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Ano VI / No 24 - 05 de maio de 2004

EDITORIAL
Fuzileiros Navais! Nesta 24ª Edição de seu periódico Âncoras e Fuzis, o Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais
apresenta artigos sobre o Sistema de Visão Termal Portátil, a Terceirização nas Operações de Guerra e o Corpo de Fuzileiros
Navais da Itália. O GptFNBe contribuiu com uma matéria sobre Aspectos Militares do Terreno em Operações Ribeirinhas no
Ambiente Amazônico.
A coluna “Palavras do Comandante-Geral”, devido às crescentes oportunidades de cursos, intercâmbios e missões em organis-
mos internacionais, aborda a importância dos militares do CFN em se habilitar em outros idiomas e também, registra-se a excelente
capacidade de mobilização do CFN por ocasião do acionamento do Destacamento de Segurança de Embaixada para o Haiti.
Ressalta-se a importância deste periódico como instrumento de divulgação de diversas matérias de interesse de todos os
Fuzileiros, oficiais e praças.
Relembra-se que as colaborações poderão ser feitas das seguintes formas: respondendo às situações descritas na coluna
DECIDA; enviando sua interpretação sobre o tema sugerido na coluna PENSE; ou enviando pequenos artigos sobre temas
técnicos ou táticos que sejam de interesse do combatente anfíbio os quais, de acordo com o Regulamento do Prêmio Âncoras
e Fuzis, são também considerados para o cômputo da pontuação. Com relação às colunas DECIDA e PENSE, solicitamos que as
contribuições sejam encaminhadas até o dia 9 de junho. Envie sua contribuição diretamente ao Departamento de Pesquisa e
Doutrina do Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais pelo MBMail (3001@comcfn), internet (3001@cgcfn.mar.mil.br) ou
pelo Serviço Postal da Marinha. ADSUMUS!

Palavras do Comandante-Geral
Nesta edição, em virtude da importância dos assuntos, registro dois tópicos relevantes para o CFN: a qualifica-
ção de seu pessoal em idioma estrangeiro, com o propósito de atender à crescente demanda por comissões e
missões em organismos internacionais; e a nossa prontificação operativa.
TESTE DE SUFICIÊNCIA DE IDIOMA
A atuação dos Fuzileiros Navais, a cada ano, vem transcendendo as fronteiras do nosso País, por meio da
presença dos nossos combatentes anfíbios, Oficiais e Praças, nos mais diversos locais do planeta.
No caso das Praças, essa presença se materializa atualmente: pelos Destacamentos de Segurança de Embaixa-
das do Brasil na Argélia, no Paraguai e, mais recentemente, no Haiti, envolvendo todas as graduações; pela partici-
pação em operações de desminagem no Peru (MARMINAS) e na América Central (MARMINCA), para 1º e 2º
SG-EG; pela instrutoria no Instituto para Cooperação de Segurança do Hemisfério Ocidental (antiga Escola das
Américas), para 1ºSG, preferencialmente de OpEsp; e Auxiliares dos Adidos Navais na Espanha, Bolívia, Paraguai
e na Comissão Naval Brasileira em Washington, para SO.
Um requisito é de grande importância para mobiliar as funções citadas: o conhecimento de idiomas. Percebe-se
pelos graus alcançados nos Testes de Suficiência de Idiomas – TSI da DEnsM realizados recentemente, que exce-
lentes graduados perdem boas oportunidades por não alcançarem o conhecimento exigido.
Sendo assim, recomendo a todos os Fuzileiros Navais que, além do constante aprimoramento profissional, busquem
o estudo de um idioma, particularmente o inglês, o espanhol ou o francês, mantendo-se, assim, preparados para
funções tão desafiadoras quanto gratificantes. Estas são igualmente importantes tanto para o militar quanto para a boa
representação do nosso CFN.
CAPACIDADE DE MOBILIZAÇÃO DO CFN
Ressalto ainda, nesta oportunidade, mais uma demonstração da notável capacidade de mobilização do Corpo de
Fuzileiros Navais por ocasião do acionamento do Destacamento de Segurança de Embaixada para o Haiti. Em um
prazo de apenas dezesseis horas, a partir da autorização do Comandante da Marinha em atendimento a solicitação
ao Ministério da Defesa, em 270500P/FEV um GT constituído por dezesseis Fuzileiros Navais apresentava-se para
o movimento aerotransportado em aeronave C-130 da FAB para cumprir a relevante missão de prover segurança às
instalações da Embaixada do Brasil e ao Corpo Diplomático acreditado naquele país e proteger os nacionais não
combatentes em regresso ao Brasil.
Atribuo mais esse sucesso do CFN ao seu permanente estado de prontificação proporcionado pela existência de
militares qualificados para esse tipo de missão e de material previamente selecionado e acondicionado para tais
eventualidades. Cabe ainda ressaltar a contribuição do elevado grau de integração existente entre o Comando-Geral
e o Comando de Operações Navais, essenciais ao êxito dessa histórica missão.

1
FUZILEIROS
NAVAIS DA ITÁLIA
As origens do Corpo de Fuzilei-
ros Navais da Itália remontam ao ano
de 1717, com a criação do Regi-
mento “La Marina” pelo Reino de
Piemonte, tendo recebido diversas
designações no decorrer do tempo,
tanto pelo Reino da Itália, como pela
República Italiana, para finalmente,
em 1999, se transformar na Força
de Desembarque Italiana. Atual-
mente, este Corpo possui um efetivo
de cerca de 7 mil militares, distribu-
ídos no Regimento “San Marco”, no
Regimento “Carlotto” e em um Gru-
pamento de Meios de Desembar-
que, conforme o organograma mos- Os elementos subordinados à O Corpo de Fuzileiros Navais da
trado. Vemos neste organograma Força tem as seguintes tarefas: Regi- Itália tem participado nos últimos anos
uma peculiaridade dos fuzileiros na- mento “San Marco” – conduzir ope- de diversas missões das quais pode-
vais italianos, qual seja: os meios de rações anfíbias e operações chama- mos citar: Beirute (1982-1984); Golfo
desembarque são subordinados dire- das de “não-bélicas”; Regimento Pérsico (1987/1988 – Controle Ma-
tamente ao ComForDbq. Outro as- “Carlotto” – conduzir instrução e trei- rítimo e 1990/1991 – Tempestade no
pecto peculiar se refere à formação namento nos níveis básicos e avan- Deserto); Somália (1992-1995);
de oficiais, no qual passam a perten- çados por intermédio de seu Batalhão Albânia (1997-1999); Bósnia
cer ao Corpo a pedido e após terem Escola; e o Grupamento de Meios de (1997); Kosovo (1999-2000);
sido nomeados oficiais, podendo poste- Desembarque – apoiar a Força com Timor leste (1999-2000) e Eritréia
riormente regressar para a Esquadra. meios para efetuar o MNT. (2000).

dos de “cães de paz” – a presença por ex-militares, ganharam um título


A TERCEIRIZAÇÃO dessas empresas no pós-guerra tem oficial. Elas são classificadas como
NAS OPERAÇÕES sido ainda mais intensa, dez vezes maior Corporações Militares Privadas – mais
do que na Guerra do Golfo. Naquela conhecidas pela sigla (em inglês) PMC.
DE GUERRA época, havia um funcionário de uma US$ 30 bilhões foram gastos
Militares dos Estados Unidos uti- empreiteira para cada cem militares com empresas privadas – Patrio-
lizam dez vezes mais serviços de nos campos de batalha. Hoje, há dez. tismo e dever cívico não fazem parte
empresas particulares no Golfo do Nada menos do que 13 mil homens do seu vocabulário. Trata-se, afinal,
que no conflito de 1991. prestam ao Pentágono serviços que de um negócio. E, na maioria dos ca-
Quando, há exatamente um ano, antes eram responsabilidade dos pró- sos, bastante lucrativo.
o presidente dos EUA, George W. prios soldados. Segundo estimativas do Departa-
Bush, autorizou o início dos bombar- Nas guerras civis do Terceiro mento de Defesa e do Departamento
deios no Iraque, quem disparou mís- Mundo, especialmente na África, es- de Estado, dos US$ 87 bilhões desti-
seis dos navios americanos localiza- sas pessoas costumavam ser defini- nados às operações no Iraque ao lon-
dos no Golfo Pérsico não pertencia à das como “cães de guerra”. Ou seja: go desse primeiro ano, cerca de US$
Marinha dos Estados Unidos: eram mercenários que arriscavam o próprio 30 bilhões foram para os cofres de
artilheiros terceirizados. pescoço em batalhas alheias a peso empresas militares privadas. Um ve-
Os mais sofisticados sistemas de de ouro, em busca de aventura e for- terano da SAS, força de elite britâni-
armas, inclusive aqueles usados nos tuna. Hoje a definição tem um viés ca, por exemplo, pode ganhar até mil
bombardeiros B-2 e também nas ope- politicamente correto. Esses parami- dólares diários naquele país – depen-
rações dos VANT Predator, foram litares, guerreiros de aluguel, são cha- dendo da função que tenha de desem-
operados por funcionários de compa- mados de “cães de paz” – pelo menos penhar.
nhias particulares contratados pelo os que são contratados pelos EUA. Adaptação do artigo publicado no jornal O
Departamento de Defesa dos EUA. As empresas que fornecem essa Globo em 20/Mar/2004 pelo correspondente
Mercenários agora são chama- mão-de-obra, formada basicamente José Meirelles Passos.

2
SISTEMA DE dois exemplos de equipamentos já
VISÃO TERMAL elaborados para o uso militar:
PORTÁTIL “Thermal Weapon Sight
(TWS) AN/PAS-13”
O sistema de visão termal tem
sido amplamente utilizado em diver-
sos sistemas de armas, tais como:
carros de combate; armas AC; ae-
ronaves; e viaturas. No entanto, de- para a observação diurna/noturna
vido ao custo e ao tamanho dos tu- que não necessita de sistema de re-
bos de imagem, seu uso em arma- frigeração. Foi desenvolvido como
mento portátil ou mesmo em equi- OVN para a infantaria.
pamentos de observação portáteis O fabricante informa que o equipa-
tem apresentado restrições. mento tem capacidade de detecção de
No entanto, recentemente alguns uma viatura a uma distância de 2 mil me-
programas foram ou estão sendo de- O Exército Americano recente- tros, de reconhecimento a 700 metros
senvolvidos com o propósito de pos- mente fez um contrato de US$ 22 e de identificação a 350 metros.
sibilitar ao combatente de infantaria Os protótipos foram prontificados
milhões com a “Raytheon Systems
utilizar a tecnologia termal. Porém, Company” para a produção do TWS em 1996 e o sistema está em produ-
alguns requisitos, tais como: de rus- que irá substituir a luneta AN/ TVS- ção. O Exército da Holanda encomen-
ticidade; pequenas dimensões; pe- dou 803 LION no ano de 1998.
5 de Intensificação de Imagem Re-
queno peso; e baixo custo faz com
sidual, atualmente em uso.
que esta seja, provavelmente, uma Referência: Jane´s Information Group –
Special Report – Thermal Imaging Markets, 3
desafiante área para o desenvolvi- Sistema LION rd edition, Library on Line, atualizado em
mento tecnológico. Segue abaixo É um equipamento termal portátil Fev/2004.

PENSE
“A arte da guerra é, em última análise, a arte de retirar a liberdade de ação do oponente.”
Xenephon (430 – 355 ac)
Resposta do “Pense” anterior – “Âncoras e Fuzis nº 23”
“Não repita um ataque pela mesma frente após um insucesso inicial. O mero reforço de forças não é suficiente para
reverter a situação, porque provavelmente o inimigo também terá reforçado suas forças durante este processo. Além do mais,
provavelmente o moral do inimigo foi elevado pelo sucesso em repelir seu ataque.” B. H. Liddell Hart.
O CGCFN parabeniza a todos que enviaram suas contribuições à coluna “Pense”. Foi com grande satisfação que consta-
tou-se a participação de 147 militares. Isto denota, que a coluna vem atingindo os efeitos desejados, que são os de fomentar a
discussão de idéias no campo militar, e provocar a prática da redação, que tanto contribui para o aperfeiçoamento da
expressão escrita, ferramenta fundamental para a boa comunicação.
Neste número, o CT (FN) Vannei, do 2ºBtlInfFuzNav, destacou-se dos demais pela pertinência de sua redação, sendo
reproduzida abaixo a sua idéia.
“Um mero reforço de forças não é suficiente para recuperar a impulsão de um ataque detido. No CFN isto é consagrado pela
máxima “Não se reforça o insucesso!”. Pode-se recuperar a impulsão do ataque por meio de uma intensificação de fogos, através
do moral (presença do Cmt), alterando medidas de Coordenação e Controle, como limites e LCt (isto altera o valor do Ini em contato
ou a direção que poderemos engajá-lo), pode-se redistribuir o Poder de Combate (com preponderância para o Elm que está
logrando êxito) ou pode-se empregar novas forças, seja a reserva ou outra tropa não empregada (caso da IncAnf), sempre por VA
não utilizada pelo Elm detido. Assim, observamos que a doutrina vigente mostra que o simples reforço, por si só, não recupera a
impulsão de um ataque detido, vemos também que o moral, por sua vez, é capaz de recuperá-la.
Isto está em consonância com a máxima napoleônica segundo a qual, o moral precede o material na proporção de três para um,
também encontra respaldo na filosofia da Guerra de Manobra, posto que ao repetirmos um ataque pela mesma frente alteraremos
muito pouco, para o oponente, a situação apresentada –tão somente o valor da tropa engajada– permitindo ao inimigo Orientar-
se mais fácil e rapidamente em relação à situação Observada e reduzir seu tempo de Decisão e de (re)Ação, permitindo-lhe obter e
manter um ritmo superior ao nosso, completando o Ciclo de Boyd ou OODA na nossa frente.
Ao atacarmos por outra frente, obrigamos o inimigo a combater simultaneamente em duas frentes distintas, alteramos sensivel-
mente o quadro anteriormente estabelecido em sua mente, obrigando-o a iniciar um novo Ciclo de Boyd. Com a vantagem inicial,
poderemos impor alterações sucessivas da cena de ação, assim o inimigo passaria a responder às nossas ações ao que poderíamos
explorar desencadeando novas ações, tais como emprego de blindados e uso da reserva para explorar um êxito inicial ou uma
brecha no dispositivo inimigo, permitindo desbordar a posição inimiga, pressioná-lo por diferentes direções e imprimir maior
velocidade no campo de batalha, por exemplo, alterando continuamente a cena de ação. Dessa forma imporemos um ritmo sempre
superior ao do oponente até que sua coesão mental seja quebrada e ele não seja capaz de responder satisfatória e coordenadamente
às novas situações criadas, tomando atitudes ineficazes para reverter a situação vigente, até sua derrota final.”

3
freqüentes em operações ribei-
ASPECTOS rinhas.

MILITARES DO 4. Acidentes Capitais


TERRENO EM Em operações ribeirinhas
são considerados acidentes ca-
OPERAÇÕES pitais as regiões de passagem
obrigatória, as localidades, os
RIBEIRINHAS NO portos, os ancoradouros, os cru-
AMBIENTE zamentos de estradas, a con-

AMAZÔNICO
1. Observação e Campos de Tiro 2. Cobertas e Abrigos
A observação é bastante prejudi- A vegetação, junta-
cada pela vegetação. Além disso, a mente com as condições
escassez de pontos dominantes pre- meteorológicas supraci-
judica tanto a observação aproxima- tadas, proporcionam exce-
da quanto a afastada. Normalmente, lentes cobertas.
a observação aproximada é limitada As árvores, troncos
entre cinco e trinta metros. caídos e dobras do terreno
Da orla da selva para o exterior, a
observação terrestre é boa, principal-
mente sobre as vias fluviais. fluência de rios ou igarapés,
As limitações de visibilidade redu- as praias, as clareiras, os ae-
zem os campos de tiro a pequenas dis- roportos, os campos de pou-
tâncias. No interior da selva, o tiro de so, as pontes, as passagens a
ação reflexa é o de emprego mais pro- vau e os encontros de trilha.
vável.
Dentro da selva, os setores de tiro 5. Vias de Acesso
são definidos por “túneis de tiro”, que Na selva, as vias de aces-
são preparados em forma de cilindro so (VA) são constituídas por
oco na vegetação, sem alterar seu as- estradas, trilhas, varadouros,
pecto geral. Desta forma, não é acon-
selhável limpar campos de tiro de for- constituem os abrigos numa região
ma convencional para não denunciar de selva.
a posição. 3. Obstáculos
Da orla da selva para o exterior, Para os escalões superiores a
há bons campos de tiro, principalmen- batalhão, a selva será um obstá-
te sobre as vias fluviais. culo de vulto, já que restringe os
A execução de tiro de trajetória movimentos do apoio ao combate
curva no interior da selva é pouco re- e do apoio de serviço ao combate.
comendável, principalmente pela difi- Além disso, os cursos d’água, pela
culdade de observar os impactos e sua largura, profundidade e cor-
seus efeitos. Desta forma, cresce de renteza, são obstáculos de vulto para rios, igarapés e lagos. Não se pode
importância o emprego de armas de tropa a pé, dependendo do seu grau negligenciar as vias aéreas, as quais
trajetória tensa. de adestramento. são vitais para o sucesso de uma ope-
O MAC Bill e AT-4 são melhor As condições meteorológicas po- ração ribeirinha.
explorados em localidades e quando dem agravar obstáculos ou criar ou- Em regiões desmatadas, pode-se
empregados a partir da orla da selva tros, como por exemplo um solo de empregar o conceito clássico de VA.
sobre alvos situados nas vias fluviais argila ou tabatinga, que quando mo- Para efetivos até Batalhão, a sel-
e terrestres. lhada transforma-se numa massa pe- va, como um todo, será considerada
As condições meteorológicas, como gajosa que adere ao coturno, tornan- como VA.
o conhecido e freqüente “Aru”(uma es- do a marcha lenta e penosamente
pécie de neblina) e as chuvas torren- cansativa.
ciais, prejudicam em demasia a ob- As minas derivantes, armadilhas Contribuição do CT(FN) Márcio Rossini
servação e, consequentemente, os antipessoal e áreas minadas constitu- Batista Barreira, Oficial de Operações do
campos de tiro. em os obstáculos artificiais mais GptFNBe

4
GUERRA DE MANOBRA
O PONTO FOCAL DE ESFORÇO
O Ponto Focal de Esforço (PFE) é considerado um dos conceitos centrais da Guerra de Manobra que, juntamen-
te com a Intenção do Comandante, constitui-se em uma importante ferramenta para o comandante obter a necessá-
ria convergência de esforços de sua Força. O PFE pode ser de natureza material ou não, e será em um determinado
momento do combate o alvo prioritário sobre o qual convergirá o peso do esforço principal do poder de combate. A
habilidade de derrotar um inimigo mais forte pode ser também creditado ao PFE, porque faz com que seja aplicado
a parcela principal do poder de combate em apenas um ponto.
Podemos, então, concluir que o ponto de aplicação desta ação deverá, obrigatoriamente, estar em uma Vulnerabilidade
Crítica (VC)1 inimiga para que possibilite atingir seu Centro de Gravidade (CG)2 . Devemos nos direcionar para o objeto
que irá causar o máximo de perdas ao inimigo e que ao mesmo tempo, nos proporciona a melhor oportunidade de sucesso.
Normalmente é designado um elemento de manobra como responsável para empreender o esforço principal
sobre o PFE, fazendo com que todas as demais unidades se engajem em apoiá-lo. Em outras palavras, uma vez
decidido o modo de como a missão será cumprida e por quem, todo o resto se torna secundário. É de suma importân-
cia que todos os elementos subordinados não tenham dúvida de quando e onde é o PFE, pois representa, em última
análise, a tentativa de alcançar a vitória.
Sabemos, também, que o inimigo é imprevisível e poucas batalhas se desenrolam como exatamente planejamos.
Desta forma, o comandante pode e deve mudar o PFE selecionado caso a situação tenha se alterado.
Outro aspecto a ser lembrado é que manobra significa muito mais que tropas se deslocando rapidamente pelo
campo de batalha com a intenção de derrotar o inimigo. Manobra é a combinação de fogo e movimento para a
obtenção de uma vantagem sobre o inimigo. O PFE é o que propicia o vínculo de todas as ações da manobra para
que se possa convergir diretamente sobre o oponente. Sem este instrumento, o combate se tornaria uma seqüência
de várias ações não correlacionadas, podendo, inclusive, divergir uma das outras. Junto com a Intenção do Coman-
dante e a Missão, o PFE mantém a Guerra de Manobra coesa. Em resumo, possibilita harmonizar as ações da Força.
O comandante pode utilizar seus elementos subordinados para apoiar a unidade que irá realizar suas ações no
PFE de uma maneira direta. Por exemplo, priorizar o emprego das armas de apoio de fogo, como artilharia, aviação
e fogo naval, armamento anticarro e antiaéreo, além de cerrar sua reserva eixada neste esforço. Contudo, devemos
estar conscientes que esta medida, apesar de aumentar a probabilidade de sucesso, também poderá trazer riscos
pela falta destes ou outros apoios em uma outra parte da frente de combate.
Em outras situações, pode-se apoiar a unidade que incidirá no PFE de modo indireto. Por exemplo, um comandante pode
usar sua aviação para iludir o inimigo a pensar que o ponto focal é em outro lugar. Aliás, a aviação é particularmente eficaz
neste propósito em virtude da velocidade inerente deste meio que pode ser revertido ao esforço principal rapidamente.
Citando um exemplo histórico, os alemães utilizaram sua aviação deste modo no começo da campanha da França
em 1940. Em 10 de maio, por meio de bombardeio em uma área extensa , conseguiram iludir os franceses quanto de
suas intenções em realizar o ataque principal através da região leste da Bélgica. Neste caso, a aviação foi rapida-
mente revertida da operação de despistamento para o esforço principal na Bélgica.
1
As Vulnerabilidades Críticas são pontos fracos do Centro de Gravidade(CG) que ao serem exploradas resultarão na desestabilização ou
destruição do CG oponente.
2
O Centro de Gravidade(CG) é a fonte de todo o poder e confere ao contedor, em última análise, a liberdade de ação para utilizar
integralmente seu poder de combate.
Referências: CGC-1000 Manual de Organização e Emprego de GptOpFuzNav; “FMFM 1 Warfighting”; e “FMFM 1-3 Tatics”.

Prêmio Âncoras e Fuzis


Publica-se abaixo a atual classificação do prêmio “Âncoras e Fuzis” nas categorias individual e por OM.
Relembra-se que esta é a primeira apuração referente ao ano de 2004.
INDIVIDUAL OM
1º - CT(FN) Vannei (2ºBtlInfFuzNav)............. 07 PONTOS 1º - 2ºBtlInfFuzNav.............................. 239 PONTOS
2º - CF(FN) Aquino (CPesFN) ....................... 06 PONTOS 2º - CIASC.............................................. 45 PONTOS
3º - CF(FN) Gagliano (CPesFN)...................... 06 PONTOS 3º - 1ºBtlInfFuzNav................................. 19 PONTOS
4º - CT(FN) Rossini (GptFNBe) ..................... 06 PONTOS 4º - BtlOpRib........................................... 18 PONTOS
5º - 1ºTen(FN) Espiúca (2ºBtlInfFuzNav)....... 02 PONTOS 5º - CPesFN............................................. 13 PONTOS

5
DECIDA

O COMBATE NA CIDADE DOS AFLITOS


O Sr. é o comandante da 3ªCiaFuzNav do 3ºBtlInfFuzNav. Sua CiaFuzNav está toda embarcada em CLAnf, sendo apoiada por
um PelCC, uma SeçMAC e um GpPion. A BAnf vem se deslocando na direção geral norte. Seu BtlInfFuzNav recebeu a missão de
encontrar um ponto de passagem no Rio dos Aflitos, próximo à cidade de mesmo nome, a fim de facilitar a progressão da BAnf.
Na noite anterior, elementos de reconhecimento reportaram o deslocamento de tropa mecanizada no valor estimado de
pelotão, na direção oeste na rodovia que margeia o rio. A 2ºseção da BAnf, agora pela manhã, informou a existência de um
Batalhão inimigo de natureza mecanizada se deslocando para o sul pela rodovia 1 para reforçar as tropas na cidade dos Aflitos,
com previsão de chegada para o início da segunda metade desta jornada.
Deste modo, o comandante da BAnf decidiu por uma Transposição Preparada e ordenou o avanço de mais poder de
combate à frente. Os pontos de passagem sobre o Rio dos Aflitos passaram a ter grande importância para o prosseguimento das
ações da BAnf. Na Zona de Ação do 3ºBtlInfFuzNav, destaca-se em importância a ponte da rodovia 1.
A 3ªCiaFuzNav recebeu a tarefa de reconhecer a estrada 6, a fim de levantar a natureza e o dispositivo inimigo na região. O
Sr. recebeu, também, a ordem de iniciar seu deslocamento rapidamente e, se possível, reconhecer pontos de transposição para
viaturas anfíbias perto da cidade, uma vez que há indícios de que alguns trechos das margens do Rio dos Aflitos são acessíveis
a este tipo de veículo. O céu está claro e a visibilidade favorece as atividades de reconhecimento.
A 3ªCiaFuzNav está realizando o esforço principal do 3ºBtlInfFuzNav e possui, portanto, a prioridade de fogos da Artilharia,
do Morteiro 81mm, bem como do Apoio Aéreo Aproximado a ser desencadeado pelo Componente de Combate Aéreo (CteCA).
Por volta das 0805P, o Sr. avançou até cerca de dois quilômetros da rodovia 1 e ficou surpreso por não ter tido nenhum
contato até o momento, principalmente com os elementos da força de segurança do inimigo. O 3ºBtlInfFuzNav informou que a
situação não tinha evoluído e que não havia novas informações sobre o Btl inimigo que se aproximava pelo norte.
O Sr. posicionou o 2º PelFuzNav na elevação a sua direita para proteger este flanco. Às 0825P, o 1º PelFuzNav, sua fração de
vanguarda, informou pelo rádio: “observada viatura de reconhecimento inimiga abandonando elevação do entroncamento,
seguindo em direção à cidade”. Pouco depois, este Pel enviou nova mensagem: “solicito presença CmtCia na minha posição”.
O Sr. deslocou-se para junto do 1ºPelFuzNav e de dentro do CLAnf, em posição de desenfiamento de torreta, a qual proporci-
onava um excelente PO, sem contudo expor a viatura, o Sr. pôde observar toda a cidade. O Cmt do 1ºPelFuzNav então informou:
“observando a cidade até este momento, só identifiquei três viaturas de Recon e talvez um GC, o bastante para ser uma fração
ou seção Recon do Btl inimigo, fora isso, a cidade parece muito quieta e vazia”. O Sr. notou que não havia sinal de outras tropas
de infantaria, viaturas mecanizadas, armamento pesado ou posições defensivas preparadas. Neste momento, o 2º PelFuzNav
informa pela fonia: “observando tropa inimiga mecanizada na estrada do rio a uns cinco quilômetros a leste da cidade, deslocan-
do-se em direção à ponte. Até o momento contei seis VBTP e dois CC, mas acho que pode haver mais vindo”. São 0835P, O QUE
VOCÊ VAI FAZER CAPITÃO?

6
Resposta do “Decida” anterior – “Âncoras e Fuzis nº23”
O problema militar apresentado na coluna “Decida” da última edição recebeu um total de 186 soluções. O
Comando-Geral congratula-se com todos estes militares que têm encontrado neste periódico, um fórum adequado
para o debate sobre os aspectos práticos e operativos de nossa profissão.
Dentro do espírito de dar algum retorno aos colaboradores sobre suas soluções táticas e, ao mesmo tempo,
concentrar algumas sugestões de procedimentos a serem adotados, tanto nas próximas contribuições, como em
uma situação prática, esta coluna apresenta a seguir o quadro “Lições Aprendidas”. Relembra-se que seu objetivo
não é sacramentar regras rígidas que padronizem as soluções. O que se busca, nada mais é do que concentrar
conhecimentos e apontar direções que costumam conduzir ao sucesso em combate.
Cabe ressaltar, a primeira participação dos Aspirantes da Escola Naval, que enviaram soluções interessantes
e criativas para o problema militar em pauta. BRAVO ZULU!
Ainda, a contribuição do 1º Ten(EN) Celso Garnica Mota da Diretoria de Engenharia Naval no DECIDA,
demonstrando que este periódico pode e deve ser utilizado por militares de outros corpos e quadros. Também, um
BRAVO ZULU para o oficial.
Dentre as numerosas soluções enviadas que poderiam perfeitamente atender ao problema militar apresentado,
foi selecionada a do CF (FN) Wagner dos Santos Gagliano do CPesFN, que devido à sua experiência e habilitação,
o oficial apresentou uma solução que se destaca pela simplicidade e correção doutrinária.

“EXAME DA SITUAÇÃO”
As características da Área de Operação, com a presença de córregos e de vegetação que limita a visibilida-
de a 75 metros, aliadas ao marcante desbalanceamento de forças, amplamente favorável ao inimigo, constatado
pela análise da Comparação dos Poderes Combatentes, fez com que se chegasse à seguinte

“DECISÃO”
Este pelotão assumirá dispositivo defensivo com o máximo emprego do Apoio de Fogo disponível (MtrP e
armamento orgânico do PelFuzNav), solicitará ao Cmt da Cia apoio das demais Armas de Apoio de Fogo dispo-
níveis, visando a desorganizar e/ou a neutralizar as ações inimigas. Em paralelo, será participado ao Cmt da Cia
que vislumbra-se a necessidade de uma manobra de valor BtlInf, para a realização de uma ação ofensiva contra o
inimigo. A análise do inimigo indica a possibilidade da existência de uma peça de manobra valor CiaFuz desdobrada
no terreno (pior hipótese), fator determinante na consideração do emprego de um BtlInf.

“TAREFAS AOS ELEMENTOS SUBORDINADOS”


– 1º/2º/3º GC
Assumir posição defensiva mantendo suas atuais posições.
– SecMtrP
Assumir posição de modo a prestar Apoio Geral ao Pelotão com prioridade de fogos para o 1ºGC.

LIÇÕES APRENDIDAS

1 – Deve-se evitar fracionar a reserva: muitos militares decidiram por enviar uma ou duas ET para reforçar
um GC e outra ET em reforço ao outro GC, além do que estes reforços seriam efetuados na própria zona de
matança.
2 – Deve-se manter a integridade tática da Seção de MtrP: alguns militares propuseram alocar uma peça
de metralhadora para um GC emboscado e outra peça para o outro GC. Este procedimento traz a conseqüência de
perda da eficiência da seção por não possibilitar um pleno emassamento de fogos.
3 – Lembre-se que uma das formas do comandante intervir na manobra é pelo fogo: poucas soluções
contemplaram o pedido de apoio de fogo.
4 – Ter em mente a missão: muitos militares confundiram a tarefa da Cia de localizar e destruir o inimigo
dentro da zona de ação do batalhão pela conquista do PCot 410.

As contribuições devem ser encaminhadas a este Comando-Geral até o dia 9 de junho, devendo
conter: o exame da situação, a decisão e as ordens aos elementos subordinados.

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