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no período FHC
José Goldenberg
Luiz Tadeu Siqueira Prado
Introdução
A crise do sistema
Dessa forma, o chamado “serviço pelo custo” foi deixado para segun-
do plano e ocorreu grande contenção tarifária, visando ao combate à
inflação. A diferença entre a remuneração legal preestabelecida e a real-
mente efetivada foi lançada pelas concessionárias na Contas de Resultado
a Compensar (CRC).
GRÁFICO 1
Taxas Anuais de Remuneração do Setor Elétrico (1974-1987)
13
12
11
Taxa anual
10
9
8
7
6
5
1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987
Ano
GRÁFICO 2
Investimento em Ativo Fixo da Eletrobrás (em milhões de reais de julho de 1999)
3500
3000
Milhões de R$ de jul./99
2500
2000
1500
1000
500
0
1998 1999 2000 2001
GRÁFICO 3
Nível dos Reservatórios da Região Sudeste (1991-2002)
100
90
80
70
Em %
60
50
40
30 “O Sudeste representa 68% da capacidade
de armazenamento de água do Brasil”
20
10
Jul. Jul. Jul. Jul. Jul. Jul. Jul . Jul. Jul. Jul. Jul.
1991 jan.
1992 jan.
1993 jan.
1994 jan.
1995 jan.
1996 jan.
1997 jan.
1998 jan.
1999 jan.
2000 jan.
2001 jan.
2002 jan.
Para evitar esta perspectiva de uma crise elétrica ainda pior, foi im-
plementado, entre 1º de junho de 2001 a 1º de março de 2002, o racio-
namento de energia, com a meta de economizar 20% de energia elétri-
ca. Esse fato obrigou o governo FHC a dar explicações à sociedade
sobre o que estava acontecendo e justificar as perdas e os danos causados
a todos.
A explicação elaborada pela comissão5 nomeada pelo governo mos- 5.Cf. Kelman (2001),
trou claramente que o racionamento não teria acontecido caso as obras “Relatório da Comis-
identificadas nos planos decenais da Eletrobrás tivessem sido executadas e são de Análise do Sis-
tema Hidrotérmico de
as obras programadas não estivessem atrasadas. Ficou evidente que o prin-
Energia Elétrica”.
cipal fator, responsável por quase 2/3 do racionamento, estava ligado à
não implementação de novas usinas. O cumprimento das diretrizes do
Plano Decenal permitiria o armazenamento em maio de 2001 de 73%
no sistema Sudeste-Nordeste, suficiente para evitar o racionamento.
GRÁFICO4
Armazenamento com as Obras do Plano Decenal, Sudeste-Nordeste (maio de 2001)
80
% de armazenamento SE + NE
Não construção de geração adicional
70
Atraso de obras
60 26
Armazenamento inicial
50
40 15
30
20
32
10
0
Conclusões preliminares
180
160
140
120
R$ jul./99
100
80
60
40
20
0
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
Deflator: INPC-DI
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terunidades de Pós-Graduação em Energia – PIPGE-IEE/USP, versão prelimi-
nar, dez., São Paulo.
Resumo
Este artigo aborda a reforma do setor elétrico brasileiro efetuada durante o governo
Fernando Henrique Cardoso. Inicialmente, faz um rápido resumo da organização, do
funcionamento e das dificuldades do setor antes da posse do presidente FHC. Des-
creve as principais linhas da proposta do governo e as críticas e alternativas ao modelo
escolhido. Mostra, ainda, como a opção por uma rápida e profunda reforma do setor
elétrico, calcada em experiências liberais de outros países, provocou uma grande de-
sorganização na sua coordenação e planejamento. Essa situação foi agravada pela po-
lítica econômica do governo, em particular, pela política cambial e pela restrição de
investimentos das estatais. Como conseqüência, deu-se o racionamento de energia, o
aumento de custos para os consumidores e um legado de empresas elétricas endividadas
e dependentes do erário público.
Palavras-chave: Política energética; Reforma do setor elétrico; Planejamento do se-
tor elétrico; Governo FHC.
Abstract
This paper analyzes the reforms that took place in the Brazilian electrical sector
during Fernando Henrique Cardoso’s government. Firstly, it presents a summary of
the organization, functioning and difficulties encountered by the sector prior to his
inauguration. It describes the main governmental proposals and the criticisms and
alternatives to the chosen model. It shows how the option for a rapid and profound
reform of the electricity system, based on liberal experiences in other countries caused
great disruption on coordination and planning. This situation was worsened by the
governmental economic policy, especially by its monetary exchange policy and by
the restriction on investments of the state owned companies.This resulted in a ration-
ing of energy, a heavy rate increase for consumers and a legacy of indebted electrical
companies depending on public money.
Key words: Energy management policy; Reform of the electrical energy system;
Electrical energy planning; FHC government.
José Goldemberg e
Luiz Tadeu Siqueira
Prado pertencem ao
Instituto de Eletrotéc-
nica e Energia (IEE) da
Universidade de São
Paulo, cátedra Lucas
Nogueira Garcez.