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Nascido em São Borja, em 1882, Getúlio Dornelles Vargas foi um dos mais importantes
políticos da História do Brasil. Depois de concluir a Faculdade de Direito em Porto Alegre, em
1907, Getúlio começou sua trajetória política no início dos anos 20. Entre 1923 e 1926,
Vargas ocupou as cadeiras de deputado estadual, federal e líder da banca gaúcha no
Congresso.
Depois de nomeado presidente, Getúlio estendeu esse seu primeiro mandato por quinze anos
ininterruptos. De 1945 a 1951 ocupou o cargo de Senador Federal. Depois desse mandato,
voltou à presidência pelo voto popular. Em agosto de 1954, sob forte pressão política e
escândalos pessoais, Getúlio Vargas cometeu suicídio.
Com a ocorrência desse conflito, Vargas se viu forçado a convocar eleições para a formação
de uma Assembléia Nacional Constituinte. No processo eleitoral, as principais figuras
militares do governo perderam espaço político devido o desgaste gerado pelos conflitos
paulistas. Passada a formação da Assembléia, uma nova constituição fora promulgada, em
1934. Com inspiração nas constituições alemã e mexicana, a Carta de 1934 deu maiores
poderes ao poder executivo, adotou medidas democráticas e criou as bases de uma
legislação trabalhista. Além disso, a nova constituição previa que a primeira eleição
presidencial aconteceria pelo voto da Assembléia. Por meio dessa resolução e o apoio da
maioria do Congresso, Vargas garantiu mais um novo mandato.
Constituição de 34
A conturbação causada pela Revolução Constitucionalista de 1932, forçou o governo
provisório de Getúlio Vargas a tomar medidas que dessem normalidade ao regime
republicano. Dessa maneira, o governo criou uma nova Lei Eleitoral e convocou eleições que
foram realizadas no ano posterior. A partir de então, uma nova assembléia constituinte
tomou posse em novembro de 1933 com o objetivo de atender os anseios políticos
defendidos desde a queda do regime oligárquico.
Em 16 de julho de 1934, foi noticiada uma nova constituição com 187 artigos. Em termos
gerais, essa nova carta ainda preservava alguns pontos anteriormente lançados pela
constituição de 1891. Entre muitos itens foram respeitados o princípio federalista que
mantinha a nação como uma República Federativa; o uso de eleições diretas para escolha
dos membros dos poderes Executivo e Legislativo; e a separação dos poderes em Executivo,
Legislativo e Judiciário.
Na questão trabalhista, a Carta Magna proibia qualquer tipo de distinção salarial baseada em
critérios de sexo, idade, nacionalidade ou estado civil. Ao mesmo tempo, ofereceu novas
conquistas à classe trabalhadora com a criação do salário mínimo e a redução da carga
horária de trabalho para 8 horas diárias. Além disso, instituiu o repouso semanal e as férias
remuneradas, a indenização do trabalhador demitido sem justa causa e proibiu o uso da
mão-de-obra de jovens menores de 14 anos.
Com relação à economia, a Constituição de 1934 tinha claras preocupações com respeito à
adoção de medidas que promovessem o desenvolvimento da indústria nacional. As novas leis
permitiam a criação de fundações, institutos de pesquisa e a abertura de linhas de crédito
que viabilizassem a modernização da economia por meio da expansão do parque industrial.
Na agricultura, o governo tomou medida semelhante ao favorecer a variação dos itens da
nossa pauta de exportações agrícola.
Nessa mesma carta, as diretrizes eleitorais criadas em 1932 foram finalmente consolidadas.
Fazendo jus às propostas da Revolução de 30, a nova lei eleitoral permitiu a adoção do voto
secreto e direto. Paralelamente, a nova lei permitiu o voto para todos aqueles maiores de 21
anos, incluindo as mulheres. Somente os analfabetos, soldados, padres e mendigos não
poderiam ter direito ao voto.
Contando com esse espírito revolucionário e a orientação dos altos escalões do comunismo
soviético, a ANL promoveu uma tentativa de golpe contra o governo de Getúlio Vargas. Em
1935, alguns comunistas brasileiros iniciaram revoltas dentro de instituições militares nas
cidades de Natal (RN), Rio de Janeiro (RJ) e Recife (PE). Devido à falta de articulação e adesão
de outros estados, a chamada Intentona Comunista, foi facilmente controlada pelo governo.
Mesmo tendo resistido a essa tentativa de golpe, Getúlio Vargas utiliza-se do episódio para
declarar estado de sítio. Com essa medida, Vargas ampliou seus poderes políticos, perseguiu
seus opositores e desarticulou o movimento comunista brasileiro. Mediante a “ameaça
comunista”, Vargas conseguiu anular a nova eleição presidencial que deveria acontecer em
1937. Anunciando outra calamitosa tentativa de golpe comunista, conhecida como Plano
Cohen, Getúlio Vargas anulou a constituição de 1934 e dissolveu o Poder Legislativo. A partir
daquele ano, Getúlio passou a governar com amplos poderes, inaugurando o chamado
Estado Novo (1937 – 1945).
Outro ponto importante da política varguista pode ser notado na relação entre o governo e as
classes trabalhadoras. Tomado por uma orientação populista, o governo preocupava-se em
obter o favor dos trabalhadores por meio de concessões e leis de amparo ao trabalhador.
Tais medidas viriam a desmobilizar os movimentos sindicais da época. Suas ações eram
controladas por leis que regulamentavam o seu campo de ação legal. Nessa época, os
sindicatos transformaram-se em um espaço de divulgação da propaganda governista e seus
líderes, representantes da ideologia varguista.
Em 1939, com o início da Segunda Guerra Mundial, uma importante questão política orientou
os últimos anos do Estado Novo. No início do conflito, Vargas adotou uma postura
contraditória: ora apoiando os países do Eixo, ora se aproximando dos aliados. Com a
concessão de um empréstimo de 20 milhões de dólares, os Estados Unidos conquistaram o
apoio do Brasil contra os países do Eixo. A luta do Brasil contra os regimes totalitários de
Adolf Hitler e Benito Mussolini gerou uma tensão política que desestabilizou a legitimidade da
ditadura varguista.
Durante o ano de 1943, um documento intitulado Manifesto dos Mineiros, assinado por
intelectuais e influentes figuras políticas, exigiu o fim do Estado Novo e a retomada da
democracia. Acenando favoravelmente a essa reivindicação, Vargas criou uma emenda
constitucional que permitia a criação de partidos políticos e anunciava novas eleições para
1945. Nesse meio tempo surgiram as seguintes representações partidárias: o Partido
Trabalhista Brasileiro (PTB) e o Partido Social Democrata (PSD), ambos redutos de apoio a
Getúlio Vargas; a União Democrática Nacional (UDN), agremiação de direita opositora de
Vargas; e o Partido Comunista Brasileiro (PCB), que saiu da ilegalidade decretada por Getúlio.
Em 1945, as medidas tomadas pelo governo faziam da saída de Vargas um fato inevitável.
Os que eram contrários a essa possibilidade, organizaram-se no chamado Movimento
Queremista. Empunhados pelo lema “Queremos Getúlio!”, seus participantes defendiam a
continuidade do governo de Vargas. Mesmo contando com vários setores favoráveis à sua
permanência, inclusive de esquerda, Getúlio aceitou passivamente a deposição, liderada por
militares, em setembro daquele ano.
Dessa maneira, Getúlio Vargas pretendeu conservar uma imagem política positiva. Aceitando
o golpe, ele passou a idéia de que era um líder político favorável ao regime democrático.
Essa estratégia e o amplo apoio popular, ainda renderam a ele um mandato como senador,
entre 1945 e 1951, e o retorno democrático ao posto presidencial, em 1951.
Além do controle, o DIP também fez claro uso dos meios de comunicação como instrumento
elogioso ao regime e disseminador de um sentimento nacionalista. Nas escolas, os técnicos
do governo passaram a se preocupar com a produção de um material didático que pudesse
desenvolver um sentimento de forte apelo nacionalista. Dessa forma, o interesse estatal e o
amor à nação se fundiam em um mesmo discurso que deveria se configurar
harmonicamente.
Nas redações dos jornais, a possibilidade de se divulgar alguma notícia contra Getúlio Vargas
era minimizada de todas as formas possíveis. Se por acaso o DIP considerasse alguma
notícia, artigo ou coluna subversivo, o Estado tinha poderes para fechar a empresa de
comunicação ou suspender o fornecimento de papel ao jornal. Além disso, os veículos que
faziam propaganda positiva do Estado Novo eram agraciados com a compra de seu espaço
publicitário para propaganda oficial.
Esse mesmo tom de intervenção e incentivo também foi empregado junto às primeiras
estações de rádio que se firmavam no Brasil. Muitos compositores dessa época recebiam
dinheiro em troca da fabricação de músicas que exaltassem o Brasil e a figura de Getúlio
Vargas. Em várias ocasiões, o DIP proibiu a gravação de sambas que tematizavam a figura do
malandro, que era completamente contrária ao ideal de valorização do trabalho defendido
pelo governo.
Um dos mais conhecidos programas de rádio dessa época foi “A Hora do Brasil”, momento
em que todas as rádios do país transmitiam uma série de matérias radiofônicas que
exaltavam as realizações do governo de Getúlio Vargas. Dessa maneira, Vargas procurava
legitimar seu regime político dando a ele um tom providencial e soberano que deveria ser
exaltado por todos os brasileiros. De representante da nação, o presidente parecia ser
transformado em um líder predestinado.
AIB
Surgida em um singular momento da História do Brasil, a Ação Integralista Brasileira aparece
no momento em que novos grupos sociais aparecem no cenário sócio-político do país. Com a
queda das estruturas políticas oligárquicas, os grandes eixos de discussão política e
ideológico do país perdem força no meio rural e passam a ocupar os centros urbanos do
Brasil.
Nesse mesmo período, novas teorias políticas surgem na Europa como um reflexo das crises
advindas do período entreguerras (1919 – 1938) e a crise capitalista que culmina, em 1929,
com a quebra da Bolsa de Nova Iorque. Na Europa, o facismo italiano e o nazismo alemão
foram dois grandes movimentos políticos que chegaram ao poder em face às incertezas
vividas naquele período.
No Brasil, a rearticulação política vivida com a Revolução de 1930 fez com que o Integralismo
aparecesse como uma alternativa frente ao recente governo de Getúlio Vargas e o
crescimento dos movimentos operário e comunista. Sob o comando de Plínio Salgado, a Ação
Integralista conseguiu o apoio de setores médios, empresários e setores do operariado.
Entendidos por muitos como um “facismo abrasileirado”, esse movimento contou com suas
particularidades.
A rearticulação do cenário político nacional expresso por esses dois movimentos dava fim ao
vácuo ideológico que permitiu a deflagração da Revolução de 1930. No caso dos aliancistas,
o discurso de natureza revolucionária figurava uma ameaça potencial aos interesses das alas
governistas e das elites econômicas nacionais. Em 1935, alguns dos membros da ANL
acabaram reforçando a desconfiança de seus opositores ao tentar concretizar um golpe de
Estado durante a chamada Intentona Comunista.
A partir de então, o governo Vargas passou a utilizar desse levante para reforçar a eminente
ameaça de uma ação golpista promovida pelas esquerdas. Contudo, mostrando seu
comportamento dúbio, Getúlio Vargas não se manifestou contra as chapas que se
apresentavam para disputar as eleições de 1938. De fato, o governo articulava em seus
bastidores, com expresso apoio dos militares, o estabelecimento de um golpe que anulasse a
consolidação da democracia plena no país.
Essa tendência autoritária e centralizadora era bastante próxima do projeto político dos
integralistas, que viam nas liberdades democráticas uma séria ameaça ao desenvolvimento
nacional. Em 1937, quando os aliados do golpe garantiram a instalação do chamado Estado
Novo, os integralistas passaram a apoiar Getúlio Vargas. Em certa medida, o presidente
passou a simbolizar a figura do líder supremo capaz de impor um governo rígido.