Doença inflamatória de causa desconhecida que atinge a pele, mucosas
visíveis, unhas e cabelos. Caracterizada por lesões papulosas muito típicas. Acomete homens e mulheres da mesma forma, sendo pouco freqüente em crianças. É doença benigna, porém de longa duração e muito incômoda devidos aos sintomas.
Epidemiologia
A prevalência é desconhecida, mas acredita-se que acometa 0,5 a 1% da
população. É universal, com distribuição igual nos dois sexos e maior freqüência após a terceira década de vida. Raramente atinge crianças ou idosos.
Etiopatogenia e patologia
É de etiologia desconhecida, entretanto, estudos recentes sugerem que
mecanismos imunológicos mediados por células são fundamentais para iniciação e perpetuação do quadro clínico. A predominância de linfócitos T na derme superficial e próximo a membrana basal lesionada, aumento local da expressão de citocinas e moléculas de adesão alteradas falam a favor desse fato. Além disso, alguns autores têm tentado demonstrar a associação de LP com genes HLA. Outro fato interessante é a associação com fatores emocionais que, contudo, não parecem estar envolvidos diretamente com a patogenia da doença. Não há produção de imunoglobulinas circulantes contra antígenos epiteliais.
Manifestações clínicas
As lesões características do líquen plano são elevadas, planas, de cor violácea
e com estrias esbranquiçadas na superfície, acompanhadas de muita coceira, que em alguns casos chega a ser desesperadora. O tempo de duração da doença é variado podendo durar de 1 a 2 anos, quando involui espontaneamente. Quando regridem, as lesões deixam manchas escuras residuais.
O liquen plano pode adquirir formas diferentes de manifestação, com formação
de lesões anulares, lineares, verrucosas (pés e tornozelos), bolhosas e atróficas (deprimidas). Quando as lesões atingem todo o tegumento, é chamado de liquen plano generalizado.
Nas mucosas, acometidas em cerca de 50% dos casos cutâneos, as lesões
são esbranquiçadas e de disposição semelhante aos galhos secos de uma árvore. Na boca, sensação é de ardência ou queimação. Em cerca de 10% dos casos de líquen plano, apenas as mucosas são atingidas, caracterizando a forma mucosa da doença. Pode acometer exclusivamente as unhas, formando estrias longitudinais, diminuição da espessura e a destruição progressiva das unhas, podendo chegar à perda irreversível das mesmas. É o líquen plano ungueal.
Diagnóstico
As lesões são típicas e suficientes para o diagnóstico; o exame histopatológico
pode ser decisivo em casos de dúvida. O diagnóstico diferencial é feito com: lues secundária, psoríase, líquen nítido, líquen estriado, granuloma anular, leucoceratose, leucoplasia e erupção liquenóide à droga.
No couro cabeludo, o líquen plano causa a atrofia do folículo piloso levando à
formação de áreas de alopécia (ausência de pêlos) que são irreversíveis.
Tratamento
É sintomático, visando combater a inflamação e o prurido. Nas formas agudas,
generalizadas e intensas, podemos usar os corticóides em cursos rápidos (prednisona, 0,5 mg/kg/dia). Os cremes de corticóide ou emulsões antipruriginosas são úteis são úteis; são indicados banhos com aveia. Nos casos circunscritos, os corticóides tópicos, sob oclusão, provocam desaparecimento das lesões. O corticóide intralesional é indicado nas formas hipertróficas e nas lesões orais; nestas, também há indicação para uso de corticóide em oro base. Os antihistamínicos, tranqüilizantes e retinóides podem ser utilizados. PUVA está indicado nas formas extensas da doença. Tetraciclina, griseofulvina, dapsona, talidomida e ciclosporina também são descritas como eficazes. O tacrolimus a 0,1%, 2 vezes ao dia, dá bom resultado no LP erosivo da mucosa oral e corticóide classe 1 no LP vaginal.