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Sobre Ausência e Saudade

Texto: Cantares 8. 6-7

Introdução:
“O céu de Ícaro tem mais poesia que o de Galileu!” Este é um dos versos da música “Tendo a
lua” do grupo Paralamas do Sucesso e que aprecio muito devido a essa frase que acabei de
citar. Galileu, todos sabem, contemplou o céu com olhos de um homem a frente de seu tempo,
como um cientista...Desmistificou lendas e histórias, tornou o olhar para as estrelas, o sol, a
lua, algo comum e longe de qualquer pensamento mais sonhador. Ícaro, por sua vez,
contemplou o céu com o olhar encantado pela graça da liberdade, a infinitude do
mistério...atraente que era essa beleza, apaixonou-se e essa paixão acabou por levá-lo a morte.
Esta noite eu quero falar sobre duas dimensões às vezes incompreendida: Ausência e
Saudade. Por isso, o texto escolhido é o de Filipenses Os poetas enxergam encanto onde
outros vêem simplesmente um acontecimento biológico ou um elemento de punição na
existência humana. E na leitura feita, Paulo, une duas palavras, de forma comparativa e
admirável, A Ausência e a Saudade. Posso enxergar uma face cruel da ausência.
1— Sobre a Ausência:
Rubem Alves: “ O que é belo precisa morrer para se tornar perfeito”.
Difícil definir ausência...gosto de definir ausência como “presença do vazio”...esta é a
primeira reação que temos ao sentir que alguém já não está ao nosso lado... a ausência...Toda
ausência... Apenas o vazio. A presença da ausência é uma verdade concreta muitas vezes
sentida em nossas vidas. Nada é mais dolorido do que o não ver, o não tocar, o não ouvir a
voz, o não sentir o perfume, aqueles e aquelas que perderam a pessoa amada, o não sentir o
gosto do beijo. É o fim dos cinco sentidos para com aquela pessoa, sua presença física não
existe mais. Sendo assim, a ausência também traz uma sensação de morte. Dimensiono aqui a
questão na seguinte forma: Toda ausência é uma morte. Sim, concordo em parte com Rubem
Alves, o que é belo, não que precise morrer, mas certamente vai morrer e caminhar para a
perfeição.
Ausência é uma força invisível que machuca levemente...por mais que digam que é
bom ficar sozinho...a necessidade da presença física é imprescindível na vida de qualquer
pessoa...e é extremamente dolorido quando sabemos que a pessoa que amamos, que gostamos
não estará mais ali quando queremos.
2  Sobre a Saudade.
Com a ausência nasce uma nova realidade. O porto seguro dos que ficam. a ausência
abre as portas para um mundo novo, um mundo onde exista, ainda, a pessoa que se foi. Esse
mundo é alimentado por um fruto: a saudade. Mas de quê a saudade é fruto? Do amor! Porque
só sentimos saudade daqueles ou daquelas que amamos. Podemos lembrar de muitas coisas
passadas, de momentos, pessoas...mas saudade...é propriedade dos que amam.
O amor só vence a ausência porque ele é eternizado. Na dimensão da saudade o amor
é eternizado e junto com ele o objeto amado. A arte em geral, tratou de narrar esse fenômeno
divino: na literatura, Romeu e Julieta, Tristão e Isolda; no cinema, Em Algum Lugar do
Passado, As Pontes de Madison, Outono em Nova York. É pensando nessas histórias que
Rubem Alves escreveu: que tudo que é belo precisa morrer para se tornar perfeito. Perfeito
porque se torna eterno. Às vezes diante da ausência, a saudade nos faz acreditar que exista um
lugar perfeito onde o amor seja perfeito, sem obstáculos, sem interrupções. E é a saudade,
que mantém no mundo da memória, a vida e no coração a eternidade do Amor.

Conclusão:
A saudade não permite que ninguém parta em definitivo. O cristianismo também
lembra de um Amor que ultrapassou o tempo e gerações de seguidores. A saudade é o milagre
do amor, é o poder da ressurreição. Quando celebramos a Ceia do Senhor vivenciamos a
expressão concreta da saudade da Igreja por Jesus... Trazemos à memória a morte, mas
celebramos também a vida renovada, ressurreta, revivida...ou simplesmente eterna. O poema
que ouviremos a seguir expressa bem o que a doutrina, os dogmas não conseguem transmitir:

Saudade (autor(a) desconhecido(a))

Dizem que saudade é ausência


Mas, não vejo saudade assim
Saudade é o exalar continuo do perfume que tocou alma
Retrato e espelho que se confundem
É dor e prazer, compondo uma sinfonia
Saudade é certeza, um pulsar
É encontrar sem procurar
É a única certeza presente
É a prova da existência de um mundo onde o sonho se realizou.
É também alimento da alma apaixonada
Tão presente, que não podemos arrancar
É uma essência emaranhada, impregnada no ser
Saudade é presença eterna!

Todos e todas que deixam saudade se tornam eternos, pois, vivem na infinitude da
memória, nutridos pelo sentimento inesgotável que é o Amor, onde nem a ausência com toda
sua força, pode alcançar. Afinal, Deus é Amor.

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