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BELÉM - PARÁ
2002
JOSYENNE MARIA DE SOUSA SILVA
REGIENNE MARIA PAIVA ABREU OLIVEIRA
BELÉM - PARÁ
2002
JOSYENNE MARIA DE SOUSA SILVA
REGIENNE MARIA PAIVA ABREU OLIVEIRA
Avaliado por:
_____________________________________
Profa. Maria Lúcia Araújo de Medeiros
(UNAMA)
_____________________________________
Profa. Sandra Brandão de Lima
(UNAMA)
_____________________________________
Profa. Lúcia Cristina Cavalcante da Silva
(UNAMA)
Belém – Pará
2002
DEDICATÓRIA
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 9
METODOLOGIA .......................................................................................................... 18
ANEXOS
Introdução
que nos remetem à história da humanidade. Desde a pré-história, pelos mais diversos
com o decorrer do tempo. Rodrigues, Assmar e Jablonski (2000. p. 204) afirmam que:
mulheres, vem aumentando ao longo dos anos. Uma pesquisa realizada no estado do
Pará por Silva et al (1999), entre os anos de 1992 e 1994, levantou 94 casos de estupro
maior. Para Padilha (2002, p. 123), “...se levarmos em conta que a maioria dos casos
não é revelada e, portanto, não é denunciada, teremos idéia de como o abuso sexual é
contra a mulher é que grande parte dos estupros é praticada contra crianças e
violência sexual pode gerar inúmeras conseqüências tanto imediatas como a longo
família, o vínculo familiar fica seriamente comprometido. “Por ser praticado por pessoas
de o comportamento futuro ser influenciado por esta variável é muito alta. Del Prette e
situações.
e filhos violentados torna-se deficiente, pois a criança, por medo do pai, muitas vezes
se cala, omite o fato de outras pessoas, permitindo que a agressão se repita outras
vezes. Segundo Padilha (2002, p. 123) “Os sentimentos de culpa e vergonha da vítima
muitas vezes impedem que revele o acontecido, fazendo-o somente na vida adulta...”.
A família tem influência no silêncio da criança por ser uma agência controladora
Para a vítima, o ato sexual abusivo pode trazer diversas conseqüências. Quando
a vítima é uma criança, o ato é considerado ainda mais grave pelo fato de ela estar em
uma fase importante do seu desenvolvimento. De acordo com Papalia e Olds (2000), o
Esta é uma fase onde muitas transformações acontecem num período de tempo
relativamente curto. Um evento tão violento como o estupro pode interferir direta e
Azevedo (2000, p. 152) afirma que os crimes sexuais violentos “... podem
de caráter psicológico para as vítimas que são tão, ou algumas vezes, mais importantes
que as seqüelas físicas. Muito se tem enfatizado sobre a gravidez pós-estupro, por
que, a partir disto, se possam estudar novas formas de intervenção junto a elas bem
sexuais.
Estes crimes vêm sendo estudados pela doutrina jurídica ao longo dos tempos.
Como resultado desse estudo, foram surgindo novas formas de punição para eles.
No Brasil, tais crimes são considerados hediondos. Esta atribuição de penas em nosso
país é recente, pois de acordo com o Código Penal do Brasil de 1940, o atentado
violento ao pudor, por razões ideológicas, era considerado um delito de menor
gravidade que o estupro. Esta situação foi corrigida com a Lei dos Crimes Hediondos.
como comportamento agressivo aquele que tem por fim impor prejuízos físicos e/ou
força; coação.” Violência sexual, segundo Hazeu (1998, p. 31) é uma “... violência
física contra a liberdade sexual.”. Ela é todo investimento sexual feito contra a vontade
do sujeito paciente, a vítima. É um ato de coação sexual que não se restringe ao coito
vaginal, mas também envolve o coito anal, sexo oral e práticas masturbatórias. Hazeu
(1998) divide a violência sexual em três níveis de gravidade: sensorial, por estímulo e
vítima. A violência por estímulo é executada pela prática de carícias nas partes íntimas
do corpo da vítima. Por fim, na violência por realização de atos sexuais, acontece a
Uma outra definição de violência sexual faz a distinção entre crimes sexuais
homicídios. Os crimes sexuais violentos são aqueles que, segundo Azevedo (2000,
p.150), “... recorrem à violência para obter a submissão da vítima a práticas sexuais
desejadas pelo agressor.” Estes crimes são divididos em duas categorias: o estupro e
o atentado violento ao pudor. O estupro é a utilização da violência para a realização o
coito vaginal com a vítima. O atentado violento ao pudor, de acordo com Azevedo
(2000, p. 151), consiste na “... prática de ato libidinoso – diverso da conjunção carnal e
não visando a procriação portanto – praticado mediante coação ...”. Ele envolve todos
os atos sexuais diferentes do coito vaginal como “...apalpadelas e beliscões ... coito
2000, p. 151).
Silva (1999) refere que a violência sexual é caracterizada pelo processo onde um
utilizá-las na obtenção de satisfação sexual. Estes adultos podem ser o pai, padrasto,
fatos isolados da vida cotidiana das pessoas, portanto, pouco se sabe a respeito das
inúmeras e, às vezes, incorrigíveis conseqüências que estes atos podem trazer à vítima
de abuso sexual. A maior ênfase no estudo científico da violência sexual é dada aos
aspectos físicos gerados pela agressão sofrida. Muito se tem falado e escrito sobre as
controlador e mantenedor da ordem social, mas sim que existem outros aspectos de
para o futuro da pessoa que sofreu a violência. Ele pode atuar, na seqüência, de forma
terapêutica, porém seu enfoque será diferente do jurídico, uma vez que ao psicólogo
violência sexual. Além da agressão física, os crimes sexuais constituem uma agressão
psicológica para a vítima. Quando ela é uma criança, os prejuízos podem ser
fases, por isso, muitas mudanças acontecem em pouco tempo. Os efeitos do choque
grande maioria, homens. A intimidade representa uma ameaça, pois é difícil para a
na idade adulta dessas vítimas. Ainda de acordo com a autora, são freqüentes
tendência, que ela diz ser a pior conseqüência, a não acreditar em sua capacidade de
permitindo que os outros façam consigo o que quiserem, explorando-a muitas vezes.
Tackett et al (1993 apud WILLIAMS, 2002) mencionam que existe uma tendência ao
promiscuidade e prostituição.
Papalia e Olds (2000) também citam alguns efeitos do abuso sexual sofrido por
rejeição por parte de outros grupos, abuso de álcool e drogas, e, até mesmo, tendência
abuso sexual foi sofrido. Os sintomas mais comuns em crianças em idade pré-escolar,
adultos, com história de violência sexual na infância, apresentam tais como ansiedade,
Vimos, então, que os efeitos psicológicos gerados pelo abuso sexual são muitos
e podem ocorrer das mais diversas formas em qualquer estágio da vida do indivíduo.
Eles mostram-se em curto, médio e longo prazo. Crianças vítimas de violência sexual
podem sofrer por toda a vida os efeitos desagradáveis da agressão se não passarem
por um tratamento adequado. E é para que seja possível atuar de maneira mais eficaz
que estudos como este, que objetiva conhecer as queixas de maior incidência que
Participantes
A opção por uma só abordagem foi feita visando não incluir bases
Local
A coleta de dados foi realizada nos consultórios das próprias psicólogas.
Instrumentos e técnicas
Entrevista semi-estruturada, a partir de um roteiro previamente elaborado,
Procedimento
1ª Etapa: Escolheram-se aleatoriamente psicólogos da abordagem analítico-
pesquisa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
que contêm trechos eleitos das respostas dadas a cada questão. Abaixo de cada
profissional.
QUADRO 2 – Fonte de procura por atendimento psicoterápico.
Psicóloga Resposta
P1 “Demanda própria.”
P2 “A maioria é encaminhada.”
Psicóloga Resposta
P1 “Entre 9 e 15 anos”
P2 “De 5 a 12 anos”
Verifica-se que a violência sexual sofrida pelas mulheres situa-se entre a infância
al (1999).
32% têm menos de 5 anos de idade; 27% têm entre 5 e 9 anos; 27% têm entre 10 e 15
anos; e 14% têm entre 15 e 18 anos.” Estes dados coincidem com os números obtidos
Psicóloga Resposta
Estes dados são compatíveis com o que afirmam Papalia e Olds (2000), que
Psicóloga Resposta
pode levar a um isolamento social, como afirmam Padilha (2002), Williams (2002) e
Papalia e Olds (2000). Williams (2002) ainda menciona a manifestação de queixas
somáticas, ratificando a resposta dada por P2. Segundo Kaplan et al (1997, p. 740) o
Psicóloga Resposta
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1 Transtorno que se caracteriza por idéias, pensamentos, imagens ou impulsos persistentes que se tornam repetitivos e
intencionais e sem finalidade útil que se executa em ordem ou forma pré-estabelecida como meio de prevenir a ocorrência de
um evento ou situação.
2 Constrição involuntária dos músculos da vagina, o que dificulta a penetração peniana e causa dor na relação sexual.
3 Dor recorrente e persistente antes, durante ou após o ato sexual.
4 Diminuição acentuada do desejo sexual.
5 Ausência da sensação de orgasmo.
Padilha (2002) diz que as habilidades sociais empobrecidas constituem uma
Dentre as conseqüências mais comuns, verifica-se que há, na maioria dos casos,
As mulheres doam mais que recebem, não conseguindo estabelecer regras de troca
dentro de suas relações, sendo isto compatível com padrões comportamentais sub-
produtos da punição.
psicoterapia relatando o abuso sexual sofrido no passado. Isto pode se dar em função
consciência da relação entre o estupro e sua condição atual. P2 ainda sugere que
evolução no tratamento.
atendida pelas psicólogas entrevistadas parece independer do contexto social que cada
vítima está inserida, visto que algumas receberam tratamento em consultório particular,
pequeno número de psicólogos que atendem casos de mulheres que sofreram violência
sexual na infância, o que pode ser resultado da procura reduzida por estes
mais consistente.
sexo masculino, com história de violência sexual na infância, haja visto que uma das
psicólogas (P1) relatou ser grande o número de meninos abusados, apesar de que o
enfoque dado pela maioria dos estudos recai sobre o sexo feminino. É importante,
também, que se conheça o perfil comportamental dos agressores, uma vez que estes
profissional, principalmente nos dias atuais, em que os casos de violência sexual contra
crianças e adolescentes têm sido mais divulgados. Com base nos dados obtidos a partir
PAPALIA, Diane E. & OLDS, Sally Wendkos. Desenvolvimento Humano. 7.ed. Porto
Alegre: Artes Médicas, 2000.
UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE PSICOLOGIA
ROTEIRO DE ENTREVISTA
I – IDENTIFICAÇÃO
Nome:
Tempo de Graduação:
Abordagem Teórico-prática:
II – PERGUNTAS ESPECÍFICAS
UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE PSICOLOGIA
TERMO DE COMPROMISSO
Projeto de Pesquisa:
Conseqüências psicológicas a longo prazo da violência sexual na infância
Caro Psicólogo,
Solicitamos, através deste, autorização para realização de entrevista com o
objetivo de coletar dados e apresentar à comunidade científica local informações a
respeito das queixas mais freqüentes trazidas à psicoterapia por mulheres vítimas de
violência sexual na infância.
Esta pesquisa torna-se importante devido ao grande número de casos de
violência sexual contra crianças, assim como a insuficiência de programas de
prevenção contra as possíveis conseqüências psicológicas apresentadas por essas
mulheres. Tais dados podem oferecer subsídios para a criação desses programas.
Aproveitamos para ressaltar que sua identidade, bem como a de suas clientes e
todas as informações obtidas serão de caráter sigiloso, estando os mesmos livres para
participarem ou retirarem-se da pesquisa a qualquer momento.
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Assinatura do Psicólogo