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A idéia que se faz do idoso morando sozinho como uma pessoa infeliz nem sempre é
verdadeira. Uma pesquisa pelos bairros da cidade de Paranaguá e regiões, revelou que a
grande parte dos idosos que vivem sozinhos, em bairros ou pelo centro da cidade preferem
continuar a viver sozinhos do que voltar a viver com a família. A pesquisa revela ainda que
essa opção tráz um sentimento de independência, para aqueles que têm recursos materiais
e apoio comunitário.
Alguns idosos já moram sozinhos há mais de 11 anos, em média, 97% deles
disseram preferir essa situação a voltar a viver com os filhos. “Eles querem preservar a
independência e não incomodar parentes”, constatei também que a família desses idoso os
respeitam muito mais eles estando nessa independência. Entrevistei 44 idosos em
Paranaguá, 38 em Morretes, 19 em Antonina e 15 em matinhos com idades entre 65 e 84
anos, a maior parte dos entrevistados eram viúvos.Ficou confirmado também que (70%) da
longevidade era das mulheres, os homens estavam mais idosos que elas, dos entrevistados
89% eram mulheres.
Outra conclusão foi a de que a maior autonomia que esse estilo de vida oferece induz
a pessoa a manter por mais tempo sua capacidade de realizar tarefas. Uma coisa tão
corriqueira, como ir ao supermercado e se relacionar socialmente com os vizinhos,
estimulam o idoso a manter a capacidade funcional. Essa autonomia nem sempre é
realizada quando há convivência é em família, morar com outras pessoas muitas vezes
pode significar perda de privacidade e de independência, e isso é percebido como ameaça à
integridade pessoal. A pesquisa mostrou ainda que os idosos não foram excluídos da
família, mas preferiram manter sua liberdade e sua independência de cuidados e escapar de
possíveis conflitos. Viver com a família não significa necessariamente que eles estejam bem
e protegidos. Em muitos casos há conflitos, eles são esquecidos ou vistos como fonte de
renda por causa de sua aposentadoria.
Moradora em Paranaguá no mesmo bairro desde 1934,Celina Barcelos de 73 anos passou
a viver sozinha em 1984, quando ficou viúva. “Tudo o que eu quero fazer eu faço”, diz. Ela
reparou que atualmente as pessoas não têm tempo, nem paciência para conviver com seus
velhos.“Ainda bem que hoje nós temos mais conforto e liberdade para decidir o que fazer e
como viver.” Relatou Celina.
Celina Barcelos em nada lembra a mulher triste e sozinha que sua situação poderia induzir.
Mesmo porque os filhos, as noras, os netos e os sobrinhos a visitam com freqüência. “Tem
hora em que sinto falta de ter alguém com quem conversar, mas compenso isso quando
estou com meus parentes e com os vizinhos.”
Celina acompanhou o progresso do bairro. Ela é do tempo em que só tinha mercearia nos
bairros,por isso, conhece muita gente. “Ainda tenho forças para me manter em atividade,
costumo ir à igreja, costuro, faço crochê, limpo a casa e cozinho. Depois, quando não tiver
mais em condições, a gente vê o que faz.”
Roberto Ramos diretor e pesquisador do Centro de Estudos do Envelhecimento, destaca que com o
aumento do número de idosos, tem crescido muito e também a tendência de viver sozinho. Segundo
ele é preciso que sejam criadas estruturas sociais que atendam às necessidades dessa população.”Em
países onde há um culto maior à independência, e o idoso vive sozinho; há uma estrutura que permite a
ele ser independente.”
QUAL A É NOSSA PERSPEQUITIVA 2
DE VIDA
A principal razão para o aumento na expectativa de vida foi, até a década de 1950, a
diminuição da mortalidade infantil. Entretanto a partir daquela época, o responsável principal
foi as melhorias na condição de vida depois dos 65 anos. Atualmente, segundo a ONU, a
mortalidade infantil encontra-se em 86 mortes antes dos 5 anos para cada mil habitantes,
mas a distância entre os países mais e menos desenvolvidos é dramática: 10 por mil para
os primeiros e 95 por mil para os últimos (gráfico 2). No Brasil, é de 49 por mil (na América
Latina, 45).
Fonte: IBGE
Previdência sobrecarregada
O resultado de tudo isso é um aumento sensível na quantidade de idosos na população
mundial. Em nível mundial, a população com mais de 65 anos aumentou de 5,2% em 1950-
55 para 6,9% em 2000, um aumento de 33% nesse índice (gráficos 3 e 3a). É nos países
mais desenvolvidos onde o fenômeno é mais agudo: com 7,9% de idosos em 1950-55, hoje
14,3% da população tem mais de 65 anos, um aumento de 81% - enquanto, nos menos
desenvolvidos, o aumento foi de 31% (de 3,9% em 1950-55 para 5,1% em 2000). O Brasil
não fica muito longe dos países desenvolvidos: aqui, a proporção de idosos aumentou em
70% de 1950-55 para 2000 (de 3% para 5,1%).
O SER HUMANO E O MEDO 4
DE ENVELHECER
Em relação à escolaridade, 85% têm o Ensino Fundamental incompleto. Justifica-se pela
dificuldade do acesso à escola e também porque as mulheres tinham uma tendência a
casar-se mais cedo, pois, segundo as entrevistadas elas eram preparadas para o cuidado
do lar. Quanto à religião 70% são católicos, 20% evangélicos, 5% espíritas e 5% não
tinham religião definida. Independente de qualquer credo, a espiritualidade é algo que ajuda
bastante as pessoas, em especial os idosos. E isso foi demonstrado em algumas falas
quando estes relataram que é preciso estar sempre em oração bem próximo de Deus para
sermos fortalecidos pela fé. As mulheres entrevistadas estão mais preocupadas com sua
religiosidade. Através da oração elas superam as dificuldades impostas pela vida, como a
perda do companheiro, divórcio e a menor oportunidade de trabalho. Em se tratando de
renda, 70% dos entrevistados têm a aposentadoria de um salário mínimo,R$ 260,00, o que
ajuda a manter seus gastos com saúde, mais a ajuda dos filhos; 30% recebiam acima de
dois salários, pois faziam algum trabalho para completar a renda para poder sobreviver. No
tocante à moradia, 25% preferiam morar com filhos e 50% com cônjuge,79% sozinhos. Os
que moram com os filhos relatam que gostariam de morar sozinhos, mais eles têm
condições financeiras, mas ainda assim gostariam de ter seu próprio lar, sua privacidade e
liberdade. Já os que moram sozinhos, dizem se sentir muito bem e preferem continuar a
viver assim.
Em relação ao desempenho das atividades diárias e suas limitações, constatamos através
das pesquisas que os entrevistados se esforçam para cumprir as tarefas domésticas,
trabalhos manuais, voluntariado, atividades espirituais e religiosas. As limitações são
decorrentes de artrites, artroses e movimentação lenta, que os impedem à locomoção e a
execução das atividades diárias. Muitos buscam se exercitar em academias,
caminhadas,ginásticas aeróbicas, outros com uma renda melhor procuram academias. Eles
também procuram realizar algumas atividades que possa contribuir para com os familiares.
Com relação aos hábitos que contribuem para alterar a saúde, 14 dos entrevistados
disseram ser usuários assíduos de cafeína, 57 ainda fumam cigarros e 32 bebem algum
tipo de bebida alcoólica até hoje. Com relação à percepção dos idosos entrevistados sobre
o seu estado de saúde atual, 35% relataram que apresentam estado de saúde bom, 35%
regular, 10% excelente e 20% fraco. Percebemos entre os relatos que a participação dos
idosos em grupos de Terceira Idade, e programas da saúde pública sobre doenças ajudam
a manter um bom estado de saúde. Eles recebem freqüentemente visitas dos profissionais
de saúde e são bem orientados em relação a suas patologias e ao alto cuidado. Quanto às
alterações físicas decorrentes do processo de envelhecimento que representam
constrangimento para os idosos entrevistados, 65% não apresentaram nenhuma alteração
física decorrente do envelhecimento que lhes cause constrangimento, 30% referiram
alterações do aparelho locomotor e músculo esquelético pelo próprio desgaste do
organismo com a idade e 5% possui prótese em decorrência de fratura de fêmur, o que vem
trazer insegurança na sua locomoção. Percebemos pelas falas que os entrevistados têm
dificuldades em perceber que estão ficando velhos, e quando isso ocorre, ficam assustados
com a diferença que isso apresenta. Com a orientação dada por profissionais de saúde e
trabalhos manuais que eles vem desempenhando está sendo de grande ajuda piscícologica.
Fica determinado pelo final da fase reprodutiva, marcado pela menopausa, por volta
de 45 anos mais ou menos. A velocidade de declínio das funções fisiológicas é exponencial,
isto é, a ocorrência de perdas funcionais é acelerada com o aumento da idade. Assim por
exemplo, num espaço de 10 anos, ocorrem maiores perdas funcionais entre 60 e 70 anos do
que entre 50 e 60 anos. Há portanto, um efeito cumulativo de alterações funcionais, com
degeneração progressiva dos mecanismos que regulam as respostas celulares e orgânicas
frente as agressões externas, levando ao desequilíbrio do organismo como um todo. Fatores
inerentes ao processo do envelhecimento determinam um limite na duração de vida de
todas as espécies animais.A tendência normal do organismo de manter a estabilidade
interna, ajustando processos metabólicos e fisiológicos em resposta as agressões, é
chamada homeostase. Quando a homeostase é perdida, a adaptabilidade do indivíduo ao
estresse interno e externo decresce e a susceptibilidade à doenças aumenta. A morte ocorre
em algum momento da senescência, quando o organismo não consegue mais restabelecer
o equilíbrio funcional. Fatores inerentes ao processo do envelhecimento determinam um
limite na duração da vida de todas as espécies animais. O tempo máximo de vida é a idade
mais elevada já atingida em uma dada espécie. Em humanos, o tempo máximo de vida já
registrado até hoje é de 122 anos.
Reflitamos:
Se já existe uma Política específica, e o Ministério da Saúde faz parte dela, por que criar uma nova?
Para que uma nova Lei com mais gastos e tempo.
Os aposentados e idosos que dispõem de um Plano particular de Saúde estão garantidos; os que dependem
do SUS estão no mesmo dilema da cidadania virtual, que está na televisão, nos palanques, e menos no
cotidiano das periferias, onde residem os idosos e aposentados de baixa renda.