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Ano VI / No 27 - 10 de novembro de 2004

EDITORIAL
Combatentes Anfíbios!
O Âncoras e Fuzis tem experimentado um grande aumento de sua divulgação no seio de nossa tropa, fato este confirmado
pela quantidade de colaborações que nos são enviadas. Apesar de estarmos bastante satisfeitos com sua repercussão e
alcance, aproveitamos para incentivar, ainda mais, a sua divulgação. Este periódico tem o propósito de noticiar temas profissionais
de interesse dos Fuzileiros Navais. Além disso, as suas colunas, PENSE e DECIDA, buscam fomentar o debate e praticar
processos decisórios sumários que, acreditamos, em muito contribuem para o aprimoramento profissional de nossos militares.
Assim sendo, concito, mais uma vez, a todos os Comandantes de Unidades que se empenhem em divulgar o conteúdo desta
27ª edição que aborda os seguintes temas: as principais características da Força de Infantaria de Marinha do Peru; o primeiro
exercício envolvendo o Batalhão de Controle Aerotático e Defesa Antiaérea e o 1º Esquadrão de Aviões de Interceptação e
Ataque (VF-1); e uma visita realizada por oficial do CFN à Brigada Antiterrorismo do USMC. Além desses, publica-se, também,
novos artigos sobre o Atlântico Sul, guerra de manobra e soluções das colunas Pense e Decida.
A coluna “Palavras do Comandante-Geral” apresenta as compras realizadas pelo CMatFN em decorrência do envio de Fuzileiros
Navais ao Haiti e comenta a situação atual do Plano de Desenvolvimento da Série de Manuais CGCFN.
As colaborações poderão ser feitas da seguinte forma: respondendo às situações descritas na coluna DECIDA; enviando
sua interpretação sobre o tema sugerido na coluna PENSE; ou enviando pequenos artigos sobre temas técnicos ou táticos que
sejam de interesse do combatente anfíbio. Envie sua contribuição diretamente ao Departamento de Pesquisa e Doutrina do
Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais pelo MBMail (30@comcfn), Lotus Notes (cgcfn-30/comcfn/mar), internet
(internet@cgcfn.mar.mil.br) ou pelo Serviço Postal da Marinha. ADSUMUS
Palavras do Comandante-Geral
Com muito prazer e orgulho profissional, apresento os meus cumprimentos aos oficiais e praças do Grupamento Operativo
de Fuzileiros Navais HAITI, primeiro contingente, pela magnífica impressão transmitida aos que o visitaram. Relatos dão conta
de uma atitude militar própria de profissionais da Guerra Anfíbia, bem adestrados e convenientemente equipados para o
cumprimento das suas árduas tarefas. Parabéns – Felicidades!
AQUISIÇÃO DE MATERIAL PARA O HAITI
Com a finalidade de permitir equipar adequadamente o GptOpFuzNav que embarcou para o HAITI e de recompletar os meios
empregados pela FFE nesta operação, o CMatFN adquiriu diversos itens de material, dentre os quais podemos destacar:
• 45 Vtr Land Rover;
• equipagem operativa, como coletes de proteção balística;
• equipamentos de engenharia de combate, como: cinco reservatórios flexíveis para o Sistema de Abastecimento de
Água e Combustível (SAAC), quatro estações de tratamento d’água, dez moto bombas e oito grupos geradores a diesel;
• 28 conteiners de diversos tipos, como: escritório, paiol/depósito, banheiro e frigorífico;
• equipamentos comerciais de comunicações; e
• sobressalentes para manutenção dos diversos meios e das estações de tratamento d’água.
MANUAIS DA SÉRIE CGCFN
Em cumprimento ao Plano de Desenvolvimento da Série de Manuais CGCFN, o Comando-Geral já distribuiu este ano as
seguintes publicações:
• CGCFN – 2200 Manual de Operações Anfíbias nos GptOpFuzNav;
• CGCFN – 2700 Manual de Operações Humanitárias dos GptOpFuzNav;
• CGCFN - 1490 Manual de Viaturas Anfíbias; e
• CGCFN – 2300 Manual de Evacuação de Não-Combatentes por GptOpFuzNav.
Esses manuais somam-se aos já existentes na conformação de nosso corpo doutrinário. Encontram-se em fase final de
prontificação, devendo ser distribuídos, ainda este ano, os seguintes manuais:
• CGCFN - 2500 Manual de Ações de Fuzileiros Navais nas Operações Ribeirinhas;
• CGCFN – 2800 Manual de Operações contra Forças Irregulares; e
• CGCFN – 1200 Manual de Comando e Controle nos GptOpFuzNav.

Prêmio Âncoras e Fuzis


Publica-se abaixo a atual classificação do prêmio “Âncoras e Fuzis” nas categorias individual e por OM. Lembramos que
esta é a penúltima apuração de pontos e ainda resta uma oportunidade para concorrer ao prêmio.
INDIVIDUAL OM
1º - CT(FN) Rossini (GptFNBe) ......................... 27 PONTOS 1º - 2ºBtlInfFuzNav ............ 995 PONTOS
2º - CF(FN) Aquino (CPesFN) ........................... 18 PONTOS 2º - Escola Naval ................. 351 PONTOS
3º - CT(FN) Vannei (2ºBtlInfFuzNav) ................. 14 PONTOS 3º - CIASC ............................ 56 PONTOS
4º - CF(FN) Gagliano (CPesFN) ......................... 13 PONTOS 4º - BtlOpRib ........................ 40 PONTOS
5º - 2ºTen(FN) Sérgio Luiz (2ºBtlInfFuzNav) ...... 09 PONTOS 5º - CPesFN .......................... 38 PONTOS

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ATLÂNTICO SUL
Dentro do espírito de manter os Fuzileiros Navais atualizados e informados acerca
de temas de interesse afetos ao Atlântico Sul, esta 27ª edição do Âncoras e Fuzis
apresentará alguns aspectos referentes ao Arquipélago Trindade e Martin Vaz.
A ilha da Trindade situa-se no Oceano Atlântico, aproximadamente no paralelo
de Vitória, Espírito Santo, afastada 1.140 km da costa brasileira e a 2.400 km da
África. Seu relevo é de formação vulcânica, sendo o único local
em território brasileiro em que ainda se pode reconhecer parte
de um vulcão. No decorrer dos cinco séculos desde que foi
descoberta, permaneceu desabitada por longos períodos, o que
deu ensejo a invasões estrangeiras.
Atribui-se o descobrimento da ilha a João da Nova, navegante
espanhol a serviço de Portugal, que partiu de Lisboa em 1501.
Deu-lhe o nome de Assunção, substituído no ano seguinte para
Trindade, por Estevão da Gama, quando a visitou. Em 1700
Edmond Haley, o célebre astrônomo inglês, julgando haver
descoberto uma nova ilha, dela se apossou em nome da
Inglaterra. Nela estiveram os portugueses em 1756, voltando a
ocupá-la militarmente os ingleses em 1781, para logo em seguida
abandoná-la. Retornaram os portugueses, agora para fortificá-
la e colonizarem-na com açorianos, no que não tiveram sucesso.
Durante as duas guerras mundiais do século passado, Trindade
teve guarnições militares, e em 1924 foi presídio político. Em
1957 a Marinha brasileira estabeleceu o Posto Oceanográfico
da Ilha da Trindade (POIT), e desde então mantém guarnições
que se alternam, fazendo observações meteorológicas e
procurando reflorestá-la. Por sua distância da costa, dificuldade
de desembarque e acesso exclusivamente por mar, Trindade não
oferece condições para o turismo, mas é um excepcional local
para investigações científicas.
A pequena ilha, com menos de 13,5 km², tem relevo muito acidentado. Com largura de 2,5 km, apresentam-se em
sua região central picos dentre os quais se destacam o Desejado, o mais alto da ilha (640 m), São Bonifácio e Trindade,
estes entre 550 e 600 m de altitude. Neles têm origem os três córregos principais da ilha e diversas ravinas. A ilha
possui doze praias, a maioria formadas por solo de pedra e corais e localizadas, sobretudo, em seu litoral nordeste.
Quando o tempo está limpo em Trindade, é possível ver a ilha vizinha de Martim Vaz, formada por um rochedo
íngreme, distante 49 km na direção leste. Em Martim Vaz, a vegetação é rasteira no topo e não há presença humana,
apenas caranguejos e aves migratórias.
O Posto Oceânico da Ilha da Trindade (POIT) é um destacamento isolado do 1° DN, sob a responsabilidade
de seu Estado-Maior. São tarefas do Destacamento do POIT:
1 – manter a ilha ocupada e garantir a posse dessa fração do Território Nacional;
2 – realizar observações meteorológicas, maregráficas, e outras atividades de natureza técnica, segundo
as normas e instruções emitidas pela Diretoria de Hidrografia e Navegação;
3 – executar ação de vigilância, no que diz respeito ao movimento de navios e aeronaves nas
proximidades da ilha;
4 – cooperar no acompanhamento do tráfego marítimo;
5 – preservar as características ecológicas da ilha e do ambiente marinho circulante, contribuindo para a
proteção do meio ambiente e combate à poluição em qualquer de suas formas; e
6 – servir de base de apoio a grupos que realizem, na área, atividades autorizadas ou determinadas pelo
Comandante do 1° DN.
Maiores informações podem ser obtidas na página da intranet do 1ºDN ou no endereço eletrônico:
http://www.unb.br/ig/sigep/sitio092/sitio092.htm
2
FUZILEIROS NAVAIS Brigada é constituída por dois Ba-
talhões de Infantaria de Marinha de
DO PERU Selva, nas cidades de Iquitos e
Em 06 de novembro de 1821 o Pucallpa, um Batalhão de Infantaria
1º Batalhão Naval foi criado com o de Marinha em Tumbes, um Grupa-
propósito de prover segurança aos mento de Infantaria de Marinha em
navios da Armada peruana surtos nos Mollendo, um Batalhão de Viaturas
portos. Durante a segunda metade do Táticas, um Grupo de Apoio ao Com-
século XIX até meados do século bate e um Batalhão de Comandos.
passado, os fuzileiros navais peruanos A Brigada Anfíbia possui ca-
participaram ativamente em diversos pacidade de realizar as seguintes
conflitos. Em 1966 foi criada a Força operações:
de Infantaria de Marinha com a • Operações mili-
missão de organizar, manter e operar tares convencionais,
suas Unidades componentes para singulares ou conjuntas;
executar Operações Anfíbias, de • Apoio às opera-
Defesa de Litoral, Fluviais e de ções contra o tráfico
Ordem Interna, com a finalidade de ilícito de drogas em
contribuir para o cumprimento da ambiente fluvial;
missão da Marinha de Guerra do • Operações Segu-
Peru. rança Interna;
A Força de Infantaria de Marinha • Operações de
peruana possui em sua organização Assistência Humani-
uma Brigada Anfíbia, uma Escola de tária; e
Infantaria de Marinha e uma Base. A • Operações para contribuir com a preservação do meio ambiente.

PENSE
“A História relata os feitos por eles [marinheiros mortos em guerra] protagonizados, e
inspirados nos seus sacrifícios e exemplos, formamos hoje uma geração de marinheiros
com forte mentalidade marítima e desenvolvido espírito de dedicação e de cumprimento
do dever.”

Extrato da Ordem do Dia nº 4/2004, em homenagem à memória dos marinheiros mortos em guerra. Almirante-de-
Esquadra Mauro Magalhães de Souza Pinto, Comandante de Operações Navais.

3
DAAEX-II/ADEST-GAA-III
No período de 16 a 22 de agosto foi realizado o exercício de Defesa
Antiaérea e Adestramento de Guia Aéreo Avançado – DAAEX-II/
ADEST GAA III na Base Aérea Naval de São Pedro d’Aldeia.
Atendendo ao previsto pelo evento nº 08.08 do PGAD-FFE, o
Batalhão de Controle Aerotático e Defesa Antiaérea, o 1º Esquadrão
de Aviões de Interceptação e Ataque (VF-1), um Dst do Btl Tonelero
e um Dst do 1º/1º GAV da FAB participaram do exercício, cujo propósito
foi o de realizar uma defesa antiaérea de um aeródromo e de seus
pontos sensíveis contra ataques aéreos. Para esta defesa o Batalhão
empregou seus canhões BOFI-R - 40/70 e os MSA-MISTRAL.
Cabe ressaltar que pela primeira vez o Esquadrão VF-1 participou
de um exercício deste tipo em conjunto com o CFN, possibilitando o
emprego das aeronaves AF-1 no ataque ao solo em apoio à tropa,
realizando o apoio de fogo aéreo conduzido por GAA e contribuindo
para a maximização da condição de pronto-emprego e aprestamento
dos meios operativos da FFE.

Guerra de Manobra
Esta coluna abordará nesta edição o conceito de “Atribuição de tarefa pelo efeito desejado”, que é um dos elementos
básicos da Teoria da Guerra de Manobra, sendo, portanto, bastante importante para o necessário entendimento e
aplicação deste estilo de condução das ações pelos GptOpFuzNav. Conforme o prescrito no CGCFN-1000 Organização
e Emprego de GptOpFuzNav, a aplicação deste conceito é imprescindível à consecução das ações em combate pois
assegura, aos subordinados, o necessário grau de flexibilidade e de iniciativa.
Este conceito tem sua origem vinculada ao desenvolvimento de uma tática alemã conhecida como Auftragstaktik. A
seguir publicamos a contribuição enviada pelo CT(FN) ROSSINI, do GptFNBe, que amplia um pouco mais este tema.
O “Auftragstaktik”, cujo significado, até hoje, não foi definido com precisão, foi desenvolvido pelo Exército Alemão
como forma de descentralizar as ações pela dificuldade de comando e controle encontrada nos campos de batalha nas
guerras Austro-Prussiana (1866) e Franco-Prussiana (1870-71). A partir destas guerras, em virtude da letalidade das
armas, viu-se a necessidade de maior dispersão no campo de batalha. Como conseqüência disto, os comandantes das
pequenas frações tinham que tomar decisões sozinhos, de forma rápida, cujos resultados eram freqüentemente desastrosos.
Na 1ª Guerra Mundial, esta metodologia não foi utilizada na íntegra, devido à natureza centralizada da guerra de
trincheiras. Já na 2ª Guerra Mundial, os alemães prepararam comandantes em todos os níveis para decidirem rapidamente,
após um rápido estudo de situação, com informações incompletas e imprecisas. Os comandantes tinham que ser
soldados capazes de raciocinarem sob tensão, impulsionados pela coragem, moral, profissionalismo e autoconfiança.
Em suma, esta metodologia prega que a rapidez é mais importante que a precisão, ou seja, uma LA adequada e
decidida oportunamente é melhor que uma decisão perfeita executada tardiamente. A inação e a omissão são consideradas
piores que um erro de julgamento na tomada da decisão.
Além disso, o “Auftragstaktik” reforça a liderança, já que o comandante deverá posicionar-se junto com os elementos
de primeiro escalão, bem como ter um conhecimento profissional para tomar decisões oportunas, ficando em vantagem
ofensiva sobre seu adversário.
Uma sugestão para desenvolver este conceito na tropa seria o exercício na carta e no caixão de areia, como
algumas OM fizeram para resolver o “DECIDA” da edição nº 26 deste periódico. O exercício no terreno é outra
sugestão, pois, por meio dele, é possível saber como nossos subordinados decidiriam diante de uma situação nova com
a perda das comunicações com o escalão superior. As críticas provenientes após estes exercícios devem ser tolerantes,
compreensivas e construtivas, considerando que os erros são importantes no processo da aprendizagem. Devemos
evitar, ao máximo, prejudicar a imagem do militar diante do escalão que este comanda.
Face o exposto acima e a organização por tarefas que constituem nossos GptOpFuzNav, em qualquer nível, o
“Auftragstaktik” é uma ferramenta perfeitamente executável no CFN, pois somos impulsionados em nossa formação
e em nossas OM a ter iniciativa o tempo todo e tomar decisões oportunas e rápidas em situações obscuras.
Talvez tenhamos que mudar um pouco nossas posturas centralizadoras e isentas de erros, onde a decisão errada é
pior que não tomar qualquer decisão, diminuindo a iniciativa do subordinado.
É fato que a postura centralizadora dê certo, em alguns casos, na parte administrativa, porém em combate real isto
é um suicídio. De acordo com relatos que lemos e vemos, constantemente, nas guerras atuais, onde a iniciativa e
rapidez na tomada da decisão, conjugadas com o exemplo de estar comandando pessoalmente uma ação, constituem
a pedra angular para a vitória.”
4
Visita à 4th Marine Expeditionary Brigade
(Antiterrorism)
Antes de qualquer aprofundamento sobre o tema é importante caracterizar
alguns conceitos relativos à doutrina norte-americana de combate ao terrorismo.
Primeiramente é necessário diferenciar os termos antiterrorismo e con-
traterrorismo:

1. Antiterrorismo: compreende a condução das medidas de caráter


eminentemente defensivo que objetivam a redução das vulnerabilidades aos
atentados terroristas.

2. Contraterrorismo: compreende a condução das medidas de caráter eminentemente ofensivo, tendo como
alvo as diversas organizações terroristas em presença, a fim de prevenir, dissuadir, ou retaliar atos terroristas.

Reativada em setembro de 2001 como organização antiterrorista do USMC, a missão da 4th MEB (AT) é prover
os Comandos Combatentes Unificados com forças de rápida mobilização, sustentáveis e especializadas em antiterrorismo
para deter, detectar, defender e conduzir resposta inicial a incidentes, a fim de combater a ameaça terrorista aos
interesses americanos em todo o mundo. A 4th MEB (AT) pode responder por si só ou complementar a capacidade de
outros grupamentos do USMC, como uma Marine Expeditionary Unit, por exemplo.

A Brigada está organizada em quatro Unidades: Chemical, Biological Incident Response Force (CBIRF),
Antiterrorism Battalion (AT Bn), Marine Security Guard Battalion (MSG Bn) e o Marine Corps Security Force
Battalion (MCSF Bn).
O Marine Security Guard Battalion (MSG Bn) está localizado em Quântico, Virgínia, é responsável pela segurança
das instalações consulares e diplomáticas americanas, possui nove Companhias de Guardas de Segurança (MSG Co)
e atualmente tem 131 destacamentos ao redor do mundo.
O Marine Corps Security Forces Battalion (MCSF Bn) localiza-se em Norfolk, Virginia, é o responsável por
prover pessoal armado, treinado em segurança física e antiterrorista, para determinadas instalações ou unidades
navais, está organizado em sete Companhias de Guarda de Segurança (Security Guard Companies) e três Companhias
FAST (Fleet Antiterrorism Security Team) (total de quinze Pelotões FAST). É o responsável pela segurança das
instalações que guardam o armamento nuclear da Marinha Americana e possui um dos maiores centros de treinamento
antiterror dos EUA.
A Chemical, Biological Incident Response Force (CBIRF) está localizada em Indian Head, Maryland. Possui
dois grupos de resposta a incidentes que podem ser rapidamente mobilizáveis (uma hora) para responder a uma
ameaça consistente de um incidente químico, biológico, radiológico, nuclear ou explosivo de alta capacidade (high
yield explosives).
O Antiterrorism Battalion (AT Bn) está localizado em Camp Lejeune, Carolina do Norte, juntamente com o
Comando da 4th MEB (AT). É formado atualmente por um Batalhão de Infantaria, em revezamento de um ano.
Ao ser identificada uma ameaça terrorista a Brigada é acionada e envia uma equipe de avaliação local (em até seis
horas), composta normalmente por oito oficiais; esta equipe então determina a organização por tarefas que deve ser
criada para fazer frente à ameaça, podendo ser organizada com outras forças terrestres, aéreas e de apoio ao combate;
em até doze horas é enviada então a Força-tarefa antiterrorista.
Um dos principais núcleos para organização desta FT são os Pelotões FAST (Fleet Antiterrorism Security Team),
orgânicos do MCSF Bn. Estes Pelotões são empregados quando, a partir de uma ameaça terrorista, a instalação
ameaçada não tem capacidade de se proteger com seus recursos. O Pelotão FAST então é organizado por tarefas e
assume a segurança do local ameaçado.
O Brasil, provavelmente, não se constitui, hoje, em alvo de grupos terroristas. Mas é importante considerarmos que
nosso País pode vir a se tornar um alvo, devido à crescente participação das FFAA brasileiras nas ações da ONU.
Além diso, o Brasil abriga alvos em potencial, tanto permanentemente (embaixadas, consulados, cidadãos estrangeiros
etc.) quanto em ocasiões específicas (reuniões da ONU, como a ECO-92, Pan-americano, visitas de navios, tropas
etc.).
É interessante lembrar que os EUA possuem um programa de apoio de treinamento contra terrorismo para países
amigos (Antiterrorism Assistance – ATA) que pode ser útil aos interesses do CFN, pois a preparação para fazer frente
a um inimigo cada vez mais aperfeiçoado em técnicas e equipamentos deve ser iniciada o quanto antes.
Colaboração do CT (FN) Adilson CAPPUCCI Junior, do BtlOpEspFuzNav, que representou o CFN em intercâmbio junto à 4th Marine Expeditionary
Brigade (Antiterrorism).

5
Resposta do DECIDA Nº 26
Um grande número de leitores enviou suas decisões para a missão imposta ao Comandante do 1ºPelFuzNav da
3ªCiaFuzNav do GDB-3 no DECIDA Nº 26. Boa parte destas decisões se inspirou nos conceitos de GUERRA
DE MANOBRA para explorar a oportunidade que se apresentava de atacar o Centro de Gravidade inimigo,
caracterizado por seu PC, que se encontrava vulnerável. A destruição, ou a neutralização, deste órgão de comando,
certamente teria grande influência na condução das ações de todo o GDB, tendo em vista que, segundo o enunciado,
era justamente a capacidade de comando e controle do inimigo que estava permitindo que ele coordenasse suas
ações defensivas e seu apoio de fogo de forma eficiente.
O objetivo desta coluna não é o de apresentar uma solução padrão para a situação apresentada. Busca-se, sim,
estimular o debate em cima de conceitos de emprego de força de forma a disseminar estas idéias e praticar o hábito
da decisão em combate. Neste sentido, gostaríamos de destacar a metodologia usada pelo CIAMPA e pelo
BtlEngFuzNav, que lançando mão de recursos multimídias suscitaram a troca de experiências e conhecimentos
entre seus oficiais. Este tipo de adestramento pode ser conduzido em qualquer tipo de Unidade de Fuzileiros
Navais, sejam elas do setor operativo ou de apoio, de Infantaria ou de Engenharia, no Rio de Janeiro, em Manaus
ou em Belém. BRAVO ZULU CIAMPA e BtlEngFuzNav.

Os seguintes militares destacaram-se na formulação de suas decisões:


CIASC: CT(FN) João Marcelo, CT(QC-FN) Carlos Gomes, CT(QC-FN) Belmont, CT(FN)
Kochulinsk, CT(FN) Heringer, CT(FN) Marcos Ferreira, CT(FN) Leandro Santos, CT(FN) Ramires,
CT(FN) Prudêncio, CT(FN) Luciano Oliveira e CT(FN) Sell;
CIAMPA: CC(FN) Eduardo e CC(FN) Bresciani;
GptFNBe: CT(FN) Rossini e1ºTen(FN) Lopes;
2ºBtlInfFuzNav: CT(FN) Vanei, 1ºTen(FN) Espiúca, 2ºTen(FN) Dantas, 2ºSG-FN-IF Barreto, 2ºSG-
FN-IF Barros, 2ºSG-FN-IF Lameira, 2ºSG-FN-IF Venancio, 2ºSG-FN-IF Fagundes, 3ºSG-FN-IF Palácio,
3ºSG-FN-IF A.S.Santos, 3ºSG-FN-IF Manoel, 3ºSG-FN-IF Célio, 3ºSG-FN-IF David, 3ºSG-FN-IF J.
Andrade, 3ºSG-FN-IF Jair, 3ºSG-FN-IF P. Cesar, 3ºSG-FN-IF Wander, 3ºSG-FN-IF Wellington, 3ºSG-
FN-IF C.C. Junior, 3ºSG-FN-IF Luis André, 3ºSG-FN-IF Werbton, 3ºSG-FN-IF Carlos, 3ºSG-FN-IF
Couto e 3ºSG-FN-IF Orlando;
BtlOpRib: 1ºTen(AFN) Renato, 1ºTen(FN) Daniel, 1ºTen (AFN) Marco Aurelio; e
BtlEngFuzNav: oficiais do Batalhão.

6
A seguir apresentamos o
enunciado do DECIDA Nº 26, para
que os leitores possam relembrar a
situação a que se refere a solução
apresentada.

COMBATE URBANO
O Sr. é o comandante do
1ºPelFuzNav da 3ªCiaFuzNav do
GDB-3. O seu batalhão é o núcleo do
CCT de uma UAnf que tem a missão
de conquistar a Ilha de Tridente a fim
de contribuir com a segurança das
comunicações marítimas no Oceano
Azul.
São 0700P do Dia-D, o desembarque
ocorreu conforme o previsto e sua
CiaFuzNav está se reorganizando em
uma ZReu a dois quilômetros ao Sul da
localidade de Netuno, capital da ilha.
Além do apoio de seu Pelotão de
Petrechos, a 3ªCiaFuzNav conta com
os reforços de uma seção de Mrt81mm,
do 3ºPelCLAnf, de um GpPol/
CiaPolBtlNav, de dois intérpretes e de
uma seção de MtrP. A 3ªBiaO105mm
encontra-se em posição e em propostos nas colunas Pense e Decida controle das ações e do apoio de fo-
condições de prestar apoio de fogo, do periódico Âncoras e Fuzis. go, por parte do CmdoCia inimiga.
apesar da prioridade de seus fogos O inimigo na ilha é de valor Existe uma Regra de Comporta-
estar para a 1ªCiaFuzNav. O Com- Companhia, a dois pelotões, sendo que mento Operativo, emanada do
ponente de Combate Aéreo (CteCA) um guarnece o porto e o outro o ComForTarAnf, determinando que os
está em condições de prover Apoio aeroporto (não representados no danos à população civil e suas
Aéreo Aproximado, a partir de bordo, croqui). Sua mobilidade é restrita ao propriedades sejam reduzidos ao
e sua prioridade de fogos está com a uso de dois caminhões e o apoio de mínimo necessário ao cumprimento da
3ªCiaFuzNav. fogo é prestado por um PelMrt82mm missão.
A sua companhia recebeu a tarefa (2B9). O Comando da Cia, com os Às 0930P, a segunda patrulha
de conquistar a localidade de Netuno. reforços de um GC, um GpPol e uma conseguiu contato e reportou ter
O Cmt3ªCiafuzNav atribuiu ao seção de Mrt82mm, encontra-se na identificado o que deveria ser o PC
1ºPelFuzNav a tarefa de conquistar o capital. da Companhia inimiga localizado na
objetivo “a”, na orla anterior da O Sr., então, decidiu enviar duas escola. Essa identificação foi possível
localidade, até as 1000P. Seu patrulhas à frente para reconhecer o devido aos seguintes indícios: efetivo
comandante de companhia confia objetivo “a”. Uma delas informou, às de um GpPol(-) guarnecendo sua
bastante no seu desempenho 0830P: a presença de um PCTran entrada; excessiva movimentação de
profissional, a ponto de conferir-lhe valor ET na entrada SE da localidade; militares, incluindo alguns oficiais;
liberdade de ação para planejar seu a estação de força e o hospital existência de várias antenas em cima
ataque e para organizar seu pelotão estavam desguarnecidos; havia do prédio.
para o combate, reforçando-o, a seu presença de civis nas ruas e nas Comandante, organize a com-
critério, com qualquer dos apoios edificações em geral. A outra patrulha, posição do seu pelotão, decida por uma
disponibilizados para a 3ªCiaFuzNav. até o momento do início do seu idéia de manobra e envie sua solução.
Esses laços de confiança mútua entre deslocamento, não havia estabelecido Não se esqueça de considerar as
o Sr. e seu CmtCia certamente foram comunicações. observações contidas na coluna
estreitados no decorrer dos incontáveis O oficial de operações do CCT “Lições Aprendidas”, assim como os
dias de adestramentos no campo e informou que as outras CiaFuzNav do conceitos de guerra de manobra,
consolidados por meio do aprendizado GDB-3 estavam enfrentando forte particularmente os referentes a
conjunto, fruto do estudo de Batalhas resistência para a tomada do porto e vulnerabilidades e oportunidades
Históricas e dos debates, no âmbito do aeroporto, principalmente devido à (AncFuz nº25) e lembre-se: coragem
da companhia, acerca dos temas eficiente condução do comando e e audácia são o espírito do ataque.
7
A seguir apresentamos a solução enviada pelo 3ºSG-FN-IF D. Martins, do 2ºBtlInfFuzNav. Essa decisão,
corajosa e audaciosa, como devem ser as ações ofensivas, buscou explorar as oportunidades e a vulnerabilidade
inimiga, atacando seu PC. Em uma manobra simples, e sem deixar de cumprir sua missão inicial, a ação planejada
certamente desestabilizaria todo o sistema defensivo inimigo. Mas antes de tudo, a solução apresentada destacou-se
pelo fato do Sargento D. Martins, conhecedor da dimensão humana do combate, ter buscado interferir na coesão
mental inimiga lançando mão do CteCA para pressioná-lo psicologicamente. Boa parte das soluções enviadas sequer
considerou a possibilidade de utilizar o apoio do CteCA, os que consideraram, planejaram seu emprego dentro da
localidade pondo em risco a população e suas próprias forças, apenas o Sargento D. Martins lançou mão do CteCA
para executar uma ação de Guerra Psicológica.
Exame da Situação: as características da área de combate, com a presença de vários casarios e inúmeras vias de
acesso, contando ainda com o grande desbalanceamento de forças, amplamente favorável ao nosso Pelotão e tendo
que preservar de certa forma os civis ali existentes, fez-me chegar a seguinte decisão.
Decisão: este Pelotão deslocar-se-á na direção Sul-Norte para a Localidade de Netuno, tendo à frente o 1ºGC,
que terá como alvo o PCTran localizado na entrada da localidade, envolvendo-o e tomando-lhe sua posição e isolando
a entrada SE da cidade. Sabendo da grande importância que o provável PC inimigo tem e que ele está exercendo
eficiente condução de comando nas ações inimigas, enviaria simultaneamente o 2ºGC e o 3ºGC a bordo de CLAnf e
com apoio de CC afim de destruir o mesmo, no mesmo instante em que a seção de MAG faria um bloqueio no
entroncamento a N da localidade. Também solicitaria que o Mrt 81mm ficasse em condições de fazer fogos de
fumígenas para cegar possível PO inimigo localizado na elevação a N da localidade. Logo em seguida, solicitaria junto
ao Comandante da Cia que o CteCA nos apoiasse de forma que ficasse em alerta, não para atirar de imediato, pois isso
poderia acarretar dano à população civil e a nós também, pois se trata de um combate em localidade, mais apenas o
fato dessas aeronaves ficarem sobrevoando a localidade faria uma espécie de pressão sobre o inimigo e nos daria um
moral maior diante deles. Enquanto isso, GpPol faria o bloqueio a oeste da localidade, isolando-a. Mesmo sabendo que
o nosso objetivo é a área “a”, a destruição do PC inimigo poderia implicar na conquista da localidade.
Ordem aos elementos subordinados:
1º GC: Atacar e conquistar objetivo “a”; e
Bloquear a entrada SE da localidade.
2º GC e 3º GC: Avançar a bordo de Clanf e apoiado por CC em direção ao PC inimigo; e
Destruir rapidamente o PC inimigo afim de contribuir com a missão de nossa Cia.
GpPol: Bloquear a estrada a oeste da localidade.
SeçCC: Apoiar o 2º e 3º GCs fazendo fogos aproximados no PC inimigo.
SecMag: Bloquear entroncamento a N da localidade para impedir possível reforço ou fuga inimiga.
Mrt81mm: Ficar em condições de fazer fogos de fumígenas na elevação a N da localidade.”

LIÇÕES APRENDIDAS
1. Dimensão humana do combate: os combates não são vencidos apenas com ações físicas. As ações psicológicas e morais
têm também grande peso nas batalhas. Ações de Guerra Psicológica como a vislumbrada pelo Sargento D. Martins podem
constituir verdadeiros multiplicadores do Poder de Combate de uma tropa.

2. Centro de Gravidade (CG): conforme o explicitado no enunciado, a forte resistência inimiga às demais Companhias do
GDB-3 era fruto da “eficiente condução do comando e controle das ações e do apoio de fogo, por parte do CmdoCia
inimiga”. Este indicador permite que se identifique o PC inimigo como sendo o seu CG, e, assim sendo, a sua destruição
provocaria, provavelmente, o colapso de todo seu sistema defensivo, contribuindo decisivamente para o sucesso não
apenas da Companhia, como também de todo o GDB-3. Centros de Gravidades costumam ser alvos altamente compensadores,
particularmente se possuírem uma Vulnerabilidade Crítica facilitando o acesso ao mesmo.

3. Vulnerabilidade Crítica (VC): as VC são pontos fracos do CG inimigo, muitas vezes as VC são fluídas e passageiras, o que
indica que ela deve ser sempre explorada com rapidez. O PC inimigo, responsável pelo sucesso que seu sistema defensivo
vinha apresentando, estava sendo protegido por apenas um GpPol(-). Esta vulnerabilidade do CG inimigo, dentro do
conceito de GUERRA DE MANOBRA, deveria ser prontamente atacada.

4. Princípio da Simplicidade: a concepção de uma operação deve ser tão simples e direta quanto possível. As ordens devem
ser claras, concisas e de fácil execução, visando-se a reduzir as perdas de controle, os enganos de direção e inúmeras
outras falhas de possível ocorrência durante as operações.

5. Iniciativa: os comandantes, em todos os escalões, devem adotar uma postura pró-ativa e não se contentarem em serem
meros cumpridores de ordens superiores. A fluidez do combate, a fugacidade das oportunidades, o caos e a fricção dos
campos de batalha, não permitirão que um comandante sempre interrompa suas ações para perguntar ao seu superior se
pode ou não prosseguir na ação. O comandante, ciente dos propósitos e intenções dos comandantes dos dois escalões
acima do seu, tem condições de decidir, acertadamente, sem precisar questioná-los. A matéria da coluna GUERRA DE
MANOBRA amplia este tema.

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DECIDA Nº 27
A ILHA INACESSÍVEL
O Sr. é o comandante da 3ªCiaFuzNav do GDB-3. O seu
batalhão é o núcleo do CCT de uma UAnf que tem a missão de
conquistar a Ilha Inacessível a fim de contribuir com controle
de área marítima no estreito de acesso ao Mar de Poseidôn.
A 3ªCiaFuzNav(Ref) seria infiltrada por EDPn na encosta
Sul da Ilha, à Hora-G do Dia-D, e deveria destruir, à Hora-H,
um parque de antenas localizado no PCot 81, com vistas a reduzir
a capacidade de comando e controle inimiga nesta área marítima.
A 2ªCiaFuzNav(Ref) faria um desembarque helitransportado,
à Hora-I do Dia-D, para conquistar e manter a localidade de
Tritão.
O estado violento do mar tornou bastante difícil o Movimento
Navio-para-Terra, duas EDPn extraviaram-se e sua própria
embarcação virou ao tentar romper a arrebentação, fazendo
com que seu rádio-operador perdesse o equipamento de
comunicação. Ao chegar à ilha e após a reorganização inicial
da companhia, seu Imediato informou-lhe a situação: as EDPn
extraviadas estavam transportando diversos rádio-operadores
da SeçCmdo da Cia e a 3ªSeçMAG, o restante do Pelotão de
Petrechos estava todo pronto, incluindo o Morteiro 60mm; os
três PelFuzNav estavam prontos; e a equipe de destruição, do
BtlEngFuzNav, estava, como sempre, pronta e com o moral
bastante elevado. Privado do contato com seu escalão superior, o Sr. proferiu algumas palavras de incentivo à tropa
para elevar-lhes o moral abatido pela possível perda de alguns companheiros e lançou duas Ptr de reconhecimento à
frente.
A Ptr que seguiu para leste reportou que o parque de antenas estava guarnecido por apenas cerca de dez militares.
A Ptr de Oeste reportou a presença inesperada de uma Seção de Mísseis Superfície-Ar (MSA), protegida por um
Grupo de Combate, perfazendo um efetivo total de vinte militares.
Ao analisar o posicionamento dos mísseis em seu croqui, o Sr. percebeu que os mesmos iriam inviabilizar o
movimento helitransportado da 2ªCiaFuzNav(ReF), devido à proximidade com a Zona de Desembarque.
São 0300hs do Dia-D. A Hora-H está prevista para as 0430hs. A Hora-I está prevista para as 0500hs. Comandante,
tenha iniciativa, decida e lembre-se: coragem e audácia são o espírito do ataque.
As contribuições devem ser encaminhadas a este Comando-Geral até o dia 4 de fevereiro, devendo conter: o
exame da situação, a decisão e as ordens aos elementos subordinados. Atenção para o período de férias, os que
desejarem podem enviar suas decisões ainda este ano.

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Resposta do “Pense” anterior – “Âncoras e Fuzis nº 26”
“Entretanto, há uma outra Amazônia, cuja existência é, ainda, tão ignorada por boa
parte dos brasileiros quanto o foi aquela [Amazônia Verde] por muitos séculos. Trata-se da
Amazônia Azul que, maior do que a verde, é inimaginavelmente rica. Seria, por todas as
razões, conveniente que dela cuidássemos antes de perceber-lhe as ameaças.”

Extrato do texto de autoria do Almirante-de-Esquadra Roberto de Guimarães Carvalho,


Comandante da Marinha.

O pense da edição nº 26 abordou o importante e atual tema da AMAZÔNIA AZUL.


Trezentos e quarenta e seis leitores enviaram seus pensamentos. Este número elevado de participações revela o
interesse que o assunto desperta em nós, profissionais da guerra no mar. Na sua grande maioria, os autores expressaram
adequadamente suas idéias fazendo a correta correlação entre o uso do termo “Amazônia” e a dimensão, riqueza e
vulnerabilidade de nosso mar territorial. Alguns colaboradores, no entanto, confundiram-se ao interpretar o uso deste
termo associado à cor azul, interpretando-o como sendo uma referência à bacia hidrográfica da Região Amazônica, e
fizeram alusões à sua importância como reserva de água potável e, ao mesmo tempo, importante eixo de navegação
fluvial.

Recomenda-se, portanto, a todos os Comandantes de Unidades a ampla divulgação do real significado da expressão
AMAZÔNIA AZUL. Tema prioritário para a Marinha do Brasil, assim como para todo o Corpo de Fuzileiros Navais.
Dentre as colaborações enviada, destacaram-se as seguintes:

Escola Naval: Asp4008 Munaretto, Asp(FN)3042 Motta, Asp(FN)3056 Amambahy, Asp(IM)3085 Otoniel,
Asp(FN)3092 Suzart, Asp3142 Anderson, Asp2008 Antunes Lima, Asp2015 Pierre, Asp1010 Drebel, Asp1015
Leonardo Gomes, Asp1087 Baldino;

2ºBtlInfFuzNav: CT(FN) Vanei, 1ºTen(FN) Espiúca, 2ºTen(FN) Sérgio Luiz, 1ºSG-FN-IF Gomes, 3ºSG-
FN-IF Novaes, 3ºSG-FN-IF Manoel, CB-FN-IF M.G. Farias, CB-FN-IF Portilho, SD-FN Costa, SD-FN
Domingues e SD-FN Silvio; e

BtlEngFuzNav: 2ºTen(FN) Dias.

A Escola Naval, mais uma vez, bateu seu próprio recorde de contribuições. Ao todo, somaram 165 colaborações
de alto nível. Dentre todas estas, sobressaiu-se a enviada pelo Asp1033 Alves Júnior, que se destacou pelo forte
conteúdo das informações nela contida, além da qualidade do estilo empregado.
“Conta a história, ainda muito contestada, que mulheres guerreiras lutaram contra a invasão ibérica na
região hoje denominada Amazonas. Defendiam com arco e flecha as riquezas de sua terra. Esta terra, outrora
defendida, hoje é a rica Amazônia rasgada de rios e igarapés e que cada igapó guarda consigo as lembranças
dos feitos imortalizados por aquelas mulheres.
Milhares de hectares de florestas que também poderiam ser medidos em dólares de riqueza, distribuídos por
nove estados brasileiros. Riquezas minerais de contabilidade impossível, riqueza e diversidade animal e vegetal
de causar inveja e com certeza muito orgulho, riqueza cultural singular e milenar. O Brasil é um país dentro de
um mundo e a Amazônia é um mundo dentro de um país.
A alguns anos atrás surgiu no mundo o seguinte slogan: “Amazônia: o pulmão do mundo!”. Hoje esta
falácia já foi comprovada e sabe-se que a Amazônia não o é, contudo, sua importância não foi diminuída e
muito menos chegou a ser comparada com outra entidade mundial. Desta forma, a cobiça ao universo amazônico
continuou sendo assunto muito explorado. Foi levantado pelo nosso Excelentíssimo Senhor Comandante da
Marinha, o Almirante-de-Esquadra Roberto de Guimarães Carvalho, a existência de uma Amazônia Azul, tão
rica e importante quanto a verde, trazendo uma nova ordem no que se diz respeito a este nível de discussão:
existe no mundo um conjunto de riquezas que acumule uma importância tão grande quanto a Amazônia?
Este levantamento abre espaço para muita discussão sobre o assunto, já que se o Brasil possui uma Amazônia
verde que é alvo de muita especulação mundial e que já mostra maior interesse e necessidade em defender e se
fazer presente neste território, o mesmo deve ser feito em relação a esta Amazônia Azul. Um leque imenso de
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assuntos podem a partir de agora serem abordados: exploração com desenvolvimento sustentável da região,
levantamento detalhado e específico, influência regional e mundial, segurança entre outros assuntos.
O mais interessante é que a Marinha tem envolvimento e participação praticamente em todos estes assuntos
pois este novo fator de influência, que já pode se dizer mundial, são todas as riquezas, presentes ou não, que
podem ser exploradas ou transportadas pelas águas de responsabilidade brasileira. Exploração de petróleo,
pesca, turismo são alguns fatores geradores de riqueza que são abrangidos nesta discussão; não sendo
esquecidos também, temas como segurança, seja como na salvaguarda da vida no mar ou na negação ou
influência do uso do mar.
Quando se fala em floresta amazônica remete-se logo à preocupação com a segurança, pelo menos em
castas sociais onde esta possibilidade já chegou, como evitar a pirataria biológica, como proteger aquele
ecossistema de ações predatórias como queimadas, devastação e outras atividades ilícitas, como promover um
maior domínio brasileiro na região e estes temas agora não podem mais ficar particularizados para a região
de terra, ele de se expandir e atingir a nossa região de mar.
Cerca de noventa e cinco por cento da atividade comercial de importação e exportação é movimenta por
via marítima, isto quer dizer que praticamente toda a riqueza econômica da décima segunda maior economia
do mundo faz tráfego por essas águas. O setor com maior potencial de crescimento do país é o turismo que
depende substancialmente de nossas praias. A atividade pesqueira, muito mal explorada no país, tem espaço
para crescimento e geração de riqueza.
Estes são apenas alguns dos muitos fatores que nos remetem à importância do mar para a sociedade brasileira,
entretanto, para nós militares da Marinha, esta importância é muito maior e peculiar, já que este é o nosso
ofício e, para a maioria, a nossa paixão. Esta importância que não é só regional mas global é que nos remete
à discussão do assunto segurança.
No campo da salvaguarda da vida no mar é responsabilidade do Brasil realizar resgates, promover orientação
para qualquer sinistro que venha a ocorrer em sua área de responsabilidade, bem como auxiliar a navegação
em geral através, principalmente, das edições de cartas náuticas, folhetos quinzenais de avisos aos navegantes,
entre outras publicações de auxílio à navegação, responsabiliza-se, também, por avisos rádio, manutenção de
faróis e sinalizações na costa e outras atividades que comprovam a influência e o trabalho da nossa Marinha
na promoção da segurança à navegação nestas nossas águas.
A importância da segurança por via marítima não é exprimida apenas pelo bom uso do mar em sua navegação.
Sua real importância é fato revelado na história, desde as grandes navegações até os dias de hoje seu poder
naval reflete a sua capacidade de influência mundial. Como exemplo temos a Segunda Guerra Mundial que
dentre inúmeras demonstrações de aplicação de poder militar podemos destacar uma, o desembarque na
Normandia, o dia D, cuja importância não foi ofuscada nem mesmo pelas bombas atômicas de Iroshima e
Nagasaqui. Aquele desembarque mostrou ao mundo a grandeza do Poder Naval dos aliados, principalmente
americanos, e a sua aplicabilidade. Navios abicados à praia, fuzileiros navais no desembarque avançando,
enquanto belonaves bombardeiam a costa, metralhadoras, fuzis, pára-quedistas aterrando e ao final uma
bandeira é hasteada, a do vencedor, a do que impõe respeito.
É esta imposição que também é obrigação da nossa Marinha, impor que nestas águas o pavilhão nacional
é o único que arvora com imponência, que para nestas águas navegar hostil deverá enfrentar o nosso poder
e que, se preciso for, este poder será projetado, pois preparado sempre está.
Nossos mares não podem mais ser encarados como parte do oceano, via de transporte para qualquer
navio, deve ser encarado como nossa riqueza, como nosso bem e é neste aspecto, e em outros também, que se
torna mais correta a comparação feita por nosso Excelentíssimo Comandante entre nossos mares e a nossa
brasileira Amazônia, já que ambos têm de ser protegidos, bem explorados e, principalmente, amados por todos
nós brasileiros.
Comparação feliz, pois nos exorta a mais trabalho no adestramento para o preparo e aplicação deste nosso
Poder Naval e nos eleva a importância pois, além de defensores da soberania nacional, somos também defensores
de nossas riquezas, que são inúmeras e incontáveis.
Amazônia era o local onde se encontravam as valentes guerreiras, hoje Amazônia Azul são nossos mares,
local onde bravos marinheiros e fuzileiros navais defendem a soberania da nação, sua integridade, seus
valores e suas riquezas. Amazônia Azul é mais que um termo, é uma orgulhosa realidade que estende os valores
e as riquezas brasileiras para além de nossas costas, para milhas além do horizonte, local onde só o braço
forte da nossa Marinha arvora o pavilhão nacional.”

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