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DOENÇAS EMERGENTES E REEMERGENTES

Hermann G. Schatzmayr
Chefe do Departamento de Virologia
Instituto Oswaldo Cruz/FIOCRUZ
e-mail: hermann@ioc.fiocruz.br

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos têm sido reconhecidas várias infecções


humanas até então desconhecidas, bem como a
reemergência de outras que, ao longo dos anos, haviam sido
controladas.
A maioria dessas infecções é de origem viral, bastando que
nos lembremos da AIDS como marcante exemplo de doença
emergente e do dengue como doença reemergente para
que se avalie a gravidade dessas infecções.
O problema das viroses emergentes e reemergentes é
complexo, porém pode-se reconhecer que, em sua maioria,
essas viroses são desencadeadas por atividades humanas,
as quais modificam o meio ambiente, em especial pela
pressão demográfica.
A necessidade de vetores para a transmissão de várias das
viroses emergentes e reemergentes introduz fatores
ecológicos na discussão, de importacia nos países de clima
tropical.
Mecanismos de mutação e recombinação genéticas, em
especial dos vírus RNA, são reconhecidos de longa data
como forma de geração de novos padrões genômicos.
Por outro lado se reconhece, em nível mundial, uma visível
decadência dos sistemas de saúde, fruto da elevada
demanda e dos custos crescentes da assistência médica,
que vem a absorver grande parte dos recursos, antes
destinados às áreas de prevenção e controle de agravos.

ORIGEM DAS VIROSES EMERGENTES E


REEMERGENTES

Segundo Morse, teríamos três mecanismos de surgimento


dessas infecções, os quais podem eventualmente estarem
associados:

1. Surgimento de um novo vírus, pela evolução de uma nova


variante viral.
2. Introdução no hospedeiro de um vírus existente em outra
espécie (transposição da barreira de espécie).
3. Disseminação de um vírus a partir de uma pequena
população humana ou animal, onde este vírus surgiu ou
onde foi originalmente introduzido.

Reconhece-se que vários vírus, especialmente do grupo


RNA, apresentam taxas de mutação elevadas como no caso
da influenza, vírus que possui genoma segmentado e é
capaz de atingir grande número de hospedeiros animais. Por
estes mecanismos surgem, por seleção natural, amostras de
maior virulência a partir de grande número de padrões
genômicos circulantes.
A possibilidade de ser alcançado qualquer ponto da terra em
poucas horas pelo transporte aéreo, tem proporcionado o
deslocamento de vetores de um continente a outro, bem
como o contato direto do homem com áreas remotas, onde
podem existir agentes até então desconhecidos.
A importação de animais igualmente pode trazer, ao contato
do homem, novos agentes de doença. Exemplo desse
mecanismo ocorreu com o até então desconhecido grupo
dos filovírus, os quais foram introduzidos na Alemanha, em
macacos importados de Uganda e que causaram a morte de
8 das 31 pessoas que se infectaram pelo contato com os
tecidos dos animais usados em pesquisas.
Do mesmo grupo, o vírus Ebola causou surtos extensos no
Zaire e Sudão em 1976, com cerca de 600 pessoas
envolvidas e porcentagens de 88% de letalidade, voltando
em 1995 ao Zaire, igualmente com taxa de letalidade, em
torno de 77%. A entrada de pessoas em nichos ecológicos
até então isolados é aceita como a origem dos primeiros
casos estudados na epidemia de 1995, no Zaire.
A disseminação do Aedes aegypti e da febre amarela no
país, ocorreu através dos navios que atracavam em portos
brasileiros, originando diversas epidemias, a primeira delas
reportada no século XVI, em Recife. Pelo mesmo mecanismo
e talvez ainda pelo transporte aéreo, o Ae. albopictus
espalhou-se nos últimos anos do Sudeste Asiático para todo
o mundo tropical, sendo reconhecido no Brasil em 1987, nas
proximidades do Rio de Janeiro.
Pelos dados disponíveis, o vírus HIV teria se originado de
regiões centrais africanas, a partir de amostras de vírus
circulando entre primatas e que foram capazes de passar a
barreira de espécie e atingir o homem.
A expansão da agricultura a áreas novas e as práticas de
colheita e manejo de produtos agrícolas, levam à entrada
em nichos ecológicos, onde novos agentes podem ser
encontrados e também à atração de roedores silvestres e
outros animais que se aproximam do homem em busca de
alimento. Neste último caso, temos como exemplos os vírus
Junin e Machupo, agentes de febres hemorrágicas na
Argentina e Bolívia, transmitidas ao homem pela urina de
roedores silvestres.
A febre amarela, essencialmente doença de primatas,
porém com capacidade de alcançar o homem que penetre
em áreas endêmicas sem proteção vacinal, alcançou uma
média anual de 18 casos nos últimos 15 anos. No ano de
2000 porém, surgiu uma epizootia em primatas, que levou a
um substancial aumento de casos humanos, de febre
amarela silvestre.
Com a entrada de Ae. aegypti nas áreas endêmicas de febre
amarela, nas regiões Centro-Oeste e Norte, o risco de
surgimento de infecções urbanas passou a ser uma
realidade a ser enfrentada.
O dengue, causado por quatro tipos de vírus, constitui hoje a
mais importante doença viral humana transmitida por
mosquitos e no Brasil foram notificados mais de 3.000.000
de casos nos últimos anos, desde a epidemia de 1981/1982,
em Roraima e a primeira grande epidemia de 1986, no Rio
de Janeiro
Desde então a doença, acompanhando a expansão do Ae.
aegypti, implantou-se igualmente em praticamente todo o
Brasil, com a presença dos vírus tipo 1 e 2 e 3 com risco de
entrada do tipo 4, presente em países limítrofes como a
Colômbia e Venezuela, bem como no México e no Caribe.

O vírus Rocio surgiu em 1975/1976, na costa do sul do


Estado de São Paulo (Vale da Ribeira) e causou uma
epidemia de encefalite por cerca de dois anos. O vírus
circulou provavelmente entre pássaros e mosquitos,
principalmente Aedes scapularis e Psorophora ferox e não
foram mais descritos casos humanos desde então.
Ocorreram naquela ocasião, cerca de 1.000 casos, com uma
taxa de letalidade de aproximadamente 10% e seqüelas
motoras, nos pacientes.
A hepatite C vem crescendo de importância em todo o
mundo. O vírus infecta por mecanismos semelhantes ao
vírus B, porém ainda encontramos cerca de 20% dos casos
não esclarecidos do ponto de vista de seu mecanismo de
transmissão. Não se espera o desenvolvimento de uma
vacina para futuro previsível, devido à variabilidade do vírus
e à falta de métodos de seu cultivo em laboratórios. Esta
virose deve ser considerada uma doença emergente por sua
expansão e sua gravidade, com uma tendência a
cronicidade e a quadros terminais de cirrose e carcinoma
hepático.
O gênero Hantavírus, nome derivado de um rio da Coréia,
inclui vírus reconhecidos inicialmente naquele país e
posteriormente em extensas áreas da Ásia e Europa. O vírus
Hantaan causou infecções em soldados americanos durante
a Guerra da Coréia, mas só foi isolado em 1976. Esses
agentes são infectantes através da urina de ratos
infectados, sendo na Coréia o Apodemus agrarius o seu
principal vetor.
No início da década de 80 foi isolado o vírus Seoul,
pertencente ao mesmo grupo dos Hantavírus, porém
circulando em roedores urbanos (Rattus rattus e Rattus
norvergicus), o que acrescentou uma nova dimensão ao
problema.
Em 1993, foi reconhecida na América do Norte, uma
entidade clínica com sintomas respiratórios graves, com
taxa de mortalidade em torno de 50%, nos casos
hospitalizados.
Vírus do gênero Hantavírus foram isolados desses casos,
associados a roedores silvestres, em particular o
Peromyscus maniculatus. No Brasil em 1993, foram
descritos casos fatais no Centro-Oeste e Sudeste e Sul do
país e um vírus denominado Juquitiba foi isolado no Vale da
Ribeira, com uma clara associação com roedores. Como nos
casos descritos nos Estados Unidos, observou-se um quadro
de insuficiência respiratória aguda.
Estes vírus constituem um problema hospitalar importante
pois pelo menos uma amostra denominada Andes se
transmite de homem a homem e na Argentina ocasionou
vários casos fatais em médicos e pessoal de enfermagem.
O vírus Oropouche, isolado na Ilha de Trinidad, em 1957,
vem sendo responsável, desde 1960, por milhares de casos
na região amazônica. Modificações ecológicas
proporcionaram grande proliferação do Culicoides paraensis,
maruim ou mosquito-pólvora, principal vetor conhecido da
doença para o homem. A infecção se caracteriza por
cefaléia, febre, dores musculares e eventualmente
meningite, não se registrando porém casos fatais.
O vírus Sabiá foi isolado de uma paciente hospitalizada, que
foi a óbito no primeiro caso humano conhecido da doença,
originário dos arredores da Grande São Paulo, em uma
localidade de mesmo nome. O quadro apresentado foi de
uma febre hemorrágica grave, causado por um vírus,
identificado como pertencente a família Bunyaviridae. Esse
vírus possui um risco potencial importante como uma
doença emergente, que ocorreu naturalmente junto a
densos núcleos urbanos devendo ser transmitido pela urina
de animais, os quais não foram ainda identificados.
O vírus Junin, foi descoberto na Argentina em 1957 e causa
um quadro de febre hemorrágica, sendo transmitido, por
aerossóis contaminados com urina de roedores. A doença
surgiu quando aumentou a produção de grãos na região e
outros vegetais que serviam de alimento para ratos
silvestres. Com a proliferação destes últimos, do gênero
Calomys e que se apresentavam naturalmente infectados,
surgiram casos humanos da doença. Uma vacina hoje
utilizada na região, resultou em rápida queda do número de
casos humanos.
O vírus Machupo surgiu na Bolívia igualmente no início da
década de 50 próximo à fronteira com o Brasil, com um
quadro de febre hemorrágica e hematêmese na fase
avançada da doença e uma taxa de letalidade de 50% nos
primeiros casos descritos.
Identificou-se o papel de outra espécie de Calomys como
portador do vírus, transmitindo-o através da urina, como no
caso do Junin. Foi possível identificar na região um
incremento do cultivo de milho, com a modificação do
hábitat natural dos roedores, que passaram a ter estreito
contato com o homem.
O vírus da AIDS, sem dúvida a mais importante doença
emergente do século 20 evoluiu aparentemente a partir de
dois núcleos de dispersão: um nos Estados Unidos e outro
na África Central. Estudos retrospectivos com soros
humanos, demonstrou que o vírus HIV deve ter entrado nos
Estados Unidos metade da década de 70. Na África, os
dados apontam para um possível caso no Zaire, em 1959.
Estudos comparativos das seqüências do gene p24 do HIV e
de vários vírus isolados de primatas africanos sugerem que
o HIV originou-se de ancestrais que infectavam primatas. O
tipo 1 de HIV aparentemente infecta o chimpanzé em
condições naturais.
Na década de 70, observou-se no sul do Japão, uma doença
linfoproliferativa caracterizada como leucemia/linfoma de
células T do adulto e em 1980, isolou-se nos Estados Unidos
o primeiro retrovírus humano, denominado HTLV-I, agente
de linfomas semelhantes aos observados no Japão.
Em 1985, demonstrou-se, que o mesmo vírus estava
relacionado a uma síndrome denominada paraparesia
espástica tropical em pacientes do Caribe. Outros focos
geográficos foram descobertos e comprovou-se que a
doença neurológica poderia ser encontrada também em
regiões não-tropicais.
Outros vírus do grupo, denominado HTLV-II, foi encontrado
nos Estados Unidos, mas ainda não se comprovou com
segurança o papel desse vírus em quadros neurológicos ou
linfoproliferativos.
Tanto o HIV como HTLV-I infectam células T, expressando
molécula CD4 na sua superfície. Entretanto, enquanto o HIV
destrói essas células, o HTLV-I estimula a sua proliferação.
Anticorpos para o HTLV-I têm sido encontrados em todo o
mundo e no Brasil foram descritos em várias regiões,
chegando a alcançar níveis de 13% em hemofílicos no Rio
de Janeiro, em cerca de 10% dos pacientes politransfundidos
e em populações indígenas.
A paraparesia espástica tropical se caracteriza pela fraqueza
crônica e progressiva dos membros inferiores, ocorrendo em
menos de 1% dos indivíduos que se infectam com o HTLV-I.
O crescente interesse por esses vírus é justificável, pelos
quadros clínicos que causam, sendo exemplo de viroses
que, a partir de reduzidos núcleos humanos, vieram a se
implantar em todo o mundo.
Em 1958, um vírus do grupo denominado Orthopoxvirus,
que inclui a varíola e a vaccínia, foi isolado na Suécia de um
macaco Cynomolgus. Infecções humanas foram reportadas
entre 1970/1986, principalmente no Zaire, onde se
encontraram 386 dos 404 casos humanos investigados no
período.
Clinicamente a doença se assemelha à varíola, porém uma
generalizada linfadenopatia e a ausência de formas
hemorrágicas permitiram um diagnóstico clínico diferencial.
A taxa de letalidade alcançou 10% em crianças entre 3
meses e 8 anos de idade. O vírus se transmite com
dificuldade de pessoa a pessoa, ao contrário com o que
ocorria com a varíola.
A partir de agosto de 1999, casos humanos de encefalite
causadas pelo vírus West Nile, foram identificados na cidade
de Nova Iorque, pela primeira vez nas Américas. O vírus
pode ter sido introduzido a partir de casos humanos ou
pássaros migratórios. Este vírus passa a se constituir em
novo problema de saúde pública para nosso Continente,
causando quadros clínicos graves principalmente em
pessoas idosas.
Em 1995, surgiu na Inglaterra uma síndrome de
incoordenação motora em bovinos (doença da vaca louca)
evoluindo para óbito do animal em curto prazo. A entidade é
semelhante a doença humana, denominada doença de
Creutzfeldt-Jacob (CJD), ambas causando uma encefalopatia
espongiforme igualmente fatal e irreversível. A partir de
1996, reconheceu-se a existência de mais de 100 casos
humanos de uma nova forma de CJD atingindo população
jovem e que foi relacionada ao consumo de carne bovina
contaminada. O agente é uma proteína modificada,
denominada prion, a qual induz a formação de novas
proteínas idênticas a ela e que causam as lesões cerebrais.
A doença no bovino aparentemente surgiu pelo uso de carne
de ovinos na alimentação de bovinos.
No momento defronta-se o mundo com a Sindrome
Respiratória Aguda Grave, que se caracteriza por uma
pneumonia intersticial com uma taxa de letalidade em torno
de 5 a 6 %. A infecção teria surgido na China, sendo
causada por uma nova variante de Coronavírus, agente
capaz de infectar, como o vírus da influenza, muitas
espécies animais e o homem. Nos animais o vírus causa
quadros diarreicos ou respiratorios importantes, sendo
eliminado tanto por via respiratória como digestiva, o que
parece ser tambem o caso das infecções humanas causadas
pelo novo vírus. O novo agente tem particular importância
no caso das infecções hospitalares, exigindo rígidas medidas
de isolamento e infraestruturas adequadas em relação a
filtragem do no ar do ambiente da internação e barreiras
físicas alem das medidas de proteção individual como
gorros, mascaras, luvas, óculos e roupas de proteção
individual.

MEDIDAS PROPOSTAS PARA O CONTROLE GLOBAL


DAS VIROSES EMERGENTES/REEMERGENTES

Diante do surgimento dessas viroses


emergentes/reemergentes, ao lado de várias outras doenças
não-virais, como a cólera, salmoneloses, leptoespirose, o
resurgimento da tuberculose, infecções por E.coli 0157:H7,
bem como o surgimento de resistência a drogas de vários
agentes bacterianos, formou-se um sentido de alerta e de
necessidade de uma avaliação em nível internacional.
Diversos grupos levantaram os problemas causados por
essas doenças, em particular o CDC/Atlanta, a Organização
Mundial de Saúde e as Nações Unidas com suas estruturas
afiliadas, o Instituto Nacional de Saúde, Academias de
Ciência de vários países, Instituto Pasteur e seus afiliados no
mundo, entre inúmeras outras entidades.
Das discussões iniciais foram gerados vários documentos
onde se apontam grandes linhas de atuação a serem
implementadas no mundo.

Objetivo I - Vigilância
Descobrir, investigar rapidamente e acompanhar patógenos
emergentes, as doenças que causam e os fatores envolvidos
no surgimento do quadro.

Objetivo II - Pesquisa Aplicada


Integrar os laboratórios e a epidemiologia para apoio à
saúde pública.

Objetivo III - Prevenção e Controle

Estimular a comunicação e a circulação de informações


sobre as doenças emergentes e assegurar a implementação
de estratégias de prevenção.

Objetivo IV - Intra-estrutura

Fortificar a infra-estrutura de saúde pública e rede hospitalar


nos níveis local, estadual e federal, para permitir o
estabelecimento da Vigilância (Objetivo I) e a
implementação dos programas de Prevenção e Controle
(Objetivo II).

O objetivo fundamental é estabelecer sistemas ágeis de


reconhecimento de problemas, capazes de divulgá-los em
nível internacional a curto prazo, bem como investigar
episódios onde doenças emergentes/reemergentes sejam
suspeitadas.
Considerando a situação dos sistemas de saúde no mundo,
incluindo as redes de assistência hospitalar, com uma visível
perda de estrutura e recursos, as doenças
emergentes/reemergentes têm significado um encargo
pesado para os países em desenvolvimento. No caso da
AIDS e do dengue, para citar dois exemplos, observa-se uma
contínua expansão do número de casos ao longo dos
últimos anos, sem real expectativa de mudança em futuro
próximo.
O custo assistencial de algumas dessas infecções é elevado
e o nosso país carece, em geral, de unidades hospitalares
preparadas para atender pacientes com infecções que
tragam risco para o pessoal médico e paramédico.
Igualmente não dispomos ainda de um único Laboratório de
Alta Segurança, que permita o isolamento e a identificação
de agentes infecciosos de alto risco. Isto nos torna
dependentes do envio das amostras clínicas para o exterior,
para comprovar a suspeita da presença de vários desses
agentes.
A montagem imediata dessas duas estruturas nos parece
essencial, bem como a organização de Forças-Tarefa
regionais compostas de epidemiologistas, laboratoristas e
infectologistas que possam ser acionadas para investigar
com rapidez casos suspeitos de doença agudas não
definidas que apresentem potencial risco para a
comunidade e encaminha-los para hospitais de referência
em condições de recebe-los atendendo as condições de
biossegurança adequadas.

RINCIPAIS DOENÇAS EMERGENTES E REEMERGENTES – ATUALIZAÇÃO E PERSPECTIVAS


Maria Bernadete de Paula Eduardo1, Eliana Suzuki2, Geraldine
Madalosso2, Maria Lúcia Vieira S. César2, Maria Carla da Silva3
1
Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar; 2Curso EPI
SUS/SP; 3Assessora PFA/MS

São conhecidos mais de 250 agentes patogênicos ou


contaminantes que veiculados por alimentos e água podem causar
doenças.
As bactérias constituem um grande grupo de microorganismos
causadores de doenças: algumas antigas, mas persistentes,
produtoras de toxinas, relacionados a práticas inadequadas de
manipulação e processamento de alimentos como o Bacillus cereus,
o Clostridium botulinum e Staphylococcus aureus. Emergentes como
o Campylobacter jejuni, a E. coli O157:H7 e a Salmonella Enteritidis
estão associadas ao consumo de produtos de origem animal, e
principalmente ao hábito de ingestão de alimento cru ou mal cozido.
O Vibrio cholerae, a Salmonella typhi e a Shigella, relacionadas
principalmente às precárias condições de higiene, vida e ambiente,
são doenças antigas que exigem vigilância contínua, pois podem
recrudescer mediante o arrefecimento de suas medidas de controle.
A Listeria monocytogenes, relacionada principalmente a produtos
lácteos desafia processos industriais e temperaturas, e o Vibrio
vulnificus habitante dos frutos do mar, compõem um conjunto de
patógenos emergentes, porém, ainda pouco diagnosticados entre
nós.
Entre os vírus, a antiga hepatite A, exige medidas mais
avançadas para seu controle e a vacina deverá ser a perspectiva de
controle, especialmente em áreas críticas e grupos de risco. A
poliomielite encontra-se erradicada; para impedir sua reintrodução é
necessária uma vigilância permanente das paralisias flácidas.
Contudo, ainda restam seqüelas deixadas pela doença às gerações
anteriores que não tiveram acesso à vacina, e hoje, ações e
programas deverão ser implementados para atender os casos da
Síndrome Pós-Pólio. O rotavírus, principal causador de diarréia no
grupo de menores de 5 anos, finalmente terá uma medida eficaz de
controle, a partir da introdução da vacina no calendário de vacinação
em nível estadual e nacional. O vírus norwalk e outros norovirus,
emergentes relacionados não somente à transmissão hídrica, mas à
manipulação sem higiene de alimentos, podem causar surtos de
grandes proporções.
Entre os parasitas, destacam-se o Cryptosporidium,
a Cyclospora e a Giardia lamblia, transmitidos por água e diversos
alimentos, e o Toxoplasma gondii, cada vez mais sendo associado à
transmissão pela carne. Peixes consumidos crus podem transmitir ao
homem o Diphyllobothrium, o Anisakis e o Gnatostoma, entre outras
parasitoses.
Entre as mais graves, e transmitida por uma proteína, um príon,
emerge a variante da Doença de Creutzfeldt-Jakob, transmitida por
carne bovina contaminada, de gado com a Encefalite Espongiforme
Bovina (“doença da vaca louca”), registrada principalmente no Reino
Unido.
A seguir, destacam-se os patógenos de importância atual
relacionados à transmissão hídrica e alimentar:

Bacillus cereus: A intoxicação alimentar por B. cereus causa


principalmente diarréia e vômito, podendo causar outras
manifestações clínicas como as infecções sistêmicas e piogênicas
graves, gangrena, meningite séptica, celulite, abcessos pulmonares e
endocardite. De ocorrência mundial, é frequentemente encontrado no
solo e meio ambiente e, em baixos níveis, nos alimentos crus, secos
ou processados. A transmissão ocorre por ingestão de alimentos
mantidos em temperatura ambiente por longo tempo, depois de
cozidos, o que permite a multiplicação dos organismos e o
desenvolvimento de toxinas altamente termo-estáveis. Uma
variedade de erros na manipulação de alimentos tem sido apontada
como causa de surtos. O tratamento é sintomático com reposição
hidro-eletrolítica nos casos mais graves.

Clostridium botulinum/Botulismo: O botulismo, doença de início


súbito, caracteriza-se por flacidez muscular, causada por uma potente
neurotoxina produzida pela bactéria C. botulinum, sendo sua principal
via de transmissão, a alimentar, relacionada com o consumo de
conservas inadequadamente preparadas. Também são conhecidas
outras formas de transmissão como por ferimentos ou por ingestão
de esporos com formação da toxina na flora intestinal (botulismo
infantil, que pode ocorrer em crianças menores de um ano, sendo o
mel apontado como um dos alimentos responsáveis). Apesar de sua
baixa incidência, pode ser fatal, se não tratada adequada e
precocemente. Afeta os nervos cranianos, provocando paralisia
flácida descendente e simétrica, iniciando-se com flacidez de
pálpebras, visão turva e dupla, dificuldade de engolir, flacidez
muscular de membros superiores e inferiores, dificuldades
respiratórias e cardiovasculares, podendo levar o paciente a óbito por
parada cárdio-respiratória. Casos suspeitos de botulismo no estado de
São Paulo devem ser notificados imediatamente ao Centro de
Referência do Botulismo (CR BOT), operado pela Central CVE (08000
555 466) que subsidia tecnicamente os serviços médicos no
diagnóstico e disponibiliza o soro anti-botulínico. Desde sua criação
em 1999 até o presente, foram notificados 88 casos suspeitos,
incluindo-se notificações de outros Estados, em média 13
notificações/ano, com 22 casos confirmados e 66 descartados. Entre
os casos confirmados 11 (50%) apresentaram toxina do tipo A, dois
com toxinas tipo A e tipo B, quatro sem informação do tipo de toxina
e cinco confirmados por critério clínico-epidemiológico. Em relação
aos alimentos, quatro casos foram causados pela ingestão de
conserva de carne de porco, três por conservas vegetais (palmito),
dois por patês de fígado, um por embutidos e um por alimentos
provenientes do lixo. Um por ferimento. Nos demais casos não foi
possível implicar o alimento.

Staphylococcus aureus: Algumas cepas desta bactéria produzem


uma toxina protéica altamente termo-estável que causa a doença,
geralmente de início abrupto com náusea, vômito e cólicas,
prostração, pressão baixa e temperatura subnormal. A recuperação
ocorre em torno de dois dias com a reposição hidroeletrolítica se
necessário e hospitalização nos casos mais graves. Os seres
humanos, na maioria das vezes, são os reservatórios e a transmissão
ocorre devido a ferimentos nas mãos, lesões purulentas ou secreções
que contaminam os alimentos durante sua manipulação e
conservação. Cerca de 25% das pessoas são portadores nasais.
Úberes infectados de vaca, pássaros e cachorros também podem
transmitir a bactéria.

Campylobacter jejuni: Bacilo relativamente frágil e sensível no


meio ambiente é encontrado no gado, frangos, pássaros e moscas.
Seus principais sintomas são diarréia, que pode ser líquida ou com
muco e sangue (geralmente oculto) e leucócitos fecais; além de
febre, dor abdominal, náusea, dor de cabeça e dores musculares. A
maior parte das infecções é auto-limitada não necessitando
tratamento com antibióticos. Complicações são relativamente raras,
embora essas infecções possam estar relacionadas à artrite reativa,
síndrome hemolítico-urêmica (SHU), septicemia e infecções em outros
órgãos. Pode causar a Síndrome de Guillain-Barré, quadro importante
para diagnóstico diferencial de botulismo. Transmitida através de
alimentos contaminados, especialmente frangos crus ou mal cozidos,
leite cru e água não clorada e por contato com animais infectados. No
Brasil é subdiagnosticada e subnotificada.

Escherichia coli: A Escherichia coli é um bactéria componente da


flora normal do intestino humano e de animais saudáveis. Mas
existem E. coli patogênicas que causam gastroenterites, diarréia,
vômito, cólica abdominal, febre entre outros sintomas. Entre elas,
destacam-se a E. coli enterohemorrágica (EHEC. No grupo das (EHEC)
a E. coli O157:H7 é o sorotipo mais estudado por causar um quadro
agudo de colite hemorrágica. Os sintomas são cólicas abdominais
intensas e diarréia, inicialmente líquida, mas que se torna
hemorrágica na maioria dos pacientes. Ocasionalmente ocorrem
vômitos e a febre é baixa ou ausente. A doença é auto-limitada, com
duração de 5 a 10 dias. Em crianças menores de 5 anos e idosos,
podem surgir complicações como a Síndrome Hemolítico-Urêmica
(SHU), com insuficiência renal, deterioração neurológica e a Púrpura
Trombocitopênica Trombótica (PTT). Outras seqüelas são pressão
alta, crise convulsiva, cegueira, paralisia, e os efeitos decorrentes da
remoção de parte do intestino do paciente, intussuscepção e morte. A
PTT em idosos pode ter uma taxa de mortalidade superior a 50%. A
transmissão ocorre através de alimentos de origem bovina ou outros
alimentos ou água contaminados.

Salmonella Enteritidis: É um enteropatógeno bacteriano do


gênero Salmonella, pertencente à família Enterobacteriaceae e
sorotipo Enteritidis. Existem atualmente 2324 sorotipos
de Salmonella dos quais 1367 pertencem à subespécie enterica. Os
sintomas são: febre, cólicas abdominais e diarréia com duração média
de 4 a 7 dias e geralmente auto-limitada. Em pacientes idosos,
crianças, gestantes e pessoas imunodeprimidas, a doença pode ser
mais grave, causando artrite, cistite, meningite, endocardite,
pericardite, pneumonia e septicemia, podendo chegar a óbito. É
altamente resistente a importantes antibióticos. Freqüentemente
encontrada no trato intestinal de animais, domésticos e selvagens, é
muito comum em frangos e ovos. No caso dos ovos, a contaminação
pode ocorrer tanto pela casca infectada quanto pelo ovo intacto,
através da transmissão intraovariana. A SE, dentre as bactérias, é a
que mais freqüentemente causa surtos, devido à ingestão
principalmente de pratos à base de ovos crus ou mal cozidos.

Vibrio cholerae/Cólera: Doença infecciosa, aguda e transmissível,


caracterizada, em sua forma mais evidente, por diarréia aquosa e
súbita. O agente etiológico é oVibrio cholerae, bactéria que pode
sobreviver no meio ambiente, em rios de alta salinidade ou nas águas
litorais. É transmitida principalmente pela contaminação fecal da
água ou alimentos, sendo os mariscos crus ou mal cozidos fonte de
contaminação da cólera. Aproximadamente uma em cada 20 pessoas
infectadas pode ter a doença grave, caracterizada por diarréia aquosa
abundante, vômitos e cãibras nas pernas, com perda rápida dos
líquidos do corpo, desidratação grave, prostração e morte, na
ausência de tratamento adequado, com a restituição imediata de
líquidos e sais minerais perdidos. Permaneceu em níveis epidêmicos
e/ou endêmicos em vários estados do Nordeste até o ano de 2001 e é
endêmica e/ou epidêmica em países do subcontinente Indiano e da
África subsaariana. No estado de São Paulo, o último caso (importado)
foi registrado em 1999.

Salmonella typhi/Febre Tifóide: A FT é uma doença bacteriana


aguda, causada pela S. typhi, de gravidade variável que se
caracteriza por febre, mal-estar, cefaléia, náusea, vômito e dor
abdominal, podendo ser acompanhada de erupção cutânea. O
período de incubação varia geralmente de 1 a 3 semanas. A via de
transmissão é fecal oral, na maioria das vezes, através de água não
tratada ou de alimentos contaminados por portadores, durante o
processo de preparação e manipulação. Persiste de forma endêmica,
em algumas regiões do Norte e Nordeste do Brasil. No estado de São
Paulo, o coeficiente de incidência caiu vertiginosamente a partir da
segunda metade da década de 70, quando atingia níveis em torno de
3 a 4 casos por 100.000 habitantes. Na última década este índice tem
se mantido sempre abaixo de 0,1. O ESP não apresentava óbitos pela
doença desde o ano de 1996, óbito ocorrido no município de Agudos.
No entanto, no ano de 2004 foi registrado um óbito no município de
Guarujá e em 2005, mais um óbito no município de Carapicuíba.

Shigella: Doença bacteriana aguda, de transmissão fecal-oral,


conhecida como disenteria bacilar, caracteriza-se por dor abdominal,
cólicas, diarréia com sangue, pus ou muco; febre, vômitos e tenesmo.
Infecção geralmente auto-limitada, dura de 4 a 7 dias. As infecções
graves estão associadas a ulcerações da mucosa, com sangramento
retal e dramática desidratação, principalmente em crianças e idosos
desnutridos e em pacientes com AIDS. Algumas cepas são
responsáveis por uma taxa de letalidade de 10 a 15% e produzem
uma enterotoxina tipo Shiga (semelhante à verotoxina da E.
coli O157:H7), podendo causar a síndrome hemolítico-urêmica (SHU),
a Doença de Reiter e artrite reativa. Ocorre em locais com precárias
condições de higiene e problemas de saneamento básico. No estado
de São Paulo, 2 a 5% dos surtos de Doenças Transmitidas por
Alimentos/Água notificados ao CVE são por Shigella envolvendo em
média, 300 pessoas por ano. Portadores do patógeno podem
transmitir a infecção devido às mãos mal lavadas, unhas sujas de
matéria fecal após defecação, contaminando alimentos e objetos que
podem favorecer a disseminação da infecção. Alimentos expostos e
não refrigerados constituem um meio para sua sobrevivência e
multiplicação. Ambientes fechados como creches, hospitais e
similares são propícios para a disseminação da doença.

Listeria monocytogenes/ Listeriose: Causa sintomas como


náusea, vômitos, diarréia, podendo evoluir para septicemia,
meningite, encefalite, infecção cervical ou intra-uterina em gestantes,
as quais podem provocar aborto (no segundo ou terceiro trimestre)
ou nascimento prematuro. Outros danos podem ocorrer como
endocardite, lesões granulomatosas no fígado e outros órgãos,
abscessos internos ou externos, e lesão cutânea papular ou
pustular. Essas desordens comumente são precedidas por sintomas
semelhantes ao da gripe com febre persistente. A taxa de letalidade
em recém-nascidos é de 30%; em adultos (sem gravidez) é de 35%;
em torno de 11% para < 40 anos e 63% para > 60 anos. Quando
ocorre septicemia, a taxa de letalidade é de 50% e com meningite
pode chegar a 70%. O principal reservatório do organismo é o solo,
lodo, forragem e água. É resistente aos efeitos do congelamento,
secagem e calor, ainda que seja uma bactéria não formadora de
esporos. Queijos em processo de maturação, sorvetes, água, vegetais
crus, patês de carnes, molhos de carne crua fermentada, aves crus ou
cozidos, peixes (inclusive defumados) e frutos do mar podem
constituir meio para o seu crescimento e são freqüentemente a causa
de surtos. No Brasil é subdiagnosticada e subnotificada. Infecções
assintomáticas provavelmente ocorram em todas as idades, embora,
sejam de importância, apenas na gravidez.

Vibrio vulnificus: Patógeno oportunista, encontrado em ambientes


marinhos associado a várias espécies marinhas como plânctons,
frutos do mar e peixes com barbatanas. Causa infecções em feridas,
gastroenterites ou a síndrome conhecida como "septicemia primária".
Infecções mais graves geralmente ocorrem em pessoas com
comprometimento hepático, alcoolismo crônico ou hemocromatose e
em imunodeprimidos (cerca de 50% dos casos podem ir a óbito).
Trombocitopenia é comum e muitas vezes há evidências de
coagulação intravascular disseminada. Lesões na pele ou lacerações
podem ser contaminadas com o organismo através da água do mar.
Mais de 70% das pessoas infectadas podem apresentar lesões de pele
tipo bulbar. A dose infectiva é desconhecida. Presume-se que menos
de 100 organismos possam provocar septicemia em pessoas com
doenças nas condições anteriormente descritas. Transmitida pela
ingestão de produtos do mar crus ou mal cozidos ou contaminação de
feridas com o microrganismo. Não há dados sobre a freqüência do
patógeno no Brasil.

Hepatite A: Inicia-se, de forma abrupta, de 15 a 50 dias, em média


28 a 30 dias, após o contato com o vírus. Caracteriza-se por febre,
mal estar, anorexia, náusea, desconforto abdominal e icterícia. Pode
ser assintomática ou leve, com duração de 1 a 2 semanas, ou mais
grave, durando meses (situação rara). A severidade, em geral, está
relacionada à idade. A taxa de letalidade é baixa. A transmissão é via
fecal-oral, por contato pessoa-a-pessoa, água não tratada e alimentos
contaminados por manipuladores. Vários tipos de alimentos podem
ser incriminados, inclusive, os cozidos, se contaminados pelo
preparador após o cozimento. Alimentos crus, como frutas, verduras e
mariscos podem transmitir a doença, se foram cultivados com água
contaminada. Com a melhoria de medidas sanitárias em muitas
partes do mundo observa-se que os adultos jovens tornam-se
suscetíveis e os surtos estão aumentando, principalmente em
creches, e seus contatos domiciliares. Em cerca de 25% dos surtos
não se consegue identificar a fonte de infecção. Entre os anos de
1998 até o presente 2005, foram notificados no ESP, 236 surtos
envolvendo 3.122 doentes. A vacina é uma importante perspectiva
para o controle em áreas críticas.

Poliomielite: Doença viral aguda; manifesta-se por infecções


inaparentes ou quadro febril inespecífico, meningite asséptica, formas
paralíticas e morte. As formas paralíticas representam 1 a 1,6% dos
casos e possuem características típicas: paralisia flácida de início
súbito, em geral nos membros inferiores, de forma assimétrica;
diminuição ou abolição de reflexos profundos na área paralisada;
sensibilidade conservada e arreflexia no segmento atingido e
persistência de alguma paralisia residual após 60 dias do início da
doença. A transmissão pode ser de pessoa-a-pessoa, através de
secreções nasofaríngeas, ou de objetos, alimentos, água etc.,
contaminados com fezes de doentes ou portadores. O período de
incubação varia de 2 a 30 dias (em geral, 7 dias). Demonstra-se a
presença do poliovírus nas secreções faríngeas e nas fezes,
respectivamente 36 e 72 horas após a infecção, tanto nos casos
clínicos quanto nas formas assintomáticas. O vírus persiste na
garganta cerca de uma semana e, nas fezes, por 3 a 6 semanas. A
“paralisia infantil” foi uma doença de alta incidência no país,
deixando centenas de deficientes físicos. Em 1989, registrou-se o
último caso, após um período de realização de grandes campanhas
vacinais e vigilância epidemiológica, desenvolvidas desde 1980,
quando, em 1994, o país recebeu o “Certificado de Erradicação da
Transmissão Autóctone do Poliovírus Selvagem nas Américas”. A
partir de então, o país assumiu o compromisso de manter altas
coberturas vacinais e uma vigilância epidemiológica ativa de todo
quadro de paralisia flácida aguda (PFA), possibilitando, assim, a
identificação imediata da reintrodução do poliovírus, e a adoção de
medidas de controle para impedir sua disseminação. Entretanto, o
poliovírus continua circulando na Ásia e África, o que impõe a
manutenção de uma vigilância ativa para impedir sua reintrodução
nas áreas erradicadas, como o que ocorreu em 2003 e 2004, devido à
epidemia africana: além de se espalhar no país com casos devido à
baixa cobertura vacinal, o vírus reinfectou outros países que estavam
sem casos de pólio desde 1995. Até o momento, 16 países
apresentaram casos derivados da importação do vírus, destes, seis
tiveram a transmissão restabelecida: Sudão, Mali, Burkina Faso, Chad,
República Africana Central e Costa do Marfim. Em 2004, 1265 casos
de poliomielite foram confirmados no mundo, em comparação com os
784 de 2003, quando o número de países endêmicos eram seis
(Nigéria, Niger, Egito, Paquistão, Afeganistão e Índia), com os 125
países em 1988 e um número de casos de 350.000. Atualmente, o
mundo registra 1163 casos confirmados, um importante risco de
disseminação do poliovírus frente à vulnerabilidade promovida pela
intensa mobilização das populações.

Síndrome Pós-Pólio: A SPP é uma desordem do sistema nervoso


que se manifesta em indivíduos que tiveram poliomielite, após cerca
de 15 anos ou mais, com um novo quadro sintomatológico: fraqueza
muscular e progressiva, fadiga, dores musculares e nas articulações,
resultando numa diminuição da capacidade funcional e/ou no
surgimento de novas incapacidades. Alguns pacientes desenvolvem,
ainda, dificuldade de deglutição e respiração. A incidência e
prevalência da SPP é desconhecida. Estima-se a existência de 12
milhões de pessoas em todo o mundo (OMS) com algum grau de
limitação física causada pela poliomielite. Dados preliminares dos
Estados Unidos apontam para a existência de cerca de 1 milhão de
sobreviventes naquele país, dos quais cerca de 433.000 sofreram
paralisias que resultaram em diferentes graus de limitações motoras.
Há várias hipóteses para a causa da SPP, porém a mais aceita é a de
que a SPP não é causada por uma nova atividade do poliovírus, mas
sim pelo uso excessivo dos neurônios motores ao longo dos anos. O
vírus pode danificar até 95% dos neurônios motores do corno anterior
da medula, matando pelo menos 50% deles. Com a morte destes
neurônios os músculos de sua área de atuação ficam sem inervação,
provocando paralisia e atrofia. Embora danificados, os neurônios
remanescentes compensam o dano enviando ramificações para ativar
esses músculos órfãos. Com isso a função neuromuscular é
recuperada, parcial ou totalmente, dependendo do número de
neurônios envolvidos na “adoção”. Um único neurônio pode lançar
derivações para conectar 5 a 10 vezes mais neurônios do que fazia
originalmente. Assim, um neurônio inerva um número muito maior de
fibras neuromusculares do que ele normalmente faria, restabelecendo
a função motora; porém, sobrecarregado, após muitos anos de
estabilidade funcional, começa a se degenerar surgindo o novo
quadro sintomatológico. O diagnóstico clínico da SPP é feito por
exclusão; entretanto, existem critérios que fundamentam o
diagnóstico: 1) confirmação de poliomielite paralítica com evidência
de perda de neurônio motor, através de história de doença paralítica
aguda, sinais residuais de atrofia e fraqueza muscular ao exame
neurológico e sinais de desenervação na eletroneuromiografia; 2)
período de recuperação funcional, parcial ou completa, seguido por
um intervalo (15 anos ou mais, em média 40 anos) de função
neurológica estável; 3) início de novas complicações
neurológicas: uma nova e persistente atrofia e fraqueza muscular; 4)
Os sintomas persistem por mais de um ano; 5) exclusão de outras
condições que poderiam causar os novos sinais e sintomas.
Programas e estudos estão em desenvolvimento para identificar os
casos de SPP no ESP e estabelecer medidas de apoio e
acompanhamento.

Rotavírus: É um RNA vírus da família dos Reoviridae, do gênero


Rotavírus, classificado sorologicamente em grupos, subgrupos e
sorotipos. Até o momento 7 grupos foram identificados: A, B, C, D, E,
F e G, ocorrendo em diversas espécies animais, sendo que os grupos
A, B, e C são associados a doença no homem. A infecção pelo
rotavírus varia de um quadro leve, com diarréia aquosa e duração
limitada à quadros graves com desidratação, febre e vômitos,
podendo evoluir a óbito. Praticamente todas as crianças se infectam
nos primeiros 5 anos de vida, mesmo nos países em
desenvolvimento, mas os casos graves ocorrem principalmente na
faixa etária de 3 a 35 meses. Estima-se que essa doença no ESP seja
responsável por cerca de 10% a 20% de todos os episódios diarréicos
em crianças menores de 5 anos. È causa freqüente de hospitalização,
atendimentos de emergência e consultas médicas, sendo responsável
por consideráveis gastos médicos. Via de transmissão fecal-oral, por
contato pessoa-a-pessoa, por fômites, pela água e alimentos
contaminados, os rotavírus são isolados em alta concentração em
fezes de crianças infectadas. A diarréia é caracteristicamente aquosa,
com aspecto gorduroso e explosiva, durando de 4 a 8 dias. Em geral a
doença é auto limitada, com tendência a evoluir espontaneamente
para a cura, o fundamental do tratamento é prevenir a desidratação e
distúrbios hidreletrolíticos. Em 2006, a vacina contra rotavírus será
incorporada no Calendário Nacional de Vacinação Infantil.

Norwalk virus/Norovirus: O vírus Norwalk, espécie do


gênero Norovírus e da família Caliciviridae, é o protótipo de uma
família de pequenas estruturas virais (SRSVs) classificadas
como calicivirus. A família consiste de vários grupos de vírus distintos
sorologicamente que foram nomeados pelos lugares onde os surtos
aconteceram. Causa gastroenterite auto-limitada, caracterizada por
náusea, vômito, diarréia e dor abdominal. Cefaléia e febre baixa
podem ocorrer. A dose infectante é desconhecida, mas presume-se
ser baixa. Doença moderada e breve, normalmente se desenvolve 24-
48 horas após ingestão de alimento ou água contaminada e dura de
24-60 horas. A transmissão provável é via fecal-oral, embora a
transmissão por ar e contato com fômites parece explicar a rápida
disseminação em hospitais e outras comunidades fechadas. Surtos
recentes apontam para a importância dos frutos do mar e água, com
transmissão secundária para os membros da família. O ser humano é
o único reservatório conhecido. Na maioria das vezes, ocorre em
surtos, de importantes proporções, afetando grupos de todas as
idades. Em países em desenvolvimento a porcentagem de indivíduos
que desenvolveram imunidade nas idades jovens é alta.

Cryptosporidium/Criptosporidiose: Protozoário coccídeo, parasita


intracelular intestinal que infecta diversas espécies animais, porém
somente o Cryptosporidium parvum/Cryptosporidium hominis são
conhecidos por infectar seres humanos. Pode ser veiculado pela água,
podendo ser encontrado no solo, em alimentos e superfícies
contaminadas por fezes. A forma infectante é o oocisto, contendo
esporocistos altamente resistentes a desinfetantes, porém
susceptíveis à dessecação e radiação ultravioleta. Causa diarréia
liquida, acompanhada de cólicas abdominais, anorexia, vômito,
desidratação, náusea e febre. Inicia-se de 2 a 10 dias após infecção,
persistindo de 1 a 2 semanas, agravando-se em pacientes
imunodeprimidos. Algumas infecções podem ser assintomáticas, o
que favorece a sua persistência principalmente em creches. Pode
acometer o trato respiratório, apresentando tosse e febre,
acompanhada de severa diarréia líquida. A transmissão é fecal-oral,
pessoa-a-pessoa, animal-pessoa e por água e alimentos. No Brasil,
não há dados sistematizados sobre a doença, a não ser determinados
estudos sobre a prevalência em populações específicas. No estado de
São Paulo, pela melhoria de notificação de surtos de doenças
transmitidas por alimentos e água, surtos de Cryptosporidium têm
sido notificados, ocorrendo principalmente em creches com crianças
menores de 5 anos.

Cyclospora/Ciclosporíase: Doença diarréica, causada pelo


coccídeo Cyclospora cayetanensis, caracteriza-se por diarréia líquida
explosiva, náusea, anorexia, perda de peso, cólicas abdominais,
flatulência, dores musculares, fadiga e às vezes vômitos. Algumas
infecções são assintomáticas. O período de incubação é cerca de uma
semana após a ingestão de água ou alimento contaminado por fezes
infectadas. Os surtos de Cyclospora têm sido relacionados a frutas
rasteiras, manjericão e água. As ciclosporíases são relatadas em todo
o mundo. Não havia no Brasil nenhum registro desses surtos, até a
ocorrência de um surto no município de General Salgado, SP,
notificado ao Centro de Vigilância Epidemiológica, nos meses de
setembro a novembro de 2000 (mais de 350 casos de diarréia). A
Cyclospora cayetanensis foi identificada em amostras de fezes de
pacientes e no sistema de abastecimento de água da cidade.

Giardia lamblia/Giardíase: È um protozoário, também chamado


de Giárdia intestinalis, causador de doença diarréica. Os indivíduos
com o parasita podem apresentar quadro de diarréia crônica,
esteatorréia, cólicas abdominais, sensação de distensão, perda de
peso e desidratação. Pode haver má absorção de gordura e de
vitaminas lipossolúveis. Algumas infecções são assintomáticas. A
infecção ocorre pela ingestão de cistos em água ou alimentos
contaminados ou pessoa-a-pessoa através do mecanismo mão-boca.
Acredita-se que os indivíduos assintomáticos sejam mais importantes
na transmissão da doença. O período de incubação varia de 5 a 25
dias, com uma média de 7 a 10 dias. Concentrações de cloro
utilizadas para o tratamento da água não matam os cistos da Giardia,
especialmente se a água for fria; água não filtrada proveniente de
córregos e rios expostos à contaminação por fezes dos seres
humanos e dos animais constitui uma fonte de infecção comum. As
giardíases possuem distribuição mundial, sendo que a prevalência é
maior em áreas com saneamento básico deficiente e em instituições
com crianças que não possuem ainda controle de seus esfíncteres.
Somente os surtos são de notificação obrigatória.

Toxoplasma gondii/Toxoplasmose: Infecção geralmente


assintomática; nos quadros agudos apresenta-se como uma síndrome
semelhante à mononucleose, com febre, linfoadenopatia, “rash”
maculo-papular, linfocitose e dores musculares que persistem
durante dias a semanas. A infecção congênita causa lesão cerebral,
deformidades físicas e convulsões desde o nascimento. Pacientes
imunodeprimidos são mais acometidos pela infecção, podendo
apresentar cerebrite, coriorretinite, miocardite, sendo a toxoplasmose
cerebral uma infecção oportunista freqüente em pacientes com AIDS.
Altas prevalências (85%) da infecção têm sido relatadas, em vários
países, devido ao consumo de carne crua ou mal cozida. Na América
Central e Latina a alta prevalência é relacionada à presença de
grandes quantidades de gatos abandonados em climas que
favorecem a sobrevivência de oocistos. Oocistos podem sobreviver
durante meses no ambiente e são resistentes a desinfetantes,
congelamento e processo de secagem, mas destruídos pelo
aquecimento a 70ºC por 10 minutos. O Toxoplasma gondii é
transmitido ao homem por diversas maneiras: através da ingestão de
carne mal cozida contendo cistos de Toxoplasma; pela ingestão de
oocistos provenientes de mão contaminada por fezes ou alimento e
água contaminados; transmissão transplacentária; inoculação
acidental de traquizoítos ou pela ingestão de oocistos infectantes na
água ou alimento contaminados com fezes de gato. Pode ocorrer
transmissão através da inalação de oocistos esporulados. O período
de incubação compreende 10 a 23 dias quando a infecção provém da
ingestão de carne crua ou mal cozida; e de 5 a 20 dias em uma
infecção associada a gatos. A ocorrência de surtos (dois ou mais
casos) requer a notificação imediata às autoridades de vigilância
epidemiológica para que se desencadeie a investigação das fontes
comuns e o controle da transmissão através de medidas preventivas.

Diphyllobothrium/Difilobotríase: parasitose intestinal de longa


duração, causada pelo diphylobotrium spp., conhecido como tênia do
peixe, que pode persistir no intestino humano por mais de 10 anos.
Algumas espécies são conhecidas por parasitar o homem, porém, são
mais comuns o D. latum e o D. pacificum. A doença ocorre devido ao
consumo de peixes crus ou mal cozidos contaminados com a larva do
parasita. A maior parte das infecções são assintomáticas. Nas
infecções sintomáticas são freqüentes dor e desconforto abdominal,
flatulência, diarréia e, algumas vezes, vômito e perda de peso,
podendo ocorrer até anemia megaloblástica pela interferência do
parasita na absorção de vitamina B12. O diagnóstico é realizado
através da identificação de ovos do parasita em amostras de fezes, a
partir de 5 a 6 semanas após o consumo do alimento contaminado. O
exame das proglotes eliminados é grande valia para identificação da
espécie. Há registro de casos na Europa, Ásia, América do Norte e
América do Sul. Na América do Sul há registro de casos
de difilobotríase vrelacionadas à trutas e salmões, sendo mais
comuns o D. latum (Chile e Argentina) e D. pacificum (Peru). No
estado de São Paulo, no período de 2004 a 2005, foram registrados
52 casos autóctones de D. latum, confirmados laboratorialmente
(microscopia,morfologia e PCR) associados ao consumo de salmão em
sushis/sashimis. No período de 1998 a 2003 foram registrados dois
casos não autóctones da doença, de pacientes estrangeiros,
provenientes da Europa. Recomenda-se para prevenir parasitoses de
peixe o consumo do produto bem cozido ou previamente congelado a
– 20º C, por uma semana.

Anisakis/Anisakíase: Parasitose do trato gastrointestinal dos seres


humanos, manifesta-se usualmente por cólicas abdominais e vômitos,
resultante da ingestão de peixes crus ou mal cozidos contaminados
com a larva. A larva em movimento produz ulcerações na parede do
estômago, causando náusea, vômito e dor epigástrica, algumas
vezes, hematêmese. Podem migrar para a parte superior atacando a
orofaringe podendo ser expelidas pela tosse ou retiradas
manualmente. No intestino delgado, elas causam abscessos
eosinofílicos e os sintomas podem ser similares a uma apendicite ou
enterite regional. Com o tempo, pode haver perfuração da cavidade
peritoneal. São nematódios larvais da família Anisakinae,
gênero Anisakis e Pseudoterranova. O Anisakis simplex (vermes do
arenque),Pseudoterranova decipiens (Phocanema, Terranova) (verme
do bacalhau ou da foca), Contracaecum spp., e Hysterothylacium
(Thynnascaris) spp. são anisakideos, nematelmintos (vermes
redondos) implicados em infecções humanas causadas pelo
consumo de frutos do mar e peixes crus ou mal cozido. Estudos
mostram que o processo de salga dos peixes (ex. bacalhau) pode não
ser suficiente para inativar o parasita. O processo de congelamento a
– 20º C mata o parasita, porém não elimina alérgenos, podendo
causar alergias em pessoas suscetíveis. É importante lembrar que os
peixes podem transmitir outros parasitas, além do Anisakis e
doDiphillobothrium. O Gnathostoma sp., epidêmico no México e já
identificado em raposas e gambás no Brasil, é transmitido ao homem
pela ingestão de peixe cru, podendo causar tosse, hematúria,
alterações oculares, alterações eosinofílicas importantes e até
mieloencefalite. Como principal medida de controle destas doenças é
importante manter o peixe congelado por sete dias à – 20 ºC, ou
melhor, evitar a ingestão de peixes crus ou mal cozidos.

Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) e sua variante (vDCJ): É


uma desordem neurodegenerativa de rápida progressão, fatal, cuja
etiologia, acredita-se, ser devida a uma proteína conhecida como
prion (PrP). Caracteriza-se por uma encefalopatia em que
predominam demência, mioclonias, sinais piramidais, extrapiramidais
e cerebelares, com óbito ocorrendo geralmente após um ano do início
dos sintomas e afetando faixas etárias mais elevadas. É classificada
como uma encefalopatia espongiforme transmissível juntamente com
outras doenças que ocorrem em humanos e animais: 1) forma
esporádica – corresponde a 85% dos casos, podendo ser hereditária
em uma pequena fração (5 a 15%) e se traduzem pela Síndrome
de Gerstmann-Straussler-Scheinker (GSS) e a Insônia Familiar Fatal
(IFF), 2) iatrogênica (transmitida por procedimentos médicos, como
uso de hormônios do crescimento contaminados, transplantes de
córnea e dura máter de indivíduos portadores da doença,
instrumentos neurocirúrgicos e eletrodos contaminados) e 3)
alimentar (a variante em humanos). A DCJ ocorre no mundo todo,
estimando-se sua incidência anual em cerca de um caso por milhão
de população. Um estudo desenvolvido no estado de São Paulo
(Santos et al., 2001), a partir dos registros de mortalidade e
morbidade hospitalar, revelou na década de 90 a existência de 36
casos, uma baixa incidência quando comparada ao número estimado
de casos esperados (mais de 300). Denominou-se variante da DCJ
(vDCJ) a forma ocorrida no Reino Unido, relacionada à epidemia de
encefalite espongiforme bovina (EEB), transmitida ao homem por
consumo de carnes de animais doentes, que ao contrário da forma
clássica, afeta predominantemente pessoas jovens, menores de 30
anos, com sintomas iniciais psiquiátricos ou sensoriais proeminentes
e com anormalidades neurológicas tardias, com duração da doença
de pelo menos 6 meses. Por esse episódio e sua gravidade, a DCJ
torna-se uma doença sob vigilância internacional, pois, sua forma
alimentar (vDCJ) constitui um grave problema de saúde pública. No
estado de São Paulo, até o presente, não foi encontrado nenhum caso
com idade < 30 anos, com as características dos casos de vDCJ no
Reino Unido. A DCJ foi incluída recentemente na lista federal de
doenças de notificação compulsória e oficializada no ESP, uma vez
que vinha sendo notificada como agravo inusitado de importância em
saúde pública desde o ano 2000, instituindo-se em 2005, a vigilância
da doença e de sua variante (vDCJ) para todo o território nacional. A
vigilância epidemiológica da DCJ permite detectar precocemente o
surgimento de vDCJ e de suas causas, sendo um dos indicadores para
o alerta de EEB no país, ao lado de medidas que estão no âmbito
ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e MAPA (Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), este último responsável
pela saúde dos animais e por medidas de segurança e qualidade de
alimentos cárneos.

OBS: Informações mais detalhadas podem ser obtidas nos Manuais de


Vigilância Epidemiológica, Documentos Técnicos e Dados Estatísticos
sobre todas as doenças de transmissão hídrica e alimentar, no site do
CVE: http://www.cve.saude.sp.gov.br, em Doenças Transmitidas
por Água e Alimentos.

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