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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE BARRETOS

CENTRO UNIVERSITÁRIO DA FEB


CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

ESTUDO COMPARATIVO DE EDIFÍCIO PRÉ-MOLDADO


COM LIGAÇÃO ARTICULADA E SEMI-RÍGIDA

André Henrique Ribeiro


Orientador: Prof. Dr. Ângelo Rubens Migliore Junior

Barretos-SP
2007

1
André Henrique Ribeiro

ESTUDO COMPARATIVO DE EDIFÍCIO PRÉ-MOLDADO


COM LIGAÇÃO ARTICULADA E SEMI-RÍGIDA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Engenharia Civil do Centro
Universitário da Fundação Educacional de
Barretos, como requisito à obtenção do grau de
Engenheiro Civil com ênfase em Sistemas
Construtivos.

Orientador: Prof. Dr. Ângelo Rubens


Migliore Junior

Barretos-SP
2007

2
FOLHA DE APROVAÇÃO

Candidato: ANDRÉ HENRIQUE RIBEIRO

“ESTUDO COMPARATIVO DE EDIFÍCIO PRÉ-MOLDADO COM LIGAÇÃO


ARTICULADA E SEMI-RÍGIDA”
Fundação Educacional de Barretos
Monografia defendida e julgada em 24/11/2007 perante a comissão julgadora:

_________________________________
Prof. Dr. Ângelo Rubens Migliore Junior
Fundação Educacional de Barretos

_________________________________
Prof. Artur Gonçalves
Fundação Educacional de Barretos

________________________________
Prof. Marco Pastore
Fundação Educacional de Barretos

_________________________________________
Prof. Msc. Antonio de Paulo Peruzzi
Coordenador dos Trabalhos de Conclusão de Curso

3
DEDICATÓRIA

Aos meus pais, que acreditaram e me


apoiaram na busca deste sonho.

4
AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus, pois sem sua permissão nada seria possível.

Aos meus pais, que são os principais responsáveis pela minha formação moral,
sempre me mostrando os caminho certos à seguir, em especial a minha mãe por todo seu
esforço e dedicação para que eu chegasse até aqui.

Aos meus irmãos, que sempre me motivaram à continuar meus estudos e que
torcem muito por mim.

Aos meus amigos que me acompanharam nos bons e maus momentos.

Aos meus professores, em especial aos professores Rubens e Marco, pois


sempre estiveram ao meu lado e muito me ajudaram nos momentos difíceis na
elaboração deste trabalho e que se tornaram pra mim exemplos a seguir.

E finalmente a todos que contribuíram de alguma certa forma, direta ou


indiretamente, para a concretização deste.

A todos, meus sinceros agradecimentos.

5
“Se queremos progredir, não devemos repetir a
história, mas fazer uma história nova”

Gandhi

6
RESUMO

Este trabalho visou a comparação de um edifício escolar de quatro pavimentos


em três sistemas estruturais diferentes, moldado no local com ligação rígida, pré-
moldado com ligação articulada e pré-moldado com ligação semi-rígida. Primeiramente
o edifício foi projetado com o sistema convencional moldado no local com ligação
rígida. A partir do coeficiente gama Z encontrado neste sistema os outros dois sistemas
foram ajustados de modo a obter os mesmos coeficientes Gama Z. Com estes ajustes, as
seções de pilares e vigas foram alteradas em cada um dos sistemas aumentado
substancialmente o consumo de aço e de concreto das estruturas. As análises foram
realizadas através do programa TQS 12.6.7 onde também foi efetuado o
dimensionamento dos elementos estudados. Este trabalho apresenta custos relativos ao
mês de setembro de 2007 e também apresenta o consumo de concreto, de aço e de
forma para cada sistema. Para este estudo, o sistema estrutural com ligação semi-rígida
apresentou um tempo de execução um pouco maior, porém o custo foi 40% menor que o
sistema com ligação articulada.

7
ABSTRACT

This study compares a school building with four floors and three diferent
structural systens, in situ molded concrete with rigid connection, precast concrete with
articuled connection and precast concrete with semi-rigid connection. First off all the
building was projected with a conventional system in situ molded concrete with rigid
connection. From global stability coefficient found in this system the others two systens
were fitted to have the same global stability coefficient. With this adjustment, the
columns section and beam section were changed in each one systens increasing the use
of steel and concrete. The analysis were realized through of TQS 12.6.7 program where
was made also the elements detailed designs. This study introduce costs relative
september 2007 and still introduce the concrete use, steel use and wood use for each
system. For this study the structural system with semi-rigid connection introduce a little
larger time of execution, however the cost was 40% minor that system of articuled
connection.

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LISTAS DE FIGURAS

Figura 1 – Curva momento fletor-rotação para os três tipos de ligação ............................. 17


Figura 2 – Caracter. de ligação viga-pilar com almofada de elastômero e chumbador...... 20
Figura 3 – Planta de arquitetura do edifício estudado ........................................................ 23
Figura 4 – Corte Longitudinal ......................................................... .................................. 23
Figura 5 – Esquema estático do exemplo moldado no local .............................................. 33
Figura 6 – Diagramas moldado no loca ............................................................................. 33
Figura 7 – Deslocamentos moldado no loca ...................................................................... 34
Figura 8 – Esquema estático do exemplo pré-moldado com ligação articulada ................ 34
Figura 9 – Diagramas pré-moldado com ligação articulada .............................................. 35
Figura 10 – Deslocamentos pré-moldado com ligação articulada ..................................... 35
Figura 11 – Esquema estático do exemplo pré-moldado com ligação semi-rígida ........... 36
Figura 12 – Diagramas pré-moldado com ligação semi-rígida .......................................... 37
Figura 13 – Deslocamentos pré-moldado com ligação semi-rígida ................................... 37
Figura 14 – Identificação e seção de pilares M. no local ................................................... 38
Figura 15 – Identificação e seção das vigas do 1º, 2º e 3º pavimentos M. no local ........... 39
Figura 16 – Identificação e seção de vigas da Cobertura M. no local ................................ 39
Figura 17 – Identificação e seção de pilares Articulada ..................................................... 40
Figura 18 – Identificação e seção das vigas do 1º, 2º e 3º pavimentos Articulada ............ 41
Figura 19 – Identificação e seção de vigas da Cobertura Articulada ................................. 41
Figura 20 – Identificação e seção de pilares S. Rígida ....................................................... 42
Figura 21 – Identificação e seção das vigas do 1º, 2º e 3º pavimentos S. Rígida .............. 43
Figura 22 – Identificação e seção de vigas da Cobertura S. Rígida ................................... 43
Figura 23 – Consumo de concreto ..................................................................................... 47
Figura 24 – Consumo de aço ............................................................................................. 47
Figura 25 – Custo de Implantação ..................................................................................... 48

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Quantidade de materiais por tipo de ligação


Tabela 2 – Taxa de consumo por tipo de ligação para cada tipo de elemento
Tabela 3 – Taxa de consumo total por tipo de ligação
Tabela 4 – Preço unitário de material e serviço
Tabela 5 – Tabela 5 – Custo de implantação

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SUMÁRIO

RESUMO ............................................................................................ 07

ABSTRACT ........................................................................................ 08

1. INTRODUÇÃO .............................................................................. 12

2. OBJETIVO ...................................................................................... 14

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................... 15

4. METODOLOGIA ........................................................................... 22

5. RESULDADOS .............................................................................. 32

6. CONCLUSÕES .............................................................................. 50

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................... 51

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1. INTRODUÇÃO

Um fator importante na construção civil é a deformabilidade da estrutura devido


a ação do vento, principalmente em estruturas verticais, onde a altura do edifício
proporciona momentos nos pilares junto a fundação e eleva o custo da edificação.

O melhor comportamento da estrutura de concreto armado é em edifício


convencional moldado no local. Isso se deve à rigidez das ligações entre viga e pilar, o
que faz com que todos os esforços sejam distribuídos pelo pórtico. Este comportamento
faz com que haja diminuição do custo da estrutura, em razão da potencial redução das
dimensões das seções de vigas e pilares.

Existem também outras alternativas na construção de edifício de concreto. Uma


delas é estrutura pré-moldada de concreto, que dependendo da obra, pode apresentar
vantagens econômicas comparado a estruturas de concreto convencional. A viabilidade
deste tipo de estrutura está diretamente relacionada com a deformabilidade do edifício,
uma vez que o sistema construtivo utiliza ligações articuladas entre viga e pilar, onde
não há transferência de esforços de momento fletor entre as peças. Uma alternativa para
melhorar o comportamento de estrutura pré-moldada de concreto são ligações semi-
rígidas que proporciona maior rigidez à estrutura em relação às ligações articuladas,
podendo viabilizar este tipo de construção em algumas situações.

Este trabalho apresenta um estudo comparativo de um edifício em três sistemas


construtivos diferentes, estrutura de concreto convencional, estrutura de concreto pré-
moldado com ligações articuladas e estrutura de concreto pré-moldado com ligações
semi-rígidas.

O edifício estudado neste trabalho está construído na cidade de Ribeirão Preto e


foi executado pela empresa de construção pré-fabricada Premoldados Protendit Ltda. O
edifício original é uma escola, com pavimento térreo, primeiro pavimento, segundo
12
pavimento e cobertura. Neste trabalho, foram alteradas algumas características do
edifício em relação ao projeto original com intuito de simplificar os estudos.

Com os resultados encontrados no presente trabalho, pode-se ter uma idéia do


quanto é importante utilizar de alternativas construtivas como ligações semi-rígidas, de
modo a reduzir custos e viabilizar alguns tipos de construção que, sem este tipo de
ligação, torna-se impossível realizá-las.

13
2. OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é analisar uma mesma obra de concreto armado com
três sistemas construtivos diferentes, de modo a quantificar índices relativos para cada
sistema. Os sistemas construtivos estudados envolvem estrutura pré-moldada de
concreto com ligações articuladas e estrutura pré-moldada de concreto com ligações
semi-rígidas. Para efeito de comparação, é também analisado o sistema convencional de
estrutura de concreto moldado no local.

O fator em comum nesta análise estrutural é o parâmetro de estabilidade global,


onde o aceitável pela NBR 6118:2003 é um coeficiente máximo de 1,3. Tomando como
base os coeficientes obtidos no edifício de concreto convencional, os outros dois
sistemas estruturais são ajustados de modo a obter o mesmo coeficiente. Este
procedimento faz com que a estrutura de cada sistema apresente pequenas variações,
pois as seções de vigas e pilares sofrem alterações nas suas dimensões.

O tipo de ligação utilizada é um fator importante na análise comparativa dos


sistemas. Cada tipo de ligação influencia diretamente no custo da obra, uma vez que
estas podem enrijecer ou não a estrutura, resultando em alterações das dimensões das
seções de pilares e vigas para um mesmo deslocamento horizontal.

Os índices quantificados para cada sistema construtivo são: volume de concreto


por metro quadrado, peso de aço por metro quadrado, área de forma por metro
quadrado, peso de aço por volume de concreto, a quantidade de mão de obra, o
deslocamento relativo e o custo total de implantação da estrutura.

14
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Estrutura pré-moldada de concreto

Por definição, uma estrutura pré-moldada de concreto consiste no uso de


elementos pré-moldados de concreto construídos fora de sua posição definitiva na
construção. Com o concreto pré-moldado é possível atuar no sentido de reduzir os
custos de uma estrutura através da redução no desperdício de materiais, comum em
estruturas convencionais, e a parte mais significativa, que é redução no uso de formas e
de cimbramento, uma vez que não é necessário o escoramento de lajes e vigas tal como
em estruturas convencionais moldadas no local.

Segundo El Debs (2000) existem duas maneiras de produzir estrutura pré-


moldada de concreto, ou seja, pré-moldado feito no canteiro de obra e pré-moldado feito
em fábricas. Para qual é mais vantajosa, é necessário estudar o projeto como um todo,
pois existem vários aspectos a serem analisados para apontar o melhor sistema estrutural
sob determinadas situações.

Para estruturas com elementos pré-moldados no local, a maneira mais comum de


produzir elementos é criando uma micro-fábrica no canteiro de obra. Com um estudo
bem elaborado de modo que haja um grande reaproveitamento de formas e
produtividade dos elementos, este sistema é uma boa opção na construção civil. Apesar
de aparentemente este tipo de sistema ser mais caro devido à instalação de uma micro-
fábrica, as vantagens em relação ao pré-moldado feito em fábrica são grandes em se
tratando de transporte. No valor final de elementos produzidos em fábrica, já estão
embutidos custos de transportes e também custos de impostos devido a industrialização
do sistema, fator que dá vantagem ao pré-moldado no local uma vez que elementos
feitos no canteiro de obra não sofrem taxação de impostos. Cabe lembrar que as
vantagens descritas acima só podem ser consideradas a partir de um determinado

15
número de elementos a serem produzidos na construção, ou seja, onde há uma produção
mínima para viabilizar a implantação de uma micro-fábrica.

Já para elementos pré-moldados em fábrica, a execução é feita em uma


instalação permanente distante do local da obra, ou seja, é um sistema industrializado. A
grande vantagem desse sistema em relação ao pré-moldado no canteiro de obra é a
capacidade das fábricas em produzir rápido, com maior controle de qualidade e em
qualquer molde os elementos solicitados na obra e em grande escala. Isso faz com que o
custo seja menor mesmo adicionando custos de transportes e impostos.

3.2 Características de estrutura pré-moldada de concreto

Em estruturas de concreto convencional, o fato das ligações serem rígidas


proporciona uma melhor distribuição dos esforços. Isto influencia diretamente na
deformabilidade do edifício. É nas ligações onde se encontra a principal diferença entre
estruturas formadas por elementos pré-moldados e as estruturas de concreto moldado no
local. Em estruturas pré-moldadas, as ligações mais simples são normalmente
articulações, as quais conduzem a elementos mais solicitados à flexão quando
comparadas com similares de concreto moldado no local, bem como estrutura com
pouca capacidade de redistribuição de esforços. Já as ligações capazes de transmitir
momentos fletores, chamadas de ligações semi-rígidas ou rígidas, tendem a produzir
estruturas com comportamento próximo ao das estruturas de concreto moldado no local.
Segundo El Debs (2000) estas ligações são mais difíceis de executar, mais caras e
reduzem uma das principais vantagens da estrutura pré-moldada de concreto que é a
rapidez da construção.

3.3 Ligações

A idealização do comportamento de ligações de elementos pré-moldados de


concreto, embute algumas simplificações, de modo que as ligações não se comportam
da forma em que são concebidas nas análises estruturais como totalmente rígidas ou
articuladas. Na realidade, tais ligações podem apresentar um comportamento semi-
rígido, transmitindo esforços de flexão e possuindo certa rigidez. Com o objetivo de
incorporar o comportamento semi-rígido das ligações em projetos, foram desenvolvidos
alguns procedimentos simplificados ou através de programas computacionais
16
sofisticados. No entanto, segundo Baldissera (2006), a forma mais usual para levar em
consideração o comportamento semi-rígido é utilizar os parâmetros de deformabilidade
ou rigidez e resistência última das ligações extraídas de curvas força-deslocamento.

A deformabilidade de uma ligação é a relação entre o deslocamento relativo dos


elementos próximos à ligação e o esforço aplicado na direção do deslocamento. No caso
de ligação viga-pilar submetida a momento fletor, a curva utilizada para obtenção dos
parâmetros de deformabilidade e resistência última é a curva momento fletor-rotação
apresentada na Figura 1. O conceito de deformabilidade é a rotação relativa da viga com
o pilar ao ser aplicado um momento fletor.

Figura 1 – Curva momento fletor-rotação para os três tipos de ligação, segundo


Baldissera (2006)

A deformabilidade é dada por:


φ
λ= M

A rigidez é o inverso da deformabilidade e, portanto pode ser definida como:


M
Km = φ

17
3.4 Ligação articulada

É a ligação mais simples nas estruturas pré-moldadas de concreto, ela consiste


apenas na viga apoiando diretamente sobre o consolo do pilar levando a
descontinuidade da estrutura. Esta é a ligação mais comum utilizada devido à facilidade
de execução da ligação comparada a ligações capazes de restringir a rotação. Este apoio
direto é responsável pela transmissão de forças verticais de compressão, utiliza pinos
verticais cruzando os elementos ligados para a fixação dos mesmos e garante a
transmissão de forças horizontais e, eventualmente, também a transmissão de momentos
de torção pela viga conforme Migliore Junior (2005).

3.5 Ligação semi-rígida

Segundo Ferreira (1999), “ligação semi-rígida foi utilizada inicialmente na


execução de estrutura metálica sendo durante a década de 30 incorporada ao estudo de
estrutura pré-moldada”. A ligação semi-rígida pode ser considerada um tipo
intermediário entre ligação articulada e ligação monolítica de uma estrutura
convencional com relação aos efeitos de flexão. Para aumentar a rigidez da ligação entre
pilar e viga de tal modo a permitir a transmissão de momentos fletores, podem ser
utilizados recursos de concretagem no local ou solda. Este recurso, além de
proporcionar enrijecimento da estrutura, pode também proporcionar redução nas seções
de pilares e vigas. As ligações semi-rígidas, na sua maioria, apresentam um
comportamento não linear sendo que sua configuração dependerá da geometria,
resistência dos materiais e capacidade rotacional.

Em ligação viga-pilar com diferentes materiais para almofada de apoio e


preenchimento do espaço dos chumbadores, mesmo quando a almofada e o
preenchimento vertical são rígidos, as curvas momento-rotação tem comportamento não
linear. A curva momento-rotação em geral é obtida através de procedimentos analíticos
e simulação numérica com auxílio de programas computacionais. Soares e Hanai (2001)
verificaram em ensaio feito em laboratório que a ligação semi-rígida apresenta valores
bastante próximos aos procedimentos analíticos e numéricos quando em regime linear.
A partir da carga de fissuração, os valores de ensaio passaram a se distanciar da
previsão analítica, caracterizando a perda de rigidez da estrutura.

18
3.6 Elementos da ligação

Existem dois elementos fundamentais no comportamento da ligação e,


conseqüentemente, no comportamento da estrutura. São eles os chumbadores e as
almofadas de elastômeros. Ferreira e El Debs (2001) mostram a importante relação
entre esses dois elementos, em que a geometria de ambos os elementos são diretamente
responsáveis pelo desempenho da ligação.

Os chumbadores são pinos verticais que primeiramente são fixados em pilares e


tem a função de garantir a estabilidade lateral dos elementos de vigas. Porém, no
método construtivo atualmente utilizado no Brasil, usa-se graute no preenchimento do
nicho do chumbador, o que acaba solidarizando o chumbador com o elemento de viga.
Com isso, acaba ocorrendo uma parcial transmissão de esforços horizontais da viga para
o pilar. Os chumbadores podem receber outros tipos de esforços. Algumas
características do método construtivo usualmente empregado são apresentadas na Figura
2. Com o preenchimento do espaço entre os elementos de ligação viga e pilar e em
razão da espessura da almofada de elastômero, é possível transferir esforços, como
momento fletor e tração, como mostra Ferreira e El Debs (2001).

O elemento de almofada de elastômero é utilizado entre as duas principais peças


da ligação, que são a viga e o pilar. Apesar de ser usada principalmente para efeito de
regularização da superfície das peças, esta almofada permite a transferência de esforços
horizontais gerados pelo atrito entre o elastômero e a viga, ocasionando esforços de
cisalhamento e de momento fletor junto ao chumbador. A transferência de esforços
horizontais por atrito é proporcional à área das almofadas de elastômero, ou seja, quanto
maior a área de atrito, maior é a transferência de esforços. Já os esforços de
cisalhamento e momento fletor estão diretamente relacionados com a espessura da
almofada, uma vez que o espaço deixado entre os elementos de viga e pilar causa uma
excentricidade entre as forças de cisalhamento horizontais nos elementos, gerando
solicitações simultâneas de cortante e flexão no chumbador tal como descrito por
Ferreira e El Debs (2001).

19
Figura 2 – Característica de ligação viga-pilar com almofada de elastômero e chumbador
(adaptada de Ferreira e El Debs (2001))

3.7 Estabilidade global

Sob efeito de cargas horizontais, os nós da estrutura sofrem deslocamentos


horizontais, fazendo com que o pórtico do edifício assuma uma outra configuração
geométrica, que é a configuração com nós deslocados. Os esforços solicitantes (forças
normais, momentos fletores e cortantes) calculados com a estrutura indeformada
produzem esforços de 1ª ordem. Considerando que, devido às cargas horizontais, a
estrutura do edifício assume uma configuração deslocada, as cargas normais de cada
pavimento ocasionaram um acréscimo aos momentos de 1ª ordem. O acréscimo nos
momentos de 1ª ordem é acompanhado de novo deslocamento horizontal, o que torna o
processo iterativo.

O coeficiente Gama Z pode ser utilizado para calcular, indiretamente, índices


que verificam a condição de que os efeitos de 2ª ordem não ultrapassem em mais de
10% aqueles calculados pela análise estática linear de 1ª ordem. Deste modo, pode-se
avaliar a sensibilidade da estrutura como um todo e considerá-la suficientemente

20
robusta para apontá-la como uma estrutura de nós indeslocáveis ou praticamente
indeslocáveis. O calculo do Gama Z é apresentado na NBR 6118:2003 pela equação:

1
∆M d
γz = 1−
M 1, d

onde: M1,d é o momento de tombamento, ou seja, a soma dos momentos de todas as


forças horizontais da combinação considerada, com seus valores de cálculo em relação à
base da estrutura.

∆M,d é a soma dos produtos de todas as forças verticais atuantes na estrutura, na


combinação considerada, com seus valores de cálculo, pelos deslocamentos horizontais
de seus respectivos pontos de aplicação, obtidos da análise de 1ª ordem.

Entretanto, a NBR 6118:2003 considera que o coeficiente Gama Z é apenas


válido para edifícios com quatro ou mais pavimentos, não resultando em valor preciso
para edifícios com menos de quatro pavimentos.

21
5. METODOLOGIA

5.1 Arquitetura

Este trabalho prevê o estudo de um edifício já existente de uma escola que


contém pavimento térreo, primeiro pavimento, segundo pavimento e cobertura.
Algumas alterações na arquitetura foram realizadas a fim de facilitar o estudo,
alterações estas como diminuição de vãos, mudança de local das escadas, de modo que a
estrutura se torne simétrica e o acréscimo de um terceiro pavimento. Estas alterações
foram introduzidas com o intuito de melhorar o comportamento da estrutura e facilitar
as análises, em vista que a não simetria da estrutura implica em um processo de
repetições de procedimentos para análise de estrutura com ligação semi-rígida. O acesso
para os pavimentos será por meio de escadas externas e entrada pelo edifício lateral
anexo que são independentes da estrutura.

O edifício original está localizado na cidade de Ribeirão Preto e foi executado


pela empresa Premoldados Protendit Ltda. A planta de arquitetura e um corte
longitudinal do edifício estudado já com suas respectivas alterações são apresentados
nas Figuras 3 e 4. A área de cada pavimento é de 621,16m2 e a área total de 2.484,64m2.
A planta arquitetura não apresenta as dimensões de seção de pilares e vigas, em razão de
ser apenas tomada como base para a análise dos sistemas estruturais.

22
Figura 3 – Planta de arquitetura do edifício estudado

Figura 4 – Corte longitudinal

23
5.2 Carregamentos da estrutura

Foram também admitidas algumas alterações para os carregamentos atuantes. O


edifício real utiliza divisórias em seu interior e painéis pré-moldados para fechamento
externo. No presente trabalho optou-se por utilizar alvenaria de tijolo cerâmico tanto no
interior quanto na parte exterior de fechamento com espessuras de 9cm e 14cm,
respectivamente. Para os demais carregamentos, são consideradas as recomendações da
NBR 6118:2003 e da NBR 6120:1980. Foi considerado o concreto com peso específico
de 25kN/m3 e assim determinado o peso próprio de vigas, pilares e lajes maciças.

Para lajes pré-moldadas foi considerado o peso próprio fornecido pelo


fabricante. O carregamento devido à pavimentação e ao revestimento foi considerado
como de 1,5kN/m2 e 1,0kN/m2 respectivamente para o pavimento tipo, na cobertura foi
considerado apenas a carga de pavimentação de 1,5 kN/m2 e para carga acidental foi
adotado o valor de 3,0kN/m2 para o pavimento tipo e 1,0kN/m2 para a cobertura de
acordo com a indicação para edifícios escolares. De acordo com o mapa de isopletas de
vento foi adotada a velocidade característica de 38m/s para a ação do vento e as demais
considerações de acordo com a NBR 6123:1988.

5.3 Análise estrutural

Para análise da estrutura, foi utilizada como ferramenta tecnológica o programa


de análise e dimensionamento estrutural da TQS Informática Ltda. versão 12.6.71.
Através dos módulos CAD/Formas e CAD/Pórtico é possível obter os esforços com
facilidade e rapidez para cada conjunto desejado. Apesar do programa TQS ser
destinado para estruturas de concreto convencional, são permitidas algumas simulações
e adaptações para que o resultado obtido seja o mais próximo possível do
comportamento de estruturas pré-moldadas de concreto. O programa TQS segue todas
as recomendações da NBR 6118:2003 e analisa todas as condições propostas pela
mesma, mas cabe ao profissional responsável a avaliação dos esforços encontrados.

O modelamento da estrutura feito através do programa TQS utiliza uma


ferramenta de engastamento ou articulação. Após definidas as posições de vigas e
pilares, é definido o grau de engastamento que varia de zero a um, onde zero significa
que a ligação entre os elementos de viga e pilar é articulada e um que a ligação é
24
totalmente engastada. É possível também representar o efeito de uma ligação nem
totalmente engastada e nem totalmente articulada o que chamamos de ligação semi-
rígida. Como exemplo, impor grau de engastamento 0,1 significa que a ligação absorve
10% do momento correspondente ao de engastamento perfeito.

5.4 Edifício moldado no local

5.4.1 Resistência característica do concreto (fck)

A NBR 6118:2003 admite o concreto com um fck mínimo de 20MPa, mas neste
presente trabalho optou-se por utilizar fck de 25MPa. O motivo pelo qual optou-se para
utilizar um fck mais alto é para diminuir a diferença de resistência do concreto entre a
estrutura de concreto moldado no local e a estrutura pré-moldada de concreto que neste
trabalho é de 35MPa.

5.4.2 Modelo estrutural

O modelamento através do programa TQS para estrutura de concreto moldado


no local é feito da seguinte maneira. Primeiramente são inseridos os pilares com seus
respectivos pé direito; a viga é o próximo elemento a ser inserido e é entre esses dois
elementos que está a principal diferença no modelo das estruturas, uma vez que a
ligação entre viga e pilar em edifício moldado no local é considerada rígida. Basta
apenas definir como engastada a ligação entre esses dois elementos para obter o modelo
desejado para concreto moldado no local. O restante da implantação de uma estrutura é
comum a todos os edifícios estudados neste trabalho. Em seguida são definidas as
características das lajes com sua espessura e direção, que neste estudo é laje pré-
moldada alveolar com 20cm de espessura e peso próprio de 3,0kN/m2 para o pavimento
tipo e laje pré-moldada alveolar com 15cm de espessura e peso próprio de 2,4kN/m2
para a cobertura. Com o pórtico definido, a próxima e última etapa é o lançamento de
cargas na estrutura, cargas relativas a alvenarias, revestimentos e cargas acidentais.

5.4.3 Pilares

Os pilares são elementos verticais que trabalham a flexo-compressão. A NBR


6118:2003 admite dimensão mínima de 19cm. Em edifício convencional moldado no
local este elemento geralmente é mais solicitado a compressão uma vez que a ligação

25
com os elementos de viga proporciona travamento à estrutura, caracterizando um menor
esforço a flexão comparando com estrutura pré-moldada. As cargas de lajes e vigas são
transferidas para os pilares. O programa TQS, com o qual o presente trabalho foi
realizado, utiliza métodos diferentes para análise e dimensionamento do elemento, que
variam de acordo com a esbeltez do pilar.

5.4.4 Vigas

O programa TQS segue todos os passos de um cálculo analítico para obtenção


dos esforços, sendo assim para este edifício moldado no local com uma estrutura
monolítica, o TQS realiza todos os processos de compatibilização de momentos e ainda
fornece esforços de momentos e cortantes para cada tipo de carregamento
separadamente, tais como: peso próprio, carga permanente, carga acidental e vento. A
armadura fornecida pelo programa, muitas vezes é disposta de uma certa forma que é
necessário o detalhamento manual para obter-se o melhor aproveitamento de barras de
aço.

5.5 Edifício pré-moldado com ligações articuladas

5.5.1 Resistência característica do concreto (fck)

O fck adotado para essa estrutura é de 35MPa. O motivo pelo qual foi adotado
esse fck é que em alguns tipos de obras o mínimo permitido pela NBR 6118:2003 é uma
resistência mínima de 30MPa e como as fábricas precisam de agilidade na produção é
promovida a padronização da resistência característica do concreto otimizando a
produção.

5.5.2 Modelo estrutural

Para estrutura pré-moldada de concreto praticamente são seguidos os mesmos


procedimentos de modelo do edifício moldado no local. No entanto, é necessário
realizar algumas adaptações para que a estrutura tenha um comportamento o mais
próximo do real. Uma dessas adaptações é na representação do apoio da viga sobre o
consolo do pilar.

26
O consolo do pilar é representado por uma viga com comprimento de metade do
comprimento real do consolo, ou seja, em caso do tamanho do consolo ser igual a 30
cm, no modelo TQS é inserida uma viga engastada ao pilar com 15 cm de comprimento.
A viga real apoiará nesse elemento e, utilizando a ferramenta de engastamento será
adotado fator de engastamento de zero para o caso de estrutura com ligação articulada.
A simulação descrita para o comprimento do consolo é para representar a excentricidade
existente na ligação entre viga e consolo de pilar, o que acarreta em esforços de flexão
permanentes no pilar, principalmente em pilares da extremidade.

5.5.3 Pilares

Os pilares em obras pré-moldadas com ligações articuladas têm como


característica principal as grandes dimensões de sua seção transversal, uma vez que os
esforços de vento em uma determinada direção são absorvidos em sua grande parte
pelos pilares que recebem diretamente estes esforços. Devido à articulação nas
ligações, usualmente o pilar é o único elemento a receber e suportar as solicitações de
vento. Isto faz com que, além de absorver grandes momentos, esses pilares tenham um
alto nível de deslocamento, porém, neste edifício existem lajes e vigas que ajudam a
transmitir estes esforços para os demais pilares.

O programa disponibiliza opções de suporte de vento, facilitando assim o


trabalho de lançamento de cargas devido à ação do vento. Basta apenas habilitar os
pilares de uma determinada fachada como os únicos a suportarem vento, realizar alguns
procedimentos de reajuste de cargas e determinar os esforços finais de vento.

Assim como nos pilares de estrutura de concreto convencional, os métodos


utilizados para análise e dimensionamento da estrutura são os mesmos. No entanto, na
análise destas peças devem ser verificadas também outras situações que podem ocorrer
no manejo, no transporte e na montagem.

5.5.4 Vigas

A viga neste sistema apresenta característica muito diferente se comparado com


viga de estrutura moldada no local. Devido ao fato de ser articulada em sua extremidade

27
não apresenta esforços relativo a momento negativo, o que acarreta em uma solicitação
de momento positivo muito maior em relação às vigas de estrutura moldada no local.

5.6 Edifício pré-moldado com ligações semi-rígidas

5.6.1 Resistência característica do concreto (fck)

O fck adotado para esta estrutura é 35MPa, o mesmo que para a estrutura pré-
moldada de concreto com ligação articulada.

5.6.2 Modelo estrutural

Para esta estrutura, o modelo estrutural apresenta muitas diferenças em relação


ao modelo de edifício moldado no local e o modelo de edifício pré-moldado com
ligação articulada. Para analisar este tipo de estrutura é necessário analisar várias
situações, uma vez que a ligação semi-rígida é realizada após o capeamento das lajes e
depois que a estrutura já esta montada. A primeira delas é a situação inicial do edifício,
onde a estrutura é montada e com ligações articuladas e apenas com cargas relativas ao
peso próprio dos elementos e carga permanente da capa, que nesse estágio ainda não
trabalha estruturalmente. O engastamento na ligação ocorre após a cura da capa, o que
explica o peso da capa ser considerado permanente nesta etapa sendo chamado de
permanente de primeira fase.

A segunda situação é quando a capa já esta curada. Nesta etapa, são inseridas
cargas permanentes de segunda fase que são alvenarias e equipamentos e também já é
considerada a carga acidental. A partir deste estágio as vigas passam a trabalhar como
engastadas, mas vale lembrar que o engastamento vale apenas para as cargas
permanentes de segunda fase e cargas acidentais, não sendo válido para peso próprio
dos elementos e nem para as ações permanentes de primeira fase.

Uma terceira situação é a estrutura já solidarizada sendo solicitada a cargas


horizontais devido à ação de vento. Como a ligação efetivamente ocorre na parte
superior da viga, não há transmissão de momentos quando a ação do vento traciona em

28
baixo da viga, o que implica em dizer que a viga é articulada na extremidade onde a
tração é aplicada em baixo e engastada na outra extremidade.

5.6.3 Pilares

O comportamento dos pilares nesta estrutura é intermediário entre a estrutura


moldada no local e pré-moldada com ligação articulada. Neste tipo de estrutura, no pilar
onde a carga horizontal é aplicada, seu comportamento se assemelha mais ao pilar de
estrutura pré-moldado com ligação articulada. Já o pilar oposto ao ponto de aplicação da
carga seu comportamento é mais próximo do pilar de estrutura moldado no local.

5.6.4 Vigas

As vigas trabalham de duas maneiras: Como articulada para um certo


carregamento e como engastada para outro tipo de carregamento. A viga trabalha
articulada antes de ocorrer a solidarização, porém, é solicitada apenas pelas cargas de
peso próprio e cargas permanentes devido à capa. A partir do momento em que ocorre a
solidarização da capa, a viga passa a trabalhar como engastada e as cargas que
solicitarão o engastamento são as cargas permanentes devido às alvenarias e
equipamentos e cargas acidentais que serão aplicadas após o capeamento. Este sistema
consome uma pequena quantidade de fôrma que se deve a concretagem na realização da
ligação semi-rígida. Para efeito deste trabalho será considerado a utilização de fôrmas
para realizar esta ligação com dimensões 35x35 cm.

5.7 Taxas e índices

Vale lembrar que os índices a serem analisados apresentados a seguir, são


relativos somente ao cálculo de elementos de pilares e vigas, desconsiderando os
mesmos para elementos de laje, fundação e escadas. Esta medida foi tomada uma vez
que estes elementos têm pouca influencia no foco deste estudo, que são as ligações entre
elementos de viga e pilar.

5.7.1 Taxa de concreto

O volume de concreto por metro quadrado é simples de ser determinado. Depois


de determinadas às características do edifício, é calculado o volume total de concreto
29
utilizado em cada tipo de elemento separadamente, neste caso somente elementos de
viga e pilar e assim conseqüentemente a taxa de concreto que é dado pela equação:

Taxa de concreto = V (m3) / A (m2)


V = volume total de concreto de todos os elementos de cada tipo (viga e pilar)
A = área total do edifício

5.7.2 Taxa de aço

Existem dois tipos de taxa de aço que podem ser determinadas, uma delas é o
consumo total aço em relação ao volume total de concreto que aqui neste trabalho será
denominado como taxa de aço I, a outra taxa é a de consumo de aço em relação a área
total do edifício aqui denominada de taxa de aço II. São determinadas pelas equações:

Taxa de aço I = P (kgf) / V (m3)


P = peso total de aço utilizado em todos os elementos de cada tipo
V = volume total de concreto de todos os elementos de cada tipo

Taxa de aço II = P (kgf) / A (m2)


P = peso total de aço de utilizado em todos os elementos de cada tipo
A = área total do edifício

5.7.3 Taxa de forma

Esta é uma taxa que determina o consumo de forma em relação à área total do
edifício. Será incluído neste estudo apenas a análise de formas de vigas e pilares. Esta
taxa não existirá no detalhamento de edifício com ligações articuladas, uma vez que,
não será necessária a utilização de concretagem no local devido ao método construtivo
utilizado. Esta taxa é determinada pela equação:

Taxa de forma = F (m2) / A (m2)


F = área de forma de cada tipo de elemento
A = área total do edifício

5.7.4 Mão de obra

O índice relacionado à mão de obra é o custo total da mão de obra para cada
sistema estrutural. Foi obtido este custo através de planilhas de preços da construção
civil fornecido pelo FDE – Fundo de Desenvolvimento da Educação, para o sistema

30
moldado no local e através de consulta a empresas especializadas em estruturas pré-
moldadas de concreto.

5.7.5 Custo de Implantação

Após a análise e apresentadas às seções de pilares e vigas, os dados de custo


foram obtidos junto a empresa especializada no tipo de sistema construtivo através de
solicitação de orçamentos. Neste caso, para a estrutura pré-moldada de concreto com
ligações articuladas e semi-rígidas, os dados foram consultados junto a Premoldados
Protendit Ltda. e o custo de estrutura de concreto convencional através de planilhas de
preço do FDE (2007).

31
6. RESULTADOS

5.1 Exemplo conceitual

A principal diferença apresentada entre os três sistemas estruturais estudados


está no comportamento das estruturas ao aplicar cargas horizontais devido à ação do
vento. Para ilustrar os resultados obtidos de esforços e do comportamento das estruturas,
foi criado um exemplo de modelo para cada sistema admitindo que todos têm as
mesmas características, ou seja, os elementos têm a mesma geometria e a mesma
rigidez, e apenas alterando o tipo de ligação entre viga e pilar.

Para o edifício moldado no local a ligação entre viga e pilar é rígida. No pré-
moldado com ligação articulada foram articuladas as duas extremidades das vigas e, por
último, para representar o modelo pré-moldado com ligação semi-rígida sob efeito de
ações horizontais, foi articulada apenas uma extremidade da viga e a outra extremidade
foi considerada como rígida.

As características dos modelos são: pilares com dimensões 30x50cm2 sendo


50cm na direção das cargas horizontais, vigas de dimensões 30x50cm2, concreto C30 e
pressão de vento de 70 kgf/m2. A altura do pé direito de cada pavimento é de 4 metros e
o vão entre pilares de 6 metros.

A seguir são apresentados os resultados de cada exemplo:

32
5.1.1 Exemplo de estrutura moldada no local

A Figura 5 apresenta o esquema estático das estruturas e o local de aplicação das cargas
em dois pórticos diferentes, um de apenas um pavimento e outro com dois
pavimentos.

Figura 5 – Esquema estático do exemplo

A Figura 6 apresenta o diagrama de momento fletor para o exemplo. O primeiro


pórtico apresenta uma reação de apoio máxima de 1,35 tf.m e o segundo de 4,20 tf.m.
Este tipo de estrutura apresenta forças verticais devido a sua configuração e rigidez, o
que ocasiona esforços de tração na fundação

Figura 6 - Diagramas

33
O deslocamento horizontal no topo do pórtico 1 foi de δ =0,04 cm. Para o
pórtico 2 os resultados dos deslocamentos horizontais foram de δ=0,29 cm no topo do
pilar e de δ=0,16 cm à meia altura como apresentado na Figura 7.

Figura 7 – Deslocamentos

5.1.2 Exemplo de estrutura pré-moldada com ligação articulada

O esquema estático desta estrutura apresenta as mesmas cargas, porém as barras


horizontais foram articuladas nas extremidades como apresentado na Figura 8.

Figura 8 – Esquema estático do exemplo

Com os momentos fletores reativos apresentados na Figura 9, é possível verificar quão


diferente é o comportamento deste tipo de estrutura em relação ao de ligação rígida. Este

34
modelo apresenta cerca do dobro de momento na base do pilar se comparado ao modelo
anterior. Já as reações verticais não aparecem devido à ligação articulada da estrutura.

Figura 9 – Diagramas

O deslocamento horizontal desta estrutura foi de δ=0,12 cm no topo do pórtico 1


e foi cerca de 3 vezes maior do que o deslocamento do exemplo anterior. O pórtico 2
apresentou um deslocamento de δ=0,56 cm a meia altura e de δ=1,62 cm no topo da
estrutura.

Figura 10 - Deslocamentos
35
5.1.3 Exemplo de estrutura pré-moldada com ligação semi-rígida

Para representar o modelo estático de uma estrutura com ligação semi-rígida


estudada neste trabalho, foi articulada uma extremidade das barras horizontais e a outra
extremidade foi mantida com ligação rígida como apresentado na Figura 11.

Figura 11 – Esquema estático do exemplo

A Figura 12 apresenta o diagrama de momento da estrutura com ligação semi-


rígida onde pode-se perceber que os resultados apresentados são intermediários entre os
outros dois sistemas anteriores. Para o pórtico 1, este exemplo de estrutura se
apresentou momentos reativos cerca de 43% maior que o sistema rígido e 16% menor
que o sistema articulado. Já o pórtico 2 apresentou cerca de 35% a mais que o sistema
rígido e 37% menos que o sistema articulado.

36
Figura 12 – Diagramas

O deslocamento horizontal no topo do pórtico 1 foi de δ=0,08 cm. No pórtico 2


foi de δ=0,26 cm a meia altura e de 0,58 cm no topo da estrutura.

Figura 13 - Deslocamentos

37
5.2 Edifícios estudados

5.2.1 Moldado no local

Devido ao fato da estrutura ser simétrica, foi disposta apenas metade da locação
e da forma de vigas para melhor visualização dos elementos. A locação completa com
todos os pilares pode ser observada na Figura 3. As figuras 14 a 16 apresentam a
identificação e dimensões de pilares e vigas do edifício moldado no local estudado.

Figura 14 – Identificação e seção de pilares

38
Figura 15 – Identificação e seção das vigas do 1º, 2º e 3º pavimentos

Figura 16 – Identificação e seção de vigas da Cobertura


39
Com esta configuração foi obtido um coeficiente Gama Z de 1,07 na direção X
horizontal e 1,18 na direção Y vertical. O deslocamento médio foi de 0,5 cm na direção
X e 2,0 cm na direção Y.

5.2.2 Pré-moldado com ligação articulada

No sistema pré-moldado é usual identificar cada uma das vigas, mas para
facilitar esta visualização é apresentado apenas a identificação de uma das vigas de cada
eixo. As figuras 17 a 19 apresentam a identificação e dimensões de pilares e vigas do
edifício pré-moldado com ligação articulada estudado.

Figura 17 – Identificação e seção de pilares

40
Figura 18 – Identificação e seção das vigas do 1º, 2º e 3º pavimentos

Figura 19 – Identificação e seção de vigas da Cobertura

41
Com esta configuração foi obtido um coeficiente Gama Z de 1,08 na direção X
horizontal e 1,18 na direção Y vertical. O deslocamento médio de 0,8 cm na direção X e
2,5 cm na direção Y.

5.2.3 Pré-moldado com ligação semi-rígida

As figuras 20 a 22 apresentam a identificação e dimensões de pilares e vigas do


edifício pré-moldado com ligação semi-rígida estudado.

Figura 20 – Identificação e seção de pilares

42
Figura 21 – Identificação e seção das vigas do 1º, 2º e 3º pavimentos

Figura 22 – Identificação e seção de vigas da Cobertura

43
Com esta configuração foi obtido um coeficiente Gama Z de 1,07 na direção X
horizontal e 1,18 na direção Y vertical. O deslocamento médio de 0,7 cm na direção X e
2,7 cm na direção Y.

5.3 Consumo de materiais

Foi realizado agrupamento de pilares iguais conforme a relação abaixo:

P1A=P6A=P1D=P6D – 4x

P2A a P5A=P2D a P5D – 8x

P1B=P6B=P1C=P6C – 4x

P2B a P5B=P2C a P5C – 8x

Foi tomada como referência para o agrupamento de vigas do pavimento tipo a


seguinte relação:

V201=V204 – 2x

V202=V203 – 2x

V205=V206 – 2x

E para o agrupamento de vigas da cobertura a seguinte relação:

V501=V504 – 2x

V502=V503 – 2x

V505=V506 – 2x

A seguir serão apresentadas tabelas com a quantidade de materiais utilizados em


cada elemento.

Os resultados de consumo de concreto e aço foram obtidos através do programa


TQS. Apesar de este programa ser destinado para cálculo de estruturas de concreto
armado, ele pode fornecer um consumo de aço orientativo para determinação de custos
e taxas.

44
Tabela 1 – Quantidade de materiais por tipo de ligação
Elemento Material Rígida Articulada Semi-rígida
Aço (kgf) 8.380 10.590 10.298
Vigas Concreto (m3) 84,17 123,36 118,24
Forma (m2) 900,00 0 37,44

Aço (kgf) 4.700 8.759 5.683


Pilares Concreto (m3) 48.50 155,8 62,84
Forma (m2) 480.50 0 0

Tabela 2 – Taxa de consumo por tipo de ligação para cada tipo de elemento
Elemento Material Rígida Articulada Semi-rígida
Concreto (m3/m2) 0,0339 0,0497 0,0476
Viga Aço I (kgf/m3) 99,56 85,85 87,09
Aço II (kgf/m2) 3,37 4,26 4,14
Forma (m2/m2) 0,362 0 0,013

Concreto (m3/m2) 0,0195 0,0627 0,0253


Pilar Aço I (kgf/m3) 96,91 56,22 90,44
Aço II (kgf/m2) 1,89 3,53 2,29
Forma (m2/m2) 0,193 0 0

Tabela 3 – Taxa de consumo total por tipo de ligação


Elementos Rígida Articulada Semi-rígida

Concreto (m3/m2) 0,0534 0,112 0,0729

Aço I(kgf/m3) 98,59 69,31 88,25

Aço II (kgf/m2) 5,26 7,79 6,43

Forma (m2/m2) 0,556 0 0,013

A Tabela 4 apresenta o preço unitário considerado para cada material já


embutido custos de serviços como mão-de-obra e custos de impostos. Os valores são
relativos ao mês de setembro e foram obtidos através de uma tabela disponível na
pagina eletrônica do FDE (Fundo para o Desenvolvimento da Educação). Estes valores
são válidos apenas para o modelo de estrutura moldado no local em vista que os valores
para os sistemas pré-moldados com ligação articula e ligação semi-rígida foram
fornecidos pela empresa Premoldados Protendit Ltda. Vale lembrar que os valores totais
obtidos são relativos apenas para a construção de pilares e vigas, ou seja foram
excluídos custos de lajes, consolos e blocos de fundação.

45
Tabela 4 – Preço unitário de material e serviço
Código Descrição Unidade Preço (R$)

03.01.01 Formas de madeira maciça m2 49,00

03.02.02 Aço CA 50 Fyk = 500 MPa Kgf 5,77

03.03.26 Concreto Dosado, Bombeado e Lançado Fck 25MPa m3 295,80

Para composição dos preços apresentados na Tabela 4 foi considerado concreto


usinado e bombeável C25. Para as formas foi adicionado o custo do cimbramento e seus
respectivos serviços e tributações. E finalmente para aço foi admitido o custo de barras
de 12,5 mm e já com o custo de armação.

A Tabela 5 apresenta o custo total de implantação para cada sistema estrutural

Tabela 5 – Custo de implantação

Elementos Rígida Articulada Semi-rígida

Viga R$ 117.350,10 - -

Pilar R$ 65.009,80 - -

Total R$ 182.359,90 R$ 565.026,00 R$ 341.292,00

5.4 Discussão dos resultados

A Figura 23 e 24 mostra a diferença de consumo de concreto em metros cúbicos


e de aço em quilograma força entre os sistemas estruturais.

46
Consumo de Concreto (m3)
300

250

200

150
279,16
100 181,08
132,67
50

0
Rígida Articulada Semi-rígida
Rígida Articulada Semi-rígida

Figura 23 – Consumo de concreto

Figura 24 – Consumo de aço

Como já era esperado, a estrutura pré-moldada com ligação articulada consumiu


mais material em ambos os consumos.

Para o consumo de concreto o sistema de ligação articulada consumiu


aproximadamente 279 m3 de concreto, um pouco mais do dobro do sistema de ligação
rígida que foi de aproximadamente 133m3, Em relação ao sistema de ligação semi-

47
rígida o consumo de concreto foi de aproximadamente 181m3, sendo cerca de 27%
maior do que o sistema com ligação semi-rígida.

O consumo de aço do sistema de ligação articulada foi de aproximadamente


19.349kg, ou seja, 48% maior que o sistema de ligação rígida que consumiu 13.080kg.
Em relação ao sistema com ligação semi-rígida, este consumo foi de 15.981 kgf, ou
seja, cerca de 22% maior do que o sistema de ligação rígida.

A Figura 25 apresenta o custo de implantação em reais de cada sistema.

Figura 25 – Custo de Implantação

Apesar de mais prático de ser executado, o sistema pré-moldado com ligação


articulada teve um custo três vezes maior que o sistema moldado no local com ligação
rígida e foi 40% maior em relação ao sistema pré-moldado com ligação semi-rígida.
Isso se deve ao alto consumo de concreto e de aço e ao custo de transporte de elementos
mais robustos. Já o custo do sistema pré-moldado com ligação semi-rígida foi 47%
maior que o sistema moldado no local.

Outro fator que deve ser levado em conta na escolha de qual sistema estrutural
adotar é o tempo de execução da obra. O tempo relativo à preparação do canteiro de
obra será considerado o mesmo de um mês para os três sistemas estudados. Admite-se
que no sistema estrutural moldado no local onde a ligação é rígida, o tempo de execução
48
de cada laje de pavimento seja de um mês o que resulta em quatro meses de execução
da obra. No total, a estrutura do edifício moldado no local é executada em
aproximadamente cinco meses.

Para o sistema pré-moldado com ligação articulada, o tempo estimado para a


execução da estrutura foi de duas semanas. Também se deve computar o tempo de
fabricação dos elementos de viga e pilar na fabrica que é de três semanas, contudo, a
etapa de fabricação dos elementos ocorre simultaneamente com a etapa de preparo do
canteiro de obra. Estes números de tempo de execução e fabricação foram fornecidos
pela empresa Premoldados Protendit Ltda. que é especializada neste tipo de estrutura.

No sistema pré-moldado com ligação semi-rígida, o tempo estimado para a


fabricação dos elementos é de duas semanas sendo mais três semanas consumidas para a
montagem da estrutura. A diferença está na execução das ligações e para esta execução
é adicionado um período de uma semana, o que leva este sistema a concluir a estrutura
em cinco semanas, tal como no sistema com ligação articulada.

49
6. CONCLUSÕES

Com o sistema de ligação semi-rígida ocorre uma significativa redução nas


dimensões de seções de pilares e, por conseqüência, uma redução no volume total de
concreto consumido em torno de 35%.

Para sistema com ligação semi-rígida o tempo estimado para montagem da


estrutura e solidarização das ligações na obra foi de três semanas enquanto o sistema de
ligação articulada foi de duas semanas. Esse tempo é pouco significativo se comparado
com o sistema moldado no local com ligação rígida, qual foi estimado em vinte
semanas.

Outro ponto positivo apresentado pelo sistema de ligação semi-rígida foi a


redução das dimensões de seções de pilares podendo apresentar maior liberdade
arquitetônica, sendo que no sistema com ligação articulada esta oportunidade é pouco
explorada.

O custo de construção do sistema de ligação semi-rígida foi de R$ 341.292,00,


sendo cerca de 40% menor que o sistema de ligação articulada que foi de R$
565.026,00. Para efeito de comparação, o sistema de ligação semi-rígida apresentou
custo de construção cerca de 87% a mais do que a estrutura moldada no local com
ligação rígida que foi de R$ 182.359,00.

Finalmente, através deste trabalho foi possível concluir que, para estruturas
semelhantes à apresentada no presente trabalho, o sistema mais adequado é o sistema de
ligação semi-rígida.

50
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (1980). NBR 6120 – Cargas


para o cálculo de estruturas de edificações. Rio de Janeiro, ABNT.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (1988). NBR 6123 – Forças


devidas ao vento em edificações. Rio de Janeiro, ABNT.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (2003). NBR 6118 – Projeto


de Estruturas de Concreto - Procedimento. Rio de Janeiro, ABNT.

BALDISSERA, A. (2006). Estudo experimental de uma ligação viga-pilar de concreto


pré-moldado parcialmente resistente a momento fletor. São Carlos. 160p. Dissertação
(Mestrado). Escola de Engenharia de São Carlos. Universidade de São Paulo.
Disponível em <http://www.set.eesc.usp.br/cadernos/pdf/cee32_6.pdf> Acesso em 24
jun 2007.

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441p. Escola de Engenharia de São Carlos. Universidade de São Paulo.

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nov 2007.

FERREIRA, M.A. (1999). Deformabilidade de ligações viga-pilar de concreto pré-


moldado. 232p. São Carlos. Tese (Doutorado) – Escola de Engenharia de São Carlos.
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determinação da deformabilidade e da resistência de uma ligação viga-pilar com
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São Paulo. São Carlos

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Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo.

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SOARES, A.M.M.; HANAI, J.B. (2001) – Análise estrutural de pórticos planos de
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n17, p. 29-57. São Carlos. Cadernos de Engenharia de Estrutura. Disponível em
<http://www.rza.ind.br/ArquivosSite/AnalisePorticos.pdf> Acesso em 16 ago. 2007.

52

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