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INSTITUIÇÕES DE DIREITO

5 Unidade III
4 DIREITO CIVIL

10 O Direito Civil é o ramo do Direito Privado que regula as


relações das pessoas. Dower (2005, p. 175) ensina:

O Direito Civil é ramo do Direito Privado. É o direito


dos particulares. É o conjunto de princípios e normas
15 concernentes às atividades dos particulares e às suas
relações, disciplinando as relações jurídicas das pessoas,
dos bens etc. Preponderam as normas jurídicas das
atividades dos particulares. Trata da personalidade, da
posição do indivíduo dentro da sociedade; como ele
20 adquire e perde a propriedade; como ele deve cumprir
as suas obrigações; qual a posição das pessoas dentro
da família; qual a destinação de seus bens após a
morte etc.

25 4.1 Da validade dos atos jurídicos

Quando apresentados os ramos do Direito, deve-se


entender que a divisão é feita para fins didáticos e, por
óbvio, para facilitar a vida dos estudiosos. O Direito é único
30 e frequentemente vale-se de institutos de um ramo para
compreender outro.

De fundamental importância para o estudo, de agora em


diante, é compreender a validade dos atos jurídicos, prevista no
35 Código Civil Brasileiro. Deixa-se claro que os atos jurídicos são
anuláveis se forem praticados com dolo, coação, erro ou fraude
contra credores.

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Unidade III

Texto elaborado em coautoria com Eduardo Gutierrez sobre


o assunto será elucidativo para compreender o assunto em
estudo. Mello e Gutierrez (2004, pp. 84 a 86):

[...] sendo assim o presente artigo vai considerar a


validade dos atos jurídicos prevista no Código Civil
Brasileiro, posteriormente serão examinados o Código
Tributário Nacional e a Constituição da República
Federativa do Brasil.

O antigo Código Civil Brasileiro (Lei 3071 de 1° de janeiro


de 1916) relacionava os requisitos de validade dos atos
jurídicos, determinando em seu artigo 145 os casos em
que é nulo o ato jurídico, do seguinte modo:

Art. 145. É nulo o ato jurídico:

I - quando praticado por pessoa absolutamente


incapaz (art. 5º);

II - quando for ilícito, ou impossível, o seu objeto;

III - quando não revestir a forma prescrita em lei (arts.


82 e 130);

IV - quando for preterida alguma solenidade que a lei


considere essencial para a sua validade;

V - quando a lei taxativamente o declarar nulo ou lhe


negar efeito.

Art. 146. As nulidades do artigo antecedente podem


ser alegadas por qualquer interessado, ou pelo
Ministério Público, quando lhe couber intervir.

Parágrafo único. Devem ser pronunciadas pelo juiz,


quando conhecer do ato ou dos seus efeitos e as

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encontrar provadas, não lhe sendo permitido supri-las


ainda a requerimento das partes.

No artigo 147 determinava as situações onde era


possível tornar o ato jurídico anulável, do seguinte
modo:

Art. 147. É anulável o ato jurídico:

I - por incapacidade relativa do agente (art. 6o);

II - por vício resultante de erro, dolo, coação, simulação,


ou fraude (arts. 86 a 113).

Seguindo a mesma orientação com algumas


alterações, que são irrelevantes para nosso estudo,
o novo Código Civil Brasileiro (Lei 10.406 de 10 de
janeiro de 2002) que entrou em vigor em 10 de
janeiro de 2003, disciplina os atos jurídicos nulos,
assim:

Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:

I – celebrado por pessoa absolutamente incapaz;

II – for ilícito, impossível ou indeterminável o seu


objeto;

III – o motivo determinante, comum a ambas as


partes, for ilícito;

IV – não revestir a forma prescrita em lei;

V – for preterida alguma solenidade que a lei consiste


essencial pra a sua validade;

VI – tiver por objetivo fraudar lei imperativa;

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Unidade III

VII – a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe


a prática, sem cominar sanção.

Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas


substituirá o que se dissimulou, se válido for na
substância e na forma.

§ 1º Haverá simulação nos negócios jurídicos


quando:

I – aparentarem conferir ou transmitir direitos a


pessoas diversas daquelas às quais realmente se
conferem, ou transmitem;

II – contiverem declaração, confissão, condição ou


cláusula não verdadeira;

III – os instrumentos particulares forem antedatados,


ou pós-datados.

§ 2º Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé


em face dos contraentes do negócio jurídico
simulado.

Adiante disciplina os atos jurídicos anuláveis, assim:

Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na


lei, é anulável o negócio jurídico:

I – por incapacidade relativa do agente;

II – por vício resultante de erro, dolo, coação, estado


de perigo, lesão ou fraude contra credores.

Verifica-se que a legislação civil determina de modo


absolutamente claro quais são as situações passíveis
de anular ou de tornar um ato nulo.

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INSTITUIÇÕES DE DIREITO

Sendo assim, as normas sempre deverão ser interpretadas


considerando as hipóteses de anulação ou nulidade dos atos
jurídicos, disciplinada no Direito Civil.

4.2. Responsabilidade civil e ato ilícito

4.2.1 Conceito e requisitos

Responsabilidade Civil é a consequência que recai sobre


aquele que causar dano a outro. Esta afirmação pode ser
comprovada pela leitura do artigo 927 do Código Civil
Brasileiro:

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187),
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Fundamental é conhecer o conceito de Ato Ilícito previsto


no Código Civil Brasileiro:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito


que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites
impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé
ou pelos bons costumes.

Führer e Milaré (2009, p. 220) ensinam:

Ato ilícito é o ato contrário ao direito, do qual resulta


o dano para outrem. A conseqüência do ato ilícito,
na esfera civil, é a obrigação de reparar o dano
(responsabilidade civil).

O código civil faz ressalvas aos atos que não podem ser
caracterizados como ilícitos, senão vejamos:

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Unidade III

Art. 188. Não constituem atos ilícitos:

I – os praticados em legítima defesa ou no exercício


regular de um direito reconhecido;

II – a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a


lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.

Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será


legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem
absolutamente necessário, não excedendo os limites do
indispensável para a remoção do perigo.

4.2.2 Responsabilidade objetiva e subjetiva

Verifica-se no dispositivo legal que deve haver um nexo


de causalidade entre a ação ou a omissão, e à ocorrência do
dano é o que se dá o nome de responsabilidade subjetiva. Nesta
responsabilidade deve ser comprovado o nexo de causalidade,
o liame que une a conduta ao resultado. Há casos, entretanto,
em que a responsabilidade decorre de determinação legal,
independentemente de comprovação de culpa e é a chamada
responsabilidade objetiva.

4.2.3 Responsabilidade civil e penal

A principal distinção entre a responsabilidade civil e a penal


é que a primeira tem como sanção a reparação do dano e a
segunda, a privação da liberdade. A responsabilidade penal é
decorrente de um fato típico (é aquele fato minuciosamente
descrito na lei) e antijurídico. Já a responsabilidade civil
independe de tipicidade.

4.2.4 Reparação do dano

Reparar o dano significa restabelecer uma situação


modificada por um ato ilícito, retornar as partes à situação

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anterior ao dano ocorrido. Um exemplo bastante elucidativo da


reparação de danos é a indenização.

4.2.4.1 Dano material e moral

O dano material é aquele que se caracteriza pela lesão ao


patrimônio do ofendido. Já o dano moral afeta a pessoa, mas não
diretamente o seu patrimônio. É o caso do dano físico, por exemplo.

Führer e Milaré (2009, p. 220) comentam:

O dano pode ser material ou moral. Dano material é


o que afeta o patrimônio. Dano Moral é o dano não
econômico, que afeta diretamente a pessoa, física ou
moralmente (em vez de “dano moral”, melhor seria
dizer ”dano pessoal).

Destes conceitos é que surge a reparação do dano no âmbito


do direito civil, trabalhista, ambiental etc.

A seguir, os dispositivos do Código Civil Brasileiro, do capítulo


referente à responsabilidade civil:

Da Responsabilidade Civil

CAPÍTULO

Da Obrigação de Indenizar

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187),
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,


independentemente de culpa, nos casos especificados
em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida
pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para
os direitos de outrem.

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Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar,


se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação
de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.

Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que


deverá ser eqüitativa, não terá lugar se privar do necessário
o incapaz ou as pessoas que dele dependem.

Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso


do inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo,
assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que
sofreram.

Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo


ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o autor do
dano ação regressiva para haver a importância que tiver
ressarcido ao lesado.

Parágrafo único. A mesma ação competirá contra aquele


em defesa de quem se causou o dano (art. 188, inciso I).

Art. 931. Ressalvados outros casos previstos em lei especial,


os empresários individuais e as empresas respondem
independentemente de culpa pelos danos causados pelos
produtos postos em circulação.

Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:

I – os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua


autoridade e em sua companhia;

II – o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se


acharem nas mesmas condições;

III – o empregador ou comitente, por seus empregados,


serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes
competir, ou em razão dele;

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INSTITUIÇÕES DE DIREITO

IV – os donos de hotéis, hospedarias, casas ou


estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo
para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e
educandos;

V – os que gratuitamente houverem participado nos


produtos do crime, até a concorrente quantia.

Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo


antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte,
responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali
referidos.

Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem


pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou,
salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta
ou relativamente incapaz.

Art. 935. A responsabilidade civil é independente da


criminal, não se podendo questionar mais sobre a
existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando
estas questões se acharem decididas no juízo criminal.

Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano


por este causado, se não provar culpa da vítima ou força
maior.

Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos


danos que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta
de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.

Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde


pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou
forem lançadas em lugar indevido.

Art. 939. O credor que demandar o devedor antes de


vencida a dívida, fora dos casos em que a lei o permita,

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Unidade III

ficará obrigado a esperar o tempo que faltava para o


vencimento, a descontar os juros correspondentes, embora
estipulados, e a pagar as custas em dobro.

Art. 940. Aquele que demandar por dívida já paga, no


todo ou em parte, sem ressalvar as quantias recebidas ou
pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao
devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado
e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se
houver prescrição.

Art. 941. As penas previstas nos arts. 939 e 940 não


se aplicarão quando o autor desistir da ação antes
de contestada a lide, salvo ao réu o direito de haver
indenização por algum prejuízo que prove ter sofrido.

Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação


do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano
causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos
responderão solidariamente pela reparação.

Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com


os autores os co-autores e as pessoas designadas no art.
932.

Art. 943. O direito de exigir reparação e a obrigação de


prestá-la transmitem-se com a herança.

CAPÍTULO II

Da Indenização

Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.

Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre


a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir,
eqüitativamente, a indenização.

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Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para


o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se
em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a
do autor do dano.

Art. 946. Se a obrigação for indeterminada, e não houver


na lei ou no contrato disposição fixando a indenização
devida pelo inadimplente, apurar-se-á o valor das perdas
e danos na forma que a lei processual determinar.

Art. 947. Se o devedor não puder cumprir a prestação na


espécie ajustada, substituir-se-á pelo seu valor, em moeda
corrente.

Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste,


sem excluir outras reparações:

I – no pagamento das despesas com o tratamento da


vítima, seu funeral e o luto da família;

II – na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto


os devia, levando-se em conta a duração provável da vida
da vítima.

Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o


ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento
e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além
de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver
sofrido.

Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o


ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou
se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização,
além das despesas do tratamento e lucros cessantes até
ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente
à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da
depreciação que ele sofreu.

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Unidade III

Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir


que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez.

Art. 951. O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda
no caso de indenização devida por aquele que, no exercício
de atividade profissional, por negligência, imprudência ou
imperícia, causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal,
causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho.

Art. 952. Havendo usurpação ou esbulho do alheio, além


da restituição da coisa, a indenização consistirá em pagar
o valor das suas deteriorações e o devido a título de lucros
cessantes; faltando a coisa, dever-se-á reembolsar o seu
equivalente ao prejudicado.

Parágrafo único. Para se restituir o equivalente, quando


não exista a própria coisa, estimar-se-á ela pelo seu preço
ordinário e pelo de afeição, contanto que este não se
avantaje àquele.

Art. 953. A indenização por injúria, difamação ou calúnia


consistirá na reparação do dano que delas resulte ao
ofendido.

Parágrafo único. Se o ofendido não puder provar prejuízo


material, caberá ao juiz fixar, eqüitativamente, o valor
da indenização, na conformidade das circunstâncias do
caso.

Art. 954. A indenização por ofensa à liberdade pessoal


consistirá no pagamento das perdas e danos que
sobrevierem ao ofendido, e se este não puder provar
prejuízo, tem aplicação o disposto no parágrafo único do
artigo antecedente.

Parágrafo único. Consideram-se ofensivos da liberdade


pessoal:

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I – o cárcere privado;

II – a prisão por queixa ou denúncia falsa e de má-fé;

III – a prisão ilegal.

4.3 Contratos

Contrato é o acordo de vontades destinado a criar, manter,


modificar, resguardar ou extinguir direitos.

Os contratos de qualquer natureza têm três pressupostos


básicos de validade, a saber:

a) capacidade das partes e sua legitimação para o negócio;

b) objeto lícito;

c) obediência à forma quando prescrita em lei.

Seguindo este entendimento, são sábias as palavras de


Führer e Milaré (2009, p. 228):

Contrato é a convenção estabelecida entre duas ou


mais pessoas, para constituir, regular ou extinguir
entre elas uma relação jurídica patrimonial. O contrato
se forma pela proposta e pela aceitação. Considera-se
celebrado o contrato no lugar em que foi exposto.

A validade do contrato exige os requisitos do


negócio jurídico: agente capaz, objeto licito, possível,
determinado ou indeterminável e forma prescrita ou
não proibida por lei.

Não se deve confundir o contrato com o instrumento do


contrato. É frequente mencionarem que não existe contrato pela
ausência de acordo escrito entre as partes. O Direito reconhece o

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Unidade III

contrato verbal como válido, ressalvados os casos nos quais há


obrigatoriedade de contrato escrito.

Existem diversas espécies de contratos: solenes, quando


suas formas estão determinadas na lei, do contrário serão não
solenes. Entre outras formas para a classificação dos contratos,
pode-se dizer que existem os onerosos e gratuitos, unilaterais e
bilaterais, causais ou abstratos, consensuais e reais, nominados
ou inominados, principais e acessórios etc.

4.3.1 Garantias contratuais

Embora não haja obrigatoriedade legal, a garantia contratual


é importante para tornar efetivo o negócio pactuado. Ao criar
uma garantia contratual, deve-se evitar obrigações desmedidas
para uma das partes, pois do contrário a parte mais frágil será
beneficiada pelo poder judiciário com a exclusão da cláusula
excessivamente onerosa.

Sempre que falamos em garantia, pretendemos reforçar


o direito de uma das partes. De tal sorte que a garantia para
determinado negócio deve gozar de proporcionalidade com o
negócio a ser realizado.

Entre as muitas garantias normalmente utilizadas no


mercado podemos destacar os títulos de crédito, as hipotecas, a
fiança e o aval de uma terceira pessoa.

Os títulos de crédito têm sido bastante utilizados no mercado


financeiro e nas relações com bancos. A fiança e o aval têm
sido bastante utilizados nas relações entre empresas comercias.
O que diferencia a fiança do aval é que na primeira o credor
deverá iniciar o processo de cobrança contra o devedor principal
e, esgotados os bens deste, passará a cobrar do fiador. No aval
a situação é diferente, pode o credor optar pela cobrança dos
valores dos avalistas ou do devedor principal, independentemente
de qualquer ordem.

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INSTITUIÇÕES DE DIREITO

A hipoteca talvez seja a mais segura das garantias que se possa


utilizar, porém, também é a mais onerosa, face à necessidade de
se fazer registros nos cartórios de registro de imóveis. Através
da hipoteca o devedor dá em garantia um determinado bem
imóvel que somente poderá ser liberado quando da execução
do contrato.

4.3.2 Confissão de dívida

As confissões de dívidas normalmente são um desdobramento


de outros contratos que não foram cumpridos. Através das
confissões de dívidas o credor procura se assegurar de valores
que não foram pagos, entretanto, este não tem um documento
capaz para dar a executoriedade desejada. Assim, as partes
dispostas a saldarem o débito existente firmam um termo de
confissão de dívida.

Dispõe o Código de Processo Civil em seu artigo 585, inciso


II, o seguinte:

Art. 585: São títulos executivos extrajudiciais:

II – a escritura pública ou outro documento público


assinado pelo devedor; o documento particular assinado
pelo devedor e por duas testemunhas; o instrumento
de transação referendado pelo ministério público, pela
Defensória Pública ou pelos advogados dos transatores.

Com o instrumento de confissão de dívida firmado, as partes


terão o documento capaz de ensejar o processo executivo que
é um rápido procedimento processual, comparando-se com os
outros existentes.

4.3.3 Teoria da Imprevisão

Concluído o contrato, este deve permanecer incólume,


imutável, por vontade unilateral. É uma decorrência do princípio

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Unidade III

tradicional “pacta sunt servanda”. O contrato estabelece uma lei


entre as partes, não podendo ser alterado unilateralmente.

No entanto, existem situações excepcionais em que o


contrato passa a ser altamente oneroso para uma das partes
por um fato que não poderia ser previsto. A imprevisão para
autorizar uma intervenção judicial na vontade do contrato é
somente aquela que refoge totalmente às possibilidades de
previsibilidade. Deste modo, questões meramente subjetivas não
podem servir como pano de fundo para pretender a revisão de
determinado contrato.

Está claro que, para haver estas situações excepcionais,


quanto mais durador for o prazo de execução do contrato maior
será a possibilidade de se aplicar a teoria da imprevisão. Ao se
imaginar, no mundo moderno, um contrato com prazo de vinte
anos, verifica-se que por mais cautelosas que sejam as partes
contratantes não podem prever todas as situações que poderão
intervir naquele contrato.

Apesar de bastante utilizada nos contratos de adesão,


a cláusula que exclui da revisão judicial, na hipótese de uma
situação absolutamente imprevisível, determinada disposição é
nula não produzindo nenhum efeito para as partes.

Seguindo este entendimento ao falar da resolução dos


contratos, Führer e Milaré (2009, p. 233):

Nos contratos de execução continuada, ou para


cumprir depois de certo tempo, pode o devedor pedir
a resolução (rescisão) do mesmo, se a sua prestação
aumentar desmedidamente, por causa de fatos
extraordinários e imprevisíveis (CC, art. 478).

A regra baseia-se na teoria da imprevisão, que se


contém na cláusula rebus sic stantibus (enquanto
as coisas ficarem como estão), implícita em todos os

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INSTITUIÇÕES DE DIREITO

contratos. Exemplo seria a eclosão de uma inflação


repentina e inesperada.

5 DIREITO DO CONSUMIDOR

A Constituição de 1988 garante no artigo 5º, inciso XXXII,


a defesa do consumidor. O Código de Defesa do Consumidor
foi publicado em 11 de setembro de 1990, constando de
seu artigo 118 que entraria em vigor 180 dias após a sua
publicação.

A referida norma realmente criou uma modificação de


comportamento no mercado, seja por parte dos consumidores
ou dos fornecedores. Aliás, para este estudo estas figuras são
fundamentais.

5.1 Conceito de consumidor

O artigo 2º do código define consumidor:

Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que


adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário
final.

Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade


de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo
nas relações de consumo.

Da leitura do referido dispositivo legal depreende-se que não


apenas quem adquire o produto é o consumidor; por esta razão,
Nery Júnior apud Fazzio Júnior (2003, pp. 594 e 595) menciona
que existem quatro conceitos de consumidor:

conceito-padrão ou standard. (art. 2°, caput), segundo


o qual consumidor é a pessoa física ou jurídica que
adquire produto ou utiliza serviço como destinatário
final;

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Unidade III

coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis,


que haja intervindo nas relações de consumo (art. 2°,
parágrafo único), a fim de possibilitar a propositura
da class action prevista no artigo 81, parágrafo único,
nº III;

vítimas do acidente de consumo (art.17), a fim de que


possa valer-se dos mecanismos e instrumentos do
CDC na defesa de seus direitos;

aquele que estiver exposto às práticas comerciais (


publicidade, oferta, cláusulas gerais dos contratos,
práticas comerciais abusivas etc.) (art.29).

Dos conceitos mencionados percebe-se a amplitude e o


detalhamento dado pelo legislador às relações de consumo, que
a seguir serão estudados.

5.2 Conceito de fornecedor

O legislador também se esmerou ao definir a figura do


fornecedor no artigo 3º do código ora estudado:

Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica,


pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem
como os entes despersonalizados, que desenvolvem
atividade de produção, montagem, criação,
construção, transformação, importação, exportação,
distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.

§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel,


material ou imaterial.

§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no


mercado de consumo, mediante remuneração,
inclusive as de natureza bancária, financeira, de

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INSTITUIÇÕES DE DIREITO

crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações


de caráter trabalhista.

Fazzio Júnior (2003, p. 596) menciona que no CDC


fornecedores são:

o produtor;

o fabricante;

o construtor;

o importador;

o empresário comerciante (fornecedor subsidiário).

5.3 Política nacional de consumo

Entendidos os conceitos, mister se faz compreender alguns


princípios do Código de Defesa do Consumidor, que estão
disciplinados nos artigos 4º e 5°:

Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo


tem por objetivo o atendimento das necessidades dos
consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e
segurança, a proteção de seus interesses econômicos,
a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a
transparência e harmonia das relações de consumo,
atendidos os seguintes princípios: (Redação dada pela Lei
nº 9.008, de 21.3.1995)

I – reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no


mercado de consumo;

II – ação governamental no sentido de proteger


efetivamente o consumidor:

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Unidade III

a) por iniciativa direta;

b) por incentivos à criação e desenvolvimento de


associações representativas;

c) pela presença do Estado no mercado de consumo;

d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões


adequados de qualidade, segurança, durabilidade e
desempenho.

III – harmonização dos interesses dos participantes das


relações de consumo e compatibilização da proteção
do consumidor com a necessidade de desenvolvimento
econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os
princípios nos quais se funda a ordem econômica (art.
170, da Constituição Federal), sempre com base na
boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e
fornecedores;

IV – educação e informação de fornecedores e


consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com
vistas à melhoria do mercado de consumo;

V – incentivo à criação pelos fornecedores de meios


eficientes de controle de qualidade e segurança de produtos
e serviços, assim como de mecanismos alternativos de
solução de conflitos de consumo;

VI – coibição e repressão eficientes de todos os abusos


praticados no mercado de consumo, inclusive a
concorrência desleal e utilização indevida de inventos
e criações industriais das marcas e nomes comerciais
e signos distintivos, que possam causar prejuízos aos
consumidores;

VII – racionalização e melhoria dos serviços públicos;

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INSTITUIÇÕES DE DIREITO

VIII – estudo constante das modificações do mercado de


consumo.

Art. 5° Para a execução da Política Nacional das Relações


de Consumo, contará o poder público com os seguintes
instrumentos, entre outros:

I – manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita


para o consumidor carente;

II – instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do


Consumidor, no âmbito do Ministério Público;

III – criação de delegacias de polícia especializadas no


atendimento de consumidores vítimas de infrações penais
de consumo;

IV – criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas


e Varas Especializadas para a solução de litígios de
consumo;

V – concessão de estímulos à criação e desenvolvimento


das Associações de Defesa do Consumidor.

Bittar (1991, pp. 29 e 30) brilhantemente discorre sobre os


princípios do código, ensinando:

Da análise desses elementos, pode-se observar


que, basicamente, na delineação do Código, foi
assentada a tutela do consumidor sob tríplice
controle: o do Estado, o do consumidor e de
suas entidades de representação e o do próprio
fornecedor, prevendo-se ações de ordem privada e
também públicas para a garantia e a efetivação de
seus direitos.

61
Unidade III

Continua o autor:

Com fulcro nos princípios apontados, foram editadas


normas protetivas, que o Código declara de ordem
pública e de interesse social, a significar que não
poderão ser alteradas, ou substituídas pela vontade
das partes, considerando-se nula qualquer convenção
em contrário (art.1º).

5.4 Direitos básicos do consumidor

O código apresenta os direitos básicos do consumidor nos


artigos 6° e 7º:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

I – a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos


provocados por práticas no fornecimento de produtos e
serviços considerados perigosos ou nocivos;

II – a educação e divulgação sobre o consumo adequado


dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha
e a igualdade nas contratações;

III – a informação adequada e clara sobre os diferentes


produtos e serviços, com especificação correta de
quantidade, características, composição, qualidade e
preço, bem como sobre os riscos que apresentem;

IV – a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva,


métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como
contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no
fornecimento de produtos e serviços;

V – a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam


prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos
supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;

62
INSTITUIÇÕES DE DIREITO

VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais


e morais, individuais, coletivos e difusos;

VII – o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com


vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais
e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a
proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados;

VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive


com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo
civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação
ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras
ordinárias de experiências;

IX – (Vetado);

X – a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos


em geral.

Art. 7° Os direitos previstos neste código não excluem outros


decorrentes de tratados ou convenções internacionais de
que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de
regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas
competentes, bem como dos que derivem dos princípios
gerais do direito, analogia, costumes e eqüidade.

Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos


responderão solidariamente pela reparação dos danos
previstos nas normas de consumo.

Da leitura dos dispositivos mencionados algumas


considerações devem ser feitas. Inicialmente, que os direitos
contemplados não são taxativos como se pode verificar da
leitura do caput do artigo 7º.

Outro aspecto que merece destaque é que estes direitos são


decorrentes da disposição constitucional contida no inciso XXXII

63
Unidade III

do artigo 5º da Constituição Federal e, portanto, cláusula pétrea


no dizer de Fazzio Júnior (2003, p. 595):

Pode-se afirmar, sem qualquer exagero, que a


preservação da segurança física e jurídica do
consumidor é cláusula pétrea da CF, que exterioriza
na titulação do CDC, como código defensivo.

5.5 Práticas comerciais

No capitulo V, o código disciplina as práticas comerciais


mencionando a oferta, a publicidade, as práticas abusivas e os
critérios que devem ser respeitados nas cobranças de dívidas:

Da Oferta

Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente


precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de
comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos
ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou
dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.

Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou


serviços devem assegurar informações corretas, claras,
precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas
características, qualidades, quantidade, composição,
preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros
dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde
e segurança dos consumidores.

Art. 32. Os fabricantes e importadores deverão assegurar


a oferta de componentes e peças de reposição enquanto
não cessar a fabricação ou importação do produto.

Parágrafo único. Cessadas a produção ou importação, a


oferta deverá ser mantida por período razoável de tempo,
na forma da lei.

64
INSTITUIÇÕES DE DIREITO

Art. 33. Em caso de oferta ou venda por telefone ou


reembolso postal, deve constar o nome do fabricante
e endereço na embalagem, publicidade e em todos os
impressos utilizados na transação comercial.

Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço é


solidariamente responsável pelos atos de seus prepostos
ou representantes autônomos.

Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar


cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o
consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha:

I – exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos


da oferta, apresentação ou publicidade;

II – aceitar outro produto ou prestação de serviço


equivalente;

III – rescindir o contrato, com direito à restituição de


quantia eventualmente antecipada, monetariamente
atualizada, e a perdas e danos.

SEÇÃO III

Da Publicidade

Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma


que o consumidor, fácil e imediatamente, a identifique
como tal.

Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus


produtos ou serviços, manterá, em seu poder, para
informação dos legítimos interessados, os dados fáticos,
técnicos e científicos que dão sustentação à mensagem.

Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.

65
Unidade III

§ 1° É enganosa qualquer modalidade de informação


ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou
parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo
por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor
a respeito da natureza, características, qualidade,
quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer
outros dados sobre produtos e serviços.

§ 2° É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória


de qualquer natureza, a que incite à violência, explore
o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de
julgamento e experiência da criança, desrespeita valores
ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor
a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua
saúde ou segurança.

§ 3° Para os efeitos deste código, a publicidade é enganosa


por omissão quando deixar de informar sobre dado
essencial do produto ou serviço.

§ 4° (Vetado).

Art. 38. O ônus da prova da veracidade e correção da


informação ou comunicação publicitária cabe a quem as
patrocina.

SEÇÃO IV

Das Práticas Abusivas

Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços,


dentre outras práticas abusivas: (Redação dada pela Lei nº
8.884, de 11.6.1994)

I – condicionar o fornecimento de produto ou de serviço


ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como,
sem justa causa, a limites quantitativos;

66
INSTITUIÇÕES DE DIREITO

II – recusar atendimento às demandas dos consumidores,


na exata medida de suas disponibilidades de estoque, e,
ainda, de conformidade com os usos e costumes;

III – enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação


prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço;

IV – prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor,


tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição
social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços;

V – exigir do consumidor vantagem manifestamente


excessiva;

VI – executar serviços sem a prévia elaboração de


orçamento e autorização expressa do consumidor,
ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as
partes;

VII – repassar informação depreciativa, referente a ato


praticado pelo consumidor no exercício de seus direitos;

VIII – colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou


serviço em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos
oficiais competentes ou, se normas específicas não existirem,
pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra
entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro);

IX – recusar a venda de bens ou a prestação de serviços,


diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante
pronto pagamento, ressalvados os casos de intermediação
regulados em leis especiais; (Redação dada pela Lei nº
8.884, de 11.6.1994)

X – elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços.


(Incluído pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994)

67
Unidade III

XI - Dispositivo incluído pela MPV nº 1.890-67, de


22.10.1999, transformado em inciso XIII, quando da
converão na Lei nº 9.870, de 23.11.1999

XII – deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua


obrigação ou deixar a fixação de seu termo inicial a seu
exclusivo critério. (Incluído pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995)

XIII – aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do


legal ou contratualmente estabelecido. (Incluído pela Lei
nº 9.870, de 23.11.1999)

Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos


remetidos ou entregues ao consumidor, na hipótese
prevista no inciso III, equiparam-se às amostras grátis,
inexistindo obrigação de pagamento.

Art. 40. O fornecedor de serviço será obrigado a entregar


ao consumidor orçamento prévio discriminando o valor
da mão-de-obra, dos materiais e equipamentos a serem
empregados, as condições de pagamento, bem como as
datas de início e término dos serviços.

§ 1º Salvo estipulação em contrário, o valor orçado


terá validade pelo prazo de dez dias, contado de seu
recebimento pelo consumidor.

§ 2° Uma vez aprovado pelo consumidor, o orçamento


obriga os contraentes e somente pode ser alterado
mediante livre negociação das partes.

§ 3° O consumidor não responde por quaisquer ônus ou


acréscimos decorrentes da contratação de serviços de
terceiros não previstos no orçamento prévio.

Art. 41. No caso de fornecimento de produtos ou de serviços


sujeitos ao regime de controle ou de tabelamento de preços,

68
INSTITUIÇÕES DE DIREITO

os fornecedores deverão respeitar os limites oficiais sob


pena de não o fazendo, responderem pela restituição da
quantia recebida em excesso, monetariamente atualizada,
podendo o consumidor exigir à sua escolha, o desfazimento
do negócio, sem prejuízo de outras sanções cabíveis.

SEÇÃO V

Da Cobrança de Dívidas

Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente


não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer
tipo de constrangimento ou ameaça.

Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia


indevida tem direito à repetição do indébito, por valor
igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de
correção monetária e juros legais, salvo hipótese de
engano justificável.

SEÇÃO VI

Dos Bancos de Dados e Cadastros de Consumidores

Art. 43. O consumidor, sem prejuízo do disposto no art. 86,


terá acesso às informações existentes em cadastros, fichas,
registros e dados pessoais e de consumo arquivados sobre
ele, bem como sobre as suas respectivas fontes.

§ 1° Os cadastros e dados de consumidores devem ser


objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem de fácil
compreensão, não podendo conter informações negativas
referentes a período superior a cinco anos.

§ 2° A abertura de cadastro, ficha, registro e dados


pessoais e de consumo deverá ser comunicada por escrito
ao consumidor, quando não solicitada por ele.

69
Unidade III

§ 3° O consumidor, sempre que encontrar inexatidão


nos seus dados e cadastros, poderá exigir sua imediata
correção, devendo o arquivista, no prazo de cinco dias
úteis, comunicar a alteração aos eventuais destinatários
das informações incorretas.

§ 4° Os bancos de dados e cadastros relativos a consumidores,


os serviços de proteção ao crédito e congêneres são
considerados entidades de caráter público.

§ 5° Consumada a prescrição relativa à cobrança de débitos


do consumidor, não serão fornecidas, pelos respectivos
Sistemas de Proteção ao Crédito, quaisquer informações
que possam impedir ou dificultar novo acesso ao crédito
junto aos fornecedores.

Art. 44. Os órgãos públicos de defesa do consumidor manterão


cadastros atualizados de reclamações fundamentadas
contra fornecedores de produtos e serviços, devendo
divulgá-lo pública e anualmente. A divulgação indicará se
a reclamação foi atendida ou não pelo fornecedor.

§ 1° É facultado o acesso às informações lá constantes


para orientação e consulta por qualquer interessado.

§ 2° Aplicam-se a este artigo, no que couber, as mesmas


regras enunciadas no artigo anterior e as do parágrafo
único do art. 22 deste código.

As ofertas e propagandas realizadas para atrair os


consumidores vinculam os fornecedores. É sempre prudente
nas relações de consumo manter todas as informações obtidas
antes da elaboração dos contratos, pois estas obrigam os
fornecedores.

Fica claro, também, o reconhecimento da vulnerabilidade do


consumidor, daí a ideia do código tratá-lo como hipossuficiente.

70
INSTITUIÇÕES DE DIREITO

As cobranças de dívidas não podem utilizar meios vexatórios,


sua cobrança indevida obriga o fornecedor ao pagamento em
dobro.

A propaganda enganosa e a abusiva não se confundem.


Fazzio Júnior (2003, p. 607) ensina:

Não são a mesma coisa. A primeira diz respeito aa


exploração da situação de inferioridade do consumidor;
a segunda, danosa ainda que potencialmente, ofende
a ordem pública, os direitos fundamentais e os valores
sociais.

5.6 Da proteção contratual

Os contratos também foram minuciosamente tratados


pelo legislador, deixando mais uma vez reforçada a ideia
da hipossuficiência do consumidor. Esmerou-se em
detalhes; nota-se que no parágrafo terceiro do artigo 54,
recém-introduzido pela lei 11.785 de 22 de setembro de 2008,
preocupou-se com o tamanho do corpo da letra dos contratos
de adesão.

Fica claro que as partes não podem disciplinar de modo


livre todas as cláusulas contratuais, as normas do código
são de ordem pública e, portanto, o desrespeito aos seus
princípios tornarão a cláusula ou o contrato nulos de pleno
direito.

Segue texto de lei retirado do site: http://www.presidencia.


gov.br/legislacao/ referente à parte do Código de Defesa do
Consumidor sobre os contratos:

Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consumo


não obrigarão os consumidores, se não lhes for dada a
oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu
conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem

71
Unidade III

redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu


sentido e alcance.

Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de


maneira mais favorável ao consumidor.

Art. 48. As declarações de vontade constantes de


escritos particulares, recibos e pré-contratos relativos às
relações de consumo vinculam o fornecedor, ensejando
inclusive execução específica, nos termos do art. 84 e
parágrafos.

Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no


prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato
de recebimento do produto ou serviço, sempre que a
contratação de fornecimento de produtos e serviços
ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente
por telefone ou a domicílio.

Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direito


de arrependimento previsto neste artigo, os valores
eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de
reflexão, serão devolvidos, de imediato, monetariamente
atualizados.

Art. 50. A garantia contratual é complementar à legal e


será conferida mediante termo escrito.

Parágrafo único. O termo de garantia ou equivalente


deve ser padronizado e esclarecer, de maneira adequada
em que consiste a mesma garantia, bem como a forma,
o prazo e o lugar em que pode ser exercitada e os ônus
a cargo do consumidor, devendo ser-lhe entregue,
devidamente preenchido pelo fornecedor, no ato do
fornecimento, acompanhado de manual de instrução,
de instalação e uso do produto em linguagem didática,
com ilustrações.

72
INSTITUIÇÕES DE DIREITO

SEÇÃO II

Das Cláusulas Abusivas

Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas


contratuais relativas ao fornecimento de produtos e
serviços que:

I – impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade


do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos
produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição
de direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor
e o consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser
limitada, em situações justificáveis;

II – subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da


quantia já paga, nos casos previstos neste código;

III – transfiram responsabilidades a terceiros;

IV – estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas,


que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada,
ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade;

V – (Vetado);

VI – estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo


do consumidor;

VII – determinem a utilização compulsória de


arbitragem;

VIII – imponham representante para concluir ou realizar


outro negócio jurídico pelo consumidor;

IX – deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o


contrato, embora obrigando o consumidor;

73
Unidade III

X – permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente,


variação do preço de maneira unilateral;

XI – autorizem o fornecedor a cancelar o contrato


unilateralmente, sem que igual direito seja conferido ao
consumidor;

XII – obriguem o consumidor a ressarcir os custos de


cobrança de sua obrigação, sem que igual direito lhe seja
conferido contra o fornecedor;

XIII – autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente


o conteúdo ou a qualidade do contrato, após sua
celebração;

XIV – infrinjam ou possibilitem a violação de normas


ambientais;

XV – estejam em desacordo com o sistema de proteção ao


consumidor;

XVI – possibilitem a renúncia do direito de indenização


por benfeitorias necessárias.

§ 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vontade que:

I – ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico


a que pertence;

II – restringe direitos ou obrigações fundamentais


inerentes à natureza do contrato, de tal modo a ameaçar
seu objeto ou equilíbrio contratual;

III – se mostra excessivamente onerosa para o consumidor,


considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o
interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao
caso.

74
INSTITUIÇÕES DE DIREITO

§ 2° A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não


invalida o contrato, exceto quando de sua ausência, apesar
dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo a
qualquer das partes.

§ 3° (Vetado).

§ 4° É facultado a qualquer consumidor ou entidade


que o represente requerer ao Ministério Público
que ajuíze a competente ação para ser declarada
a nulidade de cláusula contratual que contrarie o
disposto neste código ou de qualquer forma não
assegure o justo equilíbrio entre direitos e obrigações
das partes.

Art. 52. No fornecimento de produtos ou serviços que


envolva outorga de crédito ou concessão de financiamento
ao consumidor, o fornecedor deverá, entre outros
requisitos, informá-lo prévia e adequadamente sobre:

I – preço do produto ou serviço em moeda corrente


nacional;

II – montante dos juros de mora e da taxa efetiva anual


de juros;

III – acréscimos legalmente previstos;

IV – número e periodicidade das prestações;

V – soma total a pagar, com e sem financiamento.

§ 1° As multas de mora decorrentes do inadimplemento


de obrigações no seu termo não poderão ser superiores a
dois por cento do valor da prestação.(Redação dada pela
Lei nº 9.298, de 1º.8.1996)

75
Unidade III

§ 2º É assegurado ao consumidor a liquidação antecipada


do débito, total ou parcialmente, mediante redução
proporcional dos juros e demais acréscimos.

§ 3º (Vetado).

Art. 53. Nos contratos de compra e venda de móveis ou


imóveis mediante pagamento em prestações, bem como
nas alienações fiduciárias em garantia, consideram-se
nulas de pleno direito as cláusulas que estabeleçam a
perda total das prestações pagas em benefício do credor
que, em razão do inadimplemento, pleitear a resolução do
contrato e a retomada do produto alienado.

§ 1° (Vetado).

§ 2º Nos contratos do sistema de consórcio de produtos


duráveis, a compensação ou a restituição das parcelas
quitadas, na forma deste artigo, terá descontada, além da
vantagem econômica auferida com a fruição, os prejuízos
que o desistente ou inadimplente causar ao grupo.

§ 3° Os contratos de que trata o caput deste artigo serão


expressos em moeda corrente nacional.

SEÇÃO III

Dos Contratos de Adesão

Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas


tenham sido aprovadas pela autoridade competente
ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de
produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir
ou modificar substancialmente seu conteúdo.

§ 1° A inserção de cláusula no formulário não desfigura a


natureza de adesão do contrato.

76
INSTITUIÇÕES DE DIREITO

§ 2° Nos contratos de adesão admite-se cláusula


resolutória, desde que a alternativa, cabendo a escolha ao
consumidor, ressalvando-se o disposto no § 2° do artigo
anterior.

§ 3° Os contratos de adesão escritos serão redigidos em


termos claros e com caracteres ostensivos e legíveis, cujo
tamanho da fonte não será inferior ao corpo 12, de modo
a facilitar sua compreensão pelo consumidor. (Redação
dada pela Lei nº 11.785, de 2008)

§ 4° As cláusulas que implicarem limitação de direito


do consumidor deverão ser redigidas com destaque,
permitindo sua imediata e fácil compreensão.

§ 5° (Vetado).

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