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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

ANTONIO ERIVALDO BARBOSA MARINHO

A INDISCIPLINA NO CONTEXTO ESCOLAR: CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS

CEARÁ
2011
ANTONIO ERIVALDO BARBOSA MARINHO

A INDISCIPLINA NO CONTEXTO ESCOLAR: CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS

Plano de Ação Educacional apresentado ao Centro de


Políticas Públicas e Avaliação da Educação da
Universidade Federal de Juiz de Fora, como requisito
parcial à obtenção do grau especialista em Gestão e
Avaliação da Educação Pública.

Orientação: Equipe de Suporte Acadêmico - CAEd

CEARÁ
2011
RESUMO

Este trabalho se constitui como um Plano de Ação Educacional a ser realizado na EEFM José
Martins Rodrigues, localizada na cidade de Quixadá – Ceará, com o objetivo investigar as
causas e consequências da indisciplina no contexto escolar. O estudo justifica-se no fato de
que a escola precisa conceber a indisciplina como algo constituído nas relações sociais
institucionais, com implicações para as práticas pedagógicas e para o desenvolvimento dos
adolescentes. Neste sentido a pesquisa foi realizada de um estudo teórico no qual pude contar
com as contribuições de vários estudiosos como: Araújo (1996); Aquino (1996); Bock (1999);
Freire (1997); Guimarães (1996); La Taille (2002); Tedesco (2002) dentre outros. Como sou
Coordenador Escolar na EEFM José Martins Rodrigues, decidi desenvolver meu trabalho
buscando fazer um comparativo entre aquilo que diz os teóricos do assunto e o que percebo
no cotidiano escolar o qual tive como foco o processo interativo ali manifestado. Os
resultados apontam para as implicações das diferentes relações escolares como determinantes
para os comportamentos dos jovens. Verificou-se que a maioria dos professores atribui o
comportamento indisciplinado desta clientela a um desenvolvimento inapropriado delas ou a
condutas inadequadas das famílias e considera a disciplina como pré-requisito da
aprendizagem. Por fim, o estudo fornece elementos que mostram o quanto é necessário que se
desenvolvam pressupostos mais claros e conscientes em relação ao papel da escola, do ensino
e aprendizagem e da disciplina e indisciplina.

PALAVRAS-CHAVE: – Escola. Adolescente. Indisciplina. Ensino. Aprendizagem


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 0
5
1. CONCEPÇÕES RELACIONADAS AO TEMA DA INDISCIPLINA ESCOLAR... 0
7
1.1 Conceituando Indisciplina................................................................................................. 0
7
1.2 A indisciplina no contexto da minha escolar..................................................................... 0
9
1.3 Indisciplina escolar: causas e conseqüências..................................................................... 1
0
1.3.1 Causas relacionadas à família.................................................................................. 1
1
1.3.2 Causas relacionadas ao professor............................................................................ 1
3
1.3.3 Causas relacionadas à escola................................................................................... 1
5
1.3.4 Causas relacionadas ao aluno.................................................................................. 1
7
1.4. Indisciplina X Aprendizagem........................................................................................... 1
7
2. OBJETIVO, META (S) E AÇÃO (ÕES)......................................................................... 2
1
2.1 Objetivos............................................................................................................................ 2
1
2.2 Meta(s) e Ação(ões)........................................................................................................... 2
1
3. PESSOAS E RECURSOS ................................................................................................ 2
2
3.1 Pessoas............................................................................................................................... 2
2
3.2 Recursos............................................................................................................................. 2
2
4. ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO..................................................................... 2
3
4.1 Mecanismos de Acompanhamento e Avaliação................................................................ 2
3
CONSIDERAÇÕES.............................................................................................................. 2
. 5
REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 2
7
INTRODUÇÃO

Sou professor de Língua Portuguesa e atuo há dez anos na rede estadual do Ceará.
Durante os primeiros anos como professor regente na sala de aula pude ter a oportunidade de
vivenciar os mais diversos problemas da docência. O contato com estas dificuldades fez com
que me interessasse pelas questões da escola como um todo. Em 2009, assumi a coordenação
escolar da Escola de Ensino Fundamental e Médio José Martins Rodrigues. Esta escola
possui, atualmente, 20 alunos matriculados no ensino fundamental e 395 alunos matriculados
no ensino médio, nos turnos diurno e noturno. Com uma equipe gestora formada por três
integrantes, diretor e dois coordenadores, a escola possui, em seu quadro, 42 funcionários,
entre professores, pessoal de secretaria, serviços gerais e segurança. A escola funciona em um
prédio com instalações razoáveis, dispondo de 04 salas de aula, 01 laboratório de informática,
sala de leitura e 01 laboratório de ciências.
Enquanto trabalhei exclusivamente como professor, algo que sempre me causou
incômodo foi indisciplina na sala de aula caracterizada pelo desrespeito ao professor, aos
próprios colegas de turma e às regras da escola. Partindo dessas observações me propus
trabalhar esta temática no meu Plano de Ação Educacional.
Conviver com os casos de Indisciplina dentro das escolas é o grande desafio dos
educadores atualmente. O tema é complexo e por isso faz-se necessário realizar um estudo
mais aprofundado para possamos ter um melhor entendimento de sua importância e influência
no ambiente escolar, procurando encontrar caminhos para melhorar o clima e a aprendizagem
dentro e fora da escola.
Partindo dessas reflexões o seguinte trabalho pretende investigar as causas e as
consequências da indisciplina apresentada pelos discentes da E.E.F.M. José Martins
Rodrigues. Dentre as atitudes de indisciplina presentes na referida instituição está o não uso
do uniforme escolar, a preferência por não ficar na sala de aula, desrespeito às normas da
escola, dentre outras ações que no decorrer dessa pesquisa serão citadas.
Considerando que as atitudes de indisciplina são produtos das relações sociais e
variam de grupo para grupo na dependência dos significados que cada grupo atribui a elas, o
Plano de Ação Educacional em questão se pauta pela necessidade de se buscar compreender
os aspectos constitutivos da indisciplina no contexto das relações pedagógicas e também,
propor ações capazes de resolver e/ou amenizar o problema da indisciplina na escola.
Quaisquer outras tentativas de compreensão desse fenômeno de forma desvinculada das
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relações pedagógicas não vão possibilitar o enfrentamento das atividades discentes que os
professores nomeiam como indisciplina e, portanto, não vão gestar possibilidades de se
promover as condições de desenvolvimento escolar dos alunos.
O desenvolvimento do trabalho se deu partindo-se da definição do que seja
indisciplina. A partir dessa definição foi possível abordar o tema sob a ótica da escola, da
família, do professor e do próprio aluno. Encontrei razões à profusão para o tema indisciplina:
causas e consequências, mas alternativas concretas de administração, como sabemos, são
raras. Minha tarefa, então, a partir desse momento passa a ser a de examinar concretamente os
argumentos que sustentam tais hipóteses que explorei ao longo da investigação.
Assim, este trabalho está organizado da seguinte forma: no primeiro capítulo trata
da discussão sobre a definição do conceito de indisciplina sob o ponto de vista de vários
estudiosos do assunto.
Em seguida, procuro fazer a relação entre indisciplina e aprendizagem. Para
confirmar meu pensamento me apoio em teóricos como Vasconcellos (2001), Gadotti (1983)
e Rego (1995).
Depois, apresento as metas, ações, pessoas e recursos, que utilizarei no
desenvolvimento do PAE, assim como, os instrumentos de acompanhamento e avaliação que
usarei durante a execução do plano.
Para concluir, apresento, além das expectativas, as possíveis dificuldades que
poderei enfrentar na consecução do plano. Pretendo, com este trabalho, contribuir para a
superação dos problemas relacionados a indisciplina na E.E.F.M. José Martins Rodrigues.
Portanto, o que quero demonstrar é que nós, gestores, a partir de embasamento teórico sobre o
assunto, poderemos melhor compreender as situações vivenciadas na escola e, com isso,
pensar ações que tenham impactos positivos para a superação da indisciplina no ambiente
escolar.

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1. CONCEPÇÕES RELACIONADAS AO TEMA DA INDISCIPLINA ESCOLAR


1.1 Conceituando Indisciplina

O conceito de indisciplina tem sido atrelado à noção de disciplina. A leitura


etimológica elaborada por Garcia (2000, p. 51-52) sugere duas matrizes latinas associadas ao
termo disciplina. De um lado o termo discipulus, originado do verbo capere, que descreve um
indivíduo em situação de aprendizagem, que se apropria de algo que lhe é mostrado. Outra
matriz seria o verbo disco, comumente traduzido por aprender ou tornar-se familiarizado.
Dessa raiz deriva o sentido de disciplina como seguir ou acompanhar. Ainda em Garcia
(2000, p. 52-57) encontramos a idéia que, historicamente, a noção de disciplina vai se atrelar à
noção medieval de castigo e punição, e apenas mais tarde assume o sentido de ramo do
conhecimento. No cenário das tantas mudanças da escola no século XVI, o conceito de
disciplina vai estar fortemente associado à noção de controle sobre a conduta, contando com
diversos aparatos tais como a avaliação educacional. Vemos então que a noção de
indisciplina,como contraposição de disciplina, pode ser associada, por exemplo, aos sentidos
de ausência de conhecimento, ou de conduta contestatória ou divergente dos esquemas de
controle social.
Para Estrela (1992, p. 17) a indisciplina pode ser pensada como negação da
disciplina, ou como "desordem proveniente da quebra das regras estabelecidas pelo grupo".
Segundo Estrela (1995, p. 65) é, sobretudo o professor que produz e comunica normas sociais
que julga necessárias para exercer sua ação pedagógica, e assim prescreve determinadas
posturas e regras a serem aceitas, muitas vezes sem a devida discussão com os alunos, e sem
que aquelas atendam suas expectativas e necessidades.
A vida em sociedade pressupõe a criação e o cumprimento de regras e preceitos
capazes de nortear as relações, possibilitar o diálogo, a cooperação e a troca entre membros
deste grupo social. A escola, por sua vez, também precisa de regras e normas orientadoras do
seu funcionamento e da convivência entre os diferentes elementos que nela atuam. Nesse
sentido, as normas deixam de assumir a característica de instrumentos de castração e, passam
a ser compreendidas como condição necessária ao convívio social. Neste modelo, o
disciplinador é aquele que educa, oferece parâmetros e estabelece limites.
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A indisciplina representa um dos principais entraves que geram dificuldades no


contexto escolar. Este fato vem se agravando de tal forma que nem a escola e nem a família
conseguem solucionar o problema.
Segundo Ferreira (1986, p.595) o termo indisciplina pode ser definido
“procedimento, ato ou dito contrário à disciplina; desobediência; desordem; rebelião”. Assim,
indisciplinado é o indivíduo que “se insurge contra a disciplina”.
A indisciplina, então, passa a ser vista como uma atitude de desrespeito, de
intolerância aos acordos firmados, do não cumprimento de regras capazes de pautar a conduta
de um individuo ou de um grupo.
Segundo La Taille (1994, p. 9):

Crianças precisam sim aderir a regras (que implicam valores e formas de conduta) e
estas somente podem vir de seus educadores, pais ou professores. Os limites
implicados por estas regras não devem ser apenas interpretados no seu sentido
negativo: o que não pode ser feito ou ultrapassado. Devem também ser entendidos
no seu sentido positivo: o limite situa, dá consciência de posição ocupada dentro de
algum espaço social — a família, a escola, a sociedade como um todo.

As definições em foco efetuam uma relação entre disciplina e obediência das


normas, das regras sociais. A indisciplina manifesta por um indivíduo ou um grupo, é
compreendida, normalmente, como um comportamento inadequado, um sinal de rebeldia,
intransigência, desacato, traduzida na “falta de educação ou de respeito pelas autoridades, na
bagunça ou agitação motora". Nessa visão, as regras são essenciais ao ajustamento, controle
de cada aluno e da classe como um todo.
Um dos fatores que são elencados (AQUINO, 1996; REGO, 1996) como
possíveis causadores de manifestações de indisciplina no contexto escolar é a perda de
autoridade do professor, tanto no que se refere ao conhecimento, quanto à postura em sala de
aula. A prática pedagógica do professor deve promover desequilíbrios cognitivos no aluno, ou
seja, provoquem uma verdadeira desordem no campo cognitivo de modo que a reorganização
dos esquemas intelectuais sejam capazes de produzir novos conhecimentos e façam com que
as iniciativas que são tomadas pelo docente busquem a retomada do equilíbrio e se revertam
em estímulo para aprender, para participar do processo. Assim, teremos um aluno envolvido
nas atividades propostas e que não se coloca fora delas, dando margem às manifestações de
indisciplina e consequentemente da não aprendizagem.
Além destes aspectos,é possível ressaltar que o modo como interpretamos a
indisciplina (ou a disciplina) acarreta uma série de implicações à prática pedagógica, pois
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interfere não somente nos tipos de interações estabelecidas com os alunos e na definição de
critérios para avaliar seu desempenho na escola, como também no estabelecimento dos
objetivos que se pretende alcançar.
De acordo com Rego (1996, p.18):

É necessário identificar, principalmente, os pressupostos subjacentes às explicações


geralmente manifestas por estes componentes, pois estas podem revelar, ainda que
de maneira implícita, determinadas visões sobre o processo de desenvolvimento e
aprendizagem do indivíduo e, como decorrência, a linha norteadora das ações
assumidas pela escola.

Nesse sentido, considerando que as questões relacionadas à indisciplina


constituem foco de problema na realidade educacional regional, que possuímos uma carência
desses dados, uma "leitura organizada" que permita compreender a rede de elementos que
estão envolvidos. Nesse contexto, busco através desta pesquisa analisar os sentidos atribuídos
à indisciplina escolar por parte dos profissionais da educação, particularmente gestores e
professores. Partimos do pressuposto de que, se desejamos intervir na realidade educacional,
devemos conhecer, de antemão, a forma como os sujeitos (docentes e discentes) que estão
envolvidos nessa realidade compreendem os dilemas que vivenciam no cotidiano escolar.
Nesta primeira parte discutiu-se o conceito de indisciplina adotado pelos
estudiosos do assunto, ficando para a segunda parte, o estudo desta temática abordando as
causas e conseqüências desta para a não aprendizagem no contexto escolar, tema sobre o qual
este trabalho trata.

1.2 A indisciplina no contexto da minha escolar

A EEFM José Martins Rodrigues é uma escola relativamente pequena e está


situado na zona rural do município de Quixadá, Ceará. Ela atende a uma clientela formada, na
sua grande maioria, pelos dos agricultores residentes nas localidades circunvizinhas. Estas
características nos fazem acreditar que a questão da indisciplina em seu cotidiano seja um fato
que se manifeste esporadicamente. No entanto, ao assumir a Coordenação Escolar em 2009
pude perceber que tal ideia não está totalmente correta, pois diariamente tive e tenho que lidar
com diversos casos de alunos que são encaminhados à coordenação por motivos de
desrespeito às normas da escola. Os casos mais comuns estão relacionados ao não uso do
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uniforme, a não participação nas aulas, ao uso de celulares durante as aulas, às constantes
ausências das salas de aula e, as vezes, à brigas nos corredores durante o intervalo.
Este cenário despertou meu interesse pelo assunto da indisciplina levando-me a
propor um plano de ação, no qual busco desenvolver uma série de ações na tentativa de
minimizar ou senão solucionar este problema vivenciado pela escola.

1.3 Indisciplina escolar: causas e consequências

A questão da indisciplina não é um problema recente, mas parece ter se tornado


um dos maiores desafios atuais da prática docente. É frequentemente centralizada no aluno,
sem se atentar para a díade família/escola, onde as causas da indisciplina estão entrelaçadas. É
necessária uma análise deste contexto e dos papéis e responsabilidades de seus atores: pais,
professores e alunos.
A indisciplina escolar não envolve somente características encontradas fora da
escola, como problemas sociais, sobrevivência precária e baixa qualidade de vida, além de
conflitos nas relações familiares, mas também aspectos envolvidos na escola, como a relação
professor-aluno e a possibilidade de o cotidiano escolar ser permeado por um currículo oculto,
entre outros.
Não é fácil fazer o inventário das causas da indisciplina nas escolas. O seu
número não pára de aumentar, quase sempre suportada nos dias que correm numa sólida
argumentação científica. As preocupações de professores, pais e educadores em geral,
relativos aos comportamentos escolares dos alunos, têm sido consideráveis nos últimos anos.
Constata-se que no contexto educativo, a indisciplina contribui para a exclusão escolar,
gerando um problema social grave. Para Aquino (1996, p. 40), “embora o fenômeno da
indisciplina seja um velho conhecido de todos, sua relevância teórica não é tão nítida”.
A origem dos comportamentos ditos indisciplinares pode estar em diversas
causas: umas ligadas a questões relacionadas ao professor, principalmente na sala de aula;
outras centradas nas famílias dos alunos; outras verificadas nos alunos; outras geradas no
processo pedagógico escolar; e ainda outras alheias ao contexto escolar.

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1.3.1 Causas relacionadas à família


A organização da família pode ser um dos grandes motivos de alunos
indisciplinados, dizem as pessoas em reuniões realizadas em instituições escolares. Isto pode
ser percebido também nos atendimentos individuais em gabinetes pedagógicos e psicológicos.
Muitos pais atribuem à escola a responsabilidade sobre o comportamento do seu filho
enquanto aluno indisciplinado, pois acreditam que essa instituição tem a função exclusiva de
ensinar e educar. Quando essa idéia é absorvida pelos filhos, pode ocasionar rebeldia e
desrespeito dos alunos com o papel que o professor deveria assumir. Há exemplos de crianças
que desde cedo adquirem a noção de que o dinheiro resolve as situações que ele cria ao travar
relacionamentos com colegas e professores.
Para Tiba (1996, p. 40) “A educação ativa formal é dada pela escola. Porém, a
educação global é feita a oito mãos: pela escola, pais e o próprio adolescente”. De acordo com
o que o autor discute, é possível perceber que as atitudes dos pais podem estimular e legitimar
a (in)disciplina de seus filhos, na medida que ignoram a importância que tem sua presença na
escola. Enquanto alunos, os filhos apoiados por seus pais, sentem-se no direito de argumentar
de modo agressivo com professores e funcionários das instituições que freqüentam. Assim,

Se a escola exige um cumprimento de regras, mas o aluno indisciplinado tem o


apoio dos pais, acaba funcionando como um casal que não chega a um acordo
quanto a educação da criança. O filho vai tirar lucro da discordância pais/escola da
mesma forma que se aproveita das divergências entre o pai e a mãe (TIBA, 1996,
p.140).

Por isso, o autor considera relevante a participação dos pais no processo ensino-
aprendizagem de seus filhos. Ele esclarece que a relação escola/pais é muito importante para o
sucesso de seu aluno/filho. ”Os pais e a escola devem ter princípios muitos próximos para o
benefício do filho/aluno” (TIBA, 1996, p.140).
As causas familiares da indisciplina estão à cabeça. É aí que os alunos adquirem
os modelos de comportamento que exteriorizam nas aulas. Em tempos a pobreza, violência
doméstica e o alcoolismo foram apontados como as principais causas que minavam o
ambiente familiar. Hoje se aponta o dedo também à desagregação dos casais, droga, ausência
de valores, permissividade, demissão dos pais da educação dos filhos, etc. Quase sempre os
alunos com maiores problemas de indisciplina provém de famílias onde estes existem.
A questão da indisciplina, infelizmente é de berço, cabendo somente aos pais e a
família, como primeira escola, o dever de instruir e disciplinar, para que a criança possa ter os
subsídios necessários à uma convivência harmoniosa. Não se pode esperar que ela adquira
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isso na escola, sendo esta, um instrumento de continuidade de cultura, para que se atinja
outras esferas de conhecimento para o aprimoramento da evolução psicológica e social do
educando.
O comodismo que se observa nas famílias em relação à escola e suas
responsabilidades estão levando as crianças e adolescentes de hoje a uma orfandade
traumática, (que reflete, em parte, na indisciplina escolar) pois os filhos precisam mais que
pais provedores, precisam de pais presentes.
A importância da colaboração escola-família é notória, pois, quando as famílias
participam da vida escolar, torna-se mais fácil a integração dos alunos e melhora a qualidade
do processo de ensino- aprendizagem. Estudiosos do assunto nos mostram que o
envolvimento dos pais está positivamente correlacionado com os resultados escolares dos
alunos.
La Taille (2002, p. 36) afirma que “para que a criança saiba aceitar e respeitar os
limites apresentados pelos professores, colegas ou amigos com que convive é preciso que ela
tenha aprendido este tipo de comportamento, desde os primeiros dias de sua vida, em sua
família”. A permissividade exagerada enquanto a criança é pequena, dificulta mais tarde, a
retirada dessas concessões. A coerência na educação de uma criança precisa ser pensada,
planejada por toda família, inclusive junto com a escola, quando for o caso.
Sobre vivência escolar e sociedade, Paulo Freire (1999), nos afirma dizendo: “a
educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”. Para
Zaguri (2006), a família não é somente o berço da cultura e a base da sociedade futura, mas é
também o centro da vida social. Neste sentido, não há como fugir da premissa de que a
família tem grande responsabilidade na formação do caráter da criança como também na sua
formação enquanto pessoa disciplinada, que saiba valorizar o outro, que consiga e tenha
capacidade de conviver com as outras pessoas, na escola, na igreja, com os amigos e colegas e
em qualquer outro ambiente social.
O esforço da família é sem dúvida fundamental para uma criação digna de
reconhecimento em relação à disciplina do filho. A criação em casa vai refletir com certeza
nos outros ambientes sociais no qual a criança irá participar no período de sua infância e
posteriormente ao se tornar adulta. Este esforço implica envolvimento na escola, saber o que o
filho está fazendo, onde foi, que horas retorna e etc. Também requer olhar atento sobre as
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diferentes atitudes da criança, seu comportamento, e, sobretudo sua conduta na escola.
De acordo com Barrozo e Macedo (2010): Para que os pais possam sentir-se
membros participativos da escola, é necessário primeiramente que a conheçam, bem como o
seu funcionamento, às suas funções e o seu trabalho. Para tanto é essencial que se tenha uma
comunicação efetiva (http://revistaescola.abril.com.br/formacao).
Como atesta Bock (1999), “a comunicação é o fator necessário para que os
familiares se envolvam mais e auxiliem mais a escola, caso isso não ocorra passa a prejudicar
toda a dinâmica e a dificultar o ideal de participação democrática dos pais na escola”. O autor
ainda ressalta que “a família renunciou às responsabilidades que anteriormente desempenhava
no âmbito educativo e passou a exigir da escola que ajudasse a ocupar o vazio que nem
sempre tinha capacidade de preencher” (http://revistaescola.abril.com.br/formacao).
Deste modo, na atualidade, as crianças chegam à escola e desenvolvem sua
escolaridade sem o apoio familiar tradicional.
Segundo Tedesco (2002, p.36)

Essa erosão do apoio familiar não se expressa só na falta de tempo para ajudar as
crianças nos trabalhos escolares ou para acompanhar sua trajetória escolar. Num
sentido mais geral e mais profundo, produziu-se uma nova dissolução entre família e
escola, pela qual as crianças chegam à escola com um núcleo básico de
desenvolvimento da personalidade caracterizado seja pela debilidade dos quadros de
referência, seja por quadros de referência que diferem dos que a escola supõe e para
os quais se preparou.

Quando falamos na relação escola X família, logo abre-se espaço para uma
discussão interessante. É claro que na maioria das vezes, há uma defesa de ambas as partes
que tendem a empurrar os problemas que lhes são peculiares, como uma tentativa de fugir das
críticas que lhes serão atribuídas. O fato me parecer ser que o mais provável é que tanto a
escola quanto a família devem estar abertos a mudanças significativas que irão promover o
sucesso e crescimento dos alunos, das crianças.

1.3.2 Causas relacionadas ao professor

O papel do professor é importante não como figura central, mas como


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coordenador do processo educativo, já que, usando de autoridade democrática, cria, em
conjunto com os alunos, espaços pedagógicos interessantes, estimulantes e desafiadores, para
que neles ocorra a construção de um conhecimento escolar significativo.
Hoje a relação entre professor e aluno esta muito tumultuada pois as convenções,
os valores não se encaixam. Em virtude da globalização e do uso das diferentes mídias, os
alunos se entediam ao ficarem sentados diante de uma pessoa falando para eles o que podem
ver ou ficarem sabendo apenas com um click no computador. É indiscutível a falta de vontade
de um grande número de alunos em ficarem em sala de aula em virtude destes e de outros
motivos aqui já citados.
Vasconcellos (2003, p. 58) diz que:

O professor desempenha o papel de modelo, guia, referência (seja para ser seguido
ou contestado); mas os alunos podem aprender a lidar com o conhecimento também
com os colegas. Uma coisa é o conhecimento “pronto”, sistematizado, outro, bem
diferente, é este conhecimento em movimento, tencionado pelas questões da
existência, sendo montado e desmontado (engenharia conceitual). Aprende-se a
pensar, ou, se quiserem, aprende-se a aprender.

Na pesquisa A estética da indisciplina, Torres (2008, p. 27) explica que “os


professores, quando chegam à docência, trazem consigo inúmeras e variadas experiências de
vivencias anteriores”. Essas experiências, de acordo com o mesmo autor, refletem aquilo que
eles adquiriram como alunos, com seus diversos professores, ao longo de sua vida escolar.
Ainda, o autor afirma que, tais experiências “possibilitam dizer quais eram os bons
professores, quais eram bons em conteúdo, mas não em didática, isto é, não sabiam ensinar.
Formam modelos ‘positivos’ e ‘negativos’, nos quais se espelham para reproduzir ou negar”.
De acordo com o que discutimos neste item, convém ressaltar que a noção de
indisciplina pode representar diversificados aspectos na formação docente. A indisciplina é
um fenômeno complexo, criativo, sendo constituído por diversos fatores sociais, educacionais
e familiares, e está relacionada com a formação do professor.
É possível destacar que o professor passa a ter dificuldades de entendimento com
os alunos, e consequentemente não consegue deixá-los sensibilizados para os valores de
moralidade, não consegue fazer com eles as convenções, acordos, para mostrá-los que
independente do que se vê fora da sala de aula, mesmo com toda a mídia e os meios de
comunicações, ele, o professor, é a principal via de acesso para ajudá-los a chegar até o
conhecimento. Esse fato é apenas um dos vários que dão uma amostra do dia a dia e fala
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sobre o posicionamento do professor, tendo que ensinar os conhecimentos previamente
estabelecidos pelo seu próprio programa e diretrizes do sistema educacional e ao mesmo
tempo ter que educar os alunos, fazendo, em algumas situações, as vezes dos pais.
Assim o educador em muitos casos fica em uma encruzilhada, sem saber se pode
agir diretamente com o aluno ou se deve passar o problema no caso da indisciplina para os
responsáveis do colégio, ou se fala diretamente com os pais. Os professores são as vítimas e
muitas vezes os vilões da indisciplina, pois a grande maioria da sociedade exige deles todo o
processo de ensino dos alunos, tanto a formação moral como a educacional.
Mas como em todas as áreas existem aqueles profissionais insatisfeitos e
descompromissados com o seu papel na sociedade e a casos também de professores que não
se interessam em ensinar nada além do que lhe manda a sua disciplina, acreditando que sua
aula é um momento de passar conteúdo e nada mais. Esses pretensos educadores não têm
noção de suas responsabilidades, pois mesmo que o professor não tenha a obrigação de dar a
educação que seria da família ao aluno, ele deve trabalhar com o educando, noções de moral,
coletividade e disciplina.

1.3.3 Causas relacionadas à escola

A indisciplina escolar não envolve somente características encontradas fora da


escola como problemas sociais, sobrevivência precária e baixa qualidade de vida, além de
conflitos nas relações familiares, mas aspectos envolvidos e desenvolvidos na escola como a
relação professor-aluno; a possibilidade de o cotidiano escolar ser permeado por um currículo
oculto; entre outros.
Portanto, a indisciplina escolar pode ser atribuída a fatores externos à escola e/ou
a fatores que envolvem a conduta do professor, sua prática pedagógica e até mesmo, práticas
da própria escola que podem ser excludentes.
Aquino (1996) nos remete à responsabilidade da escola enquanto instituição, que
não está preparada para receber o aluno que a procura hoje. Denuncia práticas excludentes da
escola que, por si só e pelo confronto com os alunos, produz a indisciplina e, assim, aponta
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para uma não evolução da escola, diante das mudanças sócio-históricas.
Dessa forma, Aquino (1996) discute que a escola passa a receber sujeitos não
homogêneos, provindos de diferentes classes sociais, com diferentes histórias de vida e com
uma “bagagem” que, muitas vezes é negada pela escola.
Sobre esta mesma temática Guimarães (1996), expõe que a escola está
planificada objetivando homogeneizar as pessoas pois, segundo ela, há quem acredite que
quanto mais igual, mais fácil de dirigir. O autor expõe, ainda, que a escola tem mecanismos
disciplinares que levam a disciplinarização dos comportamentos de alunos, professores e
outros funcionários. Dessa forma, aponta a indisciplina como uma possível forma de
resistência por parte dos alunos que não se submetem às normas impostas pela escola.
A perspectiva institucional aponta, portanto, alguns indicativos de que a
indisciplina está relacionada a problemas oriundos da e na própria instituição, embora não
negue a existência de que conflitos externos também intervenham na relação interpessoal na
escola.
Outra perspectiva a ser abordada é a da psicologia da moralidade. Através desta
perspectiva Yves de La Taille (1996), defende que quando a disciplina é relacionada ao
cumprimento de normas, a indisciplina pode ter relação com a desobediência às normas;
porém, aponta que a não observância das normas tem dois motivos, a revolta contra as
normas ou o desconhecimento delas.
Araújo (1996, p. 52) ressalta que moralidade está relacionada às regras; porém,
nos alerta que nem toda regra tem vínculo com a moralidade. Para que uma regra tenha
vínculo com a moralidade, seu princípio deve ser o de justiça e a regra não pode ter sido
imposta coercitivamente.
Assim, tanto Yves de La Taille (2002) como Araújo (1996), baseados na
perspectiva piagetiana, defendem que o desrespeito às normas pode ser sinal de autonomia,
significando resistência às imposições e ao autoritarismo.
A escola também é detentora de grande responsabilidade na formação política e
cidadã do sujeito. É a instituição escola que deve ajudar o aluno de maneira a transmiti-lo
valores éticos e morais. Estes valores são muito importantes e podem ser considerados
essenciais para uma convivência harmoniosa em sociedade.

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1.3.4 Causas relacionadas ao aluno

Os alunos são indisciplinados por natureza ou porque as circunstâncias os


estimulam a assumiram comportamentos desviantes? A esse respeito podemos distinguir duas
correntes teóricas fundamentais: uma afirma que a indisciplina é uma tendência natural de
todo o ser humano, está inscrita no seu código genético. O Estado, a educação e a cultura,
atuam como freio destes impulsos anti-sociais. Estamos perante uma velha teoria que serviu a
Thomas Hobbes para fundamentar a necessidade de um Estado forte, capaz de manter em
ordem os "homens-lobo". A teoria de Charles Darwin para explicar a origem das espécies, a
supremacia dos mais fortes. A de F. Nietzsche para reclamar o poder para os super-homens
que estão para além do bem e do mal. ( CASTRO, 2010 p. 3)
Outra corrente sustenta que a natureza humana é a de que nossa espécie é um
recipiente vazio, pronto a ser preenchido pelos estímulos que recebe do exterior. Conforme a
natureza destes estímulos assim será a criança, o adulto. As circunstâncias determinam aquilo
que cada homem é. A contrapartida desta visão igualitarista, sustentada pela primeira vez
pelos sofistas, foi o aparecimento de uma multiplicidade de métodos e técnicas para dar forma
à natureza do homem.

1.4 Indisciplina e Aprendizagem

É consenso que a indisciplina escolar é assunto que está sempre presente nas
instituições de ensino, principalmente, quando, segundo estas o fenômeno passa a afetar
diretamente o processo ensino-aprendizagem. Sendo, por várias vezes, foco principal de
inúmeras reuniões pedagógicas.
Uma pergunta que se pode colocar com legitimidade é esta: mas haverá alunos
que sejam indisciplinados, mal comportados e que aprendem? Ou seja, haverá alunos que
faltam às aulas, que não justificam a impontualidade, que brincam e falam a despropósito, que
desobedecem aos professores, e que aprendem? Nunca os vi, mas aceito que os haja por aí. De
um modo geral tenho constatado que aluno indisciplinado é aluno que não sabe, ou que sabe o
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mínimo, sempre em gestão calculista da sua posição escolar. Também tenho constatado que o
aluno que não quer aprender quanto mais se faz por ele, mais ele nos manda à fava e mais
indisciplinado se torna.
Como se sabe o comportamento do aluno tem várias dimensões de observação, as
mais importantes das quais são: a assiduidade de frequência, a pontualidade, a participação
em aula, o cumprimento dos trabalhos de casa ou de outras tarefas escolares pós-aula, o
cumprimento das regras escolares nos espaços e nos horários escolares. Destas dimensões,
vistas sob o ponto de vista comportamental, aquela que mais de perto se relaciona com as
situações de aprendizagem, é a participação nas aulas, entendendo-se por participação um
verdadeiro envolvimento dos alunos com as atividades pedagógicas realizadas em sala de aula
e/ou fora dela, assim como sua disposição para se integrar à rotina de estudo da escola como
um todo. Diante desta constatação observamos que

O modo como interpretamos a indisciplina (ou disciplina), sem dúvida, acarretarão


uma série de implicações à prática pedagógica, já que fornece elementos capazes de
interferir não somente nos tipos de interações estabelecidas com os alunos e na
definição de critérios para avaliar seus desempenhos na escola, como também no
estabelecimento dos objetivos que se quer alcançar. (REGO, 1995 ap. Aquino, 1996)

Esta especial atenção no contexto atual decorre do aumento significativo de


problemas disciplinares que estão aparecendo cada vez mais cedo nas crianças.
Compreender e descobrir a causa desse aumento não é tarefa fácil, pois este fato
não se manifesta somente nas escolas, ao contrário, é lá que se percebe com mais ênfase, pois
é o local em que há um confronto maior entre quem manda e ordena com quem é marcado
para obedecer. Segundo o dicionário Aurélio disciplina é "regime de ordem imposta ou
livremente consentida; ordem que convém ao funcionamento regular de uma organização;
relação de subordinação do aluno ao mestre ou ao instrutor; submissão a um regulamento."
Neste sentido, um professor mais comprometido com tal situação consegue
detectar nos jovens adolescentes, um total vazio, um descomprometimento com obrigações e
deveres, com a cidadania e a confusão que esses adolescentes fazem entre aprender e ensinar
com liberdade e compromisso com bagunça e libertinagem.
Na verdade existe um jogo de empurra para decidir o culpado para tais
acontecimentos. Os professores costumam colocar a culpa às características psicológicas do
aluno à família, e os alunos atribuem grande parte da responsabilidade aos professores. Outros
fatores são citados como idade, sexo, etnia, se não devidamente colocados, as condições sócio
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– econômicas e a própria estrutura da escola, com salas superlotadas.
Outro fator fundamental para a crise da disciplina na escola e na sala de aula está
na queda do mito da ascensão social através da escola. Até a alguns anos atrás, a escola não
era também um espaço agradável, mas os alunos tinham uma motivação extrínseca: ''ser
alguém na vida''. Atualmente, com a queda deste mito, fica muito mais difícil para o professor
conseguir um comportamento adequado do aluno, ainda que de passividade.
(VASCONCELLOS, 2000, p.23).
A questão da indisciplina é complexa, uma vez que há um grande número de
variáveis que influenciam o processo ensino-aprendizagem. No entanto, apesar dessa
complexidade, a verdade é que há um consenso sobre o fato de que sem disciplina não se
pode fazer nenhum trabalho pedagógico significativo. Sendo assim,

... de um lado é preciso uma práxis, uma ação sobre a outra, mas para que o ato
educativo tenha efeito essa ação deve ser separada pela ação do outro. É a dialética
da autoridade e na liberdade, sem essa dialética não há educação. Toda pedagogia
que tentar suprimir um dos pólos cedo ou tarde fracassará. (GADOTTI, 1983,
p.101).

O ato do ensino-aprendizagem pressupõe assim um inter-relacionamento entre


duas partes, não somente considerando o saber intelectual uma propriedade particular. O
professor apresenta a cultura, a norma, a lei, o direito adquirido, uma verdade historicamente
construída, um conhecimento acumulado ano após ano, todavia, cabe-lhe a função social de
inserir novas gerações neste ''ser universo''. Mas esta ação por parte do docente deve ser
consciente e segura, pois a abertura concedida certamente baterá de frente com contradições e
opiniões construídas de outra maneira. Assim a responsabilidade do professor é sempre maior,
pois com esse acolher outros saberes, estará também formando e acolhendo outras gerações,
resgatando valores do passado e lado a lado com a juventude estará emergindo para
necessidades sociais, políticas, econômicas e culturais num processo de continuidade e não de
ruptura de conhecimento.
Diante do exposto, para que haja resultados satisfatórios no processo de ensino –
aprendizagem é extremamente necessário que exista uma confiança recíproca, tanto na
educação no lar quanto na escola. A confiança é a principal aliada de quem educa, pois
pressupõe o poder de decisão. E a partir de então, o adulto deve estar preparado, porque
muitas vezes, quem decide é a criança, pois como já foi citado atrás o mundo, no olhar do
educador, não pode ser visto somente sob a ótica da geo-política, mas necessariamente sob o
olhar de unidade, pois o universo é só um que se encontra dividido por outras razões; é mais
20
uma razão de complexidade.
Não podemos continuar procurando culpados ou nos omitindo, já que todos os
segmentos são atingidos e se sentem prejudicados. Precisamos sim, a partir do entendimento
que a sociedade, a família e a própria escola contribuem para a perpetuação dos problemas da
disciplina na escola, buscar caminhos no sentido de amenizar ou mesmo se possível eliminar a
indisciplina do nosso convívio.
O caminho para encontrar soluções não é procurar culpado, mas, buscar
alternativas, fazendo com que cada segmento assuma sua parcela de responsabilidade.
21

2. OBJETIVO, META(S) E AÇÃO(ÕES)

2.1 Objetivos

• Investigar as causas e conseqüências da indisciplina no contexto escolar;

• Desenvolver ações que visem minimizar os efeitos internos de indisciplina vivenciada


cotidianamente na EEFM José Martins Rodrigues;

2.2 Meta(s) e Ação(ões)

META AÇÃO

Redução em pelo menos 50% do número 1. Investigar o contexto sócio-econômico dos


de atos de indisciplina na EEFM José alunos que manifestam posturas consideradas
Martins Rodrigues no período de 10 indisciplinares através de visitas domiciliares.
meses.

2. Criar rodas de conversa, na própria escola,


nas quais os alunos possam expor as razões
pelas quais se comportam indisciplinadamente.

3. Organizar atividades mensais (palestras com


psicólogos, reunião de pais e eventos sócio-
culturais) que envolvam familiares, professores,
estudantes e demais trabalhadores da escola.

4. Assistir, enquanto Coordenador Pedagógico,


às aulas com o propósito de identificar as
possíveis causas geradoras de indisciplina.

O planejamento das ações se deu no início do mês de Maio e seu monitoramento


ocorreu bimestralmente com os devidos ajustes, a partir dos relatórios parciais apresentados
pela equipe responsável.
22

3. PESSOAS E RECURSOS

3.1 Pessoas

Cargo/função Responsabilidade(s)

Coordenador Escolar / Equipe Planejamento, implementação, acompanhamento e


Docente avaliação das ações propostas

Coordenador Escolar / Equipe Organização e execução das ações


Docente

Pais / Equipe Docente / Auxílio no planejamento e organização das ações


Funcionários / Equipe Discente propostas

3.2 Recursos

Elementos de despesa Definição de recursos Custo


Material de consumo Papel ofício, cd, pincel atômico, 2.000,00
cartolina, material esportivo e lanche
Serviços de terceiros - pessoa Palestrante (2) 800,00
física
Serviços de terceiros - pessoa Aluguel de espaço físico 1.000,00
jurídica
Equipamentos e material Serão utilizados os equipamentos Sem custo
permanente disponíveis na escola e ou cedidos pela
coordenadoria local.
23

4. ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO

4.1 Mecanismos de Acompanhamento e Avaliação

Acompanhamento/ Avaliação
Ação
(indicadores)

1. Investigar o contexto • Aplicação de questionário aos pais dos alunos


sócio-econômico dos alunos considerados indisciplinados.
que manifestam posturas • Análise dos questionários aplicados
consideradas indisciplinares • Discussão junto aos docentes dos resultados obtidos
através de visitas
domiciliares.

2. Criar rodas de conversa, • Verificação do cumprimento do cronograma dos


na própria escola, nas quais encontros
os alunos possam expor as • Relatório sobre os temas abordados durante os encontros
razões pelas quais de alunos ressaltando seus posicionamentos diante da
comportam-se temática apresentada.
indisciplinadamente.

3. Organizar atividades • Atas com relatos das atividades planejadas.


mensais (palestras com • Relatório de avaliação das atividades, e reorganização do
psicólogos , reunião de pais planejamento, caso necessário
e eventos sócio-culturais)
que envolvam familiares,
professores, estudantes e
demais trabalhadores da
escola.

4. Assistir, enquanto • Relatório de registros das observações feitas durante o


Coordenador Pedagógico, acompanhamento das aulas.
às aulas com o propósito de
identificar as possíveis
causas geradoras de
indisciplina.

Ao final do ano letivo será elaborado um relatório final com apresentação dos
resultados obtidos, assim como, as falhas que por ventura tenham ocorrido durante a execução
das ações propostas para este ano letivo.
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A elaboração dos relatórios contou e contará com a participação de representantes


de todos os segmentos envolvidos na vida escolar (equipe gestora, docentes, discentes,
técnico-administrativos, familiares, representantes comunitários). No relatório final devem ser
registrados, em destaque, quantitativa e qualitativamente os atos de indisciplina que tenham
sido identificados e/ou aspectos que os tornaram passíveis de serem discutidos como um
problema enfrentado pela escola. Deve conter, também, sugestões para novas ações que serão
desenvolvidas no próximo ano e que possam complementar e ampliar as previstas no PAE,
visando à consolidação das mesmas e a erradicação da indisciplina e suas consequências no
âmbito da EEFM José Martins Rodrigues.
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CONSIDERAÇÕES

Devido à complexidade do tema desse trabalho e a intensidade com que os


problemas de indisciplina têm sido vivenciados nas escolas, nossa expectativa é de que essa
revisão de literatura se enriqueça no confronto dos educadores com o rico e diversificado
cotidiano das instituições escolares de nosso país.
Com a realização do PAE temos a expectativa de, com as ações propostas, levar
todos os envolvidos com a escola a pensar acerca das situações de indisciplina vivenciadas
por todos aqueles que compõem a escola e suas repercussões na dinâmica de desenvolvimento
das atividades no ambiente escolar, bem como acerca da importância da participação e do
comprometimento de todos os segmentos envolvidos nas ações que visem à sua redução.
Embora seja difícil e complexo lidar com o problema da indisciplina, o professor
não pode desistir e nem se acomodar. Não pode deixar que a educação silencie e limite os
alunos e que impeça seu desenvolvimento criativo e participativo em sala de aula. Precisa-se
de uma educação que valorize as organizações coletivas e que contribua para a construção da
autonomia e para o desenvolvimento intelectual dos alunos, a fim de que se conquiste uma
sociedade democrática.
Um fator que pode dificultar o desenvolvimento do PAE diz respeito a pouca
participação das familiares nas ações que vem sendo implementadas pela escola, alegando
dificuldades em relação, especialmente, aos horários programados. Diante disso, teremos que
buscar alternativas de horários que possibilitem a participação, senão de todos, mas da
maioria dos membros da comunidade escolar, de forma a contribuir para o engajamento dos
mesmos nas ações propostas e o sucesso do PAE.
A escola deve oferecer ao aluno o desejo de aprender, isto coloca em movimento
toda a sua organização, desde a sua direção até seus funcionários, também há necessidade de
algumas mudanças na práxis do ensino, fazendo com que o professor interaja mais com seu
aluno, existe uma necessidade de monitoria em cada sala de aula, para que possam observar as
reais necessidades de cada classe. Também podemos observar que muitos problemas
relacionados à indisciplina poderiam ser resolvidos com orientação psicológica dentro da
escola, isto se daria através de psicopedagogos ou psicólogos educacionais.
Conclui-se também que a EEFM José Martins Rodrigues precisa desenvolver
políticas internas para lidar de forma preventiva com a indisciplina, como por exemplo, criar a
cultura da família na escola, participando ativamente de todo o processo de ensino
26

aprendizagem de seus filhos. Há também a necessidade de programas de formação de


professores em serviço voltados para a discussão de problemas vivenciados nas rotinas das
escolas, para a idealização de soluções e para sua implementação.
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REFERÊNCIAS

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piagetiano. São Paulo: Summus, 1996.

AQUINO, J. G.(Org). Indisciplina na escola: alternativas teóricas e práticas. 3a ed. São


Paulo: Summus, 1996. 148 p.

BOCK, Ana M. Bahia (org). Psicologias: uma introdução ao estudo de Psicologia. 13ª ed.
São Paulo: Saraiva, 1999. Disponível em http://revistaescola.abril.com.br/formacao/. Acesso
em: 18/12/2010.

CASTRO, Mêire Cristina de. Indisciplina:Um olhar sobre os distúrbios disciplinares na


escola. Revista Eletrônica da faculdade Semar/Unicastelo, Volume 1 – Numero 1. Edição
Outubro/Janeiro de 2010. Disponível em: http://www.semar.edu.br/revista/pdf/artigo-meire-
cristina-de-castro.pdf. Acesso em 23/12/2010

FERREIRA, Aurélio B. H. Dicionário Aurélio. R.J.: Ed. Nova Fronteira, 1986.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 6. ed. São


Paulo: Paz e Terra, 1997.

GADOTTI, Moacir. Educação e Poder: Introdução à pedagogia do Conflito, 8ª ed., Cortez


Editora, São Paulo,1983.

GUIMARÃES, A. Indisciplina e violência: a ambigüidade dos conflitos na escola. São


Paulo: Summus, 1996.

LA TAILLE, Yves de. A indisciplina e o sentimento de vergonha. São Paulo: Summus,


1996.

TEDESCO, J. C. O novo pacto educativo: Educação, competitividade e cidadania na


sociedade moderna. São Paulo: Ática, 2002.

TIBA, Içami, Disciplina na medida certa. 49 ed., São Paulo, Editora Gente, 1996.

TORRES, R. A estética da indisciplina na educação superior. 2008. 133 f. Dissertação


(Mestrado em Educação) – Programa de Pós-Graduação, Universidade Tuiuti do Paraná,
Curitiba, 2008.

REGO, T. C. (1995). Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. Rio de


Janeiro: Vozes.

VASCONCELLOS, Celso. Planejamento: projeto de ensino – aprendizagem e projeto


político – pedagógico – elementos metodológicos para a elaboração, 5 ed., São Paulo,
Libertard, 2001.
28

_______________. Para onde vai o Professor? Resgate do professor como sujeito de


transformação. 10. ed. São Paulo: Libertad, 2003.

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