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FATEC

FACULDADE DE TECNOLOGIA DE
SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

ANÁLISE TÉCNICA VOLTADA PARA O MERCADO DE


AÇÕES

SILVIO BERNARDO DOS SANTOS

SÃO JOSÉ DO RIO PRETO


2006
Santos, Silvio Bernardo dos
Análise Técnica voltada para o Mercado de Ações/ Silvio
Bernardo dos Santos – São José do Rio Preto : [s.n.], 2006.

Trabalho de Conclusão de Curso (Informática – Ênfase Gestão

de Negócios) – Faculdade de Tecnologia de São José do Rio Preto –

FATEC.

Bibliografia: f.48.

1. bolsa de valores. 2. mercado de ações. 3. análise técnica. 4.


análise fundamentalista. I. Silvio Bernardo dos Santos
<silviorp@gmail.com>. II. Faculdade de Tecnologia de São José
do Rio Preto. III. Análise Técnica voltada para o Mercado de
Ações
FATEC
FACULDADE DE TECNOLOGIA
DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

ANÁLISE TÉCNICA VOLTADA PARA O MERCADO DE


AÇÕES

SILVIO BERNARDO DOS SANTOS

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Faculdade de Tecnologia de
São José do Rio Preto - FATEC, para
obtenção do grau de tecnólogo do Curso
de Informática – Ênfase em Gestão de
Negócios, sob orientação do(a)
Prof: M. Sc. Sérgio Paiva

São José do Rio Preto


2006
FATEC
FACULDADE DE TECNOLOGIA
DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

BANCA EXAMINADORA:

Nota Final: _______ ( ) em ___/___/2006

____________________________________________
Prof. (nome completo)

____________________________________________
Prof. (nome completo)

____________________________________________
Prof. (nome completo)

São José do Rio Preto


2006
DEDICATÓRIA

Para TEREZINHA E APARECIDA (in memorium)


AGRADECIMENTOS

À Terezinha Nunes, pela ajuda, pelo incentivo, por eu saber falar inglês, pela
presença fraterna em todas as etapas de minha formação pessoal e profissional;
A Lécio Nunes, pelo apoio, pelas orientações e pelo acolhimento em sua casa;
A meu pai Silvino e sua companheira Neide, pelo suporte e compreensão
durante meus estudos;
À minha namorada Fernanda Brizotti, por todo afeto que tem por mim e por
todos os bons momentos que juntos temos compartilhado;
A Giovani Nunes, companheiro que me ensinou a investir na bolsa, sendo hoje
pra mim, um exemplo a ser seguido;
À Tais Rabachinni, por, juntamente com Giovani, presentear-me com a
ferramenta essencial para minha formação, o computador;
À Francine Nunes, pela paciência nas horas que usava seu computador para
pesquisa;
A meu orientador Sérgio Paiva pelo esforço e dedicação para elaboração deste
trabalho;
A Prof. Hipólito Martins e Prof. Roosevelt por alocar parte de seu tempo para
ajudar na pesquisa deste trabalho;
A Roberval Menezes e Márcio Udo da Dual Consultoria e Sistemas, pelo apoio
e compreensão nas horas em que precisei me ausentar para dedicar-me a esse trabalho;
À Sebastiana, pela ótima comida caseira que preparava antes de eu ir para a
faculdade e pela roupa sempre limpa e cheirosa que vestia (e ainda visto);
À dona Maria pelas rezas que sempre me ajudaram;
À Ana Paula da Faculdade Dom Pedro, que permitiu consultar os livros da
biblioteca;
À minha avó Leocadia e todos familiares que sempre torceram por mim;
À minha irmã Silvana, por baixar o volume do rádio nas horas que estava
estudando;
Aos amigos, professores e funcionários da FATEC Rio Preto
RESUMO

Com o constante aumento de pequenos investidores na Bolsa de Valores de São Paulo


nos últimos tempos, há a necessidade de fornecer noções sobre análise de ações. Desta
forma, este trabalho irá descrever brevemente o funcionamento do “mercado a vista” de
ações e mostrar aspectos elementares relativos a Análise Técnica, enfatizando o uso de
indicadores técnicos. O objetivo principal do trabalho é descrever os principais
rastreadores de tendência e osciladores. Utilizou-se a pesquisa bibliográfica para
angariar informações das características dos indicadores. E uma pesquisa exploratória
para os preços históricos das ações que serão usados para cálculos. Como resultado do
estudo, desenvolveu-se uma planilha que busca ações que estão em níveis de preço
especificado pelo usuário, onde é indicado o número de pregões que se deseja analisar,
o indicador que fará a análise e o período do indicador. Desta forma, concluiu-se que a
Análise Técnica, em geral, pode ser usada para saber identificar o melhor momento para
comprar ou vender uma ação. A eficiência do uso dos indicadores técnicos depende
diretamente do período empregado neles. A análise fundamentalista é usada para
escolher a ação a ser comprada. Já análise técnica é usada para identificar o melhor
momento para comprar ou vender uma ação

PALAVRAS-CHAVE: bolsa de valores, mercado de ações, análise técnica, análise


fundamentalista.
ABSTRACT

Due to the increase of small investors at BOVESPA in these last years, there’s an urge
to provide them some basics stock analysis. In spite of it, this work is firstly going to
describe briefly the way Stock Exchange works and elemental aspects related to
technical analysis, focusing the use of technical indicators. The main target of this work
is describing the oscillators and trend-following characteristics. It has been used
bibliography research in order to get information about the indicators, and exploratory
research was used to get historical prices. As a result, an Excel sheet that searches
stocks whose price levels are according to the end-user specified parameters was
developed. It’s just necessary to inform the number of days and the indicator period. It
has been concluded that Technical Analysis can generally be used to identify the
possible best moments to buy or sell a stock. The efficiency of technical indicators
depends on the period applied to themselves, and this depends on which stock is been
analyzed. Finally, the fundamentalist analysis is generally used to choose the stock
while the technical analysis should be used to identify the best moment to sell or buy a
stock.

KEYWORDS: stock exchange, stock market, technical analysis, fundamentalist


analysis
LISTAS

LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Operação de compra pela Corretora de Valores InvestShop .......................... 14
Figura 2: Livro de Ofertas Contax ON........................................................................... 16

LISTAS DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Fundos e Topos da Brasil Telecom PN (adaptado pelo autor do trabalho)... 21
Gráfico 2: Suporte e Resistência da Copel PNB ............................................................ 22
Gráfico 3: MM3 e MM5 da VALE5 .............................................................................. 30
Gráfico 4: Diferença entre MM3 e MMP3..................................................................... 31
Gráfico 5: Ações Ambev ON com MME9 e MME32 ................................................... 33
Gráfico 6: Divergência positiva e negativa do estocástico............................................. 42

LISTAS DE TABELAS
Tabela 1: Comparação entre as escolhas de análise de ações......................................... 24
Tabela 2: Dados Históricos da Vale PNA (VALE5)...................................................... 29
Tabela 3: Cálculo da Média Móvel Ponderada .............................................................. 31

LISTAS DE ABREVIATURAS
ADX – Average Direction Moment Index
IFR – Índice de Força Relativa
MACD – Moving Average Convergence Divergence
MM – Média Móvel
MME – Média Móvel Exponencial
MMP – Média Móvel Ponderada
ON – Ordinária Nominativa
PN – Preferencial Nominativa
RA – Resistência de Alta
RB – Resistência de Baixa
RSI – Relative Strenght Index
S.A. – Sociedade Anônima
SA – Suporte de Alta
SB – Suporte de Baixa
SFN – Sistema Financeiro Nacional
SUMÁRIO

RESUMO......................................................................................................................... 5
ABSTRACT .................................................................................................................... 6
LISTAS ............................................................................................................................ 7
SUMÁRIO....................................................................................................................... 8
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 9
CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................... 10
1.1 Captação de recursos no mercado financeiro ................................................. 10
1.2 Ação................................................................................................................ 11
1.2.1 Ordinária Nominativa (ON) ................................................................... 11
1.2.2 Preferencial Nominativa (PN) ................................................................ 12
1.3 Bolsa de Valores............................................................................................. 13
1.4 Sociedade Corretora de Valores ..................................................................... 13
1.5 Negociação na Bolsa de Valores .................................................................... 15
1.6 Resultados Financeiros de Ações ................................................................... 16
1.7 Análise de Ações ............................................................................................ 18
1.7.1 Análise Fundamentalista ........................................................................ 18
1.7.2 Análise Técnica ...................................................................................... 19
1.7.3 Suporte e Resistência.............................................................................. 20
1.8 Análise Técnica x Análise Fundamentalista................................................... 23
CAPÍTULO II – METODOLOGIA ........................................................................... 25
2.1 Problema e Hipótese....................................................................................... 25
2.2 Objetivos......................................................................................................... 25
2.3 Tipos de Pesquisa ........................................................................................... 26
2.4 Material e Métodos......................................................................................... 26
CAPÍTULO III – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS .................... 27
3.1 Introdução a indicadores técnicos .................................................................. 27
3.2 Médias Móveis ............................................................................................... 28
3.2.1 Média Móvel Simples (MM).................................................................. 28
3.2.2 Média Móvel Ponderada (MMP)............................................................ 30
3.2.3 Média Móvel Exponencial (MME) ........................................................ 32
3.2.4 Qual tipo de média usar? ........................................................................ 33
3.2.5 Qual período adotar? .............................................................................. 34
3.3 MACD (Moving Average Convergence Divergence) .................................... 35
3.3.1 Sinais de compra do MACD................................................................... 36
3.3.2 Sinais de venda do MACD ..................................................................... 36
3.3.3 Aspectos positivos e negativos ............................................................... 37
3.4 IFR (Índice de Força Relativa) ....................................................................... 38
3.4.1 Definições............................................................................................... 38
3.4.2 Interpretação do IFR............................................................................... 39
3.5 Estocástico (Stochastic).................................................................................. 40
3.5.1 Sinais de compra de venda do estocástico.............................................. 40
CONCLUSÃO............................................................................................................... 43
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 44
ANEXO.......................................................................................................................... 45
9

INTRODUÇÃO

Para elaboração desta pesquisa, o trabalho foi dividido em três partes. No


capítulo I, é tratado o embasamento teórico do trabalho que apresenta os tipos de ações,
descreve o funcionamento de uma negociação no mercado à vista de ações destacando o
papel da bolsa de valores e as sociedades corretoras de valores e mostra os dois tipos de
analise de ações: análise fundamentalista e análise técnica.
No capítulo II, são especificados aspectos relacionados à metodologia aplicada
para desenvolvimento deste trabalho, tais como objetivos, problema e hipóteses,
material e métodos e tipos de pesquisa.
No capítulo III, são apresentados alguns dos osciladores e rastreadores de
tendência mais comumente utilizados na análise técnica. São ressaltadas as
particularidades do uso de médias móveis, MACD, IFR, e estocástico.
Desta forma, concluiu-se que a eficiência do uso dos indicadores técnicos
depende diretamente do período empregado neles, e o período depende da ação em
questão. A análise técnica deve servir como um apoio à decisão e deve ser usada em
conjunto com outros tipos de análise.
10

CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo pretende abordar conceitos elementares relativos ao mercado


acionário. Serão apresentados diferentes tipos de ações e suas características, como é
feita uma negociação no mercado à vista de ações e conceitos sobre análise
fundamentalista e análise técnica voltadas para o mercado acionário.

1.1 Captação de recursos no mercado financeiro

Para o desenvolvimento de uma empresa, é necessário que ela capte recursos


financeiros para investir no seu próprio crescimento. Todavia, é necessária antes de tudo
uma estrutura que viabilize essa transferência entre as pessoas que gastam menos, para
as pessoas que precisam de recursos. Dessa forma, o Sistema Financeiro Nacional é o
conjunto de instituições e instrumentos financeiros que efetua a transferência de
recursos dos doadores finais para os tomadores finais.
Conforme o Guia On Line do Mercado(2006)1, os tomadores finais de recursos
são as pessoas, físicas e jurídicas, que precisam do complemento de poupança de
terceiros para executar seus planos e atividades, e pagam juros pelo capital que
conseguirem. Geralmente gastam mais do que a sua renda em consumo e/ou
investimento. Já os doadores finais de recurso são pessoas que gastam menos do que a
sua renda, e aplicam os recursos de sobra.
As instituições do SFN (Sistema Financeiro Nacional) são as que fazem as
intermediações entre essas pessoas, administrando a oferta dos recursos dos doadores
finais para os tomadores finais.
O Banco de Investimento é uma instituição financeira privada que tem como
objetivo principal prover financiamentos, a médio e longo prazo, para suprimento de
capital fixo ou de funcionamento, mediante a aplicação de recursos próprios ou
captados junto ao público. Esses recursos são feitos principalmente através da emissão
de CDB e RDB e são investidos em empréstimos e financiamentos específicos para
aquisição de bens de capital pelas empresas.

1
Cf. http://www.enfin.com.br/bovac/main.asp
11

Outra forma de captação de recursos é a abertura de capital da empresa onde ela


emitirá ações para o mercado e alguns investidores irão comprar podendo tal empresa
utilizar desses recursos para investir no seu desenvolvimento.

1.2 Ação

De acordo com o Guia On Line do Mercado de Ações (2006), a ação é a


representação da menor parcela em que se divide o capital da companhia. Ela é o título
de propriedade característico da companhia S.A (Sociedade Anônima) que confere ao
seu proprietário o status de sócio, ou acionista.
Sobre ação, Pinheiro (2001) define:
As ações são títulos de participação negociáveis, que representam parte do
capital social de uma sociedade econômica, que confere ao seu possuidor o
direito de participação nos resultados da mesma. Podem ser consideradas
como um certificado ou titulo de propriedade, representativo das partes do
capital social de uma empresa, correspondente ao número de ações que
possui. (p. 111)

As ações são divididas de acordo com os direitos que outorgam a seus


proprietários, podendo ser Ordinárias ou Preferenciais.

1.2.1 Ordinária Nominativa (ON)

Confere ao titular os direitos essenciais do acionista, especialmente participação


nos resultados da companhia (dividendos) e direito de voto em Assembléias de
acionistas. “Nas sociedades por ações, a autoridade máxima é a assembléia dos
acionistas. A ela cabe auferir os direitos e resultados, e cumprir com obrigações
societárias”. (PINHEIRO, 2001, p.115)
Objetivando reforçar a responsabilidade do titular dessa ação nas assembléias,
Mellagi Filho e Ishikawa (2000) acrescentam que nas assembléias gerais dos acionistas
é aprovado o balanço patrimonial e demonstração do resultado do exercício. Nas
assembléias gerais extraordinárias, são tomadas decisões que podem exercer efeito
sobre todos acionistas, tais como: venda de imóvel, aquisição de outra empresa, emissão
de novas ações, etc.
12

No mercado de ações, tanto nas assembléias gerais quanto em assembléias gerais


extraordinárias, cada ação representa um voto sendo que o acionista que possuir mais
que 50% do total de ações ON será o sócio majoritário, que, conseqüentemente, terá
plenas condições para decidir o rumo da organização sem precisar do voto de outros
acionistas.

Pinheiro(2001) ressalta algumas vantagens e desvantagens em possuir ações


ordinárias. As vantagens são que elas não acarretam encargo fixo para a empresa, não
possuem prazo para resgate e aumentam a garantia contra perdas para os credores da
empresa. Por outro lado, a venda de novas ações ordinárias estenderá o direito de voto
ou controle e direitos de participação dos lucros aos novos acionistas e não são
dedutíveis como despesa para o cálculo de imposto de renda.

1.2.2 Preferencial Nominativa (PN)

Ao contrário das ações tipo ON, as preferenciais não dão direito a voto na
assembléia de acionistas. Estas, basicamente, conferem ao titular prioridade na
distribuição de dividendos. Mellagi (2003) afirma que os dividendos pagos às ações
preferenciais devem ser 10% maiores que os atribuídos às ações ordinárias.
Pinheiro (2001) acrescenta que em uma eventual dissolução da empresa, o
acionista da ação preferencial terá prioridade no recebimento de sua parte, sendo o
restante destinado aos outros tipos de ações.
Sanvicente e Mellagi Filho (1998) afirmam que há situações em que as
preferenciais passam a ter direito a voto: 1) quando a empresa ficar por três anos sem
pagar dividendos aos acionistas de ações preferenciais, 2) quando a ação preferencial
for convertida para ordinária, 3) quando previsto no estatuto da empresa. Tais
afirmações são embasadas na Lei 6404/76 em seu artigo 111, atualizada pela Lei
10303/01.
Conforme o Guia on line do Mercado de Ações(2006), é ainda possível
encontrar subclasses de ações, como por exemplo, PNA ou PNB. Com isso, cada
subclasse de ação tem seu respectivo perfil dentro do escopo do seu tipo de ação. Cada
tipo de ação tem basicamente essas características. Toda informação sobre um
determinado tipo de ação estará no estatuto social da organização. Detalhes sobre outras
preferências ou vantagens que sejam atribuídas aos acionistas sem direito a voto, com
13

direito a voto, ou com voto restrito, formas de distribuição de dividendos, são


detalhadas no seu respectivo estatuto.

1.3 Bolsa de Valores

É na Bolsa de Valores onde corretores (intermediários), representando


investidores institucionais e individuais, reúnem-se para realizar compra e venda de
ações em mercado aberto, organizado e auto-regulado. Nela é possível entrar como
sócio numa sociedade por ações, sair da sociedade, negociar através de representantes,
formalizar e legitimar as operações de compra e venda de ações.
No Brasil, tem-se a BOVESPA (Bolsa de Valores de São Paulo). Ela é uma
associação sem fins lucrativos. Objetiva manter local ou sistema de negociação
eletrônica adequada à realização de transações de compra e venda de títulos e valores
mobiliário registrados na CVM (Comissão de Valores Mobiliários), em mercado livre e
aberto, especialmente organizado e fiscalizado pelos seus membros, pela autoridade
monetária e, em especial, pela própria.
A BOVESPA foi constituída pela venda de títulos patrimoniais para as
sociedades corretoras de valores. Atualmente, é o maior centro de negociações com
ações da América Latina.

1.4 Sociedade Corretora de Valores

Efetua as operações de compra e venda de valores mobiliários para seus clientes


ou para outras instituições financeiras, nos sistemas mantidos pela bolsa de valores da
qual é membro. Para adquirir o direito de fazer operações, essa instituição compra um
título patrimonial e depois é admitida como membro dessa bolsa.
Em operações de compra e venda de ações, cada corretora cobra uma corretagem
dependendo da quantidade que estiver sendo negociada.
14

Figura 1: Operação de compra pela Corretora de Valores InvestShop


Fonte: InvestShop, 2006.

A figura 1 mostra uma ordem de compra feita pelo sistema home broker, que
permite operações de compra e venda de ações feitas pela Internet. Trata-se de uma
ordem de compra limitada a R$8,16 de 200.000 ações da Brasil Telecom PN. Nessa
ordem de compra acima, a corretagem será de R$6,90, adicionando-se os emolumentos,
que são calculados conforme for o volume negociado do dia.
A corretagem pode variar de corretora pra corretora e também conforme for o
horário de negociação. Algumas cobram corretagem fixa independentemente da
quantidade negociada.
15

1.5 Negociação na Bolsa de Valores

De acordo com o Guia on line do Mercado de Ações(2006), o pregão é a sessão


em que se efetuam negócios com ativos registrados por meio de sistemas de negociação
eletrônica, tendo-se início às 10:00 até 17:30. No início do pregão, o valor da ação é o
preço de abertura e no final do pregão é preço de fechamento. Desse modo, o preço de
fechamento será o preço de abertura do pregão seguinte.
As negociações ainda se estendem pelo after market2, 17:30 até 19:00. Todavia
as ordens de compra e venda não podem exceder o limite 2% do fechamento da ação do
horário do pregão. Tanto o pregão quanto o after market são realizados apenas nos dias
úteis.
As operações são feitas por intermédio de corretoras de valores. Algumas
corretoras determinam o valor da corretagem conforme o volume da transação. Outras
mantêm um valor fixo. O investidor faz a ordem de compra ou ordem de venda
indicando a quantidade de ações e a corretora executa conforme for e a disponibilidade
do mercado. O livro de ofertas mostra lista dos preços que os investidores estão
dispostos a pagar ou vender uma determinada ação.

2
Preço das ordens de compra e venda pode variar até o limite de 2% em relação às cotações de
fechamento do pregão do horário normal. Negócios não influem nos índices da Bolsa, por ocasião do
fechamento do preço da ação.
16

Figura 2: Livro de Ofertas Contax ON


Fonte: BanifInvest, 2006

A figura 2 é o livro de ofertas da ação ON Contax do dia 04/09/2006. Tanto na


coluna de oferta de venda quanto na coluna de oferta de compra aparecem os códigos da
corretora, a quantidade de ações e o valor da ação. A transação é efetuada quando há um
valor da oferta de compra igual ao valor da oferta da venda. A melhor oferta de compra
é de R$3,19 e a melhor oferta de venda é de R$3,26. O valor da cotação atual
corresponde à última negociação realizada, que foi de R$3,25. Nessa situação, se algum
investidor fizer uma ordem de compra a um valor de R$3,26, a transação será feita, pois
existe uma ordem de venda do mesmo valor. Conseqüentemente a cotação atual da
empresa Contax ON mudará para R$3,26, pois o valor da cotação sempre será o valor
da última negociação.

1.6 Resultados Financeiros de Ações

Os rendimentos de ações podem ser advindos do mercado ou empresa. Os


movimentos de alta ou baixa no valor do preço da ação são o que determina se o
investimento retornará com lucro ou prejuízo. Esses movimentos estão relacionados
17

com as expectativas dos compradores e dos vendedores em relação à organização em


questão, considerando suas perspectivas de geração de resultados financeiros. Conforme
o exemplo do tópico anterior, a cotação da ação, ou valor de mercado, se refere ao
último negócio realizado. As perspectivas de geração de resultados e o valor de mercado
da ação são fatores que fazem variar o preço de um ativo.
Identificar apuradamente quais as perspectivas financeiras da empresa, saber se
o preço de sua ação está abaixo do preço justo são determinantes para conseguir
maximizar o rendimento por meio da valorização da ação. Por outro lado, a
desvalorização da ação causa prejuízo.
Pinheiro(2001) afirma que os Resultados da Companhia são rendimentos
advindos da empresa. São pagos principalmente em forma de dividendos, direitos a
subscrições da ação ou bonificação, assim definidos:
a) Dividendos: distribuição de parcela da empresa paga em espécie ao acionista.
Trata-se da distribuição de lucros aos sócios. É obrigatório o repasse de pelo
menos 25% do lucro anual da empresa para os sócios, adicionado cotas que
serão destinadas às reservas legais ou reservas de contingência. O restante do
lucro pode ser usado para ser reinvestido na empresa.
b) Subscrição: quando a empresa desejar aumentar seu capital social ou obter
recursos para aumentar seu capital de giro ou expandir seu investimento, ela
pode emitir subscrições de suas ações. O Guia on line do Mercado(2006),
informa que a subscrição pode ser restrita a certo grupo de pessoas e pode ser
feita por deliberação dos subscritores em assembléia geral ou por escritura
pública, considerando-se fundadores todos os subscritores. No aumento de
capital por subscrição particular, também é garantido o direito de preferência aos
atuais acionistas, na proporção do número de ações que possuírem.
Gitman(1997), exemplifica como é feito o processo de subscrição de títulos:

A Gigantica Corporation, um banco de investimento regional, realizou a


subscrição de uma nova emissão de ações ordinárias no valor de $50 milhões,
para a Leader Eletronics, fabricante de produtos eletrônicos. Concordou em
comprar as ações por $48 milhões. Já que a Gigantica precisa pagar $48
milhões à Leader pelas ações, deve obter um recebimento líquido de pelo
menos $48 milhões em sua venda. Na verdade, tentará vender as ações pelo
menos $50 milhões, obtendo uma comissão de $2 milhões. Se não puder
levantar os $50 milhões, o banco de investimento perderá a comissão de $2
milhões e possivelmente parte dos $48 milhões gastos inicialmente. (p.486)

c) Bonificação: Segundo Sanvicente e Mellagi Filho(1998), a bonificação ocorre


quando a empresa incorpora as reservas ao capital social, aumentando-se o
18

número de ações. Consequentemente, os acionistas recebem novas ações


proporcionalmente à quantidade que já possuem. Por exemplo: quando há uma
bonificação de 50%, cada acionista receberá gratuitamente uma ação para cada
duas que possuir.

1.7 Análise de Ações

Conhecer a perspectiva de crescimento da organização antes de comprar seu


ativo é fundamental para o sucesso do investimento. Para tanto, existem análises que
podem auxiliar nessa tarefa, tais como a análise fundamentalista.

1.7.1 Análise Fundamentalista

Tendo em vista conhecer o preço justo de uma determinada empresa, a Análise


Fundamentalista estuda essencialmente aspectos micro e macroeconômicos.
De acordo com Pinheiro (2001), este método de análise faz projeção do lucro da
empresa para os próximos exercícios, procura obter informações para saber os
investimentos concluídos pela empresa e também os investimentos a serem realizados,
para ajudar na determinação do preço intrínseco3. Além disso, ela se baseia em três
pontos:
a) Averiguação do histórico de demonstrativos financeiros da empresa
conjuntamente com outras informações que permitam a mais provável
evolução da empresa.
b) Atual situação da economia e estimativas de indicadores econômicos que
terão influências sobre o volume e preço de negociação.
c) Considerar a atual conjuntura política em relação ao grau de confiança do
investidor.
O autor supracitado divide o trabalho de análise em etapas. A primeira delas é o
levantamento de informações acerca da empresa. A pessoa que estiver fazendo a coleta
de dados deverá saber das variáveis que envolvem diretamente o desempenho da
empresa. Esses dados podem ser obtidos por meio de entrevistas com stackholders,

3
Valor avaliado no processo de Análise Fundamentalista (Pinheiro, 2006, p. 124).
19

leitura de relatórios macroeconômicos, relatórios setoriais, relatórios da administração,


demonstrações contábeis publicadas, imprensa especializada e publicações especiais.
Após essa etapa de coleta de dados, torna-se necessário extrair informações
pertinentes à análise. Segundo Pinheiro (2001), essa etapa é chamada de transformação
da informação em idéia. É nesse momento que o conhecimento do analista será crucial
para o sucesso da análise. Ter conhecimento de métodos analíticos, habilidade para
conseguir informações, bom senso, TI, e experiência são ferramentas que auxiliam
nessa etapa. Depois de as informações serem processadas pelo analista, finalmente
resultará em projeções financeiras e as recomendações de compra ou venda do ativo.
A análise fundamentalista resume-se, basicamente, em fazer um levantamento
detalhado das informações da empresa, analisar o balanço e outros relatórios contábeis,
conhecer o estilo de gestão dos controladores, saber das perspectivas do setor que a
empresa se encontra para finalmente identificar seu potencial no mercado. Tudo isso
aliado com elaboração de projeções ajuda a determinar o preço justo da ação, que está
diretamente relacionado à sua capacidade de gerar retorno financeiro.
A análise fundamentalista é geralmente usada para escolher a ação a ser
comprada. Existe outro tipo de análise que ajuda a determinar o melhor momento de
comprar ou vender uma ação. Ela é conhecida como análise técnica.

1.7.2 Análise Técnica

A Análise Técnica estuda essencialmente o histórico do preço e volume


negociado. Ela objetiva analisar como os preços se movimentam não se preocupando do
porque estes se movimentam. Borges(2006)4, justifica:
Mesmo que alguém tenha conhecimento de todos os fatores fundamentais
que afetam o preço de uma mercadoria (clima, greves, decisões políticas,
fatores de demanda, etc), ele ainda assim não terá todos os dados necessários
para compreender a formação dos preços, porque não são estes dados em si
que os afetam, mas sim a maneira pela qual os participantes do mercado a
ele reagem. Todos os fatores que podem influir no preço de um determinado
ativo são descontados pelo mercado no processo contínuo de negociação.

Pinheiro(2001) conceitua a análise técnica como sendo o estudo dos movimentos


passados dos preços e dos volumes de negociação das ações, objetivando fazer
previsões sobre o comportamento futuro dos preços. O autor acrescenta que isso se

4
Cf. http://www.ricardoborges.com/analise_tecnica.htm
20

baseia na tese que os preços de negociações futuras são fortemente dependentes dos
preços das negociações anteriores, sendo possível prever tendências de preços
observando os movimentos passados, ou seja, o principal foco da análise técnica é o
histórico de preços.
O preço da ação é definido pelo mercado. O conjunto de investidores define qual
será o rumo do mercado. Para que um investimento seja bem sucedido é necessário
saber qual será a mentalidade do mercado, qual rumo tomará o preço atual de uma
determinada ação, moeda ou produto financeiro.
Pinheiro(2001) separa a análise técnica em dois tipos: A análise técnica (que usa
principalmente indicadores) e a análise gráfica (ou tradicional). A Análise Técnica
realiza cálculos utilizando o histórico de preços e até o volume, para determinar ou
descobrir situações típicas e previsíveis em tendências. Já a Análise Gráfica, também
conhecida como grafista ou tradicional, se baseia no estudo de figuras formadas pelos
preços como um sinal de reversão ou continuidade de uma tendência. Retas de suporte e
resistência, que são utilizadas para ajudar na projeção de tendência de uma ação.
De acordo com Lopes e Associados(2006)5, antes de conhecer o conceito de
Suporte e Resistência, é necessário assimilar que a tendência de alta resulta de uma
força compradora de maior magnitude. Isso remete à lei de oferta e demanda, pois
quando há mais pessoas querendo comprar, maior será a demanda levando ao aumento
do preço. Do mesmo modo, a tendência de baixa reflete o domínio dos vendedores, ou
seja, mais pessoas querendo vender aumenta a oferta e o preço diminui. Desta forma,
quando se trata de oferta e demanda, há limites estabelecidos pelo mercado que, ao
serem quebrados, ou se tornam suporte ou resistência.

1.7.3 Suporte e Resistência

Antes de entender o conceito de suporte e resistência, é também necessário


reconhecer os topos e fundos. Os topos são os picos de alta no preço da ação. Fundos
são os picos de baixa no preço da ação.

5
Cf. www.ondeinvestirbylopesfilho.com.br
21

Gráfico 1: Fundos e Topos da Brasil Telecom PN (adaptado pelo autor do trabalho)


Fonte: Projeção, 2006

Identificar quais os fundos (menores níveis de preço) e os topos (maiores níveis


de preço) facilita traçar as retas de suporte e resistência. No gráfico 1, os topos estão
dentro dos círculos de cor azul e os fundos se encontram dentro dos círculos de cor
vermelha. Note que, quanto maior for volume no fundo ou topo, maior será o potencial
de inversão.
Pinheiro(2001), julga que as retas de suporte e resistência representam as
principais tendências. O autor supracitado também defende que existem níveis de
cotações em que as altas ou baixas do preço da ação, não são fortes o bastante para
continuação da tendência e, conseqüentemente, há uma reversão do movimento. O autor
define o conceito de suporte e resistência:
Podemos conceituar uma reta de suporte como sendo um nível de cotações
do gráfico a partir do qual o interesse dos compradores supera ao dos
vendedores, o que provoca um repique da cotação e faz com que ela suba
novamente. Uma reta de resistência teria o conceito contrário à do suporte,
ou seja, representa um nível de preços do gráfico em que o interesse do
vendedor supera o comprador, o que provoca uma frenagem das cotações e
sua conseqüente queda. (p. 309)

Segundo Lopes e Associados(2006), os suportes e resistências funcionam como


uma espécie de barreira temporária nas oscilações de preço das ações. A tendência de
alta pode acabar quando a força dos vendedores supera a força dos compradores,
demonstrando assim o conceito de Resistência. Ela aparece no nível de preço em que a
pressão vendedora supera a pressão compradora, interrompendo o movimento de alta. Já
22

o conceito de Suporte aparece quando os compradores se igualam ou prevalecem sobre


os vendedores.
Ainda segundo o autor, o nível de preço em que a pressão compradora supera a
vendedora e há interrupção do movimento de baixa sinaliza o suporte. Já a resistência é
identificada pelo nível de preço em que a pressão vendedora supera a compradora e há
interrupção do movimento de alta.

Gráfico 2: Suporte e Resistência da Copel PNB


Fonte: Lopes, 2006.

O gráfico 2 mostra as resistências de alta (RA) e resistências de baixa (RB)


assim como suportes de alta (SA) como suportes de baixa (SB). Abaixo do gráfico de
cotações, o volume negociado do dia está sendo apresentado com as barras de cor
vermelha. Finalmente temos o Índice de Força Relativa (IFR), cujas características
serão abordadas neste trabalho na Apresentação dos Dados.
Lopes(2006), acrescenta ainda que o momento mais adequado para compra
ocorre quando a linha de preço penetra a linha de resistência de baixo para cima. Já o
sinal de venda acontece quando a linha de preço penetra a linha de suporte de cima para
baixo. Além disso, geralmente há um aumento de volume negociado seguindo um
rompimento de um suporte ou resistência. Quanto mais recente for o suporte ou a
resistência, maior a sua significância.
Os desenhos de um gráfico podem dar boas indicações do mercado. Todavia são,
às vezes, subjetivos por possibilitares mais de uma interpretação. Murphy (apud
CHAVES p.9), diz que a análise gráfica é como uma arte, pois cada analista pode
interpretá-la de maneira diferente. Por esse motivo, o uso de indicadores técnicos são
bastante empregados para complementar a análise gráfica e deixá-la mais objetiva.
23

1.8 Análise Técnica x Análise Fundamentalista

Lopes e Associados(2006) acredita que ambas têm que ser usadas em conjunto,
como a seleção dos ativos feita pela Análise Fundamentalista, e a utilização da Análise
Técnica para decidir o melhor momento de compra ou venda. A Análise
fundamentalista é recomendada para ser usada na escolha dos ativos, tendo seu melhor
aproveitamento em operações de longo prazo.

Pinheiro(2001) diz ser raro encontrar no mercado analistas de investimentos que


utilizam exclusivamente um tipo de análise. Concordando com este autor, Lopes afirma
que, em geral, ambas são usadas simultaneamente e ainda apresenta uma tabela
destacando suas principais diferenças.
24

ITENS FUNDAMENTALISTA TÉCNICA


Idade 30 anos 100 anos
Origem Acadêmica Profissional
Usuário Administradores de fundos Especulador
e investidores de longo
prazo
Pergunta Por quê? Quando?
Análises Econômico-financeira Gráfica/Indicadores
Hipóteses básicas Existe um valor real ou Os preços das ações se
intrínseco que está movimentam em tendências
diretamente correlacionado e existe uma dependência
com o desempenho da significativa entre as
empresa oscilações dos preços que se
sucedem
Objetivos Determinar o preço justo da Determinar a tendência de
ação evolução das cotações no
curto prazo, a fim de se
aproveitar às rápidas
oscilações para auferir
ganhos de capital (vender
ações por um preço superior
de compra)
Tabela 1: Comparação entre as escolhas de análise de ações
Fonte: Pinheiro, 2001.

Tendo suas principais características levantadas, Pinheiro finaliza a discussão


julgando necessário saber ponderar o uso de ambas análises, pois em geral, possuem
características subjetivas muito fortes.
Em suma, esse capítulo mostrou que uma ação é a menor parte de uma
organização e que existem diferentes tipos de ações que auferem ao seu proprietário
benefícios. As ações são negociadas na Bolsa de Valores e as corretoras fazem a
intermediação das operações durante o pregão ou after market. Foi apresentada a
Análise Fundamentalista que se baseia na análise de fatores micro e macroeconômico e
a Análise Técnica que estuda o histórico e volume de preços de ações. Formações de
gráficos podem ter mais de uma interpretação, portanto o uso de indicadores estatísticos
torna a Análise Técnica menos subjetiva.
25

CAPÍTULO II – METODOLOGIA

Neste capítulo, será apresentada a metodologia usada para elaboração deste


trabalho. Primeiramente será mostrado o problema e hipóteses, seguido pelos objetivos
gerais e específicos. Serão também apresentados os tipos de pesquisa e materiais e
métodos utilizados para o desenvolvimento deste trabalho.

2.1 Problema e Hipótese

O crescimento da participação dos investidores pessoa física nos negócios da


Bovespa, vem crescendo a cada ano. Um dos fatores que contribuem para isso é o
sistema home broker, que permite a compra e venda de ações via Internet. Com esse
grande número de investidores iniciantes, torna-se necessário algum esclarecimento
sobre uso de indicadores técnicos, de modo que ajude o investidor decidir qual ação
comprar, vender ou manter.
Conhecendo um pouco das características dos indicadores, o investidor poderá
fazer sua própria análise de compra ou venda de uma ação.

2.2 Objetivos

De modo geral, este trabalho pretende apresentar aspectos elementares relativos


à negociação na Bolsa de Valores de São Paulo, descrevendo como funciona uma
negociação no mercado à vista de ações. Mostrar os diferentes tipos de análise de ativos,
focando a análise de ativos por meio de indicadores técnicos.
Já, de modo específico, objetiva-se descrever as principais características dos
principais osciladores e rastreadores de tendência.
26

2.3 Tipos de Pesquisa

Foi elaborada uma pesquisa bibliográfica para encontrar informações relativas


ao mercado de capitais e sobre os indicadores que serão estudados. Para aplicação dos
indicadores, será necessário ter acesso aos dados histórico das negociações na bolsa.
Assim foi feita, também, uma pesquisa exploratória.

2.4 Material e Métodos

Para exemplificar a aplicação dos indicadores técnicos, será usada planilha


eletrônica e o software gratuito Grafix para geração de gráficos.
A planilha será responsável pela busca de ações que estejam dentro do critério
especificado. Para tanto, a planilha será munida de macros que acessarão arquivos em
formato texto. Nesses arquivos, inicialmente compactados em formato zip, contém as
cotações de um determinado período, e são fornecidas pelo Boletim Diário da Bovespa6.
Dessa forma, será possível, por exemplo, retornar os ativos que estão com IFR9 abaixo
de 30.
O Grafix é um software gratuito que gera gráficos do histórico do preço das
ações. É possível também inserir indicadores técnicos, tais \como, MM, MME, IFR,
MACD, Estocástico, entre outros.
A planilha do Excel irá pesquisar as ações dentro do critério especificado, e
retornará seu código de identificação. Desse modo, as ações serão estudadas no Grafix,
pois se trata de uma ferramenta pronta para análises técnicas.

6
Cf. www.bovespa.com.br/InstDados/Negociacao/boletimBDI.htm
27

CAPÍTULO III – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS

3.1 Introdução a indicadores técnicos

Conforme Stockcharts(2006), um indicador técnico é uma série de pontos que é


obtida pela aplicação de uma fórmula ao valor do preço da ação, sendo que alguns
podem incorporar mais dados, tais como volume, preço máximo, preço mínimo e etc.
Depois de calculada essa série de pontos, os resultados são geralmente traçados no
mesmo gráfico do preço da ação ou em gráficos acima ou abaixo. Isso possibilita que se
faça uma comparação do histórico do preço da ação e também do comportamento do
indicador técnico acima ou no mesmo gráfico do preço da ação. Há dois tipos de
indicadores técnicos: rastreadores de tendência e osciladores.
Os rastreadores de tendência são indicadores que se adequam às ações que
tenham tendências definidas. Uma das principais vantagens desses indicadores é a
habilidade de se manterem no mesmo movimento da tendência. Porém, esse benefício é
anulado quando o preço de uma ação fica variando dentro de uma faixa. Se forem
usados no mercado de capitais, eles poderão emitir muitos sinais falsos. Outro ponto
negativo é que os sinais emitidos pelos rastreadores de tendência em geral tendem ser
atrasados. Quanto maior for o período empregado neles, maior será o atraso.
Osciladores são indicadores que variam ou em relação a uma linha central ou
dentro de um intervalo. Eles podem permanecer em níveis extremos por alguns
períodos, porém isso não permanece por muito tempo. Não importa qual for o período
empregado, seus movimentos sempre estarão limitados a seu intervalo.
Há muitos benefícios em usar os osciladores. Eles podem sinalizar venda ou
compra cedo, ou seja, em momentos realmente propícios. Isso possibilita mais
oportunidades para negócios na bolsa. Esses sinais também podem servir como aviso de
força ou fraqueza de uma tendência. Em mercados de tendência de alta, eles ajudam
identificar se a ação está “supercomprada”, ou seja, o nível de preço está chegando em
um nível acima do esperado pelo mercado. Nas tendências de baixa, eles emitem sinais
em que o preço da ação está “subcomprado”. Porém, tem-se sempre o risco dos sinais
falsos, pois os sinais prospectam alto retorno e, alto retorno financeiro,
consequentemente, é maior o risco.
28

3.2 Médias Móveis

A previsão do preço da ação com cálculos de médias móveis se baseia em um


determinado número de dados recentes do preço da ação. Segundo Borges(2006), ela é
um dos mais versáteis e amplamente utilizados, dentre os indicadores técnicos. Com
base em padrões que se repetem, muitos dos sistemas computadorizados baseiam-se no
comportamento dos preços usando a média móvel para a geração de sinais de compra e
venda.
Considerada um rastreador tendência, tem o nome de média móvel porque, a
medida que cada valor se torna disponível, a previsão é atualizada introduzindo o valor
mais recente e abandonando-se o mais antigo. Há três tipos de média móvel amplamente
usada em análises: Média Móvel Simples, Média Móvel Ponderada e Média Móvel
Exponencial.

3.2.1 Média Móvel Simples (MM)

É equivalente à média aritmética dos últimos n preços de fechamento da ação,


onde n representa o número de períodos que será avaliado. A definição matemática da
média móvel simples se dá por:

R 1
MM n  i 1
n
onde
MM = Média Móvel Simples
n = Número de períodos que será avaliado
R1 = Valor da ação no período n
i = número de ordem de cada um dos períodos mais recentes utilizados
para apurar a média móvel

A seguir será exemplificado o cálculo de uma MM 3 , ou seja, uma média móvel


dos 3 últimos períodos.
29

Tabela 2: Dados Históricos da Vale PNA (VALE5)


Fonte: Grafix, 2006

Primeiramente, a tabela acima fornecerá os dados para o cálculo. Partindo da


primeira coluna à esquerda para a direita temos: data, o preço de abertura, mínimo e
máximo, preço de fechamento, número de negócios, volume em ações e volume em
Reais. Será usado preço de fechamento do dia 05/09/2006 até o dia 08/09/2006.
Portanto, temos:

40,88  41,35  42,19


MM 3   41,47 R$
3

A interpretação se faz da seguinte maneira: a MM 3 do dia 08/09/2006 equivale


R$41,47. Usualmente resultado é traçado juntamente com o preço da ação. O próximo
gráfico mostra a MM 3 e a MM 5 traçadas juntas com o preço da ação.
30

$43,00

$42,00

$41,00
Preço
$40,00 MM3
MM5
$39,00

$38,00

$37,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Gráfico 3: MM3 e MM5 da VALE5


Elaborado pelo autor deste trabalho

Observando o gráfico, enquanto a MM3 está acompanhando mais de perto o


preço da ação, a MM5 ainda em está movimento de alta. É notável que, quanto maior
for o período, maior será a defasagem entre a tendência da ação e o preço real da ação.
Por outro lado, o uso de uma média de curto prazo, ou de menor período, faz com que
os preços de fechamento sejam bem próximos ao valor da ação. A principal vantagem
do uso das médias móveis é que são fáceis de serem calculadas. Entretanto, sua
desvantagem é justamente a que foi mostrada no gráfico. Todos os valores da média são
ponderados igualmente, ou seja, o valor mais antigo tem o mesmo peso que o valor mais
recente.

3.2.2 Média Móvel Ponderada (MMP)

Esse cálculo é semelhante ao da média móvel simples, porém atribui-se pesos


maiores aos preços mais recentes e divide-se o resultado pela soma dos pesos.
31

Tabela 3: Cálculo da Média Móvel Ponderada


Elaborado pelo autor deste trabalho

Conforme se observa na tabela acima, na célula D11, cada ação é ponderada por
sua vez. No exemplo foi considerado um período de três pregões, portanto o valor mais
recente foi multiplicado por três, o segundo por dois e o último por um. O resultado foi
dividido pela soma dos pesos.

R$ 43,00

R$ 42,00

R$ 41,00
Preço
Preço

R$ 40,00 MM
MMP
R$ 39,00

R$ 38,00

R$ 37,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Período

Gráfico 4: Diferença entre MM3 e MMP3


Elaborado pelo autor deste trabalho

O gráfico acima mostra o preço da ação, uma MM3 (média móvel de três
períodos) e uma MMP3 (média móvel ponderada de três períodos). Observa-se que o
traçado da MMP3 é mais sensível aos repiques no preço da ação do que a MM3.
32

3.2.3 Média Móvel Exponencial (MME)

De acordo com Pinheiro(2001), a MME reúne as vantagens das médias simples


e médias ponderadas, apesar de ter seu cálculo mais complexo. Pinto(1997), define a
MME de uma forma simplificada:

Percentual = 2 / ( Período + 1 )
[MME] = [Cotação atual] * Percentual + [MME de ontem] * ( 1 - Percentual )

Pinto(1997) acrescenta que, para viabilizar o acompanhamento de inúmeros


ativos usando esses indicadores, é necessário adquirir ou construir um sistema
automático, que lhe permita a atualizar e visualizar os gráficos dos preços e dos
indicadores técnicos e planejar e decidir sobre o momento mais adequado para realizar
suas operações. Nesse trabalho é utilizado o software gratuito GRAFIX7. Com ele é
possível analisar um ativo usando vários indicadores da análise técnica, inclusive as
médias móveis exponenciais.
Para Pinheiro(2001), as médias podem ser interpretadas como linhas de
resistência nos movimentos de alta e suporte nos movimentos de baixa. Além disso,
quando as cotações se encontram em uma tendência de alta ou baixa, ela ainda pode ser
usada para alertar possível reversão do movimento. Pinheiro(2001), acrescenta:
A análise desse indicador é feita por meio dos sinais apresentados. O sinal de
compra é dado quando a linha de preço cruza a linha da média de baixo para
cima. O sinal de venda é dado quando a linha de preço cruza a linha da
media de cima para baixo. (p. 318)

7
Cf. http://www.grafix2.com/download.htm
33

Gráfico 5: Ações Ambev ON com MME9 e MME32


Fonte: Grafix(2006)

Na gráfico 5, há duas médias móveis exponenciais traçadas. O traçado azul


representa a MME dos últimos 9 pregões e o traçado vermelho é a MME dos últimos 32
pregões. A MME9 pode ser tanto suporte quanto resistência. Isso vai depender do
movimento em que ela estiver inserida.
Observando a figura, o sinal de compra é dado quando a linha azul cruza a linha
vermelha para cima, ficando assim na parte superior. Por outro lado, o sinal de venda é
quando a linha vermelha supera a linha azul.

3.2.4 Qual tipo de média usar?

Prings(apud Nelogica8, 2006), baseado em dados estatísticos do mercado


acionário americano entre 1968 e 1987, mostra maior efetividade das médias aritméticas
sobre as exponenciais. Porém, os critérios utilizados para essa conclusão, fogem do
escopo deste trabalho.
Elder(apud Nelogica, 2006), argumenta que média simples é muito sensível às
variações do mercado, pois seu valor recebe uma influência dupla quando um novo
dado chega. Tratando-se de uma média exponencial, o efeito dos preços antigos

8
Cf. www.nelogica.com.br
34

permanece, mas tem pouca influência quanto mais antiga for. Portanto, o preço mais
recente possui um peso maior e isso faz com que a média reflita de maneira mais
adequada o humor atual do mercado.
Stockcharts(2006)9 defende que a escolha entre a MM e MME irá depender do
perfil do investidor e estilo de gestão de sua carteira. Alguns analistas preferem usar a
MME para períodos curtos para capturar mudanças mais rápidas. Alguns investidores
preferem usar MM de períodos longos que resulta na avaliação do histórico da ação
como um todo. Adicionalmente a isso, o autor defende que o uso de uma média móvel
pode depender do ativo em questão. Ele exemplifica que uma MM50 dias é um bom
rastreador de tendência para identificar os níveis de suporte para o índice NASDAQ, e
que uma MME100 dias pode funcionar satisfatoriamente para Dow Transports.
Portanto, a escolha da média móvel a ser usada dependerá da existência de uma
tendência definida ou de ações que usualmente apresentam tendências de alta e de
baixa. Para análises de longo prazo, o uso de uma média móvel será mais adequada
porque os níveis de preço do passado terão forte influência na tendência como um todo.
Para análises de curto prazo, a média móvel exponencial oferece um atraso menor do
que a média móvel simples. Por isso, a avaliação de períodos curtos pode ser mais
adequada às médias móveis exponenciais.

3.2.5 Qual período adotar?

Segundo Borges(2006), a aplicação com períodos curtos faz com que ocorram
vários cruzamentos entre o preço da ação e o traçado da média. Isso pode ser positivo
ou negativo para o investidor. Em períodos curtos, a média reduz a defasagem em que o
sinal é dado. Porém, um maior número de sinais falsos será gerado devido a
movimentos de curtíssimo prazo em sentido contrário ao da tendência.
Schwager(1948), em entrevista com Dana Galante, afirma que quando a média
aritmética de cinqüenta dias supera a o preço da ação sinaliza a desaceleração no preço
da ação.
Para Borges(2006), a grande proeza está então, na determinação do número de
dias para que uma média móvel seja suficientemente sensível para que os sinais não
sejam muito defasados, mas suficientemente insensível a ponto das correções técnicas
não tirarem o investidor do mercado.

9
Cf. stockcharts.com
35

Sobre a determinação do melhor período de médias, Nelogica(2006) conclui:


Como descobrir então com qual média operar? Trabalhando e utilizando a
técnica de tentativa e erro. Comece, por exemplo, com um período como 22
(aproximadamente o número de pregões em um mês) ou 30 para um gráfico
diário. Varie o valor e veja se a resposta do indicador foi superior ou inferior
do que no teste anterior. O processo é semelhante a sintonizar um rádio com
aqueles antigos sistemas analógicos nos quais era preciso girar um botão.

3.3 MACD (Moving Average Convergence Divergence)

De acordo com Nelogica(2006), o MACD foi desenvolvido por Gerald Appel e


é um dos rastreadores de tendência mais usados. A sigla MACD (Moving Average
Convergence Divergence), significa convergência/divergência de médias móveis. Ele é
composto por três elementos principais:
1. MME26 longa do preço
2. MME12 curta do preço
3. MME9 do MACD (linha de sinalização)
A MME longa do preço se refere ao período maior do que a MME curta,
podendo-se atribuir, por exemplo, uma MME26 e uma MME12. Nesse caso, a média
móvel longa será a MME26 e média móvel curta será a MME12. Com seus elementos
apresentados, é necessário calcular a linha do MACD, cujo resultado é a diferença entre
a MME longa com a MME curta. Essa diferença pode ser positiva ou negativa, portanto
é um rastreador de tendência e também um oscilador. A linha de sinalização (ou sinal)
MACD é a MME9 da linha MACD. Os períodos acima fazem parte do MACD padrão,
porém podem ser alterados.
Para Stockcharts(2006), o MACD mede a diferença entre duas médias móveis
exponenciais. Se o MACD é positivo, significa que a MME12 dias está acima da
MME26. Quando o MACD é negativo, a MME12 está abaixo da MME26. Quando a
linha do MACD é positiva e em movimento de alta, isso significa que a diferença entre
as duas médias móveis vai aumentando. Isso indica que a MME12 aumenta em
velocidade maior do que a MME26. Essa situação é conhecida como bullish, ou seja,
movimento de alta. Em situações que o MACD está negativo em movimento de baixa, a
diferença negativa entre a MME12 e a MME26 estará aumentando. Esta situação é
conhecida como bearish, ou seja, movimento de baixa no preço da ação.
36

3.3.1 Sinais de compra do MACD

Segundo Stockcharts(2006), há três situações em que o MACD sinaliza compra:


a) Divergência Positiva: acontece quando o MACD começa sua trajetória de
alta, mas ao mesmo tempo, a tendência do preço da ação está de baixa.
Nesta situação, há uma onda de alta seguida de uma segunda onda maior
ainda. A divergência positiva é uma das mais incomuns entre as três
sinalizações, porém é a mais confiável.
b) Cruzamento entre MACD e sinal em movimento de alta: ocorre quando o
MACD supera a linha sinal. É uma situação bastante comum de ser
encontrada e também a menos confiável dentre as outras. Por essa razão
ele deve ser sempre usado com outros indicadores técnicos para evitar
sinais falsos.
c) Cruzamento entre MACD e sinal em movimento de alta no eixo zero: é
quando há o cruzamento da linha sinal com o MACD em movimento de
alta próximo a região do eixo das abscissas, ou seja, perto da região em
que ambas as linhas terão valor igual a zero. Esse sinal pode ser usado
para confirmar a divergência positiva, pois indica claramente a mudança
de MACD negativo para positivo. Depois da situação b, esta é a situação
mais comum.

3.3.2 Sinais de venda do MACD

Ainda segundo Stockcharts(2006), há situações que evidenciam movimentos de


baixa no preço da ação. São eles:
a) Divergência Negativa: é quando a ação está em movimento de alta, mas
o MACD está em movimento de baixa. Assim como a divergência
positiva, essa é uma situação menos comum, porém é a mais confiável e,
geralmente pode alertar sobre a proximidade de possível pico no preço
da ação. Para confirmar a existência de uma divergência negativa, deve-
se observar se o indicador teve uma pequena queda e subseqüentemente
uma queda mais acentuada. Outra forma é verificar o cruzamento entre o
MACD e sinal no movimento de baixa. Quando isso acontece, significa
37

que a tendência do indicador de curto prazo está enfraquecendo, e


significa que um último pico foi formado.
b) Cruzamento entre MACD e sinal em movimento de baixa: é um sinal
bastante comum e também menos confiável, devendo ser usado em
conjunto com outros indicadores para evitar sinais falsos de venda. Há
situações em que a ação mantém uma trajetória de alta consistente, de
modo que o MACD sempre acompanha o movimento se mantendo acima
da linha sinal. No final da tendência de alta, acontece esse cruzamento
que anuncia o enfraquecimento da tendência altista. Para se ter maior
segurança, é necessário aplicar um filtro no preço, como por exemplo se
a tendência de baixa do MACD se mantiver por três dias pode ser que
seja um sinal válido.
c) Cruzamento entre MACD e sinal em movimento de baixa no eixo zero: a
interpretação desse cruzamento dependerá dos movimentos precedentes
do MACD. Caso ele seja positivo durante alguns meses com algumas
oscilações, ficando negativo e voltando a ser positivo algumas vezes,
pode ser uma situação de correção de mercado.

3.3.3 Aspectos positivos e negativos

O uso de médias móveis exponenciais torna esse rastreador de tendência bem


próximo do preço real da ação. Aliando isso à análise de convergências e divergências,
o MACD pode ser usado para previsões de mudança de tendência tanto para investidores
que lucram em prazo longo, quanto para especuladores que operam em períodos curtos.
Assim como qualquer outro indicador, o MACD pode ser usado em escala diária,
semanal ou até mensal. O período padrão é MACD(26,12,9), mas em mercados com
maior volatilidade, esse período pede ser ajustado.
Sua principal vantagem pode ser também considerada como uma desvantagem.
O uso de médias móveis acarreta em certo atraso no preço da ação. Além disso, a
identificação de níveis de preço em que a ação está “supercomprada” não é uma
particularidade dele, porque ele continua sua tendência conforme forem os extremos
históricos.
Desde que o MACD foi desenvolvido, vários indicadores foram criados e sendo
descartadas ao longo do tempo. Entretanto, o MACD ainda é reconhecido como um dos
indicadores mais confiáveis. A eficácia dele pode variar dependendo do mercado e da
38

ação em questão e nesses casos, o período das médias pode ser ajustado para melhor
aproveitamento. Assim como todos indicadores, o MACD não é um indicador infalível
e deve ser sempre usado em conjunto com outros indicadores técnicos.

3.4 IFR (Índice de Força Relativa)

De acordo com Pinheiro(2001), o índice de força relativa foi desenvolvido por J.


Welles Wilder Jr, e apresentado em 1978 em seu livro Novos conceitos em sistemas de
análise técnica. A partir daí, tornou-se o mais conhecido e popular dos osciladores. Ele
também é conhecido por RSI (Relative Strength Index).

3.4.1 Definições

Esse indicador é calculado com base na média do incremento ou decremento nos


preços da ação. Para facilitar seu cálculo, divide-se em três fórmulas. Primeiramente,
encontra-se a primeira força relativa (FR), que basicamente é a média das perdas e dos
ganhos no preço da ação.
TG / n
FR1 
TP / n
Onde:
FR1  força relativa do preço, partindo do ponto mais antigo.
TG  total de ganhos: soma dos ganhos do preço da ação.
TP  total de perdas: soma de perdas do preço da ação.

Depois desse ponto de partida, calcula-se as forças relativas balanceadas, cujo


cálculo é menos simples que o índice força do primeiro período. Com base na primeira
FR e as demais, obtêm-se o resultado delimitado entre zero e cem. Caso a força relativa
de algum período for de valor igual a zero, por definição o IFR será igual a cem. Segue-
se a fórmula:

FR p 
( FRn1  n  1)  (TG / n) / n
( FRn1  n  1)  (TP / n) / n
 100 
IFRn  100   
 1  FR 
 p 
39

Onde:
n  é o total de períodos utilizados para o cálculo. Seu criador, Wilder,
recomenda um período de 14 dias. É também bastante comum seu uso com o período de
9 dias.
p  período atual do preço.

3.4.2 Interpretação do IFR

Assim como todo oscilador, o IFR emite sinais de compra e de venda. Segundo
Wilder apud Pinheiro(2001), quando o IFR está acima de 70, a ação está
“supercomprada”, ou seja, ela está saturada no mercado e isto poderá causar queda em
seu preço. Portanto, esse é um sinal de venda. Ainda segundo Wilder, o momento de
compra acontece quando o IFR situa-se abaixo do valor 30.
Conforme Stockcharts(2006), as divergências entre o preço da ação e o IFR são
sinais confiáveis. A divergência positiva ocorre quando o IFR está acima de 70 em
movimento de alta e o preço em um leve movimento de queda. Da mesma forma,
quando o IFR está em movimento de baixa com valor inferior a 30 e o preço da ação
está começando um movimento contrário à essa linha, é um forte sinal de compra. As
divergências positivas e negativas duram por pouco tempo, haja vista que a própria
construção desse indicador corrige essas divergências.
A linha central do IFR se encontra no valor de 50. Quando a linha do IFR se
encontra acima da linha central, significa que os ganhos foram maiores do que as perdas
e, conseqüentemente, há uma possível tendência de alta nesse momento. O momento em
que o IFR estiver abaixo de 50, as perdas no momento são maiores, evidenciando-se,
assim, movimento de baixa.
Conforme visto, o IFR se mostra um indicador que emite sinais fáceis de serem
identificados. Além disso, seu criador propõe um período a ser usado, que é de 14.
Durante a pesquisa de fontes bibliográficas, foram encontradas análises técnicas que
usam o IFR com período 9.
Mesmo emitindo sinais fáceis de serem identificados, recomenda-se o uso desse
indicador em conjunto com outros, de modo que haja uma combinação de sinais e dessa
forma aumentar a confiabilidade da análise.
40

3.5 Estocástico (Stochastic)

Segundo Stockcharts(2006), esse oscilador foi desenvolvido por George Lane na


década de 60. É um indicador que mostra a posição do último preço de fechamento
frente aos anteriores dentro do período indicado. Tendo a variação entre 0 e 100, em
níveis próximos de 100, mostra maior pressão compradora, enquanto distribuições
próximas a 20 mostram maior pressão vendedora.
Seu cálculo advém da seguinte fórmula:
(U  Bn )
%K   100
( An  Bn )
Onde:
U  última cotação
A  cotação mais alta do período
B  cotação mais baixa do período
K  estocástico do período em porcentagem
n  cotação do período

Um %K14, ou seja, um estocástico de período 14 iria usar o fechamento mais


recente, o maior preço do período dentro do período e a cotação mais baixa.
Conseqüentemente, o número de períodos irá variar de acordo com a sensibilidade e o
tipo de sinais desejados. Mesmo assim, o período 14 é amplamente usado para este
indicador. A linha sinal desse indicador corresponde a uma MM3 de %K e também
conhecida como %D.

3.5.1 Sinais de compra de venda do estocástico

Nos momentos em que o indicador se encontra abaixo de 20, considera-se que a


ação está “subcomprada”, ou seja, momento de compra. Quando o estocástico se
encontra próximo a 80, significa que a ação está “supercomprada”, ou seja, sinal de
venda. Todavia, Lane(apud Stockcharts, 2006) diz que o preço de uma ação pode
continuar subindo mesmo quando seu %K estiver próximo de 80. Do mesmo modo, o
preço de uma ação pode prosseguir sua queda quando o seu %K estiver nos níveis de
20.
41

Outro tipo de sinal de compra ou venda é observar os cruzamentos entre o %K e


sua linha sinal de ao MACD. Porém, esses cruzamentos acontecem freqüentemente, ou
seja, a maioria deles são falsos.
Lane (apud Stockcharts, 2006) acredita que os sinais mais confiáveis do que os
cruzamentos são encontrados quando esse oscilador estiver saindo dos níveis de 80 ou
de 20. Quando ele se encontra em movimento de baixa saindo da zona dos 80, significa
que a tendência de alta da ação perdeu força. Da mesma forma, quando esse oscilador
estiver em movimento de alta saindo da zona dos 20, significa que a tendência de baixa
da ação perdeu força, sinalizando-se um sinal de compra dessa ação.
O sinal mais consistente de compra ou venda é também o mais difícil de
acontecer. Trata-se da divergência positiva e divergência negativa entre o preço da ação
e o %K. Em situações que o indicador está nas regiões de decisão (80 ou 20), espera-se
o momento em que o preço da ação se movimente em direção oposta ao do estocástico.
O gráfico abaixo mostra ambas as situações.
42

Gráfico 6: Divergência positiva e negativa do estocástico


Fonte: Stockcharts(2006) adaptado pelo autor deste trabalho

Observa-se no gráfico que o indicador ao entrar na zona de decisão são traçadas


retas nos fundos e topos do indicador e na ação traça-se apenas retas nos topos. Com
isso, é possível reconhecer as divergências.
No caso da divergência positiva, o sentido da reta do preço da ação é oposto ao
sentido da reta do estocástico. Quando o estocástico superar a barreira dos 20 e houver
essa divergência, é um confiável sinal de compra. O mesmo ocorre com a divergência
negativa, com a diferencial de que a barreira estará em 80 e o sinal emitido é o de
venda.
Usualmente aplica-se período 14 em seu cálculo e também período 9, porém ele
pode ser alterado para melhor adaptar-se às características do movimento de uma ação.
Assim como todos os indicadores, este deve ser sempre usado em conjunto com outros.
43

CONCLUSÃO

A análise fundamentalista é usada para conhecer a ação a ser comprada. Já


análise técnica é usada para identificar o melhor momento para comprar ou vender uma
ação.
A eficiência do uso dos indicadores técnicos depende diretamente do período
empregado neles, e o período depende da ação em questão. Por isso, na determinação do
período de uma ação deve-se analisar o histórico do preço da ação e aplicar diferentes
valores para o período e observar se os sinais de compra ou venda serão adequados.
O uso de rastreadores de tendência tem mais aproveitamento em ações que têm
uma tendência definida. Esses indicadores sempre terão um pequeno atraso em relação
ao preço, e esse atraso aumenta proporcionalmente ao período nele aplicado.
Sinais são níveis ou formações gráficas que são observadas no gráfico do preço
da ação juntamente com o indicador. Cada indicador tem seu tipo de sinal, podendo ser
um cruzamento de linhas, divergências, ou faixas específicas. Os osciladores são
indicadores que variam dentro de uma faixa numérica. Por isso, eles geram muitos
sinais de compra e venda. Alguns deles aparecem cedo, ou seja, antes da formação da
tendência, outros sinais aparecem depois que a tendência se formou.
A análise técnica deve servir como um apoio à decisão. Por isso, é sempre
importante ressaltar que ela deve ser usada em conjunto com outras análises, assim
como o volume, padrões de preço e níveis de suporte e resistência devem ser levados
em consideração.
44

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BANIF CORRETORA, Banif Invest, disponível em <www.banifinvest.com.br>,


acesso em 18 agosto 2006.

BORGES, R. Curso de Análise Técnica, disponível em


<www.ricardoborges.com.br/analise_tecnica.htm>, acesso em 16 julho 2006.

BOVESPA, Boletim Diário da BOVESPA, disponível em


<www.bovespa.com.br/InstDados/Negociacao/boletimBDI.htm>, acesso em 18
setembro 2006.

BOVESPA, Guia On line do Mercado, disponível em


<www.enfin.com.br/bovac/main.asp>, acesso em 05 agosto 2006.

CHAVES, D.; Análise Técnica e Fundamentalista: divergências, similaridades e


complementariedades, disponível em <http://www.ead.fea.usp.br/tcc/trabalhos/Artigo-
DanielChaves-2004.pdf>, acesso em 08 setembro 2006.

GITMAN, L. J. Princípios de Administração Financeira, São Paulo: Harbra, 1997.

GRAFIX, Grafix, disponível em <www.grafix2.com/download.htm>, acesso em 05


agosto 2006.

INVESTSHOP.COM, InvestShop, disponível em <www.investshop.com.br>, acesso


em 04 setembro 2006.

LOPES FILHO & ASSOCIADOS, Análise Técnica, disponível em


<www.ondeinvestirbylopesfilho.com.br>, acesso em 10 agosto 2006.

MELLAGI FILHO, A. Curso Básico de Finanças, São Paulo: Atlas, 2003.

MELLAGI FILHO, A. M.; ISHIKAWA, S.; Mercado Financeiro e de Capitais, São


Paulo: Atlas, 2000.

NELOGICA, disponível em <www.nelogica.com.br>, 20 setembro 2006.

PINHEIRO, J. L. Mercado de Capitais: fundamentos e técnicas, São Paulo: ed. Atlas,


2001.

PINTO, P. R. Z. Relatório do Mercado de Ações Brasileiro, disponível em


<www.geocities.com/wallstreet/2500/reports/BRSMR7.htm>, acesso em 15 setembro
2006.

PROJEÇÃO, Projeção, disponível em <www.projecao.com.br>, acesso em 14 agosto


2006.

SANVICENTE, A. Z.; MELLAGI FILHO, A. Mercado de Capitais e Estratégias de


Investimento, São Paulo: Atlas, 1998.

SCHWAGER, J. D.; Stock market wizards: interviews with America's top stock
traders/ by Jack D Schwager, New York: HarperCollins, 1948.
45

ANEXO

Planilha Acoes.xls

A planilha foi desenvolvida ao longo da elaboração deste trabalho.


Ela tem o objetivo de agilizar os cálculos básicos de operação na
comercialização de ações e também manter um histórico de operações
realizadas.
Dentre as principais funcionalidades, destaca-se o cálculo de
indicadores técnicos (MM, MME, IFR e estocástico) assim como a
consulta ao histórico de preços de uma determinada ação.
Antes de usar a planilha é necessário popular o banco de dados. O
histórico de preços encontra-se no site da bovespa (www.bovespa.com.br),
clicando-se em boletim diário de informações (BDI). Na janela seguinte,
clicar no link cotações históricas. Os arquivos com os dados estão
compactados, mas estão em formato texto. Seu layout também é
disponibilizado nesse site.
Escolha o período desejado, baixe o arquivo e o descompacte.
Após, abra a planilha Importacao.xls. Clique no botão “Importar Preços10”,
escolha o arquivo .txt com os dados. Após o término do processo salve a
planilha e feche o excel.

10
Caso o Office for mais antigo que a versão 2003, digite o caminho do .txt na célula N4, pois ao clicar
no botão causarar-se-á um erro por falta de “bibliotecas” recentes.
46

A planilha importação sempre será usada para atualizar o banco de


dados. Ela pode ser reutilizada infinitas vezes, haja visto que ela sempre
exclui todas informações nela contida ao copiar novos arquivos.
Os dados dos cálculos são extraídos do banco de dados do
ACCESS, cuja extensão é .mbd. Esse banco possui apenas uma tabela que
armazena todas informações necessárias para uso da planilha. Ela tem a
seguinte estrutura:

Para transferir os valores do excel para o access, executar os


seguintes procedimentos:
1. abrir o banco de dados que tem a tabela preços
2. clicar no menu arquivo  obter dados externos  importar
3. na opção “arquivos do tipo”, modificar a opção para
Microsoft Excel. Localizar o importacao.xls e clicar em
importar
4. clicar em “mostrar intervalos nomeados” e em seguida, clicar
duas vezes em avançar.
5. escolher a opção “em uma tabela existente” e selecionar a
tabela preços. Em seguida clicar em concluir
47

Caso ocorra algum erro faça todo o processo com a tabela preços
sem nenhum registro. Essa situação pode ocorrer quando se importa datas
que já existem no banco.
Após todo esse processo, abrir a planilha Acoes.xls e selecionar o
banco de dados que tenha os dados atualizados clicando-se no botão
“Banco de Dados”.

Para calcular indicadores, informar o período desejado e clicar no


botão “Detalhar Dados Ação”. Eles serão apresentados automaticamente e,
com o recurso do auto filtro poderá ser feita análises do histórico dos
preços e indicadores da ação.
Os botões “Comprar” e “Vender” são usados para registrar operações
realizadas.
O botão “Pesquisar Ativos” faz uma busca de ações que estejam
dentro do critério especificado ( apenas IFR e estocástico) dentro dos
últimos “n” últimos pregões.

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