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Congresso

Marxismo e Ciências Humanas:

leituras sobre o capitalismo num contexto de crise

Política, ciência e ideologia:

sobre o "teoricismo" de Nicos Poulantzas

Adriano Codato

Universidade Federal do Paraná

Curitiba – PR

Novembro 2009
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Resumo: Nesta comunicação, formulo um argumento sobre as razões da proverbial


complicação dos escritos de Poulantzas, insistindo sobre a influência que os procedimentos e
os pressupostos da filosofia impõem à prática teórica dos marxistas no âmbito das ciências
sociais. A forma de redação dos textos de Poulantzas é menos uma questão do estilo do
autor, ou mesmo uma questão do nível do discurso, e sim uma questão do tipo de ciência
social defendida e praticada pelo estrutural-funcionalismo francês como um todo. A hipótese
é que a prosa filosofante característica desse gênero de marxismo encurrala e encerra o
discurso e a prática sociológica em três mundos, que os dirigem e passam a defini-los: i) a
política, ii) a teoria e iii) as lutas políticas no domínio exclusivo da teoria.
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Política, ciência e ideologia: sobre o "teoricismo" de Nicos Poulantzas


Adriano Codato

I. Marxismo e ciência social

Antes mesmo de apresentar o texto que eu preparei para este Congresso, penso que
seja necessário, a fim de explicitar todos ou quase todos os meus pressupostos intelectuais,
fazer algumas declarações de princípio.

O que eu pretendo discutir aqui é exclusivamente o marxismo como ciência social.


Evidentemente que o marxismo não é só isso, mas é também isso; e cada vez mais isso, visto
que sua dimensão revolucionária está, ao menos por hora, aposentada.
Nesse sentido, meu tema nesse colóquio é o processo de elaboração conceitual – ou,
para ser mais preciso, o modo de produção teórico – de certa teoria marxista da política
exemplificada, no caso, pela obra do cientista político grego Nicos Poulantzas.
A obra de Poulantzas e, em especial, Poder político e classes sociais representou, quando
o livro foi publicado em Paris em abril de 1968, o empreendimento intelectual mais
ambicioso no domínio da teoria marxista da política desde pelo menos o desaparecimento de
Lênin. Representou também o desafio mais incisivo aos pressupostos da ciência política
convencional e a crítica mais explícita aos procedimentos metodológicos e aos princípios
epistemológicos da “sociologia burguesa”. Penso, portanto, que um trabalho de revisão da
crítica poulantziana à ciência política convencional – o tipo de crítica, o modo pelo qual essa
crítica foi feita e o conteúdo dessa crítica – permita fazer um balanço das relações entre o
marxismo e a ciência social.
Se o marxismo ambiciona ser muito mais do que apenas uma ciência positiva da
sociedade e se nesse caminho ele pretende não só dizer a verdade sobre os princípios e
pressupostos teóricos e metodológicos da ciência política e da sociologia política
“burguesas”, mas colocar no seu lugar uma teoria mais eficiente e mais correta da política, do
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poder, da dominação social, então é preciso, antes mesmo de avaliar se isso foi cumprido
como planejado e se efetivamente deu certo, tentar entender se a maneira de fazer isso foi a
mais adequada ou não. Só procedendo assim, julgo eu, é possível fazer valer, na prática,
alguns slogans publicitários que os marxistas anunciam a respeito de sua própria tradição, do
tipo: „só a teoria marxista é uma teoria que pode criticar-se a si mesma‟, etc.

II. Teoria e filosofia

Nesta comunicação, formulo um argumento sobre as razões explícitas e sobre as


razões implícitas da proverbial complicação dos escritos de Poulantzas, insistindo, e esse é o
problema central que desejo destacar, sobre a influência que os procedimentos e os
pressupostos da filosofia impõem à prática teórica dos marxistas no âmbito das ciências
sociais.

O ponto aqui é antes sugerir que demonstrar que a forma de redação dos textos de
Poulantzas é menos uma questão do “estilo” do autor (o vocabulário incomum, a fraseologia
arrevesada, a falta de clareza de certos conceitos e a desorganização dos argumentos); ou
mesmo uma questão do “nível” do discurso (um discurso necessariamente abstrato para
tratar de problemas abstratos); e sim uma questão do “tipo” de “ciência social” defendida e
praticada pelo estrutural-funcionalismo francês como um todo (Althusser, Balibar, Badiou,
etc.).

A hipótese é que a prosa filosofante característica desse gênero de marxismo


encurrala e encerra o discurso e a prática sociológica em três mundos, que os dirigem e
passam a defini-los: i) a política, ii) a teoria e iii) as lutas políticas no domínio exclusivo da
teoria. Invertendo a formulação de Althusser (“a filosofia é luta de classes na teoria”), creio
que se deveria dizer que essa teoria é, antes de qualquer coisa, um produto da luta teórica no
domínio da filosofia (marxista).

Meu argumento central é o seguinte: esse gênero de “ciência social” que Poulantzas
exemplifica tira proveito da fusão do discurso político com o discurso científico sob a
proteção e a garantia do discurso filosófico. Essa é a razão do alegado teoricismo de Nicos
Poulantzas, cujo efeito (e não a causa) é um dialeto abstrato. A causa fundamental dessa
forma de conceber o trabalho teórico e a prática científica está, antes de qualquer coisa, na
recusa dos procedimentos convencionais da ciência convencional. E isso por sua vez deriva
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do entendimento do que o marxismo deveria ser: nem uma “ciência da História” nem uma
forma de sociologia empírica, mas uma cosmogonia.

III. O gênero, o nível e o tipo de discurso

W. G. Runciman, ao comentar a tradução inglesa de Les classes sociales dans le capitalisme


aujourd’hui recordou e sintetizou a recepção chavão à obra de Poulantzas nos países de língua
inglesa: “Mr. Poulantzas escreve conforme a tradição continental, onde a generalidade da
abstração é muitíssimo mais estimada que a clareza de expressão”1.

Essa tirada é bastante espirituosa, toca em dois problemas reais – o gênero do discurso e
o nível do discurso – mas comete dois deslizes. Primeiro, mistura a (má) qualidade da prosa
poulantziana com o plano (teórico) onde o autor situa seu trabalho. O próprio Poulantzas
nunca negou que mesmo suas “análises concretas” estavam voltadas principalmente para a
elaboração de conceitos. Fascisme et dictature é uma prova disso. Poulantzas sempre pretendeu
que para elaborar o conceito de Estado fascista, a “generalidade da abstração” deveria
suplantar a realidade empírica – isto é, as formas concretas de Estados capitalistas de exceção
(Estado italiano, Estado alemão, etc.)2.

O segundo deslize, e esse é meu argumento principal, é que esse tipo de crítica aos
textos de Poulantzas, muito comum e muito obstinada até hoje, erra o alvo. Há uma questão
mais importante e que deriva não do gênero (literário) ou do nível (abstrato) do discurso,
mas do tipo de discurso adotado – e não somente por Poulantzas, mas por boa parte do
marxismo “continental”.

Para além dos problemas estilísticos evidentes (períodos muito longos, construções
elípticas, interpolações constantes, formulações de duplo sentido, definições pouco claras,
distinções em poucas palavras, explicações idem), a confluência, nesse discurso teórico, de
três modos distintos de conhecimento – i) o filosófico, amparado na excelência e ampliado
graças à grandiloquência do comentário de texto (dos textos clássicos dos clássicos do

1 W. G. Runciman, resenha de Classes in Contemporary Capitalism e de Social Analysis publicada no

Times Litterary Supplement (16 Jan. 1976). Apud Jean-René Tréanton, Réflexions sur Fascisme et dictature. Revue
française de sociologie, vol. 17, n. 3, 1976, p. 533, nota 1.
2 Ver Fascisme et dictature : la Trosième Internationale face au fascisme. Paris : Maspero, p. 325-
338.
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marxismo, bem entendido); ii) o político-teórico, implicado na sobreposição espontânea e


obrigatória de duas problemáticas: a teoria da teoria marxista e, derivada dela, a teoria da
prática revolucionária; e iii) o científico, exigido para construir e/ou conquistar os objetos de
pesquisa das sociologias não marxistas ou antimarxistas (e.g., a noção poder, de Estado
capitalista, etc.) –, teve consequências decisivas para esse gênero de “ciência social”. Não só
contribuiu para congestionar o texto poulantziano de conceitos teóricos (às vezes muito úteis,
como “hegemonia de fração”, “bloco no poder”, “burocracia versus burocratismo”, etc., às
vezes não, como “autonomia relativa”), como de declarações categóricas com base em uma série
de tomadas de posição políticas em cada um desses campos, o filosófico, o político e o científico
(“poder é o poder político das classes sociais”, “O Estado é o fator de coesão de uma
formação social”, “o funcionamento da burocracia corresponde, em última análise, ao
interesse político da classe ou fração hegemônica” etc.3).

É verdade que a justaposição de problemas de naturezas diversas (o social e o


sociológico; o político e o politológico; o teórico e o ideológico), e a obrigação autoimposta
de enfrentá-los ao mesmo tempo e no mesmo lugar, até produziu, nos poucos leitores mais
empenhados, e depois de passada a perplexidade inicial, aqueles fins que Poulantzas desejava:
“romper”, através da linguagem empregada, “com o discurso descritivo ordinário” da
sociografia política dominante4. Ocorre que, em boa parte dos casos, a intenção de ruptura se
fez à custa da comprovação integral do sistema integral, gerando o incômodo e a
incompreensão proveniente de duas reprovações padrão, simétricas e opostas, que sempre
acompanharam a obra de Poulantzas: ou Poulantzas falava demais, ou Poulantzas falava de
menos.

Um exemplo do primeiro defeito vinha das cobranças diante das interpretações um


tanto arbitrárias acrescentadas às conhecidas fórmulas de Marx e Engels, deslocadas essas
dos seus contextos originais e embaralhadas, conforme seus críticos, a esmo. O exemplo do
outro defeito – de que Poulantzas falava de menos - eram as solicitações frequentes de
evidências concretas que comprovassem seus argumentos diante da carência explícita de
análises empíricas.

3 Cf. Nicos Poulantzas, Pouvoir politique et classes sociales. Paris: Maspero, 1971, vol. I, p. x e p. x;
vol. II, p. 167.
4 Nicos Poulantzas, “The Capitalist State: A Reply to Miliband and Laclau”. New Left Review,

London, n. 95, Jan.-Feb. 1976, p. 68.


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IV. O marxismo estruturalista

Voltando ao ponto central da crítica convencional: o que está de fato em jogo e vem
encoberto por “problemas de estilo”?

Tal qual Louis Althusser (ou em razão da influência deste), os textos dos marxistas
estruturalistas – Poulantzas aí incluído – possuem uma dicção toda própria, marcada pelo
impulso polêmico, pelo vezo contundente e pelas fórmulas definitivas, como observou
Jacques Rancière, produto dessa “ambição totalizante” autorizada e imposta pelo culto da
“grande teoria”5.

Tanto na filosofia dos filósofos, quanto na (ciência) política de Poulantzas, os temas,


as teses e os conceitos são expostos, como ele mesmo explicou, numa ordem que oculta
propositalmente o caminho para se chegar a eles (a “ordem da pesquisa” dos elementos
empíricos). Isso produz dois defeitos, ambos admitidos por Poulantzas, mas desclassificados
também por ele como fruto da ilusão empirista e do engano “neopositivista” dos seus
críticos6: i) o mundo social e os acontecimentos históricos só comparecem em seus escritos
como exemplos para confirmar princípios e conclusões já estabelecidas de antemão; ii) daí a aparência (falsa
segundo o próprio autor) de um discurso onde conceitos geram conceitos, uma sorte de
partenogênese teórica. Não encontro, porém, uma símile mais adequada – partenogênese teórica
– para descrever esse tipo de ciência social. Explico.

O que escapa à autocrítica poulantziana é que a “ordem de exposição” de um texto


em ciência social não pode ser a mesma de um texto em Filosofia, mesmo para o marxismo,
que não reconhece divisões departamentais nem se submete de boa vontade aos ritos
escolares. A ausência da pesquisa (ao menos no texto) e da sua “ordem”, isto é, dos seus
procedimentos – a explicitação dos modelos e dos métodos para selecionar, organizar e
interpretar evidências, por exemplo – produz dois efeitos sobre esse discurso teórico.
Primeiro, torna impossível avaliar a documentação mobilizada, daí o tom muitas vezes

Para a constatação a respeito do tom que Althusser imprimia a sua escrita, ver Jacques
5

Rancière, “La scène du texte”. In: Sylvain Lazarus (dir.), Politique et philosophie dans l’oeuvre de Louis Althusser. Paris:
PUF, 1993. Para as expressões “ambição totalizante” e “grande teoria”, ver Pierre Bourdieu, “Fieldwork in
Philosophy”. In: _____. Coisas ditas. São Paulo: Brasiliense, 2004, p. 32.
6 Para o “neopositivismo” da crítica endereçada a ele, ver Nicos Poulantzas, “The Capitalist

State: A Reply to Miliband and Laclau”. New Left Review, London, n. 95 (Jan.-Feb.), 1976, p. 67.
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arbitrário das alegações; e segundo, transfere, para o domínio do comentário dos textos canônicos, o
que deveria ser resultado da explicação das coisas. Daí a impressionante frequência nessa
sociologia do recurso (retórico ou não, pouco importa) à formula Marx dixit.

Sua teoria do Estado possui precisamente essas características e é um exemplo muito


ilustrativo da propensão para transitar entre campos distintos (filosofia, economia,
sociologia), ora em nome da autoridade de Marx, Engels, Lênin e Gramsci, ora em nome da
utilidade dos princípios políticos daí derivados; ora em nome da conformidade pressuposta
das análises teóricas com o mundo social, ora em nome da incapacidade das teorias rivais
(marxistas e não marxistas) darem conta seja da interpretação mais correta dos textos
clássicos, seja da compreensão mais concreta dos modos de funcionamento da sociedade
capitalista7.

A crítica à “ausência de qualquer problemática teórica nos escritos de Miliband” é


uma evidência de como Poulantzas se serve da autoridade derivada dos procedimentos puros
da interpretação pura dos clássicos do marxismo para explicitar qual seria a forma correta de
ligação entre as análises concretas e os “conceitos abstratos”. Nenhuma palavra, todavia,
sobre a pertinência efetiva daquelas análises em relação ao mundo social real. O ponto aqui,
então, torna-se o seguinte: é preferível defender a atualidade e o poder explicativo dos
conceitos abstratos, sejam eles corrigidos, completados, desenvolvidos ou não pelo processo
de elaboração teórica, ao invés de considerar como mais legítimo ou como mais efetivo o
procedimento usual que envolve dados, hipóteses, teste, proposições e assim sucessivamente.

V. O modo de produção de teoria

Mas de onde vem isso? Minha hipótese é que esse tipo de discurso pode ser
explicado em razão de dois determinantes: i) a heteronomia dessa teoria da política em relação
às lutas teóricas e às dissensões políticas no campo político comunista; e ii) a autonomia pretendida
dessa teoria em relação à Sociologia e à Ciência Política “burguesas” como práticas científicas
“puras”.

7 Expus e procurei comprovar este ponto em Adriano Codato, “Poulantzas, o Estado e a

Revolução”. Crítica Marxista (São Paulo), v. 27, p. 65-85, 2008.


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Esse jogo duplo – condição de existência do marxismo, a propósito – é tão ou mais


necessário quanto menos os marxistas podem prescindir, nesse momento de (re)fundação da
doutrina do Estado e de contestação da ciência política norte-americana (sejam as vertentes
comportamentalista, culturalista ou sistêmica), dos dividendos decorrentes de dois princípios
de consagração desiguais, mas potencialmente complementares: a autoridade universitária,
disputada contra a ciência social pela imposição da teoria marxista da política como a única
teoria política legítima; e a autoridade política, transmitida pelo partido teórico e pelo projeto
social no qual se está implicado8.

O tipo do discurso então adotado – o filosófico –, que abusa da análise, do


comentário e da interpretação de texto (dos textos clássicos dos clássicos do marxismo),
resulta da (con)fusão inevitável pelo modo de produção dessa teoria entre três coisas: i) as
controvérsias doutrinárias dos partidos comunistas europeus; ii) a reflexão abstrata dos
intelectuais universitários comprometidos com o socialismo; e iii) a problemática política do
materialismo histórico (a “Revolução”). A consequência de tudo isso é a subordinação
inapelável dessa modalidade de “ciência social” à teoria teórica.

VI. Conclusão

Vou então recapitular o que disse até aqui e esquematizar ao máximo meu
argumento.

Sustentei que a teoria política poulantziana – construída como uma crítica direta à
ciência política convencional (“burguesa”) – pode ser definida como uma teoria que é, antes
de qualquer coisa, um produto da luta teórica do marxismo teórico no domínio da Filosofia.
Isso não tem nada a ver com Ciência Social (descrição, análise e interpretação; testes de
hipóteses, explicitação de mecanismos, estabelecimento de relações, proposição de
explicações) e não teria nenhum problema se não fosse pensada – essa teoria política – como
uma crítica e uma correção à ciência social convencional.

8 Para a sugestão original dessa ideia, ver Pierre Bourdieu, “O discurso de importância. Algumas
reflexões sociológicas sobre o texto „Algumas observações críticas a respeito de Ler O Capital‟”. In: _____. A
economia das trocas linguísticas: o que falar quer dizer. São Paulo: Edusp, 1996, p. 168.
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Esse “teoricismo” – reconhecido, aliás, pelo próprio Poulantzas no debate com


Miliband no artigo de 1976 – vem fundido e confundido com um discurso complicado, uma
prosa difícil. Essa, contudo, é a aparência do problema. A crítica que consiste em apontar um
“defeito”, o estilo “confuso”, é a meu ver essa é uma crítica superficial. O próprio
Poulantzas faz a defesa desse “discurso complicado” nos termos corretos: trata-se de um
discurso abstrato para tratar de problemas abstratos (uma exigência óbvia do trabalho
teórico). Minha tese é que não é um problema do estilo do discurso, ou do nível do discurso,
mas do tipo do discurso: o discurso filosófico cujo núcleo é o comentário de texto (Marx dixit).

A confluência no texto poulantziano de três modos distintos de conhecimento (o filosófico,


o político-teórico e o científico), e a justaposição de três problemas de naturezas diversas (o social
e o sociológico; o político e o politológico; o teórico e o ideológico), conduziu esse discurso
ao culto da grande teoria e a declarações categóricas com base em tomadas de posição
políticas. Como falta a esse discurso a “ordem da pesquisa”, isso torna impossível avaliar a
verdade das proposições, o comentário do texto tomando o lugar da explicação das coisas.
Daí o recurso frequente à autoridade dos textos clássicos dos clássicos.

Ficamos então com um discurso que defende a atualidade e o poder explicativo dos
conceitos abstratos produzidos pelo processo de elaboração teórica; isto é, um discurso que
depende da capacidade de análise do que “Marx realmente disse” e não do procedimento
mais usual: reunião de dados, elaboração de hipóteses, formulação de proposições científicas
provisórias para serem depois testadas à luz de novas evidências etc. Tudo isso conduz à
subordinação da Ciência Social à teoria teórica e tudo depende então de ser ou não ser
marxista, o que repõe constantemente a tensão entre a heteronomia dessa teoria social em
relação à política; e a sua pretendida autonomia em relação à ciência “pura”.

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