado do equipamento urbano existente.
Os quarteirões existentes foram numerados e sobre estes foram também numeradas
as construções existentes de modo a garantir-se uma sólida base de dados que se encontra
hoje sistematizada e facilmente acessível para quem contar com o Programa Filemaker.

As fichas criadas para análise dos edifícios foram organizadas para permitir de um
modo claro compreender quantos moradores habitam o edifício, que tipo de comércio é que
possui, estado de conservação, cércea existente, se possui logradouro, estado de conservação
e materiais de construção.

As fichas para os arruamentos incidiu sobre o tipo de pavimento, tipo de uso ,


equipamento existente, estado de conservação e nível de infra estruturação.

Todas estas fichas podem ser analisadas nos anexos que acompanham este Plano de
Pormenor .

A área de intervenção e de estudo abrangeu assim cerca de 62 quarteirões que


possuem características bastante diferentes sendo possível e antes mesmo de expressar os
problemas que cada um possui , referir o seguinte:

A zona histórica, sobretudo a que se encontra inter muralhas, é uma zona com um
nível de abandono acentuado face ao número de construções devolutas, pese embora ainda
residir ainda uma população de cerca de 1700 pessoas com ainda bastantes crianças que
justificam a manutenção da escola Primária. No entanto e para um universo de aproximado de
1000 casas, o nº de pessoas a viverem sozinhas ou apenas duas ( casais muito idosos )
rondam os 33 % , valor relativamente alto e que configura a necessidade de equipamento
social ou apoio domiciliário.

O nº de casas abandonadas, em situação de devolutas, ruínas ou estado de


degradação acentuado legitimará acções de transformação importantes , quadro que
perspectivamos no nosso plano.
Os mapas analíticos apresentados ( usos, regime de utilização, cérceas, estado de
conservação, valor arquitectónico, regime de utilização, espaços públicos existentes ) mostram
de um modo claro a coerência urbana da Zona Histórica, o nível do construído , o nº de
espaços verdes, e a estrutura urbana de sustentação ao edificado e aos usos.

Deste quadro urbano podemos em termos de resumo referir o seguinte:

Mapa de Usos – O mapa de usos aponta dum modo muito claro que na área inter
muralhas o regime habitacional é francamente preponderante caindo abruptamente para uso
de predominância comercial logo que ultrapassamos a muralha.

Mapa de regime de utilização – Este mapa mostra como existe uma grande mistura
ao nível do regime de uso propriedade , na zona inter muralhas, com um equilíbrio entre as
casas alugadas e de utilização própria , sendo que na zona baixa da encosta e para além do
recinto muralhado, o regime de aluguer ganha supremacia pelo facto de estar mais associado
ao uso comercial e serviços.

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Mapa de Cérceas – A zona histórica mantém um grande equilíbrio volumétrico com um
ritmo alternado de 2 a 3 pisos, facto que legitima atenção quanto à manutenção deste ritmo
volumétrico. Na zona extra muralhas a cércea dominante aumenta em termos relativos para
mais um piso mantendo-se no entanto coerência urbana, salvo na zona envolvente do Quartel
( quarteirão 54 ) que possui uma cércea excessiva ( 7 pisos ) .

Mapa do Estado de Conservação – Toda a área de intervenção demonstra com


evidência um quadro de alguma falta de dinamismo habitacional e comercial dado que
existem muitas construções , espalhadas pelos quarteirões, que se encontram em mau estado
e em ruína, fruto por um lado da ausência de políticas urbanas de reabilitação e por outro pela
fraca competitividade do sector comercial e habitacional se comparado com as outras zonas
da cidade.
Lembramos que a maioria destes edifícios foram construídos nos moldes tradicionais
com recurso a paredes de alvenaria de pedra misturada com argamassas pobres, com
cantarias de ornato , em pedra de granito, pisos e estruturas de cobertura em madeira e telha e
rebocos com massas bastardas. Tratam-se assim de edifícios que exigem atenções especiais
quanto ao estado de conservação pelo que qualquer abandono ou qualquer infiltração das
águas das chuvas rapidamente provocam a degradação das construções- situação a que
chegámos actualmente !.
Na zona fora das muralhas sobretudo na zona envolvente à Devesa os edifícios são
mais recentes, como tal construídos de um modo bastante diferente, com recurso aos betões e
alvenarias de tijolo, sendo por isso o seu estado menos degradado, se bem que de menor nível
arquitectónico. A área do antigo quartel, em franca evolução urbana, encontra-se ainda em
situação de desequilíbrio formal e construtivo uma vez ter sido recentemente adquirido pela
C.Municipal – encontra-se a ser alvo de um estudo especial – Projecto Urbano de Referência-

Mapa do Valor de Arquitectónico do Edificado – Este mapa demonstra com


evidência o valor urbano e arquitectónico da área em estudo pois fácil é verificar que nesta
área notáveis edifícios consagram o valor da cidade e a saber:

Monumento Nacional – Cruzeiro de S. João e Museu Francisco Tavares Proença Júnior


Imóvel de Interesse Público – Sé Catedral e Edifício do Governo Civil
Imóvel de Interesse Municipal – Capela de Nª Srª da Piedade e Edifício da Câmara Municipal
de Castelo Branco, Palácio do Século XVIII da Rua dos Cavaleiros, nº 23.

Para além destes importantes edifícios a Zona Histórica e a Devesa são constituídas
por importantes conjuntos de edifícios com interesse , que estruturam frentes de ruas e
quarteirões e aos quais poderemos juntar conjuntos de imóveis de valor arquitectónico e
urbano, que estabelecem um discurso cultural semântico de inegável valor para a afirmação
da cultura urbana albi-castrense. Estamos assim ainda em presença de uma área de grande
valor arquitectónico e urbano pelo que as nossas propostas pretendem, no essencial,
consolidar estes valores e criar mecanismos de reanimação e revitalização. Os edifícios
dissonantes e sem interesse completam o quadro do edificado sendo para estes apontadas
regras para a sua integração no todo da estrutura urbana.

Mapa dos Espaços Públicos – Este mapa caracteriza os espaços públicos em geral
sendo claro a ausência de praças ou espaços de remate de transição. Os arruamentos de
perfis sempre estreitos , sobretudo na zona inter-muralhas, caracterizam-se por serem
lançados a favor e contra as curvas de nível , criando por isso alterações muito sensíveis nos
perfis dos alçados dos quarteirões , ora suaves ora abruptos dando por isso origem a uma
imagem muita recortada e de belo efeito formal. A maioria dos arruamentos perpendiculares às
curvas de nível entroncam numa via de remate superior da encosta mas em situação de
escadaria, impedindo por isso o movimento rodoviário .
A maioria dos arruamentos possuem pavimentos bastante degradados criando
diversos constrangimentos ao movimento pedonal dos seus moradores, sendo ainda visível o
fraco nível de infra estruturação básica destes arruamentos ( fraca iluminação com cabos
enrolando-se por postes e fachadas, antenas povoando os telhados , fracos desempenhos das

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redes de esgotos e abastecimento de água, e ainda ausência de rede de águas pluviais,
correndo pelas fracas caleiras de pavimento em calçada de cubo de granito) . Realçamos a
zona envolvente à muralhas do Castelo e Igreja de Sta Maria do Castelo e ainda o miradouro
de S. Gens como espaços importantes na abertura espacial do tecido urbano da Cidade inter
muralhas.
A zona exterior da muralha caracteriza-se por um nível muito diferente,
sobretudo ao nível dos arruamentos , sendo importante referir a Alameda da Liberdade e sua
continuação pela Rua Sidónio Pais e Rua das Olarias, que conjuntamente com a Av. Nuno
Álvares estabelecem a ruptura com e a estrutura urbana medieva e assinam um importante
momento na modernidade de Castelo Branco e da sua afirmação como estrutura urbana
moderna. Nesta zona o nível da infra estruturação acompanha a sua importância urbana,
possuindo já um aceitável nível de equipamentos e espaços livres , acompanhados com
vegetação arbórea , mobiliário urbano , bancos, papeleiras e quiosques. A zona da Devesa
estrutura e aglutina a rede urbana , como um tabuleiro para onde convergem todas as
atenções e todas as “ fabricações “ de desenho urbano que a cidade construiu ao longo das
épocas. É à sua volta que os equipamentos públicos e privados surgem. O Largo de S. João ,
perto de Jardim do Paço, representa também um importante momento de desenho urbano e a
merecer cuidados ao nível do seu tratamento e das funções que este suporta.

Referência ao Social e Económico – Como já referimos anteriormente na zona inter


muralhas reside uma população envelhecida, com carências diversas quer ao nível de uma
qualidade urbana, social, vivendo com dificuldades económicas já que o quadro construído
assim o mostra. Pese embora o envelhecimento desta importante área as crianças ainda
povoam este espaço, correndo pelas ruas ou “ jogando à bola “ em espaços mais amplos.
Fora das muralhas e porque a actividade económica é mais intensa e o uso do
património edificado é mais variável, o quadro social e económico altera-se sendo claro uma
melhoria das condições de vida , sentindo-se a centralidade da cidade e os seus aspectos
culturais e económicos.
A actividade comercial na fronteira do Zona da Devesa, Quartel sofreu há já alguns
anos alguns reveses de centralidade fruto da apetência que as periferias da cidade criaram ,
provocando algum abandono de espaços comerciais de excelência e com este abandono uma
desqualificação do quadro económico e social desta área central da cidade, situação que está
em franca alteração.

9
Análise aos Espaços Verdes Urbanos

1. Inserção da Zona de Estudo na estruturação paisagística da cidade de Castelo Branco

No documento estratégico denominado “Castelo Branco 2020” elaborado para a Autarquia por
uma equipa técnica coordenada pelo Prof. Jorge Gaspar, indicam-se alguns pressupostos de
análise que são úteis considerar para a integração da estrutura paisagística urbana no
presente Plano.

Assim, naquele documento refere-se que “a estrutura verde da cidade possui uma fraca
expressão em termos globais, verificando-se contudo, a presença de áreas importantes sob o
ponto de vista paisagístico, das quais se destacam o Jardim oitocentista do Paço Episcopal -ex
libris da cidade- e o Parque da Cidade /Jardim dos Loureiros. Este último, embora apresente
actualmente um mau estado de conservação, ainda constitui uma importante zona verde de
recreio e lazer, devido à sua localização, dimensão e características. A construção do novo
parque urbano na zona sul deverá contribuir em grande medida para a consolidação da
estrutura verde da cidade, dotando-a simultaneamente, de equipamentos de recreio e lazer que
se impõem a uma área urbana desta dimensão e importância.”

De facto, a cidade de Castelo Branco tem actualmente em curso um conjunto de intervenções


de qualificação de espaços exteriores, quer na cidade histórica, quer nas zonas residenciais e
periféricas, quer na constituição de um grande parque urbano com cerca de 80 hectares na
zona poente-sul, que farão desta urbe um aglomerado equilibrado em termos espaços verdes
públicos, quer quanto a capitações desejáveis quer em estruturação de “contínuos naturais”.

Por outro lado, as zonas verdes privadas, nomeadamente os quintais, hortas e jardins
existentes no interior do tecido urbano contribuem significativamente para a estrutura verde
secundária, assumindo especial importância as manchas associadas à zona histórica da
encosta do Castelo.

Contudo, a estrutura arbórea associada aos arruamentos residenciais recentes assume no


geral reduzida importância, com excepções na zona de expansão urbana do século XX,
particularmente a Av. Nuno Álvares, em que a alameda dupla de lodãos (Celtis australis) lhe
confere forte marca visual, reforçando a importância desta avenida como eixo verde
estruturante na cidade.

É contudo na zona alvo do presente Plano que a estrutura verde é no contexto global da cidade
a de maior expressão e interesse, quer em termos de área, quer de valor, pois é nela que se
encontram importantes áreas verdes de referência: o Jardim oitocentista do Paço Episcopal, o
Parque da Cidade/Jardim dos Loureiros, o Jardim Vaz Preto, o Miradouro de São Gens e zona
verde envolvente ao Castelo, o Largo da Sé, muitos logradouros de expressão significativa na

10
composição urbana e espaços exteriores públicos associados a alinhamentos arbóreos como o
Passeio Verde, a Devesa e o início da Av. Nuno Álvares.

De todos, o Jardim do Paço Episcopal constitui a referência emblemática de Castelo Branco, e


da história da arte de jardins nacional e internacional, podendo-se considerar um dos mais
notáveis exemplos da arte paisagista portuguesa do século XVIII.

Encontra-se marcada por influências estilísticas do jardim barroco italiano, em que a estatuária
de granito, os elementos vegetais e de água se articulam de forma de extrema beleza e
equilíbrio. A simbólica escultórica coloca em diálogo e confronto as Escrituras (representadas
pelos 4 Evangelistas), o mundo espiritual (representado pelos Apóstolos, as Virtudes, os
Estados da Alma), o mundo material (Signos Zodiacais, Estações e Elementos) e o mundo do
poder real (imagens dos Reis até D. José).

O actual Parque da Cidade /Jardim dos Loureiros, construído nos inícios do século XX, está
localizado nas antigas hortas do Paço Episcopal, numa plataforma implantada a cotas
inferiores e separado do Jardim do mesmo pela Rua dos Oleiros, mantendo-se contudo o
passadiço de ligação entre as duas unidades, embora sem utilização.

Uma lição de ordenamento do território é ainda hoje possível de ser lida nesta zona Norte da
Cidade, onde um transecto paisagístico nos revela a mata de encosta da colina do Castelo,
preservando solos e águas, o Jardim de recreio (em socalcos) do Paço nas zonas de transição
entre a encosta e as cotas mais planas, implantando-se nestas as antiga zona de hortas,
pomares, olivais e vinhas (zona actual do Jardim da Cidade).

Assim, a zona do Plano de Pormenor foi, é, e deve continuar a ser, o “coração” paisagístico da
Cidade.

11
2. Levantamento e Análise da Situação Existente na Zona de Incidência do Plano

Numa análise quantitativa e para sistematizar a presença, significado, estado de conservação e


medidas de intervenção dos espaços verdes públicos da área do Plano, foram os mesmos
analisados individualmente, caracterizados e cartografados, apresentando-se em Anexo as
correspondentes Fichas.

O mesmo trabalho foi realizado para os alinhamentos arbóreos existentes no espaço público.

Para os logradouros privados efectuou-se caracterização específica sempre que se obteve


acesso aos mesmos, mas foram cartografados na sua totalidade (através de reconhecimento
de campo, complementado por análise de fotografia aérea recente) por forma a se dispor de
um valor global de área e portanto da sua importância na área do Plano.

No presente capítulo apresenta-se o método de trabalho utilizado no levantamento de espaços


verdes públicos e alinhamentos arbóreos, bem como os critérios de classificação dos mesmos
de acordo com os parâmetros constantes nas referidas Fichas de Caracterização.

Apresentam-se também conclusões sobre a estrutura verde da área do Plano com base nos
resultados finais dos levantamentos realizados.

Constam do Plano as plantas de localização de “Espaços Verdes Públicos”, com informação


organizada em função da “Tipologia”, do “Estado de Conservação”, e “Alinhamentos Arbóreos”
e ainda de “Espaços Verdes Privados/Logradouros”.

2.1 Tipologias e Critérios

Apresentam-se as definições que pautam a avaliação dos espaços verdes em questão, a fim
de esclarecer as lógicas de classificação que envolvem o processo de levantamento e
reconhecimento de terreno.

De acordo com os elementos definidos de caracterização das Fichas respectivas, são definidos
os parâmetros das classes “Tipo”, os critérios de classificação para a classe “Conservação e
Actuação” e esclarece-se ainda a observação e apreciação pessoal para o preenchimento das
Fichas de Caracterização no terreno.

2.2 Definição dos Parâmetros da Classe “Tipo” das Fichas de Caracterização

São possíveis as seguintes ocorrências e correspondentes definições:

 parque urbano – espaço verde de média ou grande dimensão, com presença de


equipamentos e infraestruturas que permitam usos simultâneos e diversificados, visando
essencialmente o recreio e lazer;

 jardim – espaço verde de pequena ou média dimensão, com alguns equipamentos e


infraestruturas, vocacionado para o recreio e lazer;

 praceta – espaço de limites definidos pelo edificado que pode assumir diferentes usos e
funções, normalmente de estadia;

 faixa ajardinada em que se sobrepõe um alinhamento arbóreo – espaço que contém


espécies arbóreas que definem uma ou várias linhas, cuja plantação não se faz em
caldeira;

 relvado – espaço verde de variadas dimensões cujo plano de plantação consiste,


essencialmente, na utilização de gramíneas perenes, pode também assumir a forma de
prado;

 canteiro – espaço de pequenas dimensões, de forma definida, com plano de plantação


variado e com uma função estética;

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 enquadramento de edificado – espaço de pequena ou média dimensão, de forma definida e
que, de um modo geral, está agregado ao edificado (habitações e equipamentos
colectivos), cumprindo uma função estética;

 enquadramento de infraestruturas – espaço que assume essencialmente funções estéticas


de enquadramento e funções ambientais de protecção às infraestruturas (por exemplo,
acessos viários);

 separador de trânsito – espaço de pequenas dimensões, de forma definida, com plano de


plantação variado e que visa apoiar o ordenamento do tráfego automóvel;

 terreno expectante – área de tecido urbano destinada a espaço público que aguarda
intervenção não edificada. Considera-se expectante pelo facto de ainda não ter sido
definido o tipo de espaço verde a construir. Assume-se que um terreno com aquelas
características se destina exclusivamente a esse fim.
 margem ribeirinha – espaço verde adjacente a linhas de água.

 logradouro – espaço livre afecto a uma propriedade.

2.3 Definição de critérios para classificação da classe “Conservação e Actuação”

Esta classificação tem por base a existência física ou não (apenas planeada ou projectada) dos
espaços verdes no terreno e a análise do estado de capacidade de utilização desses espaços
e as actuações de manutenção ou correcção necessárias para o maior potencial de uso
possível.

2.3.1 Espaços não existentes no terreno

 sem interesse de execução – espaço que, pela área ou função que exerce, não justifica
qualquer intervenção, por exemplo pequenos canteiro sem interesse ou com área muito
reduzida;

 executar projecto e obra – área livre cuja localização propícia, ou torna necessária, a
criação de um espaço verde;

 executar obra de acordo com o projecto – espaço para o qual está previsto a construção de
um espaço verde embora a obra ainda não esteja concretizada;

2.3.2 Espaços existentes no terreno

 bom, continuar a manter – espaço que se encontra adequado ao local em que se insere e
que apresenta uma boa conservação e uma manutenção eficiente;

 razoável, a melhorar – espaço que apresenta plantações inadequadas e qualidade estética


a melhorar;

 mau, intervenção de melhoria – idêntico ao anterior, sendo visíveis problemas significativos


ao nível da manutenção;

 mau, reformulação significativa – espaço verde desadequado e degradado;

 mau, espaço a abandonar – espaço com áreas reduzidas ou cuja função não justifica a
sua existência

13
2.4 Observação e apreciação pessoal no terreno para o preenchimento das Fichas de
Caracterização

A avaliação directa e pessoal determina a selecção dos critérios definidos nos pontos
anteriores, pois a componente pericial presente na avaliação dos espaços verdes é também
influenciado pelas sensações plásticas e de conforto de utilização que os mesmos transmitem.

Por outro lado, é inevitável a leitura conceptual global, que não estando directamente ligados à
conservação do material vegetal, contribui em muito para o interesse paisagístico de um
espaço verde, sendo de realçar:
 a relação concepção/função, ou seja, a verificação do modo como o espaço está a ser
utilizado em relação aos objectivos com que foi concebido;
 a conservação do mobiliário, pavimentos, iluminação, número de equipamentos existentes
no espaço verde;
 grau de utilização e adequação do espaço às actuais necessidades urbanas.

2.5 Sistematização da Informação

A informação relativa aos espaços verdes públicos, alinhamentos arbóreos e logradouros


recolhida no terreno e registada nas Fichas de Caracterização encontra-se sistematizada em
base de dados formato Excel que contém tabelas organizadas de acordo com a informação a
tratar.

Para além das tabelas, os espaços e os alinhamentos arbóreos encontram-se registados


cartograficamente em formato digital actualizável, o que permite estabelecer as bases para um
SIG municipal de gestão de espaços verdes.

Este aspecto, embora não constitua âmbito específico do presente Plano, deverá merecer
atenção por parte da Autarquia no sentido de se dotar de uma ferramenta informática de
elevado interesse na gestão da informação respeitante a esta temática.

14
2.6 Análise da Estrutura Verde

A presente análise, que se pretende representativa da realidade dos espaços verdes públicos
urbanos da área do Plano, baseia-se naturalmente nos resultados obtidos com o levantamento
específico realizado e atrás definido metodologicamente; não se considera apenas para os
cálculos efectuados o espaço do Quartel, dada as características de quase total
impermeabilidade do mesmo e que face à sua dimensão no contexto da área do Plano,
desvirtuariam os resultados obtidos.

2.6.1 Espaços Verdes Públicos

De acordo com o levantamento realizado, a área relativa aos espaços verdes públicos totaliza
2
cerca de 8 hectares (80 768 m ), correspondendo a 26 espaços de características e área
diversas.

Dos espaços analisados, podem-se destacar 4 principais, seja pela sua área, valor urbanístico
2
e/ou patrimonial, a saber o Parque da Cidade (18 153 m ), o Jardim do Paço Episcopal (5 418
2 2 2
m ), a zona envolvente ao Castelo (8 435 m ) e o Largo da Devesa (8 900 m ). É de notar no
entanto, que estes valores correspondem à área total do espaço não se restringindo somente à
área plantada, correspondendo esta a cerca de 35 % da área total.

Pode-se analisar a informação recolhida relativa aos espaços verdes públicos de acordo com
os seguintes parâmetros: “Tipo”, “Uso”, “Estado de Conservação e Actuação” e “Existência de
Manutenção”, parâmetros que estão presentes nas Tabelas de Caracterização em Anexo 1 e
apresentados em pormenor nas Fichas de Caracterização de Espaços Verdes Públicos em
Anexo 2.

15
Relativamente ao “Tipo” os resultados têm a seguinte tradução gráfica:

2
Gráfico 1 – Área em m e valor em percentagem, de espaços verdes públicos de acordo com a
sua tipologia

Dentro da zona do Plano destacam-se assim como espaços sentidos como “verde público” os
de tipologia de “Jardim” .

Quanto à classe “Uso”, graficamente apresenta-se do seguinte modo:

2
Gráfico 2 – Área em m de espaços verdes públicos de acordo com o Uso

Naturalmente destacam-se os espaços com uma função de “Enquadramento” com 27% da


área e de “Estadia” com 25% da área total dos espaços levantados.

16
Em relação ao “Estado de Conservação e Actuação” o aspecto gráfico é o seguinte:

2
Gráfico 3 – Área em m de espaços verdes públicos de acordo com o “Estado de Conservação
e Actuação”

Cerca de 70% da área requer um investimento considerável visto que, classificado como
2 2
“Reformulação Significativo” estão 28 068,8m e 27 993,4m como “Executar Projecto e Obra”.

4.6.2 Alinhamentos Arbóreos

Do levantamento realizado apuraram-se em 20 alinhamentos o total de 608 árvores.

A partir dos resultados finais de levantamento e após a sistematização da informação


procedeu-se à análise de alguns parâmetros constantes nas Tabela de Caracterização em
Anexo 3 e respectivas Fichas de Caracterização de Alinhamentos Arbóreos, em Anexo 4,
nomeadamente, “Porte”, “Estado Sanitário” e “Intervenções Necessárias”.

17
No que se refere ao “Porte” os resultados, sob a forma de gráfico, são os seguintes:

Gráfico 4 – Nº de árvores de acordo com o “Porte”

Do que se conclui que, na zona histórica, cerca de metade das árvores são adultas pois
apresentam grande porte.

Quanto ao “Estado Sanitário” apresenta-se o seguinte gráfico:

Gráfico 5 – Nº de árvores de acordo com o “Estado Sanitário”

Constata-se que apenas 11% das árvores existentes em alinhamentos se encontra em mau
estado sanitário, é de referir que correspondem essencialmente a árvores adultas com feridas
resultantes de podas mal realizadas (conclusão com base na observação em campo).

18
Para uma melhor compreensão da análise feita para o parâmetro “Intervenções Necessárias”,
definem-se, primeiro, os critérios de necessidade de intervenção em que se baseou o
levantamento:

 Nenhuma – quando o indivíduo se encontra em boas condições sanitárias e conformação


adequada;

 Redução de Copa – quando há necessidade de diminuir a copa da árvore por uma


incorrecta inserção da mesma em relação à envolvência;

 Condução de Copa – quando o indivíduo apresenta alguma deformação relativamente à


sua conformação característica;

 Limpeza de Copa – corte de ramos danificados, velhos ou doentes que danificam de algum
modo a forma natural do indivíduo;

 Tratamento Fitossanitário – quando apresenta sinais claros de doença;

 Retancha – situação em que se substitui um indivíduo morto ou danificado por outro da


mesma espécie;

 Substituição de Espécie – de indivíduos danificados ou inadequados ao local em que estão


inserido;

 Remoção – medida tomada em relação a indivíduos mal inseridos no tecido urbano ou por
um compasso de plantação demasiado denso;

19
Em termos gráficos os resultados do parâmetro “Intervenções Necessárias” traduz-se por:

Gráfico 6 – Nº de árvores de acordo com “Intervenções Necessárias”

As intervenções que mais se destacam são a “Limpeza de Copa” e a “Remoção”, a limpeza


porque é uma das mais vulgares intervenções a realizar constantemente como manutenção,
por outro lado a remoção fica a dever-se ao mau estado de alguns indivíduos ou à má inserção
dos mesmos, quer em relação ao espaço envolvente quer em relação a outras árvores.

É de referir no entanto que 64%, ou seja, 390 árvores não necessitam de qualquer tipo de
intervenção.

Em nenhuma situação se optou pela “Redução de Copa” em detrimento da “Substituição de


Espécie”. Esta medida apresenta mais benefícios uma vez que, a plantação de uma espécie de
menor porte, mais adequada ao local evitaria as constantes intervenções na árvore existente,
intervenções essas que, eventualmente, podem conduzir ao aparecimento de problemas
fitossanitários e de deformações físicas.

4.6.3 Logradouros

O levantamento dos logradouros consistiu essencialmente na localização dos que, sendo


visíveis dos arruamentos, poderiam permitir a criação de novos atravessamentos dentro da
zona histórica e complementado com outros espaços identificados na fotografia aérea.

Foram localizados e identificados com a tipologia de logradouros 60 espaços, perfazendo uma


2 2
área total de 39 333m , ou seja, uma média de 655,55m .
A sua presença faz-se sentir principalmente na encosta a Este do Castelo, desde este ponto
até ao principal eixo viário constituído pela Alameda da Liberdade, R. Sidónio Pais e R. das
Olarias.

20
Proposta – Objectivos gerais da intervenção

Este Plano de Pormenor para a zona Histórica e para a Devesa é um Plano que , por
se encontrar inserido no Programa Polis , permite ser lido numa perspectiva bastante mais
abrangente do que os normais planos já que algumas propostas de intervenção serão
obrigatoriamente enquadradas por estudos mais pormenorizados e acções imediatas de obra
a construir. Este Plano pretende no essencial e de acordo com os princípios expressos no
Plano Estratégico da Cidade de Castelo Branco e nos objectivos do Programa Polis, consagrar
princípios de reabilitação e revitalização da cidade antiga e moderna e ainda produzir um
conjunto de obras que pelo significado e pela sua dimensão permitam reforçar o interesse dos
seus moradores pela utilização central da cidade, ao nível da actividade comercial serviços e
habitação. Para além disso importará criar as condições para que esta cidade se coloque no
tabuleiro regional como uma cidade moderna, multi geracional, , atractiva, com um nível de
equipamentos muito elevado nas diversas áreas do saber , da cultura e do lazer.
É assim que para a área histórica inter muralhas se consolidou um discurso
que passa por:
Evitar a rejeição da população local para a periferia da cidade criando
condições para a melhoria do seu quadro urbano e ambiental.
Criar condições para tornar esta parte da cidade atractiva em termos
habitacionais fomentando a sua procura para fixação de populações mais jovens.
Criar condições para a organização de bolsas residenciais para estudantes
universitários recorrendo-se à construção de residências universitárias.
Fomentar a visita por turistas sendo por isso fundamental fomentar a criação de
mais actividade comercial e cultural e ainda alojamento turístico.
Manter a memória da cidade , mantendo-se o património espacial e edificado
de um modo consciente e em bom estado de conservação.
Organizar de modo consistente o apoio social e económico às famílias idosas
e carenciadas.

Para a zona baixa da encosta ( zona fora de muralhas ) e zona central


( Devesa / Centro Cívico ) os objectivos são bastante diferentes se bem que se interliguem de
um modo sólido como o discurso atrás proferido. Salienta-se assim a importância de :

Reforçar a centralidade desta parte da cidade recorrendo-se à concentração de


diverso equipamento nomeadamente equipamento lúdico e cultural.
Reforçar a actividade comercial no sentido de se potencializar a mais valia do
espaço público aqui existente.
Devolver a cidade ao utente, ao público, retirando do seu espaço os
automóveis, criando um ambiente mais saudável e mais seguro.
Reforçar a qualidade do espaço público e do edificado em geral, mantendo-se
usos múltiplos.
Criar condições de circulação rodoviária e de estacionamento de modo a
garantir a sobrevivência às diferentes actividades comerciais e de serviços e sem
comprometer o uso habitacional relativamente importante que esta área possui.
Manter a memória da cidade , mantendo-se o património espacial e edificado
de um modo consciente e em bom estado de conservação, introduzindo-se no entanto novos
conceitos de espaço urbano e novas formas e significados urbanos.

21
Proposta – Principais acções a consagrar
Plano de Execução Municipal / POLIS

Preâmbulo

No sentido de dar corpo à concretização dos objectivos atrás expressos o Plano de


Pormenor da Zona Histórica e da Devesa que elaborámos definiu um conjunto de desenhos
reguladores e regulamentares que lidos conjuntamente com a normativa do regulamento e
com as fichas anexas ao mesmo permitem compreender a filosofia da intervenção, o alcance
do modelo proposto e sobretudo o nível de transformação , reabilitação e conservação. .
Este plano contendo um conjunto de propostas para elaboração de Projectos Urbanos
de Referência ( um já em curso e outros em fase de concurso ) , bem como um conjunto de
operações de reabilitação e renovação a operacionalizar imediatamente pela C.M. , permite
referir que se trata de um Plano onde a componente estática , regulamentar no sentido formal
do termo , tem aqui uma presença menos activa, já que o que se pretendeu propor foi um
Plano de Pormenor onde a componente projecto e obra assumam uma verdadeira liderança no
processo de reabilitação e revitalização da área em estudo. Por isso este plano não expressa
de uma maneira geral grandes preocupações com conceitos como índices de ocupação, áreas
brutas máximas, volumes máximos , etc., tão presentes noutros planos, preocupando-se mais
com aspectos ligados à manutenção do edificado ou da sua transformação, em função de
conceitos mais arquitectónicos, mais culturais da área em estudo, pois o nível de intervenção
que podemos vir a ter legitima tal posição e, cremos nós, garantirá atingir os objectivos atrás
referidos.

Propostas
Estrutura Urbana – Rede Viária e Espaços Públicos

Numa visão de compreensão alargada sobre o funcionamento orgânico da cidade e


cruzando-se o estudo do sistema viário e suas propostas com o papel da malha urbana para
em área abrangida pelo Plano de Pormenor e ainda dentro dos objectivos atrás referidos,
podemos salientar as seguintes grandes propostas:

Estruturação de um sistema viário capaz de garantir uma fluidez ao trânsito


sem perturbação do peão, criando condições para que o centro da cidade continue a receber
trânsito automóvel mas sem os seus efeitos nocivos sobre o espaço público e sobre o
ambiente urbano.
Para isso propõe-se : - ( ver desenhos do Plano ).

• Construção de dois túneis rodoviários .


• Construção de 8 parques de estacionamento , sendo 7 subterrâneos,
libertando-se o espaço público para uso preferencial do peão, sobretudo
quando nos referimos ao Largo de Camões, Largo de S. João e futura
Praça do Postiguinho de Valadares.
• Construção de um Elevador para estabelecimento de relação funcional da
base da encosta ( Zona da Sé ) e Castelo, com reforço da área urbana
intermédia.
• Hierarquização do sistema de circulação viário e pedonal , com reforço do
sistema de pavimentação de modo a tornar mais legível tal hierarquização
e funcionamento do sistema urbano.
• Criação de pequenas praças para apoio às zonas residenciais e reforço da
malha urbana existente na zona inter muralhas ( Praças Pc1, Pc2 e Pc3 ).
• Construção da ligação viária entre a Rua do Arresário e via urbana a
construir no Plano de Pormenor da Encosta do Castelo.
• Concretização de diversos Projectos Urbanos ( 9 ), visando uma melhor
pormenorização de intervenção e uma mais atenta definição programática
e urbanística, só possível por um aumento da focagem de observação e de
intervenção ao nível do desenho urbano e arquitectónico.

22
• Os Projectos Urbanos são os seguintes :
P.U.1. – Centro Cívico / Largo da Devesa
P.U. 2 - Passeio das Muralhas
P.U. 3 - Praça Postiguinho de Valadares
P.U. 4 - Largo de S. João
P.U. 5 – Jardim dos Peleteiros
P.U. 6 – Praça Académica na rua dos Cavaleiros e Requalificação da
Escola
P.U. 7 – Passeio Verde e Estacionamento do Paço
P.U. 8 – Mirante de S. Gens / Encosta do Castelo
P.U. 9 – Sé, Rua das Olarias, Rua da Sé e Praça Rei D. José I.

Estrutura Urbana – Edificado

A estrutura urbana da cidade sobretudo da zona inter muralhas, assenta numa malha
relativamente uniforme de quarteirões de grande equilíbrio, organizando-se sempre sobre os
arruamentos resultantes, com logradouros posteriores, internos aos lotes , quase sempre
associados aos lotes maiores, determinando por isso muitas dificuldades para algumas
habitações que não conseguem garantir luz nas fachadas posteriores, criando-se situações
diversas de insalubridade. Os quarteirões fora das muralhas possuem já morfologias um
pouco mais diversas, estendendo-se sobre os arruamentos implantados sobres as curvas de
nível , sendo já atravessamentos mais territoriais e menos urbanos, gerando-se por isso novas
atitudes ao nível do desenho.
Estas estruturas urbanas deram origem a conjuntos edificados de valor diverso
e que este plano pretende proteger, divulgar, intervir remodelando, reabilitando, restaurando,
recuperando.

Nesta conformidade importa , neste Plano de Pormenor, deixar expresso um


conjunto de grandes objectivos para a revitalização urbana da área em estudo
salientando as seguintes grandes orientações ;

• Defender a manutenção do património edificado expresso nas plantas


correspondentes, quer os edifícios estejam classificados como de Valor
Concelhio, Nacional, a classificar, de conjunto, de interesse ou de conjunto
de valor urbano / histórico, deixando apenas fora desta preocupação os
edifícios sem interesse e dissonantes. Evidentemente que o Regulamento
definirá o grau de transformação possível para cada uma destas categorias
de classificação e nível da sua manutenção e reabilitação.
• Demolir um conjunto de edifícios no sentido de, nos seus lugares, se dar
lugar a um conjunto de espaços públicos ou equipamentos de interesse
colectivo.
• Sugerir a manutenção de determinados usos e ou alterações dos mesmos
quando tal se justificar.
• Sugerir a compra, e ou expropriação de alguns edifícios visando a sua
transformação e adaptação para novos usos, acções de realojamento ou
proposição de novas tipologias habitacionais.
• Reforço do percurso das muralhas quer através do aumento da sua
legibilidade construtiva quer da sua relação com o património construído .
• Proposição de novos equipamentos urbanos quer ao nível de apoio social
( Lar e Centro de Dia ), Lazer e Educacional ( reforço do papel da actual
Escola Primária ) , Cultural e Serviços ( Centro de Cultura Contemporânea ,
Biblioteca Municipal – zona da Devesa ) .
• Aquisição de alguns logradouros para reforço do carácter habitacional de
alguns edifícios , visando criar melhores condições de salubridade aos
edifícios fronteiros

23
Espaços Verdes -
Propostas de Organização , Estruturação e Desenho de Espaços Verdes

A requalificação do espaço público é claramente uma aposta significativa do presente Plano,


como já o era dos elementos estratégicos que o informam. Assim, efectuam-se seguidamente
um conjunto global de propostas de intervenção nesse sentido, quer para para
desenvolvimento de acções de projecto e sequente obra, que se procuraram no seu todos os
espaços verdes públicos existentes, quer para os propostos a virem a assumir esse papel.

As intenções definidas no presente Plano constituem assim uma orientação conjunto constituir
como intervenções estruturantes, capazes de traduzir em termos práticos o desejado processo
de requalificação estética, funcional e ambiental da área central da Cidade de Castelo Branco.

Em termos das intervenções mais significativas, o Plano interioriza e defende o importante


conceito estratégico dos 'Jardins de Castelo Branco', com tradução na valorização e reforço do
contínuo visual e pedonal dos espaços verdes existentes (Castelo, Miradouro de S. Gens,
Jardim do Paço, Jardim da Cidade/Jardim dos Loureiros). Os jardins, no seu conjunto,
contribuirão igualmente para a valorização da entrada Norte da cidade e das vistas a partir do
Castelo.

Este conjunto, ancorado na imagem de referência do Jardim do Paço Episcopal, constituirá


certamente um elemento de distinção da cidade de Castelo Branco, permitindo uma oferta
diferenciada de carácter cultural e lúdico, complementando as actividades proporcionadas pelo
parque urbano em construção na zona Poente da cidade.

Elaboram-se orientações para a requalificação de todos os espaços verdes públicos existentes


e a criar. Esta requalificação deve traduzir-se em projectos de valorização paisagística,
elaborados por profissionais qualificados e deverão incidir sobre utilização de material vegetal,
pavimentos, mobiliário urbano, iluminação, sinalética e sempre que possível, associar-se a
projectos de outra natureza, mas igualmente importantes no contexto da valorização do espaço
público (reordenamento viário, modernização de infra-estruturas, beneficiação de fachadas e
edifícios, introdução de novos equipamentos e funções urbanas, etc.).

As propostas do Plano visam também a defesa dos espaços verdes privados e logradouros
para os quais se propõe regulamentação que permita a sua valorização paisagística mas não a
sua desafectação para usos edificados, no sentido de garantir a salvaguarda da mancha verde
actualmente existente, peça fundamental para a identidade da cidade consolidada e numa
perspectiva mais ampla para o carácter da paisagem urbana albicastrense.

24
Ao nível da estrutura arbórea, todos os alinhamento arbóreos foram também levantados,
cartografados e sistematizados, com preenchimento das respectivas fichas respectivas e
quadro associado apresentado no ponto anterior indicando-se, sempre que necessário, uma
intervenção correctiva.

Para a zona do Projecto Urbano de Referência, face à sua especificidade conceptual e estado
autónomo de projecto, devem ser respeitadas as intenções expressas de valorização
paisagística com introdução de espaços exteriores públicos qualificados, com presença de
elementos vegetais e água por forma a criar uma imagem urbana forte e em ligação com os
objectivos programáticos para o local.

Os aspectos microclimáticos numa cidade interior como Castelo Branco são muito importantes
para o conforto de utilização dos espaços públicos, pelo que este aspecto poderá passar
sempre que urbanisticamente adequado pela criação ou reforço de elementos como pérgolas e
estruturas arbóreas, de preferência de espécies caducifólias, indutoras paralelamente de um
processo de valorização ambiental. A presença da água nas suas várias formas é também
aspecto relevante a considerar no desenho do espaço público, em particular nos grandes
espaços abertos.

Apresenta-se em seguida o quadro-síntese propositório para os diversos espaços


considerados; a numeração encontra-se em ligação com a correspondente peça gráfica, onde
estão assinalados e classificados todos os espaços verdes e alinhamentos arbóreos
considerados.

25
Aspectos particulares /
acções de projecto em curso
Nº Designação Objectivos programáticos ou a desenvolver
Revalorização enquanto zona de lazer e encontro; reposição da
ligação pedonal com o Jardim do Paço; criação de auditório ao ar
livre, equipamento de apoio e ludoteca; renovação de mobiliário e
equipamento urbano; valorização da estrutura arbóreo-arbustiva no
Parque da Cidade / Jardim dos Loureiros; criação de condições para desenvolvimento de
1 Jardim dos Loureiros acções de educação ambiental urbana; intervenção exemplar no
(J1) contexto do Plano Estudo Prévio em curso

Valorização de canteiros; manutenção e reforço da estrutura arbórea Executar plano de plantação


2 Largo de S. João existente

Recuperação de elementos arquitectónicos, escultóricos e


paisagísticos; remoção de estruturas desenquadradas; alteração da
iluminação; reposição da ligação pedonal com o Parque da Cidade
(antigas hortas do Paço); estudo detalhado da vasaria, sistemas de
circulação da água, materiais e técnicas de restauro; na zona Estudo Prévio em curso;
envolvente redefinição de espaços edificados utilizados em caracter Levantamento fotogramétrico
Jardim do Paço
3 associativo para maior ligação com o Jardim (centro de da estatuária em curso.
Episcopal
interpretação); intervenção exemplar no contexto do Plano
(J2)
Previsto parque de
estacionamento; o mesmo
deverá ser desenhado tendo em
visto uma presença arbórea
Exteriores do Jardim de Valorização da estrutura arbórea com espécies autóctones ou bem desenvolvida, quer em
Infância / Quinta do tradicionais da paisagem vegetal local; marcação da imagem de número de exemplares, quer na
4
Paço (J3) “mata urbana” sua dimensão.
Valorização dos canteiros, alteração de planos de plantação para
espécies autóctones ou tradicionais da paisagem vegetal local;
eventual análise de colocação de equipamento didáctico e de recreio Executar plano de plantação
5 Jardins de Infância (J4)
Parque Infantil / Reformulação do parque infantil, com introdução de equipamento e
Estacionamento da Rua desenho compatível com legislação em vigor. Elaborar projecto
6 da Ega

Tratamento conjunto com o novo desenho da Praça. Elaborar projecto.


7 Largo da Sé
Valorização paisagística de canteiros, estruturas arbóreas e percursos
pedonais; introdução de mobiliário urbano, iluminação decorativa e
Envolvente ao Castelo sinalética formativa; aproveitamento das vistas e colocação de
8 (J5) leitores de paisagem; integração de depósito SMAS em frente à Elaborar projecto específico
Igreja de Sta. Maria
Tratamento conjunto com o novo desenho da Praça.
Largo do Espiríto Santo Elaborar projecto
9
Recuperação para uso público; melhoria de mobiliário e iluminação;
Jardim Vaz Preto / criação de passagem pedonal para a praceta da ex-JAE
10 Conservatória (J6) Elaborar projecto específico
Espaço inserido no “Percurso da Muralha”, com bom potencial de
valorização paisagística; criação de zona de estadia; melhoria de
Logradouro do mobiliário e iluminação; introdução de sinalética formativa;
11 Património / Praça de alteração de planos de plantação para espécies autóctones ou Elaborar projecto específico
Camões (J7) tradicionais da paisagem vegetal local

Manutenção da estrutura e composição; alteração pontual de


12 PSP / Governo Civil armadura de iluminação
. (J8)
Manutenção da estrutura e composição; alteração de espécies de
Canteiro de “Castelo relvado para espécies autóctones de maior relevância regional Executar plano de plantação
13 Branco” (J9) (exemplo: rosmaninho)

Triângulo da Alameda Eliminar


14 da Liberdade
Triângulo da Av. Nuno Eliminar
15 Álvares

26
Reformulação paisagística, com manutenção do elemento
escultórico; afirmação de desenho de espaço de maior
Jardim Amato Lusitano contemporaneidade, com funções de praça arborizada com desenho
16 (J10) Elaborar projecto específico
de pavimento aproveitando os exemplares arbóreos.
Separador da R. Sidónio A abandonar como zona verde
17 Pais Assumir como zona pavimentada

Canteiros da R. Sidónio Assumir como zona pavimentada A abandonar como zona verde
18 Pais
Valorização urbana e paisagística significativa; intervenção Projecto Urbano de Referência
19 Largo da Devesa exemplar no contexto do Plano em elaboração
Valorização urbana e paisagística significativa; intervenção Projecto Urbano de Referência
20 Quartel exemplar no contexto do Plano em elaboração
Triângulo da Senhora da A abandonar como zona verde
21 Piedade Assumir como zona pavimentada
Assumir como zona pavimentada; transformação em praceta
22 Envolvente ao “Kalifa” arborizada Elaborar projecto específico
(J11)
Requalificação urbana e paisagística, com intervenção a nível de
pavimentos, material vegetal, mobiliário e sinalética formativa
23 Senhora da Piedade Elaborar projecto específico
(J12)
Valorização paisagística dos canteiros existentes com introdução de
Canteiros da Av. Nuno espécies herbáceas perenes e subarbustivas adaptadas ás condições Executar plano de plantação
24 Álvares (J13) de sombra
Requalificação urbana e paisagística, com intervenção a nível de
pavimentos, material vegetal, mobiliário e sinalética formativa
25 Envolvente da Sé Elaborar projecto específico
(J14)
Valorização paisagística de canteiros, elementos construídos,
estruturas arbóreas e percursos pedonais; introdução de mobiliário
Colina do Castelo / urbano e sinalética formativa; melhoria da iluminação;
26 Miradouro de São Gens aproveitamento das vistas e colocação de leitores de paisagem; Elaborar projecto específico
(J15) garantir ligações pedonais francas ao Castelo e ao Largo F. Sanches

Transformação eventual de logradouros em espaços exteriores


públicos, com criação de espaços de lazer, encontro e estadia,
27 Percurso da Muralha valorização do material vegetal, implantação de mobiliário, Elaborar projecto específico
iluminação e sinalética formativa
Transformação eventual de logradouros em espaços exteriores
públicos, com criação de espaços de lazer, encontro e estadia,
28 Jardim dos Peleteiros valorização do material vegetal, implantação de mobiliário, Elaborar projecto específico
(J16) iluminação e sinalética formativa
Transformação parcial de área edificada em espaço exterior público,
com criação de espaços de lazer, encontro e estadia, valorização do
29 Largo Postiguinho material vegetal, implantação de mobiliário, iluminação e sinalética Elaborar projecto específico
Valadares formativa
Transformação de logradouros em espaço exterior público, com
criação de espaços de lazer, encontro e estadia, valorização do
30 Praça Académica material vegetal, implantação de mobiliário, iluminação e sinalética Elaborar projecto específico
(J17) formativa
Valorização e qualificação de espaços exteriores públicos, com
criação de espaços de lazer, encontro e estadia, implantação de
31 Praça do Rei D.José / mobiliário, iluminação e sinalética formativa Elaborar projecto específico
Rua da Sé
Alinhamentos arbóreos
32 (J18) Intervenções pontuais de acordo com fichas respectivas

27
Indicações de concepção e manutenção dos Espaços Verdes Urbanos na Cidade
Sustentável.

Uma estratégia global de valorização biofísica e ambiental dos espaços verdes numa lógica de
sustentabilidade é condição fulcral da qualificação urbana contemporânea.

As questões relacionadas com elevados consumos energéticos, de água e agro–


químicos são das mais importantes a considerar nesta estratégia de sustentabilidade
dos espaços verdes.

Para se minimizarem aqueles impactes deve-se começar por resolver problemas estruturais
básicos mas ainda muito comuns nos espaços verdes urbanos existentes e que se traduzem
em diminutas e desadequadas dimensões dos espaços e incorrectas utilizações de espécies
vegetais.

Estes dois factores são normalmente o princípio do fim da sustentabilidade de um espaço


verde público urbano contemporâneo. De referir contudo que estas reflexões de
sustentabilidade ambiental podem não fazer sentido se considerarmos espaços de caracter
cultural, histórico e patrimonial, espaços verdes privados onde se necessite ou pretenda criar
áreas de interesse específico, etc.

Desta noção de espaço mínimo e vegetação adequada, decorrem até algumas orientações
programáticas indicadas no capítulo anterior onde se sugere a abolição de pequenos e mal
posicionados canteiros, assumindo-os como espaços exteriores públicos urbanos mas com
outra função de praceta arborizada ou espaço pedonal pavimentado.

Assim e de acordo com o documento “Espaços Exteriores Urbanos Sustentáveis” referido na


bibliografia, sugerem-se as seguintes medidas para a gestão ambiental dos espaços verdes
públicos urbanos, a serem aplicadas de forma global, já que são propostas numa óptica de
complementaridade entre elas:

1. utilização de vegetação adaptada a condições de maior secura de solo e ar e de menores


necessidades hídricas, o que permite a utilização de um regime de rega reduzido, sendo
também mais reduzidos os consumos de nutrientes;

2. as regas necessárias deverão ser feitas na menor quantidade possível e por métodos bem
dimensionados de poupança de água (aspersão, gota-a-gota ou rega enterrada); a
utilização de águas residuais tratadas a um nível adequado para a rega de espaços verdes
ou provenientes de armazenamentos simplificados de águas pluviais (exemplo: cisternas
ou bacias de retenção) é um aspecto macro-estratégico na gestão ambiental a ser
desenvolvido e implementado em todos os aglomerados urbanos;

3. utilização dominante de espécies herbáceas e arbustivas da flora autóctone e espécies


arbóreas autóctones ou tradicionais na paisagem vegetal e bem adaptadas às condições
edafo-climáticas locais;

4. definição de uma estratégia de “protecção integrada” – método essencialmente biológico


de controlo das pragas e doenças, através da utilização de espécies de insectos
predadoras das causadoras do problema – com uma perspectiva global de saúde da
planta, definindo esquemas e normas de gestão que contribuam para diminuir a
necessidade de utilização de herbicidas e pesticidas em muitas áreas;

5. maximização das adubações orgânicas e no caso de utilização de nutrientes, herbicidas e


pesticidas de síntese, nas doses menores possíveis para a resolução do problema em
causa, aplicadas nas melhores condições de eficácia do tratamento e numa perspectiva
mais preventiva do que curativa – o que implica uma redução e planeamento de aplicação
de agroquímicos em conjugação com o anterior plano de protecção integrada;

28
6. em complemento, caso necessário, um conjunto de técnicas de fertirrigação e de aplicação
de nutrientes de lenta libertação, por pessoal devidamente qualificado e com conhecimento
dos objectivos globais de redução da aplicação de agroquímicos, com base em análises
periódicas do estado de nutrientes no solo;

7. atitude, conhecida e implementável de gestão e aproveitamento dos resíduos vegetais dos


espaços verdes, nomeadamente em termos de compostagem;

8. respeito pelo solo arável existente no local de intervenção, nomeadamente em termos de


nutrientes tentando a sua melhoria por introdução de adubos orgânicos, por oposição á
importação pura e simples de terra vegetal proveniente de outro local onde a sua remoção
poderá causar impactes ambientais significativos;

9. desenvolver o desenho microclimático por forma a maximizar todo o potencial que


estruturas vegetais e construídas, de ensobramento e de água (esta, se possível, sempre
em movimento, mesmo que aparente) têm para esta função, contribuindo assim para a
redução de consumos energéticos de refrigeração estival e aquecimento no Inverno;

10. sempre que possível, uso de energias alternativas e elementos de baixos consumos
energéticos e materiais reciclados em pavimentos, equipamentos e mobiliários de uso
exterior;

11. desenvolver o desenho anti-vandalismo, nomeadamente ao nível do mobiliário,


equipamento e iluminação;

12. evitar o excesso de construção civil nos espaços verdes; nos espaços a criar deverão ser
ponderadas as proporções entre áreas permeáveis, impermeáveis, e semi-permeáveis,
consoante as necessidades de pisoteio ou capacidade de carga;

13. dotar o espaço de valências didáctica nomeadamente com a incorporação de leitores de


paisagem e de sinalética formativa, funcional e didáctica;

14. os espaços exteriores urbanos devem ainda ter condições para assegurar a sua
sustentabilidade económica, nomeadamente através da implantação quando possível de
actividades compatíveis com o seu carácter público e de lazer e que permitam a criação de
mais valias financeiras que possibilitem uma redistribuição de recursos e verbas, no
sentido da animação, gestão e manutenção desses espaços.

29
Conclusões

A abordagem multifacetada que foi realizada sobre uma importante parte da cidade da
Castelo Branco e que concentra uma parte significativa dos seus valores patrimoniais e
construtivos, pretendeu no essencial criar condições para que as nossas propostas, objectivo
essencial do nosso trabalho, se realizasse com um mínimo de rigor e com consciência perfeita
que o saber em jogo nunca é totalmente conhecido
No entanto e pelo facto de já algum tempo andarmos envolvidos com a realidade da
cidade, analisando estudos anteriores, percorrendo as suas ruas noite e dia, contactando com
os Autarcas e Técnicos, participando nos debates que têm surgido, discutindo as opções
programáticas que têm vindo a ser colocadas no tabuleiro da estratégica, legitimam, cremos
nós, as opções que aqui são colocadas.
Evidentemente que o documento que apresentamos neste estudo e sobretudo
reafirmado com a presença de uma peça documental de grande expressão e que é a Planta de
Implantação e o seu Regulamento, e ainda apoiado pela Planta de Execução Municipal /
POLIS , demonstra com evidência qual a verdadeira leitura e compreensão que fazemos e
temos da Cidade, sobretudo desta parte da cidade.
O facto de este Plano se inserir e ser parte integrante de uma Estratégia única de
revolução urbana de uma Cidade e que tão bem montada nos parece ser, até pela eficácia de ,
a muito breve prazo, se poder concretizar muito sonhos, muitos projectos , muitas mudanças
legitimam fundadas esperanças na sua concretização.
O “ Tempo “ POLIS que começou muito recentemente e acabará em 2004, deixará,
certamente, muita transformação num território abandonado, depauperado, sem qualificação e
muito perturbado com um trânsito caótico. Todos esperamos que seja bem aproveitada esta
oportunidade única de transformação e de enriquecimento sustentável.

Castelo Branco, 11-10-2001

30
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

Gaspar, J. (2000) – Castelo Branco 2020. Câmara Municipal de Castelo Branco

Guia de Portugal da Fundação Calouste Gulbenkian .- Beira Alta e Beira Baixa

Programa Pólis (2000) – Plano Estratégico de Castelo Branco. Ministério do Ambiente e do


Ordenamento do Território

Magalhães, M.R. (1992) – Espaços Verdes Urbanos. Direcção-Geral do Ordenamento do


Território

Manso, A. (2001) – Espaços Exteriores Urbanos Sustentáveis - Guia de Concepção Ambiental.


Secretaria de Estado da Habitação

Matos , J. V. Mendes - Esquema para uma Biografia da Cidade de Castelo Branco

Neves, A.O. (1996) – PEC – Plano Estratégico da Cidade de Castelo Branco. Câmara
Municipal de Castelo Branco

Ramos, F.M. (1992) – Manutenção e Gestão das Árvores em Espaço Urbano – Recolha de
alguns parâmetros e análise da situação na cidade de Castelo Branco. Relatório do Trabalho
de Fim de Curso em Produção Florestal. Escola Superior Agrária de Castelo Branco

Telles, G.R. (1997) – Plano Verde de Lisboa – Componente do Plano Director Municipal de
Lisboa. Edições Colibri

PDM - Castelo Branco

PGU - Castelo Branco

Estrutura Empresarial do Distrito de Castelo Branco

31

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