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È na parte especial, bem como em outras leis especiais, que estão definidas as infrações
penais com as suas correspondentes sanções.
Critérios utilizados pelos legisladores para a sistematização dos crimes na Parte Especial
-Influência canônica - passaram a figurar nos códigos em primeiro lugar os crimes contra
Deus e a religião.
Inicia-se com as figuras típicas que atentam contra bens ou interesses individuais até
chegar aos crimes contra os interesses do Estado como poder administrativo.
I-dos crimes contra a vida; II-das lesões corporais; III-da periclitação da vida e
da saúde; IV-da rixa; V-dos crimes contra a honra e VI-dos crimes contra a
liberdade individual.
Por fim, o capítulo VII do Título I, que trata dos crimes contra a liberdade individual, está
dividido em quatro seções:
Fato típico:
d)tipicidade
Importante! Um crime só pode ser punido como culposo quando houver expressa
previsão legal (art. 18, parágrafo único, do CP). No silêncio da lei, o crime só é punido
como doloso.
Objeto jurídico do crime = bem jurídico protegido pela norma penal. É a vida, no
homicídio; a integridade corporal, nas lesões corporais; o patrimônio, no furto; a honra,
na injúria.
DO RESULTADO
Resultado e evento.
Crime formal – o tipo não exige a produção do resultado para a consumação do crime,
embora seja possível a sua ocorrência. Assim, o resultado naturalístico, embora possível,
é irrelevante para que a infração penal se consume. É o caso da ameaça (art. 147) em
que a consumação dá-se com a prática do fato, não se exigindo que a vítima realmente
fique intimidada ou da extorsão mediante seqüestro. A lei antecipa o resultado no tipo;
por isso são chamados crimes de consumação antecipada.
Crime de dano – exige uma efetiva lesão ao bem jurídico protegido para a sua
consumação; homicídio – lesão à vida; furto – lesão ao patrimônio; injúria – lesão à
honra.
Subdivide-se em:
c - crime de perigo individual – são os que expõem a risco o interesse de uma só pessoa
ou de grupo limitado de pessoas (arts. 130 a 137);
d - crime de perigo comum (ou coletivo) – são os que expõem a risco número
indeterminado de pessoas (ex.: incêndio);
-Ex.: art. 129, parágrafo 1º., I, do CP- lesão corporal, depende de exame complementar;
-Apropriação de coisa achada (art. 169, parágrafo único, II – somente ocorre se o agente
não devolve o bem à vítima depois de quinze dias do achado; o crime de extorsão
mediante seqüestro é qualificado se a privação da liberdade dura mais de 24 horas (art.
159, parágrafo 1º
Crimes de ação múltipla são aqueles em relação aos quais a lei descreve várias
condutas (possui vários verbos) separadas pela conjunção alternativa “ou”. Nesses
casos, a prática de mais de uma conduta, em relação à mesma vítima, constitui crime
único. Ex.: o crime de participação em suicídio (art. 122) ocorre quando alguém induz,
instiga ou auxilia outrem a cometer suicídio.
Crime habitual – é o composto pela reiteração de atos, que revelam um estilo de vida
do agente, por exemplo, exercício ilegal da medicina, curandeirismo. Só se consuma
com a habitualidade na conduta. Cada ato isolado constitui fato atípico, uma vez que a
tipicidade depende da reiteração de número de atos.
Crime complexo – contém em si duas ou mais figuras penais (ex.: o crime de roubo é
composto pelo furto mais ameaça ou violência à pessoa.
Crime vago – é aquele em que o sujeito passivo é uma coletividade sem personalidade
jurídica, como a família, o público ou a sociedade (ex.: ato obsceno);
Crime culposo – é praticado pelo agente por negligência, imprudência ou imperícia. O
agente não tinha a intenção de produzir o resultado, mas este é previsível.
DOLO
Espécies:
-----alternativo: aquele em que o objeto da ação se divide entre dois ou mais resultados
(ex.: matar ou ferir – para o agente, tanto faz a produção de um ou outro resultado);
-----eventual: quando o agente não deseja diretamente o resultado, mas assume o risco
de produzi-lo (ex.: a pessoa que, sabendo-se portadora de doença sexualmente
transmissível, mantém relações sexuais com outra).
CULPA
Modalidades:
c-Imperícia: é a falta de habilidade técnica para certas atividades (ex.: não saber dirigir).
TIPICIDADE
Modo de execução é a forma pelo qual o delito é praticado (grave ameaça, violência,
fraude, etc);
Muitas vezes, ausente ou não demonstrado o meio ou modo de execução, poderá haver
a desclassificação de um delito para outro menos grave.
Violência
Ameaça
A ameaça, como ocorre com a violência, é integrante de vários tipos penais, funcionando
ora como elementar, ora como circunstância, que agravará a pena.
A ameaça poderá configurar um crime em si mesmo (art. 147, do CP), mas em regra é
modo de execução de um delito.
Não se exige que a ameaça possa ser cumprida ou que haja a intenção do agente em
cumprir o mal prometido. Basta, apenas, que ela seja séria e apta a intimidar.
Fraude
Com a fraude a vítima é induzida ao erro, sendo que age ou deixa de agir iludida, tendo
uma falsa percepção da realidade. Ela pode ser praticada através de atos, palavras e
inclusive pelo silêncio, quando a pessoa deixa de mencionar algo que poderia mudar a
vontade da vítima. Em regra, com a fraude o agente pretende alcançar um resultado que
o beneficiará (exemplo: arts. 171, 215, 219, etc).
Arma
A arma será causa de agravação da pena em diversos delitos nos quais ela é
empregada.
ELEMENTOS:
efetiva aplicação de apenas uma delas (somente uma é aplicável, razão pela qual o
conflito é aparente)
A importância do tempo do crime tem a ver, por exemplo, com a definição da norma
penal a ser aplicada, no reconhecimento ou não da menoridade do réu etc.
Crime no dia do 18º. Aniversário (não importa o horário do nascimento). Responde pelo
CP.
Fuso horário ou horário de verão. Vale para fins penais o horário oficial do local da
infração.
Deverá o juiz desprezar as frações de dia nas penas e, na pena de multa, as frações em
real, após a atualização feita pelo contador judicial (art. 11)
CULPABILIDADE
É a reprovação social a uma pessoa que pratica um fato típico e antijurídico. Condição de
imposição de pena.
b-Circunstâncias – é tudo aquilo que está ao redor do delito (art. 121, parág. 1º.)
ESTUDO DA CONDUTA
Conduta é a materialização da vontade humana, que pode ser executada por um único
ou por vários atos. O ato, portanto, é apenas uma parte da conduta. Ex.: É possível
matar a vítima (conduta) através de um único ato (um disparo mortal) ou de vários atos
(vários golpes no corpo da vítima).
Não há conduta quando não existe voluntariedade por parte do provocador do resultado.
Formas de conduta:
Crime de dano – exige uma efetiva lesão ao bem jurídico protegido para a sua
consumação; homicídio – lesão à vida; furto – lesão ao patrimônio; injúria – lesão à
honra.
Subdivide-se em:
c - crime de perigo individual – são os que expõem a risco o interesse de uma só pessoa
ou de grupo limitado de pessoas (arts. 130 a 137);
d - crime de perigo comum (ou coletivo) – são os que expõem a risco número
indeterminado de pessoas (ex.: incêndio);
-Apropriação de coisa achada (art. 169, parágrafo único, II – somente ocorre se o agente
não devolve o bem à vítima depois de quinze dias do achado; o crime de extorsão
mediante seqüestro é qualificado se a privação da liberdade dura mais de 24 horas (art.
159, parágrafo 1º
Crimes de ação múltipla são aqueles em relação aos quais a lei descreve várias
condutas (possui vários verbos) separadas pela conjunção alternativa “ou”. Nesses
casos, a prática de mais de uma conduta, em relação à mesma vítima, constitui crime
único. Ex.: o crime de participação em suicídio (art. 122) ocorre quando alguém induz,
instiga ou auxilia outrem a cometer suicídio.
Crime habitual – é o composto pela reiteração de atos, que revelam um estilo de vida
do agente, por exemplo, exercício ilegal da medicina, curandeirismo. Só se consuma
com a habitualidade na conduta. Cada ato isolado constitui fato atípico, uma vez que a
tipicidade depende da reiteração de número de atos.
Crime complexo – contém em si duas ou mais figuras penais (ex.: o crime de roubo é
composto pelo furto mais ameaça ou violência à pessoa.
Crime vago – é aquele em que o sujeito passivo é uma coletividade sem personalidade
jurídica, como a família, o público ou a sociedade (ex.: ato obsceno);
DOLO
Espécies:
-----alternativo: aquele em que o objeto da ação se divide entre dois ou mais resultados
(ex.: matar ou ferir – para o agente, tanto faz a produção de um ou outro resultado);
-----eventual: quando o agente não deseja diretamente o resultado, mas assume o risco
de produzi-lo (ex.: a pessoa que, sabendo-se portadora de doença sexualmente
transmissível, mantém relações sexuais com outra).
CULPA
Modalidades:
c-Imperícia: é a falta de habilidade técnica para certas atividades (ex.: não saber dirigir).
TIPICIDADE
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
CONSUMAÇÃO
TENTATIVA
Diz-se crime tentado quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias
alheias à vontade do agente. Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a
pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços (art. 14, II e
parágrafo único).
Não há tentativa nos crimes culposos, nos de mera conduta, nos omissivos próprios e
nos preterdolosos. Não é punível a tentativa de contravenção (art. 4º., LCP).
Espécies
Tentativa perfeita ou acabada (ou crime falho ou frustrado): o agente consegue praticar
todos os atos necessários à consumação, embora esta acabe não ocorrendo.
Nos dois casos o agente só responde pelos atos até então praticados.
ARREPENDIMENTO POSTERIOR
Ocorre nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, em que o
agente, voluntariamente, repara o dano ou restitui a coisa até o recebimento da
denúncia ou queixa. A pena será reduzida de um a dois terços (art. 16). Tratando-se de
causa objetiva de diminuição de pena, o arrependimento posterior não se restringe à
esfera pessoal de quem o realiza, estendendo-se aos co-autores e partícipes condenados
pelo mesmo fato.
CRIME IMPOSSÍVEL
Pode ocorrer por:
EXCLUDENTES DE ILICITUDE
Além de típico, para ser considerado crime, o fato deve também ser antijurídico.
O art. 23 do CP dispõe que não há crime quando o agente pratica o fato nos seguintes
casos:
a)Estado de necessidade: o agente pratica o fato para salvar de perigo atual, que
não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou
alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
d)Exercício regular de direito: ocorre quando o agent3e age dentro dos limites
autorizadores pelo ordenamento jurídico (ex.: lesão corporal decorrente de violências
desportivas).
CULPABILIDADE
IMPUTABILIDADE PENAL
ANTIJUDICIDADE
Tendo o agente realizado um fato típico, deve-se analisar se esse fato foi antijurídico (ou
ilícito). Quando presente uma das causas abaixo (excludentes de ilicitude), não haverá
crime, embora tenha o sujeito cometido um fato penalmente típico.
CONCURSO DE PESSOAS
AUTORIA
Autor – é aquele que realiza a conduta descrita no tipo. De acordo com esse
entendimento, o mandante de um crime não pode ser considerado seu autor, uma vez
que não lhe competiram os atos de execução.
Consentimento do ofendido
as lesões corporais;
ESPÉCIES:
Deixar de prestar socorro, quando possível, sem risco pessoal, à vítima do acidente;
O art. 121, caput, do CP, sob a denominação de homicídio simples, prevê um tipo
meramente descritivo, uma vez que não traz nenhum elemento normativo ou subjetivo,
não contém componentes de ilicitude, nem de culpabilidade. A pena varia de 6 a 20
anos de reclusão.
2.11. Meios de execução – Por se tratar de crime de ação livre, o agente pode lançar
mão de todos os meios, que não só materiais, para realizar o núcleo da figura típica:
Diretos – age-se contra o corpo da vítima, como, por exemplo, desferindo-lhes facadas.
Indiretos – os dependentes de outra causa para que o resultado seja atingido (ex.
sujeito que atiça um cão contra a vítima, ou vem a induzi-la a dirigir-se a local onde
existe um abismo).
Por ação ou omissão - o homicídio pode ser cometido por intermédio de conduta
comissiva, como desfechar tiros na vítima ou feri-la a facadas, ou omissiva, como no
caso de deixar de alimentar uma pessoa para matá-la. Nesses casos, é indispensável que
exista o dever jurídico do agente de impedir o resultado morte (art. 13, §2o, do CP)
2.12. Tipo privilegiado (art. 121, §1o.) – Trata-se de uma causa de diminuição da
pena (natureza jurídica), que incide na 3a. fase de sua aplicação (art. 68, caput, do CP) e
dá direito a uma redução de pena variável entre 1/6 e 1/3. A redução da pena, no
homicídio privilegiado, é obrigatória, até porque o privilégio é votado pelos
jurados. É direito subjetivo do acusado. O quantum é que ficará a critério do
juiz. Hipóteses de homicídio privilegiado:
motivo de relevante valor social ou moral – relevante valor é um valor importante para a
vida em sociedade, tais como o patriotismo, lealdade, fidelidade, inviolabilidade de
intimidade e de domicílio, entre outros. Quando se tratar de relevante valor social,
levam-se em consideração interesses não exclusivamente individuais, mas de ordem
geral, coletiva . No caso de relevante valor moral, o valor em questão leva em
conta interesse de ordem pessoal (Ex. eutanásia em que o agente, por compaixão
ante o irremediável sofrimento da vítima antecipa a sua morte. Como a vida é um bem
indisponível pouco importa se a vítima consentiu ou não).
MOTIVOS:
Motivo torpe[1] – é o motivo vil, repugnante, desprezível, imoral (matar para conseguir
herança, por rivalidade profissional; por inveja; porque a vítima não quis ter relação
sexual; matar o viciado por dívida que não pagou). A vingança nem sempre nem sempre
causará repugnância a ponto de ser considerado motivo torpe (p. ex. a conduta do filho
que ceifa a vida do assassino de seu pai).
MEIOS
Tortura – é a que causa o suplício da vítima, com desnecessário padecimento. Pode ser
física ou moral. É qualificadora no homicídio, mas poderá constituir crime autônomo. A
tortura só qualifica o homicídio quando é aplicada como forma de causar a morte da
vítima. O resultado morte é doloso. Entretanto, se o intuito é torturar o ofendido, para
dele obter, por exemplo, a confissão (art. 1o., I, “a”, da Lei n º 9.455/97), responderá por
delito autônomo. Há, ainda, a possibilidade de ocorrer a morte da vítima, em
decorrência da tortura, sendo esta última a finalidade do autor, configurando-se então, o
denominado crime qualificado pelo resultado. Será punido por tortura seguida de morte
(art. 1º, § 3º da Lei 9.455/97). Nesse caso a morte é culposa (crime preterdoloso).
Meio cruel – que sujeita a vítima a sofrimentos físicos ou morais desnecessários, meio
bárbaro, brutal, que aumenta inutilmente o sofrimento da vítima (reiteração de golpes
de arma branca).
Meio que possa causar perigo comum – provoca dano à vítima, mas também faz
outras pessoas correrem risco, p. ex., desabamento, inundação, sabotagem. A
qualificadora se aperfeiçoa com a mera possibilidade de o meio empregado causar risco
a outras pessoas, não sendo necessário que se prove ter havido um risco efetivo no caso
concreto. Por outro lado, quando existir prova de que o meio, além de matar a vítima,
provocou risco efetivo a número indeterminado de pessoas, o agente responderá pelo
homicídio qualificado e também por crime de perigo comum (art. 250 e s.) em concurso
formal. Há, entretanto, entendimento contrário, no sentido de que haveria bis in idem
no reconhecimento concomitante da qualificadora e do crime de perigo comum.
MODOS DE EXECUÇÃO:
Observações:
A premeditação não qualifica o crime. Ela, porém, pode ser considerada quando da
análise das circunstâncias do art. 59 do CP.
Matar o próprio pai (parricídio) ou a própria mãe (matricídio) – não qualifica. Trata-se de
mera agravante genérica (art. 61, III, “e”, do CP).
2.14. Homicídio culposo (§3o) – É um tipo aberto. A culpa (art. 18, II, do CP) é
constituída de imprudência (prática de um fato perigoso, p ex., limpar arma carregada;
dirigir em excesso de velocidade); negligência (ausência de preocupação, p ex., deixar
arma ao alcance de uma criança e não vigiá-la; não dar manutenção em seu veículo); ou
imperícia (falta de aptidão para o exercício da profissão). O resultado não é previsível
para o agente, embora seja previsível objetivamente. Admite-se a co-autoria, nunca a
participação. A tentativa é inadmissível. A Lei 9.503/97 em seu art. 302 tipificou o crime
de homicídio culposo na direção de veículo automotor. Nesse caso o crime de homicídio
absorve os de embriaguez ao volante; direção sem habilitação; racha; excesso de
velocidade.
Crime doloso: crítica - localização deslocada, uma vez que tanto nos §§3o. e 4o, quanto
no §5o. está se tratando de crime culposo. a) prática de crime contra menor de 14 anos –
aplica-se a todas as formas de homicídio doloso: simples, privilegiado e qualificado. O
legislador elegeu a idade de 14 anos (posição intermediária no curso da adolescência),
entretanto, se o objetivo era conferir maior punição somente àqueles que matassem
crianças, o melhor seria eleger os menores de 12 anos. É preciso que o conhecimento
do agente envolva esta causa de aumento, que não pode ter aplicação automática e
cega. A pessoa completa 14 anos no primeiro minuto do dia do seu aniversário. A idade
da vítima deve ser levada em consideração no momento da ação ou omissão e não da
efetiva produção do resultado (art. 4o, do CP); b) praticado contra pessoa maior de 60
anos (acréscimo dado pelo estatuto do Idoso – Lei n º 10.741, de 1o/10/2003). Antes da
vigência da referida lei, a circunstância de o crime ser praticado contra pessoa idosa
funcionava apenas como agravante (art. 61, II, “h”, do CP)
2.16. Perdão judicial (§5o) – Somente na sentença pode ser aplicado o perdão judicial
que somente pode ser concedida ao autor de homicídio culposo (ex. o pai que provoca a
morte do próprio filho, em um acidente fruto de sua imprudência, já teve punição mais
que severa, porquanto a dor por ele experimentada é mais forte do que qualquer pena
que se lhe pudesse aplicar). Todas as pessoas próximas e intimamente ligadas ao autor,
que sofram conseqüências graves em face da imprudência, podem servir de causa para
a aplicação do perdão judicial.
2.17. Ação penal - A ação penal é pública incondicionada (art. 100, CP). Rito especial
do crime doloso: competência do Tribunal do júri
3.2. Objeto jurídico e material – a vida e a pessoa contra a qual se volta a conduta do
agente, respectivamente.
3.3. Sujeitos ativo e passivo – qualquer pessoa. A vítima tem que ser pessoa
determinada. No caso do sujeito passivo, é preciso ter um mínimo de discernimento ou
resistência, pois, do contrário, trata-se de homicídio. O agente que, valendo-se da
insanidade da vítima, convence-a a se matar, incide no art. 121, do CPC e não nesta
figura.
3.4.1. Induzir – significa suscitar a idéia, sugerir o suicídio a alguém que ainda não tinha
esse pensamento. O agente faz surgir a intenção do suicídio. Por exemplo, o indivíduo
que perde o emprego e é sugestionado pelo seu colega a suicidar-se por ser a única
forma de solucionar seus problemas.
3.4.2. Instigar - significa reforçar a intenção suicida já existente. Aqui a idéia já havia
surgido na vítima e o sujeito a estimula. O induzimento e a instigação são chamados de
participação moral. É o caso daqueles que vislumbram uma pessoa no alto de um
prédio, prestes a se atirar de lá, e, ainda assim, passam a estimular, mediante gritos,
que o suicida efetivamente salte.
3.4.3. Auxílio – significa colaborar materialmente com a prática do suicídio, quer dando
instruções, quer emprestando objetos (arma, veneno) para que a vítima se suicide. O
auxílio é chamado de participação material. Essa participação, todavia, deve ser
secundária, acessória, pois se a ajuda for a causa direta e imediata da morte da vítima, o
crime será de homicídio, como no caso de quem, a pedido da vítima, puxa o gatilho e
provoca a sua morte, já que, ainda que exista o consentimento, ele não é válido (vida =
bem indisponível). Se a vítima é forçada, mediante violência ou grave ameaça, a ingerir
veneno ou a desferir um tiro no próprio peito não há suicídio porque a vítima não queria
se matar. Há no caso, homicídio. Da mesma forma acontece no caso de fraude. O caso
do médico que cede um dispositivo a pacientes terminais para que eles próprios venham
a dar início à inoculação de veneno para a provocação da morte configuraria este tipo
penal.
3.8. Causas de aumento de pena (parágrafo único) – A pena será duplicada nos
seguintes casos:
b) vítima menor - a lei não indica qual a menoridade que ela se refere. Deve-se
entender a pessoa menor de 18 e maior de 14 anos, uma vez que se tem mais de 18
anos, aplica-se o caput e se não for maior de 14 anos, como o seu consentimento é
irrelevante, o crime cometido será o de homicídio (interpretação sistemática – arts. 224,
“a” e 27, ambos do CP). Tal critério, no entanto, não é absoluto;
se duas pessoas fazem um pacto de morte e uma delas se mata e a outra desiste, a
sobrevivente responderá pelo crime do art. 122, do CP;
b.1) sobrevivendo a pessoa que executou a conduta de abrir a torneira do botijão de gás,
haverá homicídio;
b.2) sobrevivendo quem não abriu a torneira, responde pelo crime do art. 122, do CP;
b.3) se os dois sobrevivem, havendo lesão de natureza grave: quem abriu o gás
responde por homicídio tentado (art. 121 caput, c/c art. 14, II, do CP); quem não abriu
responde pelo crime do art. 122, do CP
b.4) se os dois sobrevivem e não há lesão corporal grave: quem abriu o gás responde
por tentativa de homicídio; quem não abriu não responde por nada.
se um terceiro abre a torneira de gás e os dois se salvam, sem lesão de natureza grave,
os dois ficam impunes e o terceiro responde por tentativa de duplo homicídio, uma vez
que praticou aro executório de matar.
3.10. Roleta russa – Na roleta russa há uma arma com um só projétil, que deverá ser
disparada sucessivamente pelos participantes, rolando o tambor cada um em sua vez.
Neste caso, os sobreviventes respondem por participação em suicídio, embora mais
correto seja a caracterização de homicídio com dolo eventual, como já se decidiu (RT
409/395). O mesmo ocorre com o duelo americano (duas armas, estando uma só
carregada, os sujeitos devem escolher uma delas).
3.12. Ação penal – A ação penal é pública incondicionada. Por se tratar de crime
doloso contra a vida, a competência se insere na competência do júri.
Distinção entre infanticídio e aborto- o infanticídio pode ter lugar durante o parto ou logo
após. Nesta última hipótese, não há dúvida: inexiste aborto. Quanto ao início do parto, é
necessário precisar o momento em que tem início o parto: dá-se com a ruptura da bolsa,
pois a partir daí o feto se torna acessível às ações violentas (por instrumentos ou pela
própria mão do agente). Assim, iniciado o parto, torna-se o ser vivo sujeito ao crime de
infanticídio. Antes, é hipótese de aborto.
Art. 124. Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:
Aborto consentido: ocorre quando a gestante consente que terceiro lhe provoque o
aborto. Nesse caso, o terceiro responderá pelo crime do art. 126 do CP.
Sujeito ativo: é a gestante, nos casos de auto-aborto e aborto consentido. Pode ser
qualquer pessoa nos demais casos previstos em lei.
de injeção sem efeito abortivo, haverá crime impossível. O mesmo ocorre no caso de
manobras abortivas praticadas em mulher que não se encontra grávida ou dirigidas a
feto já morto.
Jurisprudência:
Prova de vida do feto: exige-se também a prova de vida do feto, assim como exame de
corpo de delito na mãe para comprovar a ocorrência do abortamento. Se não for possível
o exame pericial direto, por terem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal ou
documental poderá suprir-lhe a falta.
Dolo direto ou eventual: o dolo pode ser direto, quando há vontade firme de interromper
a gravidez e de produzir a morte do feto, ou eventual, quando o sujeito assume o risco
de produzir o resultado.
Aborto culposo: não existe. A mulher grávida que causa a interrupção da gravidez por
imprudência ou negligência não responde por crime algum.
Terceiro que causa aborto culposamente: responde pelo crime de lesão corporal culposa
(de natureza gravíssima, art. 129, p. 6º., c/c p. 2º., V, do CP).
Jurisprudência:
Sujeito ativo: qualquer pessoa. Nesse caso, a gestante que consentiu no aborto responde
pelo crime do art. 124 do CP.
Gestante menor de 14 ou alienada ou débil mental: nesses casos a pena a ser aplicada
ao agente é a mesma do aborto provocado sem o consentimento da gestante, à vista da
ausência de capacidade da vítima em consentir no aborto.
Forma qualificada
Art. 127. As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço,
se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante
sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas
causas, lhe sobrevém a morte.
Jurisprudência:
Médico: as modalidade de aborto legal, para gozarem da tolerância da lei, devem ser
praticadas por médico.
Jurisprudência
Aborto necessário
Agente não médico: poderá apenas praticar o aborto se presente o perigo atual para a
vida da gestante, evidenciando-se assim o estado de necessidade de terceiro, como
causa excludente da antijuridicidade.
Aborto social: se fundaria no fato de a gestante não possuir condições financeira de criar
o filho. Considera-se criminoso.
Aborto honoris causa: teria por fundamento a preservação da honra da gestante e de sua
família em face de uma gravidez fora do casamento ou união estável. Considera-se
criminoso.
Jurisprudência: “O habeas copus foi impetrado em favor do nascituro, ora no oitavo mês
de gestação, contra decisão do Tribunal a quo que autorizava intervenção cirúrgica na
mãe para interromper a gravidez. Essa cirurgia foi permitida ao fundamento de que o
feto
LESÕES CORPORAIS
Vias de fato: não se confunde o crime de lesão corporal com a contravenção penal de
vias de fato (art.21 da LCP – Dec. Lei n. 3.688/41). Nas vias de fato, não há dano á
incolumidade física da vitima. Ex.: empurrão, tapa etc.
Exame de corpo de delito: toda lesão corporal, em regra, deve ser comprovada
através de exame de corpo de delito, direto ou indireto (art.158 do CPP), feito por dois
peritos oficiais. Excepcionalmente, se os vestígios da lesão corporal houverem
desaparecido, o exame de corpo de delito poderá ser suprido pela prova testemunhal
(art. do CPP).
Perigo de vida;
Aborto.
LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE – O agente não queria o resultado nem assumiu o
risco de produzi-lo (crime preterdoloso). Denominado homicídio preterintencional.
“A intitulação do delito como lesão corporal seguida de morte está condicionada a que o
contexto das circunstâncias do fato acontecido evidencie que o querer do agente não
inclui, nem mesmo eventualmente, o resultado “morte” produzido por ato daquele”
(TJSP, RT, 592/325).
LESÃO CORPORAL CULPOSA-O agente não queria o resultado, mas este poderia ser
previsível (pena: detenção de dois meses a um ano).
Violência doméstica
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Pena alterada pela Lei n.
11.340, de 7-8-2006.)
Causa de aumento de pena: segundo esse dispositivo, a pena das lesões corporais
previstas nos §§ 1º a 3º são aumentadas de um terço se praticadas nas circunstâncias
indicadas no § 9º, ou seja, contra ascendente, descendente, irmão, conjugue ou
companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o
agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade.
LESÃO PRIVILEGIADA
Perigo de contágio venéreo (art. 130) – Dispõe sobre doença venérea, e o contágio se
dá só por meio de relações sexuais ou atos libidinosos: “Expor alguém, por meio de
relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de doença venérea, que sabe ou
deve saber que está contaminado”.
Perigo de contágio de moléstia grave (art. 131)- “Praticar, com o fim de transmitir a
outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio.”
Abrange qualquer ato, não só relações sexuais, e engloba qualquer doença, não só
venérea.
Haverá crime impossível se o ofendido sofrer da mesma doença. Costuma-se com o ato
capaz de contagiar, sendo indiferente que a transmissão se efetive.
O art.304 da lei 9.503/97 (código de trânsito) criou um novo tipo de penal de omissão de
socorro: o condutor do veículo que, na ocasião do acidente, deixa de prestar socorro
imediato á vítima ou, não podendo faze-lo diretamente, por justa causa , deixa de
solicitar auxilio da autoridade pública. Pena: detenção de seis meses a um ano. Só é
penalizado o condutor do veículo envolvido no acidente.
Maus tratos ( art.136)- Se, para o fim de educação, ensino, tratamento ou custódia,
alguém expõe a perigo a vida ou saúde de pessoa sob sua guarda, vigilância ou
autoridade, privando-a de cuidados indispensáveis ou de alimentação, sujeitando-a a
disciplina, trabalho excessivo ou inadequado, a pena será a detenção de dois meses a
um ano. Se do fato resultar lesão grave, a pena será a reclusão de um a quatro anos .Se
resultar morte, reclusão a 12 anos. A pena aumenta de um terço se o crime for praticado
contra menor de 14 anos.
RIXA
Calúnia – Imputar, falsamente, fato definido como crime (art.138). Consuma-se quando
chega ao conhecimento de terceiros. Se fato for verdadeiro, o sujeito poderá provar por
meio da exceção da verdade. Se for imputado fato definido como contravenção penal,
responderá por difamação. É punível a calúnia contra os mortos.
Difamação – Imputar a alguém fato que atinja sua reputação (art.139). Costuma-se
quando chega ao conhecimento de terceiros. Atinge a objetiva, ou seja, o que todos
pensarão dessa pessoa. Caberá exceção da verdade se a ofensa for contra funcionário
público no exercício da função.
Injúria - Atinge o decoro, dignidade de alguém; pode ser por gestos ou palavras
(art.140). Consuma-se quando chega ao conhecimento do ofendido. Atinge a honra
subjetiva, ou seja, a honra de cada um.Admite-se na forma omissiva. Pode ser:
Real: oriunda de uma agressão que não chega a causar uma lesão;
Casos de perdão judicial - O juiz pode deixar de aplicar a pena quando o ofendido, de
forma reprovável, provocou diretamente a injúria ou no caso de retorsão imediata, que
consiste em outra injúria.
Contra presidente da República ou chefe de governo estrangeiro (neste caso, a ação será
de natureza pública condicionada a requisição do ministro da Justiça);
Contra funcionário público (neste caso, a ação será de natureza pública condicionada
representação do ofendido);
I-Se a ofensa for irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou seu
procurador (imunidade judiciária),