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CURSO DE HISTÓRIA
ANICUNS / GOIÁS
NOVEMBRO / 2005.
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ANICUNS / GOIÁS
NOVEMBRO / 2005
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_____________________________________
Examinadores
Departamento de História
___________________________________________
Departamento de História
__________________________________________
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(Rubens Alves)
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RESUMO
O objetivo deste trabalho é analisar a situação da Igreja Católica durante a Idade Média,
dando prioridade do século XI ao século XIV. Passado os séculos iniciais da era cristã,
quando a Igreja católica pouco se desenvolveu e foi muito perseguida, até ser reconhecida
como religião oficial do Império Romano. O Império Romano torna-se frágil e sem condições
para administrar os feudos. A Igreja Católica sendo a grande proprietária de terras na Europa
Ocidental estava diretamente interessada na manutenção das relações servis. Pregava que a
existência de senhores e servos era absolutamente normal em uma sociedade cristã e que os
servos deviam obedecer a seus senhores. A infidelidade e a rebeldia eram pecadas mortais.
Dessa forma a Igreja disfarçava sua verdadeira ideologia, contribuindo para o aumento das
desigualdades sociais. Usando o poder que tinha a Igreja organizou as cruzadas para combater
a expansão do islão. Sem um inimigo interno, desencadearam-se conflitos externos, isto é, no
próprio mundo cristão. Várias cidades foram saqueadas e inúmeras plantações devastadas, a
desorganização da produção provocou crise de abastecimento e alta dos preços dos alimentos.
A intranqüilidade atingiu a burguesia. A insatisfação geral provocou o enfraquecimento da
Igreja, no final do século XIV e na tentativa de recuperar seus poderes a Igreja criou o
tribunal da Inquisição com o objetivo de combater a heresia.
ABSTRACT
The objective of this work is to analyze the situation of the Catholic Church during the
Medium Age, giving priority a centuries XI and XIV. The centuries passed begin of the
Christian era, when the Catholic Church a little grew and it was very pursued, even to be
recognized as official religion of the Roman Empire. The Roman Empire becomes fragile and
without conditions to administer the feuds. The Catholic Church being the great landlady of
lands in Europa Ocidental was directly interested party in the maintenance of the servile
relationships. He/she nailed that the gentlemen's existence and servants were quite normal in a
Christian society and that the servants should obey their gentlemen. The infidelity and the
rebelliousness were sinned humans. In that way the Church disguised his/her true ideology,
contributing to the increase of the social inequalities. Using the power that had the Church
organized the crusades to combat the expansion of the islão. Without an internal enemy,
external conflicts were unchained, that is, in the own Christian world. Several cities were
plundered and countless devastated plantations, the disorganization of the production
provoked crisis of provisioning and high of the prices of the foods. The uneasiness reached
the bourgeoisie. The general dissatisfaction provoked the weakness of the Church, in the end
of the century XIV and in the attempt of recovering their powers the Church created the
tribunal of the Inquisition with the objective of combating the heresy.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................10
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................44
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................47
BIBLIOGRAFIAS..................................................................................................................49
DECLARAÇÃO E AUTORIZAÇÃO...................................................................................50
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INTRODUÇÃO
A presente pesquisa tem por finalidade relatar os meios que justificam as fases do
Poder da Igreja Católica durante a Idade média, dando ênfase no período que vai do século XI
Outro fator que contribuiu para a escolha do tema em discussão foi às aulas de
História e a vivência em uma cidade pequena, onde nasci, cresci e convivi com pessoas de
diversas Igrejas, percebi que quando criança aqui em Anicuns-Go havia apenas duas Igrejas:
uma católica e outra protestante, hoje sou adulta e perdi a conta de quantas são as igrejas
Igreja é também uma organização humana. É indiscutível que seu papel e desempenho na
sociedade sempre despertou o interesse dos estudiosos de maneira geral. Até mesmo as
pessoas leigas são movidas por esse interesse. Segundo RIBEIRO (1998:02), “as pessoas, de
modo geral, voltam-se para o tema, desejosas de compreender essa participação. Por
relevo em face da relação da Igreja com o Estado ser ao mesmo tempo um problema
complexo e fascinante. Assim sendo poucos são os que conseguem ficar neutros diante de
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fatos marcantes, como por exemplo, a Santa Inquisição, entre tantos outros de igual
Durante a idade Média a igreja foi um importante elo entre o mundo antigo e o
mundo medieval, herdeira do poder romano ajudou a criar uma nova civilização da qual
A história da Igreja e a Idade Média sempre confundem. “Os estudiosos sempre elaboram
dominação da Igreja durante a Idade Média. Rendo acumulados grande riqueza e prestígios,
instituição humana sempre pôs em, cheque a inteligência e a curiosidade de estudiosos sobre o
assunto.
O grande conflito entre a Igreja e o Estado durante a Idade Média girou entorno de
estabelecer limites de poder. A partir do século XII surgiu nova forma de pensar, a reflexão e
autonomia do Estado. Mas a Igreja não perdeu seu total poder, apenas enfraqueceu e as
catolicismo, pois a partir do renascimento científico o mundo passou a ser analisado do ponto
de vista da ciência e não mais apenas pela ótica do sagrado. A Igreja deixou de ser o centro do
universo, mas não deixou de ser parte importante que integra e se completa o todo.
sempre politeístas, em Roma a religião primitiva era um animismo rústico, marcado pelo
diversas tribos Africanas, Americanas, Asiáticas e da Oceania, que têm em comum o culto aos
xamãs, curandeiros presentes entre praticamente todas as tribos da Ásia central; o hinduísmo,
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religião sem organização eclética, sem crença ou práticas comuns a todos os hindus é
religião monoteísta mais antiga do mundo, e está deu origem ao cristianismo e ao islamismo,
cujo a história é contada pelos livros do antigo testamento da Bíblia, livro sagrado dos
cristãos; zoroastrismo religião fundada entre 630 e 580 anos a.c. religião que predominou no
doutrina religiosa, rejeita a paixão e o esforço humano, acredita que a educação mais descente
mundial e harmonia familiar, fundada entre 551 a 479 a.c.,; rudismo religião baseada na
superação do sofrimento e da tristeza, é mais filosofia ética do que religião, fundada no ano
550 a.c.
perdurar por tanto tempo como o cristianismo” (MAZZOLENIS, 1987:487). Alguns até
desapareceram completamente.
O cristianismo surgiu da crença que os Judeus tinha que Jesus de Nazaré, a quem
se deu o nome de Jesus Cristo, que viveu no período correspondente a 4 anos a.C. – 29
D.Cera o Messias prometido pela tradição hebraica. Sua vida e seus ensinamentos e as
si mesmo. O caráter missionário da religião cristã foi decidido no conselho de Jerusalém (49
d.C.), em que São Paulo, apóstolo, propôs aos lideres do novo credo que o difundissem entre
os não-judeus. O fato de Roma ser a capital do mais poderoso império da época fez com que
convergissem para ela os esforços dos evangelizadores. O governo imperial moveu contra os
antigos cristãos severas perseguições, desde 64 d.C. até 313, ano m que Constantino I
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tinha se tornado a religião predominante. Durante séculos, a igreja foi dividida por
controvérsias teológicas que deram origem a doutrinas heréticas. Para combater a heresia ou
atrocidades por ela cometidas fez surgir um grupo de rebeldes dentro da própria Igreja
católica. Aqueles que não aceitavam a luxuria do alto clero se rebelaram e fundaram as igrejas
protestantes.
pesquisar, analisar e compreender como ocorria a relação de poder entre a Igreja e o Estado
Católica, sobre o conceito de religião, fé, cristianismo, como também uma análise dos mitos e
verdade a respeito da bíblia e promovemos um dialogo com diversos autores sobre a temática
transição da Alta para a Baixa Idade Média onde foram analisados os fatores que contribuíram
para o enriquecimento da Igreja Católica como a maior proprietária de terra do período, bem
como o controle que ela vai exercer sobre o tempo, o pensamento e a cultura da época, e
dando ênfase ao embate entre o poder político e religioso no período que vai do século XI –
XIV, como também ocorre um dialogo com diversos autores que escrevem sobre esta
nos permitiu, em função do dialogo promovido com diversos autores que tratam do assunto
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abordado, entre eles Miceli, Cardoso, Franco Jr, Junqueira etc, o que vai nos ajudar na
das culturas clássicas. O efeito do terceiro foi provavelmente menor que o dos outros. Fora do
pequena. Se bem que a herança romana fosse ainda poderosa, os homens do começo da Idade
Média rejeitaram certos aspectos dela como incompatíveis com o cristianismo e barbarizaram
O principal alicerce da nova cultura foi a religião cristã, cujo fundador, Jesus de
Nazaré, nasceu numa cidadezinha da Judéia por volta do começo da era cristã e foi executado
a morte do Mestre foi considerada pelos discípulos como o fim das suas esperanças. Esse
desespero, porem, não tardou a desvanecer-se, pois começaram a circular boato de que ele
estava vivo e fora visto por alguns dos seus adeptos mais chegados. Os restantes dos fiéis
convenceram-se sem dificuldade de que ele ressuscitara dos mortos e era realmente um ser
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testemunhar em nome do seu chefe martirizado. Foi essa maneira obscura que nasceu mais
uma das grandes religiões do mundo, destinada a abalar os fundamentos do próprio império
romano.
Vamos falar aqui do verdadeiro Jesus, não do Jesus dos altares. Tampouco
daquele que cada um traz no peito quando comunga da fé dos cristãos o Jesus histórico é o
personagem que nasceu viveu e morreu na Palestina, em carne e osso, num período histórico
determinado, numa época em que reinava o imperador Augusto. Por volta do ano 6 a.C. e por
volta do ano 30 a.C foi condenado à morte sob as ordens de Poncio Pilatos. Naquela época os
cristãos eram terrivelmente perseguidos por Herodes, porque eles se negavam a adorar o
imperador e a cultura os deuses de Roma, os cristãos foram considerados fora da lei e sua
O estado era acostumado a regular de maneira absoluta a vida religiosa de seus súditos e
como os cristãos não aceitavam a submissão, entraram em choque com o Estado, formou-se
uma forte oposição contra o Estado Romano, nutrindo sentimento de hostilidade pela
Marcus, Mateus, Lucas e João, que eles não tem valor como prova material da existência de
Cristo. Cabe a todo bom cristão, seja ele, católico ou evangélico ouvir os ensinamentos
religiosos.
No seu início, o cristianismo era uma seita do meio rural judaico que congregava
uma pequena comunidade reunida em torno dos ensinamentos de Jesus. Seus adeptos estavam
ali mais para ajudar uns aos outros do que em busca da salvação eterna. O cristianismo
mandamento do amor ao próximo como a si mesmo foi uma novidade completa para a época.
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A capacidade de servir ao outro foi à moda propulsora que transformou a seita de dissidente
Além de Jesus não pedir nada para si mesmo, Cristo pregava a fé em um só Deus,
Deus único, verdadeiro, falava também de um reino de paz, amor e solidariedade. Isso não
agradava aos donos do poder Romano e nem a hierarquia religiosa Judaica, não ficava bem
um Jovem sem profissão ou título definidos fossem anunciado como o Filho de Deus e mais
ainda que convidasse imorais e gente de outras religiões a compartilhar desse Deus. De
acordo com Boscov (2002: 89) “Essas duas coisas já bastaram para fazer de Jesus um alvo.
Mas ele tinha ainda, segundo os Evangelhos, o dom de operar imensos milagres, como curar
leprosos, multiplicar os alimentos e ressuscitar os mortos. Tudo isso era motivo para o
crescimento de sua fama e para que suas palavras atraíssem cada vez mais ouvintes. Ainda
segundo Boscov (2004:90) “Num acordo político ainda não esclarecedor para os
pelos simples fatos de que ele atraia os olhares para se e por invadir o Templo de Jerusalém
para expulsar os comerciantes que trabalhavam ali. E como forma de humilhá-lo ao máximo,
o Nazareno teve uma coroa de espinhos fincada em sua cabeça e o fizeram carregar sua
própria cruz até o monte chamado “Golgota”, onde foi crucificado entre dos ladrões.
Nem os doze discípulos de Jesus esperavam por um desfecho tão trágico. Mas foi
por causa desse final trágico, prematuro e aparentemente injusto que, nos anos seguintes à
morte de Jesus, um embrião de Igreja surgiu em torno dele. A principal razão gira em torno
dos maiores mistérios ligados a Jesus, e também um dos dogmas mais sagrados do
morte, Jesus se fez ver em várias ocasiões, por seus discípulos. De acordo com Cardoso
(1999: 26) “Se Deus o fez ressurgir dos mortos, ele não era apenas um mensageiro divino,
como seus seguidores provavelmente o julgavam de início. Teria de ser o próprio Messias”.
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implicações da paixão e Ressurreição de Cristo. Mas elas estão na essência da maneira como
os cristãos enxergaram a enxergam Jesus no decorrer de 2000 mil anos. Os ensinamentos que
foi se cimentando nos primeiros séculos da Igreja pregam que Cristo tem uma dupla natureza:
é integralmente divino e totalmente humano. “É divino porque é uma das três formas de Deus
– a Santíssima Trindade, composta por Pai, Filho e Espírito Santo – e, como tal, existe desde
também porque nasceu de uma mulher e viveu entre os homens. A ressurreição justifica a
crença na vida eterna e também indica que os homens também podem ter um lugar ao lado do
Diante do que já observarmos a intenção de Jesus não parecia ser fundar uma
Igreja, mas sim uma nova forma de viver em sociedade, onde o bem maior seria: o amor, a
solidariedade, a caridade e amizade. Mas de uma forma ou de outra a passagem do Cristo pela
Igreja Católica. A “cristandade”, nunca primou pela a homogeneidade e por isso no decorrer
dos séculos Jesus tenha adquirido representações diversas. Quanto à Igreja nos seus primeiros
séculos, Jesus era quase sempre representado num trono, com uma esfera que simboliza o
Era o chamado Pantocrator, a palavra grega para “Senhor de todas as coisas”. Sob
forte influência da filosofia helênica, o que se acentuava aí não era a dimensão
humana de Jesus, mas, ao contrário, a sua majestade – a garantia de que o mundo
seria regido por uma ordem eterna superior. (BOSCOV, 2002: 90)
obscuros da história da humanidade. Mas o que surgiu dele, nos séculos XII a XIV, é um
outro Jesus (o cristo humano). É dessa época que vem o cristo crucificado, é a crença em
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cristo pelos seguimentos dos mais relevantes para a história do cristianismo. Também foi o
cristãos perseguidos, no início dos tempos, teve forte influência nos mais diversos segmentos
da sociedade antiga. Mas que até hoje tem forte influência sobre nossa cultura. Isso significa
cristianismo tem mostrado uma resistência espetacular, e recompõe a cada revés ou ataque.
julgam superior aos que tem e os que têm fé olham para os descrentes com pena. O
duas correntes. Uma busca em razões exteriores, freqüentemente de cunho utilitarista. Outra
pela participação nos mesmos sacramentos. Segundo a antiga tradição, a Igreja é chamada de
sociedade, quer dizer, associação moral e segura de muitos fiéis, para realizarem uma
finalidade pela ação comum. A Igreja também pode ser definida como sociedade perfeita,
querendo dizer que ela basta a se mesma. É denominada também de sobrenatural1, porque a
origem vem de Cristo, filho de Deus, e o fim são a salvação eterna independente de raça,
cultura e poder. A Igreja é santa e pecadora, é a salvação ou pode ser a condenação. A Igreja
surge com Jesus Cristo. Se não fosse o nascimento de Cristo, a Igreja não existiria porque
seguia Jesus não magotes de divindades. Sendo assim a pregação de Jesus só existiu para os
judeus. Assim seus discípulos fundaram a Igreja católica apostólica Romana. Jesus não
fundou a Igreja, mas deu possibilidades aos homens de continuar a sua obra.
cristãos. Ex: o Islamismo é uma religião, não acredita em Jesus, mas forma uma Igreja e de
seus feitos, é fonte de atividade e vida, incentivo e interpretação, para enfrentar desafios
novos.
1
Sobrenatural – tudo aquilo que a ciência não explica.
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próximo (Israel, Egito e a Síria). O primeiro período da Igreja foi chamado de tempo
apostólico, pois os doze apóstolos juntos com São Paulo testemunham à passagem de Cristo,
Segundo Arus (1981: 147) “Só no século IV, surgiu o primeiro senado universal,
Mas antes dele, aparecem grandes escritores no oriente. Entre eles, Clemente de
Alexandria, que tenta a síntese entre a cultura grega e o cristianismo, elaborando uma
escritores, tanto do oriente quanto do ocidente. Nesse período surgiu à verdadeira literatura
Os fatos que mais influenciaram a história deste período e no nosso, são os sete
primeiro concílios ecumênicos. Nesse mesmo período ocorreu a maior revolução da história
2
Apócrifo – sem autenticidade (sem fundamentação teórica)
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da antiguidade, chamada invasão dos bárbaros: o encontro dos povos de cultura primitiva, os
histórica, tudo indica que a pregação do nazareno provavelmente não durou um ano inteiro, e
profetas não eram homens raros naqueles tempos. Os milagres, exorcismo, profecias e
ensinamentos que não se tratasse de multidões. Segundo Boscov (2002: 16) “Sinal disso é
que, só alguns dias após sua entrada em Jerusalém para celebrar a Páscoa, Jesus foi preso,
punha em alerta máximo com a cidade repleta de gente inflamada por festival religioso, era
uma oportunidade quase certeira para rebeliões contra Roma. Se Jesus tivesse provocado tão
grande comoção, a reação teria sido imediata. De acordo com Boscov (2002:17)
religião”.
Cabe lembrar que, no tempo de Jesus, só os Judeus acreditavam num único Deus.
Todo o restante da antiguidade seguia várias divindades, pode-se presumir, portanto, que a
pregação de Jesus só se dirigia aos judeus, e só interessaria a eles. Mas, durante o tempo que
peregrinou pela Palestina, Jesus teve oportunidade de se indispor com todo poder político e
religioso que houvesse ali. E de acordo com os escritos nos Evangelhos por: Marcos, Lucas e
Mateus, que são julgados as mais fiéis fontes sobre a obra de Jesus -, o Nazareno nunca pediu
fidelidade a si nem deu sinal de que pretendia fundar uma Igreja. Deixou claro que, para
Deus, escolhidos e a salvação pertenceria a toda que se arrependessem de seus pegados e que
amassem não só o próximo, mas também seus inimigos. Cristo pregava mais do que religião,
o seu intento parecia ser o de formar uma comunidade diferente das existentes na época, com
direitos iguais para todos (homens, mulheres, escravos, libertos, negros, pobres e ricos).
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Nos primórdios dos tempos, no início o cristianismo sofreu muito até deixar ser
uma seita judaica dissidente e se tornar à religião oficial do Império Romano. No segundo
milênio, imersos nas trevas da Idade Média, o período da Idade Média foi um período de
critica a Igreja. Os cristãos mandaram seus guerreiros às cruzadas com a missão de combater
em nome de cristo os infiéis, muçulmanos, na época, Cardoso afirma (1990:170) “que eram
filosofia”. Entendiam também de coisas mais prosaicas, mas muito úteis naquele tempo, como
a fabricação de aço mais resistente para as espadas da Guerra Santa. Mais tarde o cristianismo
sanguinárias e corruptas baseadas no direito divino dos reis. O ramos mais vigoroso do
cristianismo, o católico , pode reivindicar como milagre o fato de ter sobrevivido a um grupo
de Papas dissoluto, assassinos e gananciosos que reinaram durante muito tempo. Segundo
resistiram a impactos tão brutais que justifica seus seguidores acreditarem na natureza divina
de seus alicerces”.
Dos séculos XIII ao XVIII são caracterizados pela dissolução do mundo cristão e
ocidental, tempo da Igreja sem fronteiras, tempo em que a Igreja mandava, fazia justiça ou
seriam as soluções únicas para a ordem do mundo. Na época, pelo fervor e generosidade, a
Igreja podia se estender para outros continentes que não fosse o europeu. Os padres jesuítas e
um exemplo dessa extensão. Mas faltaram aos centros de decisões a visão histórica, a
generosidade e a abertura para com os costumes e história rica dos povos conquistados.
É nesse período que a América Latina e o Brasil entraram na história sem poder
assumi-la pelos seus próprios povos e pelas suas virtualidades. Mesmo assim, houve grandes
efeitos de generosidade entre os missionários e leigos, com tentativas de criar novo tipo de
civilização. Mais pacífica e que aceitasse o cristianismo católico com sua única religião com
No período que vai do século XVIII a XX. A Igreja, que estava preparada pela
época anterior, à Revolução Francesa, levou a humanidade a uma espécie de estaca zero. A
surgimento das Igrejas Protestantes. Surgem então várias Igrejas e outras seitas. Iniciando
O papado é a grande luz da Igreja e da histórica. Desde Leão XIII (fim do século
XIX) até João Paulo II (início do século XXI), podemos dizer que eles não são apenas a alma
mas também com outros grupos e classes sociais e com a sociedade global.
1.3 A Religião
tem o poder, o amor e a dignidade do imaginário. Para melhor explicá-la devemos voltar onde
imaginário, ela é filha da fraternidade que une o povo; para a sociedade moderna que convive
com artifícios de adaptações física, criando e readaptando a cultura e, com ela redes
tradições culturais dos gregos e dos romanos. Com estes símbolos vieram visões de mundo
Segundo Alves (1981:37) “Não existe religião que seja falsa. Todas elas
centro da sociedade mais antiga. Elas podem transformar, mas nunca desaparecerá. “Os
velhos deuses já estão avançados em anos ou já morreram, e outros ainda não nasceram”.
Entretanto “um dia virá quando nossas sociedades conhecerão de novo àquelas
horas de efervescência criativa, nas quais idéias novas aparecem e novas fórmulas são
encontradas que servirão, por um pouco como um guia para a humanidade...” ALVES (1981:
44).
protesto contra o sofrimento real. Suspiro da criatura oprimida, coração de um mundo sem
coração, espírito de uma situação sem espírito: a religião é ópio do povo”. (BOSCOV apud
Diante do que foi dito a respeito da religião, cabe nos concluirmos que a religião é
uma necessidade dos seres humanos, é o desejo de explicar algo inexplicado, é também uma
semelhanças entre a religião dos antigos gregos e a dos romanos. E para se conhecer está
última, bastará relembrar o que já foi dito em relação às crenças, ritos, sacrifícios, mitos e
cultos. Os cultos variam muito conforme a cultura de cada povo. Tanto nos cultos cristãos
quanto nos cultos mulçumanos ou islâmicos, a variação de Igreja e de culto e religião varia
islamismo (religião fundada por Maomé e seguida pelos mulçumanos)). Essa obra é um
emaranhado de histórias, ensinamentos, poesias, orações, fábulas e mitos. A bíblia foi escrita
por várias tribos, é como se fosse uma revista universitária, constituída por vários artigos, de
livros considerados “Sagrados”, pela filosofia religiosa. Milhões de pessoas acreditam que os
escritos da Bíblia foram inspirados por Deus. E segundo Ferens (2005: 72). “Tudo isso seria
apenas prosaico3 se não fossem as terríveis conseqüências que essa crença tem trazido para a
humanidade”. Como exemplo podemos citar as crueldades cometidas pela Igreja católica na
de enganos e erros terríveis, mas também geram intolerância com relação às outras crenças
religiosas de outras culturas. Esses ensinamentos passam à idéia de que Deus tem prioridade,
manifestam uma preferência dolorosa, injusta e cruel para com as raças, um país ou religião.
Nisso a fé manifestada através dos livros bíblicos não são nem parecida com os ensinamentos
de Jesus que parecia não discriminar a ninguém, pois Jesus falava de um amor incondicional.
meio de justificar ideologias de dominação desculpa e motivo para as mais cruéis e sangrentas
guerras que já aconteceram no ocidente, desde a Idade Média. E até hoje alguns grupos de
inocentes.
3
Prosaico – vulgar (relativo a prosa)
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crescer como ser humano e filho de Deus, pois leva a uma fé infantil e conduz a humanidade a
Segundo Ferreira Jr. (2005: 5) “Os autores da Bíblia não pretendiam ensinar
Geografia, História, Física, Matemática etc. Eles pretendiam ensinar ao homem como se
relacionar com Deus e com outros homens e até como se relacionar com o mundo também”.
A Igreja Católica acredita na revelação bíblica, mas Deus continua sendo revelado de muitas
do fundamentalismo e usou atos de extrema crueldade muito parecidos ou até piores do que os
Apesar dos pesares e apesar dos desmandos cometidos pela Igreja Católica, no
passado. Ela é segundo Braga (2004: 81) “a Igreja fundada pelos apóstolos de Cristo em
Oriente), dando origem à Igreja Ortodoxa – “O grande cisma” – abalou o mundo cristão,
entretanto não levou muito tempo a Igreja Ortodoxia subdividiu-se em alguns países, mas
todos as novas denominações não geraram conflitos com a Igreja de Roma que manteve a fé
protestantes são exemplos disso. Fundaram outras religiões, mas ainda professa a fé cristã e
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políticas e culturais de uma sociedade. Esta nova crença pelo que parece conseguiu abalar
profundamente a estrutura da Igreja Católica Apostólica Romana, a ponto do Papa João Paulo
II vir a público pedir perdão pelos erros que o catolicismo cometeu no passado.
enfrentou dificuldade em manter uma unidade”, teve que se desdobrar para conseguir manter
manter unidos. A reforma protestante provocou divisão do mundo cristão, no início do século
XVI. A Igreja católica romana estava deteorizada por erros de toda a sorte. Então Martinho
Lutero (monge alemão) começou a pregar mudanças internas. Além de não ser ouvido, foi
Igreja como instituição do clero; ele defendia também uma reviravolta na doutrina. Em vez de
pregar a fé e as boas obras como necessários à salvação, ele dizia que apenas a fé bastava aos
expandiram e se subdividiram em várias outras religiões e ainda no século XVI já eram três
Igrejas protestantes.
De acordo com Mengozzi (2005: 61) “Os santos nunca foram tão cultuados –
mesmo por aqueles que professam outras religiões. Eles saíram dos altares das Igrejas e dos
oratórios das casas do interior para os grandes centros urbanos brasileiros”. Estão em
grife, em biografias publicadas por editoras laicas4. Mártires de uma causa, exemplos de vida
e heróis da fé, os santos cristãos nunca foram tão cultuados – mesmo por aqueles que
professem outra religião ou não seguem credo algum. “Os Santos estão na moda, viraram
moda, a devoção nem sempre está ligada à religiosidade”. (MENEZES, 2002: 8).
Os Santos Católicos são venerados por diversas razões. Para muitos, são
intermediários para falar com Deus. No passado, foram pessoas comuns, com fraquezas e
defeitos, porém virtuosas e de boa conduta. Devido à própria trajetória, acabaram associados
pela crença popular a alguma causa ou necessidade – dessa maneira, São Expedito atende aos
pedidos urgentes, São Judas Tadeu cuida das causas perdidas, Santo Antônio zela pelos
casamentos, São Francisco pelos animais e pelos fracos e desprotegidos e nossa Senhora, a
figura mais forte do catolicismo depois de Jesus Cristo, representação proteção e esperança. A
devoção aos Santos, assim, se espalha até mesmo entre evangélicos, que em tese não
O apelo popular dos Santos leva à adoração até mesmo daqueles que nem sequer
foram canonizados. Apesar de não terem o reconhecimento oficial da Igreja Católica, são
considerados milagreiros e despertam as venerações dos beatos. Ex: São Longuinho que
mesmo não sendo canonizado pela Igreja, quem perde alguma coisa e está em apuros sempre
recorre a ele.
Reconhecido ou não, qualquer Santo pode ser invocado na hora do aperto. Mas
quase todas as pessoas também estão dispostas a festejar, comemorar, dar glórias pelas graças
4
Laica – Leigas (Publicações do clero).
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heranças, favores e lutas constantes, a Igreja pôde acumular entre 20% e 35% de todas as
terras.
Um texto do século VII mostra como a Igreja - assim como os senhores a ela não
ligados - procediam para fazer crescer sua riqueza. O vassalo (ou servo), que assumia essa
organização do clero, que não dava margem ao surgimento de problemas de heranças, que
doações por penitência, à cobrança de tributos feudais e o envolvimento direto nas lutas
territoriais, tudo isso somado fez com que a Igreja se transformasse em detentora da primeira
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riqueza da Idade Média. Soberana das almas, ela também se fez senhora de vasto território e
A expansão das Igrejas protestantes é um dos problemas que nos despertou para o
Segundo Miceli (1994: 21) “Durante os períodos que antecederam Idade Média os
lentamente, a crença dos homens em seus vários deuses também começou a ser abalada”. Pois
único Deus) cresce e torna-se a dona absoluta de tudo: proibia a crença em outros deuses,
tinha poder, ameaçava e amedrontava, todos estavam submissos aos poderes da Igreja. Alguns
imperadores tentaram impor culto a outros deuses, mas fracassaram. Os primeiros cristãos
eram sacrificados, mas nada lhes importava perder o corpo, pois pensavam salvar suas almas.
percebessem que isso poderia ser usado não só para alcançar o paraíso, mas também na
pacífico com os cristãos, começa então por propor a excomunhão para os que não quisesse
pagãos nas cidades, com essa medida o imperador esperava, que com ajuda da religião
poderia expandir seu poder para além da Terra, tornando o caminho perfeito para a religião
destino também eram atribuídos às vontades de Deus. “Todos homens e mulheres deixavam
que suas vidas fossem conduzidas pelos intermediários entre eles e a divindade. E na luta
Diante do contexto percebe-se que a Igreja tinha mais poder que o próprio rei. O
poder dela estava muito além do poder religioso da Terra, estava em todos os seguimentos da
invasões germânicas, a Igreja católica conseguiu manter-se como instituição social mais
organizada. Ela consolidou sua estrutura religiosa e difundiu o cristianismo entre os povos
fragmentação política e das rivalidades internas da nobreza feudal. Conquistou, também, vasta
Europa ocidental, numa época em que a terra era a principal base de riqueza. Assim, pode
A respeito do assunto Franco Jr. (1997: 36) diz: “Sendo a Igreja a única instituição
período, muito de seu poder temporal derivava da fragmentação dos Estados, o prestígio social
do clero estava ligado à sua origem nobiliárquica, sua imensa riqueza assentava-se na posse de
terras e no trabalho dos servos, suas relações com a elite laica5 davam-se através de laços
feudo-vassálicos, a proteção dos bens e pessoas da Igreja era realizada pelos cavaleiros.
A sociedade feudal era ao mesmo tempo uma sociedade clerical6. De fato, a Igreja,
dos homens. Tempo histórico: intervalo entre a Criação e o Juízo Final, tendo como grande
linha divisória à encarnação de Cristo, a partir da qual se passa a contar os anos. Tempo
sociedade agrária, lembravam a onipotência de Deus e deixavam aos homens uma única
litúrgicas, determinando para certos momentos certas formas de agir e de pensar, de trabalhar
ou repousar, de se alimentar ou jejuar. Tempo político: a Paz de Deus fixando onde e quando
se poderia combater. Tempo pessoal: o cristão nascia com o batismo, reproduzia no casamento
5
Sociedade laica - se refere a sociedade leiga ao qual era dominada e ficava sobre o controle eclesiástico sobre o
tempo, as relações sociais e mentais.
6
Controle eclesiástico sobre o tempo, as relações sociais, os valores culturais e mentais.
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– desde que fora dos momentos de abstinência -, morria após a extrema-unção e era enterrado
O que dizia respeito às relações sociais, o papel de Igreja não era menos decisivo. O
caráter do casamento ocidental, diferenciado do de outras sociedades, foi fixado por
ela: monogâmico, indissolúvel, isogâmico7, público8. Conseqüentemente, todas as
relações familiares9 passavam para a alçada da Igreja.
O ano de 313 a.D. representou para a Igreja triunfo e queda. Triunfo pela cessação
da perseguição. Queda porque o preço foi uma aliança com o Estado, cujas
conseqüências são sentidas até hoje. O imperador Constantino, após a vitória sobre
seu adversário na Batalha da Ponte Mílvio, adotou o cristianismo como religião.
Segundo ele, viu antes da batalha um símbolo (chamado de lábaro10) e ouviu uma
voz, que dizia: “com este símbolo vencerás”. Incorporou este símbolo ao seu exército e
venceu a batalha.
ao Império até tornar-se religião oficial. Constantino até hoje é considerado uma figura
vezes em questões eclesiásticas e fundou a cidade de Constantinopla, onde antes era Bizâncio.
Queria criar uma nova Roma. O resultado foi que, no futuro, a existência dessa cidade como
outra sede do Império dividiu esse mesmo Império em dois: o do Oriente (capital
7
Entre não-familiares, estando proibido até o 7º grau de parentesco.
8
A relação homem – mulher deixava de ter caráter pessoal e privado, passando a ter normas controladas pela
sociedade.
9
Adoção, deserção, herança, divórcio, adultério, incesto, etc.
10
Laboro, atividade econômica cujo símbolo foi adotado por Constantino e incorporado ao seu exercito, quando
venceu a batalha da ponte Mílvia, por volta de 313 A.D.
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Alexandria, essa doutrina não considerava Jesus filho de Deus, para ele só existe Deus o Pai.
concílio condenou o arianismo por heresia, mas mesmo perseguido e oficialmente condenado
bárbaros levaram o Império Romano do Oriente a buscar ajuda no Império Ocidente, porém
estabelecia uma situação de precariedade, pois o papa não confiava nos bizantinos, era
confronto entre o Estado e a nova Igreja; por outro lado os bizantinos também não confiavam
nos romanos, que gerava uma situação conflituosa entre oriente e ocidente.
Então, a Igreja Católica passou a dominar o cenário religioso, uma vez que a força
absoluta, impunha sua autoridade sobre uma infinidade de deuses que brilhavam aqui e ali.
11
Ao fundar a Igreja Ortodoxa Constantino se consagra o chefe supremo: religioso e militar, numa denominação
de Cesaropapismo, que significava tal como César e Como Papa.
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formas de comportamento na Idade Média. A Igreja também tinha grande poder econômico.
primeiro lugar, porque a maioria das pessoas era católica fervorosa. Depois, porque a Igreja
era rica, dona de vastos feudos”. Muitos de seus bens vinham de doações que nobres
preenchidos por filhos da nobreza, ou seja, a cúpula da Igreja e os nobres pertenciam à mesma
classe dominante, a dos senhores feudais. Ao longo da Idade Média, a Igreja tornou-se a
maior proprietária de terras da Europa, uma vez que, além do recebimento de dízimos, as
envolvimento direto nas lutas territoriais, tudo isso somado fez com que a Igreja se
“estima-se que no século IX ela detinha a maior parte das terras cultiváveis da Europa”.
Para a vitória do cristianismo, a Igreja além de expandir nas cidades, também fez
adeptos nas camadas mais altas e no palácio imperial atraindo ex-generais e
governadores ou homens que haviam exercido cargos de responsabilidades no
Império: a ascensão social de cristãos que passaram a constituir a nova aristocracia
do serviço foi outro fator de importância para a vitória do cristianismo.
Ainda de acordo com Ribeiro (1998: 14), “com a proteção imperial, foi possível a
presença cristã em vários locais”. Com a Igreja adquirindo importância social, alguns de seus
fragmentação política e das rivalidades internas da nobre feudal. Conquistou, também vasta
riqueza material; tornou-se dona da maior parte das propriedades rurais da Europa Ocidental,
numa época em que a terra era a principal base de riqueza. Assim, pode estender seu manto de
Desde seus primeiros tempos, a Igreja recebia donativos dos fiéis, apesar dos
obstáculos colocados pelo Estado. A partir de 321, quando o imperador Constantino autorizou
Durante a Idade Média, a Bíblia foi o livro por excelência, quase todas as
Tudo estava sobre o controle monopolista da Igreja, não se formava ou especializava alguém
a não ser para o aperfeiçoamento para os “ofícios de Deus”. As maiores parte dos monges não
sabiam ler os livros sagrados. A Igreja era a dona da cultura e era Igreja que fornecia
sociedade todo comportamento moral dos indivíduos, como se ela fosse à dona absoluta de
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todas as coisas. Esse poder teve tanta influência que ficou arraigado nas mentes, pelo menos
até o século XVII, nas cidades, nos campos até no século XIX.
A partir do século XII Cristo passou a ser visto como símbolo da paixão, do
sofrimento e do amor. A Igreja passou a ser a orientadora de reis e sacerdotes, exerceu sua
indóceis, batalharam para acabar com a cisma, procurou assegurar a unidade religiosa e reunir
Igreja Católica Romana e Ortodoxa teve que enfrentar problemas com o poderoso império que
se formava, o islã. Nesse período o islão expandiu tanto que conseguiu atingir a Europa,
houve confronto entre cristãos e islâmicos. Houve guerra santa entre cristãos e mulçumanos
domínio dos mulçumanos. Os europeus não admitiam que os lugares sagrados de sua religião
permanecessem sobre o domínio dos mulçumanos. Essa luta que ficou conhecida como
bastante, a compra e venda de produtos deram origem à outra forma de intercâmbio, a troca
mais variadas origens. A Igreja também mudou suas relações, desta vez começa a se
relacionar com os mercadores que também deveria pagar tributos e com obstáculos que era os
altos juros cobrados pelos empréstimos, mas esse problema logo foi controlado.
Os fatos que marcaram a vida da Igreja católica durante o século XIII foram: as
cruzadas: os latinos tomam Constantinopla, construção da catedral de reins, a Magna
Carta, fracasso da V cruzada no Egito, Revolta dos tecelões e prisioneiros em
valenciennes, começo da Inquisição, perda definitiva de Jerusalém, VII cruzada: São
Luiz conquista Damieta, cruzada de Afonso X, o sábio, consta salé, e expulsão dos
Judeus da Inglaterra.
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Os séculos XII e XIII foram difíceis para a Igreja Católica, a luta do concílio
contra o Papa, desacreditou as instituições eclesiásticas, de acordo com Miceli (1994: 64) “aos
olhos dos cristãos e privou a Igreja de seus instrumentos normais de reforma”. Dos séculos de
perspectivas à cristandade.
corpo, revelando-se em meados do século XIV, “quando Luis Baviera não se curvou à
arbitragem do Papa João Paulo XXII na sucessão imperial” RIBEIRO (1998:86). O Conflito
período várias contestações sobre o poder da Igreja e do Papa, vários foram os que afirmavam
que o Estado devia ser governado segundo seus próprios princípios, sem laços com a Igreja
Católica. Ainda de acordo com Ribeiro (1998: 87) “A Igreja era uma instituição espiritual,
sem poder na área temporal (…) a autoridade era patrimônio do Estado, este o único com
declínio populacional (peste negra), greves, revoltas, motins urbanos, queda na produção de
bancário. A peste negra e a fome abalaram a economia rural, a peste negra dizimou 50% da
científico e teve início a guerra dos cem anos para o enfraquecimento da Igreja Católica.
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(…) Sem dívida, a cristandade latina esteve dominada por forte inquietação
espiritual, o que favorecia a idéia de que as desgraças que ocorriam estavam
associadas ao pecado. O deficiente atendimento às necessidades religiosas do povo –
por carência, despreparo ou comportamento pouco pastoral do sacerdote – encontrou
ambiente favorável à ação de pregadores. Apregoavam-se a próxima ruína de Roma
e da Igreja, bem como a vida do anticristo. (MICELLI, 1998: 95)
Para Ferens (2005: 8), “a Igreja Católica talvez seja, se não a mais, uma das mais
organizadas instituições do mundo. Graças a essa organização ela vem se mantendo viva e
atuante desde os primórdios até hoje”. É certo que ela não goza mais do poder político do qual
gozou durante séculos. Pode ser que o inferno já não seja um lugar tão apavorante para os
habitantes do século XXI como era para os do século XIV. Entretanto a “nave” de Pedro
Sem dúvida, um dos dispositivos que ajudam a Igreja Católica a manter-se viva
durante tanto tempo foi a Inquisição12. Um mecanismo muito simples, utilizado e aprovado
por todo o tipo de governante autoritário: elimine os focos de revolta e está eliminada a
revolução. Assim, com a tortura e a morte dos ditos heréticos os pilares do catolicismo foram
resguardados, a custa de muito sangue, é verdade, mas antes o sangue dos heréticos13 do que o
de Cristo.
Uma das execuções na Santa Inquisição que gerou polêmica, foi à morte, em
1431, de Joana Darc, nascida no povoado de Lorena, aos 13 anos, afirmou ouvir vozes divinas
ordenando-lhe que ajudasse a libertar a França. Depois de vencer os Ingleses em Patay, no dia
16 de junho de 1429, no dia seguinte Joana sangrou o rei às pressas. A partir desse momento,
pode-se dizer que a carreira de Joana Darc terminara. Depois de algumas vitórias, em 24 de
12
Inquisição – Antigo tribunal eclesiástico instituído para investigar e punir crimes contra a fé católica.
13
Herético – que continham heresia (contrária ao que foi definido pela igreja em matéria de fé).
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maio, Joana quis sair para tomar um posto borguinhão, e caiu numa emboscada. Tornou-se
Joana foi conduzida ao cemitério Saint-ouem, foi declarada herética pelo tribunal da
praça pública. O caso de Joana Darc foi um dos casos, mais todas as pessoas que praticasse
adultério, fossem acusadas de bruxaria ou não professasse a fé católica era considerado herege
mesma condenava.
Nos diversos países cristãos, nem sempre a fé popular manifestava-se nos termos
pretendidos pela doutrina católica. Havia uma série de crenças e ações, denominadas heresias,
que se chocavam com os dogmas da Igreja. Um famoso exemplo de heresia medieval é a dos
“albigenses14”, que acreditavam em dois deuses: no Deus do Bem, que havia criado as almas,
e Deus do Mal, que os encerrava nos corpos para fazê-los sofrer. Cristo era visto como um
Inquisição, cuja missão era descobrir e julgar os heréticos. Os condenados pelo tribunal eram
14
Abigen – Esse nome deriva da cidade de ALBI, no sul da França, local de onde se propagou a heresia (século
XII). A crença no Deus do Bem e do Mal é inspirada no maniqueísmo de origem persa.
52
mil funcionários.
política.
economia da Idade Média. Entre elas citam-se empobrecimento dos senhores feudais;
No mundo feudal não existiu uma estrutura de poder centralizada. Não existe a
vassálica, onde o vassalo deve fidelidade a seu suserano; o segundo é a influência da Igreja
época, fazendo com que as leis obedecessem aos costumes e à “vontade de Deus”.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A história da Igreja tem sido sempre, desde o seu nascimento até o presente, a
história da Graça de Deus para com o homem. Foi sempre uma História de benevolência,
sobreviver e acumular tanta riqueza a ponto de transformá-la em uma das instituições que
mais acumulou bens materiais. Ela que pregou no passado à pobreza como virtude que
No seu início, o cristianismo era uma seita do meio rural judaico que congregava
uma pequena comunidade reunida em torno dos ensinamentos de Jesus. Seus adeptos estavam
ali mais para ajudar uns aos outros do que em buscar a salvação eterna. O cristianismo cresceu
e se espalhou no mundo empurrado pela força poderosa de sua mensagem. Segundo Cardoso
riqueza, torna-se a toda poderosa, passou a controlar a vida, o espírito e a alma da sociedade
romana.
morreram em nome de Deus, com o surgimento de outras seitas a Igreja criou o tribunal das
inquisições: matou, torturou e nem por isso foi condenada. A fé no cristianismo continuou,
do qual busca explicação científica para o caos vivido pelo povo da época. O
outras seitas protestante, mas ao por em dúvida o poder da igreja, a ciência não conseguiu por
novas religiões.
nome de Jesus Cristo gira uma História de mitos, crenças e esperanças de um povo que
homem.
com a fé cristã, mas apenas momentamente. O cristianismo tem se mostrado muito resistente,
sempre caminharam juntas, mas durante a Idade Média, principalmente entre os séculos XI e
XIV, a Igreja teve períodos de poder e expansão, mas também teve período de decadência,
Esta pesquisa não encerra por aqui, infelizmente devido ao tempo, poderíamos ter
Católica e principalmente no seu período de maior expansão que foi dentro da Idade Média
onde ela sem dúvida foi detentora de todo o poder existente dentro da Europa Ocidental, mas
de qualquer forma esperamos ter contribuído para o esclarecimento deste rico período e
estamos aberto as criticas que possam vir a contribuir para a melhoria deste trabalho.
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religião, a religiosidade e os sistemas religiosos. Bahia, 1993.
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DECLARAÇÃO E AUTORIZAÇÃO
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Eunice Pinheiro de Almeida