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AULA I

DESENVOLVIMENTO DO DIREITO INTERNACIONAL AMBIENTAL


DESAFIOS E HISTÓRICO
SUMÁRIO

MATERIAL INDICADO

INTRODUÇÃO

HISTÓRICO

1- O DIREITO INTERNACIONAL AMBIENTAL ATÉ A CONFERÊNCIA DE ESTOCOLMO,


1972

2- CONFERÊNCIA DE ESTOCOLMO DE 1972

2.1- ANTECEDENTES

2.2- CARACTERÍSTICAS E POSICIONAMENTOS NO SEIO DA CONFERÊNCIA

2.3 –DOCUMENTOS PRODUZIDOS

A) A DECLARAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O MEIO AMBIENTE


HUMANO DE 1972

B) O PLANO DE AÇÃO PARA O MEIO AMBIENTE

2.4 –IMPLICAÇÕES DA CONFERÊNCIA

A) NACIONAL

B) DIPLOMÁTICO

C) JURÍDICO

3 - CONFERÊNCIA DO RIO DE 1992

3.1– ANTECEDENTES

3.2- CARACTERÍSTICAS E DOCUMENTOS PRODUZIDOS

A) A DECLARAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MEIO AMBIENTE E


DESENVOLVIMENTO

B) A AGENDA 21

C) A DECLARAÇÃO SOBRE FLORESTAS

4- DE JOHANESBURGO À COPENHAGEN: O DIREITO AMBIENTAL INTERNACIONAL


NA ÚLTIMA DÉCADA

BIBLIOGRAFIA

ANEXOS
MATERIAL INDICADO

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
• http://www.scribd.com/doc/7035340/Guido-Soares-Direito-Internacional-Publico-
MeioAmbiente

VÍDEOS
• http://www.youtube.com/user/ericssonmultimedia?v=KtIvh-
UVaTs&feature=pyv&ad=5073072036&kw=environment&gclid=CIT52Mn5lKQCF
Y5a7AodrCHlHw
• http://www.youtube.com/watch?v=mJUk70tfELA&feature=related
• http://www.youtube.com/watch?v=6DKzVKnOEq4&feature=related
• http://www.youtube.com/watch?v=bYmqRcE3IVM&feature=related
• http://www.youtube.com/watch?v=5g8cmWZOX8Q
•http://www.youtube.com/watch?v=vXfSOnVjSJM&p=C170CE2EDB21F834&playn
ext=1&index=43

SOBRE AS CONFERÊNCIAS
• Estocolmo, 1972
www.mma.gov.br/estruturas/agenda21/_arquivos/estocolmo.doc
http://pt.wikipedia.org/wiki/Confer%C3%AAncia_de_Estocolmo
http://www.unep.org/Documents.Multilingual/Default.asp?documentid=97
• Rio, 1992
http://www.estadao.com.br/especiais/entenda-o-que-foi-a-rio-92,3827.htm
• Johanesburgo, 2002
http://www.ana.gov.br/AcoesAdministrativas/RelatorioGestao/Rio10/riomaisdez/inde
x.php.39.html
• Copenhague, 2010
http://unfcccbali.org/unfccc/
http://www.bbc.co.uk/portuguese/especial/mudancasclimaticas.shtml
http://planetasustentavel.abril.com.br/cop15/
INTRODUÇÃO

MATERIAL INDICADO:

• VÍDEO

HTTP://WWW.YOUTUBE.COM/USER/ERICSSONMULTIMEDIA?V=KTIVH-
UVATS&FEATURE=PYV&AD=5073072036&KW=ENVIRONMENT&GCLID=CIT52MN5LKQCFY5A7AOD
RCHLHW

Dado que a terra – e o mar – e o espaço aéreo do planeta


Terra são compartilhados, e não são naturalmente
distribuídos entre os Estados do mundo, e dado que as
atividades que transformam o mundo, especialmente
atividades econômicas, podem ter efeitos direitos ou
cumulativos, em grande parte do meio-ambiente mundial,
como o direito internacional pode reconciliar a
interdependência inerente e fundamental do meio ambiente?
Como o controle legal de atividades que afetam
negativamente o ambiente podem ser instituídas, dado que
tais atividades podem ser fundamentais para a economia de
determinados Estados?1

Sabemos, atualmente, que o planeta enfrenta crescentes desafios que só podem


ser resolvidos por meio de cooperação internacional. Chuva ácida, depleção da
camada de ozônio, mudança climática, diminuição da biodiversidade, lixos e produtos
tóxicos, poluição de rios são algumas das questões nas quais o direito internacional
tem sido chamado a resolver. As condições que contribuíram para a emergência do
direito internacional ambiental são facilmente identificadas: questões ambientais
foram acompanhadas pelo reconhecimento de que a interdependência ecológica não
respeita os limites territoriais dos Estados, e que questões previamente consideradas
assuntos domésticos possuem implicações internacionais. Tais implicações, que
podem ser bilatérias, regionais ou globais, geralmente só podem ser solucionadas por
regulação e normas internacionais. Como conseqüência, pode-se notar o grande

1
ALLOTT, P. Eunomia: A New Order for a New World, 1990, par. 17.52. in SANDS, P. Principles of
international environmental Law, 2ª ed., 2003, p. 3. in SANDS, Philippe. Principles of International
Environmental Law, 2ª ed, Cambridge: Cambridge University Press, 2003, p. 3, tradução do autor.
arcabouço de princípios e regras de direito internacional ambiental que se consolidou
ao longo do tempo.

O desenvolvimento do controle legal internacional das atividades que


potencialmente podem causar danos ambientais foi gradual, fragmentado e,
frequentemente, resultado de uma reação a um incidente em particular ou frente à
novas evidências científicas2. Apenas no final do século XIX que as comunidades e
os Estados começaram a reconhecer as conseqüências transfronteiriças das atividades
que afetam rios compartilhados ou que levam a destruição da vida selvagem em áreas
além da jurisdição nacional. Por quase um século, o direito internacional ambiental
foi evoluindo e se consolidando, por meio de produção normativa e jurisdicional.3
Somente ao final do século XX é que ocorreu o reconhecimento definitivo de que
questões locais possuem efeitos que vão além das fronteiras territoriais dos Estados.
Em 1996, a Corte Internacional de Justiça reconheceu, pela primeira vez, a existência
de regras gerais de direito internacional ambiental, e que a ‘obrigação geral dos
Estados em assegurar que as atividades dentro de suas jurisdições eram agora parte de
um arcabouço do direito internacional relacionado ao meio ambiente’4. Desde então,
regras de tratados específicos se tornaram mais complexas e técnicas, questões
ambientais se tornaram cada vez mais integradas em outras áreas temáticas (incluindo
comércio, propriedade intelectual, direitos humanos e conflitos armados), e o direito
internacional ambiental consolidou-se como um tema mais freqüente nas cortes e
tribunais internacionais.

2
Idem.
3
Na década de 1930, as conseqüências transfronteiriças da poluição do ar ficou conhecida no litígio
levado à atribuição do tribunal arbitral no caso da Fundição Trail (Trail Smelter Case). Na década de
1950, a comunidade internacional legislou acerca da poluição internacional por petróleo nos oceanos.
Já na década, as conseqüências regionais da poluição e destruição da fauna e da flora se tornaram
evidentes, e, ao final dos anos 1980 as ameaças ambientais globais eram parte da agenda da
comunidade internacional, enquanto indícios científicos identificavam as potenciais conseqüências da
depleção da camada de ozônio, mudança climática e diminuição da biodiversidade. SANDS, Philippe.
Principles of International Environmental Law, 2ª ed, Cambridge: Cambridge University Press, 2003,
pp. 4-5.
4
Relatório da Corte Internacional de Justiça 226, 1996, p. 242.
HISTÓRICO

O direito internacional ambiental evoluiu em períodos distintos, refletindo o


desenvolvimento em conhecimento científico, a aplicação de novas tecnologia e a
compreensão de seus impactos, mudanças na consciência política e a transformação
estrutural da ordem jurídica internacional e suas instituições.

O início foi marcado pelos tratados bilaterais de pesca no século XIX, cenário
que permaneceu até a criação de novas organizações internacionais em 1945. Durante
esse período, a população e as nações começaram a compreender que o processo de
industrialização e desenvolvimento demandava limitações na exploração de certos
recursos naturas (flora e fauna) e a adoção de instrumentos legais apropriados.

A criação das Nações Unidas marcou a alteração da estrutura da produção


normativa do Direito Internacional, refletindo, obviamente, na seara ambiental. Essa
nova dinâmica culminou na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente,
realizada na cidade de Estocolmo, na Suécia, em 1972. Durante esse período, foi
criada uma gama de organismos internacionais com competência para tratar de
questões ambientais. Instrumentos jurídicos foram adotados, tanto no âmbito regional
como global.

No período que se seguiu, diversos documentos internacionais foram


concebidos, no entanto, o marco histórico seguinte certamente é a Conferência das
Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), em junho
de 1992. Durantes os vinte anos que se passaram entre as duas principais
conferências, a ONU tentou instituir um sistema de respostas coordenadas às questões
ambientais internacionais, convenções regionais e globais foram adotadas, e, pela
primeira vez, a produção, consumo e o comércio internacional de determinados
produtos foi banido a nível mundial.

Após a Conferência do Rio, em 1992, o cenário internacional pode ser


caracterizado como um período de integração: quando questões ambientais deveriam
ser integradas a todas as atividades, como uma preocupação internacional política e
jurídica.5 Esse tem sido, igualmente, o período no qual uma crescente atenção tem

5
SANDS, Philippe. Principles of International Environmental Law, 2ª ed, Cambridge: Cambridge
University Press, 2003, p. 25.
sido dada ao cumprimento das obrigações internacionais ambientais. O resultado
disso é o aumento significativo da jurisprudência internacional acerca do tema. Dois
encontros merecem destaque, nesse sentido, a saber, as conferências de Johanesburgo,
2002, e Copenhagen, 2010, apesar de seus resultados terem sido muito aquém do
esperado, no que tange a produção normativa e alterações significativas.

Utilizaremos, portanto, as conferências que marcaram a evolução do direito


internacional ambiental como referências para o estudo da origem e consolidação
histórica desse importante ramo do Direito Internacional.

1- O DIREITO INTERNACIONAL AMBIENTAL ATÉ A CONFERÊNCIA DE ESTOCOLMO,


1972

Os primeiros movimentos de desenvolvimento das regras de direito


internacional ambiental focavam na conservação da vida selvagem (peixes, aves e
focas) e, em uma dimensão mais limitada, a proteção de rios e mares. O
desenvolvimento normativo internacional seguiu os esforços de pesquisa de cientistas
do final do século XVIII e início do século XIX, incluindo o trabalho do Conde de
Buffon6, Fabre7 e Surrel, Saussure e Von Humboldt8, entre outros.

A adoção de tratados era esporádica e com escopo limitado. Convenções


bilaterais sobre pesca eram acordadas em meados do século XIX para travar a
exploração excessiva. Exemplos incluem a convenção para preservação das ostras por
meio da proibição da pesca fora de determinadas temporadas9, e instrumentos de
proteção ao pescado, geralmente em rios e lagos ou ao redor de águas territoriais, em
relação à exploração excessiva10. A primeira convenção baleeira foi adotada em
1931.11 Os pássaros migratórios receberam, igualmente, atenção por parte da
comunidade internacional para assegurar sua preservação. Em 1872, A Suíça propôs

6
Para saber mais sobre Conde de Buffon, ver: http://pt.wikipedia.org/wiki/Georges-
Louis_Leclerc,_conde_de_Buffon
7
Para saber mais sobre o trabalho de Fabre, ver: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean-
Henri_Casimir_Fabre
8
Para mais sobre Von Humboldt, ver: http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexander_von_Humboldt
9
Convenção entre França e Grã Bretanha relativa à Pesca, art. XI, Paris, 11 de Novembro de 1867, 21
IPE 1.
10
Pesca no Mar do Norte (Convenção sobre Pesca Excessiva), 1882, UN Doc. ST/LEG/SER.B/6,
1957, 695; Convenção sobre a Exploração e a Preservação da Pesca da Fronteira do Danúbio,
Belgrado, 15 de Janeiro de 1902. Para outras convenções, ver 9 IPE 4319-792.
11
Convenção para Regulação da Pesca de Baleias, Genebra, 24 de Setembro de 1931, 155 LNTS 351.
uma comissão regulatória para proteção das aves. Isso levou a questão para centro da
agenda da organização não governamental conhecida como Congresso Internacional
de Ornitologia e a criação, em 1884, do Comitê Internacional de Ornitologia, que
formulou uma proposta de tratado12, e a adoção, e 1902, da Convenção para a
Proteção de Aves úteis para a agricultura.13 A Convenção de Aves de 1902 previa a
permissão para pesquisas científicas, diretrizes que continuam a ser refletidas em
instrumentos mais modernos, como a Convenção de Berna de 1979 e a Convenção de
Biodiversidade de 1992.

Não foi somente a pesca e vida selvagem que atraiu a atenção da sociedade
internacional. O Tratado sobre Águas Fronteiriças de 1909 entre Estados Unidos e
Canadá foi o primeiro a comprometer as partes à combater a poluição. Durante esse
período, dois conflitos ambientais foram submetidos à arbitragem internacional.
Ambos estabeleceram princípios que influenciaram o desenvolvimento do direito
internacional ambiental, incluindo as disposições regulamentares controlando a
conduta de futuras atividades. A arbitragem acerca das focas do pacífico envolveu
uma disputa entre Estados Unidos e Grã Bretanha em relação à exploração excessiva
das focas em áreas alem da jurisdição nacional14. A decisão rejeitou o argumento de
que Estados teriam o direito de estabelecer jurisdição sobre recursos naturais fora de
suas jurisdições para assegurar a preservação de tais recursos, e anunciou
regulamentações para a proteção e uso apropriado das focas fora dos limites
jurisdicionais. A regulamentação refletiu em disposições de tratados, como o Acordo
entre o Governo dos Estados Unidos da América e o Governo da Grã Bretanha em
relação à pesca de foca no mar de Bering, celebrada em Washington, 15 de junho de
1891.

A segunda, e mais conhecida arbitragem desse período, foi o caso da Fundição


Trail15, entre E.U.A. e Canadá, sobre a emissão de fumaças de enxofre de fundições
situadas no Canadá que causaram danos no estado de Washington. O Tribunal aplicou
o princípio de que, sob o direito internacional, nenhum Estado tem o direito de usar
ou permitir o uso do seu território de tal maneira que possa causar dano ao território
de outro, quando o caso apresenta conseqüências graves e o dano é estabelecido por
12
CALDWELL, L.K. International Environmental Policy, 1990, p. 32.
13
Paris, 19 de Março de 1902.
14
Moore’s International Arbitral Awards, 1893, 755; cap. 111, pp. 561-566.
15
Para uma análise do caso da Fundição Trail, ver
http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.27121
evidencias claras e convincentes. A decisão do tribunal representou um momento
marcante para o direito internacional ambiental no que tange a poluição atmosférica.16

A criação da ONU, em 1945, e de suas agências especializadas, marcou uma


mudança no modelo por meio do qual se desenvolvia o direito internacional
ambiental. As organizações internacionais de âmbito global começavam a tratar de
assuntos ambientais. Nesse momento, o reconhecimento da relação entre
desenvolvimento econômico e proteção ambiental ainda era limitado.

A princípio, nenhuma agência de preservação ambiental foi criada dentro da


estrutura da ONU. No entanto, os instrumentos constituídos na esfera da Organização
das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO)17 e da Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) incluíam
dispositivos com aspecto de preservação ambiental.

O passo seguinte foi a convocação, por meio da resolução do Conselho


Econômico e Social da ONU (ECOSOC), da Conferência das Nações Unidas sobre a
Conservação e Utilização dos Recursos Naturais, em 1949. Se as conquistas dessa
encontro foram limitadas, os temas foram similares aos abordados na Conferência das
Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, quase meio século depois.
O tema central passa a ser a relação entre a conservação ambiental e a necessidade de
desenvolver padrões de desenvolvimento que assegurem essa preservação.

A partir da década de 50 as primeiras tentativas de luta contra a poluição do


mar e de proibição da utilização de determinadas tecnologias resultaram na adoção,
dentre outros, tratados ambientais, dos seguintes textos internacionais:

a) a Convenção de Londres de 12 de maio de 1954, para a prevenção da poluição dos


mares por hidrocarbonetos, que proíbe o lançamento de rejeitos de hidrocarbonetos a
menos de 50 milhas da costa;

16
Se a poluição ambiental representou a primeira questão verdadeiramente ambiental a ser regulada
por um tratado, a partir dos anos 30, tanto a proteção das espécies, da fauna e da flora selvagens quanto
das belezas naturais foram objeto de regulamentação: a) Convenção de Londres referente à
conservação da fauna e da flora em seu estado natural de 1933 que se aplica a África, cujo objetivo era
a proteção da fauna e da flora conjuntamente e não apenas uma determinada espécie; b) Convenção de
Washington sobre a proteção da flora, da fauna e de belezas panorâmicas naturais dos países da
América de 1940.
17
Para saber mais sobre a FAO, ver
http://pt.wikipedia.org/wiki/Organiza%C3%A7%C3%A3o_das_Na%C3%A7%C3%B5es_Unidas_para
_a_Agricultura_e_a_Alimenta%C3%A7%C3%A3o
b) o Tratado da Antártica, de 1º de dezembro de 1959, que proíbe atividade nuclear e
adota medidas para proteção da fauna e da flora;

c) do Tratado de Moscou, de 5 de agosto de 1969, que proíbe testes nucleares na


atmosfera, espaço extra-atmosférico e sob a água.

A partir do final dos anos 60 ocorreu um acelerado desenvolvimento da


preocupação ambiental, com a adoção de vários tratados e que culminou com a
realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano
(Conferência de Estocolmo) em 1972, marco do direito ambiental internacional e das
relações internacionais.

2- CONFERÊNCIA DE ESTOCOLMO DE 1972

MATERIAL INDICADO

• VÍDEOS

HTTP://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=MJUK70TFELA&FEATURE=RELATED

HTTP://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=6DKZVKNOEQ4&FEATURE=RELATED

• TEXTOS

WWW.MMA.GOV.BR/ESTRUTURAS/AGENDA21/_ARQUIVOS/ESTOCOLMO.DOC

HTTP://PT.WIKIPEDIA.ORG/WIKI/CONFER%C3%AANCIA_DE_ESTOCOLMO

HTTP://WWW.UNEP.ORG/DOCUMENTS.MULTILINGUAL/DEFAULT.ASP?DOCUMENTID=97

Deve-se destacar quatro fatores que influenciaram a decisão de realizar uma


conferência mundial sobre a proteção ambiental:

• A crescente cooperação científica internacional.

• O acelerado crescimento econômico e a degradação ambiental.

• As grandes catástrofes com efeitos visíveis – como o naufrágio do Torrey


Canyon18 em março de 1967, que afundou a 5 milhas das costa da Grã-Bretanha e
ocasionou um vazamento de 124.000 toneladas de petróleo

18
Para um breve histórico dos vazamentos de óleo nos oceanos, ver
http://www.cetesb.sp.gov.br/emergencia/acidentes/vazamento/panorama/panorama.asp
• A identificação de problemas ambientais, que poderiam gerar conflitos
internacionais e que demandavam uma cooperação internacional – chuvas ácidas, a
poluição do mar Báltico, acumulação de materiais pesados e de pesticidas19

2.1- ANTECEDENTES

A Suécia sugeriu às Nações Unidas que fosse organizada uma conferência


para discutir os problemas referentes ao meio ambiente. O Conselho Econômico e
Social previa a convocação de uma conferência mundial e esta veio a ser foi ratificada
pela Assembléia Geral das Nações Unidas em 3 de dezembro de 1968.20 Foram
realizadas consultas entre os Estados e trabalhos preparatórios, destacando-se um
Painel de Peritos em Desenvolvimento e Meio Ambiente realizado em Founex (Suíça)
entre 4 e 12 de junho de 1971, cujo relatório foi considerado como uma das peças
fundamentais para os conceitos discutidos na Conferência de Estocolmo. Esse painel
contou com a participação do Brasil e evidenciou as divergências entre países
desenvolvidos e em desenvolvimento. Os primeiros consideravam que o
desenvolvimento era a causa dos problemas ambientais e, eles enfatizavam que os
problemas da poluição eram ocasionados pela industrialização. Já os segundos, os
países em desenvolvimento, afirmavam que o desenvolvimento era justamente a
solução para a correção dos desequilíbrios ambientais e sociais e, apontavam para a
necessidade de considerar os custos de medidas ambientais para os países em
desenvolvimento.

As questões ambientais inerentes ao desenvolvimento ampliaram então o


próprio conceito de desenvolvimento. O Brasil assumiu uma postura favorável a tese
desenvolvimentista e afirmava que cabia aos países desenvolvidos a responsabilidade
pela solução do problema ambiental (poluição), já que esses países tinham criado essa
problemática e que era mais importante investimento em desenvolvimento do que em
controle ambiental – a transferência das indústrias mais poluentes era estimulada pela
política econômica brasileira.

19
DA SILVA, Solange Teles. O Direito Ambiental Internacional. Coleção Para Entender o Direito
Internacional, 2009.
20
Resolução 2398(XXIII) da Assembléia Geral das Nações Unidas.
2.2- CARACTERÍSTICAS E POSICIONAMENTOS NO SEIO DA CONFERÊNCIA

A Conferência de Estocolmo, a maior organizada até então, realizou-se de 5 a


16 de junho de 1972. Na ocasião,113 Estados foram representados, contando com a
participação organizações internacionais e mais de 400 organizações não-
governamentais. As principais potências a época destacaram-se negativamente, como
bem destaca a professora Solange Teles:

• A União Soviética decidiu não participar, como uma forma de protesto pelo fato da
Alemanha Oriental, que não era membro da ONU, não ter sido credenciada.

• Os Estados Unidos tiveram uma participação discreta, por motivo das divisões no
seio de sua delegação e do receio de serem condenados pelo uso de desfolhantes no
Vietnã.

Importante ressaltar a atuação das organizações não-governamentais (ONGs),


que realizaram paralelamente seu próprio fórum, exercendo uma pressão sobre os
representantes dos governos. No que tange os resultados da conferência, os
instrumentos adotados, a (a) Declaração das Nações unidas sobre o Meio Ambiente
Humano e o (b) Plano de Ação para o Meio Ambiente, não tinham uma natureza
convencional, mas um caráter declaratório.

2.3 – DOCUMENTOS PRODUZIDOS

A) A DECLARAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O MEIO AMBIENTE


HUMANO DE 1972

Declaração de Estocolmo tratou, em seu preâmbulo e em 26


princípios, da problemática ambiental e das necessárias medidas na
esfera nacional e internacional para o enfrentamento das questões
ambientais. Os princípios dessa declaração referiam-se aos
fundamentos das ações a serem realizadas e aos objetivos a alcançar
(princípios 1º a 7º); à interconexão entre a problemática ambiental e o
desenvolvimento, bem como à proteção dos direitos fundamentais
(princípios 8 a 17) e, aos instrumentos da política ambiental
(princípios 18 a 20) e à necessária cooperação internacional
(princípios 21 a 26).21

21
DA SILVA, Solange Teles. O Direito Ambiental Internacional. Coleção Para Entender o Direito
Internacional, 2009, p. 25.
B) O Plano de Ação para o Meio Ambiente

Composto por 109 recomendações estava divididos em três eixos


fundamentais: (b.1) a avaliação dos problemas ambientais – “Plano
Vigia” – “Earth watch” – cujo objetivo era a análise, investigação,
controle e intercâmbio de informação e cooperação em escala
internacional; (b.2) a gestão do meio ambiente, identificando-se os
diversos problemas que deveriam ser tratados e adoção de critérios
gerais aplicáveis em matéria de contaminação em geral, substâncias
tóxicas e perigosas, limitação do ruído, contaminação alimentar e
proteção do meio marinho e; (b.3) as medidas de apoio centradas na
promoção da informação e educação ambiental, bem como na
formação de especialistas.22

Ademais, uma das contribuições mais significativas da conferência foi a idéia


da criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). O
Plano de Ação para o Meio Ambiente previu, então, em uma de suas 109
recomendações, a criação desse organismo, formalizada pela Resolução 2997
(XXVII) Assembléia geral, de 15 de dezembro de 1972. O PNUMA se tornou então
um órgão com prerrogativas limitadas, mas com o importante propósito de incitar os
outros órgãos a considerarem os imperativos de proteção ambiental em seus projetos e
decisões.

2.4 – IMPLICAÇÕES DA CONFERÊNCIA

A Professora Solange Teles, citando o Professor Le Prestre, é precisa ao


identifica as implicações de Estocolmo sob três prismas23:

A) NACIONAL
Os impactos decorrentes dessa seara remetem a criação de órgãos especializados
(ministérios e órgãos especializados). No Brasil, ocorreu a criação em 1973 da
Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA) junto ao Ministério do Interior, para
realizar a gestão integrada do meio ambiente (decreto n. 73.030 de 30.10.1973),
posteriormente extinta pela Lei 7.735 de 22.02.1989. Durante a gestão de Paulo
Nogueira Neto, secretário especial do meio ambiente (1974-1986) foram criadas 18

22
Idem
23
LE PRESTRE, Philippe. Protection de l’environnement et relations internationales : les défis de
l’écopolitique mondiale, Paris, Dalloz, 2005, p. 178.
estações ecológicas totalizando 3,2 milhões de hectares de áreas protegidas, bem
como áreas de proteção ambiental (APAs).24

B) DIPLOMÁTICO
Após Estocolmo outras conferências foram realizadas, que resultaram na adoção de
declarações, planos de ação e criação de instituições. Destaca-se, nesse sentido,
algumas delas: Conferência das Nações Unidas sobre os Assentamentos Humanos de
Vancouver de 1976; Conferência das Nações Unidas sobre Desertificação de 1977;
Conferência das Nações Unidas de Mar del Plata de 1977.

C) JURÍDICO

Nesse aspecto, é importante ressaltar a participação das ONGs nos processos de


negociação de tratados ambientais, fundamentais na consolidação dos princípios de
direito ambiental internacional, adotados nas declarações oriundas das conferências.

Por fim, ao final da conferência registrou-se a recomendação à Assembléia geral das


Nações Unidas para que convocasse e decidisse sobre uma 2ª Conferência sobre o
Meio Ambiente Humano.

3 - CONFERÊNCIA DO RIO DE 1992

MATERIAL INDICADO

• VÍDEOS

HTTP://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=BYMQRCE3IVM&FEATURE=RELATED

HTTP://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=5G8CMWZOX8Q

• TEXTOS

HTTP://WWW.ESTADAO.COM.BR/ESPECIAIS/ENTENDA-O-QUE-FOI-A-RIO-92,3827.HTM

A Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o


Desenvolvimento (CNUMAD)25, de 1992, proveu uma grande oportunidade para a

24
DA SILVA, Solange Teles. O Direito Ambiental Internacional. Coleção Para Entender o Direito
Internacional, 2009, p. 27.
comunidade internacional para priorizar questões ambientais e consolidar uma gama
de compromissos legais internacionais desenvolvidos de forma descoordenada. Esses
tratados e outros atos internacionais, adotados antes, durante e depois da CNUMAD,
refletem a gama crescente de atividades econômicas que inspiram preocupações
legítimas da comunidade internacional e são temas apropriados para regulamentação
jurídica internacional. A CNUMAD acordou em prioridades ambientais que eram
essencialmente divididas em duas categorias: aquelas relacionadas à proteção de dos
diversas esferas ambientais, e aqueles relacionados à regulação de determinados
produtos e atividades. A primeira categoria identificou as seguintes prioridades para a
proteção e conservação de um meio ambiente em particular:

• proteger a atmosfera, especialmente pelo combate a mudança climática, depleção da


camada de ozônio e poluição transfronteiriça;

• proteger recursos da terra;

• impedir o desflorestamento;

• conservar a diversidade biológica;

• proteger as reservas de água potável; e

• proteger os oceanos e mares (incluindo as zonas costeiras) e a vida marinha.

A segunda categoria de questões centrais identificou os produtos e subprodutos da


tecnologia humana e inovação industrial que eram considerados particularmente
prejudicial ao meio ambiente, e que, portanto, demandavam a regulamentação
internacional. Esses incluíam:

• biotecnologia;

• produtos químicos tóxicos, incluindo o comércio desses produtos;

• práticas agrícolas;

• resíduos perigosos ao meio ambiente, incluindo o comércio desses produtos;

• resíduos sólidos e questões relacionadas aos esgotos; e

• resíduos radioativos.

25
A ECO-92, Rio-92, Cúpula ou Cimeira da Terra são nomes pelos quais é mais conhecida a
Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD) representada
pela sigla, em inglês, UNCED – United Nations Conference on Environment and Development.
Para ambas as categorias, as ações legais internacionais são complexas, e não podem
ser consideradas ou tratadas apropriadamente sem que se considere as questões
políticas, econômicas, culturais e científicas envolvidas. Qual o padrão de proteção
ambiental que deve-se buscar? Como esses padrões poderão ser assegurados
domesticamente e internacionalmente? O que acontecerá se um conflito surgir por um
não cumprimento?

Ao tratar tais questões, fica claro que o meio ambiente representa um sistema
complexo de interconexões, que para compreender a evolução e o caráter de um meio
ambiente em particular é necessário considerar uma ampla gama de fatores
aparentemente não relacionados, e que esses fatores podem ser compreendidos como
conectados uns aos outros em diversas dimensões, o que não permite que elas sejam
tratadas distintamente26. A interdependência das questões ambientais coloca desafios
jurídicos: como desenvolver e aplicar um conjunto de requisitos legais efetivos e
compreensíveis voltado para a prevenção de danos ambientais abordando as causas
sem tomar medidas que causarão danos em outros lugares?

3.1 – ANTECEDENTES

De Estocolmo a Rio, inúmeras convenções multilaterais foram adotadas,


consolidando, ainda mais, o arcabouço normativo acerca do tema.27 Esse período foi
marcado, igualmente, por inúmeras catástrofes ambientais.28 Ademais, atores não-
estatais passaram a ter um importante papel no desenvolvimento do direito ambiental
internacional. Com efeito, alguns movimentos29 mobilizaram a comunidade

26
GOUDIE, A., The Nature of the Environment, 3ª ed., 1993, pp. 367 e 368.
27
Nesse sentido, algumas merecem destaque, a saber: a Convenção sobre Comércio Internacional de
Espécies da Flora e da Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (CITES); a Convenção de Londres
sobre a Prevenção da Poluição dos Mares, resultando da imersão de resíduos; a Convenção para a
prevenção da poluição por navios; a Convenção sobre o direito do mar; a Convenção sobre Poluição
Transfronteiriça de Longo Alcance; a Convenção de Viena para a Proteção da Camada de Ozônio e o
Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio; e a Convenção da
Basiléia sobre o Controle de Movimentos Transfronteiriços de Resíduos Perigosos e seu Depósito.
28
Seveso, acidente industrial na Itália em 1976; Amoco Cadiz, acidente com superpetroleiro nas águas
territoriais francesas em 1978; Bhopal, acidente industrial na Índia em 1984; Chernobyl, acidente
nuclear na Ucrânia e; Sandoz, incêndio em empresa química na Suíça, ambos em 1986.
29
A União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN), em colaboração com a Organização
Mundial para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a UNESCO e o WWF lançaram a “Estratégia
Mundial para a Conservação” (IUCN, 1980), cujo objetivo era avançar na implementação do
desenvolvimento sustentável, através da conservação dos recursos biológicos. Isso seria alcançado a
partir de três objetivos principais: a manutenção dos processos ecológicos essenciais e dos sistemas de
suporte da vida, a preservação da diversidade genética e a utilização sustentável das espécies e
ecossistemas. Esse guia para uma estratégia mundial de conservação explicava a contribuição da
internacional, no entanto, os progressos nesse período foram insuficientes para alterar
a destruição do meio ambiente.30

Seguindo essa tendência, após dez anos da criação da Declaração de


Estocolmo, a Assembléia Geral da ONU elaborou, em 1982, a Carta Mundial para
Natureza,31 que teve como mérito o fato de ter sido um novo instrumento de
reconhecimento e promoção de princípios de conservação ambiental.32 Na mesma
década da adoção da Carta Mundial para a Natureza, surge, como resultado dos
trabalhos da Comissão Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento,33 um
instrumento inovador em matéria ambiental, o relatório “Nosso Futuro Comum”,
também chamado de Relatório Brundtland.34 Esse documento foi publicado em 1987,
consolidando mudanças significativas ao enfatizar a noção de que o meio ambiente
não existe “como uma esfera vinculada de ações, ambições e necessidades

proteção dos recursos biológicos para a sobrevivência humana, identificava as prioridades de


preservação e propunha medidas concretas para serem aplicadas na esfera nacional e internacional. DA
SILVA, Solange Teles. O Direito Ambiental Internacional. Coleção Para Entender o Direito
Internacional, 2009, p. 30.
30
De acordo com uma avaliação realizada pelo PNUMA dos 10 anos que se seguiram Estocolmo, na
reunião realizada em Nairóbi (Quênia) em 1982, os problemas ambientais tinham piorado.
31 Assembléia Geral Res. 37/7, World Charter for Nature, A/Res/37/7, 28 de Out., 1982. Disponível
em http://www.un.org/documents/ga/res/37/a37r007.htm.
32 A Carta Mundial para a Natureza não foi, contudo, único texto elaborado no âmbito da ONU nos
dez anos que sucederam a Conferência de Estocolmo. Vários instrumentos não obrigatórios foram
adotados intergovernamentalmente, como a minuta dos Princípios do Programa das Nações Unidas
sobre Meio Ambiente e Programa Montreal de 1981. Nesse sentido, ver SANDS, P. Principles of
International Environmental Law, 2003.
33 Criada em 1983, teve como presidenta a Sra. Gro Harlem Brundtland, primeira-ministra da
Noruega, daí o nome do relatório elaborado pela Comissão. Atuando como órgão independente, todos
os seus membros, incluindo o então Secretário do Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia do Distrito
Federal do Brasil, o Sr. Paulo Nogueira Neto, atuavam individualmente, e não como representantes de
seus governos. COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO,
1991.
34
Em 1983, a Assembléia geral das Nações unidas criou a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, presidida pela Primeira Ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, com o
objetivo de propor estratégias ambientais e cooperação entre países em diferentes estágios de
desenvolvimento. Essa comissão teve entre seus membros Paulo Nogueira Neto, à época secretário
especial do meio ambiente do Brasil, cujo papel foi de destaque. A comissão realizou seus trabalhos
durante três anos e entregou seu relatório em 1987, a Assembléia geral das Nações unidas, o Relatório
Nosso Futuro Comum ou Relatório Brundtland que afirmava a necessidade de entrar em uma nova era
de crescimento econômico apoiado em práticas que conservassem e expandissem a base dos recursos
ambientais. De acordo com o relatório, o desafio global estava lançado e as questões ambientais não
mais podiam dissociar-se das questões referentes ao desenvolvimento econômico, pois “muitas formas
de desenvolvimento desgastam os recursos ambientais nos quais se deviam fundamentar, e a
deterioração do meio ambiente pode prejudicar o desenvolvimento econômico”. O Relatório
Brundtland enuncia então que é necessário alcançar um desenvolvimento sustentável, possibilitando a
difusão mundial de tal expressão (cf. título III). DA SILVA, Solange Teles. O Direito Ambiental
Internacional. Coleção Para Entender o Direito Internacional, 2009, p. 31.
humanas”.35 Neste sentido, propõe-se a expansão do conceito de desenvolvimento
sustentável e a criação de um programa das Nações Unidas dedicado ao tema.

É certo que a Carta Mundial para Meio Ambiente e o Relatório de Brundtland


foram de grande relevância para a consolidação do meio ambiente como um tema de
debates nas esferas nacional e internacional, ampliando a noção de desenvolvimento
sustentável. O caráter recomendatório desses documentos, contudo, não lhes confere a
capacidade para regulamentar, por meio de normas e regras, a exploração dos
recursos naturais que causa danos ambientais. Tal arcabouço normativo é
estabelecido, de qualquer modo, por meio de tratados que, não ocasionalmente,
baseiam-se nos princípios e recomendações previstas nos instrumentos internacionais
instituídos anteriormente, realçando o papel do soft law na formação de instrumentos
de hard law. Destacam-se, sobre esse aspecto, as convenções sobre a proteção da
camada de ozônio, a mudança climática e a diversidade biológica, temas que
passaram a ser abordados enfaticamente no fim da década de 80 e início dos anos 90,
durante conferências realizadas pela ONU.

Em 1988, a Assembléia geral das Nações unidas aprovou a Resolução 43/196


que estabelecia que a conferência sobre temas ambientais deveria ser realizada até
1992 para avaliar as tendências políticas e ações realizadas para proteger o meio
ambiente, além do grau de implementação dos critérios ambientais em políticas e no
planejamento econômico e social desde Estocolmo. Por consenso foi então adotada a
Resolução 44/228 da Assembléia geral das Nações unidas aos 22 de dezembro de
1989 sobre a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento no Rio de Janeiro com duração de duas semanas e coincidindo com
o dia do Meio Ambiente – 5 de junho.

A candidatura do Brasil em sediar essa conferência foi motivada pela


necessidade de provar que as preocupações ambientais eram importantes para o país –
sobretudo em face da devastação da Amazônia e de manifestações do movimento
ambientalista –; a realização dessa conferência no Brasil figurava também como uma

35 COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, Nosso Futuro


Comum, 1991, pág. 13.
oportunidade para formalizar parcerias com países do Norte, em busca da
transferência de tecnologias.36

3.2- CARACTERÍSTICAS E DOCUMENTOS PRODUZIDOS

A Conferência do Rio, “Cúpula da Terra” ou ECO/92, reuniu então 178 países


e mais de 100 chefes de Estado37, além de 8 mil delegados, organizações
intergovernamentais, representantes de organizações não-governamentais, jornalistas.
Também foi realizado um fórum em paralelo de organizações não-governamentais.

Como resultado da Conferência do Rio, três documentos jurídicos, não


vinculantes aos Estados, foram aprovados – (a) a Declaração do Rio, (b) a Agenda 21
e (c) a Declaração sobre Florestas – e duas convenções foram abertas à assinatura – a
Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima e a Convenção das
Nações Unidas sobre Diversidade Biológica

A) A DECLARAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MEIO AMBIENTE E


DESENVOLVIMENTO

A Declaração do Rio foi adotada por consenso e é um texto de


conteúdo político-jurídico que contribuiu com a consagração de
certos princípios do direito ambiental internacional como regras
costumeiras e fomentou a adoção de outros princípios em tratados
ambientais multilaterais e na legislação interna dos países. Os 27
princípios da declaração podem ser analisados a partir de quatro
grupos: a) aqueles que se referem às relações existentes entre a
proteção ambiental e o meio ambiente, destacando-se a questão do
desenvolvimento e do desenvolvimento sustentável; b) aqueles que
estabelecem instrumentos ou determinam com maior precisão as
medidas a serem adotadas pelos Estados; c) aqueles que tratam
particularmente de certos grupos sociais e seu papel na proteção

36
Ainda sob o prisma regional e por inspiração do Brasil dois atos internacionais merecem ser citados:
a) a Declaração de Manaus relativa à Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, pelos Presidentes dos Países Amazônicos (II Reunião de Presidentes dos Países
Amazônicos, 10 e 11 de fevereiro de 1992, Manaus – AM) e; b) a Declaração de Canela dos
Presidentes do Cone Sul que harmonizava as posições dos países em relação à Conferência das Nações
Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (20 e 21 de fevereiro de 1992, Canela – RS).
SOARES, Guido. Direito Internacional do meio Ambiente. 2001, p. 75.
37
Contrapondo Estocolmo, em 1972, na qual apenas dois chefes de Estado compareceram: Olaf Palme
(Suécia) e Indira Gandhi (Índia) o que demonstra que a temática ambiental só entraria na agenda de
políticos vinte anos mais tarde.
ambiental; d) aqueles que tratam notadamente das relações
internacionais e do direito ambiental internacional.38

B) A AGENDA 21

A Agenda 21, documento prospectivo ou ainda um guia para a


tomada de decisões, que identificou os problemas prioritários, bem
como os recursos e meios para enfrentá-los na atualidade e no século
XXI, constitui um plano de ação. Trata-se de um programa dinâmico
e sua execução depende de “uma associação mundial em prol do
desenvolvimento sustentável” (Preâmbulo 1.1), quer dizer, de uma
parceria mundial de todos os atores – Estados, organizações
internacionais, organizações não-governamentais, governos locais,
sociedade civil organizada, empresas, indivíduos, enfim de todos – na
promoção do desenvolvimento sustentável. Nesse sentido, há a
necessidade de um incremento do fluxo de recursos financeiros novos
e adicionais para os países em desenvolvimento para ações em
relação ao desenvolvimento sustentável e para o fortalecimento da
capacidade das instituições internacionais em prol de sua
implementação. As áreas e programas da Agenda 21 foram
sistematizados em quatro partes e 40 capítulos, descritos em termos
de bases para a ação, objetivos, atividades e meios de
implementação. 39

C) A DECLARAÇÃO SOBRE FLORESTAS

A “Declaração de princípios juridicamente não compulsória, mas


tendo autoridade para um consenso mundial sobre a gestão, a
conservação e a exploração ecologicamente viável de todos os tipos
de florestas” de 1992, foi o resultado das negociações pelo fato de
não se ter conseguido chegar a um consenso para estabelecer um
instrumento internacional vinculante específico sobre florestas.
Pode-se assinalar que as divergências entre os Estados giravam em
torno dos seguintes aspectos: o estabelecimento de um futuro
instrumento legal sobre as florestas, a soberania dos Estados em
relação à exploração de seus recursos ambientais, a
responsabilidade histórica e a questão da compensação, o acesso aos
recursos genéticos, o comércio de produtos florestais e as origem da
explotação das florestas, bem como as questões relacionadas a
dívida externa. Essa declaração sem força jurídica obrigatória, soft
Law, representou, entretanto, importante avanço em relação a

38
DA SILVA, Solange Teles. O Direito Ambiental Internacional. Coleção Para Entender o Direito
Internacional, 2009, p. 37.
39
Idem.
discussões sobre uma política florestal global e inseriu tal questão no
contexto do discurso da sustentabilidade. Em outras palavras, ela
significou um primeiro passo para um consenso mundial sobre todos
os tipos de florestas e proclamou o direito soberano de explorar seus
próprios recursos, bem como a obrigação que as atividades
desenvolvidas em seu território não prejudicassem ao meio ambiente
de outros Estados. Destaque-se que diante da impossibilidade de
alcançar um consenso para negociar uma convenção internacional
sobre as florestas, o Fórum das Nações unidas para as Florestas
(UNFF) adotou em 2007 um “Instrumento Juridicamente Não
Vinculante Sobre o Manejo Sustentável de Todos os Tipos de
Florestas” (INUTTB) (Res. AGNU nº 62/98, de 17 de dezembro de
2007).40

4- DE JOHANESBURGO À COPENHAGEN: O DIREITO INTERNACIONAL AMBIENTAL


NA ÚLTIMA DÉCADA

MATERIAL INDICADO

• VÍDEOS

HTTP://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=VXFSONVJSJM&P=C170CE2EDB21F834&PLAYNE
XT=1&INDEX=43

• TEXTOS

• JOHANESBURGO, 2002

HTTP://WWW.ANA.GOV.BR/ACOESADMINISTRATIVAS/RELATORIOGESTAO/RIO10/RIOMAISDE
Z/INDEX.PHP.39.HTML

• COPENHAGUE, 2010

HTTP://UNFCCCBALI.ORG/UNFCCC/

HTTP://WWW.BBC.CO.UK/PORTUGUESE/ESPECIAL/MUDANCASCLIMATICAS.SHTML

HTTP://PLANETASUSTENTAVEL.ABRIL.COM.BR/COP15/

O Direito Ambiental Internacional apresentou grande desenvolvimento entre


as Conferências de Estocolmo e do Rio. Após a Conferência de Estocolmo,
proliferaram tratados acerca dos problemas de primeira geração, como poluição do ar
e da água. Nos anos 1980, essas questões de primeira geração deram lugar àquelas
denominadas pelo Professor Lyntol Caldwell como problemas de segunda geração,
40
Ibdem.
mais complexas e geralmente ligadas ao desenvolvimento. A conciliação de
desenvolvimento e proteção ambiental foi o tema central da Conferência do Rio, que
tornou-se um marco do Direito Ambiental Internacional por tratar do
desenvolvimento sustentável.

Após a Conferência do Rio, o Direito Ambiental Internacional continuou


apresentando grande desenvolvimento, com a entrada em força de pelo menos dez
importantes acordos ambientais internacionais. A Convenção-Quadro das Nações
Unidas Sobre Mudança do Clima, Convenção sobre a Diversidade Biológica, a
Convenção sobre Direito do Mar e o Protocolo de Kyoto são alguns exemplos. Apesar
do período pós-Rio ter sido de grande compromisso global com as questões
ambientais, os resultados não foram significativos. Na sessão especial da Assembléia
Geral das Nações Unidas de junho de 1997, conhecida como Rio+5, analisou-se os
avanços alcançados cinco anos após a conferência do Rio. Conclui-se que a maioria
dos indicadores ecológicos denunciava pouco ou nenhum avanço desde o Rio. 41

Diante de tais resultados, os delegados reafirmaram seu compromisso com as


metas estabelecidas na Agenda 21 e na Declaração do Rio. No entanto, não houve
grande liderança na era pós-Rio. Os Estados Unidos, em particular, sofreram graves
críticas por sua falta de liderança principalmente quanto às negociações no âmbito da
Convenção-Quadro das Nações Unidas Sobre Mudança do Clima e de sua recusa em
ratificar a Convenção sobre a Diversidade Biológica. Tornou-se claro que a
implementação, e não o desenvolvimento normativo do direito, é que era o grande
desafio do século 21.

41
Se, por um lado, a Conferência do Rio deixou questões pendentes – como a desertificação, florestas,
biotecnologias, entre outras – por outro lado, ela foi a primeira conferência que estabeleceu uma
obrigação de avaliação dos progressos realizados na implementação de seu plano de ação cinco anos
mais tarde.41 Assim, de 13 a 19 de março 1997 foi realizada a “Rio+5”, em Nova York, uma sessão
especial da Assembléia geral das Nações unidas para realizar um balanço das ações realizadas e
propiciar a continuidade das ações previstas na Agenda 21. Dentre os obstáculos importantes para a
realização dos objetivos da Agenda 21 foi possível identificar a falta dos meios financeiros e a estrutura
das relações econômicas que continuava a não considerar a variável ambiental. Nas palavras do
presidente dessa conferência, Razali Ismail, seus resultados foram decepcionantes: “Eles apontam para
as enormes dificuldades de superação a curto prazo e de interesses, a fim concretizar compromissos
para o estabelecimento de metas específicas e programas globais. As nossas palavras não foram
acompanhadas por ações. Tal avaliação honesta é um resultado em si mesmo. Tendo reconhecido essa
falta de progresso, esta sessão especial será ao menos uma tentativa honesta de apreciar a
implementação da Agenda 21” (tradução do autor – Nova York, 27 de junho de 1997, 11º Meeting –
19th Special Session UNGA). DA SILVA, Solange Teles. O Direito Ambiental Internacional. Coleção
Para Entender o Direito Internacional, 2009, p. 40.
Dez anos após a Conferência do Rio, na preparação para a Conferência de
Johanesburgo, algumas questões se destacavam. Primeiramente, a maioria dos
indicadores ambientais denunciavam poucos avanços. A proliferação de tratados e
outros acordos proviam uma boa base normativa para o desenvolvimento sustentável.
Havia, portanto, uma falta de progresso, mas um comprometimento dos países com a
implementação da Agenda 21 e da Declaração do Rio. E finalmente, havia o
entendimento de que questões sociais, como a erradicação da pobreza, a saúde e a
educação deveriam ser levadas em conta para atingir-se o desenvolvimento
sustentável.

Essas considerações guiaram o modo como as Nações Unidas conduziram a


Conferência de Johanesburgo. Os organizadores esperavam que um encontro focado
nas áreas mais críticas mobilizasse governos, empresas e sociedade civil a redobrarem
seus esforços para o desenvolvimento sustentável. Mais de 100 líderes mundiais
compareceram ao encontro, com a notável exceção do presidente dos Estados Unidos,
George W. Bush, que enviou seu Secretário de Estado, Colin Powell, como seu
representante. A atuação americana foi altamente criticada. Os Estados Unidos
lutaram para desviar o foco de preocupações ambientais, em particular das mudanças
climáticas, e para remover muitas das metas e prazos da agenda.

Quatro eventos preparatórios ocorreram antes de Johanesburgo. Os


negociantes escolheram cinco áreas prioritárias: água e saneamento, energia, saúde,
agricultura e biodiversidade. Por fim, foram adotados a Declaração de Johanesburgo e
o Plano de implementação. No entanto, não houve a negociação de qualquer tratado
ou instrumento vinculante de iniciativas de parceria que seria o núcleo da Conferência
de Johanesburgo.

Ao invés de organizar novos acordos entre governos, a Conferência de


Johanesburgo articulou quase 300 iniciativas de parceria. Essas parcerias deveriam ser
os principais meios de se atingirem as Metas do Milênio e as metas adicionais do
Plano de Implementação. Foram diversas as parcerias estabelecidas em Johanesburgo.
A ideia era usar a Conferência para catalizar ações através do compromisso com
iniciativas que iriam de fato mudar a realidade, especialmente para os mais pobres.
Essas parcerias, no entanto, também geraram controvérsias. A discussão central era
como essas parcerias, que substituíam a preparação de tratados e comprometimentos
vinculantes, seriam mais do que retórica. Questionava-se quais critérios e qual sistema
deveriam ser adotados para monitorar sua implementação. Essa função foi concedida
à Comissão das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável que em 2003, em
sua 11ª sessão, tratou das parcerias, estabelecendo critérios e orientações iniciais.

A última década caracterizou-se por uma preocupação, sobretudo, com as


mudanças climáticas. Antes considerado incerto, diversas pesquisas científicas
comprovaram, nos últimos anos, não apenas a realidade de tal fenômeno, como
também o quão delicada e alarmante a situação é.

Segundo o 4° relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças


Climáticas), em 2007, as concentrações de carbono na atmosfera não podiam exceder
450 partes por milhão e já havia uma concentração de 385ppm e um crescimento de
2-3ppm por ano e que a temperatura, que não poderia aumentar mais que 2°C em
relação aos níveis pré-industriais, já havia apresentado aumento de 1°C. No mesmo
documento, afirma-se que, com os atuais níveis de emissões, em 2050 algumas das
consequências seriam: eventos meteorológicos mais severos, aumento de meio metro
do nível do mar e extinção de 15-40% das espécies.

Dados como esse fizeram com que houvesse uma preocupação, não apenas
governamental, mas também da sociedade civil, que davam cada vez mais atenção às
Convenções-Quadro das Nações Unidas Sobre Mudança do Clima, conhecidas como
COP. Essas convenções ocorrem anualmente, há quinze anos. No entanto, na última
década, destacaram-se a COP-13, que se reuniu em Bali, na Indonésia, e a COP-15,
ocorrida em Copenhagen.

A COP-13 ocorreu em Bali no ano de 2007. Nela foi reconhecida a certeza


científica quanto às mudanças climáticas e a necessidade de adotarem-se medidas de
controle imediatamente. Reconheceu-se que países desenvolvidos e em
desenvolvimento devem atuar em conjunto, de acordo com o princípio das
responsabilidades comuns, mas diferenciadas. Uma importante decisão diz respeito às
florestas, uma vez que passou a ser aceito que a redução de emissões provenientes do
desmatamento em países em desenvolvimento é uma importante medida de mitigação.
Foram estabelecidos, também, cinco blocos de sustentação para a 15ª Conferência das
Partes: visão compartilhada, mitigação, adaptação, transferência de tecnologia e apoio
financeiro. A COP-13 representa um marco, pois foi no ano de 2007 que houve um
grande crescimento da preocupação mundial com as mudanças climáticas, em
decorrência dos dados científicos comprovando tal evento.

A COP-15 foi um evento que atraiu uma participação e uma atenção sem
precedentes. Foram 120 Chefes de Estado e Governo e números recordes de
participantes (10500 delegados, 13500 observadores e a cobertura por mais de 3000
representantes da mídia). Esperava-se por um acordo climático global, com metas
quantitativas para os países desenvolvidos e compromissos de redução de emissões
para os países em desenvolvimento. Esperava-se também por uma mudança do
posicionamento dos Estados Unidos, que recusavam-se a ratificar o Protocolo de
Kyoto, agora na gestão Obama.

Paralelamente à COP-15 era realizada a 5ª Reunião das Partes do Protocolo de


Kyoto, que buscava definir metas para os países do Anexo I, para o segundo período
de compromisso do Protocolo, que vai de 2013 a 2017. A COP-15 teve fim com um
documento apresentado por um grupo de países liderado pelos Estados Unidos, o
"Acordo de Copenhagen". Na prática, após duas semanas de negociações e da
intervenção direta do Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, não
chegou-se a um consenso.

O Acordo, negociado entre Estados Unidos, Brasil, China, Índia e África do


Sul, não faz referência a um tratado vinculante e nem prevê prazos para que o texto
torne-se vinculante, como reivindicavam alguns países em desenvolvimento e
ambientalistas. Contudo, o secretário-geral da ONU afirmou que esta mudança de
status deve ocorrer em 2010. A data para a revisão do acordo é 2005. Apesar da
ausência de um tratado vinculante ou de metas, a COP-15 não foi um fracasso. Os
pontos positivos referem-se principalmente a sociedade civil. Pela primeira vez houve
uma mobilização mundial para uma questão ambiental. O segundo avanço é o fato de
os dois maiores emissores mundiais, Estados Unidos e China, terem concordado em
participar do acordo pela primeira vez, com metas.

A própria atuação do Brasil é outro ponto positivo. O país, que antes não
demonstrava grande interesse, foi atuante na Conferência. O tratamento que a COP-15
recebeu da impressa brasileira também merece referência, por ter colocado o assunto
em destaque, contribuindo para a informação e conscientização da população quanto
ao campo ambiental.
Por fim, ao analisar a última década, percebe-se que não houve grande
desenvolvimento do Direito Ambiental Internacional no que diz respeito a acordos
vinculantes ou à implementação de acordos. No entando, o envolvimento progressivo
da sociedade civil e a maior conscientização ambiental representam avanços
importantes para que haja um maior desenvolvimento do Direito Internacional
Ambiental no futuro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Direito Internacional Ambiental. Brasília: UNICEUB-UNITAR, 2009;

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New York, Oxford University. 2002 ;

CHAZOURNES, Laurence B. de e al. Protection internationale de l’environnement.


Paris: Pedone, 2005.

FIGUEIREDO, Guilherme José Purvin de; MACHADO, Paulo Affonso Leme


(coord.) Revista de Direitos Difusos: Direito Internacional – Estudos em
Homenagem ao Prof. Guido Soares. Vol. 38, julho/agosto 2006.

LE PRESTRE, Philippe, Protection de l’environnement et relations internationales :


les défis de l’écopolitique mondiale, Paris, Dalloz. 2005;

_______________________, Ecopolítica Internacional, 2ª ed., Sao Paulo, Senac.


2005;

NASCIMENTO E SILVA, Geraldo Eulálio do, 2ª ed. rev. e atual. Direito ambiental
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RUIZ, José Juste. Derecho Internacional del Medio Ambiente, Madrid, MacGrawHill,
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Cambridge University Press, 2003;

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MERCADANTE, Araminta; MAGALHÃES, José Carlos de (orgs.). Reflexões sobre
os 60 anos da ONU. Ijuí: Ed. Unijuí, 2005, pp. 441-468;

________________________, Direito Ambiental Internacional. Coleção Para


Entender o Direito Internacional, Del Rey, 2009;

SOARES, Guido Fernando Silva (2001), Direito Internacional do Meio Ambiente:


emergência, obrigações e responsabilidades, São Paulo, Atlas.
ANEXOS

TABELA I –DECLARAÇÕES E TRATADOS AMBIENTAIS

DECRETOS DE PROMULGAÇÃO DOS TRATADOS AMBIENTAIS –BRASIL

SITE DAS CONVENÇÕES

Declarações e Instrumento
1972 Declaração das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano (Declaração de
Estocolmo)
1992 Declaração das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Declaração
do Rio)
1992 Declaração de Princípios, juridicamente não compulsória, mas tendo autoridade para
um consenso mundial sobre a gestão, a conservação e a exploração ecologicamente
viável de todos os tipos de florestas
2000 Declaração do Milênio da Assembléia geral das Nações Unidas (A/RES/55/2)
2002 Declaração de Joanesburgo sobre Desenvolvimento Sustentável
2007 Declaração das Nações Unidas sobre Direitos dos Povos Indígenas
2007 Instrumento Juridicamente Não Vinculante Sobre o Manejo Sustentável de Todos os
Tipos de Florestas (A/RES/62/98)

Proteção Ambiental e Direitos Humanos


1981 Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos (art. 24)
1988 Protocolo Adicional à Convenção Interamericana Sobre Direitos Humanos em Matéria
de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais – Protocolo de San Salvador (art. 11º)

Proteção da Natureza e Conservação dos Recursos Naturais


1940 Convenção para a proteção da flora, da fauna e das belezas cênicas naturais dos países
da América
- Dec. nº 58.054, de 23 de março de 1966.
1966 Convenção Internacional para a Conservação do Atum do Atlântico.
- Dec. nº 65.026 de 20 de agosto de 1969
1973 Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagem em
Perigo de Extinção – Washington – CITES
- Dec. n° 76.623, de 17 de novembro de 1975.
http://www.cites.org/
1992 Convenção sobre a Diversidade Biológica – CDB
- Dec. n° 2.519 de 16 de março de 1998
2000 Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança da Convenção sobre Diversidade
Biológica – Montreal
- Dec. n° 5705 de 16 de fevereiro de 2006
http://www.cbd.int/
1994 Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação nos países afetados por
seca grave e/ou desertificação, particularmente na África
http://www.unccd.int/
1997 Convenção Internacional para a Proteção dos Vegetais (convenção de 1951, novo texto
revisado e aprovado pela Conferencia da FAO em sua 29ª sessão - Roma)
- Dec. n° 5759 de 17 de abril de 2006
https://www.ippc.int/IPP/En/default.jsp
2001 Tratado Internacional sobre Recursos Fitogenéticos para Agricultura e Alimentação
- Dec. nº 6.476 de 5 de junho de 2008
http://www.planttreaty.org/index_en.htm

Direito do Mar e das Águas Doces, Proteção do Meio Marinho e Fauna


1971 Convenção sobre Zonas Úmidas de Importância Internacional especialmente como
habitat de aves aquáticas
- Dec. nº 1.905 de 16 de maio de 1996
Protocolo de Emendas à Convenção Relativa às Zonas Úmidas de Importância
1982
Internacional, Particularmente como "Habitats" das Aves Aquáticas
- Dec. nº 1.905 de 16 de maio de 1996
http://www.ramsar.org/cda/ramsar/display/main/main.jsp?zn=ramsar&cp=1^7715_400
0_0__
1972 Convenção sobre Prevenção da Poluição Marinha por alijamento de resíduos e outras
matérias 1972
- Dec nº 87.566, de 16 de setembro de 1982

1973 Convenção Internacional para a prevenção da poluição por navios


- Dec. nº 2.508 de 04 de março de 1998
1978 Protocolo de 1978 Relativo à Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição
Causada por Navios, 1973 (MARPOL PROT-78 ou MARPOL 73/78).
- Dec nº 2.508 de 4 de março de 1998
1990 Convenção internacional para a preparação, a luta e a cooperação em matéria de
poluição por hidrocarbonetos
Protocolo sobre a preparação, a luta e a cooperação contra eventos de poluição por
2000
substâncias nocivas e potencialmente perigosas
1996 Convenção Interamericana para a Proteção e Conservação das Tartarugas Marinhas
- Dec. nº 3.842 de 13 de junho de 2001
Proteção da Antártica, do Ártico e do Espaço Extra-Atmosférico
1967 Tratado sobre Princípios Reguladores das Atividades dos Estados na Exploração e Uso
do Espaço Cósmico, Inclusive a Lua e Demais Corpos Celestes
- Dec. nº 64362 de 17 de abril de 1969
1991 Protocolo do Tratado da Antártica referente a proteção do meio ambiente (Madri)
- Dec. nº 2742 de 20 de agosto de 1998
Proteção da Ar e Atmosfera
1985 Convenção de Viena para a Proteção da Camada de Ozônio
- Dec. n° 99.280 de 06 de junho de 1990
1987 Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio
- Dec. n° 99.280 de 06 de junho de 1990
1990 Ajuste ao Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio
- Dec. n° 181 de 24 de julho de 1991
1992 Emendas ao Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de
Ozônio
- Dec. n° 2.679 de 17 de julho de 1998
Emendas ao Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de
1997/
Ozônio, aprovadas em Montreal,em 17 de setembro de 1997, ao Términa da Nona
1999 reunião das Partes,e, em Pequim,em 3 de Dezembro de 1999, por Ocasião da Décima
Primeira Reunião das Partes.
- Dec. n° 5.280 de 22 de novembro de 2004
http://www.unep.ch/ozone/index.shtml
1992 Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima
- Dec. nº 2.652 de 01 de julho de 1998
1997 Protocolo de Quioto à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do
Clima
- Dec. nº 5.445 de 12 de maio de 2005
http://unfccc.int/2860.php

Prevenção e Gestão de Certas Substâncias Potencialmente Prejudiciais ao Meio Ambiente


1989 Convenção da Basiléia sobre o Controle de Movimentos Transfronteiriços de Resíduos
Perigosos e seu Depósito
- Dec. n° 875 de 19 de julho de 1993
Emenda ao Anexo I e Adoção dos Anexos VIII e IX à Convenção de Basiléia sobre o
1998
Controle do Movimento Transfronteiriço de Resíduos Perigosos e seu Depósito
- Dec. n° 4.581 de 27 de janeiro de 2003
http://www.basel.int/
1994 Convenção sobre a segurança nuclear
- Dec. n° 2648 de 1º de julho de 1998
1997 Convenção Conjunta sobre o Gerenciamento Seguro do Combustível Nuclear usado e
dos Rejeitos Radioativos
- Dec. n° 5935 de 19 de outubro de 2006
1998 Convenção de Roterdã sobre o Procedimento de Consentimento Prévio Informado para
o Comércio Internacional de Certas Substâncias Químicas e Agrotóxicos Perigosos
(PIC)
- Dec. n° 5360 de 31 de janeiro de 2005
http://www.pic.int/home.php?type=s&id=77
2001 Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes
- Dec. n° 5.472 de 20 de junho de 2005
http://chm.pops.int/
MERCOSUL e meio ambiente
2001 Acordo-Quadro sobre Meio Ambiente do MERCOSUL
- Dec. n° 5.208 de 17 de setembro de 2004

* FONTE: Ministério das Relações Exteriores – Tratados e Convenções Multilaterais


Disponível em http://www2.mre.gov.br/dai/quadros.htm.

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