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Comunicação internacional entre universidades:


Processo e estratégias de comunicação em intercâmbio

Introdução

O atual contexto de globalização traz para a comunicação internacional das


universidades novos desafios nas formas de interação com seus públicos, representados,
principalmente, na construção conjunta de conhecimento em nível internacional. A
internacionalização universitária é promovida por redes acadêmicas, cooperação horizontal,
convênios e intercâmbios internacionais.
Com pressuposto neste contexto, o presente trabalho consiste no estudo de caso do
Programa Escala Estudantil da Associação de Universidades do Grupo Montevidéu (AUGM).
Esta associação, fundada em 1991, tem por finalidade principal impulsionar o processo de
integração de suas universidades membros através da construção de um Espaço Acadêmico
Comum Ampliado Latino-Americano (ESCALA), que proporciona a realização de
intercâmbios internacionais universitários.
Nos intercâmbios internacionais entre universidades, ocorre um processo de
comunicação no qual o emissor é formado pela universidade promotora de intercâmbio, a
mensagem é composta por informações sobre intercâmbio e direcionada aos receptores, que
são os intercambistas e as pessoas interessadas em intercâmbio. Além disso, pode-se
identificar canal e veículo de comunicação, que aqui serão classificados como estratégias de
comunicação. Assim, o problema da presente pesquisa pode ser especificado pela seguinte
questão: como ocorre e qual a eficácia do processo comunicativo e das estratégias de
comunicação utilizadas pelo Programa ESCALA Estudantil AUGM para intercâmbio
internacional universitário?
A importância desta pesquisa para a área de comunicação deve-se ao fato de que esta,
através do estudo de caso do Programa ESCALA Estudantil AUGM, tem como principal
objetivo analisar o processo comunicativo e as estratégias de comunicação que são utilizadas
nos intercâmbios internacionais entre universidades, bem como verificar a eficácia destes para
seu público-alvo, os intercambistas e pessoas interessadas em intercâmbio.

Globalização do Conhecimento e Internacionalização das Universidades

Com o deslocamento dos eixos de poder do mundo, as relações entre os países


modificaram-se e, em decorrência, também o papel das instituições universitárias dentro das
suas próprias nações e entre elas. Governos, empresas, instituições e pessoas passaram a ter
no conhecimento o grande referencial para planejar o seu futuro.
Carlos Tünnermann Bernhein (2006) afirma que uma das características da sociedade
contemporânea é o papel central do conhecimento em processos produtivos, ao ponto que a
caracterização mais freqüente que se costuma dar é a de “sociedade do conhecimento”.
Assiste-se a emergência de um novo paradigma econômico-produtivo no qual o fator mais
importante não é a disponibilidade de capital, mão-de-obra, matérias-primas ou energia, mas
sim o uso intensivo do conhecimento.1 Ainda, cabe aludir ao caráter internacional do
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conhecimento contemporâneo, porque se os Estados têm fronteiras, o conhecimento tem


horizontes.2
Juan Carlos Gottifredi (2002) afirma que vivemos uma época que se caracteriza não
pela mera globalização do conhecimento, mas também pela capacidade de aplicá-lo de forma
eficiente, correta e oportuna, a fim de realizar as transformações e as inovações necessárias
que visam sustentar e melhorar os meios de produção dos países.
Assim, a emergência de um conhecimento sem fronteiras e da sociedade da
informação, em um mundo cada vez mais globalizado, leva desafio inédito para a educação
superior contemporânea: internacionalizar-se para sobreviver.
O processo de internacionalização das universidades pressupõe cooperação em todas
as suas formas: cooperação científica, tecnológica, acadêmica; e em seus diferentes níveis,
tanto a cooperação horizontal e vertical, quanto bilateral, multilateral, etc., principalmente
voltadas para o âmbito da cooperação institucional (STALLIVERI, 2002).
Entre as formas de internacionalização universitária, pode-se citar: presença de
estrangeiros num determinado campus; número e magnitude de concessões de pesquisa
internacional, projetos de pesquisas internacionais cooperativas; universidades com metas
internacionais; sociedades internacionais envolvendo assistência para universidades
estrangeiras; grau de imersão internacional no currículo; estabelecimento, via internet, de
campi em outros países, ou oferecimento de contratos de educação à distância; atração de
estudantes internacionais, formando colaborações de pesquisa, promovendo cursos de
treinamento em outros país; entre outras relações que a universidade pode estabelecer no meio
internacional.
Para a universidade, a cooperação acadêmica internacional tem se revelado de grande
importância, tanto no sentido de atualizar professores e pesquisadores como de lhes
proporcionar condições de diálogo e trabalho, visando à exploração das fronteiras do
conhecimento.
De acordo com Luis Nuñez Gornés (2001),
Hoy dia la Cooperación Académica se ve como la capacidad que
pueden desarollar las instituciones de educación superior para
relacionarse com otras instituciones académicas, gubernamentales y
sociales, mediante el intercambio de productos académicos (sean
estos de docencia, investigación, extensión difusión o servicios
académico-profesionales), com la finalidad de empatar necesidades
com posibilidades (GORNÉS, 2001, p.05).3

Nesse sentido, a internacionalização universitária é fundada na idéia do valor universal


do conhecimento e da formação e expressa pelas diversas formas de cooperação entre
instituições, pesquisadores, professores e estudantes.
Stalliveri (2002) afirma que
a mobilidade de estudantes, professores, pesquisadores e de
gestores,intensificam com muita voracidade os laços transnacionais,
estabelecendo conexões e criando redes de saber universal. As redes
de cooperação formadas pelas universidades aproximam as

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Tradução: Hoje em dia, a cooperação acadêmica se vê como a capacidade que podem desenvolver
as instituições de educação superior para relacionar-se com outras instituições acadêmicas,
governamentais e sociais, mediante o intercâmbio de produtos acadêmicos (sejam estes de
docência, investigação, extensão, difusão ou serviços acadêmico-profissionais), com a finalidade de
igualar necessidades com possibilidades.3
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comunidades científicas de diferentes partes do planeta, reforçando a


premissa de que é no seio da universidade que devem ocorrer os
grandes científicos e tecnológicos e a efetiva integração dos povos,
respeitando, acima de tudo, as diferenças e as especificidades de cada
nação (STALLIVERI, 2002, P.18).

Assim, a internacionalização das universidades, através das diferentes formas de


cooperação, tem sido o gatilho para a melhoria da qualidade do ensino e da pesquisa que,
unidos, cria as condições para o desenvolvimento dos países e o incremento da qualidade de
vida das populações.

Processo e Estratégias de Comunicação

O ato elementar de comunicação implica a existência de um emissor, que elabora uma


mensagem a partir de sinais tomados de um repertório (código), de um canal pelo qual a
mensagem é transferida através do espaço e do tempo, e de um receptor, o qual recebe a
mensagem e a decifra (decodifica), com a ajuda dos sinais que ele tem armazenado em seu
próprio repertório.
De acordo com Ilana Polistchuk e Aluízio Ramos Trinta (2003), pode-se classificar
modelos do processo de comunicação de acordo com teorias e paradigmas. Abordaremos,
neste trabalho, cinco modelos de processo de comunicação com base nas teorias de
Aristóteles, Harold Laswell, Shannon e Weaver, David Berlo e Wilber Schramm
O paradigma clássico da comunicação, segundo Aristóteles, é: “pessoa que fala”
(quem), “pronuncia um discurso”, dizendo alguma coisa (o quê) e se dirige a alguém que “a
ouve” (a quem) (POLISTCHUK e TRINTA, 2003).
O modelo de Harold Laswell acrescenta ao modelo clássico de comunicação as
questões: por que meio (como) e com que efeitos (para quê). Ou seja: “quem diz o quê, por
que meio, a quem e com que efeitos?” (POLISTCHUK e TRINTA, 2003).
O terceiro modelo consiste no teórico-matemático da comunicação de Shannon e
Weaver, que diz:
Uma fonte emissora de informação (emitente humano) seleciona, em
um conjunto de mensagens possíveis, dada mensagem; um emissor
(mecânico) a codifica (converte em sinais), de acordo com as regras e
combinação de um código determinado; assim convertidos, esses
sinais são transmitidos por meio de um canal específico a um
receptor (mecânico). Este capta os sinais e os decodifica,
recuperando a mensagem original e permitindo sua assimilação por
parte de um destinatário (humano) (POLISTCHUK e TRINTA,
2003, p. 101 -102).

Em 1960, David King Berlo lançou o “modelo dos ingredientes da comunicação”, que
tem o mérito de explicitar características fundamentais de tal processo, equilibrando as
posições de emissor (“o que possui algum conhecimento”) e receptor (“o que faz algum
reconhecimento”). As mensagens trocadas (retroalimentação pressuposta) recebem, de uma
parte e de outra, um tratamento; possuem um conteúdo e manifestam dado modo de ser.
Passam, então, a um canal natural, representado pelos cinco sentidos elementares
(POLISTCHUK e TRINTA, 2003).
Sobre o modelo teórico de Wilber Schramm, Polistchuk e Trinta (2003), afirmam que
Entre os propósitos de Schramm estava a revisão, uma vez mais, do
modelo de Shannon e Weaver, com o plano de o aplicar à
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Comunicação humana, socialmente definida. Para tal fim, retirou os


“aparelhos”, ali chamados transmissor e receptor, respectivamente,
considerando fonte e comunicador uma só pessoa e fazendo o mesmo
com o par formado por receptor e destinatário. O comunicador é
aquele que codifica (ou “cifra”) a mensagem, dirigindo-se a um
receptor que a decodifica (ou “decifra”). A mensagem, composta por
sinais, pode vir a ser alterada pela interposição de ruídos (técnicos e
semânticos) – como algo dito com voz rouca ou o uso impróprio de
uma palavra (POLISTCHUK E TRINTA, 2003, P. 107).

Ainda, este modelo de comunicação acrescenta “realimentação” ou


“retroalimentação”, também chamado de “feedback”, que consiste em um “indicativo seguro
de como está sendo recebida, interpretada e replicada a mensagem” (POLISTCHUK e
TRINTA, 2003, p. 107).
Segundo David Berlo (1997), para analisar o processo de comunicação é necessário,
primeiro, paralisar a dinâmica do processo e, depois, através de uma linguagem adequada,
descrevê-lo. O autor afirma que os elementos da comunicação são: quem está comunicando,
por que está comunicando e com quem está comunicando. Os comportamentos da
comunicação são as mensagens produzidas, ou seja, o que as pessoas procuram comunicar.
O estudo e a classificação de públicos são essenciais para a observação da atuação
destes como receptores no processo comunicativo. Segundo Kotler (1998), os emissores
devem saber que públicos desejam atingir e que respostas esperam. Eles codificam suas
mensagens de maneira que as mesmas levem em consideração como o público-alvo,
geralmente, as decodifica.
Torquato do Rego (1986) classifica o processo comunicativo nos fluxos ascendente,
descendente e lateral; e nas redes formal e informal. Complementando a idéia do autor,
Margarida Maria Krohling (2003) afirma que a rede informal “emerge das relações sociais
entre as pessoas” (p. 83), contrastando com a rede formal que procede da estrutura
organizacional pelos mais diversos veículos de comunicação. Ainda, a autora acrescenta na
classificação de Torquato do Rego (1986) os fluxos comunicativos transversal e circular. O
fluxo transversal ou longitudinal “se dá em todas as direções, fazendo-se presente nos fluxos
ascendente, descendente e horizontal” (KUNSCH, 2003, p. 86). O fluxo circular envolve
todos os níveis e seu conteúdo por de ser tanto mais amplo quanto maior for o grau de relação
interpessoal entre os indivíduos.
Ainda, de acordo com Berlo (1997), é importante observar o estilo, a forma como as
pessoas tratam as mensagens, e examinar os meios de comunicação, os canais que as pessoas
usam. Dessa forma, os meios e canais de comunicação serão denominados estratégias de
comunicação e serão estudadas suas classificações para posterior análise.
Kunsch (2003) afirma que “para viabilizar a comunicação com os mais diferentes
públicos, se valem de meios ou veículos orais, escritos, pictográficos, escrito-pictográficos,
simbólicos, audiovisuais e telemáticos” (p. 87).
De acordo com Waldyr Gutierrez Fortes (2003), as estratégias de comunicação podem
ser viabilizadas e analisadas segundo os veículos de comunicação utilizados, como por
exemplo veículos de comunicação dirigida escrita, oral, auxiliar e aproximativa. Entre os
veículos de comunicação dirigida escrita, apresenta os tipos informativos (avisos, cartazes,
comunicado de imprensa, encarte, informe de reuniões, etc.), correspondências, intercâmbio
(mural e sistema de sugestões), manuais e publicações, através dos suportes de transporte
físico, eletrônico e virtual. Como veículos de comunicação dirigida oral, aborda conversas
pessoais, telefone, sistema de auto-falante e reuniões. Já os veículos de comunicação dirigida
auxiliar podem ser recursos visuais (projetáveis, descritivos, simbólicos, tridimensionais,
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expositivos), recursos auditivos e recursos audiovisuais (eletroeletrônicos, virtuais, ativos e


vividos). Os veículos de comunicação dirigida aproximativa descritos pelo autor são: serviços
de prestação de informações aos públicos, visitas dirigidas, cessão de instalações e
equipamentos, eventos excepcionais, extensão comunitária, patrocínios, promoção do turismo,
círculos de controle de qualidade e negociação.
Para que a comunicação seja eficaz, é necessário que a cadeia emissor-canal-receptor-
repertório funcione corretamente em todos os seus pontos. Isto pressupõe, em primeiro lugar,
que o emissor e o receptor falem a mesma linguagem, que tenham em comum, pelo menos
parcialmente, um mesmo repertório. Pressupõe igualmente que as operações de codificação e
decodificação sejam feitas corretamente e, por fim, que a transmissão pelo canal físico não
seja perturbada por “ruídos” ou parasitas de uma tal intensidade que acarretem um desperdício
da informação ou a completa destruição da mensagem transmitida. O receptor, ao reenviar a
mensagem recebida ao emissor (“feedback”) permite um ajustamento, uma auto-regulagem da
comunicação.
Segundo Philip Kotler (1998),
para uma mensagem ser eficaz, o processo de codificação do emissor
deve estar engrenado com o processo de decodificação do receptor.
Assim, as melhores mensagens são, essencialmente, sinais que sejam
familiares ao receptor. Quanto maior o campo de experiências do
receptor coincidir com o do receptor, maior será a probabilidade de a
mensagem ser eficaz. Isto implica uma responsabilidade par os
comunicadores de um estrato social que desejam comunicar
eficientemente com outro estrato (KOTLER, 1998, p. 528).

Berlo aceita e reitera o pressuposto de que fonte emissora e destinatário possuem


idênticos caracteres, partilham as mesmas qualidades. Em um ato comunicativo bem-
sucedido, emissor e receptor devem revelar alguma equivalência no que toca ao domínio de
um mesmo código. Torna-se imprescindível, assim, reconhecer o receptor e seu código
(POLISTCHUK e TRINTA, 2003).
Uma comunicação é eficaz quando há fidelidade com o objetivo a comunicar e com a
resposta que se quer obter. Um codificador de alta fidelidade é o que expressa perfeitamente o
que a fonte quer dizer. Um decodificador de alta fidelidade é o que traduz a mensagem para o
receptor com total exatidão. Ao analisar a comunicação, interessa determinar o que aumenta
ou reduz a fidelidade do processo.
Margarida Maria Krohling Kunsch (2003) apresenta barreiras, que são “ruídos” que
prejudicam a eficácia comunicativa, sendo elas: mecânicas ou físicas, que estão relacionadas
com os aparelhos de transmissão; fisiológicas, que dizem respeito aos problemas genéticos
dos órgãos vitais da fala; semânticas, que decorrem do uso inadequado de uma linguagem não
comum ao receptor; e psicológicas, que são os preconceitos e estereótipos que fazem com que
a comunicação seja prejudicada.
O volume de comunicação, o tipo de comunicação e a direção da comunicação
constituem o centro de processamento da eficácia da comunicação institucional. Por exemplo:
muita informação (quantidade), instrumental-técnica (tipo), descendendo para os níveis
inferiores (direção descendente), sem muito retorno (direção ascendente), gera distorções e
freqüentemente cria problemas de engajamento, comunicações cognitivas, intrínsecas aos
comportamentos.
Assim, vale ressaltar ainda que para obtenção de eficácia na comunicação é importante
a aplicação de das características do processo comunicativo e das estratégias de comunicação
adequadas para atingir o objetivo final de comunicação institucional.
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Metodologia

A metodologia utilizada para a realização desta pesquisa consiste em uma abordagem


qualitativa com estudo de caso do Programa ESCALA Estudantil AUGM através de
observação participante e entrevista focada.
A decisão de utilizar a técnica de observação participante deve-se à atuação da
pesquisadora como intercambista do Programa ESCALA Estudantil AUGM, no primeiro
semestre de 2006. Além disso, ao estágio realizado pela pesquisadora na Secretaria de Apoio
Internacional da UFSM durante o segundo semestre letivo de 2006, no qual se pôde
acompanhar os processos de orientação dos intercambistas que saem da UFSM e de recepção
dos intercambistas estrangeiros.
A técnica de entrevista focada foi aplicada junto aos secretários assessores da AUGM
da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e da Universidade de Buenos Aires (UBA) e
com seis intercambistas que chegaram à UFSM e outros seis intercambistas que saíram da
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) durante o ano letivo de 2006 pelo Programa
ESCALA Estudantil AUGM. As instituições envolvidas nessa pesquisa são: a Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM), brasileira, e as argentinas Universidade de Buenos Aires
(UBA) Universidade Nacional de Córdoba (UNC), Universidade Nacional do Litoral (UNL) e
Universidade Nacional de Rosário (UNR).
Na entrevista com os secretários assessores, foram abordadas questões sobre como
ocorre o processo de comunicação das secretarias da AUGM em relação às fases do Programa
ESCALA Estudantil AUGM, sendo elas: divulgação do Programa; divulgação das
oportunidades (vagas disponíveis) de intercâmbio; divulgação da seleção e dos selecionados;
bem como acompanhamento dos intercambistas da sua universidade na universidade de
destino e dos intercambistas estrangeiros desde sua chegada até seu retorno à universidade de
origem.
Na entrevista com os intercambistas, foram abordadas questões com o intuito de
identificar problemas de comunicação que ocorreram impedindo o sucesso pleno do
intercâmbio, bem como se as estratégias de comunicação utilizadas no processo
comunicacional do Programa ESCALA Estudantil AUGM são adequadas e eficientes.

Processo e Estratégias de Comunicação do Programa ESCALA Estudantil AUGM

Nos intercâmbios internacionais entre universidades, ocorre um processo de


comunicação no qual o emissor é formado pela universidade promotora de intercâmbio, a
mensagem é composta por informações sobre intercâmbio e os receptores são os
intercambistas e as pessoas interessadas em intercâmbio.
No caso do Programa ESCALA Estudantil da AUGM, tem-se como emissor ou fonte a
Associação de Universidades do Grupo Montevidéu (AUGM) e suas Universidades membros,
como mensagem as informações sobre o Programa ESCALA e como receptores os
intercambistas e pessoas interessadas em intercâmbio acadêmico. E, como meio ou veículo de
comunicação, considera-se as estratégias de comunicação utilizadas.
Taís Lutz, secretária assessora da AUGM na UFSM, explica o processo de divulgação
do Programa ESCALA Estudantil AUGM,
A divulgação é feita no site da UFSM a partir do momento que se
recebe da Secretaria Executiva a Convocatória do Programa Escala e,
a partir de então, envia-se para os cursos em que tem vaga uma
notícia por e-mail para o coordenador acadêmico que se
responsabiliza pela divulgação interna em seu curso. (LUTZ, 2006).
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Ainda, sobre a decisão de vagas, Taís Lutz diz que “As vagas são decididas em
reuniões de Delegados Assessores, que sempre acontece em Montevidéu, onde se reúnem
todos os coordenadores acadêmicos de todas universidades” (LUTZ, 2006). Sobre a
divulgação das oportunidades de intercâmbio, a responsabilidade é da Secretaria da AUGM
na universidade e “cada curso faz a sua divulgação interna para seus alunos. Cada professor
encarregado faz a divulgação interna” (LUTZ, 2006). Assim, percebe-se o fluxo descendente
do processo de divulgação do Programa ESCALA.
Outro fator a ser analisado é que, de acordo com a assessora da UFSM, a divulgação
da oportunidade de intercâmbio não é padrão, sendo “divulgada no curso a cargo do professor
coordenador, alguns tem editais, outros usam o mural” (LUTZ, 2006). Nas entrevistas com os
intercambistas, este fluxo comunicacional é constatado através da diversidade de respostas
sobre como ficaram sabendo do Programa Escala Estudantil e da oportunidade de
intercâmbio. Enquanto que alguns informaram-se através de cartazes em seus cursos, outros
informaram-se através de contatos pessoais tanto com outros intercambistas, quanto com
coordenadores acadêmicos ou secretário da AUGM em sua universidade. Com base neste
pressuposto, percebe-se a comunicação longitudinal ou transversal do Programa ESCALA
Estudantil da AUGM.
O Fluxo lateral ou horizontal da AUGM ocorre porque, segundo Lutz, “há uma
hierarquia, professor acadêmico comunica-se com professor acadêmico, secretarias com
secretarias, Delegados Assessores com Delegados Assessores e secretarias com Secretaria
Geral em Montevidéu” (LUTZ, 2006).
O fluxo ascendente ocorre no processo comunicativo do Programa ESCALA
Estudantil AUGM quando os intercambistas dão sua avaliação sobre o intercâmbio para a
Secretaria Geral da AUGM.
Já o fluxo de comunicação circular pode ser verificado quando a comunicação permite
que os trâmites burocráticos e o intercâmbio ocorram com sucesso, pois é através deste fluxo
que ocorre a comunicação entre todos os integrantes do processo de comunicação em
intercâmbio.
Ainda com base na observação participante e entrevistas realizadas, a rede formal é
uma constante presença nos trâmites burocráticos do Programa ESCALA Estudantil AUGM,
desde a divulgação do mesmo e das oportunidades de intercâmbio, onde as informações sobre
o Programa e sobre as vagas partem da Secretaria Geral da AUGM. No processo de seleção,
existem regras e requisitos a serem cumpridos, e na orientação para intercâmbio, são expostas
as normas de participação do Programa.
No processo de recepção e durante o intercâmbio até o retorno do intercambista para
sua universidade de origem, observa-se também um acompanhamento formal. O trabalho das
secretarias da AUGM em cada universidade pode ser percebido através da entrevista com
Lutz, que afirma que
fazemos todo o acompanhamento até a finalização da matrícula, da
carteira do RU (Restaurante Universitário), tem um guia do estudante
estrangeiro para ele conhecer tudo o que a UFSM oferece e, a partir
do momento que está instalado, há uma visitação(LUTZ, 2006).

As redes informais, tão constantes quanto as formais, são identificadas nos contatos
pessoais e, principalmente, nas trocas de informações entre intercambistas. Estas últimas, ao
serem pesquisadas junto aos intercambistas, são tanto para divulgação do Programa
ESCALA, quanto para orientação de intercâmbio.
As estratégias de comunicação do Programa ESCALA Estudantil AUGM foram
identificadas de acordo com as diferentes fases de comunicação do processo de intercâmbio.
Assim, na comunicação interna ou intrainstitucional, que ocorre na universidade de origem,
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foram observadas as estratégias de comunicação para divulgação do Programa ESCALA,


seleção de intercambistas, comunicação pré-intercâmbio, comunicação durante intercâmbio e
comunicação após o intercâmbio. Na comunicação externa ou interinstitucional, que ocorre na
universidade de destino, foram identificadas as estratégias de comunicação utilizadas para
comunicação pré-intercâmbio, recepção do aluno estrangeiro, acompanhamento do aluno
estrangeiro e comunicação após intercâmbio. Os resultados das entrevistas relativos as
estratégias presentes em cada fase descrita acima a serão apresentados a seguir de forma
quantitativa.
As estratégias de comunicação identificadas na comunicação interna, ou seja, do
intercambista com sua universidade de origem, são: cartazes; correspondências eletrônicas (e-
mails); contatos pessoais com secretários da AUGM, coordenadores acadêmicos e
intercambistas; evento reconhecido como Jornada de Jovens Pesquisadores da AUGM; sítio
eletrônico (site) das universidades de origem; e telefonemas dos secretários da AUGM na
universidade de origem.
As estratégias de comunicação identificadas na comunicação externa, em outras
palavras, do intercambista com sua universidade de destino, são: correspondência eletrônica
(e-mail), guia de estudante estrangeiro, mapas da universidade e da cidade de destino e
contatos pessoais.
Com pressuposto nos estudos de comunicação de Kunsch (2003), as barreiras, ou seja,
os “ruídos” que prejudicam a eficácia comunicativa, podem ser identificadas no Programa
ESCALA Estudantil AUGM como: barreiras mecânicas ou físicas, que estão relacionadas
com os aparelhos de transmissão; e semânticas, que decorrem do uso inadequado de uma
linguagem não comum ao receptor. As barreiras mecânicas ou físicas devem-se a ausência de
material gráfico explicativo do Programa ESCALA, contendo também orientações sobre os
trâmites burocráticos e outras informações importantes para a realização de intercâmbio. As
barreiras semânticas decorrem da diferença entre as línguas portuguesa e espanhola, que
muitas vezes impede a comunicação eficaz entre emissor e receptor.

Considerações Finais

A globalização tem como uma de suas conseqüências a globalização do conhecimento,


no qual o conhecimento transpõe fronteiras estatais e corrobora com o constante
desenvolvimento tecnológico e comunicacional do mundo atual. Este contexto instiga a
instituição universitária, promotora e divulgadora de conhecimento, a internacionalizar-se
para sobreviver. Uma das formas mais conhecidas de internacionalização universitária é a
atividade de intercâmbio acadêmico internacional.
A Associação de Universidades do Grupo Montevidéu (AUGM) tem por finalidade
principal impulsionar o processo de integração de suas universidades membros através da
construção de um Espaço Acadêmico Comum Ampliado Latino-Americano (ESCALA), que
proporciona a realização de intercâmbios internacionais universitários. Assim, utiliza-se da
comunicação institucional para relacionar-se com seu público-alvo e ser reconhecida perante a
sociedade global.
A problemática desta pesquisa, ao questionar como ocorre e qual a eficácia do
processo comunicativo e das estratégias de comunicação utilizadas pelo Programa ESCALA
Estudantil AUGM para intercâmbio internacional universitário, foi respondida com base na
observação participante e nas entrevistas realizadas junto aos secretários assessores da AUGM
e dos intercambistas do Programa ESCALA.
O objetivo principal de analisar o processo comunicativo e as estratégias de
comunicação que são utilizadas nos intercâmbios internacionais entre universidades, bem
como verificar a eficácia destes para seu público-alvo, os intercambistas e pessoas
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interessadas em intercâmbio foi alcançado pelo seguinte trajeto: observação de como ocorre o
processo comunicativo do Programa ESCALA Estudantil da AUGM na UFSM e UBA;
identificação das estratégias de comunicação utilizadas pelo Programa ESCALA Estudantil
AUGM para comunicação institucional; verificação da eficácia do processo comunicativo e
das estratégias de comunicação junto ao público-alvo do Programa ESCALA Estudantil
AUGM.
O processo comunicacional do Programa ESCALA Estudantil AUGM segue os
modelos teóricos de comunicação em suas diferentes fases de execução de intercâmbio. O
emissor é formado pela AUGM e suas universidades membros, a mensagem é composta por
informações sobre intercâmbio, os receptores são os intercambistas e as pessoas interessadas
em intercâmbio.
Na análise de fluxos, a melhor opção seria a substituição do atual fluxo transversal ou
longitudinal identificado por um fluxo circular, pois assim as informações passariam por
todos os membros envolvidos no processo de comunicação do programa ESCALA Estudantil
AUGM. Este fluxo circular, além de abranger os fluxos ascendente e descendente, não
impediria o fluxo horizontal necessário na comunicação da Associação. Além disso, impediria
que alguns ficassem aparte da comunicação institucional e permitiria uma padronização da
comunicação da Associação e do Programa ESCALA Estudantil AUGM, diminuindo ruídos e
aumentando a eficácia comunicacional.
Conforme análise das redes formal e informal, uma rede de comunicação formal entre
intercambistas deveria ser prevista pela estrutura da Associação, pois é através desta rede, tida
como informal pela AUGM, que também ocorre ampla divulgação do Programa ESCALA
Estudantil, bem como auxílio na orientação para intercâmbio.
As estratégias de comunicação identificadas no Programa ESCALA Estudantil da
AUGM foram: cartazes; correspondências eletrônicas (e-mails); contatos pessoais com
secretários da AUGM, coordenadores acadêmicos e intercambistas; sítio eletrônico (site) das
universidades de origem; e telefonemas. Percebe-se, assim, que outros canais de comunicação
institucional informativos, como panfletos e vídeos institucionais, não são utilizados para
informar e, além disso, legitimar a instituição perante a sociedade.
Outra situação constatada seria a falta de utilização de novas estratégias de
comunicação, como o messenger e o skype, que são disponíveis via internet, e facilitariam a
comunicação em função da distância física entre o emissor e receptor. Para verificar a eficácia
destas ou de outras estratégias comunicacionais no processo comunicacional do programa
ESCALA Estudantil AUGM, seria interessante o questionamento, junto ao público-alvo, de
qual o melhor canal para a AUGM manter contato.
A eficácia comunicacional será atingida quando a AUGM comunicar-se utilizando um
código através de um meio (estratégia de comunicação) que será decodificado por seu
receptor sem a existência de ruídos e com resultado totalmente positivo. Em termos práticos, a
eficácia da comunicação institucional do programa ESCALA Estudantil ocorrerá quando os
intercambistas e pessoas interessadas em intercâmbio forem atingidos plenamente com as
informações sobre intercâmbio, sem o surgimento de dúvidas ou “falhas” na comunicação.
Com a eficácia comunicacional, o Programa ESCALA Estudantil AUGM legitima-se
perante a sociedade global, vindo a servir de exemplo para outras instituições envolvidas em
intercâmbio internacional.
Para finalizar, sugere-se a realização de pesquisas para a implementação de novas
estratégias de comunicação, bem como a avaliação de sua eficácia para a comunicação
institucional do Programa ESCALA Estudantil AUGM.
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