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Para a autora, o letramento é o estado daquele que não só sabe ler e escrever,
mas o usa nas práticas sociais da leitura e escrita de forma competente e fluente
enquanto a alfabetização é a habilidade de codificar e decodificar signos escritos, ou
seja, aprender a ler e escrever muitas vezes de forma paralela ao uso social da leitura e
escrita.
Sobre o letramento de pessoas surdas, Botelho afirma que os processos de
escolarização não estão voltados para a formação de sujeitos letrados. As escolas de
surdos muitas vezes desconsideram e não compreendem a importância da aquisição da
língua de sinais e linguagem para o uso fluente da língua oral e escrita que
possibilitaria de fato o letramento na sua função social. Por outro lado a escola regular
não proporciona ao surdo a interação com a língua oral que circula no ambiente
escolar não colocando o letramento como objetivo para sua formação.
Antes de tudo, o que diferencia as práticas de leitura e escrita entre as crianças surdas
é a visão que cada família tem sobre surdez e linguagem. Essa visão se relaciona
diretamente com as condições sociais, culturais e financeiras de que cada classe social
dispõe. É comprovado pela autora que conforme os recursos, expectativas e ambições que
as famílias têm para a escolarização dos filhos, maior ou menor é o empenho em seu
desenvolvimento.
Os surdos oralizados pertencem em sua maioria a famílias de classe média alta, ricas
cultural e economicamente enquanto os surdos não-oralizados advêm de frações sociais
menos privilegiadas. Nesse caso, os primeiros recebem um investimento maior na oferta
de linguagem, leitura e escrita e a exposição à intervenção pedagógica muito cedo. Os
surdos de famílias mais pobres tinham estratégias desenvolvidas por seus familiares para
suprir a falta de intervenção profissional e se esforçavam para fornecer uma infraestrutura
que garantisse a permanência dos filhos surdos na escola regular.