Utilização do Matlab/Simulink para Inserção de
Portadoras Piloto em Sinais OFDM
Erik Vilela Flauzino / Daniely Gomes Silva / Anderson Daniel Soares / Luciano Leonel Mendes
Resumo—Neste trabalho será apresentada uma forma
dinâmica para a inserção e distribuição das subportadoras piloto
na simulação de sinais OFDM utilizando o software Simulink.
Esse objetivo será alcançado através do uso da S-Function, a qual
faz parte do Matlab/Simulink.
Abstract—In this document, will be introduced a dynamic
method to insert and organize the pilots subcarrier in the OFDM
signal simulation, using the Simulink software. This goal will be
achieved through the S-Function, that is also a part of
Matlab/Simulink.
Palavras chave—OFDM, Simulink, Matlab, S-Function,
Portadora Piloto.
Keywords—OFDM, Simulink, Matlab, S-Function, Pilot
Carrier.
I. INTRODUÇÃO
A técnica de multiplexação por divisão de frequências
ortogonais (OFDM), tem sido muito utilizada nas transmissões
digitais. Sua robustez contra canais com múltiplo percurso é
um dos fatores que mais contribuem para a sua escolha, em
relação às outras técnicas que utilizam portadora única na
transmissão [1]. As simulações computacionais de sistemas
OFDM possibilitam descobrir melhorias e novas aplicações
para essa técnica.
O Simulink é uma ferramenta de simulação muito poderosa,
e o mesmo já possui vários blocos que já foram criados para
essas aplicações específicas, agilizando o desenvolvimento das
simulações. Contudo, o OFDM é um sistema muito dinâmico,
com vários parâmetros que devem ser personalizados e
analisados particularmente. Desta forma, a utilização de
recursos habituais do Simulink pode tornar a simulação muito
estática e sem flexibilidade. A solução para esse problema foi
empregar um mecanismo para extensão das capacidades do
ambiente do Simulink. Esse mecanismo é conhecido como S-
Function, que são scripts desenvolvidos em C/C++ e M-File,
os quais poderão ser convertidos em blocos personalizados
para serem usados no Simulink.
Uma das grandes vantagens do OFDM para estimação do
E. V. Flauzino (erik@gee.inatel.br) é aluno do Instituto Nacional de
Telecomunicações - Inatel. Av. João de Camargo, 510 - Santa Rita do
Sapucaí - MG - Brasil - 37540-000. D. G. Silva (daniely@inatel.br) e A. D.
Soares (adsoares@inatel.br) pertencem ao Inatel Competence Center. Av.
João de Camargo, 510 - Santa Rita do Sapucaí - MG- Brasil - 37540-000.
canal e equalização do sinal na recepção é a utilização de
portadoras piloto na transmissão [1]. Essas portadoras não
carregam informação, porém servem como pontos de
referência para conseguir estimar o canal. As S-Functions
serão utilizadas para inserção e remoção das portadoras piloto
dinamicamente na simulação do OFDM. Com isso, a vantagem
gerada por essa ferramenta possibilitará a
utilização de diferentes formas de distribuição das posições
dessas portadoras durante a transmissão.
II. CONCEITOS BÁSICOS SOBRE O OFDM
A. Princípios
O conceito do sistema OFDM já existe a mais de 40 anos, e
foi inicialmente baseado na técnica de multiplexação por
divisão de freqüências convencional (FDM). O seu principio
está na transmissão simultânea de múltiplas portadoras
paralelas, sendo que cada uma delas carrega uma parte da
informação, com um taxa de transmissão reduzida [2]. O
principal diferencial do OFDM em relação ao FDM é o fato
das portadoras serem ortogonais entre si, desse modo,
teoricamente, a interferência entre elas seria nula.
A grande complexidade existente no OFDM é a
implementação de vários osciladores, gerando as várias
frequências das subportadoras [1] [3]. Essa foi á principal
dificuldade de implementação nas primeiras décadas entre os
anos 60 e 90.
Com o avanço da tecnologia na área de processamento
digital de sinais, o problema da implementação dos vários
osciladores foi resolvido através da utilização da transformada
discreta de Fourier (DFT) e também da sua transformada
inversa (IDFT). Ainda assim, esses recursos ainda consumiam
muito tempo de processamento e os mesmos foram
substituídos pela transformada rápida de Fourier (FFT e IFFT)
[3].
B. Portadoras Piloto
A estimação do canal na recepção é feita através das
portadoras piloto. Essas portadoras não carregam informação,
e são inseridas na transmissão em posições e frequências
específicas e conhecidas pelo receptor. Através delas, será
possível se ter uma noção do comportamento do canal naquele
instante, podendo assim equalizar o sinal de recepção com
mais precisão. A melhoria gerada por essa equalização está
ligada diretamente a diminuição das taxas de erro de símbolo.
 III. SIMULAÇÃO DO OFDM
Nesta sessão, serão apresentados dois tipos de simulações, o
modelo estático e o modelo dinâmico. Ambas foram feitas
utilizando o Simulink juntamente com o Matlab.
A. Modelo Estático
No modelo estático, toda a implementação foi feita
utilizando somente os blocos já prontos do Simulink. Dessa
forma, foi preciso definir um número fixo de portadoras totais, Figura 3. Diagrama em blocos da demodulação e remoção das subportadoras
piloto estaticamente.
assim como o número de portadoras piloto a ser utilizado na
transmissão.
Como exemplo, foi utilizado um número total de 64 B. Modelo Dinâmico
subportadoras, com 3 portadoras piloto e 61 de dados. A visão A principal diferença do modelo dinâmico em relação ao
geral do diagrama em blocos implementado no Simulink pode modelo estático, apresentado anteriormente, é a possibilidade
ser vista na Figura 1. de se definir o número de portadoras totais e o número de
portadoras piloto a ser utilizado na simulação. Essa
implementação foi conseguida através da utilização da S-
Function, que foi escrita em um arquivo do tipo Level-2 M-
File.
No sistema de modulação, apresentado na Figura 4, o bloco
pilots_tx faz a leitura do número de portadoras totais e pilotos
definidas pelo usuário e através desses parâmetros, é realizada
a modulação e a distribuição das portadoras piloto em
Figura 1. Diagrama em blocos geral da simulação do OFDM no Simulink.
posições específicas.
O diagrama de modulação e inserção das subportadoras
piloto pode ser visto na Figura 2. Foi escolhida a modulação
em fase e quadratura, QPSK, para as subportadoras de dados,
e a BPSK para as portadoras piloto. É importante ressaltar que
neste sistema, a inserção e a modulação das portadoras piloto
são feitas estaticamente, sendo que dessa forma não será
possível parametrizar o número de subportadoras a ser
utilizado na simulação.

Figura 4. Diagrama em blocos da modulação e inserção das subportadoras

piloto dinamicamente.

No sistema de demodulação, o bloco pilots_rx realiza a

separação entre as portadoras piloto e as portadoras de dados,
direcionando-as para uma segunda saída. Esse sistema está
representado no diagrama da Figura 5.
Figura 2. Diagrama em blocos da modulação e inserção das subportadoras
piloto estaticamente.

Baseando-se no método em que foi feita a inserção e a

modulação das portadoras na transmissão, foi implementado
um sistema de recepção também estático, o qual separa as
subportadoras de dados das portadoras piloto em duas saídas
diferentes, podendo assim trabalhar as portadoras piloto
independentemente das subportadoras de dados. Esse
diagrama é mostrado pela Figura 3.
Figura 5. Diagrama em blocos da demodulação e remoção das subportadoras
piloto dinamicamente.

Através da Figura 6, é possível ver a forma em que as

portadoras piloto foram inseridas e distribuídas. Esse gráfico
foi capturado na recepção, após o bloco pilots_rx, dessa
forma, consegue-se ter uma base do funcionamento do modelo
dinâmico para inserção e separação das portadoras piloto.
Neste exemplo, foi definido um número de 128 portadoras
totais, e 16 portadoras piloto.
Brasil) no Centro de Treinamento 2 (CT2) em Campinas. Em 2009, foi
selecionada para o Programa de Formação de Instrutores do CI Brasil para a
ferramenta Encounter RTL Compiler v7.2 na qual obteve certificação
internacional da empresa Cadence Design Systems e também participou do
desenvolvimento de um processador MIPS 32 bits no CT2. Em 2010,
retomou suas atividades no Laboratório de Desenvolvimento de Hardware,
ministrando cursos voltados para a área de microeletrônica. Atualmente
participa do projeto Rádio Digital para Enlace de Dados Aéreo Móvel Digital
de Alta Velocidade para uso dual (Civil e Militar). É aluna de mestrado em
comunicação digital do Instituto Nacional de Telecomunicações.
Suas principais áreas de interesse são: Microeletrônica Digital, Teoria das
Comunicações Digitais, TV Digital, Sistemas de Comunicações Móveis e
Processamento Digital de Sinais.

Anderson Daniel Soares é Engenheiro Eletricista com ênfase em Eletrônica

Figura 6. Subportadoras piloto na recepção utilizando o modelo dinâmico
IV. CONCLUSÕES
Através desse trabalho, pode-se concluir que as simulações
computacionais são muito importantes para o estudo e
desenvolvimento de tecnologias. Com a utilização da S-
Function, foi possível criar simulações com mais dinamismo e
eficácia.
O próximo passo será utilizar essa ferramenta para estimar o
canal na recepção, possibilitando então, a equalização do sinal
recebido.
e Telecomunicações pelo Instituto Nacional de Telecomunicações, INATEL,
desde julho 2005. É técnico em eletrônica pela Escola Técnica de Eletrônica
Francisco Moreira da Costa - ETE-FMC, desde dezembro de 1999. No
período de 2005 a 2006 participou de um curso da língua inglesa na
Inglaterra. Em 2007, como engenheiro do Centro de Pesquisas Avançadas
Wernher Von Braun participou projeto SINIAV, com testes de equipamentos
de RF-ID. Em 2008, no Laboratório de Desenvolvimento de Hardware do
Inatel Competence Center, participou no desenvolvimento do projeto de um
link de micro-onda digital para televisão digital, sendo responsável pela parte
digital do equipamento. Em 2009, participou do projeto de um equipamento
de gerador de EPG e Carrossel para o uso da interatividade da TV Digital. Em
2010, participou do projeto de uma central de alarmes para caixas eletrônicos
bancários e atualmente esta no projeto de um receptor de satélite com
descompressor de BTS. É aluno de mestrado em comunicação digital do
Instituto Nacional de Telecomunicações.
Suas principais áreas de interesse são: Comunicação Digital, TV Digital,
Sistemas de comunicações Móveis e Processamento Digital de Sinais.

REFERÊNCIAS
[1] Trentin, R. G. “Técnicas de Processamento MIMO-OFDM aplicadas à
Radiodifusão de Televisão Digital Terrestre.” EEL/UFSC, 2006.

[2] Chang, R. W., “Orthogonal Frequency Division Multiplexing”. US

Patent 3 488 445, November 14, 1966.

[3] Mendes, L. L., “Modelos matemáticos para estimação do desempenho

de sistemas de multiplexação por divisão em frequências ortogonais”,
Unicamp, Campinas, SP, 2007.

Erik Vilela Flauzino nasceu em Alpinópolis, Minas Gerais, em Janeiro de

1988. Em 2006, iniciou o curso de Engenharia Elétrica com ênfase em
Eletrônica e Telecomunicações no Instituto Nacional de Telecomunicações,
Inatel, situado na cidade de Santa Rita do Sapucaí, MG. De Janeiro de 2009
até Dezembro de 2009, trabalhou na PK Solutions, onde atuou no
desenvolvimento de software para servidores Linux e Asterisk. Desde Junho
de 2010 atua como estagiário da Leucotron Telecom, trabalhando na área de
pesquisa e desenvolvimento.
Suas principais áreas de interesse são: Redes de Próxima Geração (NGN),
Comunicações Móveis, Sistemas de Comunicações Digitais e Engenharia de
Software.

Daniely Gomes Silva é Engenheira Eletricista com ênfase em Eletrônica e

Telecomunicações pelo Instituto Nacional de Telecomunicações, INATEL,
em 2007. Participou, como engenheira do Laboratório de Desenvolvimento de
Hardware do Inatel Competence Center, no desenvolvimento do Set Top Box
Interativo para TV Digital. No segundo semestre de 2008, participou do
Programa Nacional de Formação de Projetistas de Circuitos Integrados (CI