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116474-4- Tribunal de
Justiça de São Paulo
(Processo de origem: ação civil pública nº
583.00.2006.167644-1/00 – 37ª Vara Cível Central da
Capital)
Apelante: Cooperativa Habitacional dos Bancários de São
Paulo – BANCOOP
Apelada: Associação dos adquirentes de apartamentos do
Conjunto Residencial Solar de Santana
Parecer da Procuradoria de Justiça de Interesses
Difusos e Coletivos
Colenda Câmara
Eminentes Desembargadores
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“CIVIL E PROCESSUAL. COOPERATIVA
HABITACIONAL. TERMO DE ADESÃO PARA
COMPRA DE IMÓVEL. DESISTÊNCIA. AÇÃO
PRETENDENDO O RESSARCIMENTO DAS
IMPORTÂNCIAS PAGAS. RETENÇÃO SOBRE
PARTE DAS PARCELAS DETERMINADA EM
PERCENTUAL INFERIOR AO PREVISTO
CONTRATUALMENTE. CLÁUSULA ABUSIVA.
SITUAÇÃO PECULIAR. OBRA SEQUER
INICIADA. DESPESAS ADMINISTRATIVAS
IRRELEVANTES. CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR, ARTS. 51, II, 53 E 54. CÓDIGO
CIVIL, ART. 924.
I. A C. 2ª Seção do STJ, em posição adotada por
maioria, admite a possibilidade de resilição do
compromisso de compra e venda por iniciativa do
devedor, se este não mais reúne condições
econômicas para suportar o pagamento das
prestações avençadas com a empresa
vendedora do imóvel (EREsp n. 59.870/SP, rel.
Min. Barros Monteiro, DJU de 09.12.2002).
II. O desfazimento do contrato dá ao comprador o
direito à restituição das parcelas pagas, porém
não em sua integralidade.
III. Caso em que, em face das circunstâncias
peculiares da causa, a retenção determinada
pelo Tribunal a quo se fez em parâmetro
razoável.
IV. Recurso especial não conhecido.”
(REsp 403.189/DF, Rel. Ministro ALDIR
PASSARINHO JUNIOR, QUARTA TURMA,
julgado em 26/05/2003, DJ 01/09/2003 p. 291)
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consumidor cooperado nesta relação, uma vez que apesar
de “cooperado”, não tem nenhuma participação na
condução dos negócios da cooperativa e do
empreendimento relativo à sua unidade habitacional,
conforme se pode constatar pelas correspondências de
fls.97/102, que comprovam que as decisões são todas
tomadas unilateralmente pela BANCOOP, e impostas aos
seus associados, sem prévia aprovação em Assembléia.
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Assembléias, independentemente do número de suas
quotas partes no capital social.
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seus estatutos, o foi de forma a lhe retirar qualquer poder
de efetiva decisão (fls.110).
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da própria Apelante, que ela tomava decisões sobre os
empreendimentos, sem consultar previamente a
Assembléia de cooperados, impondo a estes as suas
deliberações, como o fazem os empresários fornecedores
em geral, no mercado de consumo.
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Alega a BANCOOP, que tal aprovação
prévia seria desnecessária, porque já previsto no contrato
e nos estatutos, a possibilidade de vir a cobrar um valor
final de seus consumidores, além das parcelas
inicialmente estipuladas no contrato.
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Realmente, a título de exemplo, examine-
se a Ata da Assembléia Geral Ordinária, realizada em
24.02.2005 (fls.941/942). Dela se pode verificar uma
aprovação meramente genérica de contas da Diretoria, por
supostos 72 cooperados presentes, relativamente a todos
os 46 empreendimentos (fls.1407/1422).
Realmente, o comparecimento de
supostos 72 cooperados à Assembléia em questão, frente
ao número muitíssimo mais elevado de cooperados (mais
de 4.000 - fls.843), torna evidente que não havia efetiva
participação dos cooperados nas Assembléias, não sendo
estas divulgadas de forma eficiente a mobilizá-los
(fls.1403/1408).
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Assembléia, mas sim decididos pela própria Diretora,
como uma verdadeira empresa.
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Diretoria e Conselho Fiscal restritas a associados (artigos
47 e 56 da Lei nº 5.764/71).
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interesses antagônicos ao dela, não podendo ingressar em
seus quadros, nos termos da lei.
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confusão existente entre a BANCOOP e o mundo político,
pois Ricardo Berzoini informa que iria se dedicar.
Prioritariamente, à sua candidatura a Deputado Federal,
sem se afastar de seu cargo de Diretor da BANCOOP,
tendo sido indicado a tanto, por dezenas de dirigentes
sindicais e de associações de bancários (fls.91).
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Realmente, por meio de tal contrato,
denominado “Termo de adesão e compromisso de
participação”, a BANCOOP, intitulando-se responsável
pela implantação e construção de futuro conjunto
residencial “Solar de Santana”, se compromete a entregar
ao consumidor uma de suas unidades habitacionais,
mediante o pagamento de um preço, dividido em parcelas
(fls.354/355).
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vinculando-as a unidades autônomas a serem construídas,
após comprovarem o preenchimento de uma série de
requisitos legais, perante o Cartório de Registro de Imóveis
competente, os quais visam evitar danos ao consumidor
(art.32, da Lei nº 4.591/64).
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4.V. Quanto ao fato de as unidades
habitacionais já terem sido entregues neste caso aos
consumidores, faltando a regularização de seus títulos de
propriedade, nem por isso se torna desnecessário o
registro da incorporação, e tudo o mais que for necessário,
nos termos da Lei nº 4.591/64, para se garantir aos
consumidores que já pagaram as prestações previstas no
contrato, o recebimento das escrituras definitivas de suas
unidades habitacionais.
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título aquisitivo, no Cartório de Registro de Imóveis, de
forma regular, o que ainda não ocorreu neste caso.
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unidade escolhida/atribuída, considerados ainda os reajustes
previstos no presente Termo”. (fls.362)
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Realmente, permitir-se simplesmente ao
fornecedor, a cobrança de qualquer quantia que entenda
devida, ao final da construção do empreendimento, para
cobrir eventual diferença, por ele unilateralmente
apurada, entre o que foi pago pelo consumidor, de acordo
com o contrato, e o custo final da obra, coloca o adquirente
em posição extremamente vulnerável e insegura, já que o
submete à possibilidade de cobranças infundadas, e
com relação as quais não possui meios de verificação
e controle, já que nem sequer constou de tal cláusula
contratual, os critérios e parâmetros que seriam levados
em consideração, para apuração da diferença a ser
cobrada, ficando, assim, o consumidor, complemente
submetido a cumprir uma decisão unilateral do fornecedor,
como condição para receber a escritura definitiva,
condição esta, aliás, estipulada na cláusula 17ª do mesmo
contrato (fls.362).
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Nesse sentido, verifica-se, neste caso,
que como se já não bastasse ter a BANCOOP cobrado
uma diferença dos consumidores, a título de “apuração
final”, em julho de 2003, quando já era prevista para data
próxima a finalização das obras (fls.98/99), voltou a cobrar
destes mesmos consumidores nova diferença, em março
de 2006, a título de “apuração final” do valor de custo das
obras, esclarecendo que, somente após o seu pagamento,
seria outorgada, a cada um, a escritura definitiva do imóvel
(fls.101/102).
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6. Jurisprudência deste E.Tribunal de Justiça
7. Conclusão
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