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Ano VI / No 25 - 05 de julho de 2004

EDITORIAL
O Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais, dentro do espírito de manter os Combatentes Anfíbios
informados e atualizados sobre o estado da arte em assuntos de defesa, apresenta a 25ª edição do “Âncoras e
Fuzis”. Neste número são apresentados artigos sobre a origem do lema ADSUMUS, a incorporação de um
caminhão oficina no BtlBldFuzNav, o Sistema de Mobilização Marítima, a organização e principais características
dos Fuzileiros Navais do México, o conceito de Guerra Centrada em Redes, as atividades desenvolvidas pelo
CRepSupEspCFN em apoio à prontificação do GptOpFuzNav Haiti e é iniciada a publicação de uma coluna que
abordará aspectos de interesse da guerra anfíbia no Atlântico Sul. Além destes, publica-se, também, novos
artigos sobre guerra de manobra e soluções das colunas Pense e Decida.
A coluna “Palavras do Comandante-Geral” aborda o Estágio de Atualização Militar para os SD-FN candidatos
ao Quadro Suplementar de Cabos do CPFN e o fluxo de carreira no Quadro Especial de Sargentos. Ressalta-se
a importância deste periódico como instrumento de divulgação de diversas matérias de interesse de todos os
Fuzileiros, oficiais e praças.
Relembra-se que as colaborações poderão ser feitas da seguinte forma: respondendo às situações descritas
na coluna DECIDA; enviando sua interpretação sobre o tema sugerido na coluna PENSE; ou enviando pequenos
artigos sobre temas técnicos ou táticos que sejam de interesse do combatente anfíbio. Envie sua contribuição
diretamente ao Departamento de Pesquisa e Doutrina do Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais pelo
MBMail (30@comcfn), internet (30@cgcfn.mar.mil.br) ou pelo Serviço Postal da Marinha. ADSUMUS!

Palavras do Comandante-Geral

QUADRO SUPLEMENTAR DE CABOS DO CPFN


De acordo com o previsto no inciso 2.21.23 do PCPM, foi realizado o Estágio de Atualização Militar
para os SD FN candidatos ao Quadro Suplementar de Cabos do CPFN. O Estágio destina-se a preparar
o soldado para exercer funções da graduação de CB do Quadro Suplementar. Para participar, o SD FN
deve ter sido promovido até o ano de 1992 e aprovado pela CPP. Em 11JUN04, 12 soldados, que possuem,
em média, 21 anos de serviço, foram promovidos à graduação de cabo. Trata-se de um antigo anseio de
soldados muito antigos que permaneceram no SAM por vocação e apego ao CFN.

QUADRO ESPECIAL DE SARGENTOS


O Comando-Geral vem acompanhando e desenvolvendo estudos a fim de evitar dificuldades nos fluxos de
carreira do CPFN, mantendo uma permanente atenção ao cumprimento dos interstícios de planejamento tendo,
inclusive, aplicado a Quota Compulsória, referente ao ano base 2003, como instrumento regulador desse fluxo.
Com o mesmo propósito, o Quadro Especial de Sargentos terá um aumento gradativo do efetivo autorizado
para a graduação de 2º SG, o que permitirá, em dezembro de 2005, a promoção de dezesseis 3º SG.

Prêmio Âncoras e Fuzis


Publica-se abaixo a atual classificação do prêmio “Âncoras e Fuzis” nas categorias individual e por OM. Relembra-se que
esta é apenas uma apuração parcial de pontos. Participe, contamos com você!

INDIVIDUAL OM
1º - CF(FN) Gagliano (CPesFN) ............................. 13 PONTOS 1º - 2ºBtlInfFuzNav ......... 445 PONTOS
2º - CF(FN) Aquino (CPesFN) ................................ 12 PONTOS 2º - Escola Naval ............... 53 PONTOS
3º - CT(FN) Vannei (2ºBtlInfFuzNav). .................... 09 PONTOS 3º - CIASC ........................ 49 PONTOS
4º - CT(FN) Rossini (GptFNBe) ............................. 07 PONTOS 4º - CPesFN ....................... 26 PONTOS
5º - Asp 3092 Suzart (Escola Naval) ....................... 06 PONTOS 5º - 1ºBtlInfFuzNav ........... 19 PONTOS

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envolvendo políticas ade-
quadas, que não se limitam
à, mas incluem, neces-
sariamente, defesa daqueles
recursos.
Nesse contexto, a Ama-
zônia brasileira, com mais
de 4 milhões de km²,
ATLÂNTICO SUL abrigando parcela con-
siderável da água doce do
Nesta 25ª edição do Âncoras e Fuzis planeta, reservas minerais de
terá início a publicação desta coluna toda ordem e a maior
intitulada ATLÂNTICO SUL. Seu biodiversidade da Terra,
propósito é destacar a importância tornou-se riqueza cons-
estratégica desse oceano para o nosso pícua o suficiente para, após
País, assim como a relevância das a percepção de que se pode- Amazônia Azul: Zona Econômica
tarefas desencadeadas pela Marinha riam desenvolver ameaças à Exclusiva e Plataforma Continental
do Brasil nesse cenário, além de soberania nacional, receber
divulgar informações sobre as possíveis a atenção dos formuladores da política No Brasil, apesar de 80% da po-
áreas de interesse anfíbio para o CFN. nacional. Assim, a região passou a ser pulação viver a menos de 200 km do
Por ser esse um tema prioritário para objeto de notáveis iniciativas litoral, pouco se sabe sobre os direitos
a Marinha, todos os Fuzileiros Navais governamentais, que visam à que o País tem sobre o mar que lhe
devem estar comprometidos com o consolidação de sua integração ao circunda e seu significado estratégico
estudo desse ambiente operacional, território nacional, à garantia das e econômico, fato que, de alguma
para que os nossos Grupamentos fronteiras, à ocupação racional do forma, parece estar na raiz da escassez
Operativos estejam aptos a flutuar, espaço físico e à exploração sustentada de políticas voltadas para o apro-
navegar e combater nas águas, ilhas e dos importantes recursos naturais ali veitamento e proteção dos recursos e
em todo litoral do Atlântico Sul. existentes. benefícios dali advindos.
Uma variada gama de fatores, que Entretanto, há uma outra Amazônia, Na Amazônia Verde, as fronteiras
passam pela dependência do mar para cuja existência é, ainda, tão ignorada que o Brasil faz com seus vizinhos são
a sobrevivência econômica do país e por boa parte dos brasileiros quanto o fisicamente demarcáveis e estão sendo
pela sua vulnerabilidade a agressões foi aquela por muitos séculos. Trata- efetivamente ocupadas com pelotões de
dele oriundas, fazem com que as se da Amazônia Azul que, maior do que fronteira e obras de infra-estrutura. Na
operações navais ali desencadeadas a verde, é inimaginavelmente rica. Seria, Amazônia Azul, entretanto, os limites
mereçam atenção constante e por todas as razões, conveniente que das nossas águas jurisdicionais são
prioritária por parte da MB. Além dela cuidássemos antes de perceber-lhe linhas sobre o mar. Elas não existem
disto, é necessário, também, ressaltar as ameaças. fisicamente. O que as definem é a
que neste cenário a MB atuará, Conforme estabelecido na Conven- existência de navios patrulhando-as ou
praticamente, de forma singular, o que ção das Nações Unidas sobre o Direito realizando ações de presença.
faz crescer de importância as possíveis do Mar, ratificada por quase 100 paí- Para tal, a Marinha tem que ter
contribuições anfíbias em apoio às ses, inclusive o Brasil, todos os bens meios, e há que se ter em mente que,
forças navais. econômicos existentes no seio da mas- como dizia Rui Barbosa, Esquadras não
Para destacar a importância do sa líquida, sobre o leito do mar e no se improvisam. Para que, em futuro
assunto, o CGCFN escolheu como subsolo marinho, ao longo de uma faixa próximo, se possa dispor de uma
primeiro tema a ser abordado A litorânea de 200 milhas marítimas de estrutura capaz de fazer valer nossos
Amazônia Azul, apresentando um largura, na chamada Zona Econômica direitos no mar, é preciso que sejam
extrato do texto de autoria do Al- Exclusiva (ZEE), constituem proprie- delineadas e implementadas políticas
mirante-de-Esquadra Roberto de dade exclusiva do país ribeirinho. Em para a exploração racional e sustentada
Guimarães Carvalho, Comandante da alguns casos, a Plataforma Continental das riquezas da nossa Amazônia Azul,
Marinha, publicado pela Revista do (PC) – prolongamento natural da massa bem como sejam alocados os meios
Clube Naval, ano 113, nº 329, JAN/ terrestre de um Estado costeiro – ultra- necessários para a vigilância e a
FEV/MAR 2004. passa essa distância, podendo estender proteção dos interesses do Brasil no
a propriedade econômica do Estado a mar.
A AMAZÔNIA AZUL até 350 milhas marítimas. Essas áreas
Toda riqueza acaba por tornar-se somadas – ZEE mais a PC – caracteri-
objeto de cobiça, impondo ao detentor zam a imensa Amazônia Azul, medindo Extrato do texto de autoria do
o ônus da proteção. Tratando-se de quase 4,5 milhões de km², o que Almirante-de-Esquadra Roberto de
recursos naturais, a questão adquire acrescenta ao País uma área equivalente Guimarães Carvalho, Comandante da
conotações de soberania nacional, a mais de 50% de sua extensão territorial. Marinha.

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ADSUMUS
Em 1958, às vésperas do aniversário de 150 anos do
Corpo de Fuzileiros Navais, a Sra. Violeta Telles Ribeiro,
esposa do Almirante-de-Esquadra (FN) Leônidas Telles
Ribeiro, sentindo a necessidade de “dar ao glorioso
homenageado de presente, algo que marcasse de maneira
expressiva esta data tão significativa” elaborou uma
mensagem, da qual reproduzimos, a seguir, uma parcela:
“... Há 150 anos ecoa no peito de cada Fuzileiro Naval sua
divisa... “aqui estamos!”.
Há 150 anos está gravado em cada coração fuzileiro seu
lema... “aqui estamos!”.
“AQUI ESTAMOS” ... ADSUMUS!
“Adsumus” ... exprime a presença da força para
salvaguardar a liberdade.
“Adsumus” ... significa a ordem para manter a autoridade.
“Adsumus” ... simboliza o sacrifício para o bem comum.
“Adsumus” ... traduz o heroísmo no combate.
“Adsumus” ... é a resposta quando a pátria chama.
“Adsumus” ... é o dever cumprido.
Fuzileiros! ADSUMUS ...É este o vosso lema.
Que presente mais expressivo poderia receber o Corpo
de Fuzileiros Navais do Brasil, do que a perpetuação daquilo que de há muito está gravado em cada coração fuzileiro?
Receberá sua palavra de ordem: ADSUMUS.”
Em 1983, a Sra. Violeta enviou uma carta para o eminente Chefe Naval Almirante (FN) Sylvio de Camargo, onde
explicava o significado e a grafia correta do lema. Em recente consulta efetuada ao Colégio São Bento, seus professores
de latim corroboraram com o constante da referida carta, informando que a palavra “Adsumus” vem do verbo latino
intransitivo “adsum” e significa em seu sentido próprio o ato de estar presente, estar entre, estar junto. Em seu sentido
figurado exprime a idéia de tomar parte, participar, ajudar, favorecer, estar apto ou pronto para. Por extensão, significa,
também, o sentimento de permanente prontidão para toda e qualquer atividade ou missão que venha ser cometida a
nós Fuzileiros Navais. Pode assumir uma entonação amistosa, de quem se dispõe a ajudar, ou agressiva e enérgica, de
quem adverte e se dispõe a repelir qualquer afronta ou agressão. Todas essas idéias estão condensadas na mais fiel
tradução de nosso lema: AQUI ESTAMOS.
Hoje, podemos detectar que traços desse sentimento certamente deviam permear nossos antecessores, que aqui
chegaram em 1808, acompanhando o traslado da Família Real Portuguesa para a cidade do Rio de Janeiro. A Brigada
Real de Marinha, quando chamada a comparecer, prontamente se fez presente. E no dia 07 de março, toda a Brigada
aqui estava, pronta para prestar os serviços que se fizessem necessário à Família Real .
Com o decorrer dos anos, esse sentimento pôde ser acendrado. Sucessivas gerações compartilharam desse espírito
e puderam clamar “aqui estamos” cada vez que a Marinha ou a Nação lhes solicitava o apoio. Os alicerces bem
assentados da disciplina e da lealdade, aliados à continuidade administrativa de suas lideranças, permitiram ao Corpo
manter, ao longo de décadas, essa invulgar capacidade de prontidão.
Após quarenta e seis anos, podemos notar o quão feliz e acertada foi a decisão de se adotar essa divisa para o
CFN. Dentro do espírito de preservação de nossa preciosa memória é que publicamos uma cópia da carta da Sra.
Violeta. Essa é, também, uma forma de homenagear aquela talentosa senhora, que, convivendo, como esposa, e
acompanhando a vida profissional de um de nossos melhores exemplos de Fuzileiro Naval, o Almirante Leônidas Telles
Ribeiro, pôde consubstanciar em um lema, todo o sentimento de várias gerações de Fuzileiros Navais e com ele dar um
presente de duração eterna ao CFN.
Nota da Redação: ADSUMUS se escreve como uma só palavra, sendo incorreta a grafia Ad Sumus.

PENSE
“Prudência é o verdadeiro espírito da defesa, coragem e
audácia o verdadeiro espírito do ataque.”
Clausewitz, Livro 7, Cap 15.
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Resposta do “Pense” anterior – “Âncoras e Fuzis nº 24”

“A arte da guerra é, em última análise, a arte de retirar a


liberdade de ação do oponente.”
Xenophon (430-355 ac)
Foi com grande satisfação que este Comando-Geral constatou o interesse despertado por este pensamento
de Xenophon, um historiador grego e capitão do exército espartano que viveu entre 430-355 aC. Ao todo, 172
militares participaram enviando suas próprias impressões sobre a frase proferida há 2400 anos.

Nesta edição, destacaram-se as contribuições enviadas pelos aspirantes da ESCOLA NAVAL. Quarenta e
dois aspirantes contribuíram com essa coluna, o que denota a preocupação com o estudo do pensamento militar
e da história, característica de grande importância para a formação de bons oficiais. Demonstrações dessa
monta, ainda mais quando vindas de nossos “sentinelas dos mares”, além de encherem de satisfação e orgulho
todo o CFN, tranqüilizam as gerações mais antigas com a certeza de que as gerações vindouras estão, já em
processo de formação, ciosas de suas responsabilidades e comprometidas com o estudo da teoria da guerra.
BRAVO ZULU ESCOLA NAVAL!.
De um modo geral, foi elevado o padrão das colaborações enviadas por todas as OM. No entanto, os
militares a seguir relacionados destacaram-se por terem conseguido bem expressar suas idéias abordando o
tema com grande propriedade.
CPesFN: CF(FN) Gagliano;
Escola Naval: Asp(FN) 4007 Adelton Dias, Asp(FN) 4012 Michel Melo, Asp(FN) 4026 Sena, Asp(FN)
4038 Tierce, Asp(FN) 4039 Eduardo Pessanha, Asp(FN) 4077 Danilo Lopes, Asp(FN) 4097 Bruno Tiago, Asp
3005 Moraes, Asp 3012 Rafael Teixeira, Asp 3059 Daniel Rocha, Asp 3066 Hebert, Asp(FN) Asp 3096 Eugênio,
Asp(FN)3097 Cesar Silva e Asp 1093 Araujo;
2ºBtlInfFuzNav: CT(FN) Vannei, 1º Ten(FN) Espiúca, 2ºTen(FN) Barroso, 3º SG-FN-IF Charles R.L., 3º
SG-FN-IF Palácio, 3ºSG-FN-IF Manoel, CB-FN-IF Reis, CB-FN-IF Reginaldo, CB-FN-IF Brito, SD-FN Leal,
SD-FN Guerra, SD-FN Rocha, SD-FN Pacheco e SD-FN Costa.

Dentre todas as contribuições, a do Aspirante 3092 - GUSTAVO SUZART DE SIQUEIRA destacou-


se pela precisão de suas idéias, clareza e pela forma como conseguiu elaborar um texto harmonioso e
de agradável leitura, como podemos observar a seguir:
“O poder de fogo de uma força em muito influi no combate. Porém, não basta ele ser maior que o do inimigo
para se tornar o fator decisivo da batalha. O planejamento tático compõe a fase mais importante de qualquer
operação, pois é analisando nossas características e também as do nosso oponente que conseguimos identificar
todas as possibilidades de ação para limitar suas ações e conquistar o objetivo.
O bom combatente caracteriza-se pela sua inteligência e não, apenas, pela sua força. A excelente vitória
não dá-se pelo tamanho da destruição nem pelo número de baixas causadas no inimigo. Ela dá-se pelo uso
inteligente dos meios disponíveis, exigindo o mínimo esforço da tropa. E para que isso ocorra é necessário um
cuidadoso planejamento. Deve-se estar perfeitamente inteirado das condições do adversário, das características
do terreno para o seu melhor aproveitamento e para a melhor utilização dos equipamentos tecnológicos e,
principalmente, deve-se ter rápido poder de decisão. O bom líder deve saber antecipar-se ao oponente, deve ser
criativo, deve imaginar o que faria se estivesse em seu lugar, para restringir ao máximo sua liberdade de ação.
Atualmente, a maioria das batalhas têm sido travadas à distância. O acelerado desenvolvimento tecnológico
é o fator causador dessa questão. As Forças Armadas de todo o mundo participam de uma verdadeira corrida
pelo aprimoramento de seus meios. Os modernos sistemas de comunicação e detecção propiciam a criação de
estratégias cada vez mais eficientes e, o líder que os possuir, juntamente com o excelente preparo militar e a
coragem para decidir, estará sem dúvida perto da vitória. O combate corpo a corpo tem-se tornado cada vez
mais raro e os custos com as guerras cada vez maiores. Portanto, será um bom líder aquele que conseguir levar
sua tropa à conquista do objetivo sem o desperdício de seus recursos tecnológicos e humanos.
A arte de guerrear consiste em saber planejar, saber usar o poder de dissuasão, saber dissimular, saber
desgastar psicologicamente o inimigo e confundi-lo a ponto de que ele não saiba se ainda lhe restam saídas.
Logicamente, é impossível vencer uma guerra sem causar mortes. Mas o líder que consegue extinguir por
completo as possibilidades de ação do oponente, provocando o mínimo de baixas possível, prova ser um verdadeiro
mestre na arte de combater.”
4
CAMINHÃO OFICINA STEYR
O CFN acaba de incorporar ao seu inventário o caminhão STEYR 5 Ton 12M 18 equipado com um contêiner oficina.
Sua chegada ao Brasil ocorreu no ano de 2001, juntamente com os carros de combate SK105A2S e com a viatura
blindada socorro 4KH7FA, a fim de servir como base de apoio aos técnicos da empresa austríaca STEYR DAIMLER-
PUCH, fabricante dessas viaturas, quando de suas visitas ao país durante o período de garantia contratual.
O contêiner oficina é dotado de gerador próprio 220V, tomada receptora para fonte externa de energia 220V, bancada
para manutenção, equipamento de solda elétrica, ferramental especial para
o SK105A2S, jogos diversos de ferramentas comuns e especiais e uma
mini-cozinha, todos acondicionados em gavetas, caixas e suportes próprios
permitindo perfeita fixação durante os deslocamentos da viatura. O
contêiner conta, também, com um sistema mecânico que permite o seu
desacoplamento sem o auxílio de guindaste.
Durante os anos de 2001 e 2002 a viatura permaneceu no Centro de
Reparos e Suprimentos Especiais do Corpo de Fuzileiros Navais, com a
finalidade de apoiar a condução dos cursos de segundo escalão da torre e
do chassi. Em dezembro de 2002, foi levada para a área da então
Companhia de Carros de Combate, hoje Batalhão de Blindados de Fuzileiros
Navais, onde permanece estacionada.
Em 03 de dezembro de 2003, a STEYR por intermédio de seu
representante no Brasil, resolveu doar ao Corpo de Fuzileiros Navais a
citada viatura que hoje já ostenta em sua carroceria as cores do CFN e o
nº 28305060.
Sempre que as subunidades do Batalhão de Blindados se deslocarem,
lá estará nossa viatura oficina pronta para dar o suporte de manutenção
necessário e preciso aos carros de combate. Seja bem-vinda ao Brasil e
em, especial, ao nosso Corpo de Fuzileiros Navais. ADSUMUS.

Colaboração do CMG (FN-RM1) Renato Lins Furtado

O SISTEMA DE MOBILIZAÇÃO MARÍTIMA


O Sistema de Mobilização Marítima (SIMOMAR) constitui-se no conjunto de atividades sistêmicas, empreendidas
rotineiramente na MB, relativas à previsão das necessidades de complementação das funções logísticas e ao planejamento
antecipado de seu atendimento, para fazer face a uma situação de emergência decorrente da iminência de concretização de
uma Hipótese de Emprego. O EMA-401 – Manual de Mobilização Marítima estabelece os procedimentos a serem adotados
na MB para o planejamento da Mobilização Marítima, sendo a base doutrinária para as diversas ações a ela inerentes. O
Comando-Geral do CFN, integrante do SIMOMAR como ODS líder do Subsistema de Recursos Humanos, deve estar em
condições de atuar como tal, de modo a orientar o planejamento do preparo e da execução da Mobilização e da Desmobilização.
Com relação às funções logísticas de manutenção e suprimento, na condição de ODS, deve controlar e coordenar as
atividades das OM subordinadas referentes ao planejamento do preparo da Mobilização e da Desmobilização, de acordo
com a orientação do ODS líder do Subsistema considerado, respectivamente DGMM e SGM, visando atender ao emprego
de Grupamentos Operativos de Fuzileiros Navais (GptOpFuzNav), quando da efetivação de uma das Hipóteses de Emprego
(HE), previstas na Estratégia Militar de Defesa.
No CPesFN, já vem sendo efetuado o cadastramento do pessoal da reserva, conforme previsto no EMA-401, além de
constar no seu Regulamento tarefa específica sobre Mobilização de Pessoal, bem como estrutura organizacional definindo
setores responsáveis pela sua implementação. No CMatFN, foi criada uma Assessoria especialmente para tratar do assunto
mobilização no âmbito daquele Orgão Especializado. No CGCFN, está sendo criada uma Comissão Permanente de Mobilização
(CoPMob), cujo trabalho garantirá o tratamento perene do assunto no âmbito deste ODS líder. A esta Comissão, que
contará com a participação de representantes dos departamentos do CGCFN, das OM subordinadas e de outras OM, tais
como ComOpNav, DSAM, DTM (a serem nomeados por indicação dos seus respectivos Comandos), competirá assessorar
o ComGerCFN quanto ao:
- levantamento das necessidades de interesse do CFN no que se refere à mobilização; e
- estabelecimento de orientações para o planejamento do preparo e da execução da Mobilização e da Desmobilização do
Subsistema de Recursos Humanos do CFN e da parcela do Plano de Mobilização dos Subsistemas de Manutenção e
Suprimento, relativa às atividades sob seu controle.
Desta forma, será possível atender a uma das principais Diretrizes Básicas da Marinha, qual seja: “desenvolver atividades
de mobilização de interesse naval”, além de permitir uma atenção permanente ao tema no setor CGCFN, inserindo o CFN no
SIMOMAR e garantindo o atendimento das necessidades dos GptOpFuzNav, quando empregados em atendimento às HE.
Colaboração do CC(FN) Evandro Oliveira D’Aquino
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FUZILEIROS NAVAIS DO MÉXICO
Os Infantes de Marinha da Armada do México têm a missão de contribuir com as tarefas de defesa
nacional e segurança interna por meio da execução de operações anfíbias, patrulhas, ações de vigilância e
outras operações. Suas forças possuem as seguintes capacidades: executar tarefas de combate anfíbio,
segurança interna, operações ribeirinhas, operações na selva, incursões,
operações aerotransportadas e de assalto vertical.
Atualmente, os Infantes de Marinha mexicanos desenvolvem as seguintes
tarefas:
• defesa da soberania e integridade do
território nacional contra agressões vindas do mar;
• proteção de instalações estratégicas;
• proteção do patrimônio marítimo;
• controle do tráfego marítimo; e
• manutenção do Estado de Direito.
Para a consecução destas tarefas, dispõem de
um efetivo de 8.600 militares, organizados em duas
Forças de Reação Anfíbias. Uma destas forças está preparada para atuar em proveito da Força Naval do Pacífico, enquanto a outra
apóia a do Atlântico. Ambas possuem a estrutura acima apresentada, contendo dois Batalhões Anfíbios, um Batalhão de Comandos
Anfíbios, um Batalhão de Artilharia, um Batalhão de Viaturas Anfíbias, um Batalhão de Serviços e um Grupo Aeronaval com dois
esquadrões de aeronaves, um de transporte e outro de reconhecimento e ataque.

GUERRA DE MANOBRA
VULNERABILIDADES E OPORTUNIDADES
Gerar poder de combate em uma força não é uma tarefa simples. Em combate, uma força superior pode desperdiçar seu poder
dissipando-o em atividades secundárias ou concentrando seus esforços em objetivos não decisivos. Para vencer é preciso
concentrar poder de combate sobre um objetivo decisivo.
As chances de sucesso serão maiores se concentrarmos nossas forças contra as fraquezas inimigas, ao invés de confrontá-las
contra seus pontos fortes. Deste modo, deve-se buscar atacar o inimigo onde, quando e onde ele for mais vulnerável. Isto significa
que devemos evitar suas frentes e superfícies, onde ele normalmente é mais forte e mantém o foco de sua atenção, para buscarmos
seus flancos e retaguarda, onde ele não está esperando ser atacado e pode-se causar mais danos físicos e psicológicos. Note-se,
que estes conceitos de frente, flanco e retaguarda não estão, necessariamente, vinculados apenas à posição da tropa inimiga, mas,
também, à sua organização e ao grau de atenção que seu comandante devota aos vários aspectos de sua força. Em suma, deve-se
atacar o inimigo na hora e no local em que ele estiver mais vulnerável.
De todas as vulnerabilidades devemos escolher para explorar aquela que for mais crítica ao inimigo, pois o meio mais eficaz de
se vencer o inimigo é destruindo aquilo que é mais caro para ele. Devemos focar nosso esforço em algo que, se eliminado, fará o
maior estrago possível na sua capacidade de resistir às nossas forças. Devemos, portanto, concentrar nossos esforços contra as
Vulnerabilidades Críticas inimigas. Logicamente que quanto mais vulnerável e quanto mais crítica, melhor. Ocorre, no entanto,
que nem sempre o que está vulnerável é crítico para o inimigo, da mesma forma que o que é crítico para o inimigo pode não estar
vulnerável. A solução deste dilema passa pela capacidade de julgamento militar que permitirá pesar o grau de vulnerabilidade, com
o grau de criticabiblidade inimiga, para então compará-lo com nossas próprias capacidades, resultando na decisão do comandante
em como agir. Reduzindo todo este raciocínio temos: devemos atacar o inimigo quando e onde pudermos machucá-lo mais.
Este conceito pode ser aplicado para todos os níveis de condução dos conflitos, isto é, desde o nível estratégico-militar até o
tático, devendo, portanto, ser considerado pelos líderes de todos os escalões. No nível estratégico-militar, a vulnerabilidade crítica
(VC) pode ser algo intangível, como a opinião pública do país ou um sistema de alianças, apesar de, também, poder estar materializado
em uma cidade de importância política ou em uma fonte de recursos para a guerra. No nível tático, é mais provável que a VC se
apresente de forma física, como um flanco exposto, uma linha de comunicação estendida, um depósito de suprimentos, uma brecha
no sistema defensivo inimigo ou a parte mais fraca da blindagem de um carro de combate.
No entanto, a VC inimiga raramente estará exposta, particularmente, para os baixos escalões. Deve-se, portanto, adotar a prática
de explorar toda e qualquer vulnerabilidade que o inimigo apresente, até que se possa perceber uma oportunidade realmente crítica
para o inimigo. Isto nos conduz à seguinte máxima: explorar sempre as oportunidades. Os resultados decisivos em combate nem
sempre são a conseqüência direta de uma ação deliberada. Muitas vezes, a ação inicial serve apenas para criar as condições
necessárias para as ações subseqüentes, estas, sim, seriam as decisivas.
Por ser um conflito de interesses e de vontades, o combate gera, naturalmente, uma série de oportunidades para ambos os lados
contendores. Essas oportunidades, no entanto, não são permanentes nem constantes na forma como se apresentam. Oportunidades são
quase sempre passageiras, principalmente as boas. O caos inerente ao combate contribui, também, para o surgimento, desaparecimento
ou transformação dessas oportunidades, que podem ser fruto de nossas ações, dos erros inimigos ou, mesmo, uma questão de sorte.
A exploração de oportunidades cria, por sua vez, uma série de outras oportunidades. E é, normalmente, a capacidade de explorar,
sucessivamente, as oportunidades que se apresentam, que produz resultados decisivos. Esta capacidade de explorar oportunidades
é função direta dos seguintes atributos dos líderes em geral: iniciativa, flexibilidade, coragem e audácia.
Referências: CGCFN-1000 Manual de Organização e Emprego de GptOpFuzNav; “FMFM 1 Warfighting”; e “FMFM 1-3 Tatics”.

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DECIDA
O SEGUNDO COMBATE DA CIDADE DOS AFLITOS

Este DECIDA é uma continuação da situação tática apresentada na última edição. Apesar dos meios envolvidos
serem os mesmos, assim como o terreno, não existe nenhuma relação direta entre as soluções apresentadas para o
DECIDA anterior e este novo problema militar. Assim sendo, qualquer militar que tenha enviado solução ou mesmo
aqueles que, porventura, não tenham tomado conhecimento do Âncoras e Fuzis anterior, podem participar dessa
edição. Neste sentido, apresenta-se, a seguir, a nova situação:
O Sr. é o comandante da 3ªCiaFuzNav do 3ºBtlInfFuzNav. Sua CiaFuzNav está toda embarcada em CLAnf,
sendo apoiada por um PelCC, uma SeçMAC e um GpPion. A BAnf vem se deslocando na direção geral norte. Seu
BtlInfFuzNav recebeu a missão de encontrar um ponto de passagem no Rio dos Aflitos, próximo à cidade de mesmo
nome, a fim de facilitar a progressão da BAnf.
A 2ºseção da BAnf, agora pela manhã, informou a existência de um batalhão inimigo de natureza mecanizada se
deslocando para o sul pela rodovia 1 para reforçar as tropas na cidade dos Aflitos, com previsão de chegada para o
início da segunda metade desta jornada.

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Desse modo, o comandante da BAnf decidiu por uma Transposição Preparada e ordenou o avanço de mais
poder de combate à frente. Os pontos de passagem sobre o Rio dos Aflitos passaram a ser de grande relevância
para o prosseguimento das ações da BAnf. Na Zona de Ação do 3ºBtlInfFuzNav, destaca-se em importância a
ponte da rodovia 1. Essa decisão sobre a transposição coube ao comandante da BAnf, pois este tipo de operação
envolve o emprego de meios de todo o GptOpFuzNav e não apenas do CCT, extrapolando, portanto, a capacidade
de decisão do GDBda.
A 3ªCiaFuzNav recebeu a tarefa de reconhecer a estrada 6, a fim de levantar a natureza e o dispositivo inimigo
na região. Sua companhia está realizando o esforço principal do 3ºBtlInfFuzNav e possui, portanto, a prioridade de
fogos da Artilharia, do Morteiro 81mm, bem como do Apoio Aéreo Aproximado a ser desencadeado pelo Componente
de Combate Aéreo (CteCA).
Por volta das 0805P, o Sr. avançou até cerca de dois quilômetros da rodovia 1 e posicionou o 2º PelFuzNav(Ref)
na elevação a sua direita para proteger este flanco. Às 0825P, o 1ºPelFuzNav(Ref), sua fração de vanguarda,
informou pelo rádio: “observada viatura de reconhecimento inimiga abandonando Elevação do Entroncamento, seguindo
em direção à cidade. Observei, também, três viaturas de Recon e talvez um GC, o bastante para ser uma seção
Recon do Btl inimigo, fora isso, a cidade parece muito quieta e vazia”. O Sr. notou que não havia sinal de outras
tropas de infantaria, viaturas mecanizadas, armamento pesado ou posições defensivas preparadas na cidade. Neste
momento, o 2º PelFuzNav(Ref) informa pela fonia: “observando tropa inimiga mecanizada na estrada do rio a uns
cinco quilômetros a leste da cidade, deslocando-se em direção à ponte. Até o momento contei seis VBTP e dois CC,
mas acho que pode haver mais vindo”.
O Sr., numa clara demonstração de coragem, audácia e iniciativa, características inerentes aos líderes militares
de todos os escalões, decidiu por explorar a oportunidade que ora se apresentava. Ordenou que o 2ºPelFuzNav(Ref),
reforçado pela SeçMAC, engajasse o inimigo. O 1ºPelFuzNav(Ref), reforçado pelo GpPion, deveria atacar e conquistar
a Cidade dos Aflitos. O 3ºPelFuzNav(Ref) e o PelCC deveriam permanecer em reserva na Elevação do
Entroncamento.
O 1ºPelFuzNav(Ref) cruzou a ponte e avançou pela cidade, aparentemente sem encontrar resistência. O
2ºPelFuzNav(Ref) obteve êxito em sua ação contra o inimigo, que após ter dois de seus VBTP fora de combate,
retraiu para NE. Neste momento, o comandante do 3ºBtlInfFuzNav chamou-o à fonia: “É imperativo que o Sr.
conquiste e mantenha a Cidade dos Aflitos até que o batalhão possa te reforçar.”.
Logo a seguir, a Elevação do Entroncamento começou a receber fogos de artilharia e o Sr. pôde ouvir os sons de
explosões e de combate vindos da cidade. O Sr. perdeu o contato fonia com o 1ºPelFuzNav(Ref), mas pôde perceber
que o pelotão havia caído em uma emboscada. Após longos minutos de tensão e suspense, uma voz à fonia,
provavelmente vinda do 1ºPelFuzNav(Ref), informou: “Estamos cercados..., o tenente morreu..., muitos morreram...,
outros estão feridos..., eles estão por toda a parte..., nos prédios e casas..., envie reforços...”
São 0900P, até dez minutos atrás o 3ºBtlInfFuzNav não tinha nenhum novo informe sobre o batalhão inimigo ao
norte. O QUE O SR. VAI FAZER DESTA VEZ, CAPITÃO?

Resposta do “Decida” anterior – “Âncoras e Fuzis nº24”


O Comando-Geral parabeniza a todos os militares que participaram enviando decisões para o problema militar
aqui apresentado. É importante salientar que a intenção desta coluna não é selecionar uma única e melhor solução à
situação tática apresentada. O objetivo maior é suscitar o debate entre os militares, de forma que novas e diversificadas
idéias surjam. O ganho, então, deve ser da coletividade que, tomando parte na discussão, pode depreender outras
formas de resolver um mesmo problema. Desta forma, recomenda-se que tanto as soluções aqui apresentadas como
as novas propostas de DECIDA sejam debatidas em grupos, dentro das frações ou subunidades, o que de forma
alguma deve inibir iniciativas individuais de apresentar suas próprias decisões.
O quadro “Lições Aprendidas” apresenta algumas observações sobre os procedimentos adotados em algumas
das diversas soluções enviadas. Como sempre ressaltamos, não se pretende estabelecer regras rígidas de conduta
operativa e, sim, concentrar conhecimentos e apontar direções que costumam conduzir ao sucesso em combate.
Dentre as soluções enviadas, os seguintes militares destacaram-se, seja pela simplicidade e correção do formato
adequado para transmitir suas ordens, seja pela originalidade de sua idéia de manobra:
Escola Naval: Asp(FN) 4011 Fernando Junior; Diretoria de Engenharia Naval: 1ºTen(EN) Celso; CIASC:
CT(FN) Cunha Barbosa, CT(FN) Zupo Valente, CT(QC-FN) Russo, CT(FN) Márcio Abreu, CT(FN) Aristone e
CT(FN) Alexandre Rocha; BtlOpEspFuzNav: 1ºTen(FN) Garcia; BtlArtFuzNav: CT(FN) Litwak; e
2ºBtlInfFuzNav: CT(FN) Vannei, 1ºTen(FN) Espiúca, 2ºTen(FN) Cleber, 2ºTen(FN) Barroso, 2ºTen(FN) Sérgio
Luiz, 3ºSG-FN-IF P.J.C.Álvares, 3º SG-FN-IF Tramontini, 3ºSG-FN-IF Danieleto, 3ºSG-FN-IF G.N. Moreira, 3º
SG-FN-IF E.F. Magalhães.
A solução a seguir apresentada foi enviada pelo CF(FN) WAGNER DOS SANTOS GAGLIANO (CPesFN) e

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teve o mérito de bem explorar o Princípio da Ofensiva, os conceitos de Guerra de Manobra e de empregar os
diversos meios de Apoio ao Combate. O Cmt Gagliano, ao observar a oportunidade de assegurar o controle da ponte
sobre o Rio dos Aflitos, decidiu por avançar sobre a cidade e estabelecer PBlq nos eixos que demandam a ponte.
Essa decisão contém os seguintes aspectos positivos: tentativa de obter a iniciativa das ações, impondo ao inimigo o
local, as condições e a forma de combater (Princípio da Ofensiva); observação do conceito “Intenção do
Comandante”, que prevê que os subordinados entendam o contexto maior em que suas tarefas estão inseridas,
possibilitando-lhes o exercício da iniciativa quando uma situação inesperada ocorrer, no caso, apesar de sua tarefa
ser de conduzir um Reconhecimento em Força, ele percebeu a importância da ponte para a condução das ações de
toda a BAnf e priorizou a sua conquista; além disto, a solução ainda contempla o emprego de todos os meios de
apoio de fogo, observando as características inerentes a cada arma, destacando-se o emprego do ApAeAprx contra
os blindados inimigos.

Exame da situação
A situação é bastante indefinida, porém, exige uma decisão rápida de modo a obter a surpresa. Uma das
questões fundamentais é saber se existem ou não forças inimigas além do nosso campo visual e que possam
interferir em nossas ações. Nossas principais preocupações são a fração inimiga de Recon, e a tropa inimiga
mecanizada, deslocando-se em direção à ponte da rodovia 1 sobre o Rio dos Aflitos, vinda do Leste, que poderão
constituir forte ameaça ao cumprimento de nossa missão. A realização do esforço principal pela 3ªCiaFuzNav
nos possibilitará a prioridade do emprego das aeronaves do CteCA, em Apoio Aéreo Aproximado, para recon e
ataque nos eixos de nosso deslocamento, apoio este decisivo para o sucesso de nossas ações.

Decisão
Esta companhia solicitará reconhecimento aéreo armado, nos eixos que demandam a região circunvizinha à
ponte e no eixo de deslocamento da Unidade de Recon e da tropa inimiga mecanizada, as quais deverão ser
engajadas e neutralizadas. Como medida adicional deverão ser planejadas barragens de artilharia nestes mesmos
eixos, além do intenso emprego do Apoio de Artilharia para neutralização e destruição dos alvos confirmados.
Enviará, desde já, Recon de Engenharia na ponte e para a identificação de pontos de transposição para
viaturas anfíbias nas margens do Rio dos Aflitos, dentro de sua Zona de Ação.
Realizará, desde já, Recon com o Pel CC, em toda a estrada 6 para a identificação da natureza e do dispositivo
inimigo. Ao término do recon o PelCC deverá assumir posição junto à reserva da Companhia.
Estabelecerá posição defensiva com o 2º/3ª CiaFuzNav em sua atual localização.
Manterá em Zona de Reunião, na macega a leste do entroncamento da rodovia 1 com a estrada 6, a Seção
MAC, em condições de assumir posição na margem Sul do Rio dos Aflitos, de modo a engajar qualquer inimigo
mecanizado que se desloque pela Estrada da Cidade dos Aflitos, até que as PBlq estejam estabelecidas quando
então a Seção MAC deverá ser reposicionada de modo a engajar alvos que se desloquem pelos eixos que
demandam a Cidade dos Aflitos pelo Norte.
A Companhia menos o 2º Pelotão deslocar-se-á na direção geral Norte-Sul, buscando destruir qualquer
remanescente inimigo em seu eixo de deslocamento.
Estabelecerá Posições de Bloqueio nos eixos que, pelo Norte, demandam a Cidade dos Aflitos.
Deverá ser dada grande ênfase ao emprego do Apoio de Fogo e principalmente, à rapidez das ações mesmo
que em detrimento da garantia da segurança devendo-se sempre ponderar os riscos advindos das incertezas. As
PBlq deverão possuir armamento AC ou estar apoiadas por CC.
Manterá em reserva o 3ºPelFuzNav.

Ordem aos elementos subordinados:


1º PelFuzNav(Ref)
- Deslocar-se a cavaleiro da Estrada 6 e posteriormente da Rodovia 1.
- Destruir ou neutralizar o inimigo remanescente inimigo em seu eixo de deslocamento.
- Assumir posição a cavaleiro da ponte, estabelecendo PBlq nos eixos que demandam a ponte ao Norte do Rio
dos aflitos.
2º PelFuzNav (Ref)
- Estabelecer posição defensiva em sua atual posição.
Seção MAC
- ApCj à Companhia com a Prioridade de Fogos para o 2ºPelFuzNav.

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GpPion
- Realizar Recon de Engenharia na ponte da Cidade dos Aflitos e identificar pontos de transposição para
viaturas anfíbias nas margens do Rio dos Aflitos, dentro da Zona de Ação.
Reserva - 3º PelFuzNav(Ref), Pel CC (-)
- Assumir posição ao Norte do Rio dos Aflitos em condições de reforçar as PBlq e de efetuar CAtq a unidades
inimigas que incidam em nossas posições.”

LIÇÕES APRENDIDAS

1 – MITM-T: ao se executar o Exame da Situação deve-se levar em consideração os Fatores da Decisão


- Missão, Inimigo, Terreno, Meios e Tempo disponível. Essa regra mnemônica permite guardar em apenas uma
palavra toda uma série de aspectos a serem analisados em qualquer situação de combate. O repetido uso desse
artifício faz com que os líderes desenvolvam seu raciocínio tático, permitindo-lhes acelerar cada vez mais o
processo de análise, sem que se perca o foco das questões mais importantes a serem consideradas em cada
situação;
2 – Componente de Combate Aéreo: poucas soluções contemplaram o emprego das aeronaves disponíveis.
Este meio de apoio de fogo, devido às suas características intrínsecas de velocidade, mobilidade, precisão e
efeito moral é um fator multiplicador do poder de combate de qualquer tropa, além de ser um tipo de armamento
indicado para o ataque a blindados;
3 – Meios em Apoio: o comandante de CiaFuzNav desempenha um papel de fundamental importância na
coordenação e no emprego de todos os meios de apoio disponíveis. Durante o planejamento de sua ordem de
ataque ele deve ter sempre em mente a conjugação necessária entre sua idéia de manobra e o efeito desejado
que buscará obter com o emprego de cada arma de apoio. Muitas soluções apresentadas não consideraram o
emprego de todos os meios disponíveis, ou empregaram esses meios em tarefas dissociadas da idéia de manobra
principal;
4 – Engenharia não fica em reserva: por ser uma arma altamente especializada e ter sempre diversas
possibilidades de emprego, não é recomendável que se coloque o GpPion em reserva. Além dele não ser a tropa
mais indicada para reforçar os PelFuzNav, ele poderia estar desenvolvendo outras atividades, específicas de
engenharia, em proveito da idéia de manobra da CiaFuzNav;
5 – Manter uma RESERVA: por maior que seja a quantidade de atividades e tarefas a serem desencadeadas
pela CiaFuzNav, é recomendável que seu comandante mantenha sempre uma de suas peças de manobra em
reserva, ainda que seja necessário o acúmulo de atividades pelos PelFuzNav em primeiro escalão, ou que
tarefas menos prioritárias sejam postergadas. A reserva confere flexibilidade ao comandante, permitindo-lhe
interferir na condução das ações se algo der errado. É sempre bom lembrar que em combate muitas coisas
costumam dar errado.
6 – Pelotão de Petrechos: esse pelotão é outra importante ferramenta para a multiplicação do poder de
combate das CiaFuzNav. Por ser uma fração subordinada, seu grau de entrosamento com os demais pelotões e
com o comando da companhia é bastante elevado, sendo, portanto, um elemento de grande confiabilidade.
Assim sendo, o comandante da CiaFuzNav deve ter especial atenção no emprego tanto da metralhadora como
do morteiro, não esquecendo de sempre empenhá-los no combate, definindo, claramente, suas tarefas;
7 – Obter e manter a iniciativa: esse Fundamento da Ofensiva prevê que a obtenção e manutenção da
iniciativa são essenciais para que o comandante possa impor sua vontade, ao invés de apenas reagir às iniciativas
inimigas. Para tal, deve empregar agressivamente seu poder de combate, lançar mão da surpresa e aproveitar-
se oportunamente dos erros do inimigo. Algumas soluções optaram por adotar uma postura defensiva, deixando
para o inimigo a opção de escolher quando e onde atacar; e
8 – Tarefas Táticas: ao prescrever a Ordem aos Elementos Subordinados, o comandante, em todos os
escalões, deve atribuir tarefas que definam claramente a ação operativa a ser cumprida, podendo incluir, também,
informações sobre o local e o momento de se executar a tarefa. Para tal, deve empregar verbos que traduzam
uma Tarefa Tática, como: assaltar, atacar, atrair, capturar, cobrir, conter, defender, destruir, esclarecer, escoltar,
impedir, incursionar, localizar, manter, minar, neutralizar, ocupar, repelir, retardar, varrer e vigiar.

As contribuições devem ser encaminhadas a este Comando-Geral até o dia 6 de agosto, devendo
conter: o exame da situação, a decisão e as ordens aos elementos subordinados.

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Prontificação de viaturas
para missão no Haiti
No cumprimento de sua tarefa de contribuir para o aprestamento do
setor operativo, o Centro de Reparos e Suprimentos Especiais do CFN,
realizou a revisão mecânica e pintura na cor branco-padrão “UN” das
viaturas integrantes do Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais – HAITI.
Tal atividade foi realizada, em uma primeira fase, com a revisão mecânica,
em oito dias, de dezesseis VtrOp toyotas e cinco reboques. Em uma
segunda fase, foram pintadas de branco 44 VtrOp de diversos tipos, faina
que foi concluída em apenas seis dias.
Assim, refletindo as orientações maiores e apoio do ComGerCFN e do
CMatFN, estas realizações evidenciam a capacidade de pronta resposta
desta OMPS-I, sendo motivo de grande satisfação dos seus integrantes,
pelo sentimento de ter contribuído para que a Força de Fuzileiros da
Esquadra cumpra sua missão.
ADSUMUS.

A GUERRA CENTRADA EM REDES


(NETWORK CENTRIC WARFARE)
A guerra tem as características de cada época. As ferramentas e táticas
sempre evoluíram em consonância com o conhecimento e a tecnologia
disponíveis. Esta evolução, algumas vezes, ocorre de forma violenta.
A guerra da era da informação irá embutir as características que
distinguem esta época que estamos vivendo das anteriores. Características
estas que afetam os meios carreados para o espaço de batalha, bem como o ambiente no qual o conflito ocorre.
No campo militar, busca-se aproveitar as potencialidades da superioridade obtida pela posse de informações
de valor na condução das ações.
Para exemplificar, imagine-se a introdução do radar no final da Segunda Guerra Mundial. A mudança causada
na estrutura de comando e controle ofereceu aos aliados um acréscimo de poder de combate decisivo.

Conseqüentemente, a aplicação das novas tecnologias da era da informação vai obrigar à exploração de
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novos conceitos de emprego, especialmente de guerra de manobra, que vão gerar transformações importantes
na estrutura e no emprego de Grupamentos Operativos.
A guerra atual é centrada nas plataformas (platform-centric warfare). Esta guerra deverá evoluir para estar
em consonância com o conhecimento e a tecnologia hoje disponíveis.

O termo guerra centrada em rede (GCR - Network-centric warfare - NCW), parece ser o melhor para
descrever a forma de organização militar e de combater na era da informação.
Pode-se conceituar GCR como operações realizáveis com a superioridade obtida pela posse de informações
de valor que geram uma ampliação do poder de combate por meio de sensores, Comandantes (decisores) e
tropas (combatentes), interligados em rede para alcançar um entendimento comum e compartilhado do espaço
de batalha, ampliar a velocidade de transmissão de ordens, aumentar o ritmo das operações, da letalidade,
reduzir o número de baixas e alcançar um mínimo de sincronização.

Como exemplo, imagine-se uma Força que disponha de tecnologia para obter informações sobre o inimigo
em tempo real e poder de combate para desencadear ações ofensivas onde menos se espera. Esta Força terá
pleno domínio do espaço de batalha. Este confronto pode ser comparado ao de dois lutadores em combate
corporal, onde um deles está com os olhos vendados e os ouvidos obstruídos.
Em resumo, GCR transforma a superioridade obtida pela posse de informações de valor em poder de
combate ao ligar com eficácia entidades conhecidas no espaço de batalha.
De fato, a GCR é mais acerca de trabalho-em-rede do que, somente, de redes de computadores e internet.
É acerca do poder de combate ampliado que pode ser gerado por uma força centrada em rede. O poder da
GCR é derivado da ligação efetiva ou trabalho-em-rede de “entidades reconhecíveis” que estão geográfica ou
hierarquicamente dispersas. O fato de trabalharem em rede proporciona a essas “entidades reconhecíveis” a
partilha de informação e colaboração no desenvolvimento de uma consciência partilhada, ao mesmo tempo em
que colaboram mutuamente para atingirem um determinado grau de auto-sincronização. O resultado líquido é
um poder de combate aumentado.
Os princípios relacionados com a ofensiva, economia de força, surpresa e unidade de comando, ganham
outra dimensão pela aplicação dos conceitos da GCR.

Colaboração do CF(FN) Tomas de Aquino Tinoco Botelho, do CPesFN.

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