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Nas
máquinas elétricas, os condutores são percorridos por correntes que interagem com os campos
magnéticos, resultando na conversão eletromecânica de energia.
Existe, como veremos mais adiante, uma grande semelhança entre a análise dos
circuitos elétricos e magnéticos. Além disso, o estudo desta área exige um cuidado especial,
devido as várias unidades de medidas para as mesmas entidades. Como norma, entretanto,
estaremos usando sempre o padrão SI.
Por definição, as linhas de campo se originam no pólo NORTE e terminam no pólo SUL,
retornando ao pólo norte por dentro do material magnético. Lá, as linhas de campo são
simetricamente distribuídas, se utilizando de espaços iguais entre si.
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Sabemos então que um condutor percorrido por corrente elétrica gera campo magnético
no seu espaço. Este campo formado (B) circunda o condutor, conforme mostra a figura 2.3.
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Para determinar a direção e o sentido das linhas de campo, idealizou-se uma regra chamada
Regra da Mão Direita. Basta colocar o polegar da mão direita no sentido convencional da
corrente e observar a posição dos outros dedos da mão. Eles indicarão o sentido do campo
magnético.
Se o condutor for enrolado formando uma espira (figura 2.4), as linhas de campo terão a
mesma direção e sentido no centro da espira. Uma bobina com mais de uma espira produzirá
um campo magnético com um caminho contínuo em torno da bobina (figura 2.5).
Eletroímã
Para se determinar o sentido de campo num eletroímã, basta usar a regra da mão
direita também, mas invertendo os dedos, ou seja: polegar no sentido do campo e os demais
dedos no sentido da corrente elétrica (veja figura 2.6).
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fq
+ v
l
-
fq
B
fq = q.(v x B) (2.1)
A força sobre uma carga positiva q+ está na direção como mostra a figura 2.7. As
cargas positivas são forçadas a se deslocarem para cima e as negativas se deslocarem para
baixo. Como resultado final, nas extremidades do condutor teremos uma diferença de potencial
(concentração de cargas q+ em cima e concentração de cargas q- embaixo).
fem = e = B. l. v (2.2)
Uma interpretação da equação (2.2) é que a fem é exatamente igual à razão em que o
fluxo magnético está sendo "cortado" pelo condutor. Em geral, a fem, um escalar, é dada pela
expressão vetorial:
e = B. (l x v) = B. l. v. cos α. sen ϕ
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Como o resultado da equação (2.3) é um vetor, sua direção e sentido pode ser
determinada pela "Regra da Mão Esquerda", conforme mostra a figura 2.8.
OBS.: Esta regra mostra exatamente a força que aparece quando mergulhamos uma bobina
carregada por corrente num campo magnético. Tal força provoca o deslocamento da bobina e
se esta estiver sobre um eixo rotativo provocará sua rotação, que é o princípio de um motor
elétrico (que será visto mais adiante).
Vimos que o fluxo magnético são as linhas de campo que nascem no pólo Norte de um
ímã permanente. O fluxo magnético é medido em weber (Wb) no sistema SI e seu símbolo é a
letra grega phi (ϕ). Um (1,0) weber equivale a 10 8 linhas de campo.
ϕ
B= [T ] (2.4)
A
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Por definição:
1,0 T = 1,0 Wb / m2.
-4
A densidade de fluxo também pode ser expressa em gauss (Sistema CGS) e vale 10
tesla.
Logo:
1,0 T = 1,0 Wb/m2 = 104 gauss
Um gaussímetro indica uma densidade de fluxo de 4,64 gauss sobre uma superfície
de 25 cm2. Qual o fluxo magnético presente na superfície ?
Solução:
Logo:
ϕ = B.A = 4,64.10 -4 . 25.10-4
µ)
2.4- Permeabilidade Magnética (µ
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variação se deve ao fato do material ter ou não capacidade de concentrar as linhas de campo
dentro do núcleo.
Os materiais, através dos quais as linhas de campo podem se estabelecer com relativa
facilidade, são denominados "magnéticos" e possuem elevada permeabilidade magnética. Esta
grandeza é semelhante, em muitos aspectos, à condutividade elétrica.
µ0 = 4. π. 10-7 (Wb/A.m)
Na prática, materiais não-magnéticos (cobre, alumínio, vidro, madeira, ar, água, etc)
possuem um µ quase igual a µ0 .
µ
µr = (2.5)
µ0
Em geral, os ferromagnéticos possuem µr ≥ 100 e os não-magnéticos, µr ≈ 1,0.
Mesmo que o material magnético tenha uma estreita relação com a permeabilidade, seu
valor não é único para o mesmo material. Ou seja, digamos que estamos estudando o aço-
silício. Dependendo da quantidade de intensidade de campo aplicado, seu µ variará em função
dessa quantidade. Isto ficará mais claro quando vermos como se comporta os materiais
magnéticos perante uma variação de intensidade de campo.
Também conhecida como força magnetizante, representa a "força" exercida pelo fluxo
magnético para atrair ou repelir materiais.
Se lembrarmos das brincadeiras com dois ímãs permanentes, veremos que a medida
que aproximamos dois pólos diferentes (N-S por exemplo) é necessário mais "força" nas mãos
para não deixá-los encostas. A medida que os afastamos, menos "força" é requerida. Numa
outra situação, se aproximarmos dois pólos iguais (N-N por exemplo) veremos que é
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necessário mais "força" nas mãos para tentar aproximá-los. A medida que os afastamos,
também menos "força" é necessária.
N .I (2.6)
H= ( A.esp / m)
l
onde:
N = n0 de espiras que formará o fluxo magnético.
I = a corrente que circula nas espiras (A).
l = o comprimento da trajetória magnética (m).
B = µ.H (2.7)
Esta relação indica que, para um dado valor específico da força magnetizante, quanto
maior o µ, maior será a densidade B induzida. Em outras palavras, materiais com alta
permeabilidade podem conduzir mais linhas de campo dentro do material, sem fazer muita
"força" (intensidade de campo) externa.
OBS.: O único µ que não varia com a variação de H é o µ0, pois já é um valor fixo.
A expressão (2.6) anterior pode ser obtida pelo experimento com um toróide semelhante
ao da figura 2.12, abaixo.
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Sabemos que existe uma relação direta entre o fluxo magnético ϕ e a corrente I que
circula no condutor (bobina). Quanto maior a corrente, maior é o fluxo magnético. Este fluxo
dará preferência para circular dentro do material magnético (núcleo), pois com certeza seu µ
será bem maior que o do ar.
Desta forma, fica estabelecida a trajetória que o fluxo irá desenvolver, ou seja,
percorrerá o núcleo por completo. Assim, o comprimento da trajetória magnética será o
comprimento do núcleo do toróide.
Solução:
N .I 50.200.10 −3
Pela equação (2.6), temos: H= = ⇒ H = 50 A.esp / m
l 20.10 − 2
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Para definirmos esta entidade, vamos continuar analisando a figura 2.12. Na bobina de
N espiras do toróide, o efeito desejado é que surja um fluxo magnético no núcleo da mesma.
Pois bem, este produto (N x I) é entendido como a "força" (pressão) necessária para
estabelecer o fluxo magnético no interior do material. Tal força definimos então como "força
magnetomotriz" (fmm). Seu símbolo é o F e a sua unidade é o ampère-espiras (Aesp). A
propriedade que se opõe a criação do fluxo magnético é a relutância, que será vista mais
adiante.
N .I
H=
l
Logo:
F = H. l (Aesp) (2.9)
Na prática, podemos entender que uma bobina de N espiras, onde circula uma corrente
I, é na verdade um "gerador" de fluxo magnético, através da sua força magnetomotriz.
Será que existe alguma semelhança entre a fmm e a fem ? Elas não são
geradoras de alguma coisa ?
Um anel de madeira em forma de um toróide tem um raio médio de 30 cm. Tal anel é
bobinado com 600 voltas uniformemente distribuídas. A área da seção do toróide é de 4,0 cm2.
Uma corrente de 2,0 A é aplicada ao sistema. A permeabilidade da madeira pode ser
considerada igual a do vácuo. Calcular:
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Para o mesmo sistema do exercício anterior, qual deve ser a corrente aplicada à bobina,
se desejarmos um fluxo magnético de 5,0.10-3 Wb ?
Temos: F = (B/µ). l
F = ϕ. (l / µ. A)
O termo entre parêntesis revela uma grande aproximação com a equação da resistência
elétrica, dada por: R = ρ. (l / A).
Examinando melhor a equação acima, podemos fazer uma interpretação similar para o
circuito magnético. Neste caso, (l / µ. A) é uma "resistência magnética" (relutância) que
depende do comprimento do material, da área e das propriedades físicas do mesmo.
R = ( l / µ. A ) (2.10)
F = ϕ. R (2.11)
que é a terceira maneira de expressar a força magnetomotriz. Portanto, a fmm gera um fluxo
magnético limitado apenas pela relutância do material onde está estabelecido o fluxo.
OBS.: Vale lembrar que a equação (2.11) é válida desde que B e A não variem.
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ϕ ÷A B
gráfico
H ×l F N.I
X R
2) Um núcleo é composto por três materiais ferromagnéticos diferentes. Num de seus lados
existe uma bobina de 100 espiras, como mostra a figura abaixo. O material X é uma liga de
ferro-níquel com um comprimento de 30 cm. O material Y é de aço-silício e tem um
comprimento de 20 cm. O material Z é de aço fundido doce de comprimento 10 cm. Cada
material tem a mesma área de seção transversal 10 cm2. Calcule:
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2.8- Entreferro
A dispersão das linhas de campo neste espaço fora da área comum do núcleo
chamamos de " efeito de dispersão" das linhas de campo. Normalmente, para efeito de cálculo,
nós desprezamos o efeito da dispersão para não complicar o problema e neste caso, as linhas
seguem linearmente sua trajetória como se fosse um material de baixa relutância. Na prática,
consideramos um número muito próximo da realidade, conforme algumas experiências.
ϕg
Bg = (2.12)
Ag
onde, para todo efeito prático:
ϕg = ϕnúcleo
Ag = Anúcleo
Bg
Hg = (2.13)
µ0
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Existe uma grande semelhança entre a análise dos circuitos elétricos e a dos circuitos
magnéticos. A tabela abaixo mostra as entidades de cada área e sua respectiva correlação.
Σ F=0 (2.14)
ou seja, que a soma das "quedas" das forças magnetomotrizes num circuito fechado é zero,
assim como é em circuitos elétricos.
a) As dimensões das estrutura magnética são tais que a densidade de fluxo (B) em
qualquer seção transversal pode ser considerada uniforme.
c) A fmm total (F TOT) sempre será considerada a soma das fmm de cada material ou
trecho do sistema.
ϕ3 P ϕ2 ϕ1 = ϕ2 + ϕ3
ϕ1
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a b c 5 cm
20 cm
f e d 5 cm
40 cm
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ϕ (Wb)
∆ϕ
F (Aesp)
∆F
A partir do gráfico da figura 2.14, podemos derivar o mesmo comportamento para uma
curva B x H. Para o fluxo magnético ϕ, se dividirmos pela área da seção transversal do toróide
(A), obtemos a densidade de fluxo (B). Para a força magnetomotriz (F) se dividirmos pelo
comprimento da trajetória magnética (l), obtemos a intensidade de campo (H). Tanto (A) quanto
(l) são entidades constantes e só dependem da estrutura física do sistema. Portanto, o
comportamento da curva B x H é o mesmo da curva ϕ x F .
Quando este material passa a ficar imerso num campo magnético, os cristais de ferro
passam a se orientar magneticamente pelas linhas de campo externa. Esta orientação provoca
nos momentos magnéticos do material uma resultante diferente de zero (ΣM ≠ 0) e aí passam a
gerar também campo magnético facilitando ainda mais a passagem das linhas de campo
externas (figura 2.15-b). Isto melhora a fluidez das linhas, aumentando sua permeabilidade.
Quanto mais linhas externas (ou força magnetomotriz), maior é a resposta das linhas de campo
(B) do material. Isto pode ser representado pelo trecho linear da curva de magnetização (de
zero ao ponto X).
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Entretanto, chega um ponto que não há mais momentos magnéticos para serem
orientados pelas linhas externas. Ou seja, mesmo aumentando a fmm externa, o material
magnético não mais responde com a mesma intensidade. Estamos então na região de
saturação. Atingimos com isto o ponto máximo de densidade de fluxo permitido pelo material
(figura 2.15-c).
Fig. 2.15: (a) Momentos magnéticos orientados aleatoriamente. (b) Momentos magnéticos sob orientação
de uma fmm externa. (c) Material magnético totalmente saturado. Mesmo aumentando a fmm externa, não
se aumenta o B interno.
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2.12- Histerese
Na região de saturação, a densidade de fluxo, para todo efeito prático, atingiu seu valor
máximo (BMAX). Qualquer aumento adicional de corrente não provocará aumento significativo
na densidade de fluxo.
BRES B (Tesla)
a
b
HCOERC
- HMAX c f H (Aesp/m)
HX HMAX
- BRES
e
d
Quando H é zero (I = 0) haverá ainda uma densidade de fluxo positiva no material que
chamamos de "Densidade Residual" (BRES). É ela que torna possível a criação de ímãs
permanentes.
Importante: Não existe apenas um único laço de histerese sobre o mesmo material, pois
depende muito do ponto sobre a curva de magnetização em que começou a se alternar o fluxo.
A área dentro do laço de histerese representa esta perda de energia devido ao próprio
fenômeno. Devido a complexidade matemática de se determinar a área do laço de histerese,
foram realizados estudos experimentais e definida uma equação empírica para o cálculo
aproximado das perdas por histerese no ferro. A equação é:
Onde:
Bm : Densidade de fluxo magnético máximo.
f : Freqüência da corrente alternada.
Kh : Constante de proporcionalidade que depende do material e da permeabilidade do
material. Também conhecido como "Coeficiente de Steinmetz".
Exemplo de Kh :
Onde:
Bm : Densidade de fluxo magnético máximo.
f : Freqüência da corrente alternada.
Ke : Constante de proporcionalidade que depende da espessura do material e da sua
condutividade.
Portanto, existem dois tipos de perdas no núcleo: as perdas por histerese e as perdas
por correntes parasitas (perdas por correntes de Foucault).
Como vimos, as correntes parasitas são oriundas da variação do fluxo magnético dentro
do núcleo. Esta variação provoca uma diferença de potencial no material que, sendo condutor
elétrico, gera uma corrente elétrica. É a corrente parasita.
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Fig. 2.19: Corrente parasita num núcleo de ferro. A linha tracejada branca da figura representa
a corrente parasita (ib) se fosse um núcleo maciço. As linhas pretas representam as correntes
parasitas com o núcleo laminado (ia).
Fig. 2.20: Corrente parasita num núcleo de ferro. Maciço (b) e laminado (a) e (c).
Devido ao núcleo ser empilhado e não montado de forma maciça, sua área transversal
fica um pouco maior. Isto decorre do acréscimo da camada de isolação elétrica (geralmente
verniz) depositada em ambas as faces da lâmina, aumentando assim o pacote do núcleo (vide
figura 2.20, espessura d1). A razão entre a espessura só de material magnético (maciço) e a
espessura de todas as lâminas empilhadas chamamos de "Fator de Empilhamento".
Solução:
U(t)= R. i(t) + e(t) = R. i(t) + N. dϕ(t) / dt ⇔ U(t). i(t)dt = R. i(t). i(t)dt + N. (dϕ(t). i(t)dt) / dt ⇔
U(t). i(t)dt = R. i2(t)dt + N. dϕ(t). i(t) à integrando ambos os lados de 0 a T (período), temos:
T T T
0 0 0
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Sendo dϕ(t) = A. dB(t) ⇒ H(t). l. dϕ(t) = H(t). l. A. dB(t)
Portanto:
T T
Logo:
T T T
0 0 0
Portanto, a potência consumida por um toróide ligado em corrente alternada será para
gerar perdas no cobre e no ferro (perdas por histerese).
Notícias
da hora...
Retirado de http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/maio2005/ju288pag08.html
O futuro da refrigeração está nos materiais magnéticos. Prova disso é a recente descoberta
realizada pelos pesquisadores do Instituto de Física da Unicamp (maio de 2005), sobre o composto
intermetálico manganês-arsênio, cuja capacidade de retirar calor do ambiente é vinte vezes superior ao
gadolínio, substância comumente usada nos protótipos de refrigeradores magnéticos. Considerada de
alta relevância científica mundial, a descoberta foi batizada pelos pesquisadores de efeito
magnetocalórico colossal, pela intensa capacidade de absorção de calor. O professor Sérgio Gama,
coordenador do Grupo de Preparação e Caracterização de Materiais (GPCM) e responsável pela
pesquisa, afirma que embora não haja uma aplicação prática imediata do material, o fato abre um
enorme campo para se procurar novos materiais que apresentem o efeito colossal.
Gama explica que o maior obstáculo a ser vencido é desenvolver um produto que tenha uma
histerese muito baixa, o que significa dizer que a diferença de temperatura entre o início e o fim do ciclo
de refrigeração deve ser bem próxima de zero à temperatura ambiente. No caso do composto
manganês-arsênio, o principal problema é que ele não volta ao ponto de origem quando submetido a
um ciclo de aquecimento e resfriamento.
“Nós já descobrimos que existe uma série de compostos nos quais o arsênio é parcialmente substituído
por antimônio e que também apresentam o efeito colossal. Embora esse efeito não seja tão grande,
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apresenta uma histerese menor”, comenta Gama. Ele ressalta que isso tem uma contrapartida prática,
porque ao descobrir um material que não apresenta histerese e que, portanto, pode ser aplicado na
prática, caracteriza-se um desenvolvimento tecnológico muito importante. Existirão refrigeradores
magnéticos com capacidade de refrigeração muito maior do que os utilizados com o efeito
convencional. Isso representa uma melhoria tecnológica importante para aplicação, inclusive com
redução de consumo de energia e um material bastante eficiente.
O pesquisador explica que, quando se fala em materiais magnetocalóricos usuais, existe o que
se chama de convencional, que tem um efeito relativamente pequeno, e existem também os chamados
gigantes, que possuem um efeito muito grande e que estão associados a transições magnéticas de
primeira ordem.
O mecanismo proposto pelos pesquisadores, considerado uma novidade, é que a rede passa,
através da interação com o campo magnético, a contribuir em grande parte para o efeito de entropia, ou
seja, cria-se uma segunda fonte de entropia para o efeito magnetocalórico, que é exatamente a rede,
através de uma interação chamada magnetoelástica. Portanto, embora hoje esse material não tenha
uma aplicação prática imediata pelo fato de apresentar uma histerese muito grande, ele é muito
importante do ponto de vista tanto prático quanto teórico, porque mostra a possibilidade de gerar um
efeito muito grande proveniente de uma outra fonte, que não é apenas a parte magnética do material.
A decisão de trabalhar com materiais sob pressão surgiu a partir de uma conferência realizada
em julho de 2003, em Roma (Itália). Os pesquisadores brasileiros conheceram uma célula de pressão,
em forma de caneta, construída com cobre e berílio, extremante eficiente para a pesquisa pretendida.
Como o preço sugerido pelo fabricante (US$ 20 mil) era bastante alto, resolveram observar como o
produto foi construído e desenvolveram, nas oficinas do Instituto, um produto similar com custo
aproximado de R$ 3 mil, cada uma.
Por isso, a refrigeração magnética poderá ser uma tecnologia limpa e amigável para o meio
ambiente e para a atmosfera, evitando o uso de gases que causam o efeito estufa ou provocam a
destruição da camada de ozônio. Pressupõe-se que em um primeiro momento os beneficiados serão os
sistemas de refrigeração de grande porte como hospitais, shoppings e grandes indústrias.
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