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TV DESTINO

CENTRAL DESTINO DE PRODUÇÃO CAPÍTULO 1

CUBO MÁGICO
Uma novela de
JOÃO PEDRO TUSSET
Direção
Ary Coslov e Marcelo Travesso

Direção Geral/Núcleo
Ricardo Waddington

Personagens deste capítulo:


ALBERTO FERNANDA
ARMANDO HELENA
BRANCA JOYCE
CAMILA LUÍSA
DALVA NICOLE
DANIEL PALOMA
DÉBORA PÉRICLES
EDGAR RENATO
ELISA RUTH
EVA VITOR HUGO

Participações especiais:
CARCEREIRAS / PRESAS / MISTERIOSO / LULI / ACIONISTAS / CONVIDADOS DA
FESTA

Atenção
“Este texto é de propriedade intelectual exclusiva da TV DESTINO LTDA e por conter informações
confidenciais, não poderá ser copiado, cedido, vendido ou divulgado de qualquer forma e por qualquer meio, sem
o prévio e expresso consentimento da mesma. No caso de violação do sigilo, a parte infratora estará sujeita às
penalidades previstas em lei e/ou contrato.”
CUBO MÁGICO CAPÍTULO 1 PÁG.: 2

CENA 1/TELA PRETA:

SONOPLASTIA: INSTRUMENTAL – SUSPENSE. ABRE A CENA COMO FADE IN


PARA UMA TELA PRETA. NO MEIO DESSA TELA HÁ UM CUBO MÁGICO DE
DIVERSAS CORES, TOTALMENTE EMBARALHADO. O CUBO É ILUMINADO POR
UMA LUZ EM SUA VOLTA, O DESTACANDO DIANTE DAQUELE FUNDO
TOTALMENTE PRETO. LENTAMENTE, O CUBO VAI MOVENDO SUAS PARTES E
SE “FORMANDO”. A CÂMERA DÁ DIVERSOS CORTES EM ÂNGULOS DO CUBO,
PARA MOSTRAR ELE SE FORMANDO. O CUBO ENFIM SE FORMA POR
COMPLETO, CADA COR UM SEU LUGAR. INSERIR EFEITO: O CUBO COMEÇA A
SE ABRIR. O CUBO VAI SE ABRINDO E FUNDE COM A CENA SEGUINTE.
CORTE RÁPIDO PARA:

CENA 2/PENITÊNCIÁRIA – EXT/DIA:

O EFEITO DA CENA ANTERIOR ENCERRA–SE E A TELA ABRE NUM PLANO


GERAL DE UMA PENITÊNCIÁRIA. DAR VÁRIOS CORTES E MOSTRAR VÁRIOS
PONTOS DELA, QUE DEMONSTRA UMA APARÊNCIA DE MUITA SUJEIRA. CORTA
PARA UMA CARCEREIRA PARADA NA PORTA, SÉRIA. OUVE–SE O CARRO DA
POLÍCIA, SOANDO A SIRENE. PESSOAS PASSAM POR FRENTE DA
PENITÊNCIÁRIA.

CORTA PARA:

CENA 3/PENITÊNCIÁRIA/CELAS – INT/DIA:

INSERIR LEGENDA: ANO DE 2001. AS PRESAS ESTÃO EM ALVOROÇO NAS


CELAS, BATENDO COM CANECAS NA GRADE E FAZENDO MUITO BARULHO.
PODEMOS VER QUE DUAS CARCEREIRAS ESTÃO TRAZENDO PALOMA, QUE
ESTÁ COM UMA APARÊNCIA PÉSSIMA. AS CARCEREIRAS ABREM A CELA DE
PALOMA E JOGAM ELA LÁ DENTRO. PALOMA CAI NO CHÃO, CLOSE EM
PALOMA. AS CARCEREIRAS VÃO INDO EMBORA.
CUBO MÁGICO CAPÍTULO 1 PÁG.: 3

CARCEREIRA 1 – Essa gostosinha vai ficar muito tempo aqui com a gente.
(DÁ RISADA) Sorte nossa.

CARCEREIRA 2 – Coitadinha! Eu sempre soube que essa gente metida com


máfia acabava se dando mal. A gente dá um trato nela.

AS DUAS RIEM E CONTINUAM ANDANDO.

CORTA PARA:

CENA 4/PENITÊNCIÁRIA/PÁTIO – INT/DIA:

AS PRESAS ESTÃO TOMANDO SOL, NUMA AREA NA RUA, CERCADA DE FORTES


GRADES. AS CARCEREIRAS ABREM A GRADE E PALOMA ENTRA, AINDA
RECEOSA E OLHANDO PARA TODAS AS PRESAS. PALOMA ESFREGA OS OLHOS
E VAI ANDANDO ATÉ UMA ESCADA, ONDE ELA SE SENTA. UMA OUTRA PRESA,
COM CARA DE HOMEM E PROVAVELMENTE LÉSBICA, VAI ATÉ ELA E SE SENTA
JUNTO DE PALOMA. PALOMA SE VIRA PARA ELA E AS DUAS SE DÃO UM BEIJO.
ENQUANTO SE BEIJAM, PALOMA ENFIA A MÃO NA CALÇA DA PRESA E PUXA
UM TELEFONE CELULAR DE LÁ. CLOSE NA MARCA: “CUBO MÁGICO”. PALOMA
OBSERVA FIXAMENTE A TAL MARCA.

CORTA PARA:

CENA 5/PENITÊNCIÁRIA/REFEITÓRIO – INT/DIA:

TODAS AS PRESAS ESTÃO DISPOSTAS EM MESAS LARGAS, COMENDO ALGUMA


GOROROBA EM PRATOS DE PLÁSTICO. PALOMA NÃO COME, COM NOJO DA
COMIDA. UMA CARCEREIRA PASSA POR ELA E DÁ UM TAPA NA SUA BUNDA.
PALOMA PULA E DÁ UMA RISADINHA. UM TELEFONE, QUE EXISTE NA PAREDE
PERTO DALI, COMEÇA A TOCAR E UMA VOZ FALA NO AUTO–FALANTE.

CARCEREIRA – (EM OFF) Telefonema para Paloma Veiga, agora na linha.

PALOMA SAI DA MESA E VAI ATÉ O TELEFONE. ELA ATENDE.

PALOMA – (ATENDE) Alô? (TEMPO) O que você tá me dizendo?


(SORRINDO) Encurtada em 10 anos? Mas isso é uma
maravilha!
CUBO MÁGICO CAPÍTULO 1 PÁG.: 4

CLOSE EM PALOMA, MUITO FELIZ.

CORTA PARA:

CENA 6/PENITÊNCIÁRIA – EXT/DIA:

INSERIR LEGENDA: DIAS ATUAIS – 2011. A CARCEREIRA ABRE A PORTA DA


PENITÊNCIÁRIA E PALOMA SAI, BELÍSSIMA NUMA ROUPA MUITO ELEGANTE E
BEM MAQUIADA. ELA SACA UM OLHAR PARA A CARCEREIRA E VAI SAINDO.

PALOMA – (RESPIRA) Finalmente livre! Livre desse inferno!

CARCEREIRA – Não sorria muito branquinha, por que você ainda vai voltar,
pode ter certeza.

PALOMA – É o que nós vamos ver, sua porca imunda.

PALOMA OBSERVA UM CARRO PRETO PARADO DO OUTRO LADO DA RUA E VAI


INDO EM DIREÇÃO À ELE.

CORTA PARA:

CENA 7/CARRO PRETO – INT/DIA:

PALOMA SE ACOMODA NO BANCO DE COURO ESTOFADO E BATE A PORTA.


PODEMOS VER, DE COSTAS E NÃO NITIDAMENTE, UMA PESSOA VESTIDA DE
NEGRO NO BANCO DO MOTORISTA. PALOMA OLHA PARA ESSA PESSOA.

MISTERIOSO – (COM A VOZ ROBOTIZADA) Até que enfim você saiu.


Eu devia ter te deixado apodrecer aí dentro por tudo que você
já fez.

PALOMA – (SORRI) Eu sou inocente, pena que ninguém acredita em


mim. (RESPIRA) Como você conseguiu encurtar minha
pena?

MISTERIOSO – Tenho alguns contatos dentro da polícia, até que foi fácil
demais.

PALOMA – Você disse que tinha um plano, um plano para mim. Era
essa a condição da minha libertação. Que plano é esse?
CUBO MÁGICO CAPÍTULO 1 PÁG.: 5

MISTERIOSO – Eu vou te explicar tudo, (TOM) Lia.

PALOMA – (ESTRANHA) Lia?

MISTERIOSO – Lia. Esse será o seu nome a partir de agora. Lia Fagundes.

PALOMA – Um nome um tanto curioso, mas se é necessário para o que


eu tenho que fazer, eu posso matar Paloma Veiga.

MISTERIOSO – Ótimo. É assim mesmo que eu quero. Paloma está morta,


ela sequer existiu. Daqui por diante seu nome é Lia.

A TAL PESSOA ERGUE A MÃO COBERTA POR UMA LUVA DE COURO E MOSTRA
UM CUBO MÁGICO COLORIDO E ILUMINADO PARA PALOMA.

PALOMA – Um cubo mágico? O que eu vou fazer com isso?

CORTA PARA:

CENA 8/RIO DE JANEIRO/RUAS – EXT/DIA:

SONOPLASTIA: VOCÊ VAI ME DESTRUIR – VANESSA DA MATA. ABRE IMAGEM


NUMA MOÇA NUM ORELHÃO, FALANDO AO TELEFONE. ELA CONVERSA
ANIMADA E VÊMOS ESTAMPADO NA CABINE DO ORELHÃO: “CUBO MÁGICO
TELEFONIAS”. A CABINE TAMBÉM É MEIA EM FORMA DE UM CUBO MÁGICO,
SIMBOLO DA TAL EMPRESA. UM HOMEM PASSA PELO LADO DESSA MOÇA,
FALANDO AO CELULAR. A CÂMERA O ACOMPANHA E VEMOS QUE SEU
CELULAR TAMBÉM É DA “CUBO MÁGICO TELEFONIAS”. CORTA PARA VÁRIAS
OUTRAS PESSOAS CAMINHANDO E FALANDO COM CELULARES DA MESMA
MARCA, CORTES RÁPIDOS SÓ PARA MOSTRAR QUE A EMPRESA DOMINA O
MERCADO.

CORTA PARA:

CENA 9/CUBO MÁGICO – EXT/DIA:

PLANO GERAL DA FACHADA DO PRÉDIO DA EMPRESA CUBO MÁGICO.


DETALHAR UM CUBO MÁGICO GIGANTE ARQUITETATO NA FRENTE DO
PRÉDIO, COMO UM CHAFARIZ.
CUBO MÁGICO CAPÍTULO 1 PÁG.: 6

CORTA PARA:

CENA 10/CUBO MÁGICO/SALA DE REUNIÕES – INT/DIA:

NUM TELÃO BRANCO, PASSAM ALGUMAS IMAGENS DE UM MODELO DE


CELULAR, JOYCE ESTÁ AO LADO CONTROLANDO O MOVIMENTO DAS
IMAGENS. ESTÃO SENTADOS NA MESA: ALBERTO, NA PONTA, E NOS LADOS:
HELENA, RENATO, NICOLE, EVA E ACIONISTAS. AS IMAGENS ACABAM E
ALBERTO SE VIRA PARA TODOS.

ALBERTO – Esse então é o modelo do novo aparelho celular que


pretendemos fabricar nesse novo ano aqui na nossa empresa.
O CM7098 é um telefone muito interessante, e detém de
várias funções. Ele é telefone, MP3, MP4, tem internet,
televisão, rádio AM e FM, Messenger e uma câmera que
permite fotos e conversas via webcam em qualquer lugar no
mundo.

NICOLE – Realmente é um celular muito bonito Alberto!

ALBERTO – Exatamente, além desse visual arrojado, ele não é grande e


cabe em qualquer lugar. O CM7098 conseguiu reunir todas as
características que a concorrência tentou fazer, mas sem
sucesso.

NICOLE – Adorei, já quero o meu! Quando ele começa a ser


fabricado?

ALBERTO – Planejamos para que seja ainda esse ano Nicole. Tudo isso
depende do apoio dos sócios asiáticos.

NICOLE – Tomara que dê certo não?

ALBERTO – Nós estamos confiantes nessa associação. Além de expandir


o Cubo Mágico para outros países, vai nos ajudar nesse
lançamento inovador.
CUBO MÁGICO CAPÍTULO 1 PÁG.: 7

EVA – Já conversei com os nossos possíveis sócios. Eles me


parecerem bastante animados, tanto para a festa que daremos
para recebê–los.

ALBERTO – Que ótimo filha, essa festa tem que ser perfeita, vamos
depender dela para que tudo dê certo.

HELENA – (SORRINDO) Eu estou organizando tudo. Fiquem


tranqüilos, pois essa festa será a melhor em anos aqui no Rio
de Janeiro.

ALBERTO – (SEGURA NA MÃO DELA) Confio em você Helena!

NICOLE – Eu mesma poderia ter ajudado nessa festa, mas como a


Helena fez questão de organizar tudo sozinha, quero só ver
como vai ficar.

HELENA – Como você é invejosa Nicole. Não adianta agourar, esses


sócios vão ser nossos, custe o que custar.

RENATO – Eu acho difícil mamãe.

HELENA – Difícil?

ALBERTO – O que você acha difícil?

RENATO – Esses tais asiáticos se juntarem ao nosso grupo para


expandir o Cubo Mágico e apoiar nas nossas invenções.

ALBERTO – Pelo visto só você acha isso Renato, estamos todos muito
confiantes.

RENATO – Alberto, você não é meu pai, me escute como sócio dessa
empresa. Eles têm a melhor tecnologia do mundo, vão querer
investir neles mesmos. Pra que gastar numa empresa
brasileira?

EVA – Talvez por que eles acham que possa valer apena.
CUBO MÁGICO CAPÍTULO 1 PÁG.: 8

ALBERTO – Não sou seu pai e discordo totalmente disso que você disse.
É esse tipo de pensamento que prejudica o Cubo Mágico.

HELENA – Alberto, não vai começar, por favor

RENATO – Deixa mamãe, quando é que o seu marido não vai contra as
opiniões daquele que (IRONIZA) ele teve que criar como
próprio filho.

ALBERTO – Você já percebeu que está sempre contra o que é imposto


aqui na empresa? Nunca você dá idéias, nunca apóia nossos
investimentos.

RENATO – Talvez por que eu seja a pessoa mais sensata dessa sala.

ALBERTO – Talvez por que você goste de sempre atacar contra mim, só
por isso.

RENATO – Alberto, Alberto... Você sempre me odiou desde que teve


que me criar. Você é que gosta de atacar contra mim. Se
dependesse de você, eu estaria fora dessa empresa.

ALBERTO – E estaria mesmo. Sua mãe é que segura as suas pontas aqui.
(SE EXALTA) Você é um sanguessuga Renato, totalmente
inútil pra esse grupo.

RENATO – (ALTO) Desde criança, todos os anos, você sempre me


tratou como um estranho! Nunca foi capaz de me dar nenhum
carinho. Você Alberto, é um homem frustrado! Você não
merece ser dono desse império.

ALBERTO – Ah é? E quem merece? Um bastardinho como você? Uma


cruz que eu carreguei minha vida toda somente pela sua mãe?

RENATO – (ODIO) Não me chama de bastardinho!

NICOLE PÕE A MÃO NA BOCA, CHOCADÍSSIMA.


CUBO MÁGICO CAPÍTULO 1 PÁG.: 9

ALBERTO – Bastardinho! (ALTO) Bastardinho! Suma dessa sala


Renato, essa reunião já acabou pra você entendeu? Rua, eu
não te quero mais dentro da minha empresa.

HELENA – Não faz isso Alberto!

ALBERTO – Já está decidido. Você está (ENFATIZA) demitido Renato.


Demitido!

CLOSE EM RENATO, ESPANTADO.

RENATO – Você não pode fazer isso, não pode!

ALBERTO – Pode, eu sou o dono dessa porcaria! Você está demitido e


nunca mais pisa na minha empresa e na minha casa! Suma
daqui!

RENATO – (NERVOSO) Você vai ver Alberto Castanho... Isso ainda


vai ter volta. Vai ter volta!

ALBERTO – Ameaças vindas de um borra-botas feito você? Estou


morrendo de medo.

RENATO – Pois é bom ter. (APONTA O DEDO) É bom ter medo do


borra-botas.

RENATO SE LEVANTA E SAI DA SALA, EXALTADO. HELENA BAIXA A CABEÇA,


ENVERGONHADA. ALBERTO CONTINUA FIRME.

CORTA PARA:

CENA 11/CUBO MÁGICO – EXT/DIA:

RENATO SAI DO PRÉDIO, AINDA EXALTADO. HELENA SAI LOGO DEPOIS DELE E
ABORDA O FILHO ANTES QUE ELE ENTRE NO CARRO.

HELENA – (SEGURA ELE) Pára Renato! Volta pra lá, eu vou


conversar com o Alberto.

RENATO – O seu marido é um monstro! Isso que ele é.


CUBO MÁGICO CAPÍTULO 1 PÁG.: 10

HELENA – Ele disse aquilo da boca pra fora, tenho certeza que vai
pensar bem no que ele fez.

RENATO – Ele só vai fazer isso quando estiver estirado dentro de um


caixão. Só assim praquele crápula enfiar a arrogância dele
num saco.

HELENA – Não fala isso! Em breve as coisas vão mudar pra nós, mudar
pra muito melhor.

RENATO – E de que jeito mamãe? Que jeito? Você sempre diz isso,
mas nunca faz nada.

HELENA – Aguarde meu querido. Todos não perdem por esperar!

HELENA SORRI.

CORTA PARA:

CENA 12/LOJA DE VESTIDOS DE NOIVA/SALA – INT/DIA:

SONOPLASTIA: TELEFONE – BANDA DJAVÚ. ESPAÇO GRANDE, ONDE ALGUNS


VESTIDOS DE NOIVAS ESTÃO PENDURADOS EM UM CABIDEIRO. CAMILA ESTÁ
USANDO UM VESTIDO, LINDÍSSIMO, DE COR LILÁS CLARO. DÉBORA E A DONA
DA LOJA, LULI, ESTÃO COM ELA.

DÉBORA – (PAPARICA) Está linda minha norinha! Mais linda do que


nunca.

CAMILA – (ANIMADA) Ai eu sei! (RINDO) Gente, essa cor é


causadora não é?

LULI – Com certeza. Acho lilás uma cor linda, ficou perfeito nesse
seu vestido.

DÉBORA – Já te imagino entrando na igreja, com esse vestido, e um


véu lindíssimo da mesma cor.
CUBO MÁGICO CAPÍTULO 1 PÁG.: 11

CAMILA – Não quero nem pensar mais! É esse e pronto. (OBSERVA)


Só não quero véu! Deus me livre gente, ter meu lindo rosto
coberto no dia do meu esplendor.

DÉBORA – Por esse lado você tem até razão!

LULI – Não se usa mais véu em noivas, hoje em dia tem gente que
entra com cada vestido que vocês nem imaginam.

CAMILA – Isso é verdade Luli. Uma amiga minha queria entrar de


sutiã, calcinha, um vestidinho meio transparente e segurando
um buquê vibrador. Lógico que causou né? Eu pensei em
seguir isso, mas não consigo segurar um vibrador sem passar
mal.

DÉBORA – Eu não me casei na igreja, só em cartório. Sinto falta, me


arrependo de não ter escolhido vestido de noiva, jogado o
buquê...

LULI – As pessoas costumam esconder, mas o sonho de todas as


mulheres é fazer isso, entrar na igreja de véu e grinalda com o
galã da novela das oito!

CAMILA – Ah amada, eu gosto do Edgar, mas não pensaria duas vezes


se aparecesse um Assunção na minha porta. (RINDO)

DÉBORA – Coitado do meu filho Camila! Ele é um menino bom com


você não é?

CAMILA – É verdade. Eu brinco mas amo aquele bofe, amo mesmo.

LULI – Oh, que lindinha! Mas me diga Camila, será esse o vestido
mesmo?

CAMILA – O casamento ainda não foi marcado, mas esse vestido me


encantou. É esse sim Luli querida.

LULI – Ótimo!
CUBO MÁGICO CAPÍTULO 1 PÁG.: 12

NISSO, EDGAR ABRE A PORTA DA SALA E VAI ENTRANDO. CAMILA DÁ UM


BERRO E TODOS LEVAM UM SUSTO. CAMILA SE VIRA DE COSTAS, E DÉBORA
VAI TENTAR BARRAR EDGAR.

EDGAR – O que foi minha gente?

CAMILA – (GRITANDO) Eu não acredito! Que tragédia!

DÉBORA – Seu irresponsável! Não pode entrar aqui de jeito nenhum.

CAMILA – Me ajuda Luli, tira esse vestido! Tira!

EDGAR – E por que não posso? Alias, adorei o vestido Camila!

CAMILA – (CHORANDO) Não fala isso Edgar! Sai daqui! É


mandinga, só pode ser!

DÉBORA – O noivo não vê a noive antes do casamento, isso dá azar! Se


ela usar esse vestido o casamento pode ir por água abaixo!

EDGAR – Que besteira!

DÉBORA – Besteira nada! Dá o fora daqui!

DÉBORA EMPURRA EDGAR E FECHA A PORTA. CAMILA VAI TIRANDO VESTIDO


COM A AJUDA DE LULI, CHORANDO.

CAMILA – Tudo acabado! Tudo acabado! Justo o vestido que eu mais


tinha gostado! Isso não podia ter acontecido comigo.

LULI – Calma Camila, vai ver não acontece nada.

CAMILA – (GRITA) Como não? Minha tia deixou o marido ver o


vestido dela antes do casamento e ele teve a cabeça esmagada
por uma arvore num acidente na volta da lua de mel!

DÉBORA ARREGALA OS OLHOS.

CAMILA – A mamãe vai me matar! Oh vida, oh céus, oh azar!

CORTA PARA:

CENA 13/RUA QUALQUER – EXT/DIA:


CUBO MÁGICO CAPÍTULO 1 PÁG.: 13

SONOPLASTIA: O TAL CASAL – VANESSA DA MATA. IMAGENS DA


MOVIMENTAÇÃO DE CARROS DE ALGUMA RUA DA CIDADE.

CORTA PARA:

CENA 14/CARRO DE RENATO – INT/DIA:

RENATO DIRIGE EM ALTA VELOCIDADE, NERVOSO. BRANCA ESTÁ SENTADA


NO BANCO AO LADO, MUITO TENSA COM A SITUAÇÃO.

RENATO – Demitido! Como aquele crápula teve a pachorra de me


demitir daquela empresa.

BRANCA – (PACIFICA) Talvez ele mude de idéia Renato! O Alberto é


estourado assim, mas depois sempre volta atrás...

RENATO – (IGNORA) Justo eu, que fiz tanto por aquele lugar. Mas
não, ele pensa só nele, em mais ninguém.

RENATO ACELERA MAIS, BRANCA RESPIRA, COM MEDO.

RENATO – (RAIVA) Nem nos filhos dele ele pensa. Nem mesmo na
esposa que dedicou à vida inteira para ele!

BRANCA – (TENSA) Se acalma Renato, você tá dirigindo rápido


demais.

RENATO – Mas ele vai ver só. Um dia a casa cai, um dia ele vai
perceber as burradas que fez na vida.

BRANCA – Pelo amor de Deus não vá fazer nada Renato! Você tá de


cabeça quente.

RENATO – (GRITA) Dá pra ficar quieta pelo menos uma vez na sua
vida Branca? Essa sua voz tá me deixando mais irritado do
que eu já estou!

BRANCA – Desculpa, eu só queria te ajudar.

RENATO – Me ajude, mas me ajude ficando quieta e calando essa sua


boca. Cada vez que você fala, mais eu me irrito.
CUBO MÁGICO CAPÍTULO 1 PÁG.: 14

BRANCA – (TRISTE) Não precisa falar assim comigo Renato, como se


eu fosse um animal.

RENATO – Eu falo como eu quiser, tá entendendo? Eu estou cheio de


problemas e você insiste em encher a minha paciência.

BRANCA – Tudo bem, eu não vou mais dizer nada.

RENATO – É o melhor que você fez, por que nem para me dar um filho
você foi capaz.

BRANCA – Não precisa falar nessa história... isso me machuca.

RENATO – Te machuca? Machuca à mim, sua infeliz! Você nunca vai


poder me dar um filho Branca, você é seca por dentro, seca!
Figueira do diabo!

BRANCA – (COMEÇA A CHORAR) Não é culpa minha!

RENATO – (GRITA) É culpa sua sim! Você é a culpada! Por que você
é seca, ridícula!

BRANCA SE ENCOLHE NO BANCO E CHORA. RENATO IGNORA, MAIS IRRITADO


AINDA, E CONTINUA DIRIGINDO.

CORTA PARA:

CENA 15/MANSÃO DE NICOLE/SALA – INT/DIA:

SONOPLASTIA: CORPITCHO – MARIA RITA. LUÍSA ESTÁ DESCENDO A ESCADA


COM SUA BOLSA, PRONTA PRA SAIR, QUANDO NICOLE CHEGA EM CASA,
RINDO DESCONTROLADAMENTE.

LUÍSA – Ih gente, qual o motivo desse festival de gargalhadas?

NICOLE – (SE CONTROLA) Luísa minha filha! Você não sabe do


bafo que deu lá no Cubo Mágico hoje. Eu to pretérita.

LUÍSA – (CURIOSA) Bafo? Que bafo gente?

NICOLE – Um risque–fusca entre o Alberto e o Renato, deu quase


pancadaria!
CUBO MÁGICO CAPÍTULO 1 PÁG.: 15

LUÍSA – Que horror! Por que? Me conta que eu estou curiosa agora.

NICOLE – O Renato como sempre foi contra as idéias do Alberto. O


Alberto não agüentou e os dois discutiram e quase quebraram
no pau. Renato acusou o velho de arrogante e orgulhoso.

LUÍSA – Eu não acredito! (RI) Que pessoas mais baixas!

NICOLE – Bota baixeza nisso. E a santa imaculada foi logo apaziguar


a situação né.

LUÍSA – Santa imaculada?

NICOLE – A Helena, aquela cascavel sem chocalho! Toda preocupada


com o filho... Me engana, tá é de olho no dinheiro do marido.

LUÍSA – Ai mamãe, você é muito hilária viu!

NICOLE – E o pior de tudo é que Renato foi demitido da empresa, é...


Se antes Helena tinha força lá dentro, agora não tem mais.
Sim, por que Renato e Eva sempre votavam a favor das
opiniões dela.

LUÍSA – Mas foi bem feito sabia? O Renato se achava dono de lá.
Mereceu essa demissão.

NICOLE – É, mas eu estou preocupada! Ele saiu rasgando ameaças


contra tudo e todos.

LUÍSA – Papinho de derrotado! (MUDA DE ASSUNTO) Bom


mamãe, eu vou lá pra joalheria, tenho que trabalhar.

NICOLE – Vai e traz dinheiro pra essa casa. Vou ver se treino como
anda a minha desenvoltura no pole dance.

LUÍSA – Não vá quebrar a coluna.

NICOLE – Aqui é Nicole Medeiros quem fala amor! Te realiza.

LUÍSA – Ah esqueci de te dizer. Tem visitinha pra você. Tá lá na


cozinha.
CUBO MÁGICO CAPÍTULO 1 PÁG.: 16

NICOLE – Não me diga que...

NICOLE SE VIRA E VÊ ARMANDO, COMENDO UMA MAÇÃ E SORRINDO. LUÍSA


RI E SAI DE CASA.

NICOLE – O que você quer aqui seu imprestável?

ARMANDO – Calma cunhadinha! (SENTA NO SOFÁ) Vim fazer uma


visita amigável como eu sempre faço, diga–se de passagem.

NICOLE – Visita amigável. Você veio é pra comer de graça e atazanar


a minha vida, isso sim.

ARMANDO – Eu atazanar a sua vida? Não faço isso. Tá doida?

NICOLE – Ah não mesmo. Não tenho dinheiro pra te dar também, a


minha conta tá zerada. Não recebi lá da empresa ainda.

ARMANDO – Parece que estamos no mesmo barco de falta de dinheiro


então.

NICOLE – Cala essa boca! E aliás, você não deveria estar naquele
trabalho que eu te arrumei com aquele amigo meu?

ARMANDO – Deveria, só que eles me demitiram por comer demais.

NICOLE – (ÓDIO) Eu te mato Armando! Se o meu amigo pensar mal


de mim por causa de você, nem sei o que faço.

ARMANDO – Calma Nick! Não se estressa que cria rugas.

NICOLE – (ALTO) Não me chama de Nick! Você sabe que eu detesto!

ARMANDO – Não era o seu nome de chacrete? Lembro bem de você na


televisão. Nick Confete!

NICOLE – (SEM PACIÊNCIA) Saia agora da minha casa, largue a


minha comida ou eu vou arrancar a sua língua e fritar pro
jantar!

ARMANDO – Ô, não precisa ser ruim assim comigo!


CUBO MÁGICO CAPÍTULO 1 PÁG.: 17

NICOLE – Ruim? Eu estou é sendo boazinha! Se eu fosse ruim faria


coisa pior com você.

ARMANDO – Tá bom, eu vou ir embora.

NICOLE – (DESCONTROLADA) Meu Deus, quando eu vou me livrar


desse carma? O que uma mulher precisa pra ter sossego?
Levar um tiro?

ARMANDO – (SE LEVANTANDO) Eu hein...

NICOLE – (GRITA) Saai traste!

ARMANDO – (CORRE) Tô saindo!

ARMANDO ABRE A PORTA E SAI CORRENDO. NICOLE SE SENTA NO SOFÁ, MAIS


CALMA.

NICOLE – (RESPIRA) Imprestável! Traste! Inútil! Ó Deus, por que eu


tenho que gostar dessa criatura horrorosa? Me diz!

CORTA PARA:

CENA 16/MANSÃO DOS CASTANHO – EXT/DIA:

PLANO GERAL DA BELÍSSIMA MANSÃO DA FAMÍLIA CASTANHO.

CORTA PARA:

CENA 17/MANSAO DOS CASTANHO/SALA – INT/DIA:

RUTH ESTÁ PASSANDO ESPANADOR NA GIGANTE SALA DA MANSÃO,


ENQUANTO DALVA ORGANIZA AS ALMOFADAS DO SOFÁ. ALBERTO, HELENA E
EVA ENTRAM EM CASA.

ALBERTO – (ALTO) Ele me desafiou Helena, aquele seu filho pensa que
é quem contra mim?

HELENA – Não precisava fazer aquilo com ele, será que você não
pensa em mim?
CUBO MÁGICO CAPÍTULO 1 PÁG.: 18

ALBERTO – Chega! Chega de agüentar aquele bastardinho me


afrontando e tirando a minha paciência dentro da minha
empresa. Cortei o mal pela raiz.

HELENA – Ele não é bastardinho! É o meu filho Alberto. Se você


tivesse um pingo de compaixão iria perceber que o Renato é
desse jeito.

EVA – Gente, pra que discutir mais e mais sobre isso? Se o papai
acha que tá certo, deixa ele fazer.

ALBERTO – Tem razão Eva, assunto encerrado. Helena, você tem que
organizar tudo pra festa amanhã.

HELENA – Está tudo sob controle, não se preocupe.

CAMILA ABRE A PORTA COM FORÇA E ENTRA CORRENDO.

CAMILA – (GRITANDO) Eu vou morrer!

ALBERTO – Filha?

ELA NEM RESPONDE E SOBE A ESCADA, GRITANDO.

EVA – O que houve com ela?

HELENA – E desde quando acontece alguma coisa na vida de uma


patricinha que não faz nada?

ALBERTO – Como eu queria a família reunida nessa festa amanhã. Pena


que o Daniel esteja tão longe.

EVA – É verdade, saudades do meu irmão. Mas ele tá formando


família, acho que não volta pro Brasil.

HELENA – Daniel é que ignorou todos nós, como se ninguém existisse,


como se família fosse nada e foi casar com aquela pistoleira.

ALBERTO – (IRRITADO) Só de me lembrar que ele se casou com


aquela filha do crápula do Cássio. Me dá vontade de...
CUBO MÁGICO CAPÍTULO 1 PÁG.: 19

DALVA – (INTROMETE) Seu Alberto, eu esqueci de te avisar, mas


deixaram um pacote pro senhor ai na porta de casa. Quer
dizer, eu acho que é pro senhor.

ALBERTO – Pacote? Quem mandou?

DALVA – Não tem remetente e não diz pra quem é, mas eu creio que é
pro senhor sim.

ALBERTO – E cadê o pacote?

DALVA – (PEGA ENCIMA DO SOFÁ) Aqui ó.

ALBERTO TIRA O PAPEL E ABRE UMA CAIXA MÉDIA DE PAPEL. ELE PEGA DE
LÁ DE DENTRO UM CUBO MÁGICO. ATENÇÃO: PODE SER O MESMO CUBO
MÁGICO DA CENA 8. TODOS SE OLHAM, SEM ENTENDER.

HELENA – Um cubo mágico?

ALBERTO – Que estranho. Quem me daria um cubo mágico? (JOGA NO


SOFÁ) Eu tenho mais o que fazer!

ALBERTO SAI DE CENA, EVA VAI ATRÁS DO PAI. HELENA OLHA PRO CUBO
MÁGICO E FAZ UMA CARA DE ÓDIO.

CORTA PARA:

CENA 18/NOVA IORQUE – DIA:

SONOPLASTIA: AMOR MEU GRANDE AMOR – FREJAT. TOMADA DOS PRINCIPAIS


PONTOS DA CIDADE DE NOVA IORQUE, BAIRROS FAMOSOS COMO
MANHATTAN, A PONTE DO BROOKLYN, A ESTÁTUA DA LIBERDADE, O
CENTRAL PARK, AO GIGANTE PRÉDIO EMPIRE STATE, E ETC.

CORTA PARA:

CENA 19/CENTRAL PARK – EXT/DIA:

SONOPLASTIA CONTINUA. MOSTRAR AS PESSOAS CAMINHANDO PELO


BOSQUE, TIRANDO FOTOS, NAMORADOS SENTADOS EM BANCOS SE BEIJANDO,
CUBO MÁGICO CAPÍTULO 1 PÁG.: 20

CRIANÇAS CORRENDO, IDOSOS FAZENDO CAMINHADAS APESAR DO FRIO.


DANIEL E FERNANDA VEM CAMINHANDO ABRAÇADOS, PARA CONTER O FRIO.

FERNANDA – Nunca passei por dias tão frios como estou passando aqui
em Nova Iorque!

DANIEL – (EMBURRADO) Pois é.

FERNANDA – Ih Daniel, o que tá acontecendo hein? Você tá com essa


cara desde que saímos de casa.

DANIEL – Não é nada não Fernanda...

FERNANDA – Não vem com essa que tá acontecendo alguma coisa sim!
Me fala vai...

DANIEL – Só saudades do Brasil, da minha família sabe? Faz muito


tempo que não os vejo.

FERNANDA – Mas foi você que quis ir embora de lá, para fugir das
cobranças dos seus pais.

DANIEL – Foi, eu sei, mas é a minha família! Eu tenho muitas


saudades.

FERNANDA – Quem sabe um dia a gente não volta pro Brasil? Eu também
tenho a minha família lá.

DANIEL – Nunca, eu não volto pro Brasil. Todas essas lembranças vão
ficar apenas como boas lembranças.

FERNANDA – Tudo bem...

DANIEL – Agora vamos, tá com cara de que vai nevar e piorar esse
frio todo.

FERNANDA CONCORDA E ELES ACELERAM O PASSO, SAINDO DO PARQUE.

CORTA PARA:

CENA 20/APARTAMENTO DE DÉBORA E PÉRICLES/SALA –


INT/DIA:
CUBO MÁGICO CAPÍTULO 1 PÁG.: 21

DÉBORA E EDGAR CHEGAM EM CASA, DÉBORA FALANDO ALTO E


VISIVELMENTE IRRITANDO EDGAR. PÉRICLES VEM DE UM AMBIENTE DO
APARTAMENTO PARA VER O QUE ESTÁ ACONTECENDO.

DÉBORA – Você não podia ter feito isso Edgar! Não podia...

EDGAR – (SENTA NO SOFÁ) Eu já disse que foi sem querer mãe, eu


lá ia saber disso?

PÉRICLES – Mas que gritaria é essa Débora? Parece que o mundo tá


acabando.

DÉBORA – É esse seu filho incompetente que parece que quer acabar
com nós dois Péricles.

PÉRICLES – Acabar? Como assim?

EDGAR – É exagero dela papai. Mamãe tem esses surtos as vezes.

DÉBORA – Hoje eu quase achei que a Camila ia abandonar nosso filho


de vez. Você acredita que ele viu ela experimentando o
vestido?

PÉRICLES – Ele não fez isso!

DÉBORA – Fez sim! Entrou na sala, deixou a garota transtornada, a


Camila quase teve um faniquito. Sinceramente achei que seria
o fim do noivado.

EDGAR – Não foi bem assim não!

PÉRICLES – Mas tu tá doido Edgar! Isso não poderia ter acontecido.


Você sabe que se o noivo ver a noiva com o vestido antes do
casamento, é azar?

DÉBORA – E o que a gente menos quer agora é azar. Justo agora que
tava tudo dando certo...

PÉRICLES – Claro! Olha, sorte sua que ela não desmanchou o noivado
ali na hora. Se ela fizesse isso eu é que te matava.
CUBO MÁGICO CAPÍTULO 1 PÁG.: 22

DÉBORA – E eu enterrava o corpo!

EDGAR – Eu já disse que foi sem querer, será que vocês podem me
ouvir, por favor?

PÉRICLES – Não interessa! Esse casamento é importante pra nós, você


não pode estragar isso.

DÉBORA – Muito importante. Imagina o patamar que eu posso ter na


sociedade sendo parente do poderoso Alberto Castanho?

PÉRICLES – E eu posso fazer bons negócios, essa família é sinal de


dinheiro entrando na nossa conta.

DÉBORA – Olha, esse casamento é a salvação para os nossos


problemas. Se você não se casar com essa Camila, eu te
desosso.

EDGAR – Como vocês são interesseiros! Eu até que gosto da Camila...

DÉBORA – Interesseiros sim, mas pelo bem estar de toda a nossa


família. Amanhã vai ter essa festa lá no Cubo Mágico, trate
de tirar bastantes fotos no lado da patricinha.

PÉRICLES – Nossa já tinha esquecido dessa festa Débora! Tenho que


pegar meu terno na lavanderia.

DÉBORA – Amado, eu já peguei, tá no seu cabideiro.

PÉRICLES – Ah que ótimo. Por que de uma coisa eu tenho certeza, essa
festa vai ferver!

DÉBORA CONCORDA E BATE NOS OMBROS DE EDGAR.

CORTA PARA:

CENA 21/CUBO MÁGICO – EXT/NOITE:

SONOPLASTIA: VOCÊ VAI ME DESTRUIR – VANESSA DA MATA. PLANO GERAL DA


FACHADA DO PRÉDIO DO CUBO MÁGICO, FESTA ROANDO LÁ DENTRO, CARROS
CUBO MÁGICO CAPÍTULO 1 PÁG.: 23

ESTACIONADOS, CONVIDADOS CHEGANDO. FOCAR NO GIGANTE CUBO


MÁGICO NA FRENTE DA EMPRESA, AGORA ILUMINADO.

CORTA PARA:

CENA 22/CUBO MÁGICO/SAGUÃO – INT/NOITE:

A MÚSICA CONTINUA TOCANDO. OS CONVIDADOS CONFORTÁVEIS, TODOS


CONVERSANDO ANIMADOS E BEBENDO. GARÇONS E GARÇONETES SERVEM
SALGADOS E CHAMPANHES. NOTAR TAMBÉM PEQUENAS MESAS DISPOSTAS
NO LUGAR, UMA DECORAÇÃO CHEIA DE FLORES, BEM COLORIDA E
DIFERENTE. ALBERTO, HELENA E EVA ESTÃO CONVERSANDO COM 2
ACIONISTAS ASIÁTICOS.

ALBERTO – É uma enorme alegria estar recebendo vocês aqui nessa


festa.

ACIONISTA – (DIFICULDADE) Nós “estarmos” também muito felizes


Alberto.

HELENA – Esperamos que essa festa seja agradável para vocês e


motivadora para que se unam ao nosso grupo.

ACIONISTA – Pode ter certeza minha querida...

HELENA – Helena. (SORRI) Helena Castanho.

CORTA PARA NICOLE, LUÍSA E VITOR HUGO CHEGANDO NA FESTA, EM MEIO


AOS FLASHS.

LUÍSA – Você viu se o Renato veio mamãe?

NICOLE – Não vi filha, mas também, depois de ontem, duvido que ele
pise aqui.

LUÍSA – Ah, mas a empáfia não vai permitir que ele falte.

VITOR HUGO – Mas como vocês fofocam hein? Pelo amor de Deus... Não
gostaria de ficar na mira da língua de vocês.
CUBO MÁGICO CAPÍTULO 1 PÁG.: 24

LUÍSA – Vitor, não estressa. Vai dar uma voltinha vai, procura
alguma garotinha burra por aí.

NICOLE – Negativo Vitor, você pode ir, mas sem garotinhas. Quero
ver quem vai sustentar o possível bebê.

VITOR HUGO – Fica tranqüila Nicole! Teu filho é um rapaz muito sério.

NICOLE – (BATE NA CABEÇA DELE) Cala boca retardado! Sem


piadas sem graça ok Vitor Hugo?

VITOR HUGO RI E SAI.

LUÍSA – Então mamãe, o que você achou da decoração? Pelo visto a


Helena organizou tudo.

NICOLE – Achei cafonérrima se você quer saber Luísa. Olha essas


flores que horror? Seria melhor que eu tivesse organizado
isso.

LUÍSA – Para de implicância, tá legal sim.

HELENA PASSA POR ELAS NESSE INSTANTE, NICOLE A ABORDA.

NICOLE – (GRITA) Marta Helena!

HELENA – (SE VIRA) Falou comigo Nicole? (SACA UMA


OLHADA)

NICOLE – Falei sim, tá vendo outra Marta Helena por aqui a não ser
você?

HELENA – Desculpa, mas é que as pessoas não me chamam de Marta


Helena, eu prefiro somente Helena.

NICOLE – (DEBOCHA) Ó desculpa senhora Helena, da próxima vez


não cometerei essa gafe.

HELENA – (IRRITADA) O que você quer hein? Às vezes eu acho que


você anda ficando caduca Nicole, dizendo coisas sem pé nem
cabeça!
CUBO MÁGICO CAPÍTULO 1 PÁG.: 25

NICOLE – Caduca eu? Imagina! Só vim te parabenizar pela decoração.

HELENA – Ah é? Gostou?

NICOLE – Gostei sim, mas você poderia ter me ligado pra eu mandar a
minha coroa de flores também.

HELENA – Coroa de flores?

NICOLE – Sim, juro que quando entrei aqui achei que tinha entrado no
velório de alguém.

HELENA – Ai Nicole, eu até me ofenderia com esse seu comentário.


Mas você é tão irrelevante pra mim que só me resta sair de
perto de você. Derrotada!

NICOLE – Ih, tá nervosa? Não tinha uma roupinha melhor pra vir não?

HELENA SAI, VISIVELMENTE IRRITADA. LUÍSA E NICOLE RIEM, E BATEM AS


MÃOS. CORTA PARA ELISA, SENTADA NUMA MESA E BEBENDO ALGUMA
COISA. VITOR HIGO CHEGA E SE SENTA AO LADO DELA.

VITOR HUGO – Posso me sentar do seu lado?

ELISA – Já sentou né?

VITOR HUGO – Desculpa, é que eu tava te vendo tão sozinha, achei que
precisava de companhia.

ELISA – Impressão sua, as vezes eu prefiro da minha própria


companhia.

VITOR HUGO – Ah mas isso é triste demais gata!

DÉBORA CHEGA ATÉ ELES.

DÉBORA – Elisa! Veja só, Vitor Hugo Medeiros! Estão conversando?

ELISA – (SEM SACO) Não mamãe, ele faz parte da decoração.

VITOR HUGO – Estamos conversando sim, na verdade tentando não é. Sua


filha é um pouco ríspida.
CUBO MÁGICO CAPÍTULO 1 PÁG.: 26

DÉBORA – Que nada! Elisa é um amor de pessoa, tenho certeza que


você vai gostar dela!

ELISA – Não força mãe...

DÉBORA – Filha! Agora que você tá solteira, um namorado bem rico...


(SE CORTA, CONFUSA) Quero dizer, bem apessoado...
(CONTINUA) hã... uma pessoa legal como ele valeria apena.

ELISA – É, pode ser, mas eu não estou encanada muito nisso não.
Não é a minha meta atual.

DÉBORA – Mas pode virar a ser! Bom, vou deixar os dois conversando!
Ótimo papo!

DÉBORA SORRI E SAI. VITOR HUGO TAMBÉM RI, ENCABULADO.

ELISA – Sim, a minha mãe é louca!

VITOR HUGO – Nem tanto assim. Tu não conhece Nicole Medeiros.

ELE SEGURA A MÃO DELA. ELISA HESITA E TIRA A MÃO DELE. CORTA PARA
RENATO E PÉRICLES, CONVERSANDO EM UMA DAS MESAS, MAIS AFASTADA.

PÉRICLES – Demitido? Ele teve a coragem de fazer isso?

RENATO – Fez Péricles... não era nem pra mim ter vindo nessa festa,
mas eu não podia faltar.

PÉRICLES – Mas essa do Alberto hein, me caiu o queixo. Logo você,


que trabalhou tanto pra ele.

RENATO – Eu fiz tudo pra essa empresa, tudo. E como ele me


retribuiu? Uma demissão, só porque eu não concordei com o
que ele disse.

PÉRICLES – Realmente aqui pra ser alguma coisa você tem que falar
amém pra tudo que o Alberto disser.

RENATO – Mas a justiça tarda e não falha Péricles. Ele ainda vai ter o
que merece pelo que me fez.
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PÉRICLES – Você tá pensando em fazer alguma coisa?

RENATO – Vingança é o que ele vai ter. A minha demissão não vai
ficar por isso mesmo. Ele me esnobou a vida toda, e agora me
faz isso. Eu vou me vingar.

PÉRICLES – Cuidado com o que você vai fazer.

RENATO – Fica tranqüilo. Esse é apenas o começo do fim dessa


arrogância ambulante chamada Alberto Castanho!

CLOSE EM RENATO. ELE OLHA PARA TRÁS E VÊ ALBERTO JUNTO DE CAMILA E


EDGAR. CORTA PRA LÁ.

ALBERTO – (ABRAÇA CAMILA) Eu não acredito que vou perder a


minha menininha!

CAMILA – Não vai perder nada papai, eu vó só me casar!

ALBERTO – É que eu achava que era o único homem da sua vida, mas
agora não posso mais mandar em você.

EDGAR – Fica tranqüilo que eu vou cuidar muito bem da sua filha
Alberto.

ALBERTO – Olha lá hein rapaz, aposto todas as minhas fichas em você!


Camila é um tesouro que não é qualquer um que pode ganhar.

EDGAR – Um tesouro complicado... Digamos assim... (RI)

ALBERTO – (CONCORDA) Um pouco!

CAMILA – Complicado nada, eu sou “mara” tá?

ALBERTO – Claro que é, é brincadeira desse seu pai velho e caduco.

CAMILA – Que caduco, você tá ótimo papai. Vai viver mais 15 anos só
pra conseguir ver seus netinhos crescerem.

ALBERTO – O casal já faz planos de crianças? Mas que coisa


maravilhosa!
CUBO MÁGICO CAPÍTULO 1 PÁG.: 28

EDGAR – Sua filha disse que quer meia dúzia, acredita? Quer acabar
comigo.

CAMILA – Claro, não quero menos que 6 filhas! Filhas né, por que
quero emperiquitar todas o tempo todo.

OS TRÊS RIEM, CONFRATERNIZANDO. ELES CONTINUAM CONVERSANDO. A


CÂMERA SE DISTANCIA ATÉ EVA E BRANCA, CONVERSANDO. BRANCA ESTÁ
ABATIDA.

EVA – Nossa Branca. Você está horrível hoje, muito pálida,


abatida. O que foi que houve?

BRANCA – Nem me fala Eva! Os dias tem sido péssimos pra mim.

EVA – Por que? Eu sinto que tem alguma coisa acontecendo.

BRANCA – É o seu irmão, ou meio–irmão, como você fizer questão.


Sabe Eva, a relação está pior a cada dia.

EVA – Sempre ele não é?

BRANCA – Ele me humilha sabe? Me maltrata, acha que eu sou apenas


uma escrava à ele, uma serva.

EVA – Ô minha amiga, eu fico triste por ver um casal tão legal
chegando à esse ponto.

BRANCA – (EMOCIONADA) Eu achei que seria tudo perfeito quando


me casei com ele, mas o Renato só se tornou cada vez mais
agressivo comigo.

EVA – O seu aborto foi o que mais machucou ele.

BRANCA – Não foi um aborto! Eu perdi o meu bebê, foi muito triste
pra mim. Por causa disso eu não posso mais ter filhos e ele
fica jogando isso na minha cara sabe, como se eu fosse um
estorvo.
CUBO MÁGICO CAPÍTULO 1 PÁG.: 29

EVA – Isso mexeu muito com ele, o Renato esperava demais esse
filho.

BRANCA – (CHORANDO) Mas isso não dá o direito dele descontar


essa raiva encima de mim! Poxa, eu sou um ser humano.

EVA – Se você tá triste, sai fora, sai desse casamento, parte pra
uma vida nova!

BRANCA – (SE CONTROLA) Eu não posso fazer isso, dei minha


palavra ao padre. Seria descumprir com a minha promessa, eu
jamais faria isso.

EVA – Mas Branca...

BRANCA – (CORTA) As coisas vão melhorar Eva, eu tenho fé que


ainda vão.

EVA CONCORDA E ABRAÇA ELA. CORTA PARA HELENA, SUBINDO NUM


PEQUENO PÚLPITO MONTADO ALI, COM UM MICROFONE NA MÃO.

HELENA – (MICROFONE) Bom pessoal, essa festa está ótima, vamos


continuar com essa alegria por que o Cubo Mágico merece!

TODOS APLAUDEM. HELENA AGRADECE E DESCE DO PÚLPITO. ALBERTO,


HELENA, EVA E CAMILA SE POSICIONAM PARA TIRAR FOTOS PARA
JORNALISTAS. A FAMÍLIA SE JUNTA E FAZ POSES. RENATO OBSERVA DE
LONGE. ALBERTO SE DESVINCILHA E VAI ANDANDO, HELENA VAI ATRÁS
DELE. CAMILA E EVA CONTINUAM POSANDO PARA AS FOTOS.

HELENA – Aonde você vai Alberto?

ALBERTO – Vou na dar uma volta Helena, eu preciso de um pouco de


ar.

HELENA – Não demora, por favor! Os asiáticos estão um pouco


desconfortáveis!

ALBERTO IGNORA E SAI ANDANDO. HELENA BALANÇA A CABEÇA


NEGATIVAMENTE E TAMBÉM SAI, PARA OUTRO LADO.
CUBO MÁGICO CAPÍTULO 1 PÁG.: 30

CORTA PARA:

CENA 23/CUBO MÁGICO/SALA DA PRESIDÊNCIA – INT/NOITE:

ALBERTO ESTÁ SENTADO EM SUA CADEIRA, COMO SE ESTIVESSE


RELAXANDO. ELE GIRA A CADEIRA E PERCEBE QUE HÁ UM CUBO MÁGICO DE
BRINQUEDO ENCIMA DE SUA MESA. ELE ESTRANHA E PEGA. O CUBO SE
ACENDE.

ALBERTO – (ESTRANHA) Mas o que é isso... Eu não tinha recebido


isso ontem?

O TELEFONE DA SALA TOCA. MÚSICA DE SUSPENSE. ALBERTO LARGA O


OBJETO E ATENDE.

ALBERTO – (ATENDE) Pronto?

OUVE–SE EM OFF A MUSIQUINHA QUE ANUNCIA CHAMADA À COBRAR.

CORTA PARA:

CENA 24/CUBO MÁGICO – EXT/NOITE:

NA RUA PRÓXIMA AO PRÉDIO ONDE A FESTA CONTINUA ROLANDO,


CONSEGUIMOS VER PALOMA. ELA OBSERVA TUDO DENTRO DE UM CARRO,
CALCULISTA. DE REPENTE O CELULAR DELA VIBRA. PALOMA OLHA NA TELA
E SORRI. ELA DÁ A MARCHA RÉ E SAI DO LOCAL RAPIDAMENTE.

CORTA PARA:

CENA 25/CUBO MÁGICO/SAGUÃO – INT/NOITE:

FESTA BOMBANDO, MOSTRAR NOVAMENTE OS CONVIDADOS, CONVERSANDO


E BEBENDO. EVA VEM CAMINHANDO APRESSADA E ENCONTRA HELENA.

EVA – (TENSA) Mamãe...

HELENA – Eva, você cruzou com o seu pai? Ele disse que ia tomar um
ar, mas não apareceu mais.
CUBO MÁGICO CAPÍTULO 1 PÁG.: 31

EVA – Olha, eu vi ele indo pra sala dele. Não sei o que ia fazer,
mas foi.

HELENA – Tá bem, eu vou lá pegar seu pai.

HELENA SAI. EVA OBSERVA A SAÍDA DA MÃE.

CORTA PARA:

CENA 26/CUBO MÁGICO/SALA DA PRESIDÊNCIA – INT/NOITE:

A CADEIRA DE ALBERTO ESTÁ VIRADA, E NÃO CONSEGUIMOS VÊ–LO. O


TELEFONE ESTÁ FORA DO GANCHO, E O OBJETO DE BRINQUEDO ESTÁ BEM NO
CENTRO DA MESA. HELENA ABRE A PORTA E VAI ENTRANDO NA SALA.

HELENA – Era esse o ar que você ia tomar? Anda Alberto, vamos


descer que aquele povo tá perguntando por você.

ALBERTO NÃO RESPONDE. HELENA BATE O PÉ, SEM PACIÊNCIA.

HELENA – Pára com essa brincadeirinha Alberto, sai daí, anda logo!

HELENA SE APROXIMA DA CADEIRA E A VIRA. INSERIR EFEITO: CÂMERA


LENTA. A CADEIRA VAI SE VIRANDO, DEVAGAR, ATÉ SE MONSTRAR
COMPLETAMENTE. ALBERTO ESTÁ ESCORADO NA CADEIRA, COM UM TIRO
CERTEIRO NO PEITO E MORTO. MUITO SANGUE NO CHÃO E NA ROUPA DELE. A
AÇÃO VOLTA AO NORMAL.

HELENA – (GRITANDO/CHOCADA) Alberto! Meu Deus!

CLOSE EM HELENA, COM AS MÃOS NA BOCA, MUITO CHOCADA. CLOSE NO


CORPO DESFALECIDO DE ALBERTO. A IMAGEM CONGELA E FORMA AS FACES
DE UM CUBO MÁGICO. UMA MÃO “PEGA” O CUBO DA TELA E COMEÇA A
ORGANIZAR OS LADOS.

CORTA.

(FINAL DO CAPÍTULO)
CUBO MÁGICO CAPÍTULO 1 PÁG.: 32

Os créditos sobem ao som de “Você Vai Me Destruir – Vanessa da Mata”.

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