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*E. Nicoll
“Morrer... dormir... dormir... sonhar talvez, quem sabe? Ah! Aqui está a
dúvida! Pois que sonhos podem sobreviver naquele sono da morte, depois de nos
termos libertado deste bulício mortal?
“Eis o que nos obriga a fazer pausa: eis a reflexão, de que procede a
calamidade de uma vida tão longa. Com efeito, quem suportaria os açoites e os
escárnios da vida, a injustiça do opressor, a contumélia do orgulhoso, os tormentos do
amor desprezado, as dilações da lei, a insolência do poder, e os maus tratos que o
mérito paciente recebe de criaturas indignas, podendo com um simples punhal outorgar
a si mesmo a tranqüilidade? Quem quereria sopesar o fardo, gemer e suar debaixo de
uma vida pesadíssima, se o temor de alguma coisa depois da morte - o desconhecido
país de cujas raias nenhum viajante ainda voltou, - não nos dominasse a vontade, e
não fizesse antes padecer os males que sofremos, do que voar para outros que
ignoramos? Assim a consciência torna-nos covardes, assim o fulgor natural da
resolução é amortecido, pelo pálido clarão do pensamento e assim empresas enérgicas
e de grande alcance torcem o caminho e perdem o nome de ação...”
O homem, enlaçado pelas serpentes que o envolvem por todos os lados, luta,
contorce-se, curva-se distendendo a sua musculatura de atleta; todas as fibras se
retesam, numa atitude vencedora. Mas, os filhos, ainda fracos e inexperientes, sem
envergadura para a luta, são facilmente dominados pela dor, esmagados pelo aperto
formidável do destino. O homem forte consegue afastar o abraço compressor do réptil.
Ei-lo lutando, o olhar dominador, o porte vitorioso. A criança sem energia, deixa-se
facilmente asfixiar no círculo cada vez mais apertado da serpente. E no olhar do pai
percebe-se a luta interior diante da sua impotência em não poder levar o auxílio aos
filhos. E o desespero, a piedade, a compaixão, pintam-se no seu semblante de lutador.
Quando o destino deve-se cumprir a ninguém é dado desviá-lo. Laocoonte é um
símbolo. O karma, na sua perfeita compreensão, diz que devemos arrostar com todas
as dificuldades da vida, combatendo-as.
Por isso as grandes dores, os grandes sofrimentos foram feitos para as grandes
almas, porque só estas o podem compreender e suportar.
Mas, para progredir, o homem luta, emprega a sua energia e por isso todos
nós somos, a cada instante, uma fonte constante de efeitos porque pensamos,
sentimos e agimos, isto é, a cada instante desenvolvemos forças no plano físico por
nossas atividades, emitimos desejos e sentimentos no plano astral e pensamentos no
plano mental. Vivemos simultaneamente em três planos ou mundos, que envolvem o
nosso planeta minúsculo. Há, pois, um tríplice aleito nas ações humanas. Tudo que
fazemos foi antes um desejo que gerou um pensamento, e que, por sua vez
desenvolveu uma ação física.
Há dois poderes que lutam dentro de nós: a animalidade com todo o seu
passado de desejos gerados em vidas anteriores; e a espiritualidade que, apenas
nascente no homem, desperta os pensamentos de amor, de renúncia e resignação.
Diz Jinarajadasa:
Lemos no Bhagavad-Gita:
“Mas, que é, Senhor, o que incita o homem a pecar, mesmo contra sua
vontade, como se estranha força o impelisse?” Responde Krishna: “É o desejo, é a
cólera nascida da qualidade passional que tudo corrompe e tudo consome. Aí tendes o
inimigo do homem sobre a terra”.
Dizem todos os Mestres da Teosofia, que não é fora de nós que encontraremos
a Verdade. Fora de nós só há ilusão e movimento que é uma das formas da ilusão. Para
conhecer isto o homem deve conhecer-se a si mesmo: “Conhece-te a ti mesmo, que
conhecerás o Universo e os Deuses”. Este adágio nos recomenda simplesmente o
conhecimento real de nossa natureza espiritual. E foi com a mesma intenção que o
Grande Mestre, o Cristo, pedia aos seus discípulos que procurassem o reino de Deus
neles mesmos.
Chocai um corpo: sua resistência é a reação que ele opõe ao vosso golpe.
O bilhar é um jogo baseado nas ações e reações das bolas, com a tabela. Se
quisermos um determinado efeito, devemos chocar a bola de uma certa maneira
especial. É a lei. Mas, que é a Lei?
A observação conduz a definir a lei natural como série de causas e efeitos que
se sucedem numa ordem invariável. Vamos apresentar um exemplo da natureza.
Analisando a água, verifica-se que ela é formada pela combinação de oxigênio e
hidrogênio na proporção de oito partes em peso de oxigênio e uma parte em peso de
hidrogênio.
O karma é a lei que nos coloca aonde devemos estar para progredir, deixando-
nos o nosso livre arbítrio, a nossa liberdade de escolha.
Na matéria física há uma força que parece ser a sua verdadeira raiz: a
eletricidade. Mas ninguém sabe o que é a eletricidade, e nem o magnetismo, que dela
deriva por indução.
Vemos que a força magnética do ímã dispõe as agulhas obedecendo a uma lei
invariável, porque este é o plano de Deus.
Por estas rápidas palavras verificamos que tudo obedece na natureza a uma
ordem que é regulada pela Lei.
Se assim não fosse não poderia haver Ciência, não poderia haver previsão. E
tão perfeita é esta regularidade na sucessão de causas e efeitos dos fenômenos
naturais, que o astrônomo prevê com antecedência de anos e de séculos, a data exata
de um eclipse, sem erro de segundos de tempo.
Estendendo estas considerações, a Teosofia nos ensina a prever o futuro do
homem, em suas vidas sucessivas, por suas ações atuais, porque o homem colhe o que
semeia.
Dizemos mais que as Leis naturais são invioláveis porque a relação de causa e
efeito não pode ser modificada.
O homem modifica essas energias ao seu sabor criando o seu próprio karma.
Devemos pois, compreender que o karma nada mais é que a ação e a reação agindo
ativa-mente em todos os planos da natureza; e que a reação é da mesma natureza que
a ação.
A reação mental agirá sobre o seu corpo mental, sobre o seu caráter, que
progride graças à boa impulsão recebida. A reação astral despertará uma boa emoção e
sentimentos que lhe fornecerão ocasião de exercer mais tarde o desejo de fazer o bem.
A reação física será dolorosa, e despertará um sofrimento que o corrigirá da
inadvertência cometida. É assim que o karma age, cada reação seguindo
invariavelmente sua respectiva ação em cada plano correspondente.
Não há, pois, nem castigo, nem recompensa, vindos de qualquer poder
exterior; há apenas o resultado lógico daquilo que o homem fez, disse e pensou na vida
terrena.
Considera-se o karma como uma coisa que reage sobre nós, e isto é verdade;
mas, é preciso compreender que se não trata de uma massa inerte que vem
cegamente chocar-se contra o homem, esmagando-o, paralisando-o, aniquilando-o.
Não. O homem pode modificar esta ação kármica porque o esforço vale mais do que o
destino, como disse Bhisma no Bhagavad Gita.
Diziam os Gregos que três fadas misteriosas fiavam o cordão da vida, o cordão
do destino de cada homem.
As três fadas são as três Parcas que, inexoráveis na sua faina, não poupavam
a ninguém. As Parcas, eram, segundo a Mitologia, as divindades dos infernos, senhoras
da vida do homem do qual elas teciam sinistramente a trama. Chamavam-se Clothos,
Lachesis e Atropos. Clothos, que presidia ao nascimento, trazia na mão uma roca,
Lachesis que trazia o fuso distribuía o destino e Atropos, a tenebrosa, que cortava, o fio
da vida. Uma fiava, outra distribuía e a última cortava o fio do destino humano.
A mais importante, a primeira das fadas, a fiandeira sutil que vai girando a
roca do nosso destino, a mente, esta criadora do mal, tecedeira das ilusões, matriz da
separatividade, a mente que, não sendo dirigida pelo discernimento nos conduz ao
precipício, eis a primeira fonte do karma. Por isso a Teosofia nos ensina “O pensamento
cria o caráter.”
Por isso se diz “no que o homem pensa, nisto se torna”. Nascemos com o
caráter que edificamos pelo pensamento em nossas vidas anteriores. É uma limitação.
Admitamos que tenhamos nascido sem gosto pela matemática, mas com grande
propensão para a música. Isto quer dizer que em vidas anteriores, formamos o nosso
gosto musical, educamos a mente no estudo dos sons e da harmonia, mas que o
raciocínio lógico, o hábito de deduzir e calcular, que a matemática desenvolve, ainda
não conseguimos despertar. Eis o karma. Enquanto certa pessoa, com a simples leitura
de um teorema de Geometria, acha-se disposta a reproduzir a demonstração, outra só
depois de um aturado labor de muitas horas, consegue reproduzir a dedução.
Para compensar essa falta de aptidão devemos procurar fazer tudo sempre da
melhor maneira possível, vencendo as resistências criadas pelo karma.
Alguém perguntou a Newton como foi que ele conseguiu descobrir a grande lei
da gravidade universal. “Pensando sempre”, respondeu o filósofo.
Todo pensamento que emitimos, qualquer ato nosso, altera de certo modo e
equilíbrio do Universo e esta perturbação se restabelece pelas reações que o homem
recebe conto recompensa.
Ninguém pode avaliar com precisão, as conseqüências, que resultam dos seus
menores atos e desejos, dos seus pensamento mais íntimos. São energias que a nossa
vontade põe em movimento, e que vão despertar repercussões salutares ou não no
meio ambiente.
Não pagamos o mal praticado por outrem; mas sofremos as conseqüências dos
atos por nós mesmos exercidos em vidas há longos anos decorridas.
Devemos pois, guardar esta profunda verdade que “toda causa tem seu efeito;
todo o efeito teve sua causa; tudo acontece de acordo com a Lei”. O acaso não existe.
Acaso é o nome com que a presunção encobre a sua ignorância.
A LEI DO KARMA
II
Ora, observemos que é quando Proserpina se baixa para Narciso que ela é
empolgada pelo Desejo (Plutão) o rei dos mundos inferiores. E é com esforços e
sacrifícios inauditos que sua mãe Ceres consegue finalmente arrancá-la ao cativeiro,
embora a filha seja obrigada a passar metade de sua vida nos mundos inferiores, e a
outra metade nos mundos superiores, isto é, parte nas encarnações sucessivas e parte
fora delas, pois só assim consegue o homem libertar-se dos liames do Desejo.
Mas, além da força da Evolução, mais duas forças componentes incidem sobre
o homem: o seu karma, gerado em vidas anteriores, e o seu livre arbítrio: a sua
vontade que a cada instante atua torcendo-lhe a orientação dos seus destinos.
Karma atual ou maduro é aquele que está prestes a ser esgotado, o que
pagamos nas nossas ações diárias, a dívida do passado que devemos saldar no
momento presente.
Mas, por que os Senhores do karma escolhem apenas certa parte do karma
acumulado? Porque há certas modalidades de karma de tal forma incompatíveis entre
si, e às vezes em tão grande número que exigem vários corpos de tipos diferentes para
a mesma individualidade. E também há dívidas contraídas para com muitas almas, e
todas estas almas nem sempre se encontram na mesma encarnação.
Vivemos, portanto, sob a influência de uma dupla ação kármica: ação oculta
que espreita na sombra a ocasião propícia para manifestar-se; e a ação produzindo
atualmente seus efeitos.
Vamos contar uma pequena história para mostrar que, após a vida física, em
pleno mundo astral podemos esgotar o nosso karma às vezes bem pesadamente.
Dois amigos viviam juntos, atraídos por sincera amizade. Eram ambos
membros de uma tribo árabe, valentes, destemidos, sempre prontos às arrancadas
guerreiras e às tropelias pelo deserto, em busca de aventuras.
Não o matou imediatamente; mas por uma infame traição e por falsas
informações, conduziu o amigo a uma tribo inimiga, onde este encontrou morte certa.
Pouco tempo depois, a moça, que jamais gostara tanto de um como do outro,
deu sua mão a um terceiro guerreiro, e o assassino, esmagado pelo crime inutilmente
praticado, dominado pelo remorso, suicida-se.
O que fora vítima morrera com os melhores sentimentos, julgando que o seu
amigo o defendera até o último instante, mas que conseguira salvar-se, enquanto que
ele fora morto pelo seu mau destino. O assassino, ao contrário, de natureza mais
grosseira, trabalhado pelo peso do crime, julgava que o amigo morrera certo da sua
infâmia.
Há, pois, uma grande variedade de karmas, mas lembremo-nos sempre que os
nossos atos cotidianos geram as nossas vidas futuras. Somos como os prisioneiros que
forjam as próprias cadeias, ou como os escultores que talham a própria estátua. À
semelhança da aranha que tece a própria teia, assim tecemos nós o nosso destino.
Cada ato contém a sua própria conseqüência; cada pensamento ou sentimento gera
uma série interminável de efeitos dos quais nem sempre podemos conceber o fim. Já
vimos que o homem é um pensamento em ação, o caniço pensante de Pascal; mas
podemos acrescentar que “qualquer que seja o grau de nossa consciência esse é o
justo salário do nosso trabalho evolutivo”. Estas limitações à nossa consciência são
impostas pelo karma.
“Como se admitir que o karma deixe crianças infelizes a pais pobres que muita
vezes não os amam, e que dificilmente os podem alimentar, ao passo que a nós nos
tira o filho único e adorado, filho que tudo possuía e o qual rodeávamos com todos os
cuidados possíveis?”
Tais perguntas, diz Annie Besant, nos são feitas constantemente; e para
responder a esta, fui obrigada a ler uma vida passada dos pais, e aí procurar como e
porque o karma os feriu assim de maneira tão dolorosa. É que, na encarnação
precedente este mesmo casal possuía três ou quatro filhos, e um irmão, suponho que
do Pai vindo a falecer, deixou um pequenino órfão que não tinha outros parentes senão
seu tio e sua tia. Estes tomaram conta da criança, embora profundamente
contrariados; mas longe de se mostrarem bons para com ela, fizeram-lhe passar por
duras privações, mal alimentando, mal tratando e finalmente transformando-a em
criado da família. Foi de tal ordem o tratamento que o pobre órfão morreu na idade de
17 anos, possuindo embora um coração afetuoso.
Ora, foi esta mesma criança que na atual encarnação lhes voltou como filho
único. Sobre sua cabeça os pais desvelados colocaram todas as suas esperanças,
cercando-o de todo o seu amor. Mas, o karma inexorável, precisamente,
matematicamente, na idade de 17 anos - a mesma da encarnação precedente -
arrebatou-o dos braços paternos; e o lar tornou-se um deserto.
A morte das crianças constitui uma das questões mais perturbadoras que a
vida nos apresenta. O sentimento causado pela perda destes pequeninos seres traz a
desolação a muitos corações; e mais de uma voz tem exclamado: “Para que serve uma
vida assim ceifada tão cedo?”
A teoria católica, procurando consolar aos que perdem seus filhos amados,
afirma que a criança que foi batizada e que morreu antes de ter conhecido o pecado,
vai diretamente para o céu, para a eterna beatitude, e assim por uma morte prematura
pode obter grande privilégio sobre os que, por terem vivido longos anos, arriscam-se a
irem para as chamas eternas do inferno. Mas, para nós estudantes de Teosofia esta
explicação não satisfaz. Sabendo que a Divindade tudo prevê e tudo pode - por ser
onisciente e onipotente - como admitir-se que Deus faça as almas, destinando umas ao
inferno e outras ao paraíso? Vamos estudar, com outro exemplo, interessante caso de
morte prematura.
Para o mais velho esta filosofia pitagórica que outra não era senão a nossa
atual Teosofia, constituía a sua maior preocupação, a única razão da sua vida, O mais
velho passava seu tempo no estudo destes problemas espirituais e consagrava-se
inteiramente aos mistérios onde era iniciado. Para o mais moço esta filosofia era o
ponto importante da sua vida, mas acrescentava outra grande preocupação: a posse de
uma faculdade artística, porque, ele foi um dos principais escultores da sua época na
Grécia. Naturalmente a prática da sua arte reclamava grande parte do seu tempo,
deixando-lhe poucos vagares para os estudos espiritualistas. A vida dos dois irmãos era
das mais felizes, e assim sempre unidos viveram até avançada idade.
Com efeito, o mais moço voltou à terra no começo do século XVI, no período
da Renascença das artes; e seu irmão tinha na sua frente três séculos de vida celeste
tal a soma de energias espirituais, por ele acumuladas, em suas existência na Grécia.
A dificuldade foi resolvida da maneira mais simples: o mais moço foi autorizado
a reencarnar-se na Europa. Seu temperamento artístico manifestou-se na mais tenra
infância, embora desta vez em direção diferente. Em vez de escultura foi a arte da
gravura que adotou, como fizera seu pai antes dele. Desenvolveu esta arte com grande
habilidade e gênio, quando de repente uma epidemia, muito comum na Idade Média,
levou-o do plano físico ainda não tendo completado 20 anos.
Sua morte despertou profundo sentimento de tristeza lamentada por todos que
o conheceram. A morte o arrebatou à arte, no momento que sua carreira prometia ser
tão brilhante.
Em sua curta vida, o jovem não pôde desenvolver se-não uma soma de
energias espirituais comparativamente limitada, sendo, por isso sua vida no plano
mental muito curta; e foi assim que ele veio a reencarnar-se no meado do século
passado três anos depois do nascimento daquele que foi seu irmão mais velho na
Grécia Antiga. Assim, novamente reunidos, vieram aumentar as fileiras dos soldados
pacíficos da Teosofia.
Este exemplo nos mostra que o Karma sabe o que faz, e que a morte
prematura, dolorosamente inexplicável para quem ignora a Teosofia, pode trazer
grandes benefícios para a evolução da alma. Admitamos que uma criança meiga, cheia
de afeição, de natureza profundamente amorosa, venha a nascer no seio de uma
família cujos pais dentro de pouco tempo se encaminham pela senda do vício. Esta
criança, não podendo encontrar ambiente favorável ao desenvolvimento das suas
qualidades espirituais é como a semente valiosa perdida em terreno sáfaro e agreste e
que não pode medrar. Os Senhores do Karma cortam-lhe o fio da existência.
Assim, o mistério da morte das crianças, este karma tão pesado para os pais,
tem explicação razoável em Teosofia
“Trata-se de um jovem teósofo que nasceu duas vezes na mesma família. Sua
primeira vida apenas durou algumas semanas, tendo ele se reencarnado alguns anos
mais tarde com os mesmos pais.
Já disse que um grande ódio, como um grande amor, gera grandes causas
kármicas.
Vamos contar a formação de laços kármicos entre dois grandes seres muito
conhecidos na Sociedade Teosófica.
Há muito tempo, neste antigo continente que se chamou Atlântida e que jaz no
fundo do oceano Atlântico, na imponente cidade das Portas de Ouro, reinava poderoso
Rei. Certo dia apresentou-se diante dele um soldado que voltava vitorioso de uma
expedição longínqua dirigida contra turbulenta tribo nos confins deste vasto império.
Pouco tempo depois da sua nomeação a este cargo, o novo capitão teve
ocasião de provar sua fidelidade para com aquele que nele depositava tanta confiança.
Um dia, enquanto o capitão passeava com o jovem príncipe nos jardins do palácio, um
grupo de conspiradores precipita-se sobre eles e tenta assassinar o príncipe.
O capitão ainda teve forças para dizer: “Concedei-me a graça de sempre vos
servir, a vós e ao vosso filho, em todas as vidas porvindouras, pois que agora já existe
um laço de sangue entre nós". E num esforço derradeiro, tendo molhado seus dedos no
sangue que corria das suas feridas, ele tocou os pés do soberano e a fronte do jovem
príncipe ainda sem sentidos.
O mundo invisível nos cerca. Aqui em torno de nós estão os que sofrem, os
que deixaram a vida de maneira violenta, os desesperados de salvação, os que
penetraram no mundo invisível iludidos por falsas informações de sacerdotes
ignorantes, os suicidas, as vítimas de acidentes, tão comuns na vida moderna.
A pobre criança quebrara o braço e a perna, mas o pior era um golpe profundo
na coxa de onde o sangue jorrava fortemente.
Mas, para este trabalho era necessário um corpo físico, e ambos estavam em
corpo astral. Houve necessidade do mais velho materializar o mais novo para poderem
agir com mãos físicas a fim de apertar as ataduras e estancar o sangue que corria.
O outro auxiliar partiu em seu corpo invisível para avisar a mãe do menino.
Procurou impressionar a mente dela até que a mulher, de natureza grosseira e pouco
impressionável exclamou: “Não sei o que sinto, mas acho que devo ir procurar meu
filho”. Partiu dirigida inconscientemente pelo auxiliar invisível, e quando se aproximava
do menino, Cyril desapareceu subitamente.
Leadbeater, que narra este caso interessante em suas investigações feitas nos
anais akásicos, procurando a causa desta intervenção, descobriu que o menino que
caiu do penhasco fora há uns mil anos, escravo do pequeno auxiliar que era então um
príncipe poderoso. Este príncipe, no momento de um grande perigo para sua vida,
conseguiu salvar-se pelo sacrifício de um simples escravo, cujo ato de dedicação foi
objeto então de grande louvor para o humilde servidor de tão poderoso senhor.
Quando não temos que passar por determinada provação, qualquer coisa surge
que nos desvia do precipício. No caso citado é provável que um auxiliar invisível
tomasse a si salvar a criança, cumprindo assim os ditames dos Senhores do Karma.
Certas espécies de ações geram karma excepcionalmente terrível. A crueldade,
qualquer que ela seja, para com os homens ou para com os animais, acarreta
resultados kármicos atrozes. As moléstias crônicas acompanhadas de sofrimentos
agudos; a loucura, são em geral conseqüências da crueldade. Conta Leadbeater que a
população ignorante que torturou Hipátia nas ruas de Alexandria reencarnou-se quase
toda na Armênia onde os Turcos exerceram contra ela toda a sorte de crueldades.
Todos os que morrem sob terríveis sofrimentos, em conseqüência de queimaduras,
aparentemente devidas ao acaso, foram os queimadores de homens da Idade Média, os
autores dos autos de fé, e todos os que com prazer assistiram a estas cenas hediondas.
Em caso nenhum o homem pode sofrer pelo que não praticou; e muito menos
os filhos pagarem pelo que os pais fizeram. Não nos parecemos com os nossos pais
porque somos seus filhos; mas sim, porque as necessidades kármicas, as semelhanças
de destino, as aptidões que os pais possuem em fornecer um corpo físico ao ser
reencarnante, tudo isto facilita as aproximações entre os indivíduos. Perguntaram ao
Senhor Buddha, se ele não poderia resgatar as faltas dos seus discípulos; ao que ele
respondeu: “Nunca; nenhum. homem pode ser salvo por outro.
“Nenhum Deus, nenhum santo pode salvar um homem das conseqüências das
suas más ações. Cada um deve libertar-se por si mesmo. E acrescenta o sábio: “Nem
nas profundezas do espaço incomensurável, nem no meio do oceano imenso, nem nas
gargantas sombrias das montanhas, encontrarás asilo onde possas escapar às
conseqüências das tuas más ações”.
O homem é seu único legislador, seu próprio juiz, o único senhor do seu
destino. Ele se pune, e a si mesmo se recompensa. Exerce, no círculo de sua própria
vida, uma realeza sem limites. O que o prende à roda dos renascimentos é o desejo; e
o domínio do mental; eis o segredo da redenção humana. Porque é tanto menos
governado aquele que mais se governa.
III
Guardou este desejo no íntimo do coração embora nunca, em sua longa vida,
se afastasse do caminho da justiça. Envelheceu e morreu. Ora, após a morte, tornou-se
glorioso monarca, senhor de vastos territórios, recebendo embaixadas, dirigindo
numerosos exércitos, soberano absoluto de milhares de súditos, construindo fortalezas
e cidades. Entretanto este imenso império estava encerrado inteiramente nos limites da
imaginação astral do Brâmane ambicioso.
Quando o homem trabalha, não pensa senão nos resultados práticos do seu
trabalho, no lucro material que pode auferir em bens materiais, em dinheiro...
O homem cava a terra, planta, semeia colhe para transformar todo esse
esforço em metal sonante.
“Em torno de nós vemos todos trabalhar para alguma coisa, movidos pelo
interesse e pelo desejo, impelidos pela ambição”.
Como vemos, não é o temor do inferno, nem a ambição do céu que impelem
Santa Tereza na sua ação terrestre. Ela nada deseja, nem na terra nem nos céus. É o
amor altruísta a verdadeira renúncia, o desprendimento completo das preocupações de
recompensa além da morte.
Bossuet, falando de São Luiz diz: “O amor de Deus animava todas as suas
ações e ele louvava muito o dito de uma mulher que fora achada na Terra Santa, tendo
um facho aceso em uma das mãos, e na outra um vaso cheio d’água; a qual, sendo
interrogada sobre o que ela pretendia fazer com isso, respondeu que queria pôr fogo no
paraíso e apagar o fogo do inferno, a fim de que, dizia ela, de ora avante os homens
sirvam a Deus somente pelo amor”. Isto recorda o pensamento de uma outra santa
católica - “Meu Deus, se eu te adoro pelo temor do inferno, faze-me queimar nesse
inferno: se te adoro na esperança de ir para o céu, exclui-me deste céu; mas se te
adoro só por ti mesmo, não me ocultes tua eterna beleza”.
O desejo dos frutos das ações, a recompensa que esperamos por tudo o que
fazemos, desperta a alma a cada instante à atividade, embora forjando novas cadeias
kármicas.
No início da nossa evolução o desejo e a ambição representam o papel de
aguilhões que nos conduzem à atividade.
Todos nós sabemos a história de Fernão Dias Paes Leme, o heróico paulista, o
destemido bandeirante que, abandonando família, conforto, tranqüilidade, penetrou
pelo interior do Brasil heroicamente em busca das sonhadas esmeraldas. Anos, muitos
anos, levou desbravando sertões incultos, florestas virgens, lutando com o índio bravio,
vadeando rios caudalosos, dominando sedições da própria gente, vendo dia a dia seus
companheiros dizimados pelas febres, devorados pelas feras, mas sempre embalado
pelo sonho verde das esmeraldas.
Nada conseguiu depois de muitos anos; mas uma coisa ficou de sua louca
ambição: o conhecimento do nosso sertão. Foi ele o semeador de cidades, o grande
povoador dos nossos sertões. Assim, impelido por um móvel egoísta e subalterno, ele
cooperou no entanto na grande obra da civilização brasileira.
Por isso, quando o homem aspira libertar-se dos liames do desejo, e procura
elevar seu pensamento a mais nobres ideais, sente necessidade da renúncia aos frutos
da ação, e assim muda sua atitude mental, modifica as intenções que o conduzem à
ação.
O melhor comentário é o Bhagavad Gita que nos diz: “Para o homem que se
deleita no Ego, e está contente no seu Ego, este não tem mais nada a fazer neste
mundo”. “Nem a ação, nem a inação, o prendem, nem depende de criatura alguma
deste mundo. Portanto, cumpre a tua ação sem apego ao resultado, pois o homem, que
cumpre o seu dever sem apego, alcança o Supremo. Procura agir lembrando-te que o
teu fim é o serviço do Mundo".
KARMA
PREFÁCIO
Segundo eles, nós mesmo tecemos cada uma das nossas vidas, boas ou más.
Se esta concepção fosse admitida entre nós, ressaltaria da vida um sentimento
de justiça que não nos dá a concepção cristã em que somente a graça influi.
Por que este é inteligente, belo, rico, enquanto aquele sem motivo aparente, é
ignorante, feio, pobre e fraco?... Os asiáticos, discípulos de Buddha, nos diriam que os
karmas são diferentes, porque eles os teceram diferentemente nas precedentes
encarnações. Consideram que são senhores de suas vidas futuras, e têm, nesta a
recompensa ou a punição das que viveram anteriormente.
Foi há muito tempo numa era muito remota. Foi nos primeiros tempos da
fundação da religião de Buddha.
Pela marcha dos animais, via-se que ele tinha pressa de chegar ao seu destino;
os cavalos alargavam o passo e corriam, apesar da beleza da paisagem aumentada
pela doçura do ar, que uma tempestade tinha refrescado.
Ele também ia a Baranasi, e, para vender seu arroz era urgente que chegasse
à cidade no dia seguinte pela manhã. Um dia ou dois de demora causar-lhe-ia o maior
prejuízo; os negociantes de arroz podiam deixar a capital, depois de terem comprado
todo o arroz de que necessitassem.
Quando o joalheiro viu que não poderia prosseguir sua viagem senão depois
que a carreta de Devala ficasse consertada, impacientou-se e ordenou ao seu escravo
Mahaduta empurrasse a carreta para o lado, para que sua carruagem pudesse passar.
O lavrador procurou convencer que esse movimento sobre o declive do fosso, na ourela
da estrada, descarregaria toda a sua mercadoria; porém o brâmane a nada quis
atender e ordenou Mahaduta virar a carreta e empurrá-la para o lado. O escravo,
notavelmente forte, era dos que se sentem felizes com a desgraça alheia e obedeceu
ao seu Senhor, antes que o Samana pudesse intervir.
Logo que Pandu pôde continuar sua viagem, o monge saltou da carruagem e
lhe disse:
- Desculpai-me, senhor, se vos deixo aqui, fico muito obrigado pela bondade
que tivestes, conduzindo-me convosco durante uma hora no vosso carro. Estava
fatigado quando me encontrastes na estrada; agora, graças à vossa cortesia, estou
descansado e reconhecendo no lavrador a encarnação de um dos vossos antepassados
não posso melhor agradecer a vossa bondade do que vos ajudando nesta emergência.
- Meu amigo, disse o Samana, você não sofre uma injustiça mas recebe, no
estado presente desta existência, o mesmo tratamento que infringiu ao brâmane numa
existência anterior; Você colhe o que semeou; sua vida atual é o produto das suas
ações de outrora. Não é mais do que o karma das suas vidas passadas.
Eis o que somos: uma acumulação contínua de heranças, de ações que são
modificadas por novas experiências e novas ações. Deste modo somos atualmente o
que fizemos outrora. Nosso karma constitui nossa natureza porque somos nós os
próprios criadores.
- Na verdade, assim pode ser, replicou Devala; mas que fiz eu para passar pelo
dissabor que acabo de sofrer, graças a esse insuportável brâmane.
NEGÓCIOS EM BENARES
Enquanto Malika se lamentava pela situação aflitiva a que seu rival queria
reduzi-lo, Pandu notou que sua bolsa desaparecera.
Quando Malika soube que o lavrador viera vender arroz de primeira qualidade
com o qual ele abasteceria a mesa real, comprou toda a carga pagando três vezes o
seu valor.
Pandu, feliz por ter encontrado seu dinheiro, apressou-se em ir até ao Vihára,
para receber as explicações prometidas pelo Samana Narada
Este lhe disse: - “Eu poderia dar todas as explicações, mas tu és incapaz de
compreender uma verdade espiritual e prefiro permanecer calado. Entretanto vou te
aconselhar o seguinte: trata todos que tu encontrares como se fossem tu mesmo:
serve-os como desejas ser servido, porque assim semearás boas ações e esta é a mais
rica seara da qual podes fazer segura colheita”.
“Poucos são os que conhecem a Verdade”. Que esta divisa seja o teu único
talismã: “Os que injuriam aos outros injuriam-se a si mesmos. Os que ajudam aos
outros servem aos seus próprios interesses”.
ENTRE OS LADRÕES
Muitos anos se passaram. O mosteiro fundado por Pandu era afamado como
sendo um centro de luz onde Samanas instruídos e sábios vinham residir.
Por este tempo, o rei de um país vizinho, tendo ouvido gabar a beleza das jóias
de Pandu, encomendou, por intermédio de seu tesoureiro, um diadema real, cinzelado
em ouro puro e rodeado das mais preciosas pedras da Índia. Quando Pandu terminou o
trabalho partiu para a residência do rei e, esperando fazer ainda bons negócios, levou
consigo grande contingente de jóias. A caravana que conduzia suas mercadorias era
protegida por forte escolta de homens armados; mas, ao penetrar nas montanhas, foi
atacada por um bando de salteadores conduzidos por Mahaduta que a venceu e
apossou-se de toda a riqueza.
Pandu conseguiu escapar com grande dificuldade. Este desastre foi um golpe
terrível para ele.
“Mereci tudo que me aconteceu pelas faltas das minhas existências anteriores.
Em minha mocidade fui cruel para com os outros. Estou agora colhendo tudo que
semeei por minhas más ações. Não tenho motivos para me queixar”.
Tendo melhorado o seu trato para com seus semelhantes, seus pesares
serviam para purificar seu coração e o único desgosto que ainda experimentava era,
com a diminuição de suas riquezas, não poder auxiliar seus amigos do mosteiro, para
completa difusão das verdades eternas.
- Onde estão estes cães ingratos a quem eu tantas vezes conduzi à vitória?
Privados do seu chefe em breve perecerão como jaguares encurralados por caçadores
hábeis.
- Ah! suspirou Mahaduta, não és tu o homem a quem eu fiz bater ontem? Vens
trazer o socorro da tua assistência para aliciar minhas dores? Trazes água fresca para
saciar minha sede e procuras salvar minha vida!... É inútil... sou um homem
condenado, os cães me feriram de morte. Ingratos! Miseráveis! Mataram-me com os
próprios golpes que eu lhes ensinei!
- Destrói tuas vis paixões, extirpa teus maus desejos, e satura tua alma de
bondade para tudo o que existe” tal foi a resposta cheia de doçura do Samana.
O FIO DA ARANHA
- Certamente teu Karma, nas vidas futuras, colherá as sementes do mal que
fizestes. Não há meio nenhum de fugir ao resultado causado por uma ação má. Mas
não te deixes dominar pelo desespero. O homem que se converte e consegue
compreender a ilusão do eu e todas as lutas que sofre pelos desejos do pecado, toma-
se uma fonte de bênçãos para si mesmo e para os outros. Para que te sirva de
exemplo, vou contar a história do grande bandido Kandata. Tinha, diz a tradição,
morrido sem arrependimento e como um réprobo fora atirado à região sombria dos
suplícios. Lá suportava em expiação de suas más ações, as mais terríveis agonias, os
mais dolorosos sofrimentos.
Kandata exclamou então: “Oh! Buddha abençoado tem piedade de mim! Sofro
cruelmente porque sinto todo o mal que fiz! Desejo melhorar, viver no caminho da
devoção e da Verdade. Eu não me sinto com forças para libertar-me deste leito de
dores, ajuda-me Senhor, tem piedade do pobre Kandata!"
Ora, a própria lei do karma nos ensinou que a ação má morre por si mesma,
enquanto que as boas ações se multiplicam, gerando outras, se propagando num
desenvolvimento sem fim. O menor ato de bondade encerra frutos que contêm novos
germens de amor e bondade. E neste contínuo aumento os atos vão alimentando a
alma em suas estonteantes transformações até que ela atinja à libertação de todo o
mal, na bem-aventurança eterna do Nirvana.
“Kandata, algum dia, no decorrer de tuas vidas passadas, fizestes uma boa
ação por mais pequena que fosse? Ela ajudar-te-ia a sair agora do estado doloroso em
que te achas. Mas nunca esperes te libertar dos sofrimentos atuais, conseqüências
fatais do teu passado, se conservares ainda sentimentos de egoísmo, e se tua alma não
estiver purificada da vaidade, da luxúria e da inveja”.
«Toma este fio e sobe por ele. Ele te sustentará”. A aranha desapareceu.
Kandata agarra-se ao fio tão delgado e fino, mas no entanto tão forte que, com
seu auxílio, foi subindo, foi subindo, cada vez mais e conseguiu libertar-se do Inferno.
Notou a tenacidade do fio e observou que era elástico porque, sob o peso que
aumentava sempre, esticava cada vez mais, embora parecesse bastante forte para
suportar a carga. Kandata não devia nunca ter desviado o olhar das regiões superiores.
Infelizmente, olhando para baixo, viu tocando quase em seus calcanhares, seguros ao
frágil fio, uma multidão de antigos camaradas, procurando fugir da região sombria.
“Como, pensou ele, este fio poderá, nos suportar a todos”. E tomado de medo gritou:
"Larguem todos o fio da aranha que é meu, pois só a mim pertence!” E no mesmo
instante o fio partiu-se e Kandata foi novamente atirado ao Inferno com todo o cacho
humano que o acompanhava.
Quanto maior for o número dos que sobem pelo fio, mais fáceis serão os
esforços de cada um. Desde que no coração do homem existe uma idéia: “Isto é meu!
Que a bênção da Verdade e o reconhecimento da Sabedoria me pertençam só a mim e
ninguém os partilhe, o fio quebra-se e todos voltam à antiga condição de egoísmo que
é a verdadeira danação."
Quero informar a Pandu que eu guardei a coroa de ouro que ele destinava ao
rei assim como seus tesouros, numa caverna perto daqui. Somente dois capitães,
comandados meus, conheciam este lugar e agora jazem mortos. Que Pandu tome
homens armados, dirija-se ao lugar indicado e tome posse do que eu lhe subtrai”.
“Meus filhos, não censurem nem culpem aos outros quando lhes faltar o êxito,
quando forem mal sucedidos em suas empresas, porque, não nos cegando a vaidade,
encontramos a causa em nós mesmos e em nós mesmos existe o remédio. As nossas
más ações somente nós poderemos resgatá-las. Não deixem nunca os olhos do mental
cobertos pelo véu de Maya, e lembrem-se das palavras que serviram de talismã à
minha vida: “Aquele que prejudica os outros, prejudica a si mesmo. Aquele que auxilia
aos outros auxilia-se a si mesmo. Que a ilusão do eu desapareça dos nossos corações e
deste modo avançaremos na senda da verdade. Lembrem-se destas minhas últimas
palavras, obedeçam aos meus conselhos, e quando a morte vier, continuaremos a viver
um bom Karma tecido por nossas próprias mãos e na infinita peregrinação das nossas
almas viveremos eternamente de acordo com as nossas ações”.
FIM