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CEARÁ
2011
ANTONIO ERIVALDO BARBOSA MARINHO
CEARÁ
2011
RESUMO
Este trabalho se constitui como um Plano de Ação Educacional a ser realizado na EEFM José
Martins Rodrigues, localizada na cidade de Quixadá – Ceará, com o objetivo investigar as
causas e consequências da indisciplina no contexto escolar. O estudo justifica-se no fato de
que a escola precisa conceber a indisciplina como algo constituído nas relações sociais
institucionais, com implicações para as práticas pedagógicas e para o desenvolvimento dos
adolescentes. Neste sentido a pesquisa foi realizada de um estudo teórico no qual pude contar
com as contribuições de vários estudiosos como: Araújo (1996); Aquino (1996); Bock (1999);
Freire (1997); Guimarães (1996); La Taille (2002); Tedesco (2002) dentre outros. Como sou
Coordenador Escolar na EEFM José Martins Rodrigues, decidi desenvolver meu trabalho
buscando fazer um comparativo entre aquilo que diz os teóricos do assunto e o que percebo
no cotidiano escolar o qual tive como foco o processo interativo ali manifestado. Os
resultados apontam para as implicações das diferentes relações escolares como determinantes
para os comportamentos dos jovens. Verificou-se que a maioria dos professores atribui o
comportamento indisciplinado desta clientela a um desenvolvimento inapropriado delas ou a
condutas inadequadas das famílias e considera a disciplina como pré-requisito da
aprendizagem. Por fim, o estudo fornece elementos que mostram o quanto é necessário que se
desenvolvam pressupostos mais claros e conscientes em relação ao papel da escola, do ensino
e aprendizagem e da disciplina e indisciplina.
INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 0
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1. CONCEPÇÕES RELACIONADAS AO TEMA DA INDISCIPLINA ESCOLAR... 0
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1.1 Conceituando Indisciplina................................................................................................. 0
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1.2 A indisciplina no contexto da minha escolar..................................................................... 0
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1.3 Indisciplina escolar: causas e conseqüências..................................................................... 1
0
1.3.1 Causas relacionadas à família.................................................................................. 1
1
1.3.2 Causas relacionadas ao professor............................................................................ 1
3
1.3.3 Causas relacionadas à escola................................................................................... 1
5
1.3.4 Causas relacionadas ao aluno.................................................................................. 1
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1.4. Indisciplina X Aprendizagem........................................................................................... 1
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2. OBJETIVO, META (S) E AÇÃO (ÕES)......................................................................... 2
1
2.1 Objetivos............................................................................................................................ 2
1
2.2 Meta(s) e Ação(ões)........................................................................................................... 2
1
3. PESSOAS E RECURSOS ................................................................................................ 2
2
3.1 Pessoas............................................................................................................................... 2
2
3.2 Recursos............................................................................................................................. 2
2
4. ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO..................................................................... 2
3
4.1 Mecanismos de Acompanhamento e Avaliação................................................................ 2
3
CONSIDERAÇÕES.............................................................................................................. 2
. 5
REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 2
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INTRODUÇÃO
Sou professor de Língua Portuguesa e atuo há dez anos na rede estadual do Ceará.
Durante os primeiros anos como professor regente na sala de aula pude ter a oportunidade de
vivenciar os mais diversos problemas da docência. O contato com estas dificuldades fez com
que me interessasse pelas questões da escola como um todo. Em 2009, assumi a coordenação
escolar da Escola de Ensino Fundamental e Médio José Martins Rodrigues. Esta escola
possui, atualmente, 20 alunos matriculados no ensino fundamental e 395 alunos matriculados
no ensino médio, nos turnos diurno e noturno. Com uma equipe gestora formada por três
integrantes, diretor e dois coordenadores, a escola possui, em seu quadro, 42 funcionários,
entre professores, pessoal de secretaria, serviços gerais e segurança. A escola funciona em um
prédio com instalações razoáveis, dispondo de 04 salas de aula, 01 laboratório de informática,
sala de leitura e 01 laboratório de ciências.
Enquanto trabalhei exclusivamente como professor, algo que sempre me causou
incômodo foi indisciplina na sala de aula caracterizada pelo desrespeito ao professor, aos
próprios colegas de turma e às regras da escola. Partindo dessas observações me propus
trabalhar esta temática no meu Plano de Ação Educacional.
Conviver com os casos de Indisciplina dentro das escolas é o grande desafio dos
educadores atualmente. O tema é complexo e por isso faz-se necessário realizar um estudo
mais aprofundado para possamos ter um melhor entendimento de sua importância e influência
no ambiente escolar, procurando encontrar caminhos para melhorar o clima e a aprendizagem
dentro e fora da escola.
Partindo dessas reflexões o seguinte trabalho pretende investigar as causas e as
consequências da indisciplina apresentada pelos discentes da E.E.F.M. José Martins
Rodrigues. Dentre as atitudes de indisciplina presentes na referida instituição está o não uso
do uniforme escolar, a preferência por não ficar na sala de aula, desrespeito às normas da
escola, dentre outras ações que no decorrer dessa pesquisa serão citadas.
Considerando que as atitudes de indisciplina são produtos das relações sociais e
variam de grupo para grupo na dependência dos significados que cada grupo atribui a elas, o
Plano de Ação Educacional em questão se pauta pela necessidade de se buscar compreender
os aspectos constitutivos da indisciplina no contexto das relações pedagógicas e também,
propor ações capazes de resolver e/ou amenizar o problema da indisciplina na escola.
Quaisquer outras tentativas de compreensão desse fenômeno de forma desvinculada das
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relações pedagógicas não vão possibilitar o enfrentamento das atividades discentes que os
professores nomeiam como indisciplina e, portanto, não vão gestar possibilidades de se
promover as condições de desenvolvimento escolar dos alunos.
O desenvolvimento do trabalho se deu partindo-se da definição do que seja
indisciplina. A partir dessa definição foi possível abordar o tema sob a ótica da escola, da
família, do professor e do próprio aluno. Encontrei razões à profusão para o tema indisciplina:
causas e consequências, mas alternativas concretas de administração, como sabemos, são
raras. Minha tarefa, então, a partir desse momento passa a ser a de examinar concretamente os
argumentos que sustentam tais hipóteses que explorei ao longo da investigação.
Assim, este trabalho está organizado da seguinte forma: no primeiro capítulo trata
da discussão sobre a definição do conceito de indisciplina sob o ponto de vista de vários
estudiosos do assunto.
Em seguida, procuro fazer a relação entre indisciplina e aprendizagem. Para
confirmar meu pensamento me apoio em teóricos como Vasconcellos (2001), Gadotti (1983)
e Rego (1995).
Depois, apresento as metas, ações, pessoas e recursos, que utilizarei no
desenvolvimento do PAE, assim como, os instrumentos de acompanhamento e avaliação que
usarei durante a execução do plano.
Para concluir, apresento, além das expectativas, as possíveis dificuldades que
poderei enfrentar na consecução do plano. Pretendo, com este trabalho, contribuir para a
superação dos problemas relacionados a indisciplina na E.E.F.M. José Martins Rodrigues.
Portanto, o que quero demonstrar é que nós, gestores, a partir de embasamento teórico sobre o
assunto, poderemos melhor compreender as situações vivenciadas na escola e, com isso,
pensar ações que tenham impactos positivos para a superação da indisciplina no ambiente
escolar.
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Crianças precisam sim aderir a regras (que implicam valores e formas de conduta) e
estas somente podem vir de seus educadores, pais ou professores. Os limites
implicados por estas regras não devem ser apenas interpretados no seu sentido
negativo: o que não pode ser feito ou ultrapassado. Devem também ser entendidos
no seu sentido positivo: o limite situa, dá consciência de posição ocupada dentro de
algum espaço social — a família, a escola, a sociedade como um todo.
interfere não somente nos tipos de interações estabelecidas com os alunos e na definição de
critérios para avaliar seu desempenho na escola, como também no estabelecimento dos
objetivos que se pretende alcançar.
De acordo com Rego (1996, p.18):
uniforme, a não participação nas aulas, ao uso de celulares durante as aulas, às constantes
ausências das salas de aula e, as vezes, à brigas nos corredores durante o intervalo.
Este cenário despertou meu interesse pelo assunto da indisciplina levando-me a
propor um plano de ação, no qual busco desenvolver uma série de ações na tentativa de
minimizar ou senão solucionar este problema vivenciado pela escola.
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Por isso, o autor considera relevante a participação dos pais no processo ensino-
aprendizagem de seus filhos. Ele esclarece que a relação escola/pais é muito importante para o
sucesso de seu aluno/filho. ”Os pais e a escola devem ter princípios muitos próximos para o
benefício do filho/aluno” (TIBA, 1996, p.140).
As causas familiares da indisciplina estão à cabeça. É aí que os alunos adquirem
os modelos de comportamento que exteriorizam nas aulas. Em tempos a pobreza, violência
doméstica e o alcoolismo foram apontados como as principais causas que minavam o
ambiente familiar. Hoje se aponta o dedo também à desagregação dos casais, droga, ausência
de valores, permissividade, demissão dos pais da educação dos filhos, etc. Quase sempre os
alunos com maiores problemas de indisciplina provém de famílias onde estes existem.
A questão da indisciplina, infelizmente é de berço, cabendo somente aos pais e a
família, como primeira escola, o dever de instruir e disciplinar, para que a criança possa ter os
subsídios necessários à uma convivência harmoniosa. Não se pode esperar que ela adquira
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isso na escola, sendo esta, um instrumento de continuidade de cultura, para que se atinja
outras esferas de conhecimento para o aprimoramento da evolução psicológica e social do
educando.
O comodismo que se observa nas famílias em relação à escola e suas
responsabilidades estão levando as crianças e adolescentes de hoje a uma orfandade
traumática, (que reflete, em parte, na indisciplina escolar) pois os filhos precisam mais que
pais provedores, precisam de pais presentes.
A importância da colaboração escola-família é notória, pois, quando as famílias
participam da vida escolar, torna-se mais fácil a integração dos alunos e melhora a qualidade
do processo de ensino- aprendizagem. Estudiosos do assunto nos mostram que o
envolvimento dos pais está positivamente correlacionado com os resultados escolares dos
alunos.
La Taille (2002, p. 36) afirma que “para que a criança saiba aceitar e respeitar os
limites apresentados pelos professores, colegas ou amigos com que convive é preciso que ela
tenha aprendido este tipo de comportamento, desde os primeiros dias de sua vida, em sua
família”. A permissividade exagerada enquanto a criança é pequena, dificulta mais tarde, a
retirada dessas concessões. A coerência na educação de uma criança precisa ser pensada,
planejada por toda família, inclusive junto com a escola, quando for o caso.
Sobre vivência escolar e sociedade, Paulo Freire (1999), nos afirma dizendo: “a
educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”. Para
Zaguri (2006), a família não é somente o berço da cultura e a base da sociedade futura, mas é
também o centro da vida social. Neste sentido, não há como fugir da premissa de que a
família tem grande responsabilidade na formação do caráter da criança como também na sua
formação enquanto pessoa disciplinada, que saiba valorizar o outro, que consiga e tenha
capacidade de conviver com as outras pessoas, na escola, na igreja, com os amigos e colegas e
em qualquer outro ambiente social.
O esforço da família é sem dúvida fundamental para uma criação digna de
reconhecimento em relação à disciplina do filho. A criação em casa vai refletir com certeza
nos outros ambientes sociais no qual a criança irá participar no período de sua infância e
posteriormente ao se tornar adulta. Este esforço implica envolvimento na escola, saber o que o
filho está fazendo, onde foi, que horas retorna e etc. Também requer olhar atento sobre as
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diferentes atitudes da criança, seu comportamento, e, sobretudo sua conduta na escola.
De acordo com Barrozo e Macedo (2010): Para que os pais possam sentir-se
membros participativos da escola, é necessário primeiramente que a conheçam, bem como o
seu funcionamento, às suas funções e o seu trabalho. Para tanto é essencial que se tenha uma
comunicação efetiva (http://revistaescola.abril.com.br/formacao).
Como atesta Bock (1999), “a comunicação é o fator necessário para que os
familiares se envolvam mais e auxiliem mais a escola, caso isso não ocorra passa a prejudicar
toda a dinâmica e a dificultar o ideal de participação democrática dos pais na escola”. O autor
ainda ressalta que “a família renunciou às responsabilidades que anteriormente desempenhava
no âmbito educativo e passou a exigir da escola que ajudasse a ocupar o vazio que nem
sempre tinha capacidade de preencher” (http://revistaescola.abril.com.br/formacao).
Deste modo, na atualidade, as crianças chegam à escola e desenvolvem sua
escolaridade sem o apoio familiar tradicional.
Segundo Tedesco (2002, p.36)
Essa erosão do apoio familiar não se expressa só na falta de tempo para ajudar as
crianças nos trabalhos escolares ou para acompanhar sua trajetória escolar. Num
sentido mais geral e mais profundo, produziu-se uma nova dissolução entre família e
escola, pela qual as crianças chegam à escola com um núcleo básico de
desenvolvimento da personalidade caracterizado seja pela debilidade dos quadros de
referência, seja por quadros de referência que diferem dos que a escola supõe e para
os quais se preparou.
Quando falamos na relação escola X família, logo abre-se espaço para uma
discussão interessante. É claro que na maioria das vezes, há uma defesa de ambas as partes
que tendem a empurrar os problemas que lhes são peculiares, como uma tentativa de fugir das
críticas que lhes serão atribuídas. O fato me parecer ser que o mais provável é que tanto a
escola quanto a família devem estar abertos a mudanças significativas que irão promover o
sucesso e crescimento dos alunos, das crianças.
O professor desempenha o papel de modelo, guia, referência (seja para ser seguido
ou contestado); mas os alunos podem aprender a lidar com o conhecimento também
com os colegas. Uma coisa é o conhecimento “pronto”, sistematizado, outro, bem
diferente, é este conhecimento em movimento, tencionado pelas questões da
existência, sendo montado e desmontado (engenharia conceitual). Aprende-se a
pensar, ou, se quiserem, aprende-se a aprender.
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É consenso que a indisciplina escolar é assunto que está sempre presente nas
instituições de ensino, principalmente, quando, segundo estas o fenômeno passa a afetar
diretamente o processo ensino-aprendizagem. Sendo, por várias vezes, foco principal de
inúmeras reuniões pedagógicas.
Uma pergunta que se pode colocar com legitimidade é esta: mas haverá alunos
que sejam indisciplinados, mal comportados e que aprendem? Ou seja, haverá alunos que
faltam às aulas, que não justificam a impontualidade, que brincam e falam a despropósito, que
desobedecem aos professores, e que aprendem? Nunca os vi, mas aceito que os haja por aí. De
um modo geral tenho constatado que aluno indisciplinado é aluno que não sabe, ou que sabe o
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mínimo, sempre em gestão calculista da sua posição escolar. Também tenho constatado que o
aluno que não quer aprender quanto mais se faz por ele, mais ele nos manda à fava e mais
indisciplinado se torna.
Como se sabe o comportamento do aluno tem várias dimensões de observação, as
mais importantes das quais são: a assiduidade de frequência, a pontualidade, a participação
em aula, o cumprimento dos trabalhos de casa ou de outras tarefas escolares pós-aula, o
cumprimento das regras escolares nos espaços e nos horários escolares. Destas dimensões,
vistas sob o ponto de vista comportamental, aquela que mais de perto se relaciona com as
situações de aprendizagem, é a participação nas aulas, entendendo-se por participação um
verdadeiro envolvimento dos alunos com as atividades pedagógicas realizadas em sala de aula
e/ou fora dela, assim como sua disposição para se integrar à rotina de estudo da escola como
um todo. Diante desta constatação observamos que
... de um lado é preciso uma práxis, uma ação sobre a outra, mas para que o ato
educativo tenha efeito essa ação deve ser separada pela ação do outro. É a dialética
da autoridade e na liberdade, sem essa dialética não há educação. Toda pedagogia
que tentar suprimir um dos pólos cedo ou tarde fracassará. (GADOTTI, 1983,
p.101).
2.1 Objetivos
META AÇÃO
3. PESSOAS E RECURSOS
3.1 Pessoas
Cargo/função Responsabilidade(s)
3.2 Recursos
4. ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO
Acompanhamento/ Avaliação
Ação
(indicadores)
Ao final do ano letivo será elaborado um relatório final com apresentação dos
resultados obtidos, assim como, as falhas que por ventura tenham ocorrido durante a execução
das ações propostas para este ano letivo.
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CONSIDERAÇÕES
REFERÊNCIAS
BOCK, Ana M. Bahia (org). Psicologias: uma introdução ao estudo de Psicologia. 13ª ed.
São Paulo: Saraiva, 1999. Disponível em http://revistaescola.abril.com.br/formacao/. Acesso
em: 18/12/2010.
TIBA, Içami, Disciplina na medida certa. 49 ed., São Paulo, Editora Gente, 1996.