Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
Faculdade de Medicina
Diretor: Paulo César de Jesus
Vice-Diretor: Joel Paulo Russomano Veiga
JORNADA CIENTÍFICA
Coordenação e Organização Geral: Maria Imaculada Muniz Barboza Junqueira
Presidente da Jornada: Daniel França Vasconcelos
COMISSÃO ORGANIZADORA
Maria Imaculada Muniz Barboza Junqueira
Daniel França Vasconcelos
Joel Paulo Russomano Veiga
Adriana Lofrano
Antonio Carlos Rodrigues da Cunha
Maria das Graças de Oliveira
Patrícia Lopes Almeida
Rômulo Medeiros de Almeida
Josiane Moreira
Julia Horita Moherdavid
Karla Dionéia Gonçalves da Silva
Leonardo Fellows
COMISSÃO CIENTÍFICA
Joel Paulo Russomano Veiga
Paulo Gonçalves de Oliveira
Antônio Carlos Rodrigues da Cunha
Vera Lúcia Vilar de Araújo Bezerra
Verônica Amado
Carlos Eduardo Gaio
Daniel França Vasconcelos
Cleudson Nery Castro
Leopoldo Luiz dos Santos Neto
Ronaldo Mafia Cuenca
Gustavo Adolfo Sierra Romero
Fabiana Pirani Carneiro
Pedro Sadi Monteiro
Marina Kiyomi Ito
Eliane Maria Fleury Seidl
2
FEIRA DE SAÚDE
Coordenadora: Enfermeira Josane Gallo
COMISSÃO ORGANIZADORA
Josilene Albino de Freitas Lima
Franco Batista Leite
Rosane Chaves
Samoa Amorim
Thuane Souza
Antonio Rodrigues
Djalma Rezende
EXPEDIENTE
EQUIPE DAEP/HUB
Djalma José Resende
Jaina Batista de Jesus
Kely Cristina de Jesus Pereira dos Reis
Rosane Antunes Carreiro Chaves
Samoa Amorim da Cunha Maceno
EQUIPE APOIO DIDÁTICO/DAEP/HUB
Antônio Rodrigues da Silva
José Rodrigues de Magalhães
Luiz Gusmão Antunes
Flávio Eduardo Peres Silva
Rafael Rodrigues da Silva
Rena Marinho Farias
Impressão
Marina artes gráficas e editora
Periodicidade: anual
FICHA CATALOGRÁFICA
146f.
ISBN
3
SUMÁRIO
Apresentação
Programação Jornada Científica
Programação da Feira de Saúde
Temas Livres
Clínica Cirúrgica
Clínica Médica
Pediatria Clínica e Cirúrgica
Ginecologia e Obstetrícia
Patologia
Medicina Social
Áreas Básicas
Enfermagem
Farmácia
Nutrição
Odontologia
Psicologia
Multiprofissional
4
APRESENTAÇÃO
5
PROGRAMA
ENCONTRO PRÉ-JORNADA
DIA 14 / 10 / 2010 - Quinta-feira
AUDITÓRIO 1 — HUB
Emergências
HORÁRIO Coordenador: Prof. Dr. Carlos Eduardo Gaio - HUB/UnB
Secretária: Lia de Carvalho Ferreira Braga – HUB
18:30-19:00 1. Primeiro Atendimento ao politraumatizado Prof. Dr. Paulo Mendelsonh F. Otero - HUB/UnB
19:00-19:30 2. Insuficiência respiratória na infância Prof.ª Dr.ª Karina Nascimento - HUB/UnB
19:30-20:00 3. Emergências Obstétricas Prof. Dr. Alberto Carlos Zaconetta - UnB
20:00-20:30 4. Choque circulatório Prof. Dr. Hervaldo Sampaio Carvalho - HUB/UnB
20:30-21:00 Discussão
AUDITÓRIO 2 — HUB
Interações medicamentosas
HORÁRIO Coordenadora: Prof.ª Dr.ª Patrícia Medeiros de Souza - UnB
Secretário: Bruno Gedeon de Araújo – HUB
17:00-17:30 1. Hipolipemiantes Prof.ª Dr.ª Dayde Lane Mendonça da Silva - UnB
17:30-18:00 2. Anticoagulantes Prof.ª Dr.ª Patrícia Medeiros de Souza - UnB
18:00-18:30 3. Bloqueadores do Sistema Renina – Angiotensina Prof.ª Dr.ª Alessandra Menezes Campos - UnB
18:30-19:00 4. Anti-retrovirais Prof.ª Dr.ª Alessandra Menezes Campos - UnB
19:00-19:30 5. Antiarritmicos Prof.ª Dr.ª Patrícia Medeiros de Souza - UnB
19:30-20:00 6. Antidiabéticos orais Prof.ª Dr.ª Adriana Lofrano-UnB
20:00-20:30 7. Antimicrobianos Prof. Dr. Fernando Araújo-UnB
20:30-21:00 Discussão
Reitor/ Vice-Reitor/
Decanos/ Diretor do
Hospital/ Diretor
08:00- Faculdade de Medicina/
08:30 Abertura Diretor Faculdade de
Ciências da Saúde/
Diretora da DAEP/
Presidente da Jornada/
O Poder Curativo do
Amor
Prof. Dr. Carlos Eduardo
Tosta da Silva - UnB
Palestra
08:30- Presidente: Prof. Dr.
de abertura
09:30 Dioclécio Campos Júnior -
HUB/UnB
Secretária: Indira de
Alencar Ribeiro Fagundes
– HUB
09:30- Intervalo
10:00 para o café
6
Abordagem
multidisciplinar nos
cuidados do indivíduo Atualização em Diabetes Atividade Física, Nutrição e Saúde: as
portador do HIV/Aids. evidências justificam uma força tarefa
Presidente: Prof. Dr. Augusto dos profissionais de saúde?
Coordenador: Prof. Dr. Cezar Florêncio Costa -
Antônio Carlos Rodrigues HUB/UnB Presidente: Prof.ª Dr.ª Keila E. Fontana
da Cunha - HUB/UnB Secretária: Larissa Simões Secretária: Luana de Almeida Gomes -
Secretário: Paulo Giovanni Nazareno - HUB HUB
Pinheiro Cortez - HUB
1. Genética do DM2: como os 1. Problemas metodológicos nos estudos das
1. Vivendo e convivendo novos conhecimentos podem relações entre atividade física, nutrição e
com HIV/Aids influenciar a prática clínica saúde
Prof.ª Dr.ª Eliane Maria Prof.ª Dr.ª Angélica Amato – Prof. Dr. Pedro Luiz Tauil - UnB
Mesa- Fleury Seidl – HUB/UnB HUB/UnB 2. Aconselhamento em atividade física,
Redonda 2. A reprodução por 2. Papel dos novos agentes nutrição e saúde: uma visão multidisciplinar
portadores do HIV/Aids: farmacológicos (ênfase em Prof. Dr. Luiz Guilherme G. Porto - UnB
Dilemas técnicos e incretinas) 3. Exercício e Reabilitação da criança ao
éticos. Prof.ª Dr.ª Érica Correia Garcia - idoso: a visão do fisioterapeuta
10:00- Prof. Dr. Antônio Carlos HUB/UnB Prof.ª Dr.ª Vera Regina Fernandes da Silva
12:30 Rodrigues da Cunha - 3. Assistência odontológica ao Marães - UnB Ceilândia
HUB/UnB paciente diabético 4. Avaliação da aptidão física e indicadores
3. Prevenção da transmissão Prof.ª Dr.ª Maria do Carmo de excesso de treinamento
vertical. Guimarães - HUB/UnB Prof. MSc. Guilherme Molina - UnB
Prof.ª Dr.ª Elza Noronha - 4. Novas tendências na dietoterapia 5. Aspectos nutricionais de importância
HUB/UnB para portadores de diabetes tipo 2 clínica para a prática de exercícios físicos
Cuidados com o recém Prof.ª Dr.ª Marina Kiyomi Ito – Nutricionista Caroline Olimpio Romeiro de
nascido. HUB/UnB Meneses – Iate Clube de Brasília
Prof.ª Dr.ª Maria Lígia
Robalino Lima – HUB/UnB
13:00-
Exposição de pôsteres
15:00
AUDITÓRIO 1 - AUDITÓRIO 2 - AUDITÓRIO 3 - SALA H -
HUB HUB FS AMBULATÓRIO
Atenção
Promoção da qualidade
Multidisciplinar ao Grupo de Assistência Aspectos nutricionais
de vida nas doenças
paciente do transplante multidisciplinar ao na Pediatria
crônico-degenerativas
idoso – Um modelo de
Presidente: Prof. Dr. promoção de Saúde Presidente: Prof.ª Dr.ª
Presidente: Prof. Dr.
Rômulo Maroclo Filho - Patrícia Lopes Almeida
Leopoldo Luiz dos
HUB/UnB Presidente: Prof.ª Dr.ª Secretário: Luciano
Santos Neto - HUB/UnB
Secretário: Raimundo Maria Alice V. Toledo - Máximo da Silva –
Secretária: Lídia Ester
Antônio Cardoso Júnior - HUB/UnB HUB/UnB
Lopes da Silva - HUB
HUB/UnB Secretária: Ana Carolina
de Carvalho Fonseca - 1. Metabolismo ósseo e o
1. Qualidade de vida:
1. Avaliação psicológica HUB cálcio na infância e
Definição e método de
do doador e receptor adolescência
avaliação
Psicóloga Marina 1. Porque o atendimento Prof. Dr. Luiz Claudio
15:00- Mesa Prof.ª Dr.ª Maritza Luz
Kohlsdorf - HUB multidisciplinar no idoso Gonçalves de Castro –
16:50 Redonda Barbosa - HUB
2. Avaliação Prof. Dr. Einstein HUB/UnB
2. Doença Renal Crônica
Fisioterapêutica do Camargo - HUB/UnB 2. Anemia por
Prof. Dr. Flávio José
paciente pré-transplante 2. O papel do assistente deficiência de ferro em
Dutra de Moura
Fisioterapeuta Sérgio social no centro de crianças
3. DPOC
Leite – HUB/UnB medicina do idoso. – Nutricionista Gisele Ane
Profª. Drª. Verônica
3. Avaliação Clínica do Assistente social Luciana Bortolini - MS
Amado - HUB/UnB
doador e receptor Maria Santos Cesário – 3. Aspectos Endócrinos
4. Insuficiência cardíaca
Prof. Giuseppe C. Gato - HUB/UnB da Obesidade na infância
Prof.ª Dr.ª Antônia
HUB/UnB 3. Atividades Prof.ª Dr.ª Cátia Barboza
Marilene da Silva –
4. Cuidados de fisioterápicas no Centro da Cruz – HUB/UnB
HUB/UnB
enfermagem no pré e pós- de Medicina do Idoso – 4. Distúrbios alimentares
5. Portador de
operatório Fisioterapeuta Dante na infância e adolescência
necessidades especiais
Enfermeira Maria Goreth Brasil Santos – Prof.ª Dr.ª Tatiana
Prof.ª Dr.ª Juliana de
Cutrim – HUB/UnB HUB/UnB Valverde da Conceição -
Faria Fracon e Romao –
HFA
UnB Ceilândia
7
5. Atenção Nutricional 4. Saúde bucal no idoso –
ao Paciente Submetido a Prof.ª Drª Érica Negrini
Transplante de Células- Lia – HUB/UnB
Tronco Hematopoéticas 5.Repercussões
(TCTH) sistêmicas da doença
Prof.ª Dr.ª Nádia Dias periodontal no idoso
Gruezo - ICOD Prof. Dr. Wagner Araújo
HUB/UnB
17:00- Sessão
Sessão Anatomoclínica
18:00 Clinica
8
IX FEIRA DA SAÚDE DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA 2010
Coordenação: Enfermeira Josane Gallo
1-PROGRAMA DE ALCOOLISMO
Coordenadora: Isabel Cristina Reis Praça
-Distribuir material educativo; Socialização da informação acerca do uso de substâncias
psicoativas, Exposição de artesanato confeccionado pelos pacientes;
5-PROGRAMA DE DIABETES
Coordenador: Prof. Augusto C.F. Costa
-Realizar o controle de glicemias capilares;Orientar e educar a comunidade sobre fatores de risco
e prevenção; Aferição de pressão arterial; Medição de circunferência abdominal.
-Atividade interativa e educativa (jogo) com a temática diabets, Kites “hipoglicemia”.
- Painel educativo sobre temas em diabets que gerem dúvidas a paciente e familiares;
6-NUTRIÇÃO
Coordenadoras: Nutricionistas Thaís Muniz eJuliana Rolin
-Avaliação Nutricional: Antropometria: peso e altura e classificação de acordo com o índice de
massa corporal (IMC); Orientação nutricional; Palestras sobre orientação saudável.
7-ODONTOLOGIA
Coordenadora: Prof. Celso de Freitas Pedrosa Filho
-Instruir sobre higiene bucal; Distribuir folhetos explicativos sobre práticas de higiene bucal;
Mostra de vídeos educativos para crianças.
9
10- ASSOCIAÇÃO BRASILIENSE DE LEISHMANIOSE
Coordenadora: Profª Draª Raimunda Nonata
- Momentos educativos com filmes palestras.
12-SERVIÇO SOCIAL
Coordenadora: Rafaela Paes Marques
- Divulgação do Trabalho do Serviço Social no HUB
10
ENCONTRO PRÉ-JORNADA: INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
A hipóxia é a principal causa de parada cardiorespiratória (PCR) na faixa etária pediátrica, dentro
e fora do ambiente hospitalar. Dentre as causas de hipóxia,a insuficiência respiratória aguda (IRA) é a
mais prevalente. Isso se deve, principalmente, às diferenças anatômicas e fisiológicas da via aérea da
criança em relação ao adulto.
Definição:
A IRA consiste na situação onde o sistema respiratório não é capaz de executar as trocas gasosas
necessárias para suprir a demanda metabólica fisiológica do organismo. Do ponto de vista
gasométrico, a IRA pode ser definida como a presença de hipoxemia (PaO2 < 60 mmHg ou SpO2 <
92%) quando o paciente está respirando em ar ambiente (FiO2 21% à nível do mar),
independentemente do nível de PaCO2, que pode estar normal, alto ou baixo.
Considerações anatômicas:
A via aérea da criança é diferente da do adulto em vários aspectos.
- O segmento cefálico é proporcionalmente maior e representa ¼ do corpo ao nascimento.
- Macroglossia relativa pois, a língua é maior em relação à orofaringe e assim o deslocamento
posterior dessa estrutura pode mais facilmente causar uma obstrução grave.
- Epiglote mais curta, estreita e angulada em relação ao eixo da traquéia, levando a visualização
dificultada dessa referência anatômica.
- Laringe de formato cônico (até cerca dos 10 anos de idade), diferente do formato cilíndrico do
adulto.
- Anatomicamente, a via aérea de lactentes e crianças é muito menor, quando comparada a do adulto.
A resistência ao fluxo é inversamente proporcional à quarta potência do raio da luz do tubo, assim o
lactente e a criança mais jovem são especialmente vulneráveis a qualquer forma de obstrução de via
aérea, quer seja por sangue, muco ou pus, quer seja por edema ou compressão externa.
- Na faixa pediátrica, as costelas e a cartilagem intercostal, que normalmente dão suporte aos pulmões,
são altamente complacentes, o que dificulta a mecânica respiratória. Isso porque a capacidade residual
funcional fica reduzida, especialmente, quando o esforço respiratório é pequeno ou está ausente.
- A criança tem taxa metabólica mais alta em relação ao adulto. Isso leva a um consumo maior de
oxigênio (6 a 8 ml/kg/min) em relação ao adulto. Assim sendo, a hipoxemia na criança ocorre mais
rapidamente no caso de apnéia ou de ventilação alveolar inadequada.
Mecanismos fisiopatológicos básicos:
Distinguem-se basicamente três mecanismos fisiopatológicos como determinantes de insuficiência
respiratória: a hipoventilação, os distúrbios de difusão e os distúrbios da relação entre a ventilação e a
perfusão (distúrbios V/Q).
- Hipoventilação:
A hipoventilação pode ser conceituada como a situação em que ocorre uma diminuição da
ventilação alveolar (VA) na presença de pulmões normais.
A ventilação alveolar pode ser representada por : VA=FR X (Vt – Vd) onde: FR= freqüência
respiratória; Vt= volume corrente; Vd= volume do espaço morto (anatômico e fisiológico)
Portanto os determinantes da hipoventilação são: redução da freqüência respiratória, redução do
volume corrente ou aumento do espaço morto. É importante destacar que na hipoventilação, como o
defeito não é de troca gasosa, pois os pulmões estão normais, qualquer oferta de oxigênio suplementar
corrige a hipoxemia, assim a indicação de assistência ventilatória, invasiva ou não invasiva, não pode
ser baseada apenas na oxigenação de pulso ou na PaO2 da gasometria. Os critérios clínicos são mais
importantes, pois a hipoxemia somente ocorrerá tardiamente se o paciente estiver recebendo
oxigenoterapia. Os sinais de desconforto respiratório (bradipnéia, respiração superficial ou
taquipnéia), os níveis de PaCO2 (hipercapnia) e os sinais de fadiga respiratória (exaustão, sudorese,
taquicardia, incapacidade de falar) são os que realmente importam para o reconhecimento da
insuficiência respiratória nestes casos.
Podemos citar como exemplos de doenças que causam IRA por hipoventilação:
11
- Meningoencafalite, traumatismo cranioencefálico, apneia da prematuridade – Por redução da FR e do
Vt.
- Doenças neuromusculares – Guillain-Barre, Werdnig-Hoffmann, Miastenia gravis – Por redução da
FR e Vt.
- Obstrução respiratória alta – Laringite, epiglotite – Por redução do Vt.
Distúrbios da Difusão:
A difusão do ar entre os alvéolos e os capilares pulmonares depende fundamentalmente dos
seguintes fatores: 1) superfície alveolar disponível para troca gasosa; 2) espessura da membrana
alvéolo-capilar; 3) gradiente de pressão entre alvéolos e capilar pulmonar; 4) coeficiente de
solubilidade do oxigênio e do dióxido de carbono.
No caso do pulmão, a superfície de troca está diretamente relacionada à área alveolar (número de
alvéolos disponíveis), que varia de acordo com o tamanho da criança. A espessura da membrana
alvéolo-capilar pode estar alterada pela presença de líquido, infiltrado inflamatório, fibrose e outras
alterações. O coeficiente de solubilidade do oxigênio é da ordem de 0,0031 , ao passo que do dióxido
de carbono é de 0,57, o que explica a maior difusibilidade do CO2 em relação ao O2 em condições
habituais. Por outro lado, o gradiente de oxigênio favorece a difusão do alvéolo para o capilar (
exemplo: 150 – 40 mmHg do alvéolo para o capilar) ao passo que o gradiente de CO2 favorece a
difusão no sentido contrário (ex: 46-40 mmHg do capilar para o alvéolo).
Exemplo de doenças que causam insuficiência respiratória associada a distúrbio na difusão:
- Tuberculose (fibrose pulmonar), pneumonia (edema intersticial ou líquido no interior dos alvéolos) –
Por aumento da espessura da membrana alvéolo-capilar.
- Pneumotórax, hipoplasia pulmonar, lobectomia, prematuridade extrema – Por redução na superfície
de troca.
Distúrbios na relação ventilação/perfusão (V/Q):
Fisiologicamente a relação entre a ventilação e a perfusão não é uniforme em todo o pulmão,
variando de acordo com a região pulmonar e com o decúbito. Em situações normais e em posição
ortostática, os ápices pulmonares são proporcionalmente mais ventilados do que perfundidos,
enquanto as bases são proporcionalmente mais perfundidas do que ventiladas.
Os distúrbios da relação V/Q são basicamente de três tipos:
- Efeito Shunt:
Em condições de normalidade existe no pulmão um efeito shunt dito fisiológico ou anatômico, ou
seja uma parcela de sangue venoso passa para o coração esquerdo sem que tenha havido troca gasosa
(hematose). Este efeito shunt fisiológico é menor do que 5% do fluxo total e decorre
fundamentalmente de desvios anatômicos, representados pelas veias brônquicas e pela drenagem do
seio coronariano que drenam diretamente para o lado esquerdo da circulação. Por outro lado , em
diversas situações patológicas ocorre um efeito shunt não anatômico ou não fisiológico, quando
existem áreas pulmonares que em razão da doença encontram-se desproporcionalmente perfundidas
em relação à ventilação alveolar, resultando em uma troca gasosa sub-ótima e consequentemente
hipoxemia e hipercapia. Pneumonias, edema pulmonar, SDRA, doença de membrana hialina, que são
processos consolidativos e infiltrativos, tem efeito shunt presente.
- Efeito espaço morto
Diz-se que há efeito espaço-morto quando uma parcela do gás que entra nos pulmões não passa
por áreas perfundidas, não havendo assim troca gasosa. Este efeito ocorre em condições de
normalidade em uma parte da via aérea, conhecida como espaço morto anatômico, que vai da entrada
das vias aéreas até os bronquíolos terminais. Também ocorre espaço morto dito fisiológico nos ápices
pulmonares ou regiões não dependentes do pulmão (em razão do decúbito) nas quais se observa uma
ventilação proporcionalmente maior do que a perfusão capilar pulmonar. Em diversas doenças pode
ocorrer uma relação V/Q anormal, caracterizando um efeito espaço morto.
São exemplos de espaço morto a hipertensão pulmonar , a insuficiência cardíaca direita com baixo
débito, a embolia pulmonar e a hiperdistensão alveolar (doenças obstrutivas, PEEP excessiva), assim
como algumas condições observadas durante a ventilação mecânica invasiva, como, a utilização de
tempos inspiratórios mais curtos do que o necessário pelas condições mecânicas do pulmão ou quando
se utiliza um tubo traqueal muito longo e diversas peças interpostas entre o Y do circuito e o tubo
traqueal.
- Unidade silenciosa
12
Em algumas doenças que acometem gravemente os pulmões, há um impedimento tanto da
condução gasosa quanto da perfusão pulmonar. Estas regiões não participam uniformente da troca
gasosa e são por isso chamadas de áreas ou unidades silenciosas. A tuberculose e a esquistossomose
pulmonar , que podem levar a fibrose intersticial e colapso alveolar, podem levar à formação de
unidades silenciosas.
Quadro Clínico:
A dificuldade respiratória é a manifestação clínica da IRA. Na grande maioria das vezes, a
taquipnéia é a primeira manifestação e representa a tentativa de o organismo manter adequada troca
gasosa.
Observam-se outros sinais clínicos:
- Tiragem intercostal; Retração de fúrcula esternal; Retrações subcostais; Batimento de asa de nariz;
Gemência expiratória; Alterações de comportamento : Agitação, euforia, choro incessante,
obnubilação, torpor e coma; Taquicardia; Hipertensão arterial; Cianose – Pode ser tardia, pois
depende do nível de hemoglobina, somente surgindo quando a hemoglobina reduzida está maior que 3
a 5 g/dL.
Lembrando que bradipneia/apneia e a cianose secundárias à doença respiratória pura, são sinais de
gravidade extrema, necessitando de intervenção imediata.
As freqüências respiratórias sugeridas para classificar a taquipnéia para as faixas estarias são:
- RN a 2 meses : > 60 respirações por minuto (RPM); - 2 meses a 11 meses : > 50 RPM; 1 a 5 anos: >
40 RPM; Maior que 5 anos : > 20 RPM
O estridor é um sinal de obstrução das vias aéreas superiores (extratorácicas). As causas mais
freqüentes são: malformações congênitas ( língua volumosa, laringomalácia, hemangioma, tumor de
vias aéreas), infecções (epiglotite), edema de vias aéreas ( reação alérgica, edema pós intubação) e
aspiração de corpo estranho. O quadro clínico é funcionalmente obstrutivo.
A insuficiência respiratória aguda baixa (vias aéreas inferiores), funcionalmente pode ser dividida
em obstrutiva, restritiva ou mista.
Os quadros obstrutivos apresentam obstrução das vias aéreas intratorácicas (brônquios e
bronquíolos), causada por edema ou hiperplasia de mucosa, espasmo, hipertrofia de musculatura lisa
ou compressão extrínseca da árvore brônquica. Expiração prolongada acompanhada por sibilância é a
principal manifestação clínica, além de taquipneia e retração respiratória. São exemplos: bronquilite,
asma, edema pulmonar ou corpo estranho intratorácico.
Na IRA restritiva ocorre perda de volume pulmonar com diminuição da capacidade residual
funcional. Os mecanismos compensatórios provocam aumento da pressão nas vias aéreas, mantendo
ou aumentando assim a capacidade residual funcional. O dano pulmonar é parenquimatoso ou pleural.
Taquipnéia, dispnéia, retração torácica esternal, intercostal ou diafragmática, dor torácica e
broncofonia podem estar presentes. Pneumonia, atelectasia, edema pulmonar, derrame pleural e
pneumotórax exemplificam o quadro.
Independente de qualquer classificação, os sinais principais de gravidade que podem evoluir
para falência respiratória e parada devem ser sempre priorizados. São eles:
- Aumento da freqüência respiratória evoluindo para bradipneia ou ritmo irregular.
- Diminuição do nível de consciência e não resposta a estímulo doloroso.
- Diminuição do tônus muscular.
- Cianose
Diagnóstico Complementar:
O que define insuficiência respiratória aguda, como já mencionado anteriormente, é a presença de
hipoxemia (PaO2 < 60 mmHg ou SpO2 < 92%) em ar ambiente, independentemente do nível de
PaCO2, que pode estar normal ou baixo (insuficiência respiratória aguda TIPO I - Hipoxêmica) ou
elevado (insuficiência respiratória aguda TIPO II – Hipercápnica ou ventilatória).
Em outra abordagem pode-se, através da gasometria, classificar a IRA em quatro fases de
gravidade:
- Fase I- início de morbidade qualquer que desencadeia queda na PaO2
- Fase II – mecanismos de defesa são acionados e aumentam o volume minuto (queda da PaCO2),
tentando evitar quedas maiores na PaO2.
13
- Fase III- apesar dos esforços do organismo, a PaO2 diminui ainda mais, e a PaCO2 volta ao normal,
com tendência a se elevar. Se não for instituída tearapêutica adequada, o organismo pode entrar em
falência demonstrada pelo PaCO2 em elevação na fase final do processo
Fase IV- PaCO2 elevada e PaO2 muito baixa caracterizando a falência respiratória
Manejo Clínico:
O tratamento inicial independentemente da etiologia é a oxigenioterapia. Vale sempre ressaltar
que os procedimentos habituais de reanimação devem ser indicados se necessário. As formas de
administração de oxigênio (cateter nasal, máscara, tenda, ambu ou tubo traqueal) estão estritamente
ligados à gravidade do quadro de IRA, devendo ser sempre administrado em altas concentrações para
todos os pacientes em estado grave com insuficiência respisratória, choque ou trauma, adicionando
umidificação tão logo quanto possível, para evitar obstrução das vias aéreas menores pelo
ressecamento das secreções.
A máscara simples de oxigênio é um dispositivo de baixo fluxo que fornece 35 a 60% de oxigênio,
com um fluxo de 6 a 10 L/min. Um fluxo mínimo de 6L deve ser utilizado para evitar reinalação de
CO2 exalado e uma concentração elevada de oxigênio.
A máscara não reinalante consiste de uma máscara facial com bolsa reservatótio e uma valva
incorporada em orifícios de exalação para evitar a mistura de ar durante a inspiração e uma valva entre
a máscara e o reservatório para evitar o fluxo de gás exalado para dentro do reservatório. Na
inspiração, o paciente extrai oxigênio a 100% da bolsa reservatório e da afluência de oxigênio. Pode-
se obter uma concentração de 95% de oxigênio inspirado com um fluxo de 10 a 15 L/min e com a
máscara facial bem vedada a face.
A tenda de oxigênio é um dispositivo de plástico rígido transparente que envolve toda a parte
superior do corpo da criança; pode fornecer cerca de 50 a 60% de oxigênio com fluxos elevados (10 a
15 L/min), mas não pode prover de forma fidedigna uma concentração estável de oxigênio inspirado,
pois o ar ambiente pode entrar na tenda sempre que ela for aberta. Uma variação da tenda é o capacete
de oxigênio, que cobre a cabeça do paciente, sendo bem tolerado por lactentes e neonatos.
A cânula nasal é um dispositivo de oferta de oxigênio de baixo fluxo. A fração inspirada final
depende da freqüência respiratória e do esforço respiratório da criança e do seu tamanho. Um fluxo
maior que 4 L/min irrita a nasofaringe, sendo usado geralmente de 1 a 2 L/min.
O tempo total de evolução da IRA está na dependência da doença desencadeou o processo,
podendo variar de horas a dias. Portanto o paciente em oxigenioterapia deve ser reavaliado com
freqüência.
Durante a investigação, além da anamnese detalhada (atentando para epidemiologia, intoxicações,
etc) e exame físico minucioso, alguns métodos de propedêutica complementar podem ser úteis como
métodos de imagem (radiografia, TC). Dentre os exames laboratoriais realizar triagem toxicológica
(quando indicada), infecciosa e metabólica.
Souza AD et al . Emergências Pediátricas 2 ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2010.
Barbosa AP et al. Insuficiência ventilatória aguda. São Paulo: Editora Atheneu, 2010 (Série terapia
intensiva pediátrica e neonatal ;5)
Carvalho CR. Fisiopatologia respiratória. São Paulo : Editora Atheneu, 2005 ( Série fisiopatologia
clínica; 3)
Suporte avançado de vida em pediatria – American Heart Association, 2008.
14
As interações medicamentosas podem acontecer em diversos níveis e, de acordo com o modo
como ocorrem, recebem uma classificação específica. Interações farmacêuticas ocorrem durante
qualquer etapa do preparo (manipulação) do medicamento e, para serem assim classificadas, devem
ocorrer antes mesmo que o fármaco seja administrado ao paciente. São consideradas interações
farmacêuticas as alterações físico-químicas que ocorrem durante a reconstituição, diluição,
armazenamento e/ou infusão do fármaco.
As interações farmacocinéticas ocorrem quando a concentração de fármaco disponível no seu sítio
de ação é modificada. São assim denominadas porque afetam, de alguma forma, os parâmetros
farmacocinéticos de absorção, distribuição, metabolismo e/ou excreção.
As interações farmacodinâmicas ocorrem quando a ação farmacológica é modificada sem que haja
alteração na concentração do fármaco no seu sítio de ação. Essas interações podem, ainda, ser
subdivididas em sinergísticas e antagônicas, de acordo com os efeitos que promovem.
A prescrição de fármacos em associações visa obter, intencionalmente, efeitos terapêuticos mais
intensos ou mais rápidos do aqueles obtidos com o uso isolado e, ao benefício terapêutico da
associação de fármacos, se estabelece uma interação medicamentosa. Significa dizer que nem todas as
interações medicamentosas detectadas durante a avaliação de um paciente podem incorrer em danos a
ele. Entretanto, as interações medicamentosas constituem a principal causa de reações adversas.
Os fármacos que atuam no sistema renina-angiotensina constituem o grupo de medicamentos mais
prescritos para o tratamento/prevenção de doenças cardiovasculares. Apesar dos benefícios
terapêuticos adquiridos pelo uso dos antagonistas de receptors AT1 e inibidores da ECA, existem
interações medicamentosas, que serão abordadas durante a exposição, que podem diminuir, ou até
mesmo abolir, o efeito desses medicamentos, comprometendo os resultados da farmacoterapia.
- ANTIRETROVIRAIS
Alessandra Menezes
Serviço de Clínica Médica, Hospital Universitário de Brasília, UnB
15
- INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: ANTIMICROBIANOS
Fernando Araújo
Hospital Universitário de Brasília, Universidade de Brasília
16
aditiva12. Interações farmacodinâmicas não envolvem mudanças nas concentrações dos fármacos no
plasma ou no sítio alvo de ação. As interações farmacocinéticas, por outro lado, ocorrem quando um
fármaco altera a absorção, distribuição, metabolismo ou eliminação de outro fármaco. Interações
medicamentosas clinicamente significantes são mais frequentemente resultantes de alterações
farmacocinéticas, secundárias a modulação do metabolismo do fármaco. Em alguns casos uma
alteração significante pode resultar de uma combinação de mecanismos farmacocinéticos e
farmacodinâmicos. Por exemplo, a interação entre cerivastatina e gemfibrozila, que resultou em casos
severos de rabdomiólise, foi uma provável conseqüência da inibição do metabolismo da cerivastatina
pela genfibrozila (interação farmacocinética) e da propensão de ambos os fármacos para causar
toxicidade muscular esquelética (interação farmacodinâmica)11–13.
Interações Farmacocinéticas:
Interações que afetam a absorção:
- Resultam de mudanças na taxa de absorção, na extensão da absorção ou da combinação de ambas;
- Interações que levam a alterações na taxa de absorção são tipicamente sem importância clínica para
medicamentos de uso contínuo, pois a quantidade total absorvida não é alterada. No entanto, reduções
dessa taxa podem causar aumento inaceitável do tempo de latência de medicamentos administrados
agudamente, como os fármacos sedativo-hipnóticos e analgésicos;
- A extensão da absorção pode ser alterada pela motilidade gastrintestinal, pelo pH gastrintestinal, pela
atividade das enzimas do CYP e proteínas de transporte e pela quelação dos fármacos no intestino.
Geralmente, uma mudança na extensão de absorção que exceda 20% é geralmente considerada
clinicamente significante14.
- Alteração da flora bacteriana intestinal tem sido proposta como causa de alterações nas
concentrações de medicamentos como a digoxina, contraceptivos orais e varfarina durante utilização
de antibacterianos, como no caso da interação da digoxina com os macrolídeos. No entanto, uma
explicação mais plausível para esta interação é a inibição da glicoproteína-P intestinal e renal, que
aumentaria a absorção e retardaria a eliminação da digoxina.
Interações que afetam a distribuição:
- Teoricamente, fármacos com alta ligação protéica (>90%) podem deslocar outros fármacos de alta
ligação do sítio de ligação na proteína plasmática, aumentando a distribuição deste. No entanto,
atualmente, há poucas interações clinicamente significantes que ocorram por este mecanismo2.
- Fármacos com metabolização limitada têm o aumento da concentração não ligada compensada pelo
aumento da metabolização. Como fármacos com metabolização não limitada dependem do fluxo
sanguíneo hepático, aumento na fração não ligada no plasma pode não resultar em imediata
eliminação compensatória. Porém, não há relatos de interações clinicamente significantes que
envolvam o deslocamento de fármacos de metabolização não limitada15.
- O aumento transitório da concentração da fração não ligada pode ser clinicamente importante para
fármacos com limitada distribuição, índice terapêutico estreito ou com longa meia-vida (t½) de
eliminação16.
Interações que afetam o metabolismo:
- Modulação do metabolismo mediado pelo sistema de enzimas do citocromo P450 (CYP) é o
principal mecanismo pelo qual um fármaco interage com outro.
- A inibição enzimática diminui a taxa de metabolização de fármacos, o que aumenta a quantidade de
fármaco no corpo, levando ao acúmulo e potencial toxicidade.
- A inibição enzimática pode ser descrita por sua reversibilidade, variando de rapidamente reversível a
irreversível. Interações devido à inibição metabólica reversível podem ainda ser classificadas em
competitivas, não competitivas ou incompetitivas. Na inibição reversível a atividade enzimática é
recuperada pela eliminação sistêmica do inibidor, de forma que o tempo de recuperação da enzima
depende da meia vida de eliminação do inibidor. A inibição competitiva é caracterizada pela
competição entre substrato e inibidor pelo sítio ativo da enzima. A competição pela ligação pode ser
superada pelo aumento na concentração do substrato, sustentando assim a velocidade da reação
enzimática, apesar da presença do inibidor17,18. Por outro lado, a inibição enzimática não competitiva
não pode ser superada pelo aumento da concentração do substrato. Neste tipo de inibição o inibidor se
liga num sítio da enzima que é diferente do sítio onde se liga o substrato, criando um complexo
enzima-substrato não-funcional17,18. A inibição incompetitiva ocorre quando o inibidor se liga
somente ao complexo enzima-substrato. Do ponto de vista clínico, inibição incompetitiva é rara, visto
17
que a saturação da enzima com o substrato não é comum in vivo. Inibição irreversível ou quase-
irreversível ocorre quando o composto parental ou um metabolito intermediário se liga ao grupamento
heme da enzima CYP, inativando-a18. Na inibição irreversível, ou “inibição suicida”, o intermediário
forma uma ligação covalente com a CYP ou com seu grupamento heme, causando inativação
permanente. Na inibição quase-irreversível o intermediário está tão fortemente ligado ao grupamento
heme da enzima que ela é praticamente irreversível. Assim, os mecanismos de inibição irreversível e
quase-irreversível são indistinguíveis in vivo18. A eritromicina é um exemplo de inibidor irreversível
da CYP3A4. As furanocumarinas do suco de toranja (grapefruit) inibem de forma reversível e
irreversível a CYP3A4 do intestino delgado, o que leva ao aumento significativo da biodisponibilidade
de fármacos como ciclosporina, saquinavir, midazolam, bloqueadores dos canais de cálcio e de certos
inibidores da HMG CoA redutase19-25. Outros fármacos que também inibem a CYP3A4 intestinal
são cetoconazol, itraconazol, eritromicina, ciclosporina e verapamil. A inibição dessa CYP
frequentemente ocorre em conjunto com a inibição da glicoproteína-P (gp-P) intestinal26.
- Uma série de eventos leva ao aumento da síntese de isoenzimas CYP, o que resulta em aumento de
sua atividade catalítica tanto em nível hepático quanto intestinal. Na maioria dos casos de indução
enzimática o aumento na síntese de enzimas resulta de aumento da transcrição gênica através da
ativação de receptores nucleares (PXR e CAR são receptores que induzem síntese de CYP3A e 2B,
respectivamente27-30, expressos predominantemente no fígado e nos intestinos31). O receptor PXR
medeia a indução de CYP3A4, 2B6, 2C9, além do gene MDR1, responsável pela expressão de gp-
P31,32. Rifampicina, fenobarbital, bloqueadores dos canais de cálcio, hormônios esteroidais,
inibidores de protease, inibidores da HMG CoA redutase, Erva de São João (Hypericum perforatum)
são compostos que se ligam em graus variados ao receptor PXR30,31.
Outros importantes indutores da CYP3A4 são carbamazepina, fenitoína, nevirapina e efavirenz.
Além do risco de perda de efetividade de um fármaco substrato de uma enzima induzida, nos casos
como do paracetamol a metabolização mais rápida pode gerar acúmulo de metabólito tóxico.
Interações que envolvem proteínas transportadoras de fármacos:
- Transportadores como as proteínas de multi-resistência a fármacos (MDRs), glicoproteína-P,
proteínas relacionas a resistência a múltiplos fármacos (MRPs), polipeptídios transportadores de
anions orgânicos (OATPs), transportadores de cátions orgânicos (OCTs) e transportadores de anions
orgânicos (OATs) podem ser alterados por xenobióticos, assim afetando a disposição de fármacos
coadministrados que são transportados por estas proteínas.
- Gp-P é uma bomba de efluxo que já foi identificada na superfície apical dos túbulos renais, em
células epiteliais da placenta, na superfície canalicular dos hepatócitos, na superfície luminal dos
capilares sanguíneos cerebrais e na superfície de subgrupos de linfócitos33,34. Em geral, as funções
da gp-P limitam a exposição do corpo aos fármacos, excretando-os na bile, na luz intestinal e nos
túbulos renais. Além de dificultar o acesso ao SNC e aos linfócitos33. No intestino, a gp-P afeta
principalmente a taxa e não a extensão de absorção de fármacos32. Porém, a glicoproteína-P aumenta
a exposição dos fármacos à CYP3A4 intestinal. Há uma sobreposição de substratos entre gp-P e
CYP3A. Além disso, comodulação de CYP3A é uma característica comum entre inibidores e
indutores da gp-P. Saquinavir, ciclosporina e paclitaxel são exemplos de fármacos sobre os quais a gp-
P exerce significante limitação da absorção intestinal. Nas doses terapêuticas, indinavir satura as gp-P
intestinais, excedendo muito sua capacidade de efluxo e, por isso, acaba apresentando boa
biodisponibilidade oral.
- Coindutores de gp-P e CYP3A4: fenobarbital, fenitoína, dexametasona, rifampicina e Erva de São
João35,36. A rifampicina pode reduzir de forma significante a concentração plasmática da digoxina
oral.
Conteúdo: Trinta por cento ou mais de todos os pacientes hospitalizados são tratados com um ou
mais cursos de antibioticoterapia. Tendo em vista que os antimicrobianos estão entre os medicamentos
mais utilizados e reconhecendo seu alto potencial para sofrer ou causar alterações nos efeitos
farmacológicos quando associados a outros fármacos, nutrientes, alimentos ou fitoterápicos,
destacaremos uma série de possibilidades de interações medicamentosas clinicamente significantes
que exigem maior atenção do prescritor para que possam ser evitadas, sempre que possível, ou
manejadas de forma a minimizar os riscos para a saúde do paciente.
1. Stephens M. Introduction. In: Talbot J, Waller P, eds. Stephens’ detection of new adverse drug
reactions. West Sussex, England: John Wiley & Sons, Ltd; 2004. p.1–88.
18
2. Stockley IH. General considerations and an outline survey of some basic interaction mechanisms.
In: Stockley IH, ed. Stockley’s drug interactions. London, England: Pharmaceutical Press; 2002. p. 1–
14.
3. Dasgupta A, Okhuysen PC. Pharmacokinetic and other drug interactions in patients with AIDS.
Ther Drug Monit 2001;23:591–605.
4. Van Cleef GF, Fisher EJ, Polk RE. Drug interaction potential with inhibitors of HIV protease.
Pharmacotherapy 1997;42:1553–56.
5. Routledge PA, O’Mahony MS, Woodhouse KW. Adverse drug reactions in elderly patients. Br J
Clin Pharmacol 2004;57:121–6.
6. Panel on clinical practices for treatment of HIV infection. Guidelines for the use of antiretroviral
agents in HIV-infected adults and adolescents. October 29, 2004. (Internet at http://AIDSinfo.nih.gov.)
7. Nomura A, Yasuda H, Katoh K et al. Hydralazine and furosemide kinetics. Clin Pharmacol Ther
1982;32:303–6.
8. Bohets H, Lavrijsen K, Hendrickx J et al. Identification of the cytochrome P450 enzymes involved
in the metabolism of cisapride: In vitro studies of potential co-medication interactions. Br J Pharmacol
2000;129:1655–67.
9. Propulsid®, cisapride [package insert]. Titusville, NJ: Janssen Pharmaceutica (package insert
revised 01/2000).
10. Hochster H, Dieterich D, Bozzette S et al. Toxicity of combined ganciclovir and zidovudine for
cytomegalovirus disease associated with AIDS: An AIDS clinical trials group study. Ann Intern Med
1990;113:111–17.
11. Backman JT, Kyrklund C, Neuvonen M, Neuvonen PJ. Gemfibrozil greatly increases plasma
concentrations of cerivastatin. Clin Pharmacol Ther 2002;72:685–91.
12. Shek A, Ferrill MJ. Statin-fibrate combination therapy. Ann Pharmacother 2001;35:908–17.
13. Murdock DK, Murdock AK, Murdock RW et al. Long-term safety and efficacy of combination
gemfibrozil and HMG-CoA reductase inhibitors for the treatment of mixed lipid disorders. Am Heart J
1999;138:151–5.
14. Gugler R, Allgayer H. Effects of antacids on the clinical pharmacokinetics of drugs: An update.
Clin Pharmacokinet 1990;18:210–9.
15. Sansom LN, Evans AM. What is the true clinical significance of plasma protein binding
displacement interactions? Drug Saf 1995;12:227–33.
16. Shapiro LE, Shear NH. Drug interactions: Proteins, pumps, and P-450s. J Am Acad Dermatol
2002;47:467–84.
17. Thummel KE, Kunze KL, Shen DD. Metabolicallybased drug–drug interactions: Principles and
mechanisms. In: Metabolic drug interactions. Levy RH, Thummel KE, Trager WF, Hansten PD,
Eichelbaum M, eds. Philadelphia: Lippincott Williams & Williams; 2000. p. 3–47.
18. Bachmann KA, Ring BJ, Wrighton SA. Drug-drug interactions and the cytochromes P450. In:
Drug metabolizing enzymes: CYP450 and other enzymes in drug discovery and development. Lee JS,
Obach S, and Fisher MB, eds. New York: Marcel Dekker, Inc.; 2003. p. 311–36.
19. Kupferschmidt HR, Ha WH, Ziegler PL et al. Interaction between grapefruit juice and midazolam
in humans. Clin Pharmacol Ther 1995;58:20–8.
20. Lilja JJ, Kivisto KT, Neuvonen PJ. Grapefruit juice–simvastatin interaction: Effect on serum
concentrations of simvastatin, simvastatin acid, and HMG-CoA reductase inhibitors. Clin Pharmacol
Ther 1998;64:477–83.
21. Benton RE, Honig PK, Zamani K et al. Grapefruit juice alters terfenadine pharmacokinetics,
resulting in prolongation of repolarization on the electrocardiogram. Clin Pharmacol Ther
1996;59:383–8.
22. Bailey DG, Spence JD, Munoz C et al. Interaction of citrus juices with felodipine and nifedipine.
Lancet 1991;337:268–9.
23. Ducharme MP, Warbasse LH, Edwards DJ. Disposition of intravenous and oral cyclosporine after
administration with grapefruit juice. Clin Pharmacol Ther 1995;57:485–91.
24. Kufperschmidt HH, Fattinger KE, Ha HR et al. Grapefruit juice enhances the bioavailability of the
HIV protease inhibitor saquinavir in man. Br J Clin Pharmacol 1998;45:355–9.
25. Bailey DG, Bend JR, Arnold MO et al. Erythromycin–felodipine interaction: Magnitude,
mechanism and comparison with grapefruit juice. Clin Pharmacol Ther 1996;60:25–33.
19
26. Doherty MM, Charman WN. The mucosa of the small intestine. Clin Pharmacokinet 2002;41:235–
53.
27. Kliewer SA, Moore JT, Wade L et al. An orphan nuclear receptor activated by pregnane defines
novel steroid signaling pathway. Cell 1998;92:73–82.
28. Sueyoshi T, Kawamoto T, Zelko I, Honkakoshi P, Negishi M. The repressed nuclear receptor CAR
responds to phenobarbital in activating the human CYP2B6 gene. J Biol Chem 1999;274:6043–6.
29. Lehmann JM, McKee DD, Watson MA, Willson TM, Moore JT, Kliewer SA. The human orphan
nuclear receptor PXR is activated by compounds that regulate CYP3A4 gene expression and cause
drug interactions. J Clin Invest 1998;102:1016–23.
30. Honkakoski P, Sueyoshi T, Negishi M. Drugactivated nuclear receptors CAR and PXR. Ann Med
2003;35:172–82.
31. Handschin C, Meyer UA. Induction of drug metabolism: The role of nuclear receptors. Pharmacol
Rev 2003;55:649–73.
32. Christians U. Transport proteins and intestinal metabolism: P-glycoprotein and cytochrome
P4503A. Ther Drug Monit 2004;26:104–6.
33. Schinkel AH, Jonker JW. Mammalian drug efflux transporters of the ATP binding cassette (ABC)
family: An overview. Adv Drug Deliv Rev 2003;55:3–29.
34. Ieiri I, Takane H, Otsubo K. The MDR1 (ABCB1) gene polymorphism and its clinical
implications. Clin Pharmacokinet 2004;43:553–76.
35. Durr D, Stieger B, Kullak-Ublick GA et al. St. John’s Wort induces intestinal P-
glycoprotein/MDR1 and intestinal and hepatic CYP3A4. Clin Pharmacol Ther 2000;68:598–604.
36. Schuetz EG, Beck WT, Schuetz JD. Modulators and substrates of P-glycoprotein and cytochrome
P450 3A coordinately upregulated these proteins in human colon carcinoma cells. Mol Pharmacol
1996;49:311–18.
O amor constitui poderoso instrumento para a transcendência, capaz de facilitar a quebra das
barreiras que nos separam de nós próprios e do próximo, mas também as que impedem que o
indivíduo retorne ao estado de equilíbrio, a que chamamos de saúde.
Está, atualmente, bem estabelecido que as emoções anti-amorosas como o ódio, ciúme, mágoa,
revolta, agressividade, vingança, pessimismo, intolerância, ressentimento, desprezo, vergonha,
remorso, culpa e desconfiança estão associadas a ansiedade e, não raro, também a depressão, capazes
de causar ativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA), além de aumentar o tônus simpático e,
em consequência, levar a inibição do sistema imunitário. Por outro lado, as emoções amorosas como
compaixão, afetuosidade, cordialidade, generosidade, felicidade, paciência, tolerância, perdão,
conciliação, aceitação, confiança, otimismo e ternura regulam a ação do eixo HHA, reduzem o tônus
20
simpático e melhoram a função do sistema imunitário, além de reduzirem a pressão arterial e a
neurodegeneração e melhorarem a memória. Além disso, as emoções amorosas ativam determinadas
estruturas cerebrais, principalmente o sistema límbico, e levam ao aumento da síntese serotonina,
dopamina, endorfinas, fator de crescimento neuronal, oxitocina, vasopressina, endocanabinóides e
óxido nítrico que causarão sentimentos de prazer, recompensa, crença e motivação, e concorrerão para
o aumento da imunidade e do bem-estar e redução da ansiedade e da depressão.
O amor é o mais poderoso instrumento de cura por ser: (1) o mais universal, já é a própria
natureza da alma humana; (2) o mais global, pois pode ser utilizado por qualquer sistema de saúde; (3)
o mais antigo, pois sempre existiu; (4) o mais holístico, dado que atua em todas as dimensões do ser
humano, a física, a mental/emocional, a interpessoal e a espiritual; (5) o mais seguro, já que nunca
prejudica, por não possuir efeitos colaterais; (6) o mais efetivo, pois sempre funciona; (7) o mais
barato, já que é dado e recebido a custo zero; (8) o mais eclético, pois pode ser usado para manter a
saúde e tratar qualquer doença; (9) o mais democrático, dado que todos podem doar e receber, e (10)
o mais simples dos medicamentos, já que não exige registro nem patente para ser utilizado.
Espera-se que um profissional de saúde domine o conhecimento de sua área de atuação e que seja
adestrado nas técnicas e procedimentos a ela pertinentes. Entretanto, isto não será de muita valia se as
relações com o paciente não forem adequadas. E, para que haja uma boa relação com o paciente, há de
se lhe tocar a alma. Para isto, o profissional de saúde precisa ser amoroso. O profissional amoroso é
aquele que: (1) considera o paciente como a razão de ser de sua vida profissional, e não como um
estorvo ou mal necessário; (2) sabe acolher o paciente: olhar para ele, sorrir, tratar-lhe pelo nome,
cumprimentá-lo e ouvi-lo; (3) é fraterno e não arrogante ou prepotente; (4) explica para o paciente sua
situação e com ele compartilha as decisões; (5) é compassivo; (6) não destrói a esperança.
Não bastasse considerar o poderoso efeito curativo do amor para o paciente, o profissional de
saúde amoroso tem ainda outra vantagem: ele também é beneficiado. Está provado que o profissional
amoroso é mais feliz, menos ansioso, tem mais saúde, vive mais e com melhor qualidade de vida. Isto
porque, ser bom faz bem!
Alleva E, Branchi I. NGF: A social molecule. Psychoneuroendocrinology 2006; 31:295–296
Barak Y. The immune system and happiness. Autoimmunity Reviews 2006; 5:523–527
Barber L, Maltby J, Macaskill A. Angry memories and thoughts of revenge: the relationship between
forgiveness and anger rumination. Personality and Individual Differences 2005; 39: 253–262
Bartels A, Zeki S. The neural correlates of maternal and romantic love. NeuroImage 2004; 21:1155-
1166
Beauregard M, Courtemanche J, Paquette V, St-Pierre EL. The neural basis of unconditional love.
Psychiatry Research: Neuroimaging 2009; 172:93-98
Buchheim A, Heinrichs M, George C, Pokorny D, Koops E, Henningsen P, O’Connor M-F, Gündel H.
Oxytocin enhances the experience of attachment security. Psychoneuroendocrinology 2009; 34:1417-
1422
Burgdorf J, Panksepp J. The neurobiology of positive emotions. Neuroscience and Biobehavioral
Reviews 2006; 30:173-187
Carter CS. Neuroendocrine perspectives on social attachment and love. Psychoneuroendocrinology
1998; 23:779–818
Clark AJ. Forgiveness: a neurological model. Medical Hypotheses 2005; 65:649–654
Cohen Y. Loving the patient as the basis for treatment. The American Journal of Psychoanalysis 2006;
66:139-155
De Silva P, Marks M. Jealousy as a clinical problem: Practical issues of assessment and treatment.
Journal of Mental Health 1994; 3:195-204
Di Comite G, Sabbadini MG, Corti A, Rovere-Querini P, Manfredi AA. Conversation galante: how
the immune and the neuroendocrine systems talk to each other. Autoimmunity Reviews 2007; 7:23–29
Dossey L. Compassion. Explore 1:1-5
Emanuele E, Politi P, Bianchi M, Minoretti P, Bertona M, Geroldi D. Raised plasma nerve growth
factor levels associated with early-stage romantic love. Psychoneuroendocrinology 2006; 31:288–294
Engel G, Olson KR, Patrick C. The personality of love: fundamental motives and traits related to
components of love. Personality and Individual Differences 2002; 32:839–853
Esch T & Stefano GB. Love promotes health. Neuroendocrinology Letters 2005; 26:264-267
21
Farrow TFD, Hunter MD, Wilkinson ID, Gouneea C, Fawbert D, Smith R, Lee K-Y, Mason S, Spence
SA, Woodruff PWR. Quantifiable change in functional brain response to empathic and
forgivability judgments with resolution of posttraumatic stress disorder. Psychiatry Research:
Neuroimaging 2005; 140:45-53
Fogarty LA, Curbow BA, Wingard JR, McDonnell K, Somerfield MR. Can 40 seconds of compassion
reduce patient anxiety? Journal of Clinical Oncology 1999; 17:371-379
Fredrickson BL, Maynard KE, Helms MJ, Haney TL, Siegler IC, Barefoot JC. Hostility predicts
magnitude and duration of blood pressure response to anger. Journal of Behavioral Medicine 2000;
23:229-243
Goodman LA, Koss MP, Russo NF. Violence against women: Physical and mental health effects. Part
I: Research findings. Applied and Preventive Psychology 1993; 2:79-89
Grippo AJ, Trahanas DM, Zimmerman RR, Porges SW, Carter CS. Oxytocin protects against negative
behavioral and autonomic consequences of long-term social isolation. Psychoneuroendocrinology
2009; 34:1542-1553, 2009
Guastella AJ, Mitchell PB, Mathews F. Oxytocin enhances the encoding of positive social memories
in humans. Biological Psychiatry 2008; 64:256–258
Kim J-W, Kim S-E, Kim J-J, Jeong B, Park C-H, Son AR, Song J-E, Ki SW. Compassionate attitude
towards others’ suffering activates the mesolimbic neural system. Neuropsychologia 2009; 47:2073–
2081
Kimata H. Kissing selectively decreases allergen-specific IgE production in atopic patients. Journal of
Psychosomatic Research 2006; 60:545– 547
Komisaruk BR, Whipple B. Love as sensory stimulation: physiological consequences of its
deprivation and expression. Psychoneuroendocrinology 1998; 23:927–944
Lawler KA, Younger JW, Piferi RL, Jobe RL, Edmondson KA, Jones WH. The unique effects of
forgiveness on health: an exploration of pathways. Journal of Behavioral Medicine 2005; 28:157-167
Lawler-Row KA, Karremans JC, Scott C, Edlis-Matityahou M, Edwards L. Forgiveness, physiological
reactivity and health: The role of anger. International Journal of Psychophysiology
2008; 68:51-58
Levite M. Neurotransmitters activate T-cells and elicit crucial functions via neurotransmitter receptors.
Current Opinion in Pharmacology 2008, 8:460–471
Loving TJ, Crockett EE, Paxson AA. Passionate love and relationship thinkers: Experimental evidence
for acute cortisol elevations in women. Psychoneuroendocrinology 2009; 34:39-46
Marazziti D, Canale D. Hormonal changes when falling in love. Psychoneuroendocrinology 2004;
29:931–936
Neumann ID. Oxytocin: the neuropeptide of love reveals some of its secrets. Cell Metabolism 2007;
5:233-235
Noriuchi M, Kikuchi Y, Senoo A. The Functional neuroanatomy of maternal love: mother’s response
to infant’s attachment behaviors. Biological Psychiatry 2008; 63:415-423
Ottaviani C, Shapiro D, Davydov DM, Goldstein IB, Mills PJ. The autonomic phenotype of
rumination. International Journal of Psychophysiology 2009; 72:267–275
Post SG. Benevolent unlimited love, happiness, and health: Rx “Do unto others”. Explore 2005;
1:360-364
Pressman SD, Cohen S. Does positive affect influence health? Psychological Bulletin 2005; 131:925–
971
Puchalski CM. Spirituality and health: the art of compassionate medicine. Hospital Physician 2001;
March:30-36
Reis HT, Aron A. Love. What is it, why does it matter, and how does it operate? Perspectives on
Psychological Science 2008; 3:80-86
Schiefenhövel W. Romantic love: a human universal and possible honest signal. Human Ontogenetics
2009; 3:1–13
Smith TW, Glazer K, Ruiz JM, Gallo LC. Hostility, anger, aggressiveness, and coronary heart disease:
an interpersonal perspective on personality, emotion, and health. Journal of Personality 2004;
72:1217-1270
Staren ED. Compassion and communication in cancer care. The American Journal of Surgery 2006;
192:411-415
22
Stefano GB, Esch T. Love and stress. Neuroendocrinology Letters 2005; 26:173–174
Steptoe A, Wardle J, Marmot M. Positive affect and health-related neuroendocrine, cardiovascular,
and inflammatory processes. Proceedings of the National Academy of Sciences USA 2005; 102:6508–
6512
Stickley T, Freshwater D. The art of loving and the therapeutic relationship. Nursing Inquiry
2002; 9: 250–256
Thomsen DK, Mehlsen MY, Olesen F, Hokland M, Viidik A, Avlund K, Zachariae R. Is there an
association between rumination and self-reported physical health? A one-year follow-up in a young
and an elderly sample. Journal of Behavioral Medicine 2004; 27:215-231
Tops M, Van Peer JM, Korf J, Wijers A, Tucker DM. Anxiety, cortisol, and attachment predict plasma
oxytocin. Psychophysiology 2007; 44:444–449
Vassou D, Bakogeorgou E, Kampa M, Dimitriou H, Hatzoglou A, Castanas E. Opioids modulate
constitutive B-lymphocyte secretion. International Immunopharmacology 2008; 8:34–644
Watson S, Mackin P. HPA axis function in mood disorders. Psychiatry 2008; 8:97-101
Worthington Jr EL, Witvliet CvO, Lerner AJ, Scherer M. Forgiveness in health research and medical
practice. Explore 2005; 1:169-176.
Worthington Jr EL, Scherer M. Forgiveness is an emotion-focused coping strategy that can reduce
health risks and promote health resilience: theory, review, and hypotheses. Psychology and Health
2004; 19:385–405
Zak PJ, Stanton AA, Ahmadi S. Oxytocin increases generosity in humans. PLoS One 2(11): e1128.
doi:10.1371/journal.pone.0001128, 2007
Zeki S. The neurobiology of love. FEBS Letters 2007; 581:2575–2579
23
O funcionamento do Projeto Com-Vivência (Ações Integradas de Estudo e Atendimento a Pessoas
Vivendo com HIV/aids e Familiares), há quatorze anos, significou a abertura de um espaço
privilegiado para a concretização de objetivos do Hospital Universitário de Brasília (HUB): local de
aprendizagem e de produção de pesquisa e conhecimentos, voltado ao exercício técnico-profissional e
à prestação de ações de saúde, integrado à rede de serviços do SUS do Distrito Federal. Trata-se de um
projeto de extensão de ação contínua, vinculado ao Decanato de Extensão, iniciativa de professores do
Instituto de Psicologia e do Departamento de Serviço Social da Universidade de Brasília. Os
professores, profissionais, alunos de graduação e de pós-graduação da Psicologia e do Serviço Social
atuam de modo integrado aos demais profissionais da área do HIV/aids do HUB. Os objetivos do
Projeto Com-Vivência são: (1) desenvolver ações de prevenção e de assistência da psicologia e do
serviço social em HIV/aids, articuladas a atividades de ensino e pesquisa; (2) prestar atendimento
psicológico e social, individual ou em grupo, a pessoas vivendo do HIV/Aids e familiares; (3) realizar
ações preventivas e educativas sobre aspectos referentes ao HIV/aids junto à comunidade em geral. O
atendimento psicossocial, disponibilizado pelo Projeto Com-Vivência a pessoas que vivem com
HIV/aids (crianças, adolescentes e adultos) e a cônjuges, familiares e/ou pessoas da rede de apoio
social do usuário, consolida-se em atividades e procedimentos realizados no ambulatório e na
enfermaria, tais como: acolhimento, avaliação psicológica e social, pré ou pós-consulta (atendimento
psicológico e/ou social antes ou depois da consulta médica), atendimento psicológico (individual ou
em grupo), atendimento e/ou orientação social. O atendimento psicológico é prestado mediante ações
de aconselhamento, orientação e/ou intervenção psicológica, individual ou em grupo, a pacientes
ambulatoriais ou internados, bem como a familiares e/ou a pessoas significativas da rede de apoio
social.
Em geral tem como objetivos principais: a identificação de dificuldades psicológicas associadas à
condição de soropositividade; o desenvolvimento de habilidades de enfrentamento em relação à
enfermidade; o fortalecimento dos vínculos afetivos e sócio-familiares; a vivência da sexualidade, a
manutenção e/ou reconstrução da vida amorosa; a adesão ao tratamento, às práticas preventivas e ao
auto-cuidado; o fortalecimento e/ou manutenção da auto-estima, a melhoria do nível de conhecimento
sobre a enfermidade e o tratamento; a resignificação da aids e modificação de crenças irracionais e
fatalistas sobre a enfermidade e o tratamento; a manutenção e/ou reestruturação do projeto de vida. Em
suma, o trabalho desenvolvido pela equipe do Projeto Com-Vivência faz parte das ações de saúde
prestadas pelo HUB em HIV/aids. No entanto, a atuação efetivamente interdisciplinar, incluindo as
demais categorias profissionais, ainda é um desafio, e deve ser construída diuturnamente, para o
alcance do objetivo de oferecer atenção integral, equânime e de qualidade a pessoas vivendo com
HIV/aids.
O Ministério da Saúde (MS) pretende lançar uma recomendação com orientações para portadores
de HIV/Aids que queiram ter filhos. A iniciativa já provoca polêmica, porque com as técnicas
disponíveis no momento não há possibilidade de reduzir a zero o risco de transmissão do vírus ao bebê
e ao parceiro soro discordante. Acredita-se que cumprindo todas as recomendações o risco de
transmissão do HIV para o bebê é menor de 1%.
No Brasil, grande porcentagem dos infectados pelo vírus está em idade reprodutiva e, ao atingir
estado de saúde estável, começa a ter o desejo de desenvolver família. Até agora, a orientação a esse
grupo variava conforme a opinião individual de cada profissional gerando a necessidade da
participação do Estado no sentido de elaborar um documento que unifique as recomendações do
ministério. A demanda por desejo reprodutivo aumenta proporcionalmente ao avanço científico das
novas tecnologias reprodutivas e da indústria farmacêutica com medicamentos mais eficazes e com
menos efeitos colaterais. Nos pacientes com, boa adesão ao tratamento baixa carga viral e sobretudo
com parâmetros clínicos e laboratoriais compatíveis com boa imunidade, .autoridades ligadas ao MS
24
entendem que a concepção é um direito. Tanto no caso da reprodução assistida, feita por meio de
inseminação artificial, quanto no caso da gravidez natural, é essencial que os parceiros estejam com
carga viral indetectável no momento da concepção e recebam acompanhamento pré e pós-natal. Entre
as recomendações estão: não apresentar outras doenças sexualmente transmissíveis e crônicas; estar
com baixa carga viral; ter o nível células de defesa do organismo elevado; e procurar
acompanhamento médico.
Estudos têm demonstrado que o uso de terapia anti-retroviral a não amamentação, associada ou
não ao parto Cesário eletivo, diminui significativamente a transmissão vertical do vírus para o bebê.
Diante disso, a Sociedade Norte-Americana (ASRM) e Européia (ESHRE) de Medicina Reprodutiva
fizeram colocações éticas que devem ser seguidas.
Mulher HIV+
Se a mulher é HIV+, a inseminação intra-uterina eliminaria o potencial de transmissão do vírus ao
parceiro. Uma gestante sem tratamento anti-retroviral tem uma taxa de transmissão do vírus para seu
feto de 20-25%. Se zidovudina (AZT) for utilizada pela gestante, a partir da 14ª semana de gestação,
bem como pelo recém-nascido até 6 meses, o risco de transmissão materno-fetal cai para 5-8%.
Atualmente, recomenda-se o uso de 3 drogas anti-retrovirais pela gestante. Assim, quase a totalidade
delas atinge carga viral indetectável, o que significa supressão viral máxima, reduzindo o risco de
transmissão vertical para menos de 1%.
Homem HIV+
Tecnologias hoje disponíveis permitem a separação de espermatozóides do vírus HIV em homens
HIV positivo, para que reduza a carga viral na amostra seminal. Posteriormente, essa seleção é usada
para inseminação dos óvulos das parceiras HIV negativo com o objetivo de obter gravidez. Essas
tecnologias estão indicadas em casais HIV soros-discordantes, em que o homem está contaminado.
Através de uma tecnologia no processamento do sêmen é possível a separação de espermatozóides,
sem a presença do vírus HIV na amostra. Esse processamento seminal para retirada do HIV consiste
em sucessivas "lavagens" dos espermatozóides. Existem alguns critérios para que estes homens
possam fazer parte deste programa: não ser azoospérmico, baixa carga viral, contagem CD4+
adequada, dentre outros.
Para certificarmos a ausência do vírus na referida amostra, após o processamento, parte da
suspensão contendo os espermatozóides é analisada através da técnica de PCR (Reação em Cadeia
pela Polimerase) e outra parte é criopreservada. Após o resultado negativo, no que concerne à
presença do vírus, a mulher é submetida à indução da ovulação para obtenção de óvulos que serão
combinados com aqueles espermatozóides outrora crio preservados que serão agora descongelados,
através de técnicas de reprodução assistida (IIU - Inseminação Intra-Uterina, Inseminação Artificial;
FIV - fertilização in vitro, bebê de proveta; ICSI - injeção intra-citoplasmática de espermatozóide).
Acompanhamento
O acompanhamento da mulher é feito através de testes para detecção de anticorpos para o HIV e
antígeno p24 do HIV, que aparece no organismo 1 a 2 semanas após a exposição ao vírus. Esses testes
devem ser realizados com freqüência após a transferência embrionária para o útero ou após a
inseminação intra-uterina e também no recém-nascido.
Tratamento da infertilidade quando ambos os parceiros são HIV+ Estes casais têm de ser
informados do risco de transmissão para a prole. Se a carga viral puder ser suprimida a níveis
indetectáveis na gestante, o casal poderá ter um filho sem HIV. A terapia anti-retroviral atual que
consiste em administrar ao paciente pelo menos 3 drogas está permitindo transformar a infecção pelo
HIV numa doença crônica, com expectativa de sobrevida com boa qualidade de vida por muitas
décadas. Por outro lado, como a terapia se tornou disponível há cerca de 10 anos, não é possível
precisar quão duradoura será. Os dados atuais demonstram que, pelo menos 80% dos pacientes que
são aderentes à terapia apresentam boa resposta clínica, imunológica e virológica.
Considerações éticas
A utilização da tecnologia reprodutiva pode reduzir o risco da transmissão do HIV para a
descendência, mas não o elimina. O risco levanta questões éticas no âmbito da liberdade de reproduzir,
o que pode ser considerado danoso o suficiente para restringir esta liberdade e lavar a
questionamentos: O Serviço Único de Saúde (SUS) está apto a atender esse contingente de pacientes?
Há respaldo ético e jurídico para uso dessa tecnologia por casal soro discordante ou em que ambos são
HIV+? O respeito à autonomia da paciente em decidir sobre sua reprodução contempla o princípio da
25
beneficência, expresso na preocupação com o fato de que a criança possa nascer com uma doença
ainda incurável e que exige o uso de medicamentos com efeitos colaterais muitas vezes danosos? É
legítimo utilizar uma técnica médica onde há controvérsias à respeito dos princípios da beneficência e
maleficência?
As técnicas de reprodução assistida surgiram para dar aos casais inférteis a possibilidade de
conseguirem seus objetivos, gerar um filho, e também propiciar propedêutica e tratamento das doenças
genéticas. Na medida em que essas técnicas resolvem o problema do casal e possibilitam a
constituição de sua família, sua aplicação tem desdobramentos que ultrapassam uma terapêutica
individual e ao atingir futuras gerações e possibilitar que casais HIV+ ou soro discordante possam
constituir família, esses procedimentos passam a suscitar inquietações de ordens éticas, morais e
religiosas.
Entende-se como legítimo ao casal que deseja ter filho utilizar-se de recursos como o da
reprodução assistida para atingir seu objetivo. Entretanto, a prerrogativa da autonomia aparece
vinculada à noção de responsabilidade. O casal realiza seu sonho e se submete aos riscos dos
procedimentos; mas sua responsabilidade não se encerra neste ponto, pois dessa iniciativa pode surgir
situações como: contaminação do parceiro e do bebê por uma doença crônica tratável, porém anda
incurável e que exige um coquetel de medicamentos caros e que apresentam inúmeros efeitos
colaterais. E assim, a necessidade individual passa a suscitar dilemas éticos e morais que envolvem
toda sociedade podendo, inclusive, afetar futuras gerações.
O desejo reprodutivo do portador de HIv/Aids vem se consolidando como um problema de saúde
que traz implicações médicas e psicossociais. Pesa o imaginário acerca das reais necessidades e
anseios do ser humano como pessoa em perpetuar a espécie, constituir família. O estabelecimento
dessas normas pelo MS legitima o direito dos casais soro discordantes de buscar meios científicos para
a procriação. Esta realidade remete a limites éticos e jurídicos a respeito de se conseguir o objetivo da
reprodução. O Brasil ressente-se de uma legislação específica para as novas tecnologias reprodutivas e
o uso dessa tecnologia no casal soro discordante. Porém, é fundamental que nessas diretrizes do MS
haja segurança para os profissionais da área de saúde, parceiros não infectados e sobretudo às crianças
oriundas desses relacionamentos.Tornando-se essencial, que antes da divulgação das normas que haja
um amplo debate com a comunidade científica e sobretudo com a sociedade levando a reflexões e
questionamentos abordando temas como princípio da autonomia, responsabilidade, utilitarismo,
compaixão e ainda, o princípio da justiça na alocação de recursos públicos. Possibilitando o
empoderamento da sociedade não só compreendendo e se posicionando em relação a essa questão,
mas, no desafio da construção de um serviço público que atenda os desejos e necessidades da maioria
da população.
Considerações finais
Pode-se classificar a infecção pelo HIV como uma doença crônica e tratável, mas no estágio do
conhecimento técnico-científico atual ainda não é curável. A possibilidade de pessoas HIV+ terem
filhos não infectados e não transmitir o vírus para seus parceiros tem aumentado substancialmente,
mas o sucesso não pode ser totalmente garantido, principalmente naqueles casos onde se pretende
liberar para relações sem preservativos nos dias férteis casais soro discordantes. Recomenda-se que
antes da divulgação das normas haja um amplo debate e reflexão acerca desse complexo tema e que a
abordagem do casal seja feita por uma equipe multidisciplinar composta por profissionais que atuem
nas áreas de medicina reprodutiva, infectologistas, obstetras, pediatras, psicólogas e enfermeiras.
1- Prado MM. Panorama da bioética no Brasil: um estudo sobre a reflexão bioética desenvolvida no
Brasil. Dissertação de mestrado. Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade de
Brasília.Brasília,2002.203p
2- Mori M. A bioética: sua natureza e história. Humanidades. Brasília,v.9, n.4,p332-41,1994.
3- Conselho Federal de Medicina (Brasil). Resolução nº 1.358. Normas Éticas para utilização das
técnicas de reprodução assistida, 1992.
4- Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Brasil). Resolução nº 33, de 17 de fevereiro de 2006.
Regulamento técnico para o funcionamento dos bancos de células e tecidos germinativos. Diário
Oficial da União, 20 fev. 2006; seção 1.
5- Melamed RMM. Novas famílias. In: Sousa MCB; Moura MD; Grynszpan D. (orgs.) Vivências em
tempo de reprodução assistida- O dito e o não dito Rio de Janeiro: Revinter 2008.p. 143-147.
26
6- Beauchamp TL, Childress JF. O respeito à autonomia. In: Beauchamp TL, Childress JF. Princípios
da ética biomédica. São Paulo: Loyola; 2002. p. 137-208.
7- Corrêa M. Ética e reprodução assistida: a medicalização do desejo de filhos. Bioética 2001; 9(2):
71-82.
8- Garrafa V, Oselka G, Diniz D. Saúde pública, bioética e equidade. Bioética 1997; 5(1): 27-33.
9- Guilhem D, Prado MM. Bioética, legislação e tecnologias reprodutivas. Bioética 2001; 9(2): 113-26.
10- Cunha ACR, Kalume C; Nunes JC, Samrsla M, A expectativa de mulheres que aguardam
tratamento de reprodução assistida no hospital público de referência do Distrito Federal. In: Garrafa V;
Cordón J (orgs) Pesquisas em Bioética no Brasil de hoje. São Paulo: Gaia, 2006 p.85-99.
11- Garrafa V. Reflexão sobre políticas públicas brasileiras de saúde à luz da bioética. In: Fortes P,
Zoboli E. (orgs.) Bioética e saúde. São Paulo: Loyola; 2003. p. 49-61.
12- Jonas H. O princípio da responsabilidade. Ensaio de uma ética para a civilização tecnológica. Rio
de Janeiro : Contraponto;2006.p.353.
13- Morin E. A cabeça bem feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil; 2002. p. 128
14- Durand, G . Introdução geral- história conceitos e instrumentos, São Paulo, Loyola 2003. p. 144
15- Gonçalves EH. Desconstruindo o preconceito em torno do HIV/Aids na perspectiva da bioética de
intervenção. Universidade de Brasília, tese de. Doutoramento em Ciências da Saúde – área de
concentração em Bioética (orientador: V. Garrafa), 2005, 112 p.
16- Pessini L. A eutanásia na visão das maiores religiões. In: Barchinfontaine CP; Pessini L (orgs.)
Bioética: Alguns desafios, São Paulo, Loyola 2001. p. 261-281.
17- Mori M. A moralidade do aborto; Brasília, Editora UnB, 1997, p.102.
O diabetes mellitus tipo 2 (DM2) representa um grupo heterogêneo de distúrbios metabólicos que
compartilha a hiperglicemia. Fatores ambientais são considerados os principais determinantes do
aumento global de sua prevalência. Entretanto, a suscetibilidade à doença é reconhecidamente o
resultado de fatores genéticos complexos, e a identificação de variantes genéticas relacionadas ao
DM2 tem sido um dos principais focos de pesquisa em diabetes, uma vez que representa uma
estratégia para melhorar a compreensão de sua fisiopatologia, requisito para o desenvolvimento de
estratégias efetivas de prevenção e tratamento. Os avanços observados em epidemiologia genética, em
especial a viabilização do mapeamento global do genoma, possibilitaram a detecção de diversas
variantes genéticas cujo impacto sobre o metabolismo humano normal e sobre a fisiopatologia do
diabetes tipo 2 precisam ainda ser elucidados.
Entre elas, estão a variante E23K do gene KCNJ11. Esse gene codifica o kir6.2, um dos
componentes do canal de potássio ATP-dependente na célula beta, com papel crítico para a secreção
de insulina, e essa variante tem sido associada ao risco de desenvolvimento de DM2. O gene PPARG
codifica o PPARγ, um fator de transcrição membro da superfamília de receptores nucleares, que regula
a expressão de genes críticos para a diferenciação e função do tecido adiposo e para a homeostase da
glicose. É também o alvo das tiazolidinedionas, que estimulam o receptor, e são utilizadas como
sensibilizadores insulínicos no tratamento do diabetes tipo 2. A variante Pro12Ala do PPARG
associou-se a menor índice de massa corporal e melhor sensibilidade insulínica em algumas
populações, e a suscetibilidade ao DM2 conferida por essa variante pareceu ser influenciada por
fatores ambientais.
Duas variantes comuns do gene HNF4A, relacionado a uma forma monogênica de diabetes,
também foram consistentemente relacionadas a suscetibilidade ao DM2 em populações de etnias
diversas. Um polimorfismo de nucleotídeo único em um íntron do gene TCF2 ou HBF1B, que codifica
27
o fator de transcrição 2 ou o fator nuclear hepatocitário 1 beta, também relacionado a uma forma
monogênica de diabetes, foi associado a suscetibilidade à doença, assim como as variantes A98V e
I27L do gene TCF1 ou HNF1A, que codifica o fator de transcrição 1 ou fator hepatocitário 1 alfa. O
gene ENPP1, que codifica uma pirofosfatase de nucleotídeo-fosfodiesterase, aparentemente
relacionada à sinalização insulínica, teve uma variante comum (K121Q), associada a obesidade,
resistência insulínica e DM2.
Genes cujas variantes comuns estão relacionadas à suscetibilidade ao DM2, identificados por
estudos de ligação genética, incluem o CAPN10, que codifica uma protease intracelular expressa no
pâncreas e denominada calpaína, e o TCF7L2, que codifica o fator de transcrição 4, com papel-chave
na via de sinalização Wnt (wingless type mmtv integration site family), e também expresso nas ilhotas
pancreáticas.
Uma observação interessante é que a maior parte das variantes genéticas de risco identificadas até
o momento está relacionada a disfunção de células beta e comprometimento da secreção de insulina.
Esses conhecimentos reforçam o papel crítico da célula beta no desenvolvimento do DM2 e podem
sugerir, em um primeiro momento, que a contribuição genética para a doença se daria por disfunção
dessas células, e que a resistência insulínica seria conseqüência de fatores ambientais e relacionados
ao estilo de vida. É possível, porém, que a ausência de genes relacionados à resistência insulínica seja
conseqüência de limitações desses estudos em identificá-las e da necessidade de considerar que seus
efeitos ocorram por meio de sua interação com fatores ambientais e de sua influência sobre o peso e a
distribuição de gordura corporal.
As conseqüências metabólicas dessas descobertas genéticas ainda não foram determinadas, nem
exatamente como esses resultados influenciarão a prática clínica. A expectativa é de que as
informações assim obtidas se traduzam em aprimoramento das estratégias de prevenção, classificação,
diagnóstico e tratamento da doença, além de disponibilização de informações prognósticas
relacionadas ao risco de complicações crônicas. De fato, algumas dessas variantes foram relacionadas
à resposta ao tratamento e risco de complicações microvasculares. A variante E23K do KCNJ11
associou-se a risco de falência de resposta às sulfoniluréias, e o alelo Ala da variante Pro12Ala do
PPARG associou-se a melhor resposta às tiazolidinedionas e a proteção contra nefropatia diabética. O
alelo T do polimorfismo rs7903146 do TCF7L2 foi associado a maior taxa de falência secundária às
sulfoniluréias e necessidade de terapia insulínica.
Talvez a maior perspectiva em relação a esses conhecimentos não seja a identificação de um
medicamento capaz de atuar sobre a base da doença e corrigir definitivamente a alteração metabólica,
ou de predizer que pacientes irão desenvolver diabetes ou suas complicações, ou responder a uma
determinada classe de medicamentos, mas elucidar a base molecular da interação entre genes e
ambientes para determinar a suscetibilidade à doença e assim elaborar estratégias preventivas eficazes.
Compreender como os fatores genéticos interagem com o ambiente para aumentar o risco de DM2
poderia fundamentar modificações individualizadas do estilo de vida, de acordo com o genótipo, para
otimizar o ambiente e evitar o risco conferido por variantes genéticas de suscetibilidade.
28
A terapia baseada em incretinas é objetivo principal dessa discussão.
Introdução
Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e a Americam Diabetes Association (ADA), a
primeira abordagem terapêutica para o diabetes tipo 2 deve ser a mudança do estilo de vida
(alimentação saudável e atividade física regular) associada à metformina. Outros agentes
farmacológicos devem ser associados conforme a necessidade visando o alcance do controle glicêmico
(hemoglobina glicada < 6,5% para SBD e < 7% para ADA). Entretanto apesar das inúmeras drogas
disponíveis, número considerável de diabéticos não atingem as metas estabelecidas mesmo após
associação medicamentosa.
Uma limitação adicional ao controle glicêmico, particularmente com o uso da sulfonilureia e da
insulina, é a associação com o risco aumentado de hipoglicemia. Outra conseqüência indesejada dos
tratamentos atualmente muito utilizados, tais como as glitazonas, sulfonilureias e insulina, é o ganho
de peso; problema importante aos diabéticos tipo 2 que geralmente tem sobrepeso ou obesidade.
Tratamentos que minimizam o risco de hipoglicemia e do ganho de peso representam grande
impacto no controle do diabetes. Outra grande meta do tratamento desta doença é minimizar o risco
cardiovascular inerente a mesma. Terapias baseadas em incretinas, incluindo inibidores de dipeptidil
peptidase-4 (DPP-4) e agonistas do receptor do GLP-1, foram desenvolvidos visando alcançar tais
objetivos.
Incretinas
GLP-1 (peptídeo glucagon símile 1) e GIP (polipeptídeo insulinotrópico glicose-dependente) são
hormônios secretados por células enteroendócrinas do intestino em resposta a ingestão de nutrientes.
São chamados INCRETINAS, pois estimulam a síntese da pró-insulina e a secreção da insulina.
Este efeito é dependente da glicose.
GLP-1 adicionalmente reduz a secreção do glucagon e diminuiu o esvaziamento gástrico. Este
hormônio é rapidamente inativado e degradado (meia vida de 1 a 2 minutos) pela enzima dipeptidil
peptidase-4 (DPP4).
O efeito das incretinas está prejudicado em diabéticos, muito provavelmente pela redução do
GLP-1 ativo nestes pacientes e pela diminuição da sensibilidade das células β ao GIP, cujos níveis
séricos estão inalterados.
Inibidores da dipeptidil peptidase-4 (DPP-4).
Nova classe de antidiabético oral. Pode ser tomado com ou sem alimentos.
Inibidores de DPP-4: aumento da insulina glicose-dependente e diminuição do glucagon .
Diferentemente dos atuais tratamentos para o diabetes tipo 2, o inibidor do DPP-4 afeta tanto a
célula pancreática alfa quanto a beta, reduzindo a produção glicêmica ao mesmo tempo em que
aumenta a secreção de insulina. O efeito do aumento dos níveis de GLP-1 sobre o retardo do
esvaziamento gástrico não é observado no tratamento com estes inibidores da DPP-4.
A terapia não foi associada ao ganho de peso ou maior incidência de efeitos colaterais, incluindo
hipoglicemia e edema.
Vildagliptina (Galvus®), um membro da classe dos ativadores das ilhotas pancreáticas, é um
inibidor potente e seletivo da dipeptidil-peptidade-4 (DPP-4) que melhora o controle glicêmico. A
administração de vildagliptina resulta em uma rápida e completa inibição da atividade da DPP-4. Em
pacientes com diabetes mellitus tipo 2, a sua administração leva à inibição da atividade enzimática da
DPP-4 por um período de 24 horas.
O tratamento com 50 a 100 mg diários em pacientes com diabetes mellitus tipo 2 melhorou
significantemente os parâmetros de avaliação da função das células beta. O nível de melhora da função
da célula beta é dependente do grau inicial de sua insuficiência; em indivíduos não diabéticos
(glicemia normal), a vildagliptina não estimula a secreção de insulina ou reduz os níveis de glicose.
A redução da hipersecreção inapropriada de glucagon que ocorre durante as refeições atenua a
resistência insulínica. O aumento da relação insulina/glucagon no indivíduo hiperglicêmico, devido ao
aumento nos níveis das incretinas, resulta na diminuição da produção hepática de glicose no jejum e
pós-prandial, levando à redução da glicemia.
A vildagliptina melhora o controle glicêmico quando administrada em monoterapia ou em
combinação com metformina, sulfoniluréia ou glitazonas.
Em estudos clínicos, a magnitude das reduções da HbA1C com vildagliptina foi maior em
pacientes com HbA1C iniciais mais elevadas. Em um estudo de 52 semanas, a vildagliptina (100
29
mg/dia) reduziu os níveis de HbA1C em -1% comparado a -1,4% para a metformina (titulada a
2g/dia). Pacientes tratados com vildagliptina relataram significantemente menor incidência de reações
adversas gastrintestinais versus aqueles tratados com metformina. Em outro estudo de 24 semanas, a
vildagliptina (100 mg/dia) foi comparada à rosiglitazona (8 mg, uma vez ao dia). As reduções médias
foram de -1,1% com vildagliptina e - 1,3% com rosiglitazona em pacientes com HbA1C inicial média
de 8,7%. Pacientes recebendo rosiglitazona apresentaram um aumento médio de peso (+ 1,6 kg),
enquanto aqueles recebendo vildagliptina não apresentaram ganho de peso (-0,3kg).
Sitagliptina (Januvia®) tem ação semelhante. A dose recomendada de Sitagliptina é de 100 mg
em dose única diária como monoterapia ou em terapia combinada.
Saxagliptina (Onglyza®) pode ser ingerido uma vez ao dia, independente das refeições, e está
disponível nas apresentações de 2,5mg e de 5,0mg.
Alogliptina (Syr-322®) ainda está em processo regulatório.
Agonistas dos receptores do GLP-1
Em contraste com os inibidores da DPP-4, os agonistas do receptor do GLP-1 agem como
incretinomiméticos, porém mais resistentes a degradação em relação ao hormônio endógeno.
Estudos evidenciam que os agonistas sintéticos do receptor do GLP-1 além de propiciarem a
homeostase glicêmica, atuam na preservação da célula β (aumento da massa dessas células, estímulo
da proliferação e neogênese das mesmas e inibição de sua apoptose), na perda de peso e na proteção
cardiovascular.
Estes agonistas levam a diminuição do esvaziamento gástrico o que pode contribuir para a perda
de peso e para o melhor controle da glicemia pós prandial. Esta ação, no entanto, pode contribuir para
evento adverso tal como a náusea.
Outra ação desta medicação é a perda de peso às custas principalmente da perda da massa gorda.
Redução da circunferência abdominal, da pressão arterial sistólica e diastólica e da freqüência tanto da
síndrome metabólica como do pré-diabetes acompanham a redução do peso corporal.
Efeitos favoráveis cardiovasculares são observados pela evidência da redução da proteína C
reativa, peptídeo natriurético atrial e inibidor do ativador do plasminogênio tipo 1, por exemplo.
Exenatide (Byetta®). O exenatide, isolado das secreções salivares do lagarto Suspectum
heloderma (Monstro Gila), tem uma sobreposição de 53% na seqüência de aminoácidos com o GLP-1
de mamíferos.
No diabetes mellitus tipo 2, o exenatide reduz a secreção de glucagon no jejum e pós prandial. Isso
resulta em melhor relação insulina/glucagon portal, contribuindo para a redução da produção hepática
de glicose. Este aspecto do exenatide o diferencia das sulfoniluréias e metiglinidas.
O exenatide deve ser administrado via subcutânea, em doses de 5 a 10 µg, duas vezes ao dia.
Os efeitos adversos mais freqüentes são náuseas (que se reduzem após algumas semanas), vômito,
diarréia e cefaléia. Não houve nenhuma evidência de toxicidade cardiovascular, pulmonar, hepática ou
renal, durante o tratamento com exenatide.
Por sua limitação pela aplicação subcutânea duas vezes ao dia, foi desenvolvido o exenatide-LAR
cuja aplicação é semanal. Esta apresentação além de demonstrar eficiência, apresenta menor
incidência de efeito colateral nos estudos em andamento.
Liraglutida (Victoza®) já foi aprovada no Japão, Europa e Estados Unidos. Foi sintetizada por
modificação química do GLP-1 e tem 97% de homologia à seqüência humana.
Aplicação única diária. Maior redução da glicemia pós prandial e da hemoglobina glicada em
comparação com exenatide.
Albiglutide e taspoglutide ainda estão em desenvolvimento.
Conclusão
O controle glicêmico adequado é o grande objetivo do tratamento do diabetes mellitus. Com o
advento de novos agentes farmacológicos, terapia baseada em incretinas, o alcance das metas
glicêmicas com mínimo efeito colateral associado já é uma realidade.
A glicemia controlada reduz ou retarda o desenvolvimento das complicações. Permite, assim, uma
maior longevidade e qualidade de vida para os pacientes diabéticos.
30
- ASSISTÊNCIA ODONTOLÓGICA AO PACIENTE DIABÉTICO
Prof. Dr. Maria do Carmo Machado Guimarães
Departamento de Odontologia, Faculdade de Ciências da Saúde, UnB
O plano alimentar para pessoas portadoras de diabetes tipo 2 objetiva o atendimento das
necessidades nutricionais individualizadas dos pacientes e o controle metabólico que auxilie no retardo
do aparecimento das complicações crônicas da glicemia não controlada. Na prescrição da dieta leva-se
em consideração inúmeros aspectos relacionados ao paciente, tais como o seu estado fisiológico, o
estado nutricional – geralmente de excesso de peso, as comorbidades associadas, os medicamentos em
uso, as metas de controle definidas entre o paciente e a equipe que o assiste, entre outros. Do ponto de
vista energético da dieta e da distribuição dos macronutrientes, ou seja, dos carboidratos, proteínas e
lipídios, estes têm sofrido mudanças ao longo das décadas.
A adoção de propostas alimentares baseadas em evidências científicas tem contribuído para a
atualização da assistência nesta área do conhecimento. Esta apresentação tem como foco discutir os
resultados de estudos recentes que sugerem a dieta do tipo mediterrânea como uma alternativa às
dietas hipolipídicas, para a perda de peso e de controle metabólico. As dietas com características
mediterrâneas são baseadas em teor relativamente maior de lipídios e menor de carboidratos, com
ênfase nos ácidos graxos monoinsaturados e poliinsaturados do tipo omega-3. A dieta enfatiza também
o uso de alimentos como nozes, hortaliças e grãos integrais. Estudos de intervenção, randomizados e
controlados, têm mostrado que dietas com esta característica podem propiciar melhor controle
metabólico em pacientes diabéticos.
1) Shai I, et al. Weight loss with a low-carbohydrate, mediterranean, or low-fat diet. NEJM, 2008,
359:229-241.
2) Sacks FM, et al. Comparison of weight-loss diets with different compositions of fat, protein, and
carbohydrate. NEJM, 2009, 360:859-873.
3) Accurso A, et al. Dietary carbohydrate restriction in type 2 diabetes mellitus anda metabolic
syndrome: time for a critical appraisal. Nutr Metabol, 2008. Doi: 10.1186/1743-7075-5-9.
4) Esposito K, et al. Effects of a mediterranean-stye diet on the need for antihyperglycemic drug
therapy in patients with newly diagnosed type 2 diabetes. Ann Int Med 2009, 151:306-315.
31
5) Fung TT, et al. Low-carbohydrate diets and all-cause and cause-specific mortality. Ann Intern
Med 2010, 153:289-298.
32
O conhecido estudo de coorte de base populacional de doenças cardíacas de Framingham,
Massachussets, USA, é um exemplo de identificação de fatores de risco e protetores para incidência de
doenças do coração. Em várias publicações, incluem, entre outros, estudo de fatores nutricionais
específicos e atividade física associados a doenças cardíacas.
Tanto em relação à leitura crítica de artigos científicos, quanto à execução de projetos de pesquisa
para relacionar aspectos nutricionais e atividade física com a saúde dos indivíduos, o tipo de estudo, a
caracterização explícita das variáveis estudadas e os cuidados para prevenir erros aleatórios e
sistemáticos são fundamentais para credibilidade dos resultados e sua adoção pelos serviços de saúde.
33
obesidade já ser um problema concreto em jovens, apenas 30% dos clínicos abordavam os temas de
atividade física e nutrição no atendimento clínico entre adolescentes. Por outro lado, sabe-se que no
contexto do atendimento clínico, especialmente na área pública, em razão do excesso de demanda, é
fundamental pensar em alternativas de intervenção, pois no atendimento primário é difícil os
profissionais terem tempo para o aconselhamento necessário. Apenas como exemplo, vale citar que
estudo recente avaliou a eficácia de aconselhamento por telefone. Houve resultados positivos alguns
desfechos importantes em pacientes diabéticos e hipertensos, como o aumento no tempo de atividade
física semanal, a redução da ingestão de gorduras totais e de gordura saturada, o aumento no consumo
de vegetais, frutas e fibras. (Eakin, 2009). Esses dados sugerem a importância do suporte social para a
mudança do estilo de vida.
Nesse contexto, serão abordadas nesta palestra algumas evidências científicas da efetividade do
aconselhamento em atividade física, alimentação e saúde, além de algumas limitações metodológicas e
operacionais para esse tipo de intervenção. Serão ainda apresentadas algumas orientações quanto a
procedimentos a serem adotados em intervenções de aconselhamento ou para a inclusão do
aconselhamento na prática clínicas dos diferentes profissionais de saúde.
Bobiak S; Flocke S; Stange K. Physical Activity and Diet Counseling Advice to Teens During a
Clinician Encounter. J Adolescent Health 2009: 44(2) Supp, S17-S18
Eakin E; Reeves M; Lawler S; Graves N; Oldenburg B; Del Mar C; Wilke CK; Winkler E; Barnett A.
Telephone Counseling for Physical Activity and Diet in Primary Care Patients. Am J Prev Med
2009;36(2):142–149
Elley CR, Kerse N, Arroll B. Effectiveness of counseling patients on physical activity in general
practice: cluster randomized controlled trial. Br Med J 2003;326:1-6.
Myers J, Prakash M, Froelicher V, Do D, Partington S, Atwood JE. Exercise capacity and mortality
among men referred for exercise testing. N Engl J Med 2002;346:793-801
A aptidão física apresenta duas dimensões: uma relacionada ao desempenho esportivo e outra à
saúde. Consoante com o aumento da expectativa de vida tem havido maior interesse sobre a última em
relação ao desempenho esportivo, motivado pelo reconhecimento crescente do papel do exercício
físico regular na promoção e manutenção da saúde. Neste sentido, diversos estudos epidemiológicos
evidenciam menor morbimortalidade por doenças crônicas degenerativas em indivíduos fisicamente
ativos. Neste contexto, a Organização Mundial de Saúde define saúde como: “estado de completo
bem-estar físico, mental e social, e não somente a ausência de enfermidade ou invalidez”. Desta
forma, a relação entre saúde e bem estar físico não está pautada apenas na avaliação de doenças mais
também na capacidade de realizar atividade de trabalho físico.
Diversos estudos demonstram por meio de índices fisiológicos a relação negativa entre baixa
capacidade cardiorrespiratória e mortalidade geral. Por outro lado, níveis de capacidade
cardiorrespiratória compatíveis com a normalidade e/ou acima dos níveis de normalidade mesmo
associados a fatores de risco à saúde ou doença pré-existente demonstram menor morbimortalidade
comparativamente aos que apresentam o mesmo quadro clínico mais com baixa capacidade
cardiorrespiratória. Desta forma, a quantificação dos componentes da aptidão física relacionados à
saúde, aptidão cardiorrespiratória, aptidão neuromuscular e composição corporal por meio de testes e
medidas, torna-se importante estratégia para o diagnóstico e prognóstico da aptidão física individual.
Dentre os diversos métodos de avaliação da aptidão física o teste cardiopulmonar é um exame de
grande aplicação em diversas populações. Este possibilita determinar através de variáveis
respiratórias, metabólicas e cardiovasculares por meio da hematose externa durante o esforço físico a
expressão dos índices de avaliação funcional no qual são utilizados na prática para diagnóstico e
prognóstico da saúde, bem como a determinação da “dose” ou intensidade da carga de trabalho ideal
para a prescrição do exercício físico.
34
Entretanto, persistem dúvidas quanto à relação dose resposta mais apropriada do exercício físico
em termos de saúde. Neste contexto, a falta de orientação quanto à intensidade e volume de exercício
além do excesso de exercício físico pode ser prejudicial à saúde.
Em geral, a redução da capacidade funcional associada ao excesso de exercício físico é conhecida
como síndrome do overtraining no qual ocorre devido a um desequilíbrio entre estresse e recuperação,
ou seja, é desencadeado por uma carga excessiva de estresse físico combinada com insuficiente
regeneração. O défict homeostático decorrente da baixa regeneração desencadeia redução da
capacidade funcional individual. A redução da funcionalidade pode ser quantificada através do teste
cardiopulmonar com a redução de índices fisiológicos como: consumo de oxigênio obtido nos limiares
ventilatórios e pico do esforço além do pulso de oxigênio.
Atualmente, as análises da função autonômica cardíaca, por meio da variabilidade da frequência
cardíaca, vêem sendo cogitada como possível ferramenta para determinação do overtraining. O
excesso de esforço físico, sabidamente, altera o balanço autonômico em grande parte reduzindo a
variabilidade da frequência cardíaca.
Desta forma, os estudos vêem classificando a síndrome do overtraining em dois tipos. O tipo
parassimpático, que é caracterizado pela predominância do tônus vagal ou por insuficiência adrenal, e
a do tipo simpático, que mimetiza um estado hiperadrenérgico ou hiperfunção da tireóide. Os sintomas
principais da síndrome do overtraining são cansaço e excitação (forma simpática) ou inibição e
depressão (forma parassimpática). Em ambas as formas ocorrem diminuição da aptidão física.
Por fim, o diagnóstico do overtraining é de difícil execução, mas alguns fatores não podem deixar
de ser observados como: queda da aptidão física e desequilíbrio psicológico, além destes podemos
citar que os mediadores bioquímicos ou fisiológicos podem não ajudar no diagnóstico final do
overtraining, mas são fundamentais para o controle do treinamento. É extremamente importante
salientar que esta síndrome é de origem multifatorial e, portanto, deveria ser prevenida e tratada
baseados num modelo multidisciplinar que envolve profissionais de educação física, nutricionistas,
psicólogos do esporte, fisioterapeutas, médicos e outros.
35
qualitativa e quantitativa dos alimentos a serem ingeridos. Isto significa que os hábitos alimentares
constituem o resultado das experiências apreendidas ao longo da vida; portanto, é possível, com algum
esforço e técnicas eficazes de educação, reformular esses mesmos hábitos alimentares, no sentido de
corrigir possíveis distúrbios nutricionais (ROGERS, 1998).
A anamnese alimentar criteriosa permite que se estabeleçam as estratégias para introdução das
eventuais modificações dietéticas necessárias. Atletas ou simplesmente indivíduos praticantes de
exercício físico não devem ser privados dos alimentos preferidos ou iniciar uma dieta incompatível
com sua realidade (CARVALHO et al, 2003).
Quando se deseja a modificação da composição corporal à custa de redução de massa gorda, em
geral, se propõe a redução da ingestão calórica com a escolha de alimentos de baixa densidade
energética. Entretanto em atletas (profissionais ou amadores), a redução de 10 a 20% na ingestão
calórica total já promove alteração na composição corporal, não induzindo à fome e fadiga, como
ocorre em dietas de valor energético muito baixo (CARVALHO et al, 2003).
O efeito ergogênico da ingestão de carboidratos durante o exercício já foi consistentemente
demonstrado, assim como já foi constatado que o exercício prolongado reduz acentuadamente o nível
de glicogênio muscular, exigindo constante preocupação com sua reposição, porém o que se observa
entre atletas, por exemplo, é um baixo consumo de carboidratos. A escolha dos alimentos fontes de
carboidrato, assim como a preparação da refeição que antecede o exercício, deve respeitar as
características gastrintestinais de cada indivíduo. Para otimizar a recuperação muscular recomenda-se
que o consumo de carboidratos esteja entre 5 e 8g/ Kg de peso /dia (CARVALHO et al, 2003).
O metabolismo de proteína durante e após o exercício é afetado por alguns fatores, como o sexo,
idade, intensidade, duração e tipo de exercício, além da ingestão energética e do aporte de carboidrato.
A recomendação de ingestão diária (RDA) é de 0,8g/Kg de peso/dia e sua distribuição na dieta deve
ser de 10 a 35% do total de calorias. Não há evidências de que o aumento no aporte protéico deve ser
feito, e, portanto, as Diretrizes de recomendação de ingestão dietética (DRIs) não especificam se existe
diferença na recomendação de indivíduos sedentários ou ativos (AMERICAN COLLEGE OF
SPORTS MEDICINE; AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION AND DIETITIANS OF CANADA,
2000), mas existem diretrizes nacionais que recomendam um aumento nesse fornecimento para atletas
de endurance, em que as proteínas tem um papel auxiliar no fornecimento de energia para a atividade,
calculando-se de 1,2 a 1,6 g/Kg de peso/dia. E para os atletas de força, aonde a proteína teria um papel
importante no fornecimento de “matéria-prima” para a síntese de tecido, de 1,4 a 1,8 g/Kg de peso/dia
(CARVALHO et al, 2003).
Um adulto necessita diariamente de cerca de 1g de gordura/Kg de peso corporal, o que equivale a
30% do VET. Atletas ou indivíduos ativos devem seguir essa mesma recomendação, pois além de
fornecimento de energia é também veículo de vitaminas lipossolúveis.
Os micronutrientes apresentam importante papel na produção de energia, síntese de hemoglobina,
manutenção da saúde óssea, função imunológica adequada, além da proteção do organismo contra os
danos oxidativos. São elementos fundamentais para a síntese e reparação do tecido muscular durante a
recuperação do exercício, ou ainda em caso de injúria. As vitaminas e minerais que apresentam grande
importância devido à pratica de exercícios são, o Cálcio e vitamina D, vitaminas do complexo B,
Ferro, Zinco, Magnésio, além de alguns antioxidantes como, vitamina C e E, b-carotenos e Selênio.
Indivíduos com elevado risco de deficiência dessas substâncias são aqueles que apresentam uma dieta
muito restritiva e/ ou pobre consumo de frutas e hortaliças, e com pequena variedade entre os grupos
alimentares (AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE; AMERICAN DIETETIC
ASSOCIATION AND DIETITIANS OF CANADA, 2000).
O estresse do exercício é acentuado pela desidratação, que aumenta a temperatura corporal,
prejudica as respostas fisiológicas e o desempenho físico, produzindo riscos à saúde. A hidratação
deve acontecer antes, durante e após o exercício, e para garantir que o indivíduo inicie o exercício bem
hidratado, recomenda-se a ingestão de 250 a 500ml de água duas horas antes do exercício. Durante o
exercício, recomenda-se iniciar a ingestão nos primeiros 15 minutos, e manter a hidratação a cada 15-
20 minutos. Após o exercício deve-se continuar ingerindo líquidos para compensar as perdas
adicionais de água pela urina e sudorese (CARVALHO et al, 2003).
CLARKSON, PM, THOMPSON, HS. Antioxidants: what role do they play in physical activity and
health? Am J Clin Nutr 2000; 72:637-47.
36
GOLDFARB, AH. Nutritional antioxidants as therapeutic and preventive modalities in exercise- -
induced muscle damage. Can J Appl Physiol 1999; 24:249-66.
ROGERS, PJ. Eating habits and appetite control: A psychobiological perspective. Proc Nutr Soc 1998;
58(1):59-67.
CARVALHO, T et al. Diretriz da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte: modificações
dietéticas, reposição hídrica, suplementos alimentares e drogas: comprovação de ação ergogênica e
potenciais riscos para a saúde. Rev Bras Med Esporte 2003;9:43- 56.
AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE; AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION AND
DIETITIANS OF CANADA. Nutrition and Athletic Performance. Joint Position Statement. Med. Sci.
Sports Exerc., v. 32, n. 12, p. 2130-2145, 2000.
37
MESA REDONDA: ATENÇÃO MULTIDISCIPLINAR AO PACIENTE DO TRANSPLANTE
O transplante apresenta-se atualmente como uma alternativa importante para pacientes que
perderam funções relevantes ou necessitam do funcionamento eficiente de determinado órgão. O
Centro de Transplantes do Hospital Universitário de Brasília – HUB/UnB realiza, atualmente,
transplantes renais e de córnea, situações que exigem a atuação multidisciplinar na atenção à saúde.
Este trabalho apresenta a atuação da Psicologia junto ao processo de avaliação e preparação de
doadores e receptores em situação de transplante renal, estabelecida no Centro de Transplantes do
Hospital Universitário de Brasília desde 2008.
De modo especial, o transplante renal demanda uma ação importante do psicólogo neste contexto,
considerando que este procedimento proporciona ao paciente a retomada de atividades sociais,
profissionais e pessoais geralmente prejudicadas após diagnóstico da insuficiência renal crônica.
Entretanto, as exigências de cuidados após cirurgia, o processo de preparação dos pacientes para
transplante e as questões éticas implicadas neste procedimento promovem um contexto potencialmente
aversivo, que deve ser investigado e avaliado pelo psicólogo. O transplante renal intervivos pode ser
caracterizado por dúvidas, dificuldades e expectativas, tanto para candidatos a receptor quanto
candidatos a doador. Torna-se necessário então que a avaliação psicológica de pacientes em
preparação para transplante renal seja baseada no modelo biopsicossocial de atenção à saúde, a partir
de protocolos que incluam as dimensões fisiológicas, afetivo-emocionais e psicossociais tanto de
potenciais doadores quanto de potenciais receptores. Elementos de ordem biológica, fatores afetivos e
emocionais e aspectos de ordem social são destacados como essenciais em uma avaliação psicológica,
pois têm influência direta na vivência, decisão, preparação e adaptação pós-cirúrgica a um transplante
renal.
Um aspecto essencial a ser avaliado sob ponto de vista psicossocial refere-se às motivações para
doação. Considerando os fatores ético-legais inerentes ao procedimento de transplantes renais
intervivos, torna-se imprescindível garantir a autonomia do doador sobre sua escolha. A avaliação
psicológica de candidatos a transplante renal tem como principal objetivo indicar possíveis contra-
indicações ao transplante ou quaisquer elementos que possam suspender o procedimento,
relacionados, por exemplo, à dinâmica afetiva disfuncional entre pacientes ou ainda à presença de
coerção sobre a decisão do doador. Além disso, questões relacionadas à adesão ao tratamento após
cirurgia e estratégias de enfrentamento frente à ansiedade devem ser acompanhadas ao longo da
preparação ao transplante.
Desta forma, um protocolo de avaliação e acompanhamento psicológico deve atender aos
seguintes elementos básicos: história de adoecimento e diagnóstico, história de diálise, adesão e
adaptação ao tratamento, dúvidas e compreensão sobre procedimento cirúrgico e autocuidados após
transplante, dúvidas sobre prejuízos à saúde em função do transplante e qualidade da comunicação
com a equipe de atendimento. Ainda nesta esfera, são incluídos fatores relacionados ao uso atual ou
anterior de substâncias psicoativas (álcool e drogas), história de transtornos psicopatológicos ou abuso
de substância nos candidatos e familiares, discussão de riscos e benefícios advindos do transplante,
história sobre a decisão de doação, autonomia, motivação do doador, coerções sociais ou ganhos
secundários à doação.
Outros aspectos essenciais incluem: discussão de custos e benefícios do transplante para o doador
e o receptor, expectativas, ansiedade, receio sobre a cirurgia e seqüelas do transplante a longo prazo,
formas de enfrentamento frente à ansiedade, história familiar, eventos importantes e dinâmica afetiva
entre receptor e doador e funcionamento conjugal dos candidatos ao transplante. Por fim, fatores
sociais imprescindíveis na avaliação psicológica incluem qualidade e satisfação com o suporte sócio-
familiar (emocional e operacional), abordagem a dúvidas e expectativas da família, composição
sociodemográfica, valores sócio-culturais, práticas espiritualistas ou religiosas dos candidatos ao
transplante, planejamento de atividades cotidianas e profissionais no período pós-cirúrgico e potencial
impacto financeiro do transplante renal.
38
- CUIDADOS PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO DO TRANSPLANTADO RENAL
Maria Goreth Cutrim
Serviço de Enfermagem, Hospital Universitário de Brasília, UnB
Introdução
Sabe-se que o momento que antecede uma cirurgia é carregado de diversos sentimentos como
ansiedade, medo, entre outros. Dessa forma, faz-se necessário oferecer apoio emocional, preparo físico
e orientações educativas. É imprescindível esta orientação até porque sua percepção está, muitas
vezes, exarcebada tentando captar algo que possa estar interferindo ou que venha a interferir na sua
operação. Para fornecer subsídio para pesquisas na área de enfermagem, esta orientação possibilita a
adaptação do cliente à sua condição de saúde, minimizando suas ansiedades, expectativas, medo e até,
dúvidas frente ao desconhecido, da cirurgia, da anestesia, de erros até mesmo da morte, ajudando-o a
compreender o processo de internação.
A demanda de atividades burocráticas e administrativas em um centro cirúrgico é intensa,
solicitando do enfermeiro tempo expressivo, daí a necessidade da interação com profissional
enfermeiro do Centro de Transplantes, uma vez que seu primeiro contato é com este. Concorda–se
com esse posicionamento, pois o paciente cirúrgico vivencia o estresse de tal forma, que muitas vezes
não consegue exteriorizar seus medos, ansiedades, preocupações e incertezas, daí a importância da
atuação do enfermeiro no sentido de perceber, inclusive na comunicação não verbal do paciente, essas
manifestações presentes no período que antecede a cirurgia.
De acordo com PENICHE (2000, p. 45), quando a adaptação do organismo for um sucesso, e os
estímulos agressores desaparecerem, o organismo volta ao nível basal de funcionamento. Mas, quando
esse estado se prolonga, surge a fase de resistência cujas alterações hormonais têm o objetivo de
aumentar a capacidade adaptativa do organismo.
Com base no estudo desenvolvido por PENICHE (2000), entende-se que o fator relacionado do
diagnóstico de enfermagem de ansiedade se caracterizou pela necessidade do procedimento cirúrgico.
Assim, o paciente cirúrgico enfrenta uma situação desconfortável pela proximidade da cirurgia, muitas
vezes não tem conhecimento suficiente sobre o preparo, as rotinas, os cuidados pós-operatórios,
gerando incertezas.
Vários autores afirmam que a visita pré-operatória de Enfermagem tem como algumas de suas
principais finalidades: reduzir o nível de ansiedade do paciente, colaborar na recuperação da saúde e
prestar assistência qualificada ao paciente que se submeterá a tratamento cirúrgico; e deve oferecer
informações que contemplem o detalhamento das ações de Enfermagem desenvolvidas no pré, trans e
pós-operatório (período perioperatório), sendo transmitida de forma individual ou em grupo, numa
linguagem clara e objetiva, compatível com o nível de escolaridade e compreensão do paciente.
No estudo de DELLOIAGONO et al. (1990a), realizado em um hospital-escola, foi constatado como
sendo, na opinião dos enfermeiros participantes da amostra, da competência do enfermeiro da unidade
de internação, a atividade de informar destinada aos pacientes pré-cirúrgicos, além de considerado o
dia anterior à cirurgia como o melhor momento para esta informação.
O Paciente Cirúrgico
O cliente cirúrgico é a pessoa que irá ser submetida a uma intervenção cirúrgica seja ela eletiva ou
de urgência, para tratamento de uma enfermidade., ou seja, aquele cujo tratamento implica em ato
cirúrgico, obviamente este tipo de tratamento representa uma agressão orgânico-psíquica,muito
embora controlada. Em se tratando de tratamento sendo mais complexo em função da própria
agressividade do tratamento sendo definido por dois períodos. Segundo GOLDENBERG;
BEVILACQUA (1984), a cirurgia é o procedimento terapêutico para uma variedade de distúrbios
fisiopatológicos que implicam ameaças reais, tais como, risco de vida, perda de órgãos ou parte dos
mesmos, de lesões, prejuízos financeiros, postergação de projetos de vida, além do próprio
desconforto decorrente da internação (separação da família, sofrimento, dor, insegurança e outros).
Quando o paciente é informado, nota-se uma tranqüilidade e um bom relacionamento com o
profissional que o recebe, nota-se uma tranqüilidade e um bom relacionamento com o profissional que
o recebe, formando uma duplicidade com ele e tornando-o adepto ao tratamento. Para os enfermeiros,
a interação verbal fornece segurança para o paciente: Os resultados apontam que, quando paciente foi
adequadamente esclarecido sobre o procedimento cirúrgico a ser submetido, houve um aumento na
satisfação de ambas as partes (paciente/profissional).
39
Observou-se que, para os pacientes, a satisfação está bastante relacionada com as informações
recebidas previamente ao ato cirúrgico.E nada melhor do que minimizar suas expectativas com
método áudio visual, onde as informações são percebidas pelos dois principais sentidos; audição e
visão.Os resultados apontam que, quando paciente é adequadamente esclarecido sobre o procedimento
cirúrgico a ser submetido, houve um aumento na satisfação de ambas as partes (paciente/profissional).
O medo é um sentimento destacado pelos pacientes, sendo que é relacionado, em alguns casos, ao
instrumental e à anestesia; em outros à possibilidade de sentir dor, com histórias ouvidas de terceiros,
e ainda, à própria situação ou à figura dos profissionais. O medo é um sentimento destacado pelos
pacientes, sendo que é relacionado, em alguns casos, ao instrumental e à anestesia; em outros à
possibilidade de sentir dor, com histórias ouvidas de terceiros, e ainda, à própria situação ou à figura
dos profissionais. No diagnóstico de enfermagem Risco para Lesão por Posicionamento
Perioperatório, os fatores relacionados foram: possíveis lesões devido ao posicionamento do paciente
durante o procedimento cirúrgico; a perda das medidas protetoras habituais secundárias à anestesia,
tempo cirúrgico superior a duas horas, além de lesões físicas presentes na pele do paciente. Segundo
GOLDENBERG; BEVILACQUA (1984), a cirurgia é o procedimento terapêutico para uma variedade
de distúrbios fisiopatológicos que implicam ameaças reais, tais como, risco de vida, perda de órgãos
ou parte dos mesmos, de lesões, prejuízos financeiros, postergação de projetos de vida, além do
próprio desconforto decorrente da internação (separação da família, sofrimento, dor, insegurança e
outros).
Não obstante, entende RICKER (1997, p. 90) que, a posição do paciente durante a cirurgia é um
cuidado importante a ser observado. Ao realizarmos esse procedimento muitas vezes, as posições não
são convencionais podendo acarretar lesões. Posicionar o paciente é obter uma postura intermediária
entre o possível e tolerável. Quando submetido à anestesia, o paciente perde a capacidade sensitiva de
parte ou de todo o corpo, não conseguindo reagir à dor, a pressões, e há perda da capacidade de
movimentação. Quando houver necessidade de uso de placa de bisturi elétrico, ela deverá deverá ser
fixada em área limpa, seca, com poucos pêlos e o mais próximo possível do local a ser
eletrocauterizado. Para MAGALHÃES (1997, p. 194), alguns locais são vulneráveis, como dedos,
pernas e até ombros, pois há relatos de queimaduras dessas áreas. A cabeça e membros devem ficar
em posição estável, principalmente quando ocorrer mudança de posicionamento durante o ato
cirúrgico. Os membros superiores são passíveis de ficarem fora da mesa cirúrgica, sendo um risco para
lesão do plexo braquial, da articulação do ombro ou queimadura de extremidades. Segundo
MAGALHÃES (1997, p. 195), os calcâneos e músculos da panturrilha também são áreas vulneráveis à
necrose por pressão, podendo causar o início de tromboembolismo. Daí a necessidade de proteção dos
mesmos com atadura de algodão ou atadura de crepom, até para proteção da hipotermia.. Para
MAGALHÃES (1997, p. 197), ao posicionar o paciente do decúbito dorsal para o ventral, deve-se
evitar a rotação lateral do pescoço e da cabeça do indivíduo anestesiado, pois esse movimento pode
causar estiramento dos ligamentos e músculos relaxados, lesões das articulações cervicais, ocorrendo
dor e limitações funcionais no pós-operatório.
Histórico do Transplante Renal
Em 1997 foi criada a chamada Lei dos Transplantes Lei nº9.434 de 4 de fevereiro de 1997, cujo
objetivo era dispor sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de
transplante, e o Decreto n° 2.268 de 30 de junho de 1997 que a regulamentou, na tentativa de
minimizar as distorções e até mesmo injustiças na destinação dos órgãos. No dia 30 de junho de 1997,
através deste mesmo decreto, foi criado no âmbito do Ministério da Saúde o Sistema Nacional de
Transplantes – SNT tendo como atribuição desenvolver o processo de captação e distribuição de
tecidos, órgãos e partes retiradas do corpo humano para finalidades terapêuticas e transplantes.
Em 1997 foi criada a chamada Lei dos Transplantes Lei nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997), cujo
objetivo era dispor sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de
transplante, e o Decreto nº 2.268, de 30 de junho de 1997 que a regulamentou, na tentativa de
minimizar as distorções e até mesmo injustiças na destinação dos órgãos. No dia 30 de junho de 1997,
através deste mesmo decreto, foi criado no âmbito do Ministério da Saúde o Sistema Nacional de
Transplantes – SNT tendo como atribuição desenvolver o processo de captação e distribuição de
tecidos, órgãos e partes retiradas do corpo humano para finalidades terapêuticas e transplantes.
Em se tratando de órgão sólido, o transplante de rim é o que oferece maior segurança de vida. Deste
modo, são vários os fatores que influenciam a atenção e que se encontram agrupados em duas
40
categorias: a dos fatores externos (próprios do meio ambiente) e a dos fatores internos (próprios do
nosso organismo) . Deverá também apresentar motivação pessoal que o induza a tornar-se como
doador sem nenhum tipo de ação coerciva da equipe multiprofissional ou dos membros da família.
Candidatos a doadores e receptores são informados, orientados sobre os riscos e benefícios do
transplante renal.
Objetivo Geral
Analisar a percepção do paciente transplantada renal durante o pré e pós-operatório e a demanda
de cuidados necessários no seu cotidiano.
2.1Objetivos específicos
O presente estudo tem como objetivo identificar a percepção do paciente que se submeterá a uma
intervenção cirúrgica, acerca das orientações pré e pós-operatória oferecidas pela enfermagem.
GOLDENBERG, S.; BEVILACQUA, R. G. Bases da cirurgia. 2ª. ed. São Paulo: EPU, 1984.
DELLOIAGONO DE PAULA, A. A; CARVALHO, E. C. Pré e pós operatório em cirurgia geral e
especializada. In: PIETREZ, F. A. B; PIONER, S. R. Org.). Porto Alegre: Artmed, 2000.
PENICHE, A. C. G; CHAVES, E. C. Algumas considerações sobre o paciente cirúrgico e a
ansiedade. Rev Latino-am. Enfermagem 2000 janeiro; 8(1): p 45.
MAGALHÃES, M. A. C. Posicionamento do paciente. In: MANICA, J. T. (Org.). Anestesiologia:
princípios e técnicas. 2. ed. Porto Alegre (RS): Artes Médicas, 1997, pp. 194-214.
41
estado nutricional comprometido apresentam maiores riscos de infecção, falha na pega do enxerto e
consequente queda na sobrevida (SCHLOERB; AMARE, 1993; MUSCARATOLI, 2002; JUSTINO;
WAITZBERG, 2006).
Um exame clínico e um interrogatório simples, assim como avaliação antropométrica, devem ser
utilizados para avaliar e detectar este tipo de população, nas diferentes etapas do TCTH (CHENEY et
al.,1987). O objetivo desses procedimentos é detectar possíveis carências nutricionais, possibilitando a
intervenção precoce. E os indicadores de risco nutricional, como história de perda de peso, sintomas
do trato gastrointestinal (TGI), percentual de ingestão alimentar e tipo de transplante, são de grande
valia para identificar os pacientes sobre agravo nutricional (AKER, 1995; MUSCARATOLI, 2002).
Durante o período de internação, devido ao estado de hiper-hidratação e desequilíbrio de fluidos e
eletrólitos, não é recomendada avaliação antropométrica como rotina, devendo esta ser realizada
somente no período de pré-condicionamento (SCHLOERB; AMARE, 1993).
Durante o TCTH ocorrem duas situações distintas e simultâneas: a diminuição da ingestão oral de
alimentos e o aumento das necessidades metabólicas, que irão interferir no estado nutricional do
paciente. A manutenção de um bom estado nutricional é de extrema importância em todo o processo
do TCTH. Para que tal fato ocorra, é necessária uma oferta adequada de nutrientes (ANDERS et al.,
2000).
Embora o gasto de energia possa ser diferente entre um transplante autólogo e um transplante
alogênico, é consenso que os requerimentos energéticos podem variar, chegando até 150% do gasto
energético basal (MUSCARATOLI et al., 2002).
Na maioria dos centros de TCTH, os protocolos de recomendação energética são similares.
Szeluga et al. (1995) demonstraram que, para manter um balanço nitrogenado em zero, foram
necessárias de 30 a 50 kcal/kg de peso por dia para adolescentes e adultos. Segundo critérios do Fred
Hutchinson Cancer Research Center, centro de referência mundial em TCTH, no período de pós-
transplante imediato (30-50dias), as necessidades energéticas refletem o aumento do requerimento
devido ao condicionamento, febre, infecções, doença enxerto contra hospedeiro aguda (DECH) e
outras complicações metabólicas (FRED HUTCHINSON CANCER RESEARCH CENTER, 1985).
Com relação às necessidades proteicas, são estimadas a fim de prover substrato para o reparo de tecido
após a terapia de citorredução e poupar perda de massa magra (WEISDORF et al., 1987; FRED
HUTCHINSON CANCER RESEARCH CENTER, 1985; MUSCARATOLI et al., 2002).
AKER, S.N.; LENSSEN, P. Nutritional support of patients with hematologic malignancies. In:
HOFFMANN, R.; BENZ, E. J.; SHATTIL, S.J. et al. Hematology: basic principles and practice. 2. ed.
New York: Churchill Livingstone, 1995. p. 413-1482.
ALBERTINI, S. M.; RUIZ, M.A. O papel da glutamina na terapia nutricional do transplante de
medula óssea, Rev Bras. Hematol. Hemoter, (São José do Rio Preto), vol. 23, p. 41-47, jan/abr 2001.
ANDERS, J. C.; SOLER, V. M.; BRANDÃO, E. M. et al. Aspectos de enfermagem, nutrição,
fisioterapia e serviço social no transplante de medula óssea. Medicina, (Ribeirão Preto), vol. 33, p.
463-85, out/dez. 2000.
CONSENSO NACIONAL DE NUTRIÇÃO ONCOLÓGICA. / Instituto Nacional de Câncer. – Rio de
Janeiro: INCA, 2009.
INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER. Transplante de Medula óssea. Rio de Janeiro: INCA;2010.
Disponível em URL: http://www1.inca.gov.br/conteudo_view.asp?ID=125
CHENEY, C. L.; ABSON, K. G.; AKER, S.N. et al. Body composition changes in marrow transplant
recipients receiving total parenteral nutrition. Cancer, vol. 59, p. 1515-19, 1987.
FRED HUTCHINSON CANCER RESEARCH CENTER, BMT/PBSCT. Nutrition Care Criteria,
Seatle, Washington, 1985
JUSTINO, S.R.; WAITZBERG, L.D. Terapia nutricional no TCTH. In: WAITZBERG L.D. Dieta,
nutrição e câncer. 2. ed. rev. São Paulo: Atheneu, 2006. Cap. 67, p. 608-17.
MUSCARATOLI, M.; GRIECO, G.; CAPRIA, S. et al. Nutritional and metabolic support in patients
undergoing bone marrow transplantation. American Journal of Clinical Nutrition, vol. 75, p. 183-90,
2002.
SCHLOERB, P.R.; AMARE, M. Total parenteral nutrition with glutamine in bone marrow
transplantation and other clinical applications. Journal Parenteral and Enteral Nutrition, vol. 17, p.
407-13, 1993.
42
WEISDORF, S.A.; LYSNE, J.; WIND, D. et al. Positive effect of prophylatic total nutrition parenteral
nutrition on long-term outcome of bone marrow transplantation. Transplantation, vol. 43, p.833-38,
1987.
Não é novidade o acelerado envelhecimento da população brasileira nos últimos anos, como
também as estimativas quase sempre sobrepujadas pela espantosa realidade a qual o país atravessa. Dr.
Fries, em artigo publicado há 25 anos no New England Journal of Medicine, chamava a atenção para o
processo de envelhecimento, morte natural e compressão da morbidade. Denota-se importante
preocupação com as doenças crônicas que acometem os idosos e, principalmente, o tempo de vida
com essas doenças. Há meio século, doenças crônicas se manifestavam e o indivíduo, após alguns
poucos anos de doença, acabava por falecer em decorrência dessa doença. No entanto, com as diversas
possibilidades de tratamento hoje disponíveis, passa-se mais tempo com a doença e com suas
complicações até o evento final. Morre-se menos de doenças agudas (doenças circulatórias e
infecções, por exemplo) e vive-se mais.
Obviamente, com o aumento do número de doenças, complicações e da idade, faz-se necessária
uma abordagem sistêmica do indivíduo, deixando em segundo plano (inicialmente) a abordagem de
especialistas. Exemplo interessante foi citado em artigo de Boyde e colaboradores, intitulado “Clinical
Practice Guidelines and Quality of Care for Older Patients With Multiple Comorbid Diseases”. Eles
trazem como exemplo uma idosa de 79 anos que procura um clínico com: osteoporose, osteoartrite,
diabetes Mellitus II, DPOC e hipertensão arterial. Todas doenças muito frequentes em idosos. Se
fossem seguir todos os guidelines propostos sobre tratamento dessas comorbidades, essa senhora
estaria tomando cerca de 20 medicamentos por dia, além de outras recomendações, como proteção
para os joelhos, exercícios físicos (fortalecimento muscular, aeróbico, etc.), ajustes na dieta, prevenção
de quedas (fisioterapia), uso de vacinas (gripe e pneumocócica), medidas constantes de pressão
arterial, exames frequentes de laboratório (glicemia, colesterol, etc.), reabilitação pulmonar, e outros.
É justamente nessa abordagem ampla, difícil e por vezes infactível que outros profissionais colaboram
substancialmente. Falarei a seguir de características da equipe e do atendimento multidisciplinar
necessários no atendimento do idoso.
Capacidade técnica da equipe multidisciplinar
Os princípios lógicos que norteiam a técnica nesse caso geralmente são diferentes daqueles
aprendidos na faculdade. O que é peculiar no idoso não é só a fisiologia relacionada ao
envelhecimento, mas também aspectos sociais, econômicos, psicológicos, etc. Aprofundar os
conhecimentos com estágios ou cursos de especialização é importante. Não basta querer “atender
velhinhos”. É preciso saber atendê-los. Recentemente fizemos um curso de capacitação ao
atendimento da pessoa idosa para médicos e outros profissionais da Secretaria Estadual de Saúde do
DF. Uma médica reconhecidamente competente na sua área (especialista), ao final do curso
confidenciou-me que sua visão a cerca do idoso mudou substancialmente após as aulas e que sua
percepção do tratamento estava certamente equivocada antes. Isso só vem reforçar essa importância.
Geralmente não aprendemos isso na faculdade.
Integração interdisciplinar
Por natureza, o termo multidisciplinar já abarca a lógica da integração. Apesar do trabalho em
saúde ser realizado em sua maioria individualmente, as discussões, observações, aprendizados mútuos
e principalmente o respeito devem ser estabelecidos. É perfeitamente razoável uma linha de
intersecção entre os profissionais. Exemplo disso é a fundamental intervenção farmacêutica no
tratamento e orientação do idoso polimedicado, como também abordagens fisioterapêuticas na
fragilidade e instabilidade postural. Cito as mais comuns, mas temos outros profissionais que
43
contribuem a contento nesse processo, como educadores físicos, fonoaudiólogos, psicólogos,
nutricionistas, terapeutas ocupacionais e dentistas.
Impacto da equipe multidisciplinar
Quando se fala em contratação de profissionais não-médicos para o sistema de saúde ouvimos
com freqüência escusas dos dirigentes, baseadas em idéias antigas e em desconhecimento demasiado
do conceito de saúde.
Hoje, um tratamento com drogas para demência de Alzheimer gira em torno de 500 reais mensais
(considerando apenas essa doença). Não há ganho substancial com as medicações, mas apenas
estabilização da doença e redução na velocidade de perda. Por outro lado, intervenções pontuais de
fisioterapia, fonoaudiologia e estimulação neurocognitiva com o paciente e abordagens ocupacionais e
psicológicas com os familiares são no mínimo tão eficazes nessa doença quanto o tratamento
medicamentoso.
Assim, é muito bem recebido por nós médicos esse trabalho multidisciplinar, ou interdisciplinar
para alguns. Poucos de nós aprenderam na faculdade essa modalidade de trabalho. Poucos de nós estão
aptos a lidar com essa circunstância e, substancialmente poucos de nós estão abertos a essa
experiência. A história natural ditará a necessidade.
A profissão de assistente social é regulamentada pela Lei 8.662, de 07 de junho de 1993. O projeto
profissional do serviço social está fundamentado no Código de Ética do Assistente Social (aprovado
em 13 de março de 1993), que normatiza o exercício profissional entre assistentes sociais, instituições
e população, preservando-se os direitos e deveres profissionais, a qualidade dos serviços e a
responsabilidade diante do usuário.
A atuação do assistente social na saúde deve nortear na direção dos Projetos da Reforma Sanitária
e Ético-Político Profissional. O serviço social na área de saúde exerce ações em sintonia e articulado
com o Sistema Único de Saúde(SUS) e Sistema Único de Assistência Social(SUAS), atuando em
equipe e tendo em vista a interdisciplinariedade da atenção em saúde.
Um dos eixos do exercício profissional do assistente social na saúde é o atendimento direto ao
usuário, desde a atenção básica até os serviços de média e alta complexidade.
Uma demanda crescente posta ao serviço social, é o atendimento à pessoa idosa.
A população brasileira está envelhecendo, o que representa um desafio no campo da saúde, dadas
as propostas de envelhecimento saudável – físico, emocional e social.
O assistente social enquanto membro de uma equipe interdisciplinar de instituição de saúde atua
nas relações interpessoais do paciente, equipe profissional e família.
A Constituição Federal de 1988 é um marco importante para a área da assistência social, alçada à
condição de política pública, especificamente para os idosos em seu artigo 230: “ A família, a
sociedade e o Estado, têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na
comunidade defendendo sua dignidade e bem-estar e garantido-lhe o direito à vida.”
A Lei Orgânica da Assistência Social, sancionada em dezembro de 1993, em seu artigo 2º define
como sendo um dos objetivos da assistência social “a proteção à família, à maternidade, à infância, à
adolescência e à velhice.” No artigo 20º dessa mesma lei é assegurado o benefício de prestação
continuada, que é “a garantia de um salário mínimo mensal ao idoso com 65 anos ou mais e que
comprove não possuir meios de prover a própria manutenção e nem de tê-la provida por sua família.”
A renda per capta familiar deve ser inferior a ¼ do salário mínimo.
A Política Nacional do Idoso, Lei nº 8.842 de 04 de janeiro de 1994, tem por objetivo garantir a
participação do idoso na sociedade, os seus direitos sociais, a sua cidadania. Na área da saúde (artigo
10º), um dos itens garante ao idoso “assistência à saúde em todos os níveis do SUS e em Centros de
Referência em Geriatria e Gerontologia com equipe de interprofissionais.”
O Estatuto do Idoso, Lei 10.741/03, afirma os direitos da pessoa idosa, medidas de proteção,
políticas de atendimento, acesso à justiça e define como crimes as condutas que os desrespeitam.
Centro de Medicina do Idoso – C.M.I.
44
O assistente social tem como objetivo propiciar atendimento à pessoa idosa,ao familiar e ao
cuidador, viabilizando ao paciente o acompanhamento diário em sua rede de proteção, proporcionando
sucesso no tratamento de saúde bem como, reconhecendo a importância do acompanhamento familiar
na rotina do idoso e garantido a qualidade do atendimento no C.M.I.
Conforme dispõe o Art. 4º III da Lei 8.842/1994: “priorização do atendimento ao idoso através de
suas próprias famílias, em detrimento do atendimento asilar, à exceção dos idosos que não possuam
condições que garantam sua própria sobrevivência.”
O atendimento é realizado no ambulatório do C.M.I – dividido em geriatria geral e ambulatório
para pacientes portadores de algum tipo de demência e nas enfermarias, geralmente na clínica médica.
“ Ao idoso internado é assegurado o direito a acompanhante, devendo o órgão de saúde proporcionar
as condições adequadas para a sua permanência em tempo integral, segundo o critério médico”,
conforme previsto no art. 16 da Lei 10.741/2003, “caberá ao profissional de saúde responsável pelo
tratamento conceder autorização para o acompanhamento do idoso ou, no caso de impossibilidade,
justificá-lo por escrito.” Os pacientes são procedentes de várias clínicas do Hospital Universitário de
Brasília-H.U.B., centros de saúde , outros hospitais e de Instituições de Longa Permanência para
Idosos.
Também é realizado atendimento domiciliar, em conformidade com o Estatuto do Idoso- Art.15
IV:”atendimento domiciliar, incluindo a internação, para a população que dele necessitar e esteja
impossibilitada de se locomover, inclusive para idosos abrigados e acolhidos por instituições públicas,
filantrópicas ou sem fins lucrativos e eventualmente conveniadas com o Poder Público, nos meios
urbano e rural.”
Na prática ambulatorial é realizado o acolhimento ao paciente e ao familiar por meio de uma
entrevista para avaliação social e seus desdobramentos.
No C.M.I. o assistente social também participa de atendimento multidisciplinar em grupo, de
atenção ao familiar e cuidador do paciente idoso. É válido ressaltar que neste momento o profissional
deve buscar a compreensão da funcionalidade familiar e informar aos seus membros sobre situações
que possam configurar como negligência e orientá-los quanto aos direitos garantidos pelo Estado. Esta
atividade com a família é uma fonte rica em informações e propicia uma maior interação entre os
envolvidos nos cuidados ao idoso.
Na visita domiciliar o serviço social atua junto à equipe com o objetivo de avaliar as condições de
saúde e cuidados dispensados ao idoso que possam interferir no seu bem estar físico, emocional e
social. No momento da visita deve-se identificar laços afetivos de cuidados e/ou situações de
negligências que o núcleo familiar pode submeter à pessoa idosa doente. E a partir daí, proceder com
ações pertinentes. É possível estabelecer, junto à família e ao cuidador, um suporte mais adequado à
assistência da pessoa idosa , informando e negociando as melhores opções desse cuidado necessário ao
paciente.
Os pacientes, que necessitam da visita domiciliar, são identificados por solicitação da própria
família, cuidador e da equipe médica.
Um dos pontos relevantes do atendimento domiciliar é fortalecer o suporte familiar, orientando a
família a tomar as providências necessárias a uma melhor qualidade de vida ao idoso e da sua própria
família. Este atendimento deve ter como base, toda a rede de atenção à saúde: Programa de Saúde da
Família, Centros de Saúde, garantia da concessão de medicação sem interrupções, e como retaguarda o
atendimento hospitalar.
A função do profissional de serviço social no C.M.I. é permeada por constantes desafios e
possibilidades de garantir ao paciente idoso e sua família o acesso à promoção da saúde e a
viabilização da garantia de direitos fundamentais inerentes a esta parcela crescente da população.
BRASIL. Código de Ética do Assistente Social. Lei 8.662/93 de Regulamentação da Profissão.
Brasília: Conselho Federal de Serviço Social, 1997.
BRASIL, Ministério da Saúde. Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa. Brasília, Secretaria de
Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica, 2006. Séries normas e manuais técnicos.
Cadernos de Atenção Básica nº 19.
BRASIL. Constituição de 1988.
BRASIL. Lei 10.741 de 1º de outubro de 2003. Estatuto do Idoso.
BRASIL. Lei 8.742, de 07 de dezembro de 1993. Lei Orgânica da Assistência Social.
BRASIL. Lei 8.842 de 04 de janeiro de 1994. Política Nacional do Idoso.
45
CARNEIRO, Terezinha Feres(Org.). Casal e família: permanências e rupturas. In: Cuidados com
idosos com demência. Rio de Janeiro: Casa do Psicólogo,2009.
CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Parâmetros para atuação de Assistentes Sociais
na Política de Saúde. Série Trabalho e Projeto Profissional nas Políticas Sociais, nº 1, Brasília: CFESS,
2009.
46
materno para assegurar a fonte de cálcio (principalmente pelo aumento da absorção intestinal de cálcio
promovido pela maior síntese de calcitriol, prolactina e lactogênio placentário). De modo semelhante,
o fosfato e o magnésio também seguem este padrão de transporte ativo, cujos mecanismos ainda não
foram bem esclarecidos.
Durante a infância e adolescência esse delicado equilíbrio ósteo-mineral direciona a formação e
modelação óssea para promover o crescimento da criança, através de alterações nas dimensões,
geometria, densidade e resistência dos ossos. Já o processo de remodelação óssea está presente em
todas as faixas etárias e consiste na substituição do osso previamente formado por tecido novo, sendo
responsável não só pelo reparo das microfraturas e pela manutenção da qualidade e resistência do
osso, mas também pela integridade de processos metabólicos sistêmicos.
O osso está em constante processo de formação e reabsorção, coordenado pelos osteoblastos e
osteoclastos, os quais apresentam origens e mecanismos regulatórios diferentes, mas que também
comunicam-se e se auto-regulam por meio de citocinas e fatores locais. Os osteoblastos diferenciam-
se a partir das células mesenquimais e são os responsáveis pela síntese da matriz osteóide, sua
mineralização e pela produção de outros fatores reguladores envolvidos na regulação do fosfato e do
calcitriol. Os osteoclastos derivam das células hematopoiéticas e coordenam a reabsorção óssea,
processo fundamental à manutenção da qualidade óssea e ao controle mineral de cálcio.
Para que a criança e o adolescente possam cumprir seu potencial de crescimento, construir uma
boa massa óssea e manter a homeostase mineral, é fundamental que os vários hormônios, fatores de
crescimento, citocinas, receptores e tecidos envolvidos neste sistema metabólico estejam preservados.
Qualquer alteração nestes elementos pode representar a base fisiopatológica das várias doenças
ósteo-metabólicas, com comprometimento da síntese da matriz orgânica, sua mineralização, dos pro-
cessos de formação e reabsorção óssea, da qualidade óssea e/ou da homeostase mineral (gerando dis-
túrbios do cálcio, fosfato e magnésio).
As doenças ósteo-metabólicas que atingem a faixa pediátrica podem ser classificadas de acordo
com a lesão metabólica de base:
a- Distúrbios da Mineralização Óssea:
-raquitismos: nutricionais, hipofosfatêmicos, dependente de Vitamina D
-osteomalácia
b- Distúrbios da síntese quantitativa ou qualitativa de colágeno tipo 1:
-osteogênese imperfeita
c- Distúrbios do receptor-sensor de cálcio
-hipercalcemia hipocalciúrica familiar
d- Distúrbios do equilíbrio da atividade osteoblástica/osteoclástica e/ou da microarquitetura óssea:
-osteoporose juvenil idiopática -deficiência de GH
-insuficiência renal crônica / osteodistrofia renal -Síndrome de Fanconi
-Hipo/hiperparatireoidismo -Picnodisostose
-Osteopetrose -Hipercortisolismo
-Doença de Paget Juvenil (hiperfosfatasia crônica familiar)
e- Doenças primárias de outros órgãos ou tecidos: hipogonadismo, hipertireoidismo, diabetes
mellitus tipo 1, artrite reumatóide juvenil, lupus sistêmico, doença celíaca, doenças inflamatórias
intestinais, fibrose cística
f- secundárias ao uso crônico de medicamentos que interferem nas várias etapas do eixo ósteo-
metabólico: glicorticóides, imunossupressores, anticonvulsivantes
A osteoporose é uma doença ósteo-metabólica sistêmica, caracterizada por diminuição da massa
óssea e deterioração de sua microarquitetura, com conseqüente diminuição da resistência do osso e
maior suscetibilidade a fraturas. Esse processo não afeta apenas adultos. Crianças e adolescentes
também podem ser acometidos. Entretanto, o termo osteoporose é utilizado para indivíduos adultos,
que já atingiram o pico de massa óssea. Em pediatria, segundo as orientações da Sociedade Inter-
nacional de Densitometria Clínica, não seria adequado empregar as terminologias osteoporose e oste-
openia, pois crianças e adolescentes ainda não atingiram o pico de massa óssea, recomendando-se,
então, a expressão baixa massa óssea.
O método de escolha para se quantificar a massa óssea em pediatria é a absorciometria com dupla
emissão de raios-X (DEXA), a qual apresenta baixa exposição à radiação, é rápida e segura. A DEXA
avalia o conteúdo mineral ósseo (CMO, em gramas) e a densidade mineral óssea (DMO, em g/cm2,
47
densidade areal). Os sítios de avaliação da DMO em pacientes pediátricos são a coluna lombar (L1-
L4) e o corpo total.
Para a realização de densitometria óssea em crianças e adolescentes é imprescindível que o apa-
relho esteja vinculado a um banco de dados específicos destas faixas etárias. Os programas disponíveis
permitem realizar a DEXA a partir dos 5 anos de idade. Não se pode analisar o resultado da
densitometria de uma criança com um banco de dados de adultos.
Como durante o crescimento há alterações na geometria e no tamanho do osso, a interpretação da
densitometria óssea deve ser bastante criteriosa, sendo importante considerar o estadiamento puberal e
a idade óssea do indivíduo.
Bioquimicamente, a remodelação óssea pode ser avaliada pela dosagem de marcadores de
formação e de reabsorção, que são enzimas, proteínas não-enzimáticas ou seus fragmentos envolvidos
neste processo:
-marcadores de formação óssea: fosfatase alcalina (fosfatase alcalina óssea), osteocalcina e fragmentos
carboxi-terminal e amino-terminal do pró-colágeno tipo I
-marcadores de reabsorção óssea: piridinolina, deoxipiridinolina, produtos da degradação do colágeno
(N-telopeptídeo e C-telopeptídeo), fosfatase ácida tartrato-resistente.
Deve-se ter muito cuidado ao interpretar a dosagens destes elementos na faixa etária pediátrica.
O pediatra deve estar atento e pronto para prevenir problemas que comprometam a qualidade da
massa óssea da criança e do adolescente.
Deve-se estimular: atividade física regular; exposição adequada ao sol (para assegurar a síntese de
Vitamina D, mas evitar horários de sol forte); uma alimentação balanceada, suprindo as necessidades
diárias de cálcio (de acordo com a faixa etária; Tabelas 1 e 2) e de proteínas (importantes na formação
do tecido ósseo) e sem excessos de sódio (que aumenta a excreção renal de cálcio); evitar tabagismo,
etilismo e uso abusivo de bebidas carbonatadas.
Gestantes e nutrizes devem ter bastante cautela com sua alimentação, uma vez que o feto e o
lactente requerem maior quantidade de cálcio devido à rápida mineralização do esqueleto nestas fases.
Alguns estudos populacionais mostram que cerca de 75% dos indivíduos (incluindo todas as faixas
etárias) não cumprem as necessidades diárias de cálcio.
48
-Conclusões:
Os cuidados com a qualidade da massa óssea da criança devem começar durante a gestação. Uma
série de alterações metabólicas ocorre na gestante e na nutriz para assegurar um aporte adequado de
cálcio ao feto e ao lactente, fases em que há intensa e rápida mineralização do esqueleto.
A prevenção de distúrbios ósteo-metabólicos é mais eficaz e preferível ao tratamento.
Em algumas situações, a osteoporose pode ser analisada como uma doença pediátrica com
repercussões geriátricas, conseqüente a um baixo pico de massa óssea atingido.
É fundamental que o pediatra reconheça e intervenha nas situações que comprometam a aquisição
de massa óssea. Na consulta pediátrica, a anamnese também deve abordar este aspecto, procedendo-se
com orientações precisas para a promoção da qualidade do “banco de massa óssea” que o indivíduo
está construindo. Só assim pode-se instituir medidas preventivas ou terapêuticas em tempo hábil,
evitando-se o comprometimento do desenvolvimento global da criança e do adolescente.
1- Baim S, Leonard MB, Bianchi ML et al. Official Positions of the International Society for Clinical
Densitometry and executive summary of the 2007 ISCD Pediatric Position Development Conference.
J Clin Densitom. 2008;11(1):6-21.
2- Baroncelli GI, Bertelloni S, Sodini F, Saggese G. Osteoporosis in children and adolescents: etiology
and management. Paediatr Drugs. 2005;7(5):295-323.
3- Bianchi ML. Osteoporosis in children and adolescents. Bone. 2007 Oct;41(4):486-95. Epub 2007
Jul 18.
4- Cooper C, Harvey N, Javaid K et al. Growth and bone development. Nestle Nutr Workshop Ser
Pediatr Program. 2008;61:53-68.
5- Davies JH; Evans BA, Gregory JW. Bone mass acquisition in healthy children. Arch Dis Child
2005; 90:373-378.
6- Gelfand IM, DiMeglio LA. Bone Mineral Accrual and Low Bone Mass: A Pediatric Perspective.
Rev Endocr Metab Disord. 2005; 6(4):281-289.
7- Horowitz MC, Fretz JA, Lorenzo JA. How B cells influence bone biology in health and disease.
Bone. 2010 Sep;47(3):472-9
8- Kovacs CS. Calcium and Bone Metabolism in Pregnancy and Lactation. J Clin Endocr Metab 2001;
86(6):2344-48.
9- McKay CP, Portale A. Emerging topics in pediatric bone and mineral disorders 2008. Semin
Nephrol. 2009;29(4):370-8.
10- Pacifici R. T cells: critical bone regulators in health and disease. Bone. 2010;47(3):461-71.
11- Pérez-López FR, Chedraui P, Cuadros-López JL. Bone mass gain during puberty and adolescence:
deconstructing gender characteristics. Curr Med Chem. 2010;17(5):453-66.
12- Pitukcheewanont P, Punyasavatsut N, Feuille M. Physical activity and bone health in children and
adolescents. Pediatr Endocrinol Rev. 2010;7(3):275-82.
13- Sawyer AJ; Bacharach LK; Fung EG. Bone Densitometry in Growing Patients – Guidelines for
Clinical Practice. Humana Press Inc. 2007.
- VISÃO ENDOCRINOLÓGICO-PEDIÁTRICA
Luiz Cláudio Gonçalves de Castro
Área da Medicina da Criança e do Adolescente, Hospital Universitário de Brasília, UnB
49
tardia) e em outras causas de insuficiência adrenal (quando são utilizados em doses fisiológicas), os
CE são prescritos em doses suprafisiológicas. A dose fisiológica do cortisol é de 8 a 12 mg/m2/dia.
Para se ter uma idéia, ao seu utilizar uma dose de 1,5mg/kg/dia de prednisolona para controle de crise
de broncoespasmo em uma criança de 20 kg, essa dose seria o equivalente a 190mg/m2/dia de cortisol,
ou seja, 15 a 24 vezes a dose fisiológica.
O uso de CE sistêmico superior a 7 dias pode promover o bloqueio do eixo hipotálamo-hipófise-
adrenal (HHA), através do mecanismo de feedback negativo. Desta forma, se o CE for utilizado por
um período superior a 7 dias, o mesmo não deve ser suspenso abruptamente, mas sua administração
deve ser descontinuada gradativamente, procurando-se garantir que ao término da corticoterapia o eixo
HHA esteja completamente desbloqueado. O objetivo dessa conduta é evitar que o paciente
desenvolva um quadro de insuficiência adrenal. A recuperação total da função do eixo HHA é
bastante lenta, podendo todo este processo levar de 6 a 9 meses para se regularizar. Após a suspensão
do CE, apesar da secreção basal de CE pela adrenal estar normalizada, a resposta ao estresse pode
ainda ser inadequada. Assim, durante o período de descontinuação da corticoterapia, independente do
esquema utilizado, quando o paciente enfrentar situações de estresse (seja metabólico, infeccioso ou
outra causa), deve-se aumentar a dose do corticóide para dose de estresse até controle da situação do
estresse, e, então, retornar ao esquema de retirada. Nesse período o paciente deve ser avaliado de
próximo durante os primeiros 9 meses após a suspensão da corticoterapia e a família estar atenta para
os sinais e sintomas de insuficiência adrenal.
O uso de CE, qualquer que seja a via de adminstração (oral, intravenosa, inalatória ou tópica),
pode estar associado a alterações no metabolismo sistêmico, como alterações eletrolíticas,
dislipidemias, resistência insulínica, diabetes mellitus, hipovitaminose D, hipertensão arterial,
infecções oportunistas, síndrome de Cushing exógena e alterações do metabolismo ósteo-mineral,
comprometendo o crescimento de crianças e adolescentes e promovendo desminiralização e
deterioração da arquitetura óssea em adultos.
Nesse simpósio discutiremos as indicações endocrinológicas dos CE, seus efeitos adversos, como
minimizar o risco desses acontecerem e a importância da individualização do tratamento baseado em
conceitos de farmacogenômica.
1- Baschant U, Tuckermann J. The role of the glucocorticoid receptor in inflammation and immunity.
J Steroid Biochem Mol Biol. 2010;120(2-3):69-75.
2- Clore JN, Thurby-Hay L. Glucocorticoid-induced hyperglycemia. Endocr Pract. 2009;15(5):469-
74.
3- Curtis JR, Westfall AO, Allison J et al. Population-based assessment of adverse events associated
with long-term glucocorticoid use. Arthritis Rheum. 2006;55(3):420-6.
4- De Nijs RN. Glucocorticoid-induced osteoporosis: a review on pathophysiology and treatment
options. Minerva Med. 2008;99(1):23-43.
5- Hochberg Z. Mechanisms of steroid impairment of growth. Horm Res. 2002;58 Suppl 1:33-8.
6- Ma RC, Kong AP, Chan N, Tong PC, Chan JC. Drug-induced endocrine and metabolic disorders.
Drug Saf. 2007;30(3):215-45.
7- McDonough AK, Curtis JR, Saag KG. The epidemiology of glucocorticoid-associated adverse
events. Curr Opin Rheumatol. 2008;20(2):131-7.
8- Moghadam-Kia S, Werth VP. Prevention and treatment of systemic glucocorticoid side effects. Int
J Dermatol. 2010;49(3):239-48.
9- Niu N, Manickam V, Kalari KR eet al. Human glucocorticoid receptor alpha gene (NR3C1)
pharmacogenomics: gene resequencing and functional genomics. J Clin Endocrinol Metab.
2009;94(8):3072-84.
10- Olney RC. Mechanisms of impaired growth: effect of steroids on bone and cartilage. Horm Res.
2009;72 Suppl 1:30-5.
11- Thomas Z, Bandali F, McCowen K, Malhotra A. Drug-induced endocrine disorders in the
intensive care unit. Crit Care Med. 2010;38(6 Suppl):S219-30.
12- Uzu T, Harada T, Sakaguchi M et al. Glucocorticoid-induced diabetes mellitus: prevalence and
risk factors in primary renal diseases. Nephron Clin Pract. 2007;105(2):c54-7.
50
- VISÃO DO REUMATOLOGISTA
Leandro Crispim de Oliveira Lacerda
Serviço de Reumatologia, Hospital Universitário de Brasília, UnB
Desde o primeiro uso dos corticosteróides em 1950 para tratar pacientes com artrite reumatóide, os
efeitos anti-inflamatórios e imunossupressores da corticoterapia têm sido a salvaguarda dos
reumatologistas no manejo das doenças reumáticas.
É verdade que, com o advento de fármacos com maior potencial imunossupressor/imunomodulador
e menor risco de parefeitos, a corticoterapia tem sido considerada, de uma maneira geral, como terapia
adjunta ou de resgate nos casos graves em que se pretende salvar a vida ou assegurar a saúde de órgãos
nobres.
Racionalizando-se o uso da corticoterapia com base nas suas formulações, o reumatologista pode
assim aplicá-la na sua prática clínica diária:
- Uso tópico: tratamento de manifestações cutâneas, sobretudo às comuns no lúpus. Formulações de
baixa à alta potência serão utilizadas respeitando-se a extensão e o local das lesões. O uso da
corticoterapia tópica, na forma de colírios, também é freqüente no manejo de manifestações oculares
como as uveítes que acompanham algumas doenças auto-imunes.
- Uso intramuscular: formulações de depósito são utilizadas, geralmente em uma ou poucas doses, para
controle de manifestações articulares de doenças inflamatórias ou de sintomas relacionados aos
chamados reumatismos de partes moles;
- Infiltrações: corticosteróides de depósito de média ou alta potência são utilizados para infiltrações
intra-articulares e das afecções de partes moles, como as tendinopatias e bursites;
- Uso oral: é a formulação mais usada no dia-a-dia do reumatologista. As doses variam de 0,25 a
1mg/kg/dia, com ajustes posológicos realizados conforme gravidade inicial e controle clínico da
doença. Em muitas afecções, tem sido utilizada como terapia adjunta inicial até que os efeitos dos
fármacos modificadores do curso de doença, habitualmente de ação lenta, sejam observados;
- Uso parenteral: restrito mas de grande valia para o controle rápido de manifestações graves do lúpus
eritematoso sistêmico, não articulares da artrite reumatóide, casos especiais das espondiloartrites e das
vasculites primárias;
Independente da formulação escolhida, atenção especial deve ser dada aos efeitos adversos
comuns, e não raro graves, da corticoterapia. As recomendações gerais são de menor tempo de uso,
com a menor dose efetiva para se alcançar o resultado almejado. A osteoporose induzida por corticóide
exige atenção especial do reumatologista, que deverá lançar mão de profilaxia primária adequada
(cálcio, vitamina D) nos casos em que se vislumbre uso de doses iguais ou superiores a 5mg/dia de
prednisona (ou de seu equivalente) por mais de 3 meses.
Apesar da natureza ambígua da corticoterapia, representada por uma tênue linha entre seus
benefícios e efeitos adversos; apesar da terapia biológica que pulula como novidade em tratamento
direcionado a alvos; o reumatologista não abandona, e talvez nunca abandonará, seu uso: com essa
velha nau, ainda de valor inconteste, ele singrará entre muitas tempestades.
1. Anna Dorai-Raj and Leslie Schrieber. The role of corticosteroids in rheumatology. Aust Prescr
1998;21:11-4.
2. Annil Mahajan*, Vishal R Tandon. Corticosteroids In Rheumatology: Friends or Foes. JIACM 2005;
6(4): 275-80.
51
- O USO DE CORTICÓIDE INALATÓRIO PARA O CONTROLE DA ASMA EM CRIANÇAS
E ADOLESCENTES: RISCOS E EFETIVIDADE.
Carmem Lívia Martins
Serviço de Pediatria, Hospital Universitário de Brasília, UnB
Introdução e justificativa:
A asma é a doença crônica pediátrica mais frequente, que interfere na qualidade de vida do
paciente com frequentes idas ao PS( responsável por 16% dos atendimentos) e internações, relevante
absenteísmo escolar, limitação de atividades fisicas, distúrbios do sono e associação com outras co-
morbidades.E como qualquer outra doença crônica da infância, ela pode causar prejuízos no
crescimento e desenvolvimento da criança acometida.Daí a importância do diagnóstico e tratamento
precoce, cujo padrão ouro é o uso de corticóide inalatório pelo tempo necessário.
Porque utilizar os corticóides pela via inalatória?
Considerando o grande efeito antiinflamatório dos glicocorticóides, e com o objetivo de se
conseguir uma efetiva ação tópica com baixa repercussão sistêmica, eles foram desenvolvidos,
ganhando maior destaque a partir da decada de 70 com o surgimento do dipropionato de
beclometasona. Atualmente são também disponíveis:budesonida, fluticasona, ciclesonida, mometasona
e outros.
Como agem os corticóides inalatórios?
São descritos os mesmos mecanismos dos sistêmicos
Mecanismos moleculares; ligam-se aso receptores de glicocorticóides no citoplasma, o complexo
penetra no núcleo e se liga ao DNA ;reprime ou ativa atranscriação genética de diferentes mecanismos
de ação celular.
Outras ações:aumento do número de receptores Beta, dimunição da produção e da ação dos
mediadores da inflamação,aumento da produção de substâncias anti-inflamatóriras: ex:lipocortina
1(inibe a fosfolipase A2, que inibe a liberação do ácido araquidônico , interferindo na via da
ciclooxigenase)
Qual a importância da biodisponibilidade sistêmica dos corticóides inalatórios?
Ela interfere diretamente nos efeitos adversos sistêmicos dos corticóides inalatórios.(Figura 1)
A biodisponibilidade sistêmica depende da quantidade e da velocidade que a medicação alcança a
corrente sanguinea, e é representada pela somatória das biodisponibilidade pulmonar e oral(que é
absorvida pelo trato gastrointestinal e que passa pelo fígado)
Qual o papel do figado na biodisponibilidade do corticóide inalatório?
Cerca de 45-90% do corticóide inalatório se deposita na orofaringe durante o seu uso, sendo em
seguida deglutido e absorvido pelo trato digestivo. Porém, antes de alcançar a corrente sanguínea ele
sofre uma metabolização no figado quando ocorre a inativação de grande parte do medicamento,
reduzindo os efeitos sistêmicos adversos.
A deposição pulmonar do corticóide inalatório interfere no tratamento e na biodisponibilidade
sistêmica do medicamento?
Sim, o efeito terapêutico dos corticóides dependem da quantidade de deposição pulmonar. Que
depende de: técnica inalatória, dispositivo inalatório, tipo de propelente no aerossol e tipo do
corticóide.
Por outro lado, a deposição pulmonar interfere diretamente na biodisponibilidade sistêmica do
medicamento pois não sofre a ação da inativação hepática.
52
Qual seria o corticóide ideal?
Aquele que conseguissem uma ação tópica antinflamatória máxima com uma repercussão sistêmica
mínima:
- Grande deposição pulmonar;
- Ligação com as proteínas plasmáticas na corrente sanguínea
- Depuração hepática imediata
- Disponibilidade oral baixa;
- Formulação pró-droga inativa e apenas ativando-se somente no tecido pulmonar.
Qual o papel dos corticóides inalatórios no tratamento da asma?
O corticóide inalatório atualmente é considerado o tratamento mais eficaz da asma pois:melhora a
função pulmonar, reduz a hiperrresponsividade brônquica, reduz os sintomas, reduz a frequencia e
gravidade das crises, previne o óbito e melhora a qualidade de vida do portador da doença.Ele
representa a primeira opção do tratamento de manutenção do paciente com asma persistente de
qualquer gravidade.
Os corticóides em baixa doses promovem melhora clinica e funcional na faixa etária pediátrica,
devendo ser mantidos na menor dose em que se obtiver o controle e com um bom acompanhamento
para prevenir possíveis efeitos sistêmicos.
Qual o melhor dispositivo inalatório a ser utilizado?
A escolha deve ser individualizada observando-se alguns aspectos como a preferência pessoal e a
capacidade de utilização dos vários dispositivos inalatórios, que podem ser:nebulizadores, aerossóis
dosimetrados ou inaladores de pó seco. Por exemplo:pacientes neuropatas podem ter dificuldades para
usar os aerossóis ou inalantes de pó.
A escolha do dispositivo correto aliado a técnica inalatória adequada são os principais
deteminantes da boa deposição pulmonar do medicamento e consequentemente do sucesso terapêutico
e prevenção dos efeitos adversos. Exemplo disto é o fato da utilização de espaçadores com os aerossóis
diminuirem a deposição oral do medicamento e consequentemente os efeitos adversos locais.
Quais são os efeitos adversos dos corticóides inaltórios?
1. Locais: disfonia ou rouquidão(miopatia nas cordas vocais reverível com a suspensão do
medicamento); candidíase(diminuição local da imunidade ou aumento da glicose salivar); tosse(pelos
propelentes dos aerossóis); hipertrofia da lingua(raro devido a hipertrofia da musculatura e deposição
gordurosa, revesivel); dermatite perioral(com uso de aerossóis, reversivel) e sensação de sede(por
irritação da garganta).
2. Osteoporose:diferentemente de adultos, os estudos em crianças em uso de corticóide inalatório não
demonstraram a diminuição da densidade mineral óssea.
3. Supressão do Eixo hipotálamo-hipófise-adrenal:estudos demonstram que pode haver
supressão:doses altas de CI,tempo prolongado e tipo de corticóide.
4. Crescimento:estudos demonstram uma diminuição da velocidade de crescimento no inicio do
tratamento sem no entanto afetar a estatura final.Por outro lado, a própria doença não controlada,
53
necessitando cursos de corticóide oral parece contribuir de forma mais deletéria sobre o crescimento da
criança portadora de asma.
5. Outros:miopatias, glaucoma, catarata, adelgaçamento da pele e equimoses.
Como prevenir os efeitos adversos locais dos Corticóides Inalatórios(CI)?
1. Lavar a boca, sem deglutir, após o uso dos aerossóis;
2. Usar espaçadores com os aerossóis;
3. Dar preferência a dose unica ao dia;
4. Usar a menor dose possivel de CI;
5. Técnica inalatória adequada, revisada a cada consulta.
Considerações Finais
Os corticóides inalatórios são fundamentais no tratamento do paciente portador de asma
persistente, não apresentando na maioria das vezes efeitos sistêmicos importantes.
O tratamento de manutenção com corticoide inalatorio previne as crises, e evita o uso frequente de
corticoide oral sistêmico.
O padrão ouro no tratamento da asma é o uso precoce de corticóide inalatório.
O objetivo do tratamento é o controle da doença por meio do controle da inflamação.
IV Diretrizes Brasileiras para o Manejo da Asma-2006
III Consenso Brasileiro no Manejo da Asma.Jornal de Pneumologia.Volume 28.Suplemento 1.Junho de
2002
Guia para o Manejo e a Prevenção da Asma.GINA.2006
Modelamento e remodelamento das vias respiratórias na patogênese da Asma.Stephanie M.Warner e
Darryl A. Knight:Current Opinion in Allergy and Clinical Immunology 2008, 8:44-48.
http://www.unifesp.br/dmed/pneumo/Dowload/Corticoide%20inalatorio.pdf em 09-12-2010.
Major side effects of inhaled glucocorticoids. Authors:Kenneth G Saag, MD, MSc.,Daniel E Furst,
MD.,Peter J Barnes, DM, DSc, FRCP, FRS.Section Editors Bruce S Bochner, MD. Robert A Wood,
MD. Deputy Editor.Helen Hollingsworth, MD.Last literature review version 18.2: Maio 2010 | This
topic last updated: Setembro 25, 2009 (More)
1 - Introdução:
- A depressão e os antidepressivos
A WHO (World Health Organization - Organização Mundial de Saúde) considerou, em 1990, que
a depressão maior unipolar foi a principal causa de “anos vividos com incapacitação” em países
desenvolvidos e que em 2020 será também a maior causa em mulheres também em países em
desenvolvimento (Menezes; Nascimento, 2001). Atualmente, em todo o mundo, é a quarta doença que
mais causa perda de anos de vida produtiva (Murray; Lopez, 1997a) sendo a previsão para 2020 é que
seja a segunda, atrás apenas das doenças isquêmicas do coração (Murray; Lopez, 1997b). Em um
estudo na cidade de São Paulo, um estudo apresentou a prevalência ao longo da vida de 16,8 % para
episódio depressivo segundo os critérios da CID-10 (Moreno; Dias, 2002).
Principais drogas antidepressivas, mecanismo de ação e dosagens terapêuticas (Janicak et al.,
1996, Stahl 1998, Oliveira e Sena 2006)
- Tricíclicos: inibem a recaptação de serotonina, noradrenalina, têm efeito anti-histaminíco (H1),
anticolinérgico/antimuscarínico (M1) e antagonismo alfa-adrenérgico (α1).
Drogas e dosagens: imipramina (Tofranil): 75-300 mg/dia, amitriptilina (Tryptanol): 75-300
mg/dia, clomipramina (Anafranil): 75-300 mg/dia e nortriptilina (Pamelor): 50-150 mg/dia.
54
- Inibidores da monoaminoxidase (IMAO): inibem a enzima monoaminoxidase, que metaboliza a
serotonina e a noradrenalina, aumentando assim a oferta desses neurotransmissores nas sinapses.
Drogas e dosagens: tranilcipromina (Parnat): 20-60 mg/dia e moclobemida (Aurorix): 300-600
mg/dia.
- Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS): inibem a recaptação de serotonina, com
conseqüente aumento da oferta de serotonina nas sinapses.
Drogas e dosagens: fluoxetina (Prozac): 20-80 mg/dia, sertralina (Zoloft): 50- 200 mg/ dia,
paroxetina (Aropax): 20-60 mg/dia, fluvoxamina (Luvox) 100-300 mg/dia, citalopram
(Cipramil): 20-60 mg/dia e escitalopram (Lexapro): 10-20 mg/dia.
- Inibidores seletivos da recaptação de serotonina e noradrenalina (ISRSN): inibem a recaptação de
serotonina e noradrenalina.
Drogas e dosagens: venlafaxina (Efexor): 75-375 mg/dia, mirtazapina (Remeron) 30-45
mg/dia, duloxetina (Cymbalta): 60-120 mg/dia.
- Inibidor seletivo da recaptação de noradrenalina e dopamina (ISRND): inibe a recaptação de
noradrenalina e dopamina.
Droga e dosagem: bupropiona (Wellbutrin) 300-450 mg/dia.
2 – Interações medicamentosas: Definições (Cozza, Armstrong e Oesterheld, 2003)
2.1 - Interações farmacodinâmicas:
São aquelas causadas pela influência de uma droga no efeito de outra no seu sítio final de ligação
ou receptor (ou órgão alvo). Um exemplo é a associação entre antidepressivos tricíclicos e inibidores
da MAO podendo causar a síndrome serotoninérgica central.
2.2 – Interações farmacocinéticas:
São aquelas causas pelo efeito de uma droga no trajeto da outra pelo corpo.
- Interação na absorção:
Causada por uma droga na via de entrada da outra no corpo, usualmente no trato gastrointestinal.
Podem ser influenciadas por alteração no PH gástrico, alimentos, bloqueio mecânico ou quelação e
perda da flora bacteriana local.
- Interação na distribuição
Interação de uma droga no trânsito de outra pelo corpo, caracteristicamente ocorre como resultado de
alterações nas ligações com proteínas plasmáticas.
- Interação metabólica
Alteração na biotransformação de um composto na sua forma ativa ou metabólito que será excretado.
Em geral resulta por um bloqueio ou aumento do metabolismo enzimático.
- Interação na excreção
Alteração na capacidade de eliminar uma droga inalterada ou metabolito do corpo.
2.3 – Metabolismo
- Enzimas do citocromo P 450.
Existem na natureza mais 200 enzimas do citocromo P 450, sendo que pelo menos 40 são encontradas
em humanos. As mais comuns (responsáveis por cerca de 90 % da atividade metabólica são: 1A2,
3A4, 2C9, 2C19, 2D6 e 2E1.
- Inibição enzimática:
Drogas metabolizadas por uma mesma enzima irão por vezes competir ou compartilhar os mesmos
sítios enzimáticos , uma prejudicando a metabolização da outra.
- Indução enzimática:
Uma droga pode aumentar os sítios de metabolização de outra, consequentemente aumentando a
metabolização da segunda.
55
3 – Principais drogas antidepressivas e vias de metabolização (Wynn et al, 2009):
MENEZES, P.R.; NASCIMENTO, A. F. Epidemiologia da depressão nas diversas fases da vida. In:
LAFER, B.; ALMEIDA, O .P.; FRÁGUAS JUNIOR, R.; MIGUEL, E. C. Depressão no Ciclo da
Vida. Porto Alegre: Artmed, 2001. p.29-36.
KAPLAN, H.; SADOCK, B.; GREEB, J. Compêndio de Psiquiatria, Ciências do Comportamento e
Psiquiatria Clínica. 7.ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.1169p.
MURRAY, C.J.; LOPEZ, A.D. Global mortality, disability, and the contribution of risk factors:
Global Burden of Disease Study. Lancet, v.349, p.1436- 1442, 1997a.
MURRAY, C.J.; LOPEZ, A.D. Alternative projections of mortality and disability by cause 1990-
2020: Global Burden of Disease Study. Lancet, v.349, p.1498-1504, 1997b.
JANICAK, P.G.; DAVIS, J.M.; PRESKORN, S.H.; AYD JR, F.J. Princípios e práticas em
psicofarmacologia. Rio de Janeiro: Medsi, 1996. 540p.
MORENO, D.H.; DIAS, R.S. Epidemiologia. In: MORENO, R.A; MORENO, D.H. Transtorno
Bipolar do Humor. São Paulo: Lemos Editorial, 2002. p.97-109.
STAHL, S.M. Psicofarmacologia – Bases neurocientíficas e aplicações clínicas. Rio de janeiro:
Medsi, 1998. p.149-188.
COZZA, LK, ARMSTRONG, SC, OESTERHELD JR, Princípios da interações medicamentosas na
prática clinica,Amercican Psychiatric Publishing, Washington, 2003, 519 p
WYNN GH, COZZA, LK, ARMSTRONG, SC, OESTERHELD JR. Manual Clínico Sobre os
Princípios das Interações Medicamentosas para a Prática Médica
56
MESA REDONDA: PREVENÇÃO DO CÂNCER
- PRÓSTATA
Marcus Vinícius Osório Maroccolo
Serviço de Urologia do Hospital Universitário de Brasília, Universidade de Brasília
O câncer de próstata é a segunda neoplasia maligna mais comum em homens, sendo superado
apenas pelos tumores de pele não-melanomas, e o segundo em mortalidade, precedido apenas pelo
câncer de pulmão.
Apesar de sua alta incidência, existe um número muito maior de tumores sem significância clínica
(tumores latentes), onde alguns relatos mostram que essa forma é encontrada em autópsias em até 30%
dos homens acima de 50 anos. Entre os tumores com importância clínica, existe ainda uma grande
variação no seu comportamento biológico e no seu potencial metastático.
A incidência de tumores prostáticos diagnosticados em autópsias é semelhante nas diferentes
regiões do mundo, envolvendo diferentes etnias , contrastando com a incidência de câncer de próstata
de importância clinica, que é alta nos Estados Unidos e nos países da Escandinávia e baixa no sudeste
da Ásia. Estes achados indicam que o risco de progressão do câncer latente para a sua forma clínica
pode ser afetado por fatores exógenos.
O câncer de próstata é uma doença do envelhecimento. Seu diagnóstico é raro antes dos 50 anos,
com um pico de incidência entre 70 e 74 anos, sendo que em 85% dos casos o diagnostico é feito após
os 65 anos de idade.
A etiologia é desconhecida, porém alguns fatores de risco, além da idade, foram identificados:
Hereditariedade: o risco de desenvolvimento do câncer de próstata dobra na presença de um
parente de primeiro grau com a doença. Com 2 ou mais parentes o risco aumenta de 5 a 11 vezes.
Raça: entre a população americana, os homens da raça negra apresentam uma incidência 50%
maior em relação aos brancos.
Influência hormonal: a maioria das células prostáticas é hormônio-sensível e cresce rapidamente
na presença da testosterona. A castração reduz drasticamente o crescimento tumoral.
Hábitos de vida: vários estudos na literatura têm demonstrado uma associação entre o câncer de
próstata e uma dieta rica em gordura animal e carne vermelha. Associação inversa tem sido
demonstrada na dieta rica em soja, derivados do tomate (licopeno), selênio e vitamina E. Alguns
trabalhos relatam ainda um risco aumentado na baixa exposição ao sol devido aos níveis diminuídos
de vitamina D.
Entende-se por prevenção, um conjunto de ações que visam atuar nos fatores de risco
identificáveis que levam ao desarranjo celular que ocorre nas fases iniciais da doença. Em relação ao
câncer de próstata nem todos esses fatores podem sem alterados, como é o caso da idade,
hereditariedade e raça.
A mudança dos hábitos de vida é uma importante forma de prevenir a doença. Estudos
evidenciaram uma provável redução no risco de desenvolvimento do câncer de próstata em pacientes
que desenvolvem atividades físicas de forma regular. A redução do consumo de gorduras saturadas e o
consumo freqüente de derivados da soja, frutas e vegetais, bem como alimentos ricos em Omega-3,
vitamina E e selênio estão associadas a um menor risco de desenvolver a doença.
Diversos trabalhos, alguns ainda em andamento, relatam um papel das drogas inibidoras da
enzima 5-α redutase na prevenção dos tumores prostáticos, atuando assim no fator hormonal
relacionado com a doença.
Em relação aos fatores de risco que não podem ser alterados como idade, hereditariedade e raça, o
exame de rastreamento realizado com a dosagem do antígeno prostático específico (PSA) e com o
exame de toque retal, muitas vezes iniciado precocemente, pode desempenhar um papel fundamental
no diagnóstico precoce da doença e na decisão terapêutica adequada, aumentando assim as taxas de
cura da doença e diminuindo os efeitos adversos do tratamento.
57
- O PAPEL DO HPV NA ETIOPATOGENIA DO CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO
Eliete Neves da Silva Gerra
Departamento de Odontologia, Faculdade Ciências da Saúde, UnB
58
CONFERÊNCIA: NOVO CÓDIGO DE ÉTICA
Desde a promulgação do Código de Ética Médica (CEM) em 1988, numerosos eram os desafios
que exigiam respostas imediatas ante o avanço da ciência e da polêmica que envolve temas
conflituosos que clamam por posicionamentos norteadores por parte dos conselhos de medicina. Em
boa hora, o Conselho Federal e os conselhos regionais de medicina autorizaram a revisão do CEM. Os
desafios foram muitos, mas a vontade de contribuir impeliu os membros da Comissão Nacional de
Revisão do Código de ética médica e das comissões estaduais a caminhar juntos, buscando o melhor
para a medicina brasileira e a sociedade.
As 2.677 propostas enviadas pelos médicos e órgão representativos da sociedade foram, na
totalidade, analisadas, selecionadas, reavaliadas e submetidas à discussão. Como resultado,
vislumbramos um código com estrutura de moral máxima (princípios fundamentais do exercício da
medicina e direitos dos médicos) e mínima (normas deontológicas). As tarefas foram cumpridas ao
longo das discussões da comissão nacional, que envolveram a análise comparada dos códigos de ética
médica de outros países, estudo das resoluções exaradas pelo Conselho federal de Medicina (CFM)
desde 1988, apreciação das decisões judiciais envolvendo o CEM de 1988, incorporação de dilemas
bioéticos e a manutenção do código organizado em seu esquema clássico, composto por princípios,
direitos e deveres. Nosso código de ética contém artigos com recomendações de caráter pedagógico,
determinações deontológicas e outros com caráter deontológico e legal. Os 25 princípios fundamentais
elencados referem-se, de modo ordenado, a princípios bioéticos da universalidade, atenção à saúde,
honra e dignidade profissional, prestígio da medicina, atualização profissional, respeito à vida humana,
autonomia do médico, eficácia profissional, não mercantilização, preservação do trabalho médico,
confidencialidade, segurança do trabalho, preservação do ecossistema, saúde coletiva, solidariedade
profissional, indicação de procedimentos diagnósticos e terapêuticos, respeito interprofissional,
respeito mútuo, legalidade, natureza assistencial, autonomia do paciente, respeito à ética no fim da
vida, desenvolvimento científico com responsabilidade social, pesquisa em seres humanos e
responsabilidade com as gerações futuras.
No capítulo referente a documentos médicos, são definidos de forma clara o conteúdo dos dados
que devem fazer parte do prontuário, sua guarda e quando o médico pode liberar cópias.Também
explicita a possibilidade de o médico apresentar o prontuário em defesa própria, preservando-se o
sigilo profissional, e a obrigatoriedade de que ateste atos executados no exercício profissional, quando
solicitado pelo paciente ou por seu representante legal. O capítulo que trata do ensino e pesquisa
médica dá ênfase à necessidade da obtenção da aprovação de protocolo para realização de pesquisa em
seres humanos, de acordo com a legislação vigente, bem como a obtenção do termo de consentimento
livre e esclarecido para realização da pesquisa.
A auditoria e a perícia médica recebem atenção especial no Código com as resoluções CFM
1.614/01 e 1.635/02. O art. 95 do CEM proíbe claramente a realização de exames médico-periciais de
corpo de delito em seres humanos no interior de prédios ou dependências de delegacias de polícia,
unidades militares, casas de detenção e presídios. O Código amplia significativamente o princípio
bioético da autonomia do paciente. Veda, porém, de forma clara e precisa, a execução da eutanásia,
em qualquer circunstância, deixando, no entanto, a obrigatoriedade de o médico, em ocasiões de
doenças incuráveis ou terminais, oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis e se abster da
prática da distanásia.
Existem preceitos jurídicos e religiosos que precisam ser obedecidos. Para os exegetas da
ascendência comum do Direito e da Medicina, os dois ramos dessa árvore do conhecimento se
puseram em conflito: de um lado, o médico que tem como verdade o respeito à vida e à pessoa, que
constitui seu dever primordial, de acordo com as normas morais que a própria profissão impõe; de
outro, o ordenamento jurídico vigente. Sua atenção pode não só carreara benefícios, mas, infelizmente,
provocar resultados adversos à própria saúde do paciente, que pode se socorrer da justiça para fazer
valer seus direitos fundamentais e inalienáveis. É sempre salutar afirmar que a práxis médica se
59
fundamenta no compromisso com a vida e a saúde, na terapêutica do serviço desinteressado e na
autonomia técnico-científica.
O médico precisa assumir as condições de pai ou mãe, psicólogo, sacerdote, conselheiro e,
sobretudo, amigo. Precisa transmitir segurança ao paciente, sem nenhuma atitude arrogante. O médico
com conhecimento de suas limitações e capacidade de superá-las sempre será um bom médico.
60
CLÍNICA MÉDICA
1. MALÁRIA IMPORTADA DA ÁFRICA – RELATO DE CASO
João Barberino Santos, Anna Paula Lopes de Oliveira, Cássia Carvalho de Siqueira, Ana Helena
Germoglio
Núcleo de Medicina Tropical, Faculdade de Medicina, Universidade de Brasília, Brasília-DF.
JUSTIFICATIVA: A malária é a mais importante doença parasitária do mundo com maior
prevalência no Continente Africano, onde causa grande número de óbitos. No Distrito Federal, os
casos de malária falciparum importados da África geralmente são graves, com elevada parasitemia,
resistência aos antimaláricos de uso comum e, propensos ás complicações. OBJETIVO: Relatar caso
de malária grave por P. falciparum procedente da África. DESCRIÇÃO: W.L.V.O., 35 anos,
masculino, natural de Uruaçu-GO, residente em Brasília e procedente de Luanda-Angola. Paciente
retornou de Luanda em 23 de junho de 2010 apresentando febre alta (40°C) contínua, com sudorese e
calafrios, associada a anorexia, astenia, cefaléia, náuseas, vômitos, mialgia generalizada, dor intensa
abdominal e dispnéia moderada. Nega diarréia, oligúria, hemorragias, artralgia e convulsão. No dia 03
de julho, devido à persistência da febre, piora da dispnéia, surgimento de disfagia e odinofagia,
procurou o PS do HRAN, sendo internado no dia 04/07. Ao exame físico, palidez mucocutânea
(2+/4+), desidratação (3+/4+), icterícia (2+/4+), hepatomegalia a 4cm de RCD, esplenomegalia
dolorosa e crepitações pulmonares. O diagnóstico parasitológico de malária por P. falciparum foi feito
no dia 05/07, no LACEN, com parasitemia inicial de 200 mil parasitos/mm3. O paciente foi tratado
com artesunato (dose inicial de 2,4mg/kg, seguida de 1,2mg/kg no segundo e terceiro dias) e
clindamicina (20mg/kg/dia, durante sete dias), com queda progressiva da parasitemia. Desenvolveu
complicações de pancreatite aguda (amilase = 335 U%) e insuficiência renal aguda (uréia = 223 mg%
e creatinina = 4,9 mg%), sendo transferido para a UTI do HRSM onde permaneceu sete dias internado,
porém sem necessidade de diálise. Retornou ao HRAN em 16/07 com febre diária e hemocultura
positiva para MRSA; suspeito de estar com endocardite bacteriana, passou a fazer uso de vancomicina,
obtendo melhora clínica. CONCLUSÃO: Embora haja registros de malária grave por P. vivax, a
gravidade é geralmente determinada por P. falciparum. A atenção deve ser redobrada aos pacientes
com malária falciparum procedentes da África, pelo maior risco de complicações e de óbito
conseqüentes ás cepas quimiorresistentes determinantes de elevadas parasitemias, e agravado pelo
atraso no diagnóstico e tratamento.
61
sinais mais encontrados foram: palidez (57%), desidratação (39%), icterícia (36%), sangramentos
(36%), esplenomegalia (21%) e hepatomegalia (15%). Apenas um paciente apresentou complicação
(hipoglicemia), devidamente corrigida. Plasmodium vivax causou 73% dos casos e P. falciparum 27%;
um paciente teve co-infecção pelas duas espécies. O tempo médio entre o início dos sintomas e o
diagnóstico foi 6,8 dias. Não houve evidência clínica de resistência medicamentosa á artemisina +
lumefantrine (contra malária falciparum) nem á cloroquina e primaquina (contra malária vivax).
CONCLUSÃO: O quadro clínico apresentado não diferiu da literatura. A baixa freqüência de hepato-
esplenomegalia pode indicar baixa gravidade e/ou precocidade do diagnóstico, corroborada pela
ausência de complicações graves e de óbitos. Profissionais médicos no DF ainda necessitam de
esclarecimentos clínico-epidemiológicos sobre malária que lhes permitam suspeita-la com mais
precocidade.
62
Pituitary Adenoma (FIPA), caracterizada pelo aparecimento de tumores hipofisários familiares.
OBJETIVO: Estabelecer relação clínico-genética em pacientes portadores do FIPA em
acompanhamento no Ambulatório de Neuroendocrinologia do Hospital Universitário de Brasília
(HUB). MÉTODOS: Estudo prospectivo em coorte de quatro famílias com diagnóstico confirmado de
pelo menos dois casos de adenomas hipofisários em até três gerações, identificadas a partir de um caso
índice acompanhado no Ambulatório de Neuroendocrinologia do HUB. Foi construído um
heredograma, realizada avaliação clínica e hormonal e ressonância magnética nuclear de sela túrcica
nos casos com forte suspeita clínica. A avaliação molecular do gene da proteína AIP foi realizada após
a investigação hormonal e quando evidenciada mutação foi feito correlação com a expressão clínica
dos tumores. RESULTADOS: Das quatro famílias, as de número 1 e 2 apresentaram fenótipo clínico
heterogêneo e as famílias 3 e 4, homogêneo. As mutações exônicas da proteína AIP foram diferentes
entre as famílias, mas semelhantes entre os integrantes acometidos da mesma família. Foram
investigados 214 indivíduos, e a penetrância de mutações nessa proteína foi entre 20 e 40%. As
possibilidades de mutações nas proteínas CDKN1 e Menin foram afastadas nas 4 famílias.
CONCLUSÃO: O reconhecimento da FIPA permite a definição de uma grande variedade fenotípica,
em que tipos tumorais podem ser variáveis em cada família. As mutações na proteína AIP ocorrem em
15% das FIPA e em até 50% das famílias que possuem IFS sendo sua penetrância variável e parece
associar-se a uma maior agressividade e menor resposta terapêutica aos agonistas dopaminérgicos e
análogos da somatostatina.
63
6. NECROBIOSE LIPOÍDICA – RELATO DE CASO.
Elisa Raphael dos Santos, Anna Luiza Braga Plá, Pedro Rodrigues dos Reis, Ulysses Pavan Rissato,
Mônica Oliveira Piantino Lemos, Tatiana Cristina Nogueira Varella, Ana Maria Costa Pinheiro.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Unidade de Pediatria Clínica, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: A necrobiose lipoídica é uma rara doença geralmente associada ao Diabetes
Mellitus que merece atenção devido ao impacto na qualidade de vida do paciente e resistência à
terapêutica. OBJETIVO: Descrever um caso de necrobiose lipoídica com ênfase na estratégia
terapêutica empregada. DESCRIÇÃO: Paciente feminina de 35 anos com história de aparecimento de
placa eritematosa assintomática na perna direita há cinco anos. Evoluiu com novas placas de mesmo
aspecto que coalesceram e após três anos surgiram placas semelhantes na perna contralateral. Ao
exame nota-se placas eritematosas na face anterior das pernas de bordas acastanhadas e de centro
amarelado e atrófico com telangiectasias. Anatomopatológico: “necrose coagulativa circundadas por
histiócitos e células multinucleadas em meio a infiltrado inflamatório de mononuclear”, confirmando a
suspeita clínica de necrobiose lipoídica. Submeteu-se a vários tratamentos: AAS 325 mg/dia e
betametasona tópica, sem melhora. Daivonex® (calcipotriol) também sem resposta. PUVA (tópica
com gel 8-MOP a 0,05%), 36 sessões, com melhora do prurido e da hiperpigmentação. Terapia
fotodinâmica com Metvix® (ácido metilaminolevulínico), 2 sessões, sem resposta. Retornou a PUVA
(gel 8-MOP 0,1%), 10 sessões, trocado por creme, sem melhora adicional. Iniciado o uso de
Protopic® (tacrolimus) 0,1% com boa melhora clínica. CONCLUSÃO: A necrobiose lipoídica é uma
doença crônica e degenerativa do tecido conjuntivo de etiopatogenia desconhecida. Existem diversas
opções terapêuticas, porém pouco eficientes, como uso de corticóides, retinóide tópico, PUVA,
ciclosporina e cloroquina. Mostramos um caso raro de necrobiose lipoídica não diabeticorum, doença
de difícil tratamento que mostrou melhor resposta com tacrolimus e PUVA. Esse resultado é
concordante com a literatura, porém existem poucos casos relatados caracterizando baixa evidência
científica, o que indica que todos os serviços devem relatar os seus resultados para formação de banco
de dados para futuras metanálises.
64
alterações da ausculta pulmonar e cardíaca (15%). Os sintomas mais apresentados foram: sintomas
gerais (95%), gastrintestinais (50%), e respiratórios (35%). Antibióticos foram usados contra doenças
infecciosas (50%) e em tratamento empírico (25%). CONCLUSÃO: A maioria dos casos de FOI no
HUB permaneceu sem diagnóstico definido. A despeito disso, a maioria teve evolução favorável (cura
sob terapia ou cura espontânea).
65
comparativamente com indivíduos treinados na posição supina e na posição ortostática, quanto à
existência de alterações do balanço simpático parassimpático no nodo sinoatrial. MÉTODO: Foram
avaliados 13 atletas do ciclismo (GA - média ± sd: 27,4 ± 4,3 anos, IMC 21,6 ± 1,8 kg/m2) e 11
controles (GC - 25 ± 5,2 anos e IMC 23,1 ± 1,4 kg/m2), todos homens, sem diferença estatística para
idade (p = 0,08) e IMC (p = 0,06). Os intervalos R-R para análise da VFC foram obtidos do ECG
convencional registrado durante 5 min no repouso supino e ortostático, pela manhã, após 24 horas de
descanso. da última sessão de treinamento. A VFC foi analisada nos domínios do tempo e da
freqüência por meio de sistema próprio do Laboratório Cardiovascular-FM/UnB. A maioria das
variáveis mostrou distribuição não-normal, e foram comparadas pelo teste de Mann-Whitney, ao nível
de 5%. RESULTADOS: A FCr do GA foi significativamente menor que do GC caracterizando
bradicardia de repouso (GA 84 ± 12 bpm; GA 58 ± 9 bpm; p=0.001). Contudo, não foram verificadas
diferenças significativas entre as análises da VFC no domínio do tempo e da frequência nas posições
supino e ortostática entre os grupos. CONCLUSÃO: O resultado sugere que o treinamento físico
aeróbio dos ciclistas não está associado às alterações da respostas autonômicas cardiovasculares no
repouso, desta forma, a bradicardia observada no GA pode estar relacionada a adaptações intrínsecas
do nodo sinoatrial.
66
11. REPRODUTIBILIDADE DA ANÁLISE TEMPORAL DA VARIABILIDADE DA
FREQÜÊNCIA CARDÍACA EM INDIVÍDUOS NORMAIS, NO REPOUSO SUPINO.
Luiz Guilherme Grossi Porto, Guilherme E. Molina e Luiz Fernando Junqueira Jr.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Departamento de Clínica Médica, Laboratório
Cardiovascular, Brasília, DF
JUSTIFICATIVA: A análise da variabilidade da freqüência cardíaca (VFC) é uma metodologia não-
invasiva e poderosa para avaliação clínica da função autonômica cardíaca. OBJETIVO: Avaliar a
reprodutibilidade, em curto prazo, de índices temporais da VFC em homens clinicamente normais.
MÉTODO: Foram estudados 19 homens, com idade mediana de 30 anos (19 - 46 anos), clinicamente
normais, insuficientemente ativos e com IMC entre 18,5 e 29,9 Kg/m2. Os participantes submeteram-
se a avaliação clínico-cardiológica e ao teste de avaliação da FAC (FAC1), por meio da análise
temporal da VFC de séries temporais de 5 min de intervalos R-R do ECG (IntRR), obtidos por meio
do freqüencímetro Polar S810®, no repouso supino. Solicitou-se aos voluntários a manutenção do
estilo de vida sem qualquer modificação, por duas semanas. Após este período, novo teste da FAC foi
realizado (FAC2). A reprodutibilidade foi avaliada por meio de teste de hipótese. Dada a distribuição
não-normal de algumas variáveis, os índices temporais de FAC1 foram comparados pareadamente
com os valores obtidos na FAC2, por meio do teste de Wilcoxon, ao nível de 5%. RESULTADOS: O
número de IntRR em FAC1 (1005; 778-1343 ms) foi semelhante (p=0,09) ao observado em FAC2
(990; 730-1168 ms). Valores semelhantes (p=0,01) também observados no desvio padrão dos IntRR
entre FAC1 (56,4; 25,3 – 130,4 ms) e FAC2 (52,0; 21,8 – 123,3 ms). O mesmo ocorreu com os valores
do coeficiente de variação em FAC1 (5,4; 2,7 – 11,8ms) e FAC2 (5,5; 2,7 – 11,5ms // p=0,12); do
PNN50% em FAC1 (30,0; 1,3 – 74,6%) e FAC2 (9,8; 0,3 – 69,3% // p=0,19) e no rMSSD em FAC1
(46,0; 17,3 – 153,3ms) e FAC2 (33,8; 16,7 – 142,8ms // P=0,11). CONCLUSÃO: Observou-se
adequada reprodutibilidade de índices temporais da VFC, em homens clinicamente normais, em
seguimento de duas semanas sem modificação do estilo de vida.
67
transplante. Em relação a sobrevida renal, esta foi maior em paciente do tipo doador cadáver, porém a
amostra bem inferior desse tipo de transplante, dificulta a retirada de conclusões sobre esse dado.
68
refletindo as características da doença no Distrito Federal e em regiões próximas. Tais características
se mostraram condizentes com o perfil encontrado na literatura.
69
17. TRANSTORNO DE TIQUE – RELATO DE CASO E REVISÃO DA LITERATURA
Simone Lespinasse Araújo, Diego Martins de Mesquita, Fernanda Seabra Simões Resende, Temidayo
Omolara Otomosho.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Ambulatório de Psiquiatria, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: Existe inúmeros casos de transtorno de tique sem diagnóstico ou cuja
sintomatologia é atribuída a outros diagnósticos. Destaca-se tal caso pela sua representatividade.
OBJETIVO: Relatar caso de transtorno de tique diagnosticado e acompanhado no ambulatório de
Psiquiatria do Hospital Universitário de Brasília. DESCRIÇÃO: HDS, 20 anos, masculino, solteiro,
estudante, natural de Brasília-DF, residente e procedente do Gama-DF, queixa-se de “movimentos
involuntários há 13 anos”. Refere que há 13 anos apresenta movimentos involuntários em pescoço e
braço esquerdo. Os movimentos são diários, constantes, interrompidos em alguns momentos, sem
fatores desencadeantes ou de piora. Relata piora progressiva dos movimentos involuntários. Refere
acompanhamento neurológico neste serviço há 2 anos, com diagnóstico de coréia, sendo tratado com
Rivotril ½ e Orap 1mg por dia. Nega sialorréia, diarréia, coprolalia ou qualquer outra sintomatologia
associada. Antecedentes: infecção de garganta de repetição e asma na infância. Nega etilismo,
tabagismo, consumo de drogas ilícitas e demais patologias. Ao exame: boa apresentação, fáscies
atípica, atitude adequada durante a entrevista, contato adequado com o examinador, com movimentos
involuntários em cabeça e braço esquerdo. Sem demais alterações. CONCLUSÃO: A síndrome de
Tourette foi descrita em 1885, tem prevalência de 4 a 5:10.000 e acomete preferencialmente o sexo
masculino (3:1). Pode começar como transtorno motor aos 7 anos, tiques aos 11 anos, sendo de
herança autossômica dominante. Sua base fisiopatológica é a exacerbação dopaminérgica central. A
história clínica completa é fundamental para o diagnóstico correto.
70
profilaxia secundária, a pouca disponibilidade de drogas menos tóxicas e de mais fácil aplicação e a
falta de estudos que orientem a condução destes pacientes tornam o seu tratamento um desafio.
71
antimonial ou quando o mesmo está contraindicado. Entretanto, a sua forma lipossomal não está
registrada na Agência Nacional de Vigilância Sanitária para uso na Leishmaniose Tegumentar, apesar
do acúmulo de experiências encontradas na literatura, sendo o seu uso off-label na leishmaniose
tegumentar. O antimonial, por outro lado, é droga de primeira linha com vários estudos bem
conduzidos comprovando sua eficiência, mesmo em esquemas alternativos. Ensaios clínicos são
necessários para melhor orientação no uso da Anfotericina B lipossomal na Leishmaniose
Tegumentar.
72
dispnéia de repouso há três meses. Apresentava piora progressiva dos sintomas, associados a dor
torácica ventilatório-dependente e tosse seca. Tomografia de tórax evidenciou lesão tumoral
mediastinal com extensão para veia cava superior e átrio direito. Paciente evolui com episódio de
hipoglicemia (16 mg/dl) corrigido após aporte com soro glicosado a 50%. Durante a internação para
investigação a paciente cursou com episódios repetidos de hipoglicemia sintomática. Foram
realizadas, durante hipoglicemia, as dosagens de glicose e Insulina sérica. Os resultados mostraram
tratar-se de hipoglicemia hipoinsulinêmica. Foi realizada biópsia da tumoração torácica com
diagnóstico histopatológico e imunohistoquímico de Fibrohistiocitoma Maligno. Iniciada
dexametasona por via oral, com controle parcial das glicemias. Paciente recebeu o primeiro ciclo de
quimioterapia baseada em Ifosfamida e Adriamicina. No entanto houve piora do quadro respiratório e
óbito no 35° dia de internação. CONCLUSÃO: O fibrohistiocitoma maligno primário de pulmão é
uma neoplasia pouco comum e que pode estar associada à hipoglicemia hipoinsulinêmica.
73
Oncologia do Hospital Universitário de Brasília no ano de 2009. MÉTODO: Foi realizado um estudo
longitudinal, descritivo e retrospectivo dos pacientes com câncer de reto localizado tratados com
quimioterapia e radioterapia neoadjuvante no Serviço de Oncologia do Hospital Universitário de
Brasília no ano de 2009. RESULTADOS: Foram tratados 63 pacientes com câncer colorretal. Trinta e
dois pacientes eram portadores de câncer de reto. Nove pacientes realizaram tratamento neoadjuvante.
A resposta ao tratamento foi avaliada por exame proctológico e descrita como resposta completa,
parcial ou progressão de doença. Seis pacientes tiveram resposta clínica ao tratamento, dos quais 03
pacientes obtiveram resposta clínica completa. Houve duas progressões da doença e um paciente não
foi avaliado por perda de seguimento. CONCLUSÕES: O tratamento neoadjuvante realizado pelo
Serviço de Oncologia do Hospital Universitário de Brasília obteve taxas de resposta similares às
descritas na literatura médica de outros centros de referencia.
74
sobre esse tema. MÉTODO: Pesquisa no MEDLINE (National Library of Medicine) com termos
chaves: cognitive function and blood pressure (encontrados 1545 artigos), sendo que quando
acrescentamos a palavra prospective, o total de artigos se restringe a 307, os quais foram analisados.
RESULTADOS: A hipertensão arterial aumenta o risco de acidente vascular cerebral (AVC) e
conseqüentemente o risco de déficit cognitivo, demência vascular e possivelmente de demência de
Alzheimer. Quando o diagnóstico de AVC é excluído da análise e as aferições da Pressão arterial
sistólica (PAS) e diastólica (PAD) são feitas, controlando-se fatores como sexo, idade, educação,
consumo de álcool, tabagismo e uso de medicação anti-hipertensiva, os resultados são controversos.
Estudos de caso controle, em geral, associam menor função cognitiva entre hipertensos, com
diferenças significativas na memória imediata e retenção. Em muitos desses estudos, a amostra é
pequena e existem fatores de confundimento. Dois grandes estudos populacionais apresentam
resultados conflitantes: a) Framingham: foram avaliados 2032 indivíduos (55-89 anos) submetidos a 8
testes neuropsicológicos, não foi encontrada relação consistente entre as duas variáveis; b) estudo
realizado com 1736 indivíduos suíços (75-101 anos) utilizando-se o Mini-Mental (MMSE), mostrou
que tanto a PAS quanto a PAD estão positivamente relacionadas ao MMSE de base. Nos indivíduos
acima de 75 anos, parece que a diminuição da PAD é mais preditiva de desempenho cognitivo e
aumento da mortalidade. CONCLUSÃO: Mais estudos prospectivos são necessários para se
investigar a possibilidade de que um aumento sustentado e/ou diminuição na pressão arterial sistêmica
(excluindo pacientes que tiveram AVC) está associado com declínio cognitivo.
75
28. RELATO DE CASO: SÍNDROME DE SWEET
Ibraim Viana Vieira, Priscila Morais Galvão Souza, Leornardo Morais Paiva, Camila Viana Vieira,
Patrick Damasceno, Anna Luiza Braga Pla, Mônica Piantino.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Ambulatório de Dermatologia, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: A Síndrome de Sweet é doença rara e desconhecida pela maioria dos médicos.
OBJETIVO: Apresentar relato de caso de uma paciente com Síndrome de Sweet atendida no
ambulatório de dermatologia do HUB. MÉTODO: Relato do caso e revisão bibliográfica sobre a
Síndrome de Sweet. RESULTADOS: Paciente feminina, 29 anos, com placas eritemato-infiltrativas,
pruriginosas em membros superiores, colo e dorso, de início há aproximadamente três anos que
pioravam com uso de antibióticos ou exposição ao sol. Apresentou febre no início do quadro, não
aferida. Refere uso de prednisona oral (chegando a ficar cushingóide) e dexametasona tópico com
melhora das lesões. Realizada biópsia da placa que confirmou hipótese diagnóstica de Síndrome de
Sweet. Também chamada de dermatose neutrofílica febril aguda, esta síndrome não tem predileção
racial, incidindo principalmente em mulheres entre a quarta e sexta décadas de vida. Sua etiologia não
está bem estabelecida, porém acredita-se que possa ser devida a um desequilíbrio de citocinas. É
associada a alguma doença de base em até 50% dos casos. Existem três formas clínicas: clássica,
paraneoplásica, e induzida por medicamento. O diagnóstico é feito pela satisfação de dois critérios
maiores e dois menores.
• Critérios maiores:
- Início agudo de lesões cutâneas típicas.
- Achados histopatológicos consistentes com Síndrome de Sweet.
• Critérios menores:
- Febre maior que 38ºC ou mal estar.
- Associação com malignidade, doença infecciosa ou gravidez, ou antecendente de infecção
respiratória ou de TGI.
- Excelente resposta a corticóide sistêmico ou iodeto de potássio.
CONCLUSÃO: A Síndrome de Sweet é rara e somente o conhecimento prévio do
clínico/dermatologista permite o diagnóstico desta afecção.
76
não surgimento de novas lesões agudas após a substituição do medicamento por paracetamol, o
eritema pigmentar fixo foi definido como decorrente do uso de Dipirona.
77
apenas de Dexametasona creme. A infecção secundária é mais comum em pacientes em uso de
imunossupressores sistêmicos, mas devemos estar atentos para essa complicação. Mesmo sendo a
psoríase pustulosa estéril, devemos sempre afastar a piodermite como complicação.
78
piora progressiva. Apresentou tosse seca e sudorese abundante na noite anterior. Antecedente
patológico de prolapso de válvula mitral. Negou outros sintomas ou comorbidades. Ao exame: sopro
holosistólico em foco primário mitral e estertores bolhosos pulmonares difusos bilateralmente. HD:
insuficiência mitral aguda de origem isquêmica ou por degeneração mixomatosa. Exames:
Ecocardiograma transtorácico: ruptura completa do folheto anterior da valva mitral, com AE de 4,6 cm
e fração de ejeção do VE de 70%. Estudo de coronárias e ventriculografia: não foi encontrada doença
coronariana. Evolução: Realizada cirurgia de troca valvar mitral por prótese metálica com sucesso e
boa evolução no pós operatório. CONCLUSÃO: O tratamento cirúrgico é importante, pois o
prognóstico a longo prazo desses pacientes é melhor do que o dos que não sofrem intervenção.
79
de valsalva, presença de lâmina de dissecção iniciando-se um pouco acima do plano valvar e se
estendendo até a aorta abdominal, ao nível do tronco celíaco. Ritmo cardíaco irregular com fibrilação
atrial, sopro sistólico (++/6+) em foco aórtico, pulsos periféricos amplos e simétricos. Submetido à
cirurgia com fechamento de fístula Ao – AD, troca de aorta com implante de enxerto (ascendente –
croça – descendente) e endoprótese em pós-subclávia (tempo de SEC = 3h30min; tempo de
clampeamento = 2h25min). CONCLUSÃO: A dissecção de aorta tipo A é um evento grave que deve
sempre ser encaminhado para o tratamento cirúrgico, tem alto risco de ruptura nas primeiras 24-48h e
alta taxa de complicações e morte.
80
ansiedade necessitando de tratamento específico. A avaliação seriada das enzimas nos dois dias de
permanência na UTI corroborou com o diagnóstico de IAM por vasoespasmo pelo uso de substâncias
tóxicas. Exames na admissão: troponina cardíaca I(cTNI)=2,19ng/mL e creatinina
fosfoquinase(CPK)=435U/L, após 4 horas: cTNI=1,82 ng/mL e CKMB=15,1U/L, após 18 horas:
cTNI=0,8 ng/mL e CKMB=4,8U/L, e após 42 horas: cTNI=0,47 ng/mL e CKMB=0,6U/L. Discussão:
A ocorrência de IAM após uso de cocaína, mesmo na ausência de doença coronariana, se deve à
vasoconstrição coronariana levando a um desequilíbrio entre oferta e demanda de oxigênio e
cosequentemente à isquemia. Além disso, é um potente ativador plaquetário relacionado à trombose. O
uso concomitante de cigarros e bebidas alcoólicas pode exacerbar a dor. Portanto é importante a
pesquisa do uso de cocaína em pacientes jovens com dor torácica.
81
rejeição. OBJETIVO: Avaliar a incidência de infecções nos pacientes submetidos a transplante renal
no HUB. METODOLOGIA: Estudo retrospectivo, a partir de dados obtidos dos prontuários de
pacientes acompanhados no período de Setembro de 2006 a Agosto de 2010, processados no
Microsoft Excel. RESULTADOS: Foram incluídos no estudo 36 pacientes submetidos ao transplante
renal, na condição de receptores, e analisadas as taxas de infecção pós-transplante. Do total de
pacientes, 61,1% (22 casos) apresentaram algum tipo de infecção até 1 ano pós-transplante. As
infecções mais comuns foram as que acometeram vias aéreas (19 pacientes ) e trato urinário (11
pacientes). A maioria dos pacientes que apresentou infecção do trato urinário evoluiu com vários
episódios subseqüentes, caracterizando ITU de repetição, e dessa forma ultrapassando em número de
infecções qualquer outra topografia. CONCLUSÃO: O estudo demonstrou a incidência de infecções
de pacientes submetidos a transplante renal no HUB na condição de receptores. Os resultados estão de
acordo com os dados encontrados na literatura.
82
enxerto, é avaliado basicamente por medidas seriadas da Creatinina sérica e volume urinário. O nível
de creatinina sérica correlaciona-se ainda com a perda tardia do enxerto. OBJETIVO: Avaliar a
eficácia do transplante renal quanto à queda dos níveis séricos de creatinina, aumento da taxa de
filtração glomerular e restabelecimento de volume urinário adequado após o procedimento cirúrgico.
MÉTODO: Estudo do tipo observacional, descritivo. Os dados foram obtidos por revisão dos
prontuários dos pacientes submetidos a transplante renal no HUB desde 2006 a agosto de 2010. Para
cálculo da creatinina utilizamos a creatinina de estabilização (menor creatinina após o transplante que
se manteve por pelo menos 3 mensurações consecutivas). A estimativa da taxa de filtração glomerular
foi feita pelo clearence de creatinina (Fórmula de Cockcroft-Gault). Para o cálculo do volume
urinário/24h foram consideradas as ultimas 3 mensurações consecutivas e calculados os valores
médios. RESULTADOS: Foram incluídos no estudo 36 pacientes submetidos ao transplante renal, na
condição de receptores. A creatinina média de estabilização e a média do volume urinário foram,
respectivamente, 1,49 mg/dl (variando de 0,9 a 2,7) e 3.109ml/24h (variando de 1440ml a 5500ml) e
clearance de creatinina estimado médio > 50ml/min. O tempo de seguimento médio dos pacientes
(calculado até agosto desse ano), foi de 17 meses, variando de zero dia até 48 meses. CONCLUSÃO:
O resultado deste estudo nos mostra que o transplante de rim, como terapia renal substitutiva,
realmente tem uma eficácia bastante grande no contexto de queda da creatina sérica, do
restabelecimento de volume urinário adequado e da taxa de filtração glomerular.
83
JUSTIFICATIVA: A Acromegalia é uma doença crônica debilitante e desfigurante que resulta da
hipersecreção do hormônio do crescimento (GH) e do fator de crescimento insulina-símile I (IGF-I), e
quando não controlada resulta em taxa de mortalidade cardiovascular, duas a três vezes maior, em
relação a indivíduos do mesmo sexo e idade na população geral, com 5-10 anos de redução na
expectativa de vida. OBJETIVOS: Estabelecer um registro epidemiológico da amostra atendida no
HUB para avaliar características relacionadas à doença e ao tratamento. MÉTODOS: Estudo
retrospectivo e observacional, utilizando a base de dados ACCESS-Windows para coleta de
informações sociais, epidemiológicas e clínicas, que foi validada em amostra populacional do Distrito
Federal. Foram avaliados 98 pacientes com diagnóstico de acromegalia, e para a análise do tratamento
foram excluídos aqueles com dados de diagnóstico ou de acompanhamento insuficientes.
RESULTADOS: Dos 98 pacientes, constatou-se 38 anos como a idade média de diagnóstico e 3,875
anos como a média do tempo entre o início dos sintomas e o diagnóstico. Dentre as comorbidades
relacionadas à doença, cefaléia, alterações de partes moles e artalgia são os mais prevalentes. Os
pacientes (n=78) foram divididos em 5 modalidades terapêuticas: primária-medicação (SMS) que
obteve controle clínico em 12 casos e não controle em 5, nenhum curado; cirurgia (OP) que
apresentou 6 pacientes curados, nenhum controle clínico e 2 pacientes em não controle; cirurgia +
medicação (OP + SMS), dos quais, 1 obteve cura, 8 obtiveram controle clínico e 4 não controlaram;
cirurgia + radioterapia (OP + RxT), que não teve pacientes incluídos por falta de dados; cirurgia +
radioterapia + medicação (OP+RxT+SMS), com 5 casos de cura, 4 casos com controle clínico e 3 não
controlados. CONCLUSÃO: Estudos de levantamento epidemiológico de condições clínicas diversas,
tal como a acromegalia, são importantes para permitir a formulação de padrões característicos para a
doença, otimizando os métodos diagnósticos e a conduta.
84
45. ANÁLISE DA FREQUÊNCIA DA VARIANTE C1430A DO GENE LHB EM MULHERES
COM E SEM A SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS
João Mangussi-Gomes¹; Michele Delarmelina R Borba¹; Gustavo B Barra³; Patrícia Godoy³; Amadeu
J R Queiroz¹; Bruno F Luitgards¹; Vitor M Caldas¹; Luiz A Casulari¹; Lucília D C R Motta¹; Francisco
A R Neves²; Adriana Lofrano-Porto¹.
¹Universidade de Brasília, Brasília-DF, Brasil; Hospital Universitário de Brasília, Divisão de
Endocrinologia, Ambulatório de Gônadas e Adrenais; ²Universidade de Brasília, Brasília-DF, Brasil;
Faculdade de Ciências da Saúde, Laboratório de Farmacologia Molecular; ³Laboratório Clínico Sabin,
Brasília-DF, Brasil; Núcleo de Apoio à Pesquisa.
JUSTIFICATIVA: A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é uma das endocrinopatias mais
comuns em mulheres na idade reprodutiva. Sua fisiopatologia permanece incompletamente elucidada.
Alguns polimorfismos do gene do hormônio luteinizante já foram implicados na sua gênese, porém
nenhuma associação consistente foi evidenciada. OBJETIVOS: Analisar a frequência da variante
C1430A da subunidade β do gene do hormônio luteinizante (LHB), recentemente descrita, em
mulheres com e sem SOP. MÉTODOS: O grupo SOP incluiu 48 pacientes com diagnóstico
estabelecido pelos critérios de Rotterdam (2003). Como integrantes do grupo controle foram avaliados
41 indivíduos saudáveis não relacionados geneticamente entre si. Para todos participantes, foi coletada
amostra de sangue periférico e extraído o DNA dos leucócitos de cada amostra. O gene LHB foi
amplificado pela técnica da reação em cadeia da polimerase (PCR) e, em seguida, sequenciado e
analisado. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas da Faculdade de Ciências da
Saúde da Universidade de Brasília (CEP/FS – 124/09). RESULTADOS: A frequência da nova
variante alélica foi de 4,2% (4/96) no grupo com SOP e de 1,2% (1/82) no grupo controle (p>0,05). À
análise conjunta, a chance das pacientes com SOP apresentarem a nova mutação em heterozigose foi
3,48 vezes a chance dos indivíduos do grupo controle (odds ratio: 3,48; IC 95%: 0,37 – 32,41).
Nenhum dos participantes estudados apresentou homozigose para a nova variante alélica.
CONCLUSÃO: Nesse estudo, não houve diferença estatisticamente significativa entre a frequência
alélica C1430A do grupo com SOP e o grupo controle. A chance de pacientes com SOP serem
heterozigotas para a mutação não se mostrou significativamente diferente daquela dos indivíduos do
grupo controle. Não obstante, amostras maiores de pacientes e controles seriam úteis para evidenciar
uma possível associação ainda não demonstrada.
85
RESULTADOS: Foram acompanhados 82 pacientes em 2009 e 72 pacientes em 2010. Os pacientes
em HD representaram 74% dos pacientes em seguimento. A taxa de hospitalização dos pacientes em
DP foi de 0,72, diminuindo para 0,55 em 2010. Já para os pacientes em HD esta taxa foi de 0,61 em
2009 e 0,29 em 2010. Foram registrados 6 casos de infecção (fístula e cateter) em pacientes em HD
em 2009 (10%) e 1 caso até Agosto de 2010 (1,6%). Nos pacientes em DP, foram 8 casos de infecção
(cateter e peritonite) em 2009 (36%) e 4 casos em 2010 (22%). A taxa de mortalidade variou de 18% a
16% em pacientes em DP e de 10% a 7,4% em pacientes em HD. CONCLUSÃO: O estudo
demonstrou a incidência de infecções, a necessidade de internação hospitalar e a taxa de mortalidade
em pacientes em diálise, e está de acordo com os dados disponíveis na literatura.
86
crânio (TCC) sem contraste que indicou hematoma subdural agudo fronto-parietal à esquerda extenso
e desvio da linha média. Realizada craniotomia de urgência, descompressão de nervo craniano,
implante de eletrodo cerebral profundo e tratamento cirúrgico do hematoma subdural. Durante a sua
internação o paciente broncoaspirou, por isso iniciou-se antibioticoterapia. Seguiu com rebaixamento
de consciência (glasgow=4), pupilas anisocóricas, hipernatremia (Na= 158,5 mEq/L), leucocitose,
escórias nitrogenadas elevadas (uréia=141; creatinina=1,3mg/dl) e oscilação da pressão arterial. Teve
parada cardíaca em atividade elétrica sem pulso (AESP) com necessidade de reanimação vigorosa.
Houve persistência da hipernatremia (a despeito das correções) e do estado comatoso. Nova parada
cardíaca ocorreu sem resposta às manobras de reanimação. O paciente veio a óbito após 27 dias de
internação em unidade de terapia intensiva. CONCLUSÃO: O idoso é mais suscetível a complicações
decorrentes de internação hospitalar. A ocorrência de comorbidades determina um aumento no tempo
de internação, dos custos de internação e nos índices de mortalidade na população acometida.
87
escarro positiva, essa possui valor preditivo positivo maior que 95% positivo e sensibilidade de 40-
60%. A cultura apresenta-se com sensibilidade de 80% e nos estudos brasileiros apresentou-se com
76,6% de especificidade. Atualmente novas técnicas diagnósticas são oferecidas, com maiores
sensibilidade e especifidade, como métodos moleculares e dosagem de citocinas, contudo ainda são
caras e não muito utilizadas.
OBJETIVO: Relatar caso de tuberculose pulmonar com amostras de culturas negativa e BAAR
negativo.
RELATO DE CASO: J.R.P.S, masculino, 37 anos, negro, solteiro, natural, residente e procedente de
Coribe-BA. Paciente tabagista 40maços/ano, alcoolista de fermentados e destilados 1litro/dia, relata
que há 5 anos apresentou quadro de tosse produtiva, dispnéia aos moderados esforços, inapetência,
perda ponderal, dor torácica em hemitórax esquerdo, pirexia diária vespertina acompanhada calafrios e
sucedida de sudorese e PPD 15mm. O esquema RIP foi prescrito, contudo esse foi suspenso diante de
2 amostras de escarro com BAAR e cultura negativas. Durante 5 anos, os sintomas permaneceram e se
intensificaram. Foi então encaminhado ao ambulatório de Pneumologia do HUB-UnB. Apresentava-se
taquipnéico (29irpm), em uso tiragem intercostal, com murmúrio vesicular diminuído em 1/3 superior
de hemitórax E, atrito pleural em base e região subaxilar esquerda. Nova amostra de escarro com
realização de cultura e BAAR foram realizadas, acrescidas de broncoscopia que sugeriu processo
infeccioso. O raio X revelou opacidade parenquimatosa difusa em lobo superior esquerdo. Mesmo
com a baciloscopia e culturas negativas,foi iniciado tratamento com o esquema RIPE. Em quinze dias,
o paciente apresentou melhora do quadro clínico com diminuição da tosse e da dor torácica, mostrava-
se eupneico, somente apresentando à ausculta pulmonar diminuição do murmúrio vesicular fisiológico
em base esquerda.
CONCLUSÃO: O melhor método de diagnóstico de tuberculose é uma associação de características
clínicas, radiológicas e microbiológicas. Contudo, mesmo diante de um exame microbiológico
negativo, uma alta suspeita clínica deve levar em conta a necessidade de iniciar prova terapêutica com
medicação tuberculostática, pois 20% dos casos de tuberculose pulmonar cursam sem confirmação
bacteriológica.
88
CLÍNICA CIRÚRGICA
1. ADENOMA HEPATOCELULAR GIGANTE: RELATO DE CASO
Hugo Donovan Oliveira da Silva, Camila Oliveira Barbosa, Juliana Gurgel Faria Araújo, Andréa
Pedrosa Ribeiro Alves.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Serviço de Cirurgia Geral, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: O adenoma hepatocelular é uma proliferação benigna relativamente rara dos
hepatócitos, encontrada em mulheres jovens em uso crônico de anticoncepcional oral. O diagnóstico é
sugerido por métodos de imagem e muitas vezes de modo incidental, por ser, em boa parte dos
pacientes, assintomático. O tratamento cirúrgico é indicado sempre que possível pelo risco de
malignização e ruptura. OBJETIVO: Relatar caso de adenoma hepático gigante com dificuldade
diagnóstica pré-operatória. DESCRIÇÃO: Paciente do sexo feminino, 25 anos, usuária de
anticoncepcional, com dor contínua em região lombar e abdome superior. TC de abdome revelou lesão
expansiva heterogênea, medindo 97 x 83 x 59 mm, em íntimo contato com a grande curvatura gástrica
e com lobo hepático esquerdo, devendo-se considerar o diagnóstico de GIST ou lesão exofítica do
fígado. EDA com abaulamento gástrico extrínseco. Indicada laparotomia exploradora que evidenciou
lesão exofítica em lobo hepático esquerdo (segmentos - II/III). Realizada ressecção não regrada da
lesão e a avaliação anatomopatológica concluiu tratar-se de um adenoma hepatocelular.
CONCLUSÃO: No caso apresentado, temos uma paciente jovem com sintomas inespecíficos e
exames complementares com imagens sugestivas de tumor hepático exofítico mimetizando tumor
extra-mucoso do estômago, devido a proximidade e compressão extrínseca do mesmo. Persistindo a
dúvida diagnóstica foi indicada laparotomia exploradora. Ao inventário, foi confirmada a presença de
tumor exofítico do fígado de grandes dimensões, compatível com adenoma hepático. Apesar de tratar-
se de lesão benigna, foi realizada ressecção da mesma para confirmação histopatológica e pelo risco de
ruptura e malignização.
89
lenta instalação (15-20 minutos), duração variável (2-7 horas) e completa recuperação da função neurológica. O
tratamento consiste em suporte ventilatório e cardiovascular, pois na grande maioria das vezes os
sintomas são temporários. CONCLUSÃO: Os anestesistas devem atentar para a possibilidade de
bloqueio subdural durante anestesia no neuroeixo, pois trata-se de uma complicação incomum e
potencialmente fatal se não diagnosticada rapidamente.
90
succinilcolina (100mg) e manutenção balanceada com remifentanil (0,2-0,3µ/kg/h) e sevoflurano a
2%. Nascimento de feto vivo, hiporreativo, com melhora clínica após estimulação tátil e assistência
ventilatória. DISCUSSÃO: A SS é uma doença rara e de etiologia desconhecida, classificada como
uma arteriopatia oclusiva sistêmica não inflamatória. Caracteriza-se pela presença de livedo reticular,
acrocianose, múltiplos eventos cerebrovasculares, associados à HAS, lesão valvular cardíaca,
convulsões, fenômeno de Raynaud e comprometimento renal. Muitos pacientes apresentam associação
com à síndrome do anticorpo antifosfolipídeo (80%), assim como resistência a proteína C ativada, o
que pode resultar em trombose venosa. Devido ao estado de hipercoagulabilidade da gravidez é
recomendável interromper a gestação assim que for atingida a maturidade fetal, com diminuição da
tendência pró-trombótica e da mortalidade. CONCLUSÃO: Os anestesiologistas devem estar atentos
para alterações da fisiologia pertinentes ao manejo perioperatório em portadores de Síndrome de
Sneddon.
91
cetamina (C), n=10, recebeu cetamina por via venosa, na dose de 0,5mg/kg, à indução anestésica. O
grupo cetamina e óxido nitroso (C-N): n=10, recebeu cetamina por via venosa, na dose de 0,5mg/kg e
óxido nitroso à 66% durante a anestesia. No intra-operatório foram avaliados os parâmetros
hemodinâmicos e respiratórios e o consumo de anestésicos. No pós-operatório foram avaliados a
intensidade da dor, pela escala visual analógica de dor (EVA) e o consumo de analgésicos por cada
paciente, além dos possíveis efeitos adversos. Os dados paramétricos foram avaliados pelo teste t-
student e os dados não paramétricos pelo teste qui-quadrado. P<0,05 foi considerado estatisticamente
significante. RESULTADOS: Não houve diferença entre os grupos em relação aos dados
demograficos, estado físico da ASA, duração da cirurgia, parâmetros hemodinâmicos e respiratórios e
consumo de anestésicos no intra-operatório. Também não foi observada diferença em relação à
intensidade da dor pós-operatória no período de 24 horas. O consumo de analgésicos no pós-
operatório foi similar nos dois grupos. Não houve diferença em relação à incidência de náuseas e
vômitos. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO: A adição de óxido nitroso à anestesia geral venosa não se
mostrou capaz de potencializar o bloqueio NMDA pela cetamina e reduzir o consumo pós-operatório
de analgésicos em pacientes submetidos à anestesia com opióides.
92
O presente estudo analisa as consequências do aumento de pressão intraperitonial causada pelo
pneumoperitônio com CO2 sobre a morfologia renal e hepática em ratos. O trabalho correlaciona as
alterações teciduais ao tempo de exposição ao pneumoperitônio e ao tempo de duração dessas
alterações. JUSTIFICATIVA: Há indícios o pneumoperitônio gera alterações no parênquima
hepático e renal. OBJETIVO: O presente estudo analisa as consequências do aumento de pressão
intraperitonial causada pelo pneumoperitônio com CO2 sobre a morfologia renal e hepática em ratos.
O trabalho correlaciona as alterações teciduais ao tempo de exposição ao pneumoperitônio e ao tempo
de duração dessas alterações. MÉTODO: O estudo contou com 54 ratos, adultos, machos que depois
de anestesiados, foram aleatoriamente distribuídos em três grupos (P, PP e C):P - 18 animais foram
submetidos ao pneumoperitônio durante 30 minutos imediatamente antes da laparotomia; PP-18
animais foram submetidos a pneumoperitônio por 60 minutos, 30 imediatamente antes da laparotomia
e 30 após a laparorrafia;. Grupo controle (C)–18 animais submetidos a laparotomia sem
pneumoperitônio. O pneumoperitônio foi mantido à pressão de 5mmHg. Nove animais, em cada
grupo, foram mortos aos 3° e 7° dias de pós-operatório, quando ocorreu a coleta de amostras do rim e
do fígado para estudo morfológico. As peças do fígado foram coradas com hematoxilina e eosina (HE)
e as do rim com HE e Von Kossa. A análise das lâminas foi feita de forma cega. RESULTADOS:
Não foram observadas alterações na morfologia renal compatíveis com o pneumoperitonio. As
alterações encontradas foram calcificações em células dos túbulos renais. Nas amostras de fígado
foram observados achados histológicos como degeneração hidrópica e esteatose. Somente a
degeneração hidrópica presente nos animais submetidos ao pneumoperitônio de 60 minutos e mortos
no 7° dia pós operatório apresentaram relevância estatística (p= 0,029). A presença desse achado pode
ter ocorrido devido à diminuição da perfusão tecidual, gerada pelo aumento de pressão intraperitoneal,
associada à reperfusão das estruturas isquêmicas. CONCLUSÃO: O pneumoperitônio com CO2 não
interferiu na morfologia renal e provocou degeneração hidrópica no fígado dos animais mortos no 7°
dia pós-operatório.
93
Leonardo de Castro Duraes, Igor Eduardo Caetano de Farias, Pedro Henrique Alves de Morais, Paulo
Gonçalves de Oliveira, Ruy Lino Junior, João Batista de Sousa.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Laboratório de Cirurgia Experimental, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: A cirurgia laparoscópica utiliza o pneumoperitônio com dióxido de carbono
(CO2) para prover exposição cirúrgica adequada da cavidade abdominal. OBJETIVO: Avaliar os
possíveis efeitos do pneumoperitônio com CO2 na cicatrização de anastomose colônica. MÉTODO:
Em120 ratos foi realizada uma ressecção de segmento colônico e anastomose término-terminal. Os
animais foram distribuídos em quatro grupos: I – animais submetidos a pneumoperitônio antes da
laparotomia; II – animais submetidos a pneumoperitônio após a laparorrafia; III – animais submetidos
a pneumoperitônio antes da laparotomia e após a laparorrafia; IV – grupo controle. O pneumoperitônio
foi realizado por 30 minutos na pressão de 5 mmHg. Os grupos foram divididos em 3 subgrupos para
eutanásia no 3º, 7º e 14º dia pós-operatório (DPO). Foram estudados evolução clínica, peso, força de
ruptura da anastomose, características histopatológicas, histomorfometria do colágeno e dosagem de
hidroxiprolina. RESULTADOS: Houve 6 óbitos, sendo 4 do grupo I (p=0,097). Não houve diferença
estatística na evolução do peso (3ºDPO p=0,719; 7ºDPO p=0,195; 14ºDPO p=0,651). Não houve
diferença na força de ruptura da anastomose (3ºDPO p=0,165; 7ºDPO p=0,219; 14ºDPO p=0,539). No
estudo histopatológico, no 3ºDPO houve menor hemorragia no grupo II comparado com o grupo
controle (p=0,003). No 7ºDPO houve menor infiltrado mononuclear (p=0,006), maior infiltrado
polimorfonuclear (p=0,001) e maior necrose focal (p=0,001) no grupo II comparado com o grupo
controle. No 14ºDPO houve menor fibrose do grupo II comparado com o grupo controle (p<0,001).
No estudo histomorfométrico houve uma diminuição do colágeno nos grupos I e III em relação ao
grupo controle no 7ºDPO (p<0,0001), e um aumento do colágeno nos grupos I e II em relação ao
grupo controle no 14ºDPO (p<0,001). Não houve diferença estatística na dosagem da hidroxiprolina
(3ºDPO p=0,152; 7ºDPO p=0,913; 14ºDPO p=0,981. CONCLUSÃO: O pneumoperitônio com CO2
na pressão de 5 mmHg não prejudica a cicatrização das anastomoses colônicas em ratos.
94
Magalhães, V.S.F; Camelo, R.S; Silva, C.M; Barbosa, C.O; Torres, A.V; Souza, F.A.A; Araújo,
A.G.F; Buta, R.O; Ribeiro, P.R.F; Manalti, H.S; Cruz, C.A.T.
Universidade de Brasília – Faculdade de Medicina – Área de Clínica Cirúrgica – Serviço de Cirurgia
Geral - HUB
JUSTIFICATIVA: O carcinoma de pequenas células do esôfago é uma neoplasia rara, cuja
prevalência varia de 0,05 a 7,6% entre todos os tumores esofágicos. OBJETIVO: Relatar um caso de
adenocarcinoma de pequenas células primitivo em terço médio do esôfago. MÉTODOS: Estudo
descritivo de caso clínico baseado em levantamento de dados de prontuário do paciente.
RESULTADOS: Paciente, feminino, 75 anos com quadro de disfagia progressiva, epigastralgia e
perda ponderal de 4 quilos em 3 meses de evolução. Era tabagista de aproximadamente 30 cigarros/dia
durante 65 anos. Ao exame físico apresentava-se levemente emagrecida. Exames laboratorias sem
alterações. Endoscopia digestiva alta (EDA) evidenciou lesão vegetante ulcero-infiltrativa em terço
médio do esôfago ocupando a luz o órgão. A tomografia computadorizada (TC) do tórax evidenciou
uma lesão expansiva, com extensão aproximada de 8cm pertencente ao esôfago com projeção para as
estruturas mediastinais, linfonodos para-aórticos, mesentéricos e do tronco celíaco, além de grandes
vasos. A TC de abdome foi normal. O anatomopatológico realizado em fragmentos obtidos na EDA
concluiu que se tratava de adenocarcinoma de pequenas células. Tal resultado foi confirmado por
imunohistoquimica, com marcadores endócrinos positivos. Foi proposto tratamento quimioterápico,
em vigência no momento. CONCLUSÃO: Por se tratar de uma patologia pouco comum, o manejo do
carcinoma de pequenas células do esôfago continua controverso sendo necessários mais estudos sobre
o tema.
95
14. RESSECÇÃO CIRÚRGICA DE UM ADRENOCORTICOCARCINOMA – UM RELATO
DE CASO
Paulo Roberto Faria Ribeiro, Carlos Augusto T. Cruz, Camila Oliveira Barbosa, Ana Verusca Torres,
Fábio Augusto Albanez Souza, Raquel Soares Camelo, Helena de Souza Malnati, Vanessa Sole
Ferreira Magalhães, Augusto Gurgel Faria Araújo, Rafael Oliveira Buta, Carolina de Melo Silva.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Clínica Cirúrgica, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: Relato de caso com revisão da literatura de um caso raro de
adrenocorticocarcinoma OBJETIVO: Apresentar o relato de um caso de adrenocorticocarcinoma
apresentando-se como virilização e hipertricose.. MÉTODO: Relato de caso com revisão bibliográfica
RESULTADOS: Paciente de 20 anos do sexo feminino iniciou quadro de hipertricose, virilização e
amenorréia, sendo tratada inicialmente para síndrome dos ovários policísticos, não havendo melhora.
Evoluiu com dor em flanco D e tumoração palpável na mesma topografia. Os exames de imagem
mostravam grande massa no pólo supra-renal que tomava flanco e pelve confundindo com a região
anexial. O painel hormonal sugeria um tumor de supra-renais. Foi submetida a cirurgia com retirada
de grande massa em flanco e pelve de conteúdo sólido-cístico. Evoluindo bem no pós operatório.
Laudo histopatológico confirma a suspeita de adrenocorticocarcioma sendo a apciente encaminhada á
oncologia para complementação terapêutica. REVISÃO DA LITERATURA: Trata-se de uma caso
de adrenocorticocarcinoma, doença com incidência de cerca de um para cada milhão de habitantes por
ano, cujo painel hormonal é característico e o tratamento inicial consiste em cirurgia seguida de
quimioterapia.
96
uma condição pouco comum, porém potencialmente grave pelas sequelas fisionômicas e visuais que
pode acarretar.
97
membros afetados na família. A avaliação audiológica mostrou audiometria comportamental,
impedanciometria e otoemissões acústicas evocadas transientes e por produto de distorção sem
alterações. O potencial evocado auditivo de tronco cerebral apresentou ondas I a V com amplitudes e
latências normais. A audiometria de tronco cerebral define resposta até 20dB à esquerda e 40dB à
direita. CONCLUSÃO: A avaliação dos resultados dos testes de otoemissões acústicas associados à
audiometria comportamental apresentou audição dentro dos limites da normalidade. Este exame
permitiu supor que a função auditiva, incluindo a porção coclear, encontra-se normal. No potencial
evocado auditivo de tronco encefálico, o paciente apresentou alteração unilateral com resposta a partir
de 40 dB, indicando alteração discreta da audição. Tal achado não justifica o retardo na aquisição da
fala apresentado pelo paciente, uma vez que mesmo perdas auditivas de grau profundo unilaterais são
associadas a desenvolvimento normal das habilidades lingüísticas. Este trabalho é o primeiro a relatar
as características auditivas nestes pacientes e mostra também que o atraso na fala não é por deficiência
auditiva, e sim pela cromossomopatia por ele apresentada.
98
19. AMILOIDOSE LARÍNGOTRAQUEAL PRIMÁRIA COMO CAUSA DE OBSTRUÇÃO
DE VIAS AÉREAS SUPERIORES
Lucas Moura Viana, Sharlene Castanheira Pádua, Vítor Yamashiro Rocha Soares, Pedro Ivo Machado
Pires de Araújo, Rafaela Aquino Fernandes Lopes, Gustavo Subtil Magalhães Freire, Luciana Miwa
Watanabe, Carlos Augusto Costa Pires de Oliveira.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Serviço de Otorrinolaringologia e Cirurgia de
Cabeça e Pescoço, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: Amiloidose localizada, acometendo somente órgãos da cabeça e pescoço, é uma
doença rara e benigna. OBJETIVO: Objetiva-se relatar um caso raro de amiloidose laríngea
evoluindo com obstrução de vias aéreas superiores. RELATO DO CASO: Paciente, sexo feminino,
41 anos, apresentou quadro de dispnéia e disfonia com dois anos de evolução. Os sintomas
intensificaram-se após episódio de infecção de vias aéreas superiores, em fevereiro de 2004, quando
procurou outro serviço e foi feita biópsia laríngea que mostrou depósito de material amorfo. A
coloração pelo vermelho congo revelou polarização em verde maçã, compatível com amiloidose.
Apresentou piora progressiva e em março de 2005, foi submetida à traqueostomia de urgência por
obstrução das VAS. Em 2006 iniciou acompanhamento no presente serviço. Doenças secundárias e/ou
sistêmicas foram afastadas. TC cervical mostrou severo espessamento concêntrico com área de
obstrução completa acometendo glote, região subglótica e traquéia proximal com 38 mm de extensão
crânio-caudal. RNM cervical mostrou lesão expansiva, relativamente bem delimitada, sem invasão de
estruturas adjacentes, localizada na laringe subglótica e estendendo-se para glote. Esta lesão determina
estreitamento circunscrito da coluna aérea laríngea, associado à área de obstrução luminal completa na
região subglótica. CONCLUSÃO: A amiloidose é um distúrbio do metabolismo protéico no qual
fibrilas protéicas extracelulares se depositam em vários tecidos. Os sintomas são inespecíficos e
relacionados com a função do local acometido. O caso relatado mostra uma apresentação rara da
doença, na qual as lesões acometem as pregas vocais bilateralmente, subglote e traquéia, com
necessidade de traqueostomia de urgência por obstrução de VAS, exacerbado por quadro inflamatório
agudo. O tratamento da amiloidose laríngea varia da simples observação da lesão a laringectomia
parcial de acordo com a extensão da doença na laringe. Lesões localizadas podem ser removidas
completamente por via endoscópica com bisturi frio ou laser de CO2.
99
anterior do reto e ileostomia protetora. Apresentou boa evolução pós-operatória. O resultado
anatomopatológico foi pT3 pNO pMx,. Iniciou quimioterapia adjuvante. O parto cesáreo foi realizado
com 34 semanas por maior risco de óbito para o concepto após esse período em gestantes submetidas a
quimioterapia. O recém-nascido pesou 3,1Kg e não apresentou anormalidades. Submetida a
reconstrução do trânsito intestinal após 6 meses, sem intercorrências. CONCLUSÃO: Embora a
concomitância de câncer de reto e gravidez seja rara e a conduta terapêutica não esteja bem
estabelecida, a estratégia de tratamento adotada demonstrou eficácia até o momento.
100
confirmou tratar-se de melanoma maligno. Realizada colonoscopia, sem outras alterações. Demais
exames de estadiamento revelaram múltiplas metástases hepáticas à TC de abdome. Paciente foi
submetido a ressecção local e encaminhado para tratamento paliativo com a equipe da oncologia.
CONCLUSÃO: Relata-se caso de melanoma anorretal, entidade extremamente rara, com poucos
relatos na literatura. O paciente apresentou diagnóstico de doença avançada, já com múltiplas
metástases hepáticas e fora de possibilidades cirúrgicas curativas, sendo realizada apenas a ressecção
local da lesão. Essa evolução do caso corrobora o que é encontrado na literatura, com relação ao
prognóstico ruim da doença e sua alta agressividade.
101
PEDIATRIA CLÍNICA E CIRÚRGICA
1. POSTURA, PRAXIA GLOBAL E EQUILÍBRIO DE ESCOLARES COM SOBREPESO E
OBESIDADE.
Andrezza Aparecida Aleixo, Elaine Leonezi Guimarães, Isabel Aparecida Porcatti de Walsh, Karina
Pereira.
Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Curso de Fisioterapia, Disciplina de Pediatria, Uberaba,
MG.
JUSTIFICATIVA: O excesso de massa corporal, na criança obesa ou com sobrepeso, pode acarretar
diminuição da estabilidade, alterações na postura e na praxia global. Objetivo: Avaliar escolares com
sobrepeso ou obesidade, na faixa etária de 6 a 12 anos de idade, quanto às alterações posturais, ao
equilíbrio e à praxia global. Metódo: Participaram do estudo 34 escolares matriculados em uma escola
estadual de Uberaba/MG, com diagnóstico de sobrepeso ou obesidade infantil segundo Índice de
Massa Corporal (IMC). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa e os pais autorizaram
a participação destas por meio do Termo de Consentimento. RESULTADOS: Dentre os 34 escolares
selecionados 32,35% apresentaram-se com sobrepeso e 67,65% com obesidade. Quanto às alterações
posturais observou-se que 63,6% dos escolares com sobrepeso apresentavam protrusão de cabeça,
63,6% protrusão de ombro, 72,7% diferença de altura de ombros, 54,5% hiperlordose lombar, e,
54,5% diferença de altura da fossa poplítea. No grupo com obesidade, 82,6% apresentavam diferença
na altura de ombros, 65,2% hiperlordose lombar, 47,8% hiperextensão de joelhos, 86,9% diferença de
altura da fossa poplítea, 65,2% joelhos valgos, 78,3% protrusão de abdômen, e, 47,8% anteversão
pélvica. O equilíbrio estático não apresentou diferença estatisticamente significativa. No equilíbrio
dinâmico houve diferença significativa caracterizando o grupo sobrepeso com perfil psicomotor
hiperpráxico enquanto os obesos mostraram-se eupráxicos. Na avaliação da praxia global houve
diferença significativa entre os grupos em três subfatores: coordenação oculopedal (p=0,022);
dissociação de membros superiores (p=0,042) e de membros inferiores (p=0,045). Quanto à
dissociação de membros inferiores e superiores verificou-se perfil psicomotor eupráxico no grupo com
sobrepeso e dispráxico nos obesos. E, quanto à coordenação óculopedal ambos mostraram-se
dispráxicos. CONCLUSÃO: De acordo com os resultados pode-se inferir que o sobrepeso e a
obesidade infantil podem alterar a postura, o equilíbrio e a praxia global, além de comprometer a
socialização da criança
102
deficiência, pela quantificação da enzima por método enzimático (VR: 4,6-13,5 U/g Hb).
RESULTADOS: Foram triados 236 (3,25%) recém-nascidos deficientes de G6PD pelo teste em papel
filtro, mas apenas 57 foram confirmados após a quantificação da enzima. Assim, na amostra estudada
o índice de positividade para deficiência de G6PD foi de 0,78% (57/7257) e a porcentagem de casos
falsamente positivos pelo teste de triagem inicial empregado foi de 75,85%. CONCLUSÃO: As altas
temperaturas, condições de transporte e acondicionamento têm sido relatadas como as principais
causas de falsos positivos, fato que tem sido discutido na literatura médica. Entretanto, a incidência de
G6PD neste estudo é inferior àquela demonstrada por outros autores para a população brasileira, o que
pode ser explicado pela presença de reticulócitos no sangue periférico de recém-nascidos com icterícia
neonatal, que falsamente aumentaria a detecção da enzima, ou talvez os resultados reflitam a real
incidência de deficiência de G6PD na população do DF. Os dados apontam ainda para a necessidade
de cautela ao se analisar o resultado de um teste de triagem neonatal para deficiência de G6PD, pela
ocorrência de falsos positivos e os autores reforçam a necessidade de complementação dos estudos,
por meio da quantificação da enzima e até do estudo molecular para o estabelecimento do diagnóstico
final.
103
JUSTIFICATIVA: Incidência de peritonite em recém–nascidos (RN) de muito baixo peso com
insuficiência renal aguda submetidos à diálise peritoneal (DP) como método de terapia renal
substitutiva.OBJETIVO: Avaliar a eficácia da DP com sistema fechado implantado pelo serviço de
nefrologia na redução dos índices de infecção comparado aos descritos na literatura.DESCRIÇÃO: O
procedimento é realizado com uso de material estéril, onde é montado um sistema de infusão e
drenagem totalmente fechado utilizando bandeja de curativo, sonda foley nº16, coletor de urina
fechado, torneira cirúrgica de 3 vias, equipo microfix para bomba de infusão,bolsa de solução a
1,5%,clorexidina,gaze e luva estéril. Após a montagem desse sistema sobre campo estéril é realizado
a instalação na criança seguindo técnica asséptica. RESULTADOS: Foram analisados dados
referentes a 7 crianças com peso inferior a 1300g no período de janeiro de 2008 a julho de 2010 que
não evdienciaram peritoneites nospacientes tratados. Dados obtidos na literatura demonstram uma taxa
de infecção acima de 62% em RN com peso inferior a 1500g. CONCLUSÃO: Apesar das
dificuldades técnicas encontradas e da pequena amostra analisada, a diálise peritoneal com sistema
fechado mostrou-se eficaz quando comparada aos índices descritos na literatura . Já que os relatos
associam a ocorrência de peritonite diretamente relacionada a inadequada técnica de instalação.
104
6. PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DO PACIENTE ATENDIDO NO AMBULATÓRIO DE
ASMA DO CENTRO DE CLÍNICA PEDIÁTRICA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE
BRASÍLIA.
João Victor Campos de Almeida; Gabriel Vieira Pontes; Carmen Lívia Faria da Silva Martins
Hospital Universitário de Brasília (HUB/UNB).
INTRODUÇÃO: A asma é uma doença que acomete pessoas de todas as idades, de diferentes níveis
sociais e culturais e com graus variados de gravidade e freqüência. Sua prevalência está aumentando
em todas as regiões do mundo, principalmente em crianças. OBJETIVO: Definir e atualizar as
características demográficas e epidemiológicas do paciente no ambulatório de Asma do Centro de
Clínicas Pediátricas do Hospital Universitário de Brasília. METODOLOGIA: Estudo transversal
retrospectivo e descritivo, onde foram coletados dados referentes à idade, gênero e procedência dos
pacientes atendidos no ambulatório de Asma do Centro de Clínicas Pediátricas do HUB entre maio de
2005 e agosto de 2010. RESULTADO: O total de crianças e adolescentes portadoras de asma
registrados neste ambulatório até o momento é de 688. Dos pacientes atendidos entre maio de 2005 até
agosto de 2010, quanto ao sexo: 55,37% masculino e 44,63% feminino; quanto à procedência:
Ceilândia (12,58%), Samambaia (10,36%), Planaltina (9,43%), Taguatinga (7,63%), Santa Maria
(7%), Recanto das Emas (3,72%), São Sebastião (4,96%), Gama (3,88%), Sobradinho (4,96%),
Paranoá (1,87%), Riacho fundo (1,87%), Plano Piloto (3,09%), Guara (1,07%), Brazlandia (1%),
Estrutural, (1%) Outras localidades do DF (15%), Localidades fora do DF (5,33%), não informado
(5,25%). No que concerne a idade: Lactentes (14,25%), pré-escolar (46,54%), escolar (17,55%),
adolescentes (18,72%) e não informado (2,94%). CONCLUSÃO: Além da literatura pertinente os
autores compararam os resultados com as pesquisas realizadas anteriormente no Serviço. O sexo
masculino continua sendo mais freqüente entre os pacientes atendidos no referido ambulatório. O pré-
escolar representou a maior prevalência no ambulatório estando de acordo com dados da literatura. O
escolar e o adolescente jovem praticamente dividem a segunda posição. Dado interessante observado
foi a manutenção do aumento do número de atendimentos ao lactente no Serviço, refletindo um
encaminhamento precoce de bebês para o referido ambulatório. Em relação à procedência, a cidade de
Ceilândia continua com a maior prevalência de atendimentos, Samambaia continua em segundo lugar
e Planaltina que tinha baixa freqüência no serviço manteve a terceira posição. O presente trabalho
possibilitou atualizar o perfil demográfico e epidemiológico dos pacientes atendidos no Ambulatório
de Asma do Centro de Clínicas Pediátricas do HUB.
105
de fichas: 1ªconsulta, 1ºretorno e ≥ 2ºretorno.A ficha da 1ªconsulta:propõe-se ao diagnóstico,
classificação incial da gravidade e início do tratamento. A ficha do 1º retorno enfatiza educação e
adesão ao tratamento, iniciando o acompanhamento do estado de controle da doença. A ficha do
2ºretorno reforça adesão ao tratamento e estado de controle. As fichas apresentam dados
demográficos, frequência de idas ao PS/ internações , antecedentes pessoais/familiares, antropometria,
anamnese/ exame físico, desencadeantes de crise, PFE,quadro das diretrizes para classificação e estado
de controle da doença, medicamentos/tempo de uso, educação em asma, adesão, calendário vacinal,
sono, atividade fisica, condições socio-econômicas, exames, controle do ambiente, uso dos
dispositivos inalatórios e retorno. A utilização das fichas estabeleceu um fluxograma de atendimento
que organizou o serviço, 1. Pré-consulta:acolhimento por estudantes de medicina: identificação e
registro de dados pessoais, antropometria, medida do pico de fluxo, intervalo da última consulta,
número de crises , idas ao PS, uso de medicação de resgate; 2. Consulta médica com preceptores,
internos e residentes; 3. Pós- consulta: uso de espaçadores, dispositivos inalatórios,reforço da
prescrição e retorno por técnica de enfermagem. RESULTADOS:Os dados das fichas foram
categorizados na estatística de 2009, demonstrando 437 atendimentos, média mensal:39,73.A
classificação demonstrou: 247 asma persistente leve(56,5%) ,133 moderada (30,4%), 29 grave(6,6%) e
26 intermitente(5,9%). O estado de controle: 143(32,9%)controlados, 255 (58,5%)parcialmente
controlados e 37(8,5%) não controlados. A não adesão foi 10,9%(48) e internação de 5,7%(25).
CONCLUSÃO: as formas de prevalência da doença foram similares a literatura. A adoção de uma
ficha estruturada estabeleceu uma lógica de fluxo de atendimento, fornecendo margem a que se
estabeleçam ações de planejamento para o ensino, pesquisa e assistência.Os autores acreditam no uso
desta ficha para o atendimento médico da doença na rede básica de saúde, uma vez que ela torna fácil
o entendimento das diretrizes de manejo da doença e do acompanhamento do paciente.
106
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
1. ANÁLISE DO USO DE MISOPROSTOL PARA O AMADURECIMENTO CERVICAL E
INDUÇÃO DO TRABALHO DE PARTO EM GESTANTES INTERNADAS NO HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA HUB NO PERÍODO DE JANEIRO DE 2009 A JANEIRO
DE 2010.
Fabiana Ribeiro Costa, Regivane Laurentino Silveira, Fernanda Simões Seabra Resende, Alessandra
Sousa Gonçalves, Indara Ferreira Braz de Queiroz, Lizandra Moura Paravidine, Antonio Carlos
Rodrigues da Cunha.
Hospital Universitário de Brasília, Maternidade HUB, Brasília DF
OBJETIVO: Analisar o uso do Misoprostol no amadurecimento do colo cervical e na indução do
trabalho de parto, considerando a indicação, dose e intervalos entre as doses, intervalo entre primeira
dose e parto, esquema utilizado, se o parto ocorreu nas primeiras 24 horas, se precisou realizar o parto
por cesáriana, quantas pacientes usaram ocitocina. METODOLOGIA: O trabalho consistiu em um
estudo retrospectivo, de natureza descritiva e transversal, com pacientes gestantes internadas no
Hospital Universitário de Brasília HUB, num período de janeiro de 2009 a janeiro de 2010.
RESULTADOS: Foram analisados 1328 prontuários sendo excluídos 96, devido dados incompletos
ou não encontrados, restando 1232. Destes, 107 foram válidos para o uso de misoprostol, excluídos 4
por tratar-se de fetos mortos e 1 devido dados insuficientes, resultando em 102 prontuários finais. Pós-
datismo (58,8%) configurou-se na principal indicação. O intervalo médio entre a administração da
primeira dose e o parto foi de 15,64h, sendo o parto vaginal a principal via (52,94%). CONCLUSÃO:
O parto ocorreu, em média, com menos de 24horas. Em inúmeros casos houve sucesso terapêutico
com apenas 1 dose do medicamento. O misoprostol foi efetivo no amadurecimento do colo cervical e
na indução do trabalho de parto em gestantes com colo desfavorável e em condições obstétricas que
impõe resolução da gestação.
107
protocolos, objetivamos evidenciar que a conduta estabelecida no HUB tem cuidados adequados ao
binômio mãe-feto durante e após a gestação.
108
MEDICINA SOCIAL
1. EDUCAÇÃO EM SAÚDE PARA A PREVENÇÃO DO CÂNCER CÉRVICO-UTERINO.
Natália de Melo Manzi, Bruna Côrtes Rodrigues, Ana Catarine Melo de Oliveira Carneiro, Tábata
Longo da Silva, Ana Cláudia Nunes Solá, Noel Peixoto Schechtman, Hugo Leonardo Gonçalves de
Oliveira Magalhães, Jane Lynn Dytz.
Universidade de Brasília, Faculdades de Ciências da Saúde e de Medicina, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: A educação em saúde representa uma estratégia importante na formação de
comportamentos que promovam ou mantenham uma boa saúde. OBJETIVO: Desenvolver atividades
de educação em saúde sobre o tema prevenção de câncer cérvico-uterino para a população de Ceres e
Santa Isabel, Goiás. MÉTODO: Trata-se de um relato descritivo sobre uma experiência de educação
em saúde desenvolvida por nove acadêmicos de medicina e enfermagem da Universidade de Brasília,
integrantes do PET-Saúde, acerca do tema prevenção do câncer de colo cérvico-uterino, nos
municípios de Ceres e Santa Isabel, Goiás, no período de 2 a 7 de fevereiro de 2010. Foram realizadas
diferentes ações comunicativas: confecção e distribuição de cartazes/panfletos, produção de um
programa de rádio e roda de conversa na sala de espera das unidades básicas de saúde.
RESULTADOS: Todas as atividades foram avaliadas como produtivas, mas a roda de conversa se
revelou como uma oportunidade de compartilhar experiências e sentimentos, bem como discutir idéias
e conceitos visando construir um novo conhecimento, com contribuições do saber teórico dos
estudantes e do saber prático das usuárias. Para os acadêmicos foi permitido desenvolver a capacidade
reflexiva frente aos diversos cenários encontrados e expandir seus conhecimentos acerca do tema
prevenção do câncer cérvico-uterino. CONCLUSÃO: Essa experiência comprova a importância de
aproximar sistema de saúde e população, bem como de promover a educação em saúde, especialmente
no âmbito da auto-valorização, prevenção e promoção da saúde.
109
3. ADESÃO DOS ALUNOS DE MEDICINA DA UNB À CAMPANHA DE VACINAÇÃO DO
VÍRUS H1N1, 2010.
Naiara Viudes Garcia Martins, Mariana Bittencourt Afflalo, Letícia Bernardes Marçal, Júlia Barreira
Peréa, Lauro Afonso Cortês Bogniotti, Maria Regina Fernandes de Oliveira.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Área de Medicina Social, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: Conhecer a adesão dos alunos de medicina à campanha de vacinação contra o
vírus H1N1 é de fundamental importância uma vez que esses estudantes, bem como os profissionais
de saúde, podem ter uma maior probabilidade de contrair o vírus, se comparados à população geral,
visto que têm mais contato direto com pessoas infectadas no ambiente hospitalar. OBJETIVO:
Estimar a frequência de adesão dos estudantes da UnB matriculados no curso de Medicina do 3° ao
10° semestres, à campanha de vacinação contra a gripe H1N1 promovida pelo Programa Nacional de
Imunizações do Ministério da Saúde no ano de 2010. MÉTODO: Estudo epidemiológico descritivo
individual do tipo inquérito de prevalência. Para a coleta de dados, utilizou-se um questionário
elaborado para o estudo e direcionado à população alvo. Foi calculada uma amostra baseada em uma
prevalência de 50% e IC 95%. RESULTADOS: Foram entrevistados 136 estudantes e 94,74% do 9º
semestre, 87,10% do 8º semestre, 87,10% do 5º semestre, 84,62% do 4º semestre, 80% do 3º e do 6º
semestre e 79,17% do 7º semestre aderiram à campanha; 69,4% foram vacinados em postos de saúde,
44,4% dos entrevistados apontaram a atuação no combate à pandemia a principal razão para aderirem
à campanha e o meio de comunicação determinante para a adesão foi a televisão com 60,7%.
CONCLUSÃO: A frequência de vacinação no curso de medicina atingiu a meta global do Ministério
da Saúde de vacinar pelo menos 80% do público alvo, no caso, trabalhadores de saúde. Entretanto, a
UnB e a Faculdade de Medicina não se mostraram importantes influenciadores para a formação de
opinião desses estudantes quanto à importância da vacinação.
110
recém nascido -, e/ou melhora da qualidade de vida da população. No entanto, aumento relevante no
CMIev pela adequada atenção à mulher na gestação foi observado, o que corrobora com achados de
estudos nacionais, e revela a necessidade de ampliar a cobertura da atenção qualificada ao pré-natal no
DF.
111
PATOLOGIA
1. INFECÇÃO FÚNGICA DEMONSTRADA EM PUNÇÃO ASPIRATIVA POR AGULHA
FINA (PAAF) SIMULANDO NEOPLASIA EM REGIÃO DE CABEÇA E PESCOÇO:
RELATO DE CASO
Emanuel Adelino Medeiros Damasceno, Lisley Calixto de Araújo, Márcio Magalhães Arruda, Lívia
Bravo Maia, Filipe Ramos Barra, Talyta Matos Cano.
Centro de Anatomia Patológica, Hospital Universitário de Brasília, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: As lesões expansivas em região de cabeça e pescoço se apresentam como um
grande problema clínico. Em casos de dúvida diagnóstica a PAAF guiada por ultrassonografia se
mostra valiosa na determinação do diagnóstico e da conduta a ser tomada. O diagnóstico diferencial
das lesões expansivas em região de cabeça e pescoço é amplo, sendo a infecção fúngica um dos
processos a se considerar. OBJETIVO: Relatar caso de infecção fúngica simulando neoplasia maligna
em região de cabeça e pescoço. MÉTODO: G. M. L., masculino, 23 anos, iniciou há dois meses
quadro de emagrecimento, febre diária, rouquidão e disfagia progressiva. A tomografia
computadorizada evidenciou lesão expansiva em orofaringe e linfonodomegalia em cadeia
submandibular, sendo sugeridos os diagnósticos de doença linfoproliferativa e carcinoma epidermóide
metastático. Realizou-se a PAAF que apresentou numerosos histiócitos xantomatosos e pequenas
estruturas redondas e claras em meio a fundo protéico amorfo. A coloração pelo Grocott revelou
numerosas estruturas argentafíns, pequenas, arredondadas ou ovais e com brotamentos, sugestivos de
paracococcidioidomicose. CONCLUSÃO: A infecção fúngica se impõe como diagnóstico diferencial
de lesões expansivas em região de cabeça e pescoço. A PAAF tem sido uma importante ferramenta
nos diagnósticos dessas doenças.
112
3. CITODIAGNÓSTICO DE LINFOMA DE HODGKIN POR PUNÇÃO ASPIRATIVA POR
AGULHA FINA E IMUNOCITOQUÍMICA: RELATO DE CASO
Emanuel Adelino Medeiros Damasceno, Lisley Calixto de Araújo, Talyta de Matos Cano, Ana Emília
Borges de Azevedo, Maria Iolanda Gomes, Alexandre Cavalca Tavares.
Centro de Anatomia Patológica, Hospital Universitário de Brasília, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: O citodiagnóstico do linfoma de Hodgkin (LH) depende do achado das células de
Reed-Sternberg (RS) no esfregaço. Diagnóstico diferencial com subtipos de linfoma não-Hodgkin e
outros processos que apresentam células semelhantes às RS indicam estudo histopatológico como
primeira escolha diagnóstica. Emblocados celulares e imunocitoquímica podem ser úteis.
OBJETIVO: Descrever caso de LH diagnosticado por citologia e imunocitoquímica, confirmado na
histopatologia. DESCRIÇÃO: Paciente masculino, 25 anos, referiu aparecimento de nódulo de em
região cervical posterior esquerda, indolor, sem sinais flogísticos, há 6 meses. No primeiro exame
físico o nódulo era de 7cm. Presença de outros nódulos em região cervical anterior direita e axilar
esquerda. Realizada punção aspirativa (PAAF) de nódulos cervicais (nível II a IV esquerda e nível V
bilateral e axilar) por patologista e confeccionados esfregaços e blocos celulares. O exame
microscópico revelou alta celularidade heterogênea, contendo freqüentes células linfóides neoplásicas
com cariomegalia, membrana nuclear espessa, cromatina grosseira e macronucléolos eosinofílicos.
Algumas eram bi ou multinucleadas. De permeio, numerosos linfócitos em diversos estágios de
maturação, neutrófilos e eosinófilos. O estudo imunocitoquímico revelou imunoexpressão positiva nas
células neoplásicas para CD30 e CD15, negativa para CD20 e CD3, melhor evidenciada no
emblocado. Biópsia do linfonodo supra-clavicular esquerdo confirmou LH clássico, padrão esclerose
nodular. CONCLUSÃO: O presente caso indica que métodos menos invasivos podem ser utilizados
para triagem de neoplasias linfoproliferativas, possibilitando diagnóstico conclusivo. Confecção de
blocos celulares no momento da PAAF e estudo imunocitoquímico favoreceram a conclusão
diagnóstica.
113
ÁREAS BÁSICAS
1. ABORDAGEM MOLECULAR DAS HEMOPATIAS CLONAIS NA SÍNDROME DE
DOWN
Lílian Barros Queiroz 1,2; Juliana Forte Mazzeu de Araújo 1; Isis Maria Quezado Soares Magalhães 3;
Beatriz Dolabela de Lima 2; Cezar Martins-de-Sá 2; Íris Ferrari 1.
(1) Universidade de Brasília (UnB), Laboratório de Genética Clínica; (2) Universidade de Brasília
(UnB), Laboratório de Biologia do Gene; (3) Hospital de Apoio de Brasília (HAB).
JUSTIFICATIVA: A condição do portador de Síndrome de Down (SD) desperta especial interesse
nos estudos sobre leucemogênese, não só pela alta prevalência de leucemia aguda do tipo
megacarioblástica (LMA-M7), normalmente raro na população pediátrica geral, mas também pela
curiosa forma de proliferação clonal, a leucemia transitória (LT) que acomete aproximadamente 5%
dos recém-nascidos com SD. Estes casos geralmente evoluem com remissão espontânea nos primeiros
três meses de vida, mas podem desenvolver LMA-M7 entre 2 a 3 anos depois de ter ocorrido a
remissão espontânea da LT. Essas leucemias são causadas por mutações adquiridas no exon 2 do fator
de transcrição hematopoiético GATA1 que impedem a síntese da proteína GATA1, mas não a síntese
da proteína truncada, GATA1s. OBJETIVOS: 1) identificar a presença de mutações somáticas no
gene GATA1 em crianças portadoras da SD, nos dois tipos de proliferação clonal LT e LMA-M7,
visando a consolidá-lo como marcador molecular; 2) determinar a frequência de ocorrência de LT e
LMA-M7/SD no Distrito Federal. METODOLOGIA: (a) Análise citogenética para diagnóstico da
SD e alterações clonais; (b) reação em cadeia da polimerase (PCR) de DNA genômico humano; (c)
sequenciamento dos produtos de PCR para detecção de mutações (d) clonagem dos produtos de PCR
no vetor pGEM-T (apenas quando detectada alteração no sequenciamento direto) seguido de
transformação em células competentes de E. coli DH5a, digestão com enzimas de restrição (SacII e
NdeI) para posterior sequenciamento desses PCRs clonados e) imunofenotipagem para caracterização
da linhagem hematopoiética envolvida e seu grau de maturação. RESULTADOS: Foi realizada a
triagem de mutações no GATA1 em 138 amostras, destas, 108 corresponderam a pacientes com SD;
seis pacientes com plaquetopenia e anemia constitucional; e as 24 amostras restantes corresponderam
a seguimento dos pacientes, em diferentes datas de coleta. Foi identificada uma mutação
p.Tyr63ThrfsX66 na LT, permitindo o acompanhamento da doença residual mínima neste paciente; e
um clone leucêmico na LMA-M7 da SD:
47,XY,del(5)(p13~14),del(6)(q?),+21c[12%]/46,XY,+21c[46]. Estas alterações genéticas têm
implicações na escolha do melhor tratamento e na evolução da doença. CONCLUSÃO: Esta alteração
molecular tem implicação na escolha do melhor tratamento e na evolução da doença.
114
miltefosina (0, 10, 50, 100 µg/mL) e com 4 x 106 leveduras (Saccharomyces cerevisiae),
sensibilizadas ou não com o soro dos camundongos. Posteriormente, as células foram lavadas, secas,
fixadas com metanol, coradas com solução de Giemsa, montadas em lâminas de vidro e analisadas em
microscopia (200 macrófagos/ lamínula). RESULTADOS: A miltefosina afetou a fagocitose por
receptores para os padrões moleculares de patógenos, em relação ao controle, nas preparações
incubadas com 50 µg/mL, pois aumentou a mediana do índice fagocitário (Wilcoxon; p=0,003) e a
média do percentual de macrófagos envolvidos na fagocitose (teste t-pareado; p<0,001) e diminuiu a
média de leveduras fagocitadas (teste t-pareado; p=0,004). Quando a fagocitose foi avaliada pelos
receptores para opsoninas os resultados indicaram que, em relação ao controle, houve aumento do
índice fagocitário com 10 µg/mL (teste t-pareado; p=0,001) ou 50 µg/mL (teste t-pareado; p<0,001),
aumento no percentual de macrófagos envolvidos na fagocitose e na média de leveduras fagocitadas
com 50 µg/mL (teste t-pareado; p<0,01). CONCLUSÃO: A miltefosina aumentou a fagocitose por
receptores para padrões moleculares, pelo aumento no recrutamento de macrófagos, enquanto que
pelos receptores para a opsoninas a droga aumentou também a média de leveduras fagocitadas. Nossos
resultados apontam para uma possível atividade imunomoduladora da miltefosina.
115
4. DETERMINAÇÃO DA PRODUÇÃO DE PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO POR
MACRÓFAGOS PERITONEAIS TRATADOS COM PS-2, UM PEPTÍDEO DE
PHYLLOMEDUSA AZUREA.
Vitor M. Caldas, Leiliane F. Sampaio, Bruno F. Luitgards, Filipe L. de Menezes, José Roberto S. A.
Leite e Selma A. S. Kückelhaus.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Laboratório de Imunologia Celular, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA. Peptídeos antimicrobianos tem efeito modulador sobre as funções de defesa de
células de mamíferos, sobretudo na expressão e síntese de citocinas e radicais livres. OBJETIVO. O
objetivo desse estudo foi determinar o efeito da PS-2 sobre a produção de peróxido de hidrogênio
(H2O2) por macrófagos peritoneais de camundongos Swiss, tratados ou não com diferentes
concentrações de PS-2. MÉTODO. As células peritoneais foram coletadas de oito camundongos da
linhagem Swiss normais, lavadas, centrifugadas, quantificadas em hematôcitometro e incubadas por 2
horas a 37ºC com 5% de CO2 em ar, em placa de microcultivo de 24 escavações para a aderência dos
macrófagos. Após a incubação, as escavações foram lavadas com STF para remover as células não
aderidas e então, os macrófagos foram incubados por 1 hora, com 140 µL de solução de vermelho
fenol acrescida de PS-2 (2, 10 ou 100 µg/mL), com ou sem acetato de forbol miristato (PMA); durante
a incubação foi preparada uma curva padrão em vermelho de fenol. A reação foi interrompida com
NaOH e as leituras das absorbâncias foram feitas em espectrofotômetro de placa com filtro de 620 nm
(SpectraMax® Plus384). RESULTADOS. Os resultados foram expressos em micromoles (µM) de
H2O2. Na concentração de 100 µg/mL de PS-2, houve aumento da produção de H2O2 por células
peritoneais de macrófagos (Mann-Whitney; p=0,023), enquanto que as demais concentrações foram
similares ao controle (p>0,05).CONCLUSÃO: Nossos resultados indicaram que a PS-2 aumentou a
produção de peróxido de hidrogênio por macrófagos peritoneais de camundongos na concentração de
100 µg/mL. Considerando que os peptídeos antimicrobianos podem interferir nas vias de ativação
celular, esse efeito pode significar uma possível atividade imunomoduladora da droga, no entanto, são
necessários mais estudos para identificar seus mecanismos de ação, visando futuras aplicações
biomédicas.
116
atividade metabólica das células peritoneais de forma dose dependente (ANOVA; p<0,0001), em
relação ao controle. As demais concentrações não afetaram a redução de MTT pelas células
peritoneais. CONCLUSÃO: As maiores concentrações de DS 01 reduziram o metabolismo das
células peritoneais dos camundongos, indicando possíveis efeitos tóxicos sobre as mesmas, no entanto,
são necessários mais estudos para avaliar seus mecanismos de ação e seus efeitos sobre as células do
sistema imunitário.
117
para a remoção das células não aderidas e os macrófagos foram incubados em meio RPMI 1640
completo acrescido com diferentes concentrações de PS-2(0, 1, 10 e 100 µg/mL), com ou sem
lipopolissacarídeo. Terminada a incubação, tranferiu-se 100µL do sobrenadante de cada escavação
para outra placa e à estas acrescentou-se 100µL do reagente de Greiss. Uma curva padrão foi
preparada com nitrito de sódio(NaNO2) diluído em água destilada. As leituras das reações
colorimétricas foram feitas em espectrofotômetro de placa(SpectraMax®Plus384) com filtro de
540nm e os resultados expressos em absorbância. RESULTADO: Os resultados da produção de óxido
nítrico por macrófagos peritoneais incubados com a PS-2 indicaram que as concentrações(1, 10 ou
100µg/mL) do peptídeo não afetaram a função celular em relação aos níveis produzidos pelo
controle(Teste t pareado; p<0.05). CONCLUSÃO: Os resultados da funcionalidade de macrófagos
avaliada pela produção de óxido nítrico mostraram que a PS-2 não afetou sua produção nas
concentrações analisadas.
118
officinale), couve (Brassica oleracea), rúcula (Eruca sativa) e alface (Lactuca sativa). Cada amostra
foi desfolhada, pesada, lavada e processada pelo método de Hoffman modificado. Lâminas foram
confeccionadas, coradas e observadas ao microscópio óptico. RESULTADOS: Os resultados
evidenciaram a ocorrência de protozoários e helmintos em 50% das amostras analisadas. O agrião foi a
única variedade de hortaliça que não apresentou estruturas parasitárias. Os enteropasitos mais
frequentes foram os helmintos com índice de 86,6%, cujos representantes foram Ascaris sp,
Ancylostoma sp, Necator sp, Toxocara sp e Strongyloides sp. CONCLUSÃO: Conclui-se que as
hortaliças comercializadas nesta região têm potencial papel na transmissão de enteroparasitos,
havendo necessidade de medidas específicas que propiciem uma melhoria na qualidade higiênico-
sanitária destes alimentos.
119
Mycobacterium tuberculosis e não está esclarecido se as drogas utilizadas no tratamento da doença
influenciam as funções destas células. OBJETIVO: Avaliar a influência da isoniazida, rifampicina e
pirazinamida sobre a capacidade fagocitária. MÉTODO: Os fagócitos de 20 voluntários sadios foram
incubados com as drogas e a fagocitose de Saccharomyces cerevisiae foi avaliada pelos receptores de
padrões moleculares de patógenos e pelos receptores para opsoninas. O índice fagocitário (IF) é a
multiplicação da média de leveduras fagocitadas/fagócito pela porcentagem de fagócitos envolvidos
na fagocitose. RESULTADOS: O tratamento com a isonizida (178), rifampicina (177) e pirazinamida
(138) isoladas e associadas (102) deprimiram o IF dos monócitos pelos receptores para opsoninas em
relação ao controles não tratados (219) (p<0,0001, Kruskal-Wallis teste). Esta depressão deveu-se
tanto ao menor envolvimento dos monócitos na fagocitose (p<0,0001, Kruskal-Wallis teste), quanto à
menor proporção de partículas fagocitadas por monócito (p<0,0001, Kruskal-Wallis). O tratamento
com as três drogas causou uma depressão do IF dos neutrófilos (p<0,0004, Kruskal-Wallis teste), da
proporção de neutrófilos envolvidos na fagocitose (p<0,01, Kruskal-Wallis teste) e da média de
leveduras fagocitadas (p<0,008, Kruskal-Wallis). As três drogas não influenciaram a capacidade
fagocitária dos neutrófilos (p>0,05) ou dos monócitos (p>0,05) pelos receptores que reconhecem
padrões moleculares de patógenos. CONCLUSÃO: A três drogas utilizadas deprimiram a capacidade
fagocitária dos monócitos e neutrófilos. Como estes fagócitos fazem parte da defesa inata do
indivíduo, esta imunodeficiência ocasionada pela própria terapia deve ser levada em consideração no
tratamento dos pacientes, pois podem estar contribuindo para dificultar o tratamento, tanto para o
próprio M. tuberculosis, quanto para outras infecções oportunistas, como podem aumentar os riscos de
outras imunodeficiências associadas, como a desnutrição.
120
13. PARASITOS INTESTINAIS E AMEBAS DE VIDA LIVRE ISOLADOS NO CÓRREGO
SAMAMBAIA - DF
Ana Clara Chagas, Gabriela Andrade, Gabriela Lisboa, Mariana Ribeiro, Natália Schettini, Daniella
Souza.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Laboratório de Parasitologia Médica, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: As águas do Córrego Samambaia-DF que percorre a região de Vicente Pires-DF
encontra-se contaminada por diversos protozoários, amebas de vida livre e helmintos OBJETIVO: O
objetivo do presente trabalho foi verificar a presença de parasitos e amebas de vida livre em amostras
do córrego Samambaia, que serve como fonte de irrigação para a produção de hortaliças. MÉTODO:
A metodologia foi dividida em três etapas: coleta de amostras, feita em três trechos eqüidistantes (em
cada ponto foram utilizadas 15 garrafas pet); análise parasitológica laboratorial de 90 lâminas e 3
culturas destas amostras em placas de petri, que continham Agar não nutriente mais Escherichia Coli
mortas por calor, sendo uma cultura para cada ponto de coleta. Para a análise parasitológica, foi
utilizado o método de Hoffman (sedimentação espontânea), adicionado de centrifugação. A análise das
lâminas se fez ao microscópio óptico e as placas ao microscópio óptico invertido. RESULTADOS:
Das 45 amostras foram encontrados parasitas em 25 amostras. Sendo estes: 10 Cistos de amebas de
vida livre (0,22%), 2 Larvas rabditóides de Strongyloides stercoralis (0,04%), 7 Protozoários ciliados
(0,15%),3 Cistos de Endolimax nana (0,06%), 3 Cistos de Balantidium coli (0,06%), 5 Protozoários
de vida livre flagelado (0,11%), 2 Endolimax sp.(0,04%), 2 Entameba SP (0,04%), 1 Trofozoíto de
Balantidium (0,02%), 1 Ovo de Ascaris lumbricóides (0,02%). Em todas as placas havia parasitas.
Encontrou-se Cistos e Trofozoíto de Acanthamoeba.. CONCLUSÃO: A água do Córrego Samambaia-
DF encontra-se contaminada por diversos protozoários, amebas de vida livre e helmintos. Se faz,
assim, necessário o controle dos resíduos que estão atingindo essa água, bem como o tratamento da
mesma.
121
ENFERMAGEM
1. APLICAÇÃO DO PROCESSO DE ENFERMAGEM À PACIENTE PORTADORA DE
LÚPUS ERITEMASO SISTÊMICO (LES) EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA.
Natália de Melo Manzi, Andréa Mathes Faustino, Paula Elaine Diniz dos Reis, Ivone Kamada,
Cristine Alves Costa de Jesus.
Universidade de Brasília, Faculdade de Ciências da Saúde, Departamento de Enfermagem, Brasília,
DF.
JUSTIFICATIVA: A Sistematização da Assistência de Enfermagem é o modelo metodológico ideal
para o enfermeiro aplicar seus conhecimentos técnico-científicos na prática assistencial. OBJETIVO:
Descrever as etapas do processo de enfermagem aplicadas a uma paciente portadora de LES,
utilizando o referencial teórico de Imogene King e a Taxonomia II da North American Nursing
Diagnosis Association (NANDA). DESCRIÇÃO: Estudo de caso de uma paciente portadora de LES,
atendida na UTI de um hospital de ensino de Brasília. Para a coleta de dados utilizou-se um
instrumento elaborado baseado em referenciais teóricos de enfermagem. Após a anuência da paciente,
os dados foram coletados a partir da entrevista e exame físico, durante o período de 11 a 14 de Maio
de 2010. Em seguida, os dados foram analisados e, baseando-se na Taxonomia II da NANDA, foram
formulados os diagnósticos de enfermagem. Também foram estabelecidos objetivos e intervenções de
enfermagem para cada um dos diagnósticos identificados. A implementação do processo foi realizada
por uma das autoras do trabalho. Foram identificados 10 diagnósticos de enfermagem, com as
respectivas metas a serem alcançadas e as intervenções necessárias. CONCLUSÃO: Foi possível
aplicar uma assistência de enfermagem sistematizada por meio do Processo de Enfermagem, onde a
paciente constituiu-se como centro da atuação do profissional, de forma que suas necessidades foram
atendidas através de ações fundamentadas em um modelo teórico próprio da profissão.
122
QT. Ao exame, além de apresentar-se desnutrido, foi evidenciado metástase intestinal e pulmonar com
compressão da veia cava inferior. Diante problemas levantados, identificaram-se dez diagnósticos de
enfermagem: Ansiedade, Déficit no auto-cuidado, Deambulação Prejudicada, Dor aguda, Fadiga,
Intolerância à atividade, Nutrição desequilibrada, Padrão de sono prejudicado, Medo e Padrão
respiratório ineficaz. CONCLUSÃO: Ressalta-se a relevância da atuação do enfermeiro no cuidado
ao cliente portador de Tumor Seminomatoso Testicular, numa assistência individualizada.
123
anteriores à internação. Porém, os dados deste estudo sugerem que os pacientes apresentaram insônia
durante a hospitalização, o que pode ser explicado pelo fato de terem percepção alterada com relação
aos problemas do sono. Neste contexto, o enfermeiro pode intervir orientando os pacientes com
relação à higiene do sono, além de outras medidas.
124
FARMÁCIA
1. INFLUÊNCIA DE ALIMENTOS NA ABSORÇÃO DE MEDICAMENTOS UTILIZADOS
EM CARDIOLOGIA
Bruno Gedeon de Araujo, Alessandra Menezes Campos, Patrícia Medeiros de Souza, Daniel França
Vasconcelos, Hervaldo Sampaio Carvalho
Hospital Universitário de Brasília, Residência Multiprofissional, Farmácia Clinica – Atenção
Cardiopulmonar, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: A administração de medicamentos durante a alimentação pode modificar a taxa
e/ou a extensão da absorção desses fármacos, alterando a biodisponibilidade. OBJETIVO: Identificar
as interações existentes entre alimentos e os fármacos utilizados no serviço de cardiologia do HUB.
Estabelecer os manejos de horário, de modo a evitar a redução da biodisponibilidade dos
medicamentos que interagem com alimentos. MÉTODO: Foi realizada pesquisa no MEDLINE (em
junho de 2010, PubMed) com limites em artigos de revisão e cuja versão online estava disponível no
Portal Capes. Primeiramente, foi feita uma busca com as palavras-chave no MeSH (Medical Subject
Heading) com as seguintes palavras: Terazosin AND food interaction e Prazosin AND food
interaction. Foi também realizada consulta no Formulário Terapêutico Nacional 2008 e em bases de
dados (Micromedex e UpToDate) com os nomes dos 36 medicamentos selecionados.
RESULTADOS: Foram selecionados 36 medicamentos mais freqüentemente prescritos em
cardiologia, dentre eles foram identificadas 25 interações medicamento-alimento, das quais 5
reduziam a biodisponibilidade, 9 aumentavam a biodisponibilidade e 11 reduziam os efeitos adversos.
De acordo com as interações identificadas, foram propostos manejos de horário, visando melhorar a
biodisponibilidade e reduzir os efeitos adversos dos respectivos medicamentos. CONCLUSÃO: A
identificação de interações do tipo medicamento-alimento possibilitou minimizar potenciais reações
adversas a medicamentos, objetivando reduzir erros na prescrição e na administração de
medicamentos e favorecer o uso racional de medicamentos no serviço de cardiologia do HUB.
125
NUTRIÇÃO
1. APLICAÇÃO DO ÍNDICE DE ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL EM MULHERES COM
EXCESSO DE PESO
Renata Brasileiro Miranda1, Cibele Ferreira Neves1 , Sérgio Lincoln de Matos Arruda2, Mariana Silva
Melendez Araújo2, Sandra Fernandes Arruda1, Kênia Mara Baiocchi de Carvalho1.
1
Universidade de Brasília, Faculdade de Ciências da Saúde, Departamento de Nutrição. Programa de
Pós Graduação em Nutrição Humana. 2Clínica Dr Sérgio Arruda: Cirurgia Geral e Bariátrica. Brasília,
DF.
JUSTIFICATIVA:O Índice de Alimentação Saudável Adaptado (IASad) é um instrumento validado
e serve para avaliar qualidade da alimentação de adultos. Não existem dados da aplicação do
instrumento em pessoas com excesso de peso. OBJETIVO:Avaliar o padrão alimentar pelo IASad de
mulheres obesas graus 2 e 3, comparando-se com eutróficas. MÉTODO:Foram avaliadas 58 mulheres
(15 eutróficas, 26 obesas grau 2 e 17 obesas grau 3) com aplicação de questionário sócio demográfico
e cálculo do índice de massa corporal (IMC; kg/m2). Foram aplicados recordatório alimentar de 24
horas e registro alimentar de 3 dias, para determinação do consumo energético e composição de
macronutrientes da dieta.Determinou-se o IASad, sendo considerada alimentação precisando de
melhorias para os resultados entre 71 e 100 pontos. RESULTADOS:Na amostra total, as variáveis
sócio demográficas (idade:38 ± 9,8 anos e renda per capta: 2160 ± 1535 reais) e a qualidade da
alimentação ( IASad: 68,81 ± 9,7pontos) foram semelhantes nos três grupos. A maior parte das
mulheres (51,7%) apresentava padrão alimentar precisando de melhorias. Contudo, a ingestão de
colesterol das eutróficas (156,2± 84,3 g/dia) foi significativamente menor do que a das obesas grau 2
(243,7± 100,3 g/dia) e 3 (258,3± 107,0 g/dia) (p= 0,009) e o consumo energético foi marginalmente
superior (p=0,065) entre as participantes com excesso de peso. Das variáveis investigadas, apenas o
consumo energético apresentou correlação positiva (r2=0,398) e significativa (p=0,006) com o IASad.
CONCLUSÃO: Da qualidade da alimentação, observou-se melhora do perfil quanto ao consumo de
colesterol entre as eutróficas. Nesta amostra, o IASad apresentou associação com o consumo
energético. Futuras investigações devem ser feitas sobre as implicações da relação quantidade e
qualidade da alimentação, de acordo com este instrumento.
126
mensais educativas com temas de alimentação e nutrição, além de atividades físicas orientadas com
duração de uma hora três vezes por semana durante oito meses. Coletas de dados foram realizadas
antes, durante e após a intervenção para avaliar consumo alimentar de frutas e hortaliças,
antropometria, exames bioquímicos e freqüência de atividade física. RESULTADOS: Houve aumento
do consumo diário de frutas no GI (p= 0,002) e redução de peso, IMC, CC e colesterol total. No GC
não foi observada alteração significativa dos parâmetros estudados. CONCLUSÃO: A redução de
fatores de risco para DCNT observada nos participantes revela a importância da inserção de programas
educação e saúde em comunidades, além das atividades desenvolvidas pelo PSF. Vínculo estabelecido
entre a Universidade de Brasília e a Secretaria de Saúde do Distrito Federal pode auxiliar no combate
às DCNT e redução de fatores de risco associados.
127
ODONTOLOGIA
1. PROMOÇÃO DA SAÚDE EM CÂNCER: EXPERIÊNCIA DA INSERÇÃO DA
ODONTOLOGIA NO CACON DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA
Figueiredo PT, Mello TS, Barbosa I, Barbosa L, Ferrare.N, Leal D, Fortunato D,
Guerra EN, Leite A, Melo NS, Moraes K, Mattos M, Costa KO, Marques A.
Universidade de Brasília, Faculdade de Ciências da Saúde, Divisão de Odontologia do Hospital
Universitário de Brasília (HUB), Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: As estratégias de promoção da saúde em câncer são voltadas à identificação dos
fatores de risco, diagnóstico precoce e controle de seqüelas do tratamento oncológico. Trata-se de
abordagem multidisciplinar, com participação de diversos profissionais de saúde. OBJETIVO:
Apresentar uma experiência de sucesso com ações de promoção de saúde voltadas ao câncer no
Serviço de Saúde Bucal da Divisão de Odontologia do HUB. MÉTODO: O Serviço de Saúde Bucal
do HUB, integrado ao Centro de Alta Complexidade em Oncologia (CACON-HUB), é composto de
cirurgiões-dentistas, professores, estagiários e alunos de graduação e pós-graduação. Além do
diagnóstico, são adotadas estratégias de identificação de fatores de risco, principalmente o álcool e
fumo, com encaminhamento de pacientes ao Programa de Controle do Tabagismo do HUB. Nos
pacientes oncológicos do CACON, o serviço de saúde bucal realiza ações voltadas para melhoria da
qualidade de vida, controle de placa, instruções de higiene oral e adequação do meio bucal antes,
durante e após as sessões de quimioterapia e/ou radioterapia. A divisão de Odontologia participa
também do acolhimento dos pacientes que já possuem o diagnóstico de câncer, com orientações
necessárias para o início do tratamento. RESULTADOS: Trata-se de experiência exitosa de promoção
de saúde em câncer em 229 pacientes, com acompanhamento periódico no HUB. CONCLUSÃO As
ações apresentadas dizem respeito a condutas odontológicas específicas voltadas para promoção de
saúde em câncer e controle das seqüelas do tratamento oncológico em uma unidade pública de Saúde.
128
3. ORAL FEATURES IN KABUKI SYNDROME PATIENTS
Heliana Dantas Mestrinho, Samantha do Prado Sobral, André Ferreira leite, Paulo Tadeu
Figueiredo, Iris Ferrari, Heloísa Safatle, Mara Córdoba, Beatriz Versiani, Ana Carolina Acevedo
University of Brasília, Oral Care Center for Inherited Diseases and Department of Clinical Genetics,
University Hospital of Brasília , DF
OBJECTIVE: The aim of this study was to describe oral manifestations in Brazilian individuals with
Kabuki Syndrome (KS), a multiple congenital anomaly/mental retardation syndrome. METHODS:
Sixteen KS individuals with age comprised between 8 to 24 years of both genders were referred by the
Department of Clinical Genetics, for oral treatment and follow-up, to the Oral Center for Inherited
Diseases, University Hospital of Brasília, Brazil. Each individual underwent complete physical
examination , as well as extra-oral and intra-oral radiographic examinations. Extra-oral and intra-oral
photographs were also performed. RESULTS: Craniofacial and dental alterations were observed in all
KS patients examined. Seven of 16 individuals had class III malocclusion, probably due to the
presence of maxillary recession and mid-face hypoplasia. Also, high arched palate was observed in
three quarters of individuals. Flattening of the condyle was revealed in 2 individuals. The most
common dental anomaly observed was teeth shape abnormalities, mainly screwdriver incisors.
Besides, atypical shape of molar’s crowns, occlusal convergence of premolar’s crowns, and root
dilacerations were also observed. Hypodontia and microdontia were present in 9 and 4 individuals,
respectively. Enamel diffuse opacities were also observed in permanent dentition (n= 10).
CONCLUSION: A great clinical heterogeneity was observed in KS individuals in line with other
previous studies in the literature. Some non previously reported anomalies were also observed in this
sample, such as anomalies of crown, root shape and flattening of condyle. Further clinical and
molecular studies are necessary in order to better understand the presence of dental anomalies in this
syndrome.
129
estes achados. (2) A identificação da associação entre as anomalias dentárias e a Glicogenose pode
auxiliar na compreensão dos mecanismos relacionados ao metabolismo do glicogênio e a
odontogênese, assim como no diagnóstico precoce, tratamento e acompanhamento apropriado das
anomalias dentárias nesse pacientes.
130
equipe é composta por professores da divisão de Odontologia do HUB e do Departamento de
Odontologia da Faculdade de Ciências da Saúde, alunos de graduação e pós-graduação, estagiários de
extensão e profissionais voluntários. Em razão da diversidade de alterações e patologias, o
atendimento é multiprofissional e conta com a colaboração de outros serviços do HUB, tais como os
serviços de pediatria, gastropediatria, nefrologia, genética clínica, endocrinologia, otorrinolaringologia
e dermatologia. Além disso, colaborações locais (Laboratório de Farmacologia Molecular) e
internacionais (Universidade de Birmingham/EUA, Universidade de Leeds/Inglaterra e Universidade
de Tokushima/Japão) têm sido estabelecidas com finalidade de realizar estudos de diagnóstico
molecular. Atualmente, o perfil dos pacientes é heterogêneo, englobando desde defeitos de
desenvolvimento dentário sem comprometimento sistêmico a diversas síndromes raras. Desde a
criação do serviço, os resultados obtidos têm auxiliado na melhor compreensão de diversas doenças,
possibilitando a formulação de protocolos de atendimento com enfoque principal na promoção de
saúde bucal desses pacientes.
131
ERROR: syntaxerror
OFFENDING COMMAND: %ztokenexec_continue
STACK:
-filestream-