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DE INTERESSES
NO SERVIÇO PÚBLICO
José Leovegildo Oliveira Morais
ÉTICA E CONFLITO
DE INTERESSES
NO SERVIÇO PÚBLICO
Brasília, 2009
Coordenação editorial
Mara Elvira Brito Rabelo
Revisão de texto
Rejane de Meneses
Yana Palankof
ISBN 978-85-7202-040-4
Ficha catalográfica
M827e Morais, José Leovegildo Oliveira.
Ética e conflito de interesses no serviço público / José Leovegil-
do Oliveira Morais. – Brasília : Esaf, 2009.
178 p.
ISBN 978-85-7202-040-4
CDD 172.1
APRESENTAÇÃO ..................................................................................... 11
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 13
2 DEFINIÇÕES ......................................................................................... 19
2.1 Ética .................................................................................................. 19
2.2 Conflito de interesses ......................................................................... 19
2.3 Serviço público .................................................................................. 22
2.4 Funcionário público ........................................................................... 22
4.2.3 Dívidas..................................................................................... 76
4.2.4 Partidos políticos ...................................................................... 77
4.2.5 Relacionamento com sindicatos ................................................. 78
4.2.6 Posição em ONGs e outras organizações voluntárias .................. 78
4.3 Mecanismos para prevenir ou evitar conflito de interesses .................... 79
4.3.1 Declaração de bens e interesses .................................................. 80
4.3.1.1 Histórico ........................................................................ 80
4.3.1.2 Sindicância Patrimonial................................................... 82
4.3.1.3 Declaração Confidencial de Informações .......................... 83
4.3.2 Quarentena .............................................................................. 85
4.3.3 Proibição de exercer atividade profissional no setor privado ........ 87
4.3.4 Proposta de trabalho ou de negócio futuro ................................. 88
4.3.5 Proibição de contratar com o poder público............................... 89
4.3.6 Proibição de celebrar convênio com entidade dirigida
por servidor vinculado .............................................................. 89
2.1 Ética
1 VÁZQUEZ, Adolfo Sánchez. Ética. 25. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004. p. 22.
20 | Ética e conflito de interesses no serviço público
2 “A ‘conflict of interest’ involves a conflict between the public duty and private interests of a public
official, in which the public official has private-capacity interests which could improperly influence
the performance of their official duties and responsibilities.”
22 | Ética e conflito de interesses no serviço público
Art. 84. Considera-se servidor público, para os fins desta lei, aquele que
exerce, mesmo que transitoriamente ou sem remuneração, cargo, função
ou emprego público.
§1o Equipara-se a servidor público, para os fins desta lei, quem exerce cargo,
emprego ou função em entidade paraestatal, assim consideradas, além das
fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista, as demais
entidades sob controle, direto ou indireto, do Poder Público.
Art. 2o Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que
exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação,
24 | Ética e conflito de interesses no serviço público
Parágrafo único. Entende-se por agente público, para os fins deste Decreto,
todo aquele que, por força de lei, contrato ou qualquer ato jurídico, preste
serviços de natureza permanente, temporária, excepcional ou eventual, ainda
que sem retribuição financeira, a órgão ou entidade da Administração Pública
federal, direta e indireta. (art. 11)
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Artigo I
Isso significa dizer que esse princípio não se destina a proteger o ócio, ou seja,
a albergar atitudes daqueles que procuram escudar-se na ausência de norma
expressa para o caso concreto como pretexto para deixar de fazer aquilo que
é inerente às suas obrigações.
O princípio da legalidade destina-se a impedir o administrador públi-
co de, “por simples ato administrativo, conceder direitos de qualquer espécie,
criar obrigações ou impor vedações aos administrados; para tanto precisa de
lei”.3 Ou, ainda, nas palavras de Celso Antônio Bandeira de Mello, trata-se
de um princípio que traduz um propósito político:
Pretende-se, através da norma geral, abstrata e por isso mesmo impessoal, a lei,
editada pois pelo Poder Legislativo – que é o colégio representativo de todas as
tendências (inclusive minoritárias) do corpo social – garantir que a atuação do
Executivo nada mais seja senão a concretização dessa vontade geral.4
4 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 4. ed. São Paulo: Ma-
lheiros Editores, 1993. p. 47/48.
5 PAZZAGLINI FILHO, Marino. Lei de improbidade administrativa comentada: aspectos
constitucionais, administrativos, civis, criminais, processuais e de responsabilidade fiscal; le-
gislação e jurisprudência atualizadas. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2005. p. 31.
6 Idem. Princípios constitucionais reguladores da Administração Pública. 2. ed. São Paulo: Atlas,
2003. p. 26.
30 | Ética e conflito de interesses no serviço público
ainda, desvirtuada dos seus fins, é violar o dever de lealdade que o servi-
dor público tem para com a instituição que ele representa.
Lealdade e honestidade são valores que devem ser cumpridos e respeita-
dos porque refletem a confiança que a coletividade deposita naquele que é
investido de uma função pública. Logo, numa sociedade em que o direito
constitui um dos fundamentos do Estado democrático, o princípio da legali-
dade desponta como o vetor mais importante do comportamento ético.
Esse autor, em que pese seu esforço para estabelecer, de forma objetiva,
a definição de moralidade administrativa, incide, como a maioria dos dou-
trinadores, em petição de princípios, na medida em que remete o conteúdo
dessa definição a conceitos igualmente vagos, como “bem comum”, “inte-
resse público”, “justiça” e “honestidade”.
8 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 8. ed. São Paulo: Malheiros
Editores, 1992. p. 571.
9 MARTINS JÚNIOR, Wallace Paiva. Probidade administrativa. 2. ed. São Paulo: Saraiva,
2002. p. 35.
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tanto à Administração Pública como a cada um dos seus agentes. Tem por
finalidade garantir a produção de resultados úteis, eficazes, racionais e
econômicos. “É o mais moderno princípio da função administrativa, que
já não se contenta em ser desempenhada apenas com legalidade, exigindo
resultados positivos para o serviço público e satisfatório atendimento das
necessidades da comunidade e de seus membros”.10
O princípio da eficiência consiste no dever de boa administração que
se impõe a todo agente público. Assim, não basta que os recursos públi-
cos sejam utilizados para a produção de um resultado. É necessário, tam-
bém, que esse resultado seja do interesse público e obtido com a maior
economicidade possível.
O gasto público necessário pode ser realizado com observância ao
princípio da economicidade ou sem qualquer preocupação com relação
ao custo/benefício. Quando o administrador público gerencia recursos
públicos sem preocupação de obter deles o melhor resultado possível
para as finalidades a que se destinam – finalidades essas que devem estar
sempre voltadas para um interesse público –, afronta o princípio da efici-
ência. E aquele que gasta mal o dinheiro público está, certamente, a faltar
com um dever ético, que é a confiança que lhe foi depositada para gerir
bem um patrimônio que não lhe pertence, mas sim à coletividade.
10 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 15. ed. 1990. p. 86.
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“qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular
ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico ou
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12 Trecho do voto da Desembargadora Federal Maria Isabel Gallotti nos autos do Agravo de
Instrumento no 2003.01.00.000356-0/GO, Tribunal Regional Federal da Primeira Região,
D.J. de 06.10.2003, p. 52.
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patrocinar causas em que tais pessoas sejam interessadas, sob pena de per-
derem o mandato.
Essa proibição, no caso de contratos, incide desde a diplomação; no
caso de emprego, cargo ou função, desde a posse.
O objetivo dessa proibição é evitar o uso abusivo da influência política,
a ocorrência de situações de conflito de interesses e a preservação da mora-
lidade administrativa.
4 CONFLITO DE INTERESSES
Essa regra decorre do fato de os agentes públicos que exercem suas ati-
vidades na Presidência ou na Vice-Presidência da República desfrutarem,
como regra, de maior distinção perante os demais órgãos ou entidades que
integram a Administração Pública federal, visto que suas esferas de influência
não se limitam ao órgão de trabalho. Por isso procura-se, mediante a fixa-
ção dessa regra, evitar que tais agentes usem dessa influência para auferir
benefício indevido para si ou para terceiros.
52 | Ética e conflito de interesses no serviço público
Após deixar o cargo, o agente público não poderá, pelo prazo de quatro
meses, atuar em benefício ou em nome de pessoa física ou jurídica, in-
clusive sindicato ou associação de classe, em processo ou negócio do qual
tenha participado em razão do cargo ou da função que ocupava, bem como
prestar consultoria a pessoa física ou jurídica, inclusive sindicato ou asso-
ciação de classe, valendo-se de informações não divulgadas publicamente a
respeito de programas ou políticas governamentais (art. 14).
Trata-se de regra semelhante à que se encontra estabelecida no art. 14
do Código de Conduta da Alta Administração Federal, com a vantagem
de não exigir, como o faz a norma do art. 14 do CCAAF, que a informa-
ção privilegiada esteja vinculada a “programas ou políticas do órgão ou da
entidade da Administração Pública Federal a que esteve vinculado ou com
que tenha tido relacionamento direto e relevante nos seis meses anteriores
ao término do exercício da função pública”. Basta, para sua incidência, que
a informação privilegiada tenha origem em qualquer órgão ou entidade do
governo federal.
A amplitude dessa regra justifica-se pelo fato de tramitar pela Presidên-
cia e pela Vice-Presidência da República a maioria das questões relevantes
de interesse dos diversos órgãos e entidades que compõem a Administração
Pública federal, inclusive as relativas a políticas e programas governamen-
tais deles.
3 Verbas previstas no Orçamento da União cuja liberação dependia da “boa vontade” do governo.
58 | Ética e conflito de interesses no serviço público
Estabelece esse Código que o servidor público não pode (“é vedado”)
usar o cargo ou função, facilidades, amizades, tempo, posição e influências
para obter qualquer favorecimento, para si ou para outrem (item XV, “a”).
4.1.5.2 Concussão
funcionário público. Sujeito ativo desse crime pode ser qualquer pessoa,
inclusive quem ostente a qualidade de funcionário público.
Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, direta
ou indiretamente, vantagem ou promessa de vantagem a pretexto de influir
em ato praticado por funcionário público estrangeiro no exercício de suas
funções, relacionado a transação comercial internacional:
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4.2.3 Dívidas
4.3.1.1 Histórico
9 PINTO, Francisco Bilac Moreira. Enriquecimento ilícito no exercício de cargos públicos. Rio de
Janeiro: Forense, 1960. p. 8.
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4.3.2 Quarentena
seus respectivos cônjuges, companheiros e parentes em linha reta, colateral ou por afini-
dade, até o 2o grau; b) servidor público vinculado ao órgão ou entidade, bem como seus
respectivos cônjuges, companheiros e parentes em linha reta, colateral ou por afinidade.
Evita-se, com tal medida, o favorecimento indevido de instituições sem fins lucrativos,
criadas ou dirigidas por pessoas com influência política ou poder decisório, bem como
por seus parentes mais próximos.
5 ENRIQUECIMENTO ILÍCITO NO
EXERCÍCIO DA FUNÇÃO PÚBLICA
Artigo IX
Enriquecimento ilícito
Sem prejuízo de sua Constituição e dos princípios fundamentais de seu
ordenamento jurídico, os Estados Partes que ainda não o tenham feito
adotarão as medidas necessárias para tipificar como delito em sua legislação
o aumento do patrimônio de um funcionário público que exceda de modo
significativo sua renda legítima durante o exercício de suas funções e que
não possa justificar razoavelmente.
Entre os Estados Partes que tenham tipificado o delito de enriqueci-
mento ilícito, este será considerado um ato de corrupção para os propósitos
desta Convenção.
O Estado Parte que não tenha tipificado o enriquecimento ilícito pres-
tará a assistência e cooperação previstas nesta Convenção relativamente a
este delito, na medida em que o permitirem as suas leis.
2 “Art. 3o As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo
agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie
sob qualquer forma direta ou indireta.”
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como crime, de algumas condutas que assim se qualificam, mas com deno-
minações diversas. Isso não afasta a necessidade de se definir como crime
o enriquecimento ilícito no exercício da função pública. Todavia, ao se
legislar nesse sentido é preciso ter o cuidado necessário para não incidir em
repetição desnecessária ou gerar controvérsia acerca da revogação ou não
dos tipos penais hoje existentes.
Um exemplo de conduta que poderia servir de parâmetro para uma
eventual criminalização do enriquecimento ilícito é a prevista no inciso
VII do art. 9o citado:
2 Ação Penal no 307-3/DF, STF, Pleno, julgado em 13.12.1994 – caso do ex-Presidente Fer-
nando Collor de Mello (“Improcedência da acusação. Relativamente ao primeiro episódio,
em virtude não apenas da inexistência de prova de que a alegada ajuda eleitoral decorreu de
solicitação que tenha sido feita direta ou indiretamente, pelo primeiro acusado, mas também
por não haver sido apontado ato de ofício configurador de transação ou comércio com o cargo então
por ele exercido.”)
100 | Ética e conflito de interesses no serviço público
7.3 Eficácia
8.2 Destinatários
8.3 Valores
p) [...];
q) manter-se atualizado com as instruções, as normas de serviço e a legislação
pertinentes ao órgão onde exerce suas funções;
r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as instruções superiores, as
tarefas de seu cargo ou função, tanto quanto possível, com critério, segurança
e rapidez, mantendo tudo sempre em boa ordem.
s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por quem de direito;
t) exercer, com estrita moderação, as prerrogativas funcionais que lhe sejam
atribuídas, abstendo-se de fazê-lo contrariamente aos legítimos interesses
dos usuários do serviço público e dos jurisdicionados administrativos;
u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função, poder ou autoridade
com finalidade estranha ao interesse público, mesmo que observando as
formalidades legais e não cometendo qualquer violação expressa à lei;
v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua classe sobre a existência
deste Código de Ética, estimulando o seu integral cumprimento.
Esse dispositivo foi revogado pelo Decreto no 6.029/2007, que não previu
qualquer recurso nesse sentido. Ocorre que o art. 56 da Lei no 9.784/1999,
que disciplina o processo administrativo no âmbito da Administração Pú-
blica Federal, assegura o direito ao recurso hierárquico, a ser apreciado pela
“autoridade superior”.
A questão agora consiste em saber quem é a “autoridade superior” à
Comissão de Ética para fins de apreciação do recurso hierárquico. Entendo
que existem duas interpretações possíveis. A primeira é que essa autori-
dade seria a Comissão de Ética Pública, tendo em vista sua competência
para coordenar, avaliar e supervisionar o Sistema de Gestão da Ética do
Poder Executivo Federal (art. 4o, inciso IV, do Decreto no 6.029/2007).
A segunda é que seria o “dirigente máximo do órgão” a que se refere o art.
5o desse Decreto, que é a autoridade competente para designar os membros
da Comissão de Ética. Por razões de ordem técnica, a primeira alternativa
seria a mais aconselhável porque possibilitaria uniformizar a aplicação do
Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Execu-
tivo Federal. Por razões de praticidade, no entanto, a segunda alternativa
afigura-se a mais conveniente. A Comissão de Ética Pública posicionou-se
pela segunda interpretação.
O prazo para a interposição desse recurso é de dez dias, consoante o
disposto no art. 59 da Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999.
Art. 117.
j) desviar servidor público para atendi- XVI – utilizar pessoal ou recursos materiais da
mento a interesse particular; repartição em serviços ou atividades par-
ticulares;
Improbidade Administrativa.
m) fazer uso de informações privilegiadas Lei no 8.429, art.11, VII – revelar ou permitir
obtidas no âmbito interno de seu ser- que chegue ao conhecimento de terceiro, antes
viço, em benefício próprio, de paren- da respectiva divulgação oficial, teor de medida
tes, de amigos ou de terceiros; política ou econômica capaz de afetar o preço de
mercadoria, bem ou serviço.
128 | Ética e conflito de interesses no serviço público
* Toda conduta prevista no Código de Ética como um dever do servidor ou uma proibição
de agir e para a qual não haja norma específica na Lei no 8.112/1990 constitui violação ao
dever de “observar as normas legais e regulamentares”, estabelecido no inciso III do art. 116
dessa Lei.
9 A ÉTICA NAS AGÊNCIAS REGULADORAS
1 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 20. ed. São Paulo: Ma-
lheiros Editores, 2005. p. 182.
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Funcionário público, para fins penais, é todo aquele que, embora tran-
sitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pú-
blica. Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou
função em entidade paraestatal, bem como quem trabalha para empresa
prestadora de serviço contratada ou conveniada para execução de atividade
típica da Administração Pública (art. 327 do Código Penal).
Os empregados, dirigentes e membros dos conselhos das empresas
estatais são, portanto, funcionários públicos por equiparação. Por isso,
estão submetidos às normas do Código Penal que tratam dos crimes contra
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a) ato de improbidade;
b) incontinência de conduta ou mau procedimento;
c) negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do em-
pregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa para a
qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço;
d) condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não te-
nha havido suspensão da execução da pena;
e) desídia no desempenho das respectivas funções;
f ) embriaguez habitual ou em serviço;
g) violação de segredo da empresa;
h) ato de indisciplina ou de insubordinação;
i) abandono de emprego;
140 | Ética e conflito de interesses no serviço público
3 “O empregado que entrega atestado médico falsificado comete, na esfera trabalhista, ato de
improbidade (CLT, art. 482, “a”) e pratica, no âmbito penal, o crime de uso de documento
falso (CP, art. 304).” (Recurso de Revista no 476.346, ano: 1998, órgão julgador – 5a Tur-
ma, DJ de 25.10.2002).
“EMENTA: RECURSO DE REVISTA. JUSTA CAUSA. IMPROBIDADE.
A improbidade, por ser uma das mais graves imputações feitas ao empregado, com compro-
metimento de sua atuação profissional futuramente e ainda de sua vida social, posto que
moralmente atingido, não pode ser simplesmente presumida, mas robusta e eficazmente
provada. [...].
SÍNTESE
Tema(s) abordado(s) no acórdão:
I – Justa causa – caracterização – falta grave – improbidade – apropriação indébita. [...].”
(Recurso de Revista no 738.721, Ano: 2001, 5a Turma, DJ de 10.05.2002).
“EMENTA: [...].
Considerando que o delito de furto, por suas características, somente pode ser concebido
quando o agente age de forma dolosa, é permitido ao Empregador, quando da rescisão con-
tratual operada por justa causa (confirmada judicialmente), compensar os valores devidos
ao Empregado a título de saldo de salários com os valores pecuniários furtados. [...].
SÍNTESE
I – Compensação – validade – verbas rescisórias e valores furtados pelo empregado – dis-
pensa por justa causa – improbidade – furto – falta grave reconhecida judicialmente – danos
causados pelo empregado com dolo.” (Embargos em Recurso de Revista no 350.770, ano
1997, Turma D1, órgão julgado: Subseção Especializada em Dissídios Individuais, DJ de
27.10.2000, p. 541).
José Leovegildo Oliveira Morais | 141
1994, estabelece, em seu item XVI, que sua aplicação se estende a todos
os órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta e indireta.
Logo, as empresas estatais federais, independentemente de explorarem ati-
vidade monopolizada ou não, estão submetidas aos ditames desse Código,
assim como seus dirigentes e empregados.
A base constitucional para que esse Código seja observado, também, no
âmbito das empresas estatais, se encontra no art. 84, inciso VI, alínea “a”,
da Constituição Federal, que atribui competência ao Presidente da Repú-
blica para dispor, mediante decreto, sobre organização e funcionamento da
administração federal. O Código de Ética é um ato normativo que dispõe
sobre o funcionamento da administração federal, haja vista que estabelece
padrão de conduta a ser observado no âmbito do Poder Executivo federal.
Logo, insere-se na competência constitucional referida e alcança tanto as
empresas estatais quanto seus dirigentes e empregados.
na Seção 806. De acordo com essa Seção, o empregado que for despedido,
suspenso, ameaçado, hostilizado ou por qualquer forma discriminado, por
haver prestado, às autoridades competentes, informações relativas a fraudes
contra acionistas, tem direito a uma ação civil contra a companhia, tendo
como objetivo o retorno ao emprego, se tiver sido despedido, e o recebi-
mento de salários que tenha deixado de receber, bem como indenização
por danos materiais e morais, incluindo custas processuais e honorários de
advogado.
Na Seção 1.107 estão previstas penalidades de multa e de prisão por até
dez anos para quem, com o intuito de retaliar, tomar qualquer medida con-
tra uma pessoa que tenha fornecido informação verdadeira às autoridades
federais competentes, sobre ofensas à Lei Sarbanes, incluindo as medidas
que prejudiquem o emprego ou a subsistência do informante.
11 GESTÃO DA ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA
11.3.1 Imparcialidade
11.3.2 Legalidade
11.3.3 Integridade
(art. 117, XI, da Lei no 8.112/1990). É, ainda, objeto dos códigos de conduta
mencionados neste trabalho. Comentários sobre este assunto encontram-se nos
subitens 4.1.2.3, 4.1.3.1, 4.1.4.4 e 4.1.6.2.
Esses são alguns exemplos de normas jurídicas voltadas para a integri-
dade do exercício da função pública. Muitas outras existem com a mesma
finalidade.
11.3.4 Eficiência
11.3.5 Transparência
3 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 15. ed. São Paulo: Editora Revista
dos Tribunais, 1990. p. 86.
154 | Ética e conflito de interesses no serviço público
11.3.6 Responsabilidade
11.3.7 Igualdade
11.3.8 Justiça
o servidor público não poderá jamais desprezar o elemento ético de sua con-
duta. Assim, não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o
injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas
principalmente entre o honesto e o desonesto, consoante as regras contidas
no art. 37, caput, e § 4o da Constituição Federal.
4 BOBBIO, Norberto. Teoria da norma jurídica. 2. ed. revista, São Paulo: Edipro, 2003. p. 46.
5 Idem, p. 46.
José Leovegildo Oliveira Morais | 157
tos dessa natureza, que são os detentores de poder. Mais ainda, que se evite
a criação de novos mecanismos de igual finalidade, como está a ocorrer
com a questão do foro privilegiado para as autoridades processadas por ato
de improbidade administrativa.
São medidas que visam à proteção dos membros das comissões de ética,
na linha do que defendemos.
[...] todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
interesse particular, ou de interesse coletivo geral, que serão prestados no
prazo da lei, sob pena de responsabilidade [...] (art. 5o, inciso XXXIII);
“são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos poderes públicos em defesa de direitos ou
contra ilegalidade ou abuso de poder;
b) a obtenção de certidões e repartições públicas, para defesa de direitos
e esclarecimento de situações de interesse pessoal (art. 5o, inciso XXXIV).
Leis
• Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990 (Regime Jurídico do Servidor)
• Lei no 8.429, de 2 de junho de 1992 (improbidade administrativa)
• Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993 (licitações públicas)
• Lei no 8.730, de 10 de novembro de 1993 (declaração de bens)
• Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999 (processo administrativo)
• Lei no 9.986, de 18 de julho 2000 (agências reguladoras – política de pessoal)
• Lei no 10.871, de 20 de maio de 2004 (agências reguladoras – política de pessoal)
• Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal)
• Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943 (CLT)
• MP no 2.225-45, de 4 de setembro de 2001 (quarentena)
Decretos
• Decreto no 1.171, de 22 de junho de 1994 (Código de Ética do Servidor)
• Decreto no 3.935, de 20 de setembro de 2001 (afastamento para concorrer
a cargo eletivo)
• Decreto no 4.081, de 11 de janeiro de 2002 (Código de Ética da Presidência
e Vice-Presidência da República)
• Decreto no 4.187, de 8 de abril de 2002 (quarentena)
• Decreto no 4.334, de 12 de agosto de 2002 (audiências)
• Decreto no 4.405, de 3 de outubro de 2002 (quarentena)
• Decreto no 4.553, de 27 de dezembro de 2002 (documentos sigilosos)
• Decreto no 5.301, de 9 de dezembro de 2004 (documentos sigilosos)
• Decreto no 5.480, de 30 de junho de 2005 (Sistema de Correição do Poder
Executivo Federal)
• Decreto no 5.483, de 30 de junho de 2005 (Sindicância Patrimonial)
176 | Ética e conflito de interesses no serviço público
Convenções internacionais
• Convenção sobre o Combate da Corrupção de Funcionários Públicos Es-
trangeiros em Transações Comerciais Internacionais
• Decreto no 3.678, de 30 de novembro de 2000 (promulga a Convenção)
• Convenção Interamericana Contra a Corrupção
• Decreto no 4.410, de 7 de outubro de 2002 (promulga a Convenção)
Portarias
• Portaria (Casa Civil) no 34, de 8 de novembro de 2001 (solicitação de audiências)
Exposições de motivos
• Exposição de Motivos (Casa Civil) no 37, de 18.08.2000 (Código de Con-
duta da Alta Administração Federal)
• Exposição de Motivos (Casa Civil) no 360, de 14.09.2001
REFERÊNCIAS