Análise Matemática

Aula n.º 4

DICT, Universidade Portucalense

Integração de fracções racionais:
Chama-se fracção racional a uma razão f(x)/g(x), onde f(x) e g(x)
são dois polinómios.
2 x 2  3x
Exemplo: .
x 1
3

Neste exemplo temos um polinómio de grau dois no numerador

e um polinómio de grau 3 no denominador.
O nosso objectivo passa por resolver integrais de fracções
racionais, ou seja, resolver
f ( x)
 g ( x)
dx,

onde f(x) e g(x) são dois polinómios

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O método de resolução deste tipo de integrais passa por
simplificar ao máximo a função racional f(x)/g(x).
Mas como podemos simplificar a função racional f(x)/g(x)?
Se o grau de f(x) for maior ou igual do que o grau de g(x),
devemos fazer a divisão entre os dois polinómios:
f ( x) g ( x)
r ( x) q( x)
f ( x) r ( x)
Da divisão resulta que  q ( x)  .
g ( x) g ( x)
f ( x) r ( x) r ( x)
Logo  g ( x) 
dx  q ( x ) 
g ( x)
dx   q ( x )d x   g ( x)
dx.

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 x 1
Exemplo: Calcule  dx.
x 1
Trata-se dum integral duma função racional que não é imediato.
Como o grau de x – 1 é igual ao grau de x + 1, vamos fazer a
divisão entre os dois polinómios para simplificar a fracção:
x 1 x 1
 x 1 1
2
Portanto,
x 1 2 2 1
 x  1 dx  1  x  1 dx  1dx   x  1 dx  1dx  2 x  1 dx.
Os últimos integrais são imediatos e dão
1
1dx  2 x  1 dx  x  2ln x  1  C, C  .
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Se o grau de f(x) for menor do que o grau de g(x), devemos
decompor a fracção f(x)/g(x) em fracções simples.
Para isso, se
g ( x)  k ( x  a) ...( x  b)   g a ( x)  ...  gb ( x)  ,
 

onde ga(x), …, gb(x) são polinómios que não têm zeros reais.
Então a fracção f(x)/g(x) pode decompor-se do seguinte modo:
f ( x) A1 A B1 B
 
 ...   
 ... 
g ( x) ( x  a) x  a ( x  b) x b
M 1  N1 x M   N x R1  S1 x R  S x
  ...    ...  ,
 g a ( x)   gb ( x) 
 
g a ( x) gb ( x)
onde Ai , B i , M i , N i , Ri , S i , são constantes reais.

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 2
Exemplo 1: Queremos calcular   x  1  x
 1 2
dx.

Como este integral não é imediato, e como o grau do polinómio

que está em numerador é inferior ao grau do polinómio que está
em denominador, temos que decompor esta fracção em fracções
simples.
Para isso, começamos por ver se os factores do denominador
têm zeros reais. Ora,
x  1  0  x  1. Logo -1 é o zero de x + 1.
x 2  1  0  x 2  1. Equação impossível em ℝ.
Deste modo, x + 1 tem zeros reais, mas x2 + 1 não. Então o
numerador da fracção simples de x + 1 vai ser uma constante A e
o numerador da fracção simples de x2 + 1 vai ser Bx + C.

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A decomposição em fracções simples é então dada por:
2 A Bx  C
  2 .
 x  1  x  1 x  1 x  1
2

Ainda temos que determinar A, B e C. Para isso, deve-se:

• Tirar os denominadores da equação, obtendo-se
2  A  x 2  1   Bx  C  x  1.
• Fazer as contas no segundo membro da equação para juntar
os termos com as mesmas potências de x:
2  Ax 2  A  Bx 2  Cx  Bx  C
 2   A  B  x 2   B  C  x  A  C.

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 2   A  B  x2   B  C  x  A  C
 0 x 2  0 x  2   A  B  x 2   B  C  x  A  C.
Pela igualdade de polinómios, para o polinómio do primeiro
membro ser igual ao polinómio do segundo membro, é
necessário que os coeficientes dos termos com o mesmo grau
sejam iguais, ou seja,
0  A  B

0 x  0 x  2   A  B  x   B  C  x  A  C  0  B  C .
2 2

2  A  C

Resolvendo o sistema anterior, obtemos os valores de A, B e C.

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 0  A  B  A  B    B  1
   
 0  B  C  0   A  C   A  C   C  1 .
2  A  C   2  2 A  A  1
   
Conclusão: podemos dizer que:
2 1 x 1
  2 ,
 x  1  x  1 x  1 x  1
2

e assim,
2 1 x 1 1 x 1
  x  1  x2  1 dx   x  1  x2  1 dx   x  1 dx   x 2  1 dx.
Os últimos integrais já São imediatos.

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 1 x 1
 x  1 dx   x 2  1 dx
x 1
 ln x  1   2 dx   2 dx
x 1 x 1
1 2x
 ln x  1   2 dx  arctg  x 
2 x 1
1
 ln x  1  ln x 2  1  arctg  x   C , C 
2

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 x
Exemplo 2: Queremos calcular  2 dx.
x  2x 1
Como este integral não é imediato, e como o grau do polinómio
que está em numerador é inferior ao grau do polinómio que está
em denominador, temos que decompor esta fracção em fracções
simples.
Para isso, temos que ver se o polinómio do denominador tem
zeros reais:
2  2 2
 4  1 1
x  2x 1  0  x 
2

2 1
 x  1  x  1.
x2 + 2x + 1 tem dois zeros reais iguais a -1. Logo:
x 2  2 x  1   x  (1)  x  (1)    x  1 .
2

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Donde, fazendo a decomposição em fracções simples:
x A B
  .
( x  1) 2
x  1 ( x  1) 2

Determinando os valores de A e de B:
x A B
   x  A  x  1  B
( x  1) 2
x  1 ( x  1) 2

 1x  0  Ax  A  B
A 1 A 1
  .
 A  B  0  B  1
Portanto,
x x 1 1
   .
x  2 x  1 ( x  1)
2 2
x  1 ( x  1) 2

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Substituindo no integral, obtêm-se integrais imediatos:
x 1 1
 x 2  2 x  1 dx   x  1  ( x  1)2 dx
1 1
 dx   dx
x 1 ( x  1) 2

 ln x  1   ( x  1) 2 dx
( x  1) 1
 ln x  1  C
1
1
 ln x  1   C, C  .
x 1

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