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ANAIS 2010

XIII JORNADA CIENTÍFICA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA

V JORNADA CIENTÍFICA DA FACULDADE DE MEDICINA

V JORNADA CIENTÍFICA DA FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

IX FEIRA DE SAÚDE DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA

Multidisciplinaridade em saúde: da pesquisa à clínica

Brasília-DF, 14 a 16 de outubro de 2010


Universidade de Brasília
Reitor: José Geraldo de Sousa Júnior
Vice-Reitor: João Batista de Sousa
Decano de Ensino de Graduação: Márcia Abrahão Moura
Decano de Pesquisa e Pós-Graduação: Denise Bomtempo Birche de Carvalho
Decano de Extensão: Oviromar Flores
Decano de Administração: Pedro Murieta Santos Neto
Decano de Assuntos Comunitários: Rachel Nunes da Cunha

Faculdade de Medicina
Diretor: Paulo César de Jesus
Vice-Diretor: Joel Paulo Russomano Veiga

Faculdade de Ciências da Saúde


Diretor: Lílian Marly de Paula
Vice-Diretora: Edgar Merchan Hamann

Hospital Universitário de Brasília


Diretor: Gustavo Adolfo Sierra Romero
Diretora Adjunta de Serviços Assistenciais: Elza Ferreira Noronha
Diretora Adjunta de Ensino e Pesquisa: Maria Imaculada Muniz Barboza Junqueira
Diretora Adjunta Executiva: Laene Pedro Gama

Universidade de Brasília Campus Universitário Darcy Ribeiro


CEP 70910-900 – Tel: 33072022
Brasil, Brasília – DF

JORNADA CIENTÍFICA
Coordenação e Organização Geral: Maria Imaculada Muniz Barboza Junqueira
Presidente da Jornada: Daniel França Vasconcelos

COMISSÃO ORGANIZADORA
Maria Imaculada Muniz Barboza Junqueira
Daniel França Vasconcelos
Joel Paulo Russomano Veiga
Adriana Lofrano
Antonio Carlos Rodrigues da Cunha
Maria das Graças de Oliveira
Patrícia Lopes Almeida
Rômulo Medeiros de Almeida
Josiane Moreira
Julia Horita Moherdavid
Karla Dionéia Gonçalves da Silva
Leonardo Fellows

COMISSÃO CIENTÍFICA
Joel Paulo Russomano Veiga
Paulo Gonçalves de Oliveira
Antônio Carlos Rodrigues da Cunha
Vera Lúcia Vilar de Araújo Bezerra
Verônica Amado
Carlos Eduardo Gaio
Daniel França Vasconcelos
Cleudson Nery Castro
Leopoldo Luiz dos Santos Neto
Ronaldo Mafia Cuenca
Gustavo Adolfo Sierra Romero
Fabiana Pirani Carneiro
Pedro Sadi Monteiro
Marina Kiyomi Ito
Eliane Maria Fleury Seidl

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FEIRA DE SAÚDE
Coordenadora: Enfermeira Josane Gallo

COMISSÃO ORGANIZADORA
Josilene Albino de Freitas Lima
Franco Batista Leite
Rosane Chaves
Samoa Amorim
Thuane Souza
Antonio Rodrigues
Djalma Rezende

EXPEDIENTE
EQUIPE DAEP/HUB
Djalma José Resende
Jaina Batista de Jesus
Kely Cristina de Jesus Pereira dos Reis
Rosane Antunes Carreiro Chaves
Samoa Amorim da Cunha Maceno
EQUIPE APOIO DIDÁTICO/DAEP/HUB
Antônio Rodrigues da Silva
José Rodrigues de Magalhães
Luiz Gusmão Antunes
Flávio Eduardo Peres Silva
Rafael Rodrigues da Silva
Rena Marinho Farias

Impressão
Marina artes gráficas e editora
Periodicidade: anual

FICHA CATALOGRÁFICA

Jornada Científica do HUB (11.: 2010 :Brasília, DF).

J82 Multidisciplinaridade em saúde: da pesquisa à clínica. XIII Jornada Científica do Hospital


Universitário de Brasília; V Jornada Científica da Faculdade de Medicina; V
Jornada da Faculdade de Ciências da Saúde:
14 a 16 de outubro: anais / Maria Imaculada Muniz Barboza Junqueira, Daniel França
Vasconcelos; organizadores. – Brasília:
Universidade de Brasília, 2010.

146f.

ISBN

1.Medicina. I. Muniz-Junqueira, Maria Imaculada; II.Vasconcelos, Daniel França.

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SUMÁRIO

Apresentação
Programação Jornada Científica
Programação da Feira de Saúde

Resumos das palestras


Encontro pré-jornada
Palestra de Abertura
Mesas-Redondas
Conferência

Temas Livres
Clínica Cirúrgica
Clínica Médica
Pediatria Clínica e Cirúrgica
Ginecologia e Obstetrícia
Patologia
Medicina Social
Áreas Básicas
Enfermagem
Farmácia
Nutrição
Odontologia
Psicologia
Multiprofissional

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APRESENTAÇÃO

O Hospital Universitário de Brasília, a Faculdade de Medicina e a Faculdade de Ciências da Saúde da


Universidade de Brasília vêm desenvolvendo conjuntamente intensa atividade de ensino, pesquisa e extensão na
área da saúde.
Durante o período de 14 a 16 de outubro, estaremos realizando a XIII Jornada Científica do Hospital
Universitário de Brasília, a V Jornada Científica da Faculdade de Medicina, a V Jornada Científica da Faculdade
de Ciências da Saúde e a IX Feira de Saúde do Hospital Universitário de Brasília, compreendendo um único
evento.
O objetivo é promover a educação em saúde de modo multiprofissional e apresentar o desenvolvimento
da ciência em nossas instituições.
Estaremos, portanto, aperfeiçoando os conhecimentos e mostrando a intensa atividade de pesquisas
acadêmicas e científicas realizadas em nossas instituições, pela exposição da produção científica da
Universidade de Brasília na área da saúde.
Serão três dias de intensa atividade com realização de encontros pré-jornada, mesas-redondas e
palestras, além da apresentação dos trabalhos científicos originais sob a forma de posteres.
A Jornada Científica é destinada aos alunos, residentes, professores e profissionais de todas as áreas da
saúde do Hospital Universitário de Brasília e de todas as áreas de saúde da Universidade de Brasília.
A todos, que com sua presença dão sentido a esta jornada, nossas boas-vindas.
Esperamos reforçar em cada um dos participantes o significado da existência de uma universidade
pública, identificada com o desenvolvimento científico e tecnológico, por meio do ensino, da pesquisa e da
extensão, como fator que renova o compromisso de sua função social.

Profa. Dra.Maria Imaculada Muniz Barboza Junqueira


Coordenadora-Geral da XIII Jornada Científica do Hospital Universitário de Brasília,
V Jornada Científica da Faculdade de Medicina e a
V Jornada Científica da Faculdade de Ciências da Saúde.
IX Feira de Saúde do Hospital Universitário de Brasília

Dr. Daniel França Vasconcelos


Presidente da XIII Jornada Científica do Hospital Universitário de Brasília,
V Jornada Científica da Faculdade de Medicina e a
V Jornada Científica da Faculdade de Ciências da Saúde

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PROGRAMA

XIII JORNADA CIENTÍFICA DO HUB, V JORNADA CIENTÍFICA DA FACULDADE DE


MEDICINA E V JORNADA CIENTÍFICA DA FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

ENCONTRO PRÉ-JORNADA
DIA 14 / 10 / 2010 - Quinta-feira
AUDITÓRIO 1 — HUB
Emergências
HORÁRIO Coordenador: Prof. Dr. Carlos Eduardo Gaio - HUB/UnB
Secretária: Lia de Carvalho Ferreira Braga – HUB
18:30-19:00 1. Primeiro Atendimento ao politraumatizado Prof. Dr. Paulo Mendelsonh F. Otero - HUB/UnB
19:00-19:30 2. Insuficiência respiratória na infância Prof.ª Dr.ª Karina Nascimento - HUB/UnB
19:30-20:00 3. Emergências Obstétricas Prof. Dr. Alberto Carlos Zaconetta - UnB
20:00-20:30 4. Choque circulatório Prof. Dr. Hervaldo Sampaio Carvalho - HUB/UnB
20:30-21:00 Discussão
AUDITÓRIO 2 — HUB

Interações medicamentosas
HORÁRIO Coordenadora: Prof.ª Dr.ª Patrícia Medeiros de Souza - UnB
Secretário: Bruno Gedeon de Araújo – HUB
17:00-17:30 1. Hipolipemiantes Prof.ª Dr.ª Dayde Lane Mendonça da Silva - UnB
17:30-18:00 2. Anticoagulantes Prof.ª Dr.ª Patrícia Medeiros de Souza - UnB
18:00-18:30 3. Bloqueadores do Sistema Renina – Angiotensina Prof.ª Dr.ª Alessandra Menezes Campos - UnB
18:30-19:00 4. Anti-retrovirais Prof.ª Dr.ª Alessandra Menezes Campos - UnB
19:00-19:30 5. Antiarritmicos Prof.ª Dr.ª Patrícia Medeiros de Souza - UnB
19:30-20:00 6. Antidiabéticos orais Prof.ª Dr.ª Adriana Lofrano-UnB
20:00-20:30 7. Antimicrobianos Prof. Dr. Fernando Araújo-UnB
20:30-21:00 Discussão

DIA 15 / 10 / 2010 - Sexta-feira

HORÁRIO ATIVIDADE AUDITÓRIO 1 – HUB AUDITÓRIO 2 – HUB AUDITÓRIO 3 – FS

Reitor/ Vice-Reitor/
Decanos/ Diretor do
Hospital/ Diretor
08:00- Faculdade de Medicina/
08:30 Abertura Diretor Faculdade de
Ciências da Saúde/
Diretora da DAEP/
Presidente da Jornada/

O Poder Curativo do
Amor
Prof. Dr. Carlos Eduardo
Tosta da Silva - UnB
Palestra
08:30- Presidente: Prof. Dr.
de abertura
09:30 Dioclécio Campos Júnior -
HUB/UnB
Secretária: Indira de
Alencar Ribeiro Fagundes
– HUB

09:30- Intervalo
10:00 para o café

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Abordagem
multidisciplinar nos
cuidados do indivíduo Atualização em Diabetes Atividade Física, Nutrição e Saúde: as
portador do HIV/Aids. evidências justificam uma força tarefa
Presidente: Prof. Dr. Augusto dos profissionais de saúde?
Coordenador: Prof. Dr. Cezar Florêncio Costa -
Antônio Carlos Rodrigues HUB/UnB Presidente: Prof.ª Dr.ª Keila E. Fontana
da Cunha - HUB/UnB Secretária: Larissa Simões Secretária: Luana de Almeida Gomes -
Secretário: Paulo Giovanni Nazareno - HUB HUB
Pinheiro Cortez - HUB
1. Genética do DM2: como os 1. Problemas metodológicos nos estudos das
1. Vivendo e convivendo novos conhecimentos podem relações entre atividade física, nutrição e
com HIV/Aids influenciar a prática clínica saúde
Prof.ª Dr.ª Eliane Maria Prof.ª Dr.ª Angélica Amato – Prof. Dr. Pedro Luiz Tauil - UnB
Mesa- Fleury Seidl – HUB/UnB HUB/UnB 2. Aconselhamento em atividade física,
Redonda 2. A reprodução por 2. Papel dos novos agentes nutrição e saúde: uma visão multidisciplinar
portadores do HIV/Aids: farmacológicos (ênfase em Prof. Dr. Luiz Guilherme G. Porto - UnB
Dilemas técnicos e incretinas) 3. Exercício e Reabilitação da criança ao
éticos. Prof.ª Dr.ª Érica Correia Garcia - idoso: a visão do fisioterapeuta
10:00- Prof. Dr. Antônio Carlos HUB/UnB Prof.ª Dr.ª Vera Regina Fernandes da Silva
12:30 Rodrigues da Cunha - 3. Assistência odontológica ao Marães - UnB Ceilândia
HUB/UnB paciente diabético 4. Avaliação da aptidão física e indicadores
3. Prevenção da transmissão Prof.ª Dr.ª Maria do Carmo de excesso de treinamento
vertical. Guimarães - HUB/UnB Prof. MSc. Guilherme Molina - UnB
Prof.ª Dr.ª Elza Noronha - 4. Novas tendências na dietoterapia 5. Aspectos nutricionais de importância
HUB/UnB para portadores de diabetes tipo 2 clínica para a prática de exercícios físicos
Cuidados com o recém Prof.ª Dr.ª Marina Kiyomi Ito – Nutricionista Caroline Olimpio Romeiro de
nascido. HUB/UnB Meneses – Iate Clube de Brasília
Prof.ª Dr.ª Maria Lígia
Robalino Lima – HUB/UnB

13:00-
Exposição de pôsteres
15:00
AUDITÓRIO 1 - AUDITÓRIO 2 - AUDITÓRIO 3 - SALA H -
HUB HUB FS AMBULATÓRIO
Atenção
Promoção da qualidade
Multidisciplinar ao Grupo de Assistência Aspectos nutricionais
de vida nas doenças
paciente do transplante multidisciplinar ao na Pediatria
crônico-degenerativas
idoso – Um modelo de
Presidente: Prof. Dr. promoção de Saúde Presidente: Prof.ª Dr.ª
Presidente: Prof. Dr.
Rômulo Maroclo Filho - Patrícia Lopes Almeida
Leopoldo Luiz dos
HUB/UnB Presidente: Prof.ª Dr.ª Secretário: Luciano
Santos Neto - HUB/UnB
Secretário: Raimundo Maria Alice V. Toledo - Máximo da Silva –
Secretária: Lídia Ester
Antônio Cardoso Júnior - HUB/UnB HUB/UnB
Lopes da Silva - HUB
HUB/UnB Secretária: Ana Carolina
de Carvalho Fonseca - 1. Metabolismo ósseo e o
1. Qualidade de vida:
1. Avaliação psicológica HUB cálcio na infância e
Definição e método de
do doador e receptor adolescência
avaliação
Psicóloga Marina 1. Porque o atendimento Prof. Dr. Luiz Claudio
15:00- Mesa Prof.ª Dr.ª Maritza Luz
Kohlsdorf - HUB multidisciplinar no idoso Gonçalves de Castro –
16:50 Redonda Barbosa - HUB
2. Avaliação Prof. Dr. Einstein HUB/UnB
2. Doença Renal Crônica
Fisioterapêutica do Camargo - HUB/UnB 2. Anemia por
Prof. Dr. Flávio José
paciente pré-transplante 2. O papel do assistente deficiência de ferro em
Dutra de Moura
Fisioterapeuta Sérgio social no centro de crianças
3. DPOC
Leite – HUB/UnB medicina do idoso. – Nutricionista Gisele Ane
Profª. Drª. Verônica
3. Avaliação Clínica do Assistente social Luciana Bortolini - MS
Amado - HUB/UnB
doador e receptor Maria Santos Cesário – 3. Aspectos Endócrinos
4. Insuficiência cardíaca
Prof. Giuseppe C. Gato - HUB/UnB da Obesidade na infância
Prof.ª Dr.ª Antônia
HUB/UnB 3. Atividades Prof.ª Dr.ª Cátia Barboza
Marilene da Silva –
4. Cuidados de fisioterápicas no Centro da Cruz – HUB/UnB
HUB/UnB
enfermagem no pré e pós- de Medicina do Idoso – 4. Distúrbios alimentares
5. Portador de
operatório Fisioterapeuta Dante na infância e adolescência
necessidades especiais
Enfermeira Maria Goreth Brasil Santos – Prof.ª Dr.ª Tatiana
Prof.ª Dr.ª Juliana de
Cutrim – HUB/UnB HUB/UnB Valverde da Conceição -
Faria Fracon e Romao –
HFA
UnB Ceilândia

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5. Atenção Nutricional 4. Saúde bucal no idoso –
ao Paciente Submetido a Prof.ª Drª Érica Negrini
Transplante de Células- Lia – HUB/UnB
Tronco Hematopoéticas 5.Repercussões
(TCTH) sistêmicas da doença
Prof.ª Dr.ª Nádia Dias periodontal no idoso
Gruezo - ICOD Prof. Dr. Wagner Araújo
HUB/UnB

17:00- Sessão
Sessão Anatomoclínica
18:00 Clinica

DIA 16 / 10 / 2010 – Sábado


HORÁRIO ATIVIDADE AUDITÓRIO 1 – HUB AUDITÓRIO 2 – HUB AUDITÓRIO 3 – FS

Novo Código de Ética


Presidente: Prof.ª Dr.ª Vera Lúcia
de Vilar de Araújo Bezerra -
08:00- HUB/UnB
Conferência
08:50 Secretário: Jaqueline Rosa Naves -
HUB
Prof. Dr. Armando Otávio Vilar de
Araújo – CFM
Corticoterapia: efeitos
terapêuticos versus efeitos
adversos
Transtorno de humor na
enfermaria Prevenção do câncer
Presidente: Profª. Drª. Adriana
Lofrano HUB/UnB
Presidente: Coordenador: Prof. Dr. Paulo
Secretário: Larissa Simões
Profª Maria das Graças de Oliveira Gonçalves de Oliveira - HUB/UnB
Nazareno - HUB
– HUB/UnB Secretário: Pedro Rincon Cintra da
Secretária: Yara Lilianna P.B.R. Cruz - HUB
1. Vias e esquemas de utilização
Gama – HUB
dos glicocorticóides
1.Colorretal
Prof.ª Dr.ª Adriana Lofrano –
1. Clínica Médica Prof. Dr. Rômulo Medeiros de
HUB/UnB
Prof. Dr. Marcelo Peixoto Almeida - HUB/UnB
09:00- Mesa 2. Visão do endocrinologista e
2. No pós-operatório 2.Próstata
10:50 Redonda pediatra
Prof.ª Dr.ª Maria das Graças de Prof. Dr. Marcus Vinícius Osório
Prof. Dr. Luiz Claudio Gonçalves de
Oliveira – HUB/UnB Marocco - UnB
Castro – HUB/UnB
3. Na puérpera 3.Mama
3. Visão do reumatologista
Prof.ª Drª. Maria Marta Freire Prof.ª Dr.ª Cláudia Ottaiano
Prof. Dr. Leandro Crispim de
4. Interação Medicamentosa com Rodrigues – HUB/UnB
Oliveira Lacerda – HUB/UnB
as drogas antidepressivas 4.O papel do HPV na etiopatogenia
4. Visão do pneumologista
Prof. Dr. Raphael Boechat Barros do câncer de cabeça e pescoço
Prof. Dr. Marcelo Palmeira.
HUB/UnB Prof.ª Dr.ª Eliete Guerra
HUB/UnB
5. A mente Influenciando o humor HUB/UnB
5. O uso de corticóide inalatório
Prof. Dr. Bernardo Borges Cherulli
para o controle da asma em crianças
e adolescentes: riscos e efetividade.
Prof.ª Dr.ª Carmem Lívia Martins –
HUB/UnB
11:00-
ENCERRAMENTO E PREMIAÇÕES
11:30

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IX FEIRA DA SAÚDE DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA 2010
Coordenação: Enfermeira Josane Gallo

PROGRAMAÇÃO: Dias 15 de outubro de 2010 de 8h ás 17h e 16 de outubro de 2010 de 8h ás 12hs

1-PROGRAMA DE ALCOOLISMO
Coordenadora: Isabel Cristina Reis Praça
-Distribuir material educativo; Socialização da informação acerca do uso de substâncias
psicoativas, Exposição de artesanato confeccionado pelos pacientes;

2-PROJETO Com-Vivência – Estande Prevenção de DST/HIV/AIDS


Coordenadora: ElianeMaria Fleury Seidl
-Atividades educativas visando à prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e HIV/AIDS,
incluindo a distribuição de preservativos; Oficina sobre sexualidade e práticas sexuais seguras;
Vídeos educativos sobre os temas DST/HIV/AIDS.

3-GERÊNCIA DE RISCO SANITÁRIO HOSPITALAR


Coordenador: Dr. Carlos César Schleicher
-Informar ao público sobre o uso racional de medicamentos/saneantes; Desestimular a
automedicação; Orientação em relação a fitoterápicos e tratamentos alternativos; Estimular o uso
de medicamentos genéricos; Como identificar medicamentos “piratas”; Identificação de saneantes
piratas e os malefícios causados por eles;

4-COMISSÃO DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR-CCIH /


Coordenadora: Isabela Pereira Rodrigues
-Trabalhar com a comunidade, alunos e profissionais da área da saúde conceitos fundamentais
referentes ao controle das infecções relacionadas á assistência a saúde (IRAS) e suas interfaces
com as diversas áreas da saúde.Disponibilizar conhecimento inerente á prevenção de infecções de
forma prática aos cidadãos da comunidade que participarem do evento.

5-PROGRAMA DE DIABETES
Coordenador: Prof. Augusto C.F. Costa
-Realizar o controle de glicemias capilares;Orientar e educar a comunidade sobre fatores de risco
e prevenção; Aferição de pressão arterial; Medição de circunferência abdominal.
-Atividade interativa e educativa (jogo) com a temática diabets, Kites “hipoglicemia”.
- Painel educativo sobre temas em diabets que gerem dúvidas a paciente e familiares;

6-NUTRIÇÃO
Coordenadoras: Nutricionistas Thaís Muniz eJuliana Rolin
-Avaliação Nutricional: Antropometria: peso e altura e classificação de acordo com o índice de
massa corporal (IMC); Orientação nutricional; Palestras sobre orientação saudável.

7-ODONTOLOGIA
Coordenadora: Prof. Celso de Freitas Pedrosa Filho
-Instruir sobre higiene bucal; Distribuir folhetos explicativos sobre práticas de higiene bucal;
Mostra de vídeos educativos para crianças.

8-GRUPO DE APOIO DAS MULHERES ATINGIDAS PELA HANSENÍASE-GAMAH


Coordenadora: Marly de Fátima Barbosa
-Exposição de trabalhos feitos por pacientes de hanseníase; Demonstrar a confecção de
artesanatos pelos pacientes.

9-DERMATOLOGIA- HANSENÍASE, LEISHMANIOSE, EPDERMOLISE BOLHOSA E


DERMATITE ATÓPICA
Coordenadora: Assistente Social Maria Aparecida Gomes
- A Dermatologia trabalha em parceria com as Associações de pacientes portadores de
Hansenísea, Psoríase; Leishmaniose, Epdermolise Bolhosa e Grupo de Apoio a pacientes com
Dermatite Atópica.
- Apresentação de trabalhos desenvolvidos pelo Serviço de Dermatologia que é feito
através de orientação aos pacientes e de fundamental controle das doenças.

9
10- ASSOCIAÇÃO BRASILIENSE DE LEISHMANIOSE
Coordenadora: Profª Draª Raimunda Nonata
- Momentos educativos com filmes palestras.

11 -MEDICINA DO TRABALHO – Saúde e Qualidade de vida


Coordenador: Enfermeira Ana Paula S. Abreu e Cristineide
- Massagem com deficientes visuais;
- Medidas preventivas no combate a dengue
- Ações H1N1
- Grupo de Tabagismo – orientação as pessoas que desejam parar de fumar.

12-SERVIÇO SOCIAL
Coordenadora: Rafaela Paes Marques
- Divulgação do Trabalho do Serviço Social no HUB

13-LIGA ACADÊMICA DE CLINICA MEDICA DA UnB


Coordenador: Dr. Marcelo Palmeira Rodrigues
-Aferir a pressão arterial da população, bem como esclarecer possíveis dúvidas e informar a
população acerca do assunto Hipertensão arterial.

14- LIGA EMERGÊNCIA E TRAUMA DA UnB- LET/UnB


Coordenador: Dr. Luciano de Freitas
-Divulgar o trauma como doença e os aspectos relacionados á sua prevenção; Instrução a
comunidade e profissionais da saúde sobre, acidentes de trânsito, acidentes domésticos, noções de
primeiros socorros, bem como a importância de se prevenir e evitar os riscos de exposição a
diversos fatores agravantes.
Contará com cartazes, manequins e equipamentos, como colar cervical, prancha rígida, talas de
imobilização entre outros utilizados no treinamento em primeiros socorros, bem como o
atendimento ao paciente vítima do trauma.
14.1- GRUPO DE ESTUDOS EM ATENDIMENTOS AO TRAUMA (GEAT)

15-LIGA ACADÊMICA DE NEUROLOGIA NEUROCIRUGIA DAUnB


Coordenador: Dr. Pedro Alessandro Leite de Oliveira
Informar sobre aspectos básicos do Acidente Vascular Encefálico. Definição, apresentação
clínica, diagnóstico, tratamento e reabilitação e, prevenção

16-PROJETO VIVA BEM


Coordenador: Prof. Marcos Valério Soares Nascimento
Momento cultural – Ginástica Laboral, Dança de Salão , dança do ventre .

16- SAMU E SAMUZINHO

17-MUSEU DE DROGAS ITINERANTE –DIVISÃO DE POLÍCIA COMUNITÁRIA


POLÍCIA CIVIL DO DISTRITO FEDERAL
Orientação e prevenção ao uso de drogas; demonstração dos vários tipos de drogas ilícitas.

18- HEMOCENTRO- COLETA EXTERNA DE SANGUE


- Doação de sangue.
Mediante inscrição antecipada na DAEP.

-COORDENAÇÃO FEIRA DA SAÚDE


Coordenador: Enfermeira Josane Gallo
Comissão Organizadora:
Josilene Albino de Freitas Lima – UTI/HUB
Franco Batista Leite – Centro de Patologia Clínica - HUB
Rosane Antunes
Samoa Amorim
Thuane Souza
Antonio Rodrigues
Djalma Rezende

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ENCONTRO PRÉ-JORNADA: INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS

- INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA EM PEDIATRIA


Karina Nascimento Costa
Hospital Universitário de Brasília, Universidade de Brasília

A hipóxia é a principal causa de parada cardiorespiratória (PCR) na faixa etária pediátrica, dentro
e fora do ambiente hospitalar. Dentre as causas de hipóxia,a insuficiência respiratória aguda (IRA) é a
mais prevalente. Isso se deve, principalmente, às diferenças anatômicas e fisiológicas da via aérea da
criança em relação ao adulto.
Definição:
A IRA consiste na situação onde o sistema respiratório não é capaz de executar as trocas gasosas
necessárias para suprir a demanda metabólica fisiológica do organismo. Do ponto de vista
gasométrico, a IRA pode ser definida como a presença de hipoxemia (PaO2 < 60 mmHg ou SpO2 <
92%) quando o paciente está respirando em ar ambiente (FiO2 21% à nível do mar),
independentemente do nível de PaCO2, que pode estar normal, alto ou baixo.
Considerações anatômicas:
A via aérea da criança é diferente da do adulto em vários aspectos.
- O segmento cefálico é proporcionalmente maior e representa ¼ do corpo ao nascimento.
- Macroglossia relativa pois, a língua é maior em relação à orofaringe e assim o deslocamento
posterior dessa estrutura pode mais facilmente causar uma obstrução grave.
- Epiglote mais curta, estreita e angulada em relação ao eixo da traquéia, levando a visualização
dificultada dessa referência anatômica.
- Laringe de formato cônico (até cerca dos 10 anos de idade), diferente do formato cilíndrico do
adulto.
- Anatomicamente, a via aérea de lactentes e crianças é muito menor, quando comparada a do adulto.
A resistência ao fluxo é inversamente proporcional à quarta potência do raio da luz do tubo, assim o
lactente e a criança mais jovem são especialmente vulneráveis a qualquer forma de obstrução de via
aérea, quer seja por sangue, muco ou pus, quer seja por edema ou compressão externa.
- Na faixa pediátrica, as costelas e a cartilagem intercostal, que normalmente dão suporte aos pulmões,
são altamente complacentes, o que dificulta a mecânica respiratória. Isso porque a capacidade residual
funcional fica reduzida, especialmente, quando o esforço respiratório é pequeno ou está ausente.
- A criança tem taxa metabólica mais alta em relação ao adulto. Isso leva a um consumo maior de
oxigênio (6 a 8 ml/kg/min) em relação ao adulto. Assim sendo, a hipoxemia na criança ocorre mais
rapidamente no caso de apnéia ou de ventilação alveolar inadequada.
Mecanismos fisiopatológicos básicos:
Distinguem-se basicamente três mecanismos fisiopatológicos como determinantes de insuficiência
respiratória: a hipoventilação, os distúrbios de difusão e os distúrbios da relação entre a ventilação e a
perfusão (distúrbios V/Q).
- Hipoventilação:
A hipoventilação pode ser conceituada como a situação em que ocorre uma diminuição da
ventilação alveolar (VA) na presença de pulmões normais.
A ventilação alveolar pode ser representada por : VA=FR X (Vt – Vd) onde: FR= freqüência
respiratória; Vt= volume corrente; Vd= volume do espaço morto (anatômico e fisiológico)
Portanto os determinantes da hipoventilação são: redução da freqüência respiratória, redução do
volume corrente ou aumento do espaço morto. É importante destacar que na hipoventilação, como o
defeito não é de troca gasosa, pois os pulmões estão normais, qualquer oferta de oxigênio suplementar
corrige a hipoxemia, assim a indicação de assistência ventilatória, invasiva ou não invasiva, não pode
ser baseada apenas na oxigenação de pulso ou na PaO2 da gasometria. Os critérios clínicos são mais
importantes, pois a hipoxemia somente ocorrerá tardiamente se o paciente estiver recebendo
oxigenoterapia. Os sinais de desconforto respiratório (bradipnéia, respiração superficial ou
taquipnéia), os níveis de PaCO2 (hipercapnia) e os sinais de fadiga respiratória (exaustão, sudorese,
taquicardia, incapacidade de falar) são os que realmente importam para o reconhecimento da
insuficiência respiratória nestes casos.
Podemos citar como exemplos de doenças que causam IRA por hipoventilação:

11
- Meningoencafalite, traumatismo cranioencefálico, apneia da prematuridade – Por redução da FR e do
Vt.
- Doenças neuromusculares – Guillain-Barre, Werdnig-Hoffmann, Miastenia gravis – Por redução da
FR e Vt.
- Obstrução respiratória alta – Laringite, epiglotite – Por redução do Vt.
Distúrbios da Difusão:
A difusão do ar entre os alvéolos e os capilares pulmonares depende fundamentalmente dos
seguintes fatores: 1) superfície alveolar disponível para troca gasosa; 2) espessura da membrana
alvéolo-capilar; 3) gradiente de pressão entre alvéolos e capilar pulmonar; 4) coeficiente de
solubilidade do oxigênio e do dióxido de carbono.
No caso do pulmão, a superfície de troca está diretamente relacionada à área alveolar (número de
alvéolos disponíveis), que varia de acordo com o tamanho da criança. A espessura da membrana
alvéolo-capilar pode estar alterada pela presença de líquido, infiltrado inflamatório, fibrose e outras
alterações. O coeficiente de solubilidade do oxigênio é da ordem de 0,0031 , ao passo que do dióxido
de carbono é de 0,57, o que explica a maior difusibilidade do CO2 em relação ao O2 em condições
habituais. Por outro lado, o gradiente de oxigênio favorece a difusão do alvéolo para o capilar (
exemplo: 150 – 40 mmHg do alvéolo para o capilar) ao passo que o gradiente de CO2 favorece a
difusão no sentido contrário (ex: 46-40 mmHg do capilar para o alvéolo).
Exemplo de doenças que causam insuficiência respiratória associada a distúrbio na difusão:
- Tuberculose (fibrose pulmonar), pneumonia (edema intersticial ou líquido no interior dos alvéolos) –
Por aumento da espessura da membrana alvéolo-capilar.
- Pneumotórax, hipoplasia pulmonar, lobectomia, prematuridade extrema – Por redução na superfície
de troca.
Distúrbios na relação ventilação/perfusão (V/Q):
Fisiologicamente a relação entre a ventilação e a perfusão não é uniforme em todo o pulmão,
variando de acordo com a região pulmonar e com o decúbito. Em situações normais e em posição
ortostática, os ápices pulmonares são proporcionalmente mais ventilados do que perfundidos,
enquanto as bases são proporcionalmente mais perfundidas do que ventiladas.
Os distúrbios da relação V/Q são basicamente de três tipos:
- Efeito Shunt:
Em condições de normalidade existe no pulmão um efeito shunt dito fisiológico ou anatômico, ou
seja uma parcela de sangue venoso passa para o coração esquerdo sem que tenha havido troca gasosa
(hematose). Este efeito shunt fisiológico é menor do que 5% do fluxo total e decorre
fundamentalmente de desvios anatômicos, representados pelas veias brônquicas e pela drenagem do
seio coronariano que drenam diretamente para o lado esquerdo da circulação. Por outro lado , em
diversas situações patológicas ocorre um efeito shunt não anatômico ou não fisiológico, quando
existem áreas pulmonares que em razão da doença encontram-se desproporcionalmente perfundidas
em relação à ventilação alveolar, resultando em uma troca gasosa sub-ótima e consequentemente
hipoxemia e hipercapia. Pneumonias, edema pulmonar, SDRA, doença de membrana hialina, que são
processos consolidativos e infiltrativos, tem efeito shunt presente.
- Efeito espaço morto
Diz-se que há efeito espaço-morto quando uma parcela do gás que entra nos pulmões não passa
por áreas perfundidas, não havendo assim troca gasosa. Este efeito ocorre em condições de
normalidade em uma parte da via aérea, conhecida como espaço morto anatômico, que vai da entrada
das vias aéreas até os bronquíolos terminais. Também ocorre espaço morto dito fisiológico nos ápices
pulmonares ou regiões não dependentes do pulmão (em razão do decúbito) nas quais se observa uma
ventilação proporcionalmente maior do que a perfusão capilar pulmonar. Em diversas doenças pode
ocorrer uma relação V/Q anormal, caracterizando um efeito espaço morto.
São exemplos de espaço morto a hipertensão pulmonar , a insuficiência cardíaca direita com baixo
débito, a embolia pulmonar e a hiperdistensão alveolar (doenças obstrutivas, PEEP excessiva), assim
como algumas condições observadas durante a ventilação mecânica invasiva, como, a utilização de
tempos inspiratórios mais curtos do que o necessário pelas condições mecânicas do pulmão ou quando
se utiliza um tubo traqueal muito longo e diversas peças interpostas entre o Y do circuito e o tubo
traqueal.
- Unidade silenciosa

12
Em algumas doenças que acometem gravemente os pulmões, há um impedimento tanto da
condução gasosa quanto da perfusão pulmonar. Estas regiões não participam uniformente da troca
gasosa e são por isso chamadas de áreas ou unidades silenciosas. A tuberculose e a esquistossomose
pulmonar , que podem levar a fibrose intersticial e colapso alveolar, podem levar à formação de
unidades silenciosas.
Quadro Clínico:
A dificuldade respiratória é a manifestação clínica da IRA. Na grande maioria das vezes, a
taquipnéia é a primeira manifestação e representa a tentativa de o organismo manter adequada troca
gasosa.
Observam-se outros sinais clínicos:
- Tiragem intercostal; Retração de fúrcula esternal; Retrações subcostais; Batimento de asa de nariz;
Gemência expiratória; Alterações de comportamento : Agitação, euforia, choro incessante,
obnubilação, torpor e coma; Taquicardia; Hipertensão arterial; Cianose – Pode ser tardia, pois
depende do nível de hemoglobina, somente surgindo quando a hemoglobina reduzida está maior que 3
a 5 g/dL.
Lembrando que bradipneia/apneia e a cianose secundárias à doença respiratória pura, são sinais de
gravidade extrema, necessitando de intervenção imediata.
As freqüências respiratórias sugeridas para classificar a taquipnéia para as faixas estarias são:
- RN a 2 meses : > 60 respirações por minuto (RPM); - 2 meses a 11 meses : > 50 RPM; 1 a 5 anos: >
40 RPM; Maior que 5 anos : > 20 RPM
O estridor é um sinal de obstrução das vias aéreas superiores (extratorácicas). As causas mais
freqüentes são: malformações congênitas ( língua volumosa, laringomalácia, hemangioma, tumor de
vias aéreas), infecções (epiglotite), edema de vias aéreas ( reação alérgica, edema pós intubação) e
aspiração de corpo estranho. O quadro clínico é funcionalmente obstrutivo.
A insuficiência respiratória aguda baixa (vias aéreas inferiores), funcionalmente pode ser dividida
em obstrutiva, restritiva ou mista.
Os quadros obstrutivos apresentam obstrução das vias aéreas intratorácicas (brônquios e
bronquíolos), causada por edema ou hiperplasia de mucosa, espasmo, hipertrofia de musculatura lisa
ou compressão extrínseca da árvore brônquica. Expiração prolongada acompanhada por sibilância é a
principal manifestação clínica, além de taquipneia e retração respiratória. São exemplos: bronquilite,
asma, edema pulmonar ou corpo estranho intratorácico.
Na IRA restritiva ocorre perda de volume pulmonar com diminuição da capacidade residual
funcional. Os mecanismos compensatórios provocam aumento da pressão nas vias aéreas, mantendo
ou aumentando assim a capacidade residual funcional. O dano pulmonar é parenquimatoso ou pleural.
Taquipnéia, dispnéia, retração torácica esternal, intercostal ou diafragmática, dor torácica e
broncofonia podem estar presentes. Pneumonia, atelectasia, edema pulmonar, derrame pleural e
pneumotórax exemplificam o quadro.
Independente de qualquer classificação, os sinais principais de gravidade que podem evoluir
para falência respiratória e parada devem ser sempre priorizados. São eles:
- Aumento da freqüência respiratória evoluindo para bradipneia ou ritmo irregular.
- Diminuição do nível de consciência e não resposta a estímulo doloroso.
- Diminuição do tônus muscular.
- Cianose
Diagnóstico Complementar:
O que define insuficiência respiratória aguda, como já mencionado anteriormente, é a presença de
hipoxemia (PaO2 < 60 mmHg ou SpO2 < 92%) em ar ambiente, independentemente do nível de
PaCO2, que pode estar normal ou baixo (insuficiência respiratória aguda TIPO I - Hipoxêmica) ou
elevado (insuficiência respiratória aguda TIPO II – Hipercápnica ou ventilatória).
Em outra abordagem pode-se, através da gasometria, classificar a IRA em quatro fases de
gravidade:
- Fase I- início de morbidade qualquer que desencadeia queda na PaO2
- Fase II – mecanismos de defesa são acionados e aumentam o volume minuto (queda da PaCO2),
tentando evitar quedas maiores na PaO2.

13
- Fase III- apesar dos esforços do organismo, a PaO2 diminui ainda mais, e a PaCO2 volta ao normal,
com tendência a se elevar. Se não for instituída tearapêutica adequada, o organismo pode entrar em
falência demonstrada pelo PaCO2 em elevação na fase final do processo
Fase IV- PaCO2 elevada e PaO2 muito baixa caracterizando a falência respiratória
Manejo Clínico:
O tratamento inicial independentemente da etiologia é a oxigenioterapia. Vale sempre ressaltar
que os procedimentos habituais de reanimação devem ser indicados se necessário. As formas de
administração de oxigênio (cateter nasal, máscara, tenda, ambu ou tubo traqueal) estão estritamente
ligados à gravidade do quadro de IRA, devendo ser sempre administrado em altas concentrações para
todos os pacientes em estado grave com insuficiência respisratória, choque ou trauma, adicionando
umidificação tão logo quanto possível, para evitar obstrução das vias aéreas menores pelo
ressecamento das secreções.
A máscara simples de oxigênio é um dispositivo de baixo fluxo que fornece 35 a 60% de oxigênio,
com um fluxo de 6 a 10 L/min. Um fluxo mínimo de 6L deve ser utilizado para evitar reinalação de
CO2 exalado e uma concentração elevada de oxigênio.
A máscara não reinalante consiste de uma máscara facial com bolsa reservatótio e uma valva
incorporada em orifícios de exalação para evitar a mistura de ar durante a inspiração e uma valva entre
a máscara e o reservatório para evitar o fluxo de gás exalado para dentro do reservatório. Na
inspiração, o paciente extrai oxigênio a 100% da bolsa reservatório e da afluência de oxigênio. Pode-
se obter uma concentração de 95% de oxigênio inspirado com um fluxo de 10 a 15 L/min e com a
máscara facial bem vedada a face.
A tenda de oxigênio é um dispositivo de plástico rígido transparente que envolve toda a parte
superior do corpo da criança; pode fornecer cerca de 50 a 60% de oxigênio com fluxos elevados (10 a
15 L/min), mas não pode prover de forma fidedigna uma concentração estável de oxigênio inspirado,
pois o ar ambiente pode entrar na tenda sempre que ela for aberta. Uma variação da tenda é o capacete
de oxigênio, que cobre a cabeça do paciente, sendo bem tolerado por lactentes e neonatos.
A cânula nasal é um dispositivo de oferta de oxigênio de baixo fluxo. A fração inspirada final
depende da freqüência respiratória e do esforço respiratório da criança e do seu tamanho. Um fluxo
maior que 4 L/min irrita a nasofaringe, sendo usado geralmente de 1 a 2 L/min.
O tempo total de evolução da IRA está na dependência da doença desencadeou o processo,
podendo variar de horas a dias. Portanto o paciente em oxigenioterapia deve ser reavaliado com
freqüência.
Durante a investigação, além da anamnese detalhada (atentando para epidemiologia, intoxicações,
etc) e exame físico minucioso, alguns métodos de propedêutica complementar podem ser úteis como
métodos de imagem (radiografia, TC). Dentre os exames laboratoriais realizar triagem toxicológica
(quando indicada), infecciosa e metabólica.
Souza AD et al . Emergências Pediátricas 2 ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2010.
Barbosa AP et al. Insuficiência ventilatória aguda. São Paulo: Editora Atheneu, 2010 (Série terapia
intensiva pediátrica e neonatal ;5)
Carvalho CR. Fisiopatologia respiratória. São Paulo : Editora Atheneu, 2005 ( Série fisiopatologia
clínica; 3)
Suporte avançado de vida em pediatria – American Heart Association, 2008.

ENCONTRO PRÉ-JORNADA: INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS

- BLOQUEADORES DO SISTEMA RENINA - ANGIOTENSINA


Alessandra Menezes
Serviço de Clínica Médica, Hospital Universitário de Brasília,UnB

As interações medicamentosas, por definição, são eventos farmacológicos em que o efeito de um


fármaco pode ser modificado pela administração anterior ou concomitante de um outro fármaco,
fitoterápico, alimentos e/ou bebidas, ou, ainda, essas modificações podem surgir em decorrência de
condições fisiopatológicas inerentes aos pacientes (idade, sexo, obesidade, doenças pregressas).

14
As interações medicamentosas podem acontecer em diversos níveis e, de acordo com o modo
como ocorrem, recebem uma classificação específica. Interações farmacêuticas ocorrem durante
qualquer etapa do preparo (manipulação) do medicamento e, para serem assim classificadas, devem
ocorrer antes mesmo que o fármaco seja administrado ao paciente. São consideradas interações
farmacêuticas as alterações físico-químicas que ocorrem durante a reconstituição, diluição,
armazenamento e/ou infusão do fármaco.
As interações farmacocinéticas ocorrem quando a concentração de fármaco disponível no seu sítio
de ação é modificada. São assim denominadas porque afetam, de alguma forma, os parâmetros
farmacocinéticos de absorção, distribuição, metabolismo e/ou excreção.
As interações farmacodinâmicas ocorrem quando a ação farmacológica é modificada sem que haja
alteração na concentração do fármaco no seu sítio de ação. Essas interações podem, ainda, ser
subdivididas em sinergísticas e antagônicas, de acordo com os efeitos que promovem.
A prescrição de fármacos em associações visa obter, intencionalmente, efeitos terapêuticos mais
intensos ou mais rápidos do aqueles obtidos com o uso isolado e, ao benefício terapêutico da
associação de fármacos, se estabelece uma interação medicamentosa. Significa dizer que nem todas as
interações medicamentosas detectadas durante a avaliação de um paciente podem incorrer em danos a
ele. Entretanto, as interações medicamentosas constituem a principal causa de reações adversas.
Os fármacos que atuam no sistema renina-angiotensina constituem o grupo de medicamentos mais
prescritos para o tratamento/prevenção de doenças cardiovasculares. Apesar dos benefícios
terapêuticos adquiridos pelo uso dos antagonistas de receptors AT1 e inibidores da ECA, existem
interações medicamentosas, que serão abordadas durante a exposição, que podem diminuir, ou até
mesmo abolir, o efeito desses medicamentos, comprometendo os resultados da farmacoterapia.

- ANTIRETROVIRAIS
Alessandra Menezes
Serviço de Clínica Médica, Hospital Universitário de Brasília, UnB

As interações medicamentosas, por definição, são eventos farmacológicos em que o efeito de um


fármaco pode ser modificado pela administração anterior ou concomitante de um outro fármaco,
fitoterápico, alimentos e/ou bebidas, ou, ainda, essas modificações podem surgir em decorrência de
condições fisiopatológicas inerentes aos pacientes (idade, sexo, obesidade, doenças pregressas).
As interações medicamentosas podem acontecer em diversos níveis e, de acordo com o modo
como ocorrem, recebem uma classificação específica. Interações farmacêuticas ocorrem durante
qualquer etapa do preparo (manipulação) do medicamento e, para serem assim classificadas, devem
ocorrer antes mesmo que o fármaco seja administrado ao paciente. São consideradas interações
farmacêuticas as alterações físico-químicas que ocorrem durante a reconstituição, diluição,
armazenamento e/ou infusão do fármaco.
As interações farmacocinéticas ocorrem quando a concentração de fármaco disponível no seu sítio
de ação é modificada. São assim denominadas porque afetam, de alguma forma, os parâmetros
farmacocinéticos de absorção, distribuição, metabolismo e/ou excreção.
As interações farmacodinâmicas ocorrem quando a ação farmacológica é modificada sem que haja
alteração na concentração do fármaco no seu sítio de ação. Essas interações podem, ainda, ser
subdivididas em sinergísticas e antagônicas, de acordo com os efeitos que promovem.
A prescrição de fármacos em associações visa obter, intencionalmente, efeitos terapêuticos mais
intensos ou mais rápidos do aqueles obtidos com o uso isolado e, ao benefício terapêutico da
associação de fármacos, se estabelece uma interação medicamentosa. Significa dizer que nem todas as
interações medicamentosas detectadas durante a avaliação de um paciente podem incorrer em danos a
ele. Entretanto, as interações medicamentosas constituem a principal causa de reações adversas.
Os fármacos antiretrovirais são rotineiramente prescritos para o tratamento/prevenção da
contaminação pelo HIV. Apesar dos benefícios terapêuticos adquiridos pelo uso combinado desses
medicamentos (coquetel antiretroviral), existem interações medicamentosas, que serão abordadas
durante a exposição, que podem diminuir, ou até mesmo abolir, o efeito desses medicamentos,
aumentando os riscos de resistência retroviral por comprometer a efetividade dos fármacos e,
consequentemente, contribuir para a falência terapêutica.

15
- INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: ANTIMICROBIANOS
Fernando Araújo
Hospital Universitário de Brasília, Universidade de Brasília

Introdução e Conceitos: É amplamente reconhecido que o risco de desenvolvimento de reações


adversas a medicamentos (RAM) secundárias a interações fármaco-fármaco aumenta de forma
significativa com o número de medicamentos que o paciente esta recebendo. Estima-se que as RAM
são responsáveis por 4,2-6% de todas as admissões hospitalares nos Estados Unidos1. As informações
sobre a incidência de interações entre fármacos variam amplamente, com estimativas que chegam a
50%2. Dados de estudos mais antigos tendem a superestimar a frequência por incluírem interações
clinicamente insignificantes ou apenas teóricas. A verdadeira incidência de RAM clinicamente
significantes que ocorrem entre fármacos é amplamente desconhecida. Além disso, a frequência dessas
interações varia consideravelmente entre diferentes populações de pacientes. Pacientes HIV-positivos,
por exemplo, são de alto risco para reações adversas causadas por interações medicamentosas devido a
natureza e a quantidade de medicamentos que eles usam, como também pela fisiopatologia de sua
doença3,4. Os idosos também apresentam alta predisposição para RAM devido às mudanças em suas
funções metabólicas e renal, além da frequente polifarmácia5.
Não é difícil identificar, pelo menos, uma interação em um complexo regime de medicações. A
chave para os clínicos, no entanto, é direcionar as observações para aquelas interações
medicamentosas com potencial significância clínica. As interações medicamentosas são consideradas
clinicamente significantes quando elas têm o potencial de produzir toxicidade excessiva ou redução de
atividade terapêutica. A maioria das interações medicamentosas clinicamente significantes não é
intencional e podem resultar em consequências negativas. Porém, algumas interações podem ser
exploradas por seu potencial benefício clínico. O inibidor de protease ritonavir, por exemplo, é
amplamente administrado em baixas doses em pacientes HIV-positivos para aumentar (“boost”) as
concentrações plasmáticas do inibidor de protease (IP) coadministrado, por inibir seu metabolismo. Os
benefícios da potencialização com o ritonavir incluem redução da carga de comprimidos, eliminação
das restrições alimentares e a melhora da resposta virológica nos tratamentos de pacientes
experimentados6.
Uma interação é tipicamente descrita pelos medicamentos ou pelas classes de medicamentos
envolvidos, pelo mecanismo pelo qual ocorre, pelo efeito resultante (toxicidade ou perda de eficácia),
pela severidade clínica do efeito (menor, moderada ou severa) e pela probabilidade da consequência
adversa ser causada pela interação em questão (improvável, possível, suspeita, provável ou
estabelecida).
Interações menores usualmente têm consequências clínicas limitadas e não requerem mudanças na
terapia. Um exemplo de interação menor é aquela que ocorre entre hidralazina e furosemida. Os
efeitos farmacológicos da furosemida podem ser aumentados pelo uso concomitante de hidralazina,
mas geralmente num grau sem significância clínica7. Embora as interações medicamentosas menores
geralmente possam ser ignoradas na avaliação de um regime de medicamentos, interações moderadas
muitas vezes exigem uma alteração na dosagem ou uma maior vigilância. Combinar rifampicina e
isoniazida, por exemplo, leva a um aumento na incidência de hepatotoxicidade. Apesar desta
interação, os dois fármacos ainda são usados em combinação, porém com frequente monitoramento
das enzimas hepáticas. Interações severas, por outro lado, devem ser evitadas sempre que possível,
uma vez que podem resultar em toxicidade potencialmente grave. Por exemplo, cetoconazol causa
marcante aumento das concentrações plasmáticas da cisaprida, que pode levar ao desenvolvimento de
prolongamento do intervalo QT e arritmias ventriculares potencialmente fatais8,9. É recomendado que
estes fármacos não sejam utilizados juntos.
Os mecanismos de interações medicamentosas podem ser caracterizados como farmacodinâmicos
ou farmacocinéticos. Uma interação farmacodinâmica ocorre quando um fármaco interfere no sítio de
ação de outro fármaco ou, de alguma forma, altera sua resposta farmacológica. Esta interação pode
resultar em aditividade, sinergia ou antagonismo do efeito pretendido. Um exemplo de interação
farmacodinâmica é o sinergismo que resulta da combinação de dois ou mais anti-infecciosos no
tratamento de patógenos resistentes. Por outro lado, o aumento de neutropenia resultante da
coadministração de zidovudina (AZT) e ganciclovir e o aumento da depressão do sistema nervoso
central (SNC) resultante da combinação de sedativos ou hipnóticos são exemplos de toxicidade

16
aditiva12. Interações farmacodinâmicas não envolvem mudanças nas concentrações dos fármacos no
plasma ou no sítio alvo de ação. As interações farmacocinéticas, por outro lado, ocorrem quando um
fármaco altera a absorção, distribuição, metabolismo ou eliminação de outro fármaco. Interações
medicamentosas clinicamente significantes são mais frequentemente resultantes de alterações
farmacocinéticas, secundárias a modulação do metabolismo do fármaco. Em alguns casos uma
alteração significante pode resultar de uma combinação de mecanismos farmacocinéticos e
farmacodinâmicos. Por exemplo, a interação entre cerivastatina e gemfibrozila, que resultou em casos
severos de rabdomiólise, foi uma provável conseqüência da inibição do metabolismo da cerivastatina
pela genfibrozila (interação farmacocinética) e da propensão de ambos os fármacos para causar
toxicidade muscular esquelética (interação farmacodinâmica)11–13.
Interações Farmacocinéticas:
Interações que afetam a absorção:
- Resultam de mudanças na taxa de absorção, na extensão da absorção ou da combinação de ambas;
- Interações que levam a alterações na taxa de absorção são tipicamente sem importância clínica para
medicamentos de uso contínuo, pois a quantidade total absorvida não é alterada. No entanto, reduções
dessa taxa podem causar aumento inaceitável do tempo de latência de medicamentos administrados
agudamente, como os fármacos sedativo-hipnóticos e analgésicos;
- A extensão da absorção pode ser alterada pela motilidade gastrintestinal, pelo pH gastrintestinal, pela
atividade das enzimas do CYP e proteínas de transporte e pela quelação dos fármacos no intestino.
Geralmente, uma mudança na extensão de absorção que exceda 20% é geralmente considerada
clinicamente significante14.
- Alteração da flora bacteriana intestinal tem sido proposta como causa de alterações nas
concentrações de medicamentos como a digoxina, contraceptivos orais e varfarina durante utilização
de antibacterianos, como no caso da interação da digoxina com os macrolídeos. No entanto, uma
explicação mais plausível para esta interação é a inibição da glicoproteína-P intestinal e renal, que
aumentaria a absorção e retardaria a eliminação da digoxina.
Interações que afetam a distribuição:
- Teoricamente, fármacos com alta ligação protéica (>90%) podem deslocar outros fármacos de alta
ligação do sítio de ligação na proteína plasmática, aumentando a distribuição deste. No entanto,
atualmente, há poucas interações clinicamente significantes que ocorram por este mecanismo2.
- Fármacos com metabolização limitada têm o aumento da concentração não ligada compensada pelo
aumento da metabolização. Como fármacos com metabolização não limitada dependem do fluxo
sanguíneo hepático, aumento na fração não ligada no plasma pode não resultar em imediata
eliminação compensatória. Porém, não há relatos de interações clinicamente significantes que
envolvam o deslocamento de fármacos de metabolização não limitada15.
- O aumento transitório da concentração da fração não ligada pode ser clinicamente importante para
fármacos com limitada distribuição, índice terapêutico estreito ou com longa meia-vida (t½) de
eliminação16.
Interações que afetam o metabolismo:
- Modulação do metabolismo mediado pelo sistema de enzimas do citocromo P450 (CYP) é o
principal mecanismo pelo qual um fármaco interage com outro.
- A inibição enzimática diminui a taxa de metabolização de fármacos, o que aumenta a quantidade de
fármaco no corpo, levando ao acúmulo e potencial toxicidade.
- A inibição enzimática pode ser descrita por sua reversibilidade, variando de rapidamente reversível a
irreversível. Interações devido à inibição metabólica reversível podem ainda ser classificadas em
competitivas, não competitivas ou incompetitivas. Na inibição reversível a atividade enzimática é
recuperada pela eliminação sistêmica do inibidor, de forma que o tempo de recuperação da enzima
depende da meia vida de eliminação do inibidor. A inibição competitiva é caracterizada pela
competição entre substrato e inibidor pelo sítio ativo da enzima. A competição pela ligação pode ser
superada pelo aumento na concentração do substrato, sustentando assim a velocidade da reação
enzimática, apesar da presença do inibidor17,18. Por outro lado, a inibição enzimática não competitiva
não pode ser superada pelo aumento da concentração do substrato. Neste tipo de inibição o inibidor se
liga num sítio da enzima que é diferente do sítio onde se liga o substrato, criando um complexo
enzima-substrato não-funcional17,18. A inibição incompetitiva ocorre quando o inibidor se liga
somente ao complexo enzima-substrato. Do ponto de vista clínico, inibição incompetitiva é rara, visto

17
que a saturação da enzima com o substrato não é comum in vivo. Inibição irreversível ou quase-
irreversível ocorre quando o composto parental ou um metabolito intermediário se liga ao grupamento
heme da enzima CYP, inativando-a18. Na inibição irreversível, ou “inibição suicida”, o intermediário
forma uma ligação covalente com a CYP ou com seu grupamento heme, causando inativação
permanente. Na inibição quase-irreversível o intermediário está tão fortemente ligado ao grupamento
heme da enzima que ela é praticamente irreversível. Assim, os mecanismos de inibição irreversível e
quase-irreversível são indistinguíveis in vivo18. A eritromicina é um exemplo de inibidor irreversível
da CYP3A4. As furanocumarinas do suco de toranja (grapefruit) inibem de forma reversível e
irreversível a CYP3A4 do intestino delgado, o que leva ao aumento significativo da biodisponibilidade
de fármacos como ciclosporina, saquinavir, midazolam, bloqueadores dos canais de cálcio e de certos
inibidores da HMG CoA redutase19-25. Outros fármacos que também inibem a CYP3A4 intestinal
são cetoconazol, itraconazol, eritromicina, ciclosporina e verapamil. A inibição dessa CYP
frequentemente ocorre em conjunto com a inibição da glicoproteína-P (gp-P) intestinal26.
- Uma série de eventos leva ao aumento da síntese de isoenzimas CYP, o que resulta em aumento de
sua atividade catalítica tanto em nível hepático quanto intestinal. Na maioria dos casos de indução
enzimática o aumento na síntese de enzimas resulta de aumento da transcrição gênica através da
ativação de receptores nucleares (PXR e CAR são receptores que induzem síntese de CYP3A e 2B,
respectivamente27-30, expressos predominantemente no fígado e nos intestinos31). O receptor PXR
medeia a indução de CYP3A4, 2B6, 2C9, além do gene MDR1, responsável pela expressão de gp-
P31,32. Rifampicina, fenobarbital, bloqueadores dos canais de cálcio, hormônios esteroidais,
inibidores de protease, inibidores da HMG CoA redutase, Erva de São João (Hypericum perforatum)
são compostos que se ligam em graus variados ao receptor PXR30,31.
Outros importantes indutores da CYP3A4 são carbamazepina, fenitoína, nevirapina e efavirenz.
Além do risco de perda de efetividade de um fármaco substrato de uma enzima induzida, nos casos
como do paracetamol a metabolização mais rápida pode gerar acúmulo de metabólito tóxico.
Interações que envolvem proteínas transportadoras de fármacos:
- Transportadores como as proteínas de multi-resistência a fármacos (MDRs), glicoproteína-P,
proteínas relacionas a resistência a múltiplos fármacos (MRPs), polipeptídios transportadores de
anions orgânicos (OATPs), transportadores de cátions orgânicos (OCTs) e transportadores de anions
orgânicos (OATs) podem ser alterados por xenobióticos, assim afetando a disposição de fármacos
coadministrados que são transportados por estas proteínas.
- Gp-P é uma bomba de efluxo que já foi identificada na superfície apical dos túbulos renais, em
células epiteliais da placenta, na superfície canalicular dos hepatócitos, na superfície luminal dos
capilares sanguíneos cerebrais e na superfície de subgrupos de linfócitos33,34. Em geral, as funções
da gp-P limitam a exposição do corpo aos fármacos, excretando-os na bile, na luz intestinal e nos
túbulos renais. Além de dificultar o acesso ao SNC e aos linfócitos33. No intestino, a gp-P afeta
principalmente a taxa e não a extensão de absorção de fármacos32. Porém, a glicoproteína-P aumenta
a exposição dos fármacos à CYP3A4 intestinal. Há uma sobreposição de substratos entre gp-P e
CYP3A. Além disso, comodulação de CYP3A é uma característica comum entre inibidores e
indutores da gp-P. Saquinavir, ciclosporina e paclitaxel são exemplos de fármacos sobre os quais a gp-
P exerce significante limitação da absorção intestinal. Nas doses terapêuticas, indinavir satura as gp-P
intestinais, excedendo muito sua capacidade de efluxo e, por isso, acaba apresentando boa
biodisponibilidade oral.
- Coindutores de gp-P e CYP3A4: fenobarbital, fenitoína, dexametasona, rifampicina e Erva de São
João35,36. A rifampicina pode reduzir de forma significante a concentração plasmática da digoxina
oral.
Conteúdo: Trinta por cento ou mais de todos os pacientes hospitalizados são tratados com um ou
mais cursos de antibioticoterapia. Tendo em vista que os antimicrobianos estão entre os medicamentos
mais utilizados e reconhecendo seu alto potencial para sofrer ou causar alterações nos efeitos
farmacológicos quando associados a outros fármacos, nutrientes, alimentos ou fitoterápicos,
destacaremos uma série de possibilidades de interações medicamentosas clinicamente significantes
que exigem maior atenção do prescritor para que possam ser evitadas, sempre que possível, ou
manejadas de forma a minimizar os riscos para a saúde do paciente.
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reactions. West Sussex, England: John Wiley & Sons, Ltd; 2004. p.1–88.

18
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PALESTRA DE ABERTURA: O PODER CURATIVO DO AMOR

- O PODER CURATIVO DO AMOR


Carlos Eduardo Tosta da Silva
Laboratório de Imunologia Celular, Faculdade de Medicina, Universidade de Brasília

Mas o que é o amor? /


É nascido do nada? /
É chama difusa que queima e se apaga? /
É sopro, é brisa ou é ventania? O amor liberta ou escraviza? /
Causa-nos dor, ou nos ameniza? O amor incandesce, mas apazigua. /
O amor é luz, é porto, é chegada. /
O amor é uma força sagrada. /
O amor é doar-se para tudo ser. /
É se apequenar para poder crescer. /
É bem nutrir o que vai nascer. /
O amor é transcender.

O amor constitui poderoso instrumento para a transcendência, capaz de facilitar a quebra das
barreiras que nos separam de nós próprios e do próximo, mas também as que impedem que o
indivíduo retorne ao estado de equilíbrio, a que chamamos de saúde.
Está, atualmente, bem estabelecido que as emoções anti-amorosas como o ódio, ciúme, mágoa,
revolta, agressividade, vingança, pessimismo, intolerância, ressentimento, desprezo, vergonha,
remorso, culpa e desconfiança estão associadas a ansiedade e, não raro, também a depressão, capazes
de causar ativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA), além de aumentar o tônus simpático e,
em consequência, levar a inibição do sistema imunitário. Por outro lado, as emoções amorosas como
compaixão, afetuosidade, cordialidade, generosidade, felicidade, paciência, tolerância, perdão,
conciliação, aceitação, confiança, otimismo e ternura regulam a ação do eixo HHA, reduzem o tônus

20
simpático e melhoram a função do sistema imunitário, além de reduzirem a pressão arterial e a
neurodegeneração e melhorarem a memória. Além disso, as emoções amorosas ativam determinadas
estruturas cerebrais, principalmente o sistema límbico, e levam ao aumento da síntese serotonina,
dopamina, endorfinas, fator de crescimento neuronal, oxitocina, vasopressina, endocanabinóides e
óxido nítrico que causarão sentimentos de prazer, recompensa, crença e motivação, e concorrerão para
o aumento da imunidade e do bem-estar e redução da ansiedade e da depressão.
O amor é o mais poderoso instrumento de cura por ser: (1) o mais universal, já é a própria
natureza da alma humana; (2) o mais global, pois pode ser utilizado por qualquer sistema de saúde; (3)
o mais antigo, pois sempre existiu; (4) o mais holístico, dado que atua em todas as dimensões do ser
humano, a física, a mental/emocional, a interpessoal e a espiritual; (5) o mais seguro, já que nunca
prejudica, por não possuir efeitos colaterais; (6) o mais efetivo, pois sempre funciona; (7) o mais
barato, já que é dado e recebido a custo zero; (8) o mais eclético, pois pode ser usado para manter a
saúde e tratar qualquer doença; (9) o mais democrático, dado que todos podem doar e receber, e (10)
o mais simples dos medicamentos, já que não exige registro nem patente para ser utilizado.
Espera-se que um profissional de saúde domine o conhecimento de sua área de atuação e que seja
adestrado nas técnicas e procedimentos a ela pertinentes. Entretanto, isto não será de muita valia se as
relações com o paciente não forem adequadas. E, para que haja uma boa relação com o paciente, há de
se lhe tocar a alma. Para isto, o profissional de saúde precisa ser amoroso. O profissional amoroso é
aquele que: (1) considera o paciente como a razão de ser de sua vida profissional, e não como um
estorvo ou mal necessário; (2) sabe acolher o paciente: olhar para ele, sorrir, tratar-lhe pelo nome,
cumprimentá-lo e ouvi-lo; (3) é fraterno e não arrogante ou prepotente; (4) explica para o paciente sua
situação e com ele compartilha as decisões; (5) é compassivo; (6) não destrói a esperança.
Não bastasse considerar o poderoso efeito curativo do amor para o paciente, o profissional de
saúde amoroso tem ainda outra vantagem: ele também é beneficiado. Está provado que o profissional
amoroso é mais feliz, menos ansioso, tem mais saúde, vive mais e com melhor qualidade de vida. Isto
porque, ser bom faz bem!
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MESA REDONDA: ABORDAGEM MULTIDISCIPLINAR NOS CUIDADOS DO INDIVÍDUO


PORTADOR DO HIV/AIDS.

- VIVENDO E CONVIVENDO COM HIV/AIDS


Eliane Maria Fleury Seidl
Universidade de Brasília - Instituto de Psicologia e Hospital Universitário de Brasília, Brasília, DF.

A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (aids), desde o surgimento dos primeiros casos no


início da década de 1980, constitui um dos grandes problemas de saúde pública no plano mundial. O
quadro de morbimortalidade por aids, que apresentava altas taxas de letalidade até meados dos anos
1990, sofreu alteração relevante com o advento da terapia antirretroviral combinada, particularmente
no Brasil país em que a disponibilidade dos medicamentos é universal e gratuita. Descrita como uma
das enfermidades mais assustadoras da história da humanidade, ainda tem sendo associada à morte e à
degenerescência física. No entanto, as mudanças epidemiológicas e de controle da epidemia foram
rápidas e contundentes. A disponibilidade do tratamento antirretroviral, desde 1996, tem permitido
melhor qualidade de vida de pessoas vivendo com HIV/aids (PVHA). Diante da tendência à
cronicidade, novos desafios nas áreas médica e psicossocial têm emergido. Na esfera psicossocial,
questões como a vivência da sexualidade, a experiência da conjugalidade, a decisão quanto à
maternidade e paternidade, o bem-estar psicológico das PVHA e a adesão ao tratamento são alguns
dos temas que merecem atenção dos profissionais de saúde. A experiência de atuação em serviço
público específico para essa clientela aponta que temas, que indicam dificuldades de ajustamento, são
freqüentes e recorrentes nos atendimentos a pessoas HIV positivas. São eles: impacto psicológico do
diagnóstico; estratégias de enfrentamento não adaptativas (esquiva e evitação); isolamento social, com
rupturas na rede de apoio; sentimentos de culpa, ressentimento, raiva e desesperança; efeitos negativos
da soropositividade sobre o relacionamento conjugal e a expressão da sexualidade; desconhecimento,
dúvidas e medos em relação à enfermidade, ao tratamento e à possibilidade da morte; revelação do
diagnóstico (para quem, como e quando comunicar); transtornos de ansiedade e/ou depressão; receio
de ter aspectos da subjetividade e da história de vida revelados; medo da discriminação e do
preconceito.

23
O funcionamento do Projeto Com-Vivência (Ações Integradas de Estudo e Atendimento a Pessoas
Vivendo com HIV/aids e Familiares), há quatorze anos, significou a abertura de um espaço
privilegiado para a concretização de objetivos do Hospital Universitário de Brasília (HUB): local de
aprendizagem e de produção de pesquisa e conhecimentos, voltado ao exercício técnico-profissional e
à prestação de ações de saúde, integrado à rede de serviços do SUS do Distrito Federal. Trata-se de um
projeto de extensão de ação contínua, vinculado ao Decanato de Extensão, iniciativa de professores do
Instituto de Psicologia e do Departamento de Serviço Social da Universidade de Brasília. Os
professores, profissionais, alunos de graduação e de pós-graduação da Psicologia e do Serviço Social
atuam de modo integrado aos demais profissionais da área do HIV/aids do HUB. Os objetivos do
Projeto Com-Vivência são: (1) desenvolver ações de prevenção e de assistência da psicologia e do
serviço social em HIV/aids, articuladas a atividades de ensino e pesquisa; (2) prestar atendimento
psicológico e social, individual ou em grupo, a pessoas vivendo do HIV/Aids e familiares; (3) realizar
ações preventivas e educativas sobre aspectos referentes ao HIV/aids junto à comunidade em geral. O
atendimento psicossocial, disponibilizado pelo Projeto Com-Vivência a pessoas que vivem com
HIV/aids (crianças, adolescentes e adultos) e a cônjuges, familiares e/ou pessoas da rede de apoio
social do usuário, consolida-se em atividades e procedimentos realizados no ambulatório e na
enfermaria, tais como: acolhimento, avaliação psicológica e social, pré ou pós-consulta (atendimento
psicológico e/ou social antes ou depois da consulta médica), atendimento psicológico (individual ou
em grupo), atendimento e/ou orientação social. O atendimento psicológico é prestado mediante ações
de aconselhamento, orientação e/ou intervenção psicológica, individual ou em grupo, a pacientes
ambulatoriais ou internados, bem como a familiares e/ou a pessoas significativas da rede de apoio
social.
Em geral tem como objetivos principais: a identificação de dificuldades psicológicas associadas à
condição de soropositividade; o desenvolvimento de habilidades de enfrentamento em relação à
enfermidade; o fortalecimento dos vínculos afetivos e sócio-familiares; a vivência da sexualidade, a
manutenção e/ou reconstrução da vida amorosa; a adesão ao tratamento, às práticas preventivas e ao
auto-cuidado; o fortalecimento e/ou manutenção da auto-estima, a melhoria do nível de conhecimento
sobre a enfermidade e o tratamento; a resignificação da aids e modificação de crenças irracionais e
fatalistas sobre a enfermidade e o tratamento; a manutenção e/ou reestruturação do projeto de vida. Em
suma, o trabalho desenvolvido pela equipe do Projeto Com-Vivência faz parte das ações de saúde
prestadas pelo HUB em HIV/aids. No entanto, a atuação efetivamente interdisciplinar, incluindo as
demais categorias profissionais, ainda é um desafio, e deve ser construída diuturnamente, para o
alcance do objetivo de oferecer atenção integral, equânime e de qualidade a pessoas vivendo com
HIV/aids.

- A REPRODUÇÃO POR PORTADORES DE HIV/AIDS: DILEMAS ÉTICOS E MORAIS


Antônio Carlos Rodrigues da Cunha
Professor Adjunto e Coordenador da Área de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina
da Universidade de Brasília, UnB, Doutor em Ciências da Saúde com área de concentração em
Bioética pela UnB/Università degli studi di Torino, Itália.

O Ministério da Saúde (MS) pretende lançar uma recomendação com orientações para portadores
de HIV/Aids que queiram ter filhos. A iniciativa já provoca polêmica, porque com as técnicas
disponíveis no momento não há possibilidade de reduzir a zero o risco de transmissão do vírus ao bebê
e ao parceiro soro discordante. Acredita-se que cumprindo todas as recomendações o risco de
transmissão do HIV para o bebê é menor de 1%.
No Brasil, grande porcentagem dos infectados pelo vírus está em idade reprodutiva e, ao atingir
estado de saúde estável, começa a ter o desejo de desenvolver família. Até agora, a orientação a esse
grupo variava conforme a opinião individual de cada profissional gerando a necessidade da
participação do Estado no sentido de elaborar um documento que unifique as recomendações do
ministério. A demanda por desejo reprodutivo aumenta proporcionalmente ao avanço científico das
novas tecnologias reprodutivas e da indústria farmacêutica com medicamentos mais eficazes e com
menos efeitos colaterais. Nos pacientes com, boa adesão ao tratamento baixa carga viral e sobretudo
com parâmetros clínicos e laboratoriais compatíveis com boa imunidade, .autoridades ligadas ao MS

24
entendem que a concepção é um direito. Tanto no caso da reprodução assistida, feita por meio de
inseminação artificial, quanto no caso da gravidez natural, é essencial que os parceiros estejam com
carga viral indetectável no momento da concepção e recebam acompanhamento pré e pós-natal. Entre
as recomendações estão: não apresentar outras doenças sexualmente transmissíveis e crônicas; estar
com baixa carga viral; ter o nível células de defesa do organismo elevado; e procurar
acompanhamento médico.
Estudos têm demonstrado que o uso de terapia anti-retroviral a não amamentação, associada ou
não ao parto Cesário eletivo, diminui significativamente a transmissão vertical do vírus para o bebê.
Diante disso, a Sociedade Norte-Americana (ASRM) e Européia (ESHRE) de Medicina Reprodutiva
fizeram colocações éticas que devem ser seguidas.
Mulher HIV+
Se a mulher é HIV+, a inseminação intra-uterina eliminaria o potencial de transmissão do vírus ao
parceiro. Uma gestante sem tratamento anti-retroviral tem uma taxa de transmissão do vírus para seu
feto de 20-25%. Se zidovudina (AZT) for utilizada pela gestante, a partir da 14ª semana de gestação,
bem como pelo recém-nascido até 6 meses, o risco de transmissão materno-fetal cai para 5-8%.
Atualmente, recomenda-se o uso de 3 drogas anti-retrovirais pela gestante. Assim, quase a totalidade
delas atinge carga viral indetectável, o que significa supressão viral máxima, reduzindo o risco de
transmissão vertical para menos de 1%.
Homem HIV+
Tecnologias hoje disponíveis permitem a separação de espermatozóides do vírus HIV em homens
HIV positivo, para que reduza a carga viral na amostra seminal. Posteriormente, essa seleção é usada
para inseminação dos óvulos das parceiras HIV negativo com o objetivo de obter gravidez. Essas
tecnologias estão indicadas em casais HIV soros-discordantes, em que o homem está contaminado.
Através de uma tecnologia no processamento do sêmen é possível a separação de espermatozóides,
sem a presença do vírus HIV na amostra. Esse processamento seminal para retirada do HIV consiste
em sucessivas "lavagens" dos espermatozóides. Existem alguns critérios para que estes homens
possam fazer parte deste programa: não ser azoospérmico, baixa carga viral, contagem CD4+
adequada, dentre outros.
Para certificarmos a ausência do vírus na referida amostra, após o processamento, parte da
suspensão contendo os espermatozóides é analisada através da técnica de PCR (Reação em Cadeia
pela Polimerase) e outra parte é criopreservada. Após o resultado negativo, no que concerne à
presença do vírus, a mulher é submetida à indução da ovulação para obtenção de óvulos que serão
combinados com aqueles espermatozóides outrora crio preservados que serão agora descongelados,
através de técnicas de reprodução assistida (IIU - Inseminação Intra-Uterina, Inseminação Artificial;
FIV - fertilização in vitro, bebê de proveta; ICSI - injeção intra-citoplasmática de espermatozóide).
Acompanhamento
O acompanhamento da mulher é feito através de testes para detecção de anticorpos para o HIV e
antígeno p24 do HIV, que aparece no organismo 1 a 2 semanas após a exposição ao vírus. Esses testes
devem ser realizados com freqüência após a transferência embrionária para o útero ou após a
inseminação intra-uterina e também no recém-nascido.
Tratamento da infertilidade quando ambos os parceiros são HIV+ Estes casais têm de ser
informados do risco de transmissão para a prole. Se a carga viral puder ser suprimida a níveis
indetectáveis na gestante, o casal poderá ter um filho sem HIV. A terapia anti-retroviral atual que
consiste em administrar ao paciente pelo menos 3 drogas está permitindo transformar a infecção pelo
HIV numa doença crônica, com expectativa de sobrevida com boa qualidade de vida por muitas
décadas. Por outro lado, como a terapia se tornou disponível há cerca de 10 anos, não é possível
precisar quão duradoura será. Os dados atuais demonstram que, pelo menos 80% dos pacientes que
são aderentes à terapia apresentam boa resposta clínica, imunológica e virológica.
Considerações éticas
A utilização da tecnologia reprodutiva pode reduzir o risco da transmissão do HIV para a
descendência, mas não o elimina. O risco levanta questões éticas no âmbito da liberdade de reproduzir,
o que pode ser considerado danoso o suficiente para restringir esta liberdade e lavar a
questionamentos: O Serviço Único de Saúde (SUS) está apto a atender esse contingente de pacientes?
Há respaldo ético e jurídico para uso dessa tecnologia por casal soro discordante ou em que ambos são
HIV+? O respeito à autonomia da paciente em decidir sobre sua reprodução contempla o princípio da

25
beneficência, expresso na preocupação com o fato de que a criança possa nascer com uma doença
ainda incurável e que exige o uso de medicamentos com efeitos colaterais muitas vezes danosos? É
legítimo utilizar uma técnica médica onde há controvérsias à respeito dos princípios da beneficência e
maleficência?
As técnicas de reprodução assistida surgiram para dar aos casais inférteis a possibilidade de
conseguirem seus objetivos, gerar um filho, e também propiciar propedêutica e tratamento das doenças
genéticas. Na medida em que essas técnicas resolvem o problema do casal e possibilitam a
constituição de sua família, sua aplicação tem desdobramentos que ultrapassam uma terapêutica
individual e ao atingir futuras gerações e possibilitar que casais HIV+ ou soro discordante possam
constituir família, esses procedimentos passam a suscitar inquietações de ordens éticas, morais e
religiosas.
Entende-se como legítimo ao casal que deseja ter filho utilizar-se de recursos como o da
reprodução assistida para atingir seu objetivo. Entretanto, a prerrogativa da autonomia aparece
vinculada à noção de responsabilidade. O casal realiza seu sonho e se submete aos riscos dos
procedimentos; mas sua responsabilidade não se encerra neste ponto, pois dessa iniciativa pode surgir
situações como: contaminação do parceiro e do bebê por uma doença crônica tratável, porém anda
incurável e que exige um coquetel de medicamentos caros e que apresentam inúmeros efeitos
colaterais. E assim, a necessidade individual passa a suscitar dilemas éticos e morais que envolvem
toda sociedade podendo, inclusive, afetar futuras gerações.
O desejo reprodutivo do portador de HIv/Aids vem se consolidando como um problema de saúde
que traz implicações médicas e psicossociais. Pesa o imaginário acerca das reais necessidades e
anseios do ser humano como pessoa em perpetuar a espécie, constituir família. O estabelecimento
dessas normas pelo MS legitima o direito dos casais soro discordantes de buscar meios científicos para
a procriação. Esta realidade remete a limites éticos e jurídicos a respeito de se conseguir o objetivo da
reprodução. O Brasil ressente-se de uma legislação específica para as novas tecnologias reprodutivas e
o uso dessa tecnologia no casal soro discordante. Porém, é fundamental que nessas diretrizes do MS
haja segurança para os profissionais da área de saúde, parceiros não infectados e sobretudo às crianças
oriundas desses relacionamentos.Tornando-se essencial, que antes da divulgação das normas que haja
um amplo debate com a comunidade científica e sobretudo com a sociedade levando a reflexões e
questionamentos abordando temas como princípio da autonomia, responsabilidade, utilitarismo,
compaixão e ainda, o princípio da justiça na alocação de recursos públicos. Possibilitando o
empoderamento da sociedade não só compreendendo e se posicionando em relação a essa questão,
mas, no desafio da construção de um serviço público que atenda os desejos e necessidades da maioria
da população.
Considerações finais
Pode-se classificar a infecção pelo HIV como uma doença crônica e tratável, mas no estágio do
conhecimento técnico-científico atual ainda não é curável. A possibilidade de pessoas HIV+ terem
filhos não infectados e não transmitir o vírus para seus parceiros tem aumentado substancialmente,
mas o sucesso não pode ser totalmente garantido, principalmente naqueles casos onde se pretende
liberar para relações sem preservativos nos dias férteis casais soro discordantes. Recomenda-se que
antes da divulgação das normas haja um amplo debate e reflexão acerca desse complexo tema e que a
abordagem do casal seja feita por uma equipe multidisciplinar composta por profissionais que atuem
nas áreas de medicina reprodutiva, infectologistas, obstetras, pediatras, psicólogas e enfermeiras.
1- Prado MM. Panorama da bioética no Brasil: um estudo sobre a reflexão bioética desenvolvida no
Brasil. Dissertação de mestrado. Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade de
Brasília.Brasília,2002.203p
2- Mori M. A bioética: sua natureza e história. Humanidades. Brasília,v.9, n.4,p332-41,1994.
3- Conselho Federal de Medicina (Brasil). Resolução nº 1.358. Normas Éticas para utilização das
técnicas de reprodução assistida, 1992.
4- Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Brasil). Resolução nº 33, de 17 de fevereiro de 2006.
Regulamento técnico para o funcionamento dos bancos de células e tecidos germinativos. Diário
Oficial da União, 20 fev. 2006; seção 1.
5- Melamed RMM. Novas famílias. In: Sousa MCB; Moura MD; Grynszpan D. (orgs.) Vivências em
tempo de reprodução assistida- O dito e o não dito Rio de Janeiro: Revinter 2008.p. 143-147.

26
6- Beauchamp TL, Childress JF. O respeito à autonomia. In: Beauchamp TL, Childress JF. Princípios
da ética biomédica. São Paulo: Loyola; 2002. p. 137-208.
7- Corrêa M. Ética e reprodução assistida: a medicalização do desejo de filhos. Bioética 2001; 9(2):
71-82.
8- Garrafa V, Oselka G, Diniz D. Saúde pública, bioética e equidade. Bioética 1997; 5(1): 27-33.
9- Guilhem D, Prado MM. Bioética, legislação e tecnologias reprodutivas. Bioética 2001; 9(2): 113-26.
10- Cunha ACR, Kalume C; Nunes JC, Samrsla M, A expectativa de mulheres que aguardam
tratamento de reprodução assistida no hospital público de referência do Distrito Federal. In: Garrafa V;
Cordón J (orgs) Pesquisas em Bioética no Brasil de hoje. São Paulo: Gaia, 2006 p.85-99.
11- Garrafa V. Reflexão sobre políticas públicas brasileiras de saúde à luz da bioética. In: Fortes P,
Zoboli E. (orgs.) Bioética e saúde. São Paulo: Loyola; 2003. p. 49-61.
12- Jonas H. O princípio da responsabilidade. Ensaio de uma ética para a civilização tecnológica. Rio
de Janeiro : Contraponto;2006.p.353.
13- Morin E. A cabeça bem feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil; 2002. p. 128
14- Durand, G . Introdução geral- história conceitos e instrumentos, São Paulo, Loyola 2003. p. 144
15- Gonçalves EH. Desconstruindo o preconceito em torno do HIV/Aids na perspectiva da bioética de
intervenção. Universidade de Brasília, tese de. Doutoramento em Ciências da Saúde – área de
concentração em Bioética (orientador: V. Garrafa), 2005, 112 p.
16- Pessini L. A eutanásia na visão das maiores religiões. In: Barchinfontaine CP; Pessini L (orgs.)
Bioética: Alguns desafios, São Paulo, Loyola 2001. p. 261-281.
17- Mori M. A moralidade do aborto; Brasília, Editora UnB, 1997, p.102.

MESA REDONDA: ATUALIZAÇÃO EM DIABETES

- GENÉTICA DO DIABETES MELLITUS TIPO 2: COMO OS NOVOS CONHECIMENTOS


PODEM INFLUENCIAR A PRÁTICA CLÍNICA?
Angélica Amorim Amato
Hospital Universitário de Brasília, Universidade de Brasília

O diabetes mellitus tipo 2 (DM2) representa um grupo heterogêneo de distúrbios metabólicos que
compartilha a hiperglicemia. Fatores ambientais são considerados os principais determinantes do
aumento global de sua prevalência. Entretanto, a suscetibilidade à doença é reconhecidamente o
resultado de fatores genéticos complexos, e a identificação de variantes genéticas relacionadas ao
DM2 tem sido um dos principais focos de pesquisa em diabetes, uma vez que representa uma
estratégia para melhorar a compreensão de sua fisiopatologia, requisito para o desenvolvimento de
estratégias efetivas de prevenção e tratamento. Os avanços observados em epidemiologia genética, em
especial a viabilização do mapeamento global do genoma, possibilitaram a detecção de diversas
variantes genéticas cujo impacto sobre o metabolismo humano normal e sobre a fisiopatologia do
diabetes tipo 2 precisam ainda ser elucidados.
Entre elas, estão a variante E23K do gene KCNJ11. Esse gene codifica o kir6.2, um dos
componentes do canal de potássio ATP-dependente na célula beta, com papel crítico para a secreção
de insulina, e essa variante tem sido associada ao risco de desenvolvimento de DM2. O gene PPARG
codifica o PPARγ, um fator de transcrição membro da superfamília de receptores nucleares, que regula
a expressão de genes críticos para a diferenciação e função do tecido adiposo e para a homeostase da
glicose. É também o alvo das tiazolidinedionas, que estimulam o receptor, e são utilizadas como
sensibilizadores insulínicos no tratamento do diabetes tipo 2. A variante Pro12Ala do PPARG
associou-se a menor índice de massa corporal e melhor sensibilidade insulínica em algumas
populações, e a suscetibilidade ao DM2 conferida por essa variante pareceu ser influenciada por
fatores ambientais.
Duas variantes comuns do gene HNF4A, relacionado a uma forma monogênica de diabetes,
também foram consistentemente relacionadas a suscetibilidade ao DM2 em populações de etnias
diversas. Um polimorfismo de nucleotídeo único em um íntron do gene TCF2 ou HBF1B, que codifica

27
o fator de transcrição 2 ou o fator nuclear hepatocitário 1 beta, também relacionado a uma forma
monogênica de diabetes, foi associado a suscetibilidade à doença, assim como as variantes A98V e
I27L do gene TCF1 ou HNF1A, que codifica o fator de transcrição 1 ou fator hepatocitário 1 alfa. O
gene ENPP1, que codifica uma pirofosfatase de nucleotídeo-fosfodiesterase, aparentemente
relacionada à sinalização insulínica, teve uma variante comum (K121Q), associada a obesidade,
resistência insulínica e DM2.
Genes cujas variantes comuns estão relacionadas à suscetibilidade ao DM2, identificados por
estudos de ligação genética, incluem o CAPN10, que codifica uma protease intracelular expressa no
pâncreas e denominada calpaína, e o TCF7L2, que codifica o fator de transcrição 4, com papel-chave
na via de sinalização Wnt (wingless type mmtv integration site family), e também expresso nas ilhotas
pancreáticas.
Uma observação interessante é que a maior parte das variantes genéticas de risco identificadas até
o momento está relacionada a disfunção de células beta e comprometimento da secreção de insulina.
Esses conhecimentos reforçam o papel crítico da célula beta no desenvolvimento do DM2 e podem
sugerir, em um primeiro momento, que a contribuição genética para a doença se daria por disfunção
dessas células, e que a resistência insulínica seria conseqüência de fatores ambientais e relacionados
ao estilo de vida. É possível, porém, que a ausência de genes relacionados à resistência insulínica seja
conseqüência de limitações desses estudos em identificá-las e da necessidade de considerar que seus
efeitos ocorram por meio de sua interação com fatores ambientais e de sua influência sobre o peso e a
distribuição de gordura corporal.
As conseqüências metabólicas dessas descobertas genéticas ainda não foram determinadas, nem
exatamente como esses resultados influenciarão a prática clínica. A expectativa é de que as
informações assim obtidas se traduzam em aprimoramento das estratégias de prevenção, classificação,
diagnóstico e tratamento da doença, além de disponibilização de informações prognósticas
relacionadas ao risco de complicações crônicas. De fato, algumas dessas variantes foram relacionadas
à resposta ao tratamento e risco de complicações microvasculares. A variante E23K do KCNJ11
associou-se a risco de falência de resposta às sulfoniluréias, e o alelo Ala da variante Pro12Ala do
PPARG associou-se a melhor resposta às tiazolidinedionas e a proteção contra nefropatia diabética. O
alelo T do polimorfismo rs7903146 do TCF7L2 foi associado a maior taxa de falência secundária às
sulfoniluréias e necessidade de terapia insulínica.
Talvez a maior perspectiva em relação a esses conhecimentos não seja a identificação de um
medicamento capaz de atuar sobre a base da doença e corrigir definitivamente a alteração metabólica,
ou de predizer que pacientes irão desenvolver diabetes ou suas complicações, ou responder a uma
determinada classe de medicamentos, mas elucidar a base molecular da interação entre genes e
ambientes para determinar a suscetibilidade à doença e assim elaborar estratégias preventivas eficazes.
Compreender como os fatores genéticos interagem com o ambiente para aumentar o risco de DM2
poderia fundamentar modificações individualizadas do estilo de vida, de acordo com o genótipo, para
otimizar o ambiente e evitar o risco conferido por variantes genéticas de suscetibilidade.

- PAPEL DOS NOVOS AGENTES FARMACOLÓGICOS NO DIABETES MELLITUS


Érica Correia Garcia
Serviço de Endocrinologia, Hospital Universitário de Brasília, UnB

A relação entre a amplitude e tempo da hiperglicemia com o aparecimento de complicações


crônicas do diabetes mellitus é muito bem estabelecida. Com evidências de complicações decorrentes
de pequenas alterações metabólicas, metas cada vez mais rigorosas são exigidas para a glicemia.
No diabetes tipo 1, pela destruição das células β pancreáticas, o tratamento farmacológico
existente é a insulina.
No diabetes tipo 2 as estratégias terapêuticas são diversas, em função das características
fisiopatológicas específicas do DM2: secreção deficiente de insulina pelo pâncreas; menor
sensibilidade hepática e periférica à ação da insulina (resistência à insulina) e aumento da secreção
hepática de glicose. O tratamento medicamentoso do diabetes tipo 2 pode ser realizado por
antidiabéticos orais, por terapia substitutiva com a insulina e mais recentemente por terapia baseada
em incretinas.

28
A terapia baseada em incretinas é objetivo principal dessa discussão.
Introdução
Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e a Americam Diabetes Association (ADA), a
primeira abordagem terapêutica para o diabetes tipo 2 deve ser a mudança do estilo de vida
(alimentação saudável e atividade física regular) associada à metformina. Outros agentes
farmacológicos devem ser associados conforme a necessidade visando o alcance do controle glicêmico
(hemoglobina glicada < 6,5% para SBD e < 7% para ADA). Entretanto apesar das inúmeras drogas
disponíveis, número considerável de diabéticos não atingem as metas estabelecidas mesmo após
associação medicamentosa.
Uma limitação adicional ao controle glicêmico, particularmente com o uso da sulfonilureia e da
insulina, é a associação com o risco aumentado de hipoglicemia. Outra conseqüência indesejada dos
tratamentos atualmente muito utilizados, tais como as glitazonas, sulfonilureias e insulina, é o ganho
de peso; problema importante aos diabéticos tipo 2 que geralmente tem sobrepeso ou obesidade.
Tratamentos que minimizam o risco de hipoglicemia e do ganho de peso representam grande
impacto no controle do diabetes. Outra grande meta do tratamento desta doença é minimizar o risco
cardiovascular inerente a mesma. Terapias baseadas em incretinas, incluindo inibidores de dipeptidil
peptidase-4 (DPP-4) e agonistas do receptor do GLP-1, foram desenvolvidos visando alcançar tais
objetivos.
Incretinas
GLP-1 (peptídeo glucagon símile 1) e GIP (polipeptídeo insulinotrópico glicose-dependente) são
hormônios secretados por células enteroendócrinas do intestino em resposta a ingestão de nutrientes.
São chamados INCRETINAS, pois estimulam a síntese da pró-insulina e a secreção da insulina.
Este efeito é dependente da glicose.
GLP-1 adicionalmente reduz a secreção do glucagon e diminuiu o esvaziamento gástrico. Este
hormônio é rapidamente inativado e degradado (meia vida de 1 a 2 minutos) pela enzima dipeptidil
peptidase-4 (DPP4).
O efeito das incretinas está prejudicado em diabéticos, muito provavelmente pela redução do
GLP-1 ativo nestes pacientes e pela diminuição da sensibilidade das células β ao GIP, cujos níveis
séricos estão inalterados.
Inibidores da dipeptidil peptidase-4 (DPP-4).
Nova classe de antidiabético oral. Pode ser tomado com ou sem alimentos.
Inibidores de DPP-4: aumento da insulina glicose-dependente e diminuição do glucagon .
Diferentemente dos atuais tratamentos para o diabetes tipo 2, o inibidor do DPP-4 afeta tanto a
célula pancreática alfa quanto a beta, reduzindo a produção glicêmica ao mesmo tempo em que
aumenta a secreção de insulina. O efeito do aumento dos níveis de GLP-1 sobre o retardo do
esvaziamento gástrico não é observado no tratamento com estes inibidores da DPP-4.
A terapia não foi associada ao ganho de peso ou maior incidência de efeitos colaterais, incluindo
hipoglicemia e edema.
Vildagliptina (Galvus®), um membro da classe dos ativadores das ilhotas pancreáticas, é um
inibidor potente e seletivo da dipeptidil-peptidade-4 (DPP-4) que melhora o controle glicêmico. A
administração de vildagliptina resulta em uma rápida e completa inibição da atividade da DPP-4. Em
pacientes com diabetes mellitus tipo 2, a sua administração leva à inibição da atividade enzimática da
DPP-4 por um período de 24 horas.
O tratamento com 50 a 100 mg diários em pacientes com diabetes mellitus tipo 2 melhorou
significantemente os parâmetros de avaliação da função das células beta. O nível de melhora da função
da célula beta é dependente do grau inicial de sua insuficiência; em indivíduos não diabéticos
(glicemia normal), a vildagliptina não estimula a secreção de insulina ou reduz os níveis de glicose.
A redução da hipersecreção inapropriada de glucagon que ocorre durante as refeições atenua a
resistência insulínica. O aumento da relação insulina/glucagon no indivíduo hiperglicêmico, devido ao
aumento nos níveis das incretinas, resulta na diminuição da produção hepática de glicose no jejum e
pós-prandial, levando à redução da glicemia.
A vildagliptina melhora o controle glicêmico quando administrada em monoterapia ou em
combinação com metformina, sulfoniluréia ou glitazonas.
Em estudos clínicos, a magnitude das reduções da HbA1C com vildagliptina foi maior em
pacientes com HbA1C iniciais mais elevadas. Em um estudo de 52 semanas, a vildagliptina (100

29
mg/dia) reduziu os níveis de HbA1C em -1% comparado a -1,4% para a metformina (titulada a
2g/dia). Pacientes tratados com vildagliptina relataram significantemente menor incidência de reações
adversas gastrintestinais versus aqueles tratados com metformina. Em outro estudo de 24 semanas, a
vildagliptina (100 mg/dia) foi comparada à rosiglitazona (8 mg, uma vez ao dia). As reduções médias
foram de -1,1% com vildagliptina e - 1,3% com rosiglitazona em pacientes com HbA1C inicial média
de 8,7%. Pacientes recebendo rosiglitazona apresentaram um aumento médio de peso (+ 1,6 kg),
enquanto aqueles recebendo vildagliptina não apresentaram ganho de peso (-0,3kg).
Sitagliptina (Januvia®) tem ação semelhante. A dose recomendada de Sitagliptina é de 100 mg
em dose única diária como monoterapia ou em terapia combinada.
Saxagliptina (Onglyza®) pode ser ingerido uma vez ao dia, independente das refeições, e está
disponível nas apresentações de 2,5mg e de 5,0mg.
Alogliptina (Syr-322®) ainda está em processo regulatório.
Agonistas dos receptores do GLP-1
Em contraste com os inibidores da DPP-4, os agonistas do receptor do GLP-1 agem como
incretinomiméticos, porém mais resistentes a degradação em relação ao hormônio endógeno.
Estudos evidenciam que os agonistas sintéticos do receptor do GLP-1 além de propiciarem a
homeostase glicêmica, atuam na preservação da célula β (aumento da massa dessas células, estímulo
da proliferação e neogênese das mesmas e inibição de sua apoptose), na perda de peso e na proteção
cardiovascular.
Estes agonistas levam a diminuição do esvaziamento gástrico o que pode contribuir para a perda
de peso e para o melhor controle da glicemia pós prandial. Esta ação, no entanto, pode contribuir para
evento adverso tal como a náusea.
Outra ação desta medicação é a perda de peso às custas principalmente da perda da massa gorda.
Redução da circunferência abdominal, da pressão arterial sistólica e diastólica e da freqüência tanto da
síndrome metabólica como do pré-diabetes acompanham a redução do peso corporal.
Efeitos favoráveis cardiovasculares são observados pela evidência da redução da proteína C
reativa, peptídeo natriurético atrial e inibidor do ativador do plasminogênio tipo 1, por exemplo.
Exenatide (Byetta®). O exenatide, isolado das secreções salivares do lagarto Suspectum
heloderma (Monstro Gila), tem uma sobreposição de 53% na seqüência de aminoácidos com o GLP-1
de mamíferos.
No diabetes mellitus tipo 2, o exenatide reduz a secreção de glucagon no jejum e pós prandial. Isso
resulta em melhor relação insulina/glucagon portal, contribuindo para a redução da produção hepática
de glicose. Este aspecto do exenatide o diferencia das sulfoniluréias e metiglinidas.
O exenatide deve ser administrado via subcutânea, em doses de 5 a 10 µg, duas vezes ao dia.
Os efeitos adversos mais freqüentes são náuseas (que se reduzem após algumas semanas), vômito,
diarréia e cefaléia. Não houve nenhuma evidência de toxicidade cardiovascular, pulmonar, hepática ou
renal, durante o tratamento com exenatide.
Por sua limitação pela aplicação subcutânea duas vezes ao dia, foi desenvolvido o exenatide-LAR
cuja aplicação é semanal. Esta apresentação além de demonstrar eficiência, apresenta menor
incidência de efeito colateral nos estudos em andamento.
Liraglutida (Victoza®) já foi aprovada no Japão, Europa e Estados Unidos. Foi sintetizada por
modificação química do GLP-1 e tem 97% de homologia à seqüência humana.
Aplicação única diária. Maior redução da glicemia pós prandial e da hemoglobina glicada em
comparação com exenatide.
Albiglutide e taspoglutide ainda estão em desenvolvimento.
Conclusão
O controle glicêmico adequado é o grande objetivo do tratamento do diabetes mellitus. Com o
advento de novos agentes farmacológicos, terapia baseada em incretinas, o alcance das metas
glicêmicas com mínimo efeito colateral associado já é uma realidade.
A glicemia controlada reduz ou retarda o desenvolvimento das complicações. Permite, assim, uma
maior longevidade e qualidade de vida para os pacientes diabéticos.

30
- ASSISTÊNCIA ODONTOLÓGICA AO PACIENTE DIABÉTICO
Prof. Dr. Maria do Carmo Machado Guimarães
Departamento de Odontologia, Faculdade de Ciências da Saúde, UnB

As manifestações bucais do diabetes melllitus foram primeiramente descritas há mais de cem


anos. A idade do paciente e a data do início da doença, bem como o grau de controle metabólico
podem exercer maior influência sobre as complicações sistêmicas e bucais do que o tipo de diabetes.
Xerostomia, incluindo ou não ardência lingual e bucal, aumento da glândula parótida, maior
suscetibilidade ao desenvolvimento de lesões da mucosa bucal e infecções oportunistas como
candidose são manifestações bucais importantes observadas nos pacientes diabéticos. Naqueles com
pobre controle glicêmico, a saliva e fluido sulcular apresentam quantidades aumentadas de glicose
com resultante influência sobre o acúmulo do biofilme bacteriano e consequente desenvolvimento de
cárie e doença periodontal. Há fortes evidências de que a incidência e a severidade da periodontite são
influenciadas pela presença e controle do diabetes. LÖE (1996) relatou que a doença periodontal
representa a sexta complicação mais comum do diabetes mellitus. Por outro lado, há estudos que
indicam que a existência de periodontite severa generalizada pode adversamente influenciar o controle
glicêmico. Apropriada avaliação odontológica do paciente diabético requer o conhecimento da
patogenia, sintomas, complicações e manifestações bucais da doença. Da mesma forma, o cirurgião
dentista deve conhecer e compreender o significado dos principais exames laboratoriais.
O atendimento odontológico ao paciente incluirá minuciosa anamnese com informações sobre a
história médica do paciente e exame bucal completo. As condições sistêmicas e o grau de controle
metabólico do paciente determinarão os cuidados a serem observados na terapia odontológica. De
acordo com o grau de controle da doença, o tratamento odontológico poderá ou não requerer cuidados
específicos com o paciente, especialmente nos quadros de emergência odontológica.

- NOVAS TENDÊNCIAS NA DIETOTERAPIA PARA PORTADORES DE DIABETES TIPO2


Marina Kiyomi Ito,
Departamento de Nutrição, Faculdade de Ciências da Saúde, UnB

O plano alimentar para pessoas portadoras de diabetes tipo 2 objetiva o atendimento das
necessidades nutricionais individualizadas dos pacientes e o controle metabólico que auxilie no retardo
do aparecimento das complicações crônicas da glicemia não controlada. Na prescrição da dieta leva-se
em consideração inúmeros aspectos relacionados ao paciente, tais como o seu estado fisiológico, o
estado nutricional – geralmente de excesso de peso, as comorbidades associadas, os medicamentos em
uso, as metas de controle definidas entre o paciente e a equipe que o assiste, entre outros. Do ponto de
vista energético da dieta e da distribuição dos macronutrientes, ou seja, dos carboidratos, proteínas e
lipídios, estes têm sofrido mudanças ao longo das décadas.
A adoção de propostas alimentares baseadas em evidências científicas tem contribuído para a
atualização da assistência nesta área do conhecimento. Esta apresentação tem como foco discutir os
resultados de estudos recentes que sugerem a dieta do tipo mediterrânea como uma alternativa às
dietas hipolipídicas, para a perda de peso e de controle metabólico. As dietas com características
mediterrâneas são baseadas em teor relativamente maior de lipídios e menor de carboidratos, com
ênfase nos ácidos graxos monoinsaturados e poliinsaturados do tipo omega-3. A dieta enfatiza também
o uso de alimentos como nozes, hortaliças e grãos integrais. Estudos de intervenção, randomizados e
controlados, têm mostrado que dietas com esta característica podem propiciar melhor controle
metabólico em pacientes diabéticos.
1) Shai I, et al. Weight loss with a low-carbohydrate, mediterranean, or low-fat diet. NEJM, 2008,
359:229-241.
2) Sacks FM, et al. Comparison of weight-loss diets with different compositions of fat, protein, and
carbohydrate. NEJM, 2009, 360:859-873.
3) Accurso A, et al. Dietary carbohydrate restriction in type 2 diabetes mellitus anda metabolic
syndrome: time for a critical appraisal. Nutr Metabol, 2008. Doi: 10.1186/1743-7075-5-9.
4) Esposito K, et al. Effects of a mediterranean-stye diet on the need for antihyperglycemic drug
therapy in patients with newly diagnosed type 2 diabetes. Ann Int Med 2009, 151:306-315.

31
5) Fung TT, et al. Low-carbohydrate diets and all-cause and cause-specific mortality. Ann Intern
Med 2010, 153:289-298.

MESA REDONDA: ATIVIDADE FÍSICA, NUTRIÇÃO E SAÚDE: AS EVIDÊNCIAS


JUSTIFICAM UMA FORÇA TAREFA DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE?

- PROBLEMAS METODOLÓGICOS NOS ESTUDOS DAS RELAÇÕES ENTRE


ATIVIDADE FÍSICA, NUTRIÇÃO E SAÚDE.
Pedro Luiz Tauil
Programa de Pós-graduação em Medicina Tropical da Universidade de Brasília

Quando se realiza um estudo epidemiológico, isto é, quando o sujeito da pesquisa é uma


população ou um grupo de pessoas, dois tipos de erro devem ser evitados: os erros aleatórios e os erros
sistemáticos. Os primeiros afetam a precisão dos resultados e estão ligados ao tamanho da amostra e à
variabilidade das medidas utilizadas: incidência, prevalência, média, risco relativo, razão de odds,
entre outras. Esses erros podem ser diminuídos ou avaliados por meio de instrumentos estatísticos,
como os testes de hipótese e os intervalos de confiança. Os erros sistemáticos afetam a validade
interna dos estudos e estão relacionados aos vieses de seleção, aferição e de confundimento. Esses
vieses podem ser evitados ou reduzidos com amostras probabilísticas, mascaramento do estudo,
estratificação e análise multivariada.
Nos estudos das relações entre atividade física, nutrição e saúde, torna-se muito importante a
caracterização adequada das variáveis, tanto preditoras (de atividade física e de nutrição) quanto às de
desfecho (condições de saúde). A definição de conceitos de alimentação saudável, em quantidade e
qualidade, de atividade física quanto ao tipo, freqüência e duração e os conceitos de saúde, como
tempo e qualidade de vida, incidência de doenças, precisam ser bem explicitadas no método de estudo,
o que nem sempre acontece. Por outro lado, a variável de desfecho é resultado de múltiplos fatores que
atuam em conjunto, não podendo ser dissociados e até mesmo hierarquizados. Além disso, outros
fatores, não diretamente vinculados à nutrição e à atividade física influem no nível de saúde dos
indivíduos, como o estilo de vida, hábitos e comportamentos.
Estes fatos mostram a complexidade da demonstração da influência de fatores isolados nas
condições de saúde.
O que é saúde? Existem vários conceitos, uns mais outros menos subjetivos. O famoso conceito da
Organização Mundial de Saúde como “o completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a
ausência de doença”,é muito subjetivo na medida em que o sentimento de bem-estar difere de um para
outro indivíduo. Outros conceitos mais objetivos como capacidade de realizar atividades de trabalho e
lazer, porém não contemplam toda a dimensão da saúde. Por outro lado, saúde não é uma variável
dicotômica, como ter ou não ter. Mais existe uma graduação de níveis de saúde. Se é difícil conceituar
saúde, mais difícil ainda é medir saúde. Geralmente os indicadores dessa mensuração são os negativos,
como os de mortalidade geral e específica para alguns agravos, e os de morbidade, como incidência de
doenças, e absenteísmo ao trabalho. Alguns positivos são esperança de vida e grau de autonomia.
Associam-se a essas dificuldades metodológicas, a duração dos estudos, pois as variáveis
nutricionais e de atividade física levam algum tempo para manifestar seus efeitos na saúde dos
indivíduos. Os estudos de longa duração trazem problemas práticos de abandono de sujeitos da
pesquisa que, dependendo da sua dimensão e características, podem enviesar os resultados.
Para identificar fatores nutricionais e de atividade física que influenciam positiva e negativamente
na saúde dos indivíduos, vários tipos de estudo epidemiológicos podem ser delineados. Classificam-se
como estudos etiológicos ou de fatores de risco ou de proteção. Os estudos analíticos experimentais e
os observacionais de coorte, do tipo caso-controle e transversais são os indicados para identificar
procedimentos que se associam á melhoria ou piora das condições de saúde. Porém, nem sempre, por
problemas éticos ou operacionais, os estudos experimentais podem ser os escolhidos. Por esta razão,
os estudos observacionais são os mais freqüentes. Consistem na observação sistematizada da presença
ou ausência de exposição a determinados fatores potencialmente benéficos ou maléficos à saúde dos
indivíduos.

32
O conhecido estudo de coorte de base populacional de doenças cardíacas de Framingham,
Massachussets, USA, é um exemplo de identificação de fatores de risco e protetores para incidência de
doenças do coração. Em várias publicações, incluem, entre outros, estudo de fatores nutricionais
específicos e atividade física associados a doenças cardíacas.
Tanto em relação à leitura crítica de artigos científicos, quanto à execução de projetos de pesquisa
para relacionar aspectos nutricionais e atividade física com a saúde dos indivíduos, o tipo de estudo, a
caracterização explícita das variáveis estudadas e os cuidados para prevenir erros aleatórios e
sistemáticos são fundamentais para credibilidade dos resultados e sua adoção pelos serviços de saúde.

- ACONSELHAMENTO EM ATIVIDADE FÍSICA, NUTRIÇÃO E SAÚDE – UMA VISÃO


MULTIDISCIPLINAR
Luiz Guilherme Grossi Porto
Professor de Educação Física, M.Sc, Ph.D. Professor colaborador do Laboratório Cardiovascular da
Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília. Professor do Centro Universitário de Brasília -
UniCEUB

O volume e a qualidade das evidências científicas atualmente disponíveis sobre as associações


positivas entre a prática regular de atividades físicas e alimentação saudável com diferentes
indicadores de saúde nos possibilitam afirmar que todo profissional de saúde deve abordar essas
questões em sua intervenção profissional, especialmente ao nível da atenção primária. Um bom
exemplo deste contexto é a conclusão de estudo que avaliou a relação entre a capacidade física medida
no teste de esforço com a mortalidade geral. Em razão da forte relação observada entre as categorias
de maior capacidade física e uma maior longevidade, tanto em indivíduos sem doença cardiovascular
quanto naqueles com teste de esforço positivo para isquemia miocárdica, os autores concluíram
sugerindo que, em termos de redução da mortalidade por qualquer causa, aumentar a tolerância ao
exercício requer ao menos a mesma atenção que aquela atribuída aos outros principais fatores de risco,
pelo médico que trata pacientes de alto risco ou com doença cardiovascular (Myers et al, 2002).
Recentemente, constata-se que a relação entre atividade física e saúde é tema permanente e sempre
atual na mídia leiga e científica. A despeito da ampla divulgação do assunto, a abordagem em equipe
multidisciplinar, visando a promoção da saúde com base na prática da atividade física e da
alimentação saudável, ainda é desafio em nosso país. Simultaneamente, algumas evidências científicas
mais recentes têm mostrado que a adequada orientação multiprofissional pode favorecer a adoção de
estilo de vida mais saudável por parte dos pacientes. Em estudo desenvolvido com clínicos gerais na
Nova Zelândia, com intervenção baseada no aconselhamento médico durante a consulta, observou-se
aumento no gasto energético total, no percentual de indivíduos que passaram a atingir a meta mínima
de atividade física recomendada para a saúde e no aumento nos escores de alguns domínios da
qualidade de vida, no grupo experimental comparativamente a grupo controle que seguiu a rotina
habitual de atendimento (Elley, 2003).
O aconselhamento profissional em atividade física e alimentação saudável, entendido como
método sistematizado de orientação ao paciente, adquire especial relevância nos dias atuais, em que
existe verdadeira epidemia de obesidade e de sedentarismo no mundo. É importante considerar
também o fato de que os índices de nível insuficiente de atividade física, de indivíduos que consomem
dietas desbalanceadas, de obesidade e de outras condições clínicas associadas ao estilo de vida
continuam, em muitos casos, a crescer ou estão estabilizados, mesmo frente à enorme difusão da
informação. Consta-se, desta forma, que a informação por si só não muda comportamento. Na questão
do combate ao sedentarismo, há que se admitir também a falha, ainda que parcial, de métodos
tradicionalmente empregados, baseados em programas formais e supervisionados de exercícios.
Apesar de eficientes em muitos casos, tendem a ser de curta duração e limitados no quantitativo de
pessoas assistidas. Nesse sentido, novas estratégias são necessárias para enfrentar antigos, novos e
crescentes problemas de saúde pública associados à falta de atividade física e à má alimentação em
larga escala. A ênfase na educação em saúde e na inclusão desses temas como prioridade do
atendimento primário e multiprofissional pode ser uma alternativa.
Estudos apontam que a assistência em saúde atual ainda não aborda esses temas na proporção em
que as evidências científicas sugerem. Bobiak e colaboradores (2009) identificaram que, apesar da

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obesidade já ser um problema concreto em jovens, apenas 30% dos clínicos abordavam os temas de
atividade física e nutrição no atendimento clínico entre adolescentes. Por outro lado, sabe-se que no
contexto do atendimento clínico, especialmente na área pública, em razão do excesso de demanda, é
fundamental pensar em alternativas de intervenção, pois no atendimento primário é difícil os
profissionais terem tempo para o aconselhamento necessário. Apenas como exemplo, vale citar que
estudo recente avaliou a eficácia de aconselhamento por telefone. Houve resultados positivos alguns
desfechos importantes em pacientes diabéticos e hipertensos, como o aumento no tempo de atividade
física semanal, a redução da ingestão de gorduras totais e de gordura saturada, o aumento no consumo
de vegetais, frutas e fibras. (Eakin, 2009). Esses dados sugerem a importância do suporte social para a
mudança do estilo de vida.
Nesse contexto, serão abordadas nesta palestra algumas evidências científicas da efetividade do
aconselhamento em atividade física, alimentação e saúde, além de algumas limitações metodológicas e
operacionais para esse tipo de intervenção. Serão ainda apresentadas algumas orientações quanto a
procedimentos a serem adotados em intervenções de aconselhamento ou para a inclusão do
aconselhamento na prática clínicas dos diferentes profissionais de saúde.
Bobiak S; Flocke S; Stange K. Physical Activity and Diet Counseling Advice to Teens During a
Clinician Encounter. J Adolescent Health 2009: 44(2) Supp, S17-S18
Eakin E; Reeves M; Lawler S; Graves N; Oldenburg B; Del Mar C; Wilke CK; Winkler E; Barnett A.
Telephone Counseling for Physical Activity and Diet in Primary Care Patients. Am J Prev Med
2009;36(2):142–149
Elley CR, Kerse N, Arroll B. Effectiveness of counseling patients on physical activity in general
practice: cluster randomized controlled trial. Br Med J 2003;326:1-6.
Myers J, Prakash M, Froelicher V, Do D, Partington S, Atwood JE. Exercise capacity and mortality
among men referred for exercise testing. N Engl J Med 2002;346:793-801

-AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA E INDICADORES DE EXCESSO DE TREINAMENTO


Guilherme Molina
Laboratório Cardiovascular da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília.

A aptidão física apresenta duas dimensões: uma relacionada ao desempenho esportivo e outra à
saúde. Consoante com o aumento da expectativa de vida tem havido maior interesse sobre a última em
relação ao desempenho esportivo, motivado pelo reconhecimento crescente do papel do exercício
físico regular na promoção e manutenção da saúde. Neste sentido, diversos estudos epidemiológicos
evidenciam menor morbimortalidade por doenças crônicas degenerativas em indivíduos fisicamente
ativos. Neste contexto, a Organização Mundial de Saúde define saúde como: “estado de completo
bem-estar físico, mental e social, e não somente a ausência de enfermidade ou invalidez”. Desta
forma, a relação entre saúde e bem estar físico não está pautada apenas na avaliação de doenças mais
também na capacidade de realizar atividade de trabalho físico.
Diversos estudos demonstram por meio de índices fisiológicos a relação negativa entre baixa
capacidade cardiorrespiratória e mortalidade geral. Por outro lado, níveis de capacidade
cardiorrespiratória compatíveis com a normalidade e/ou acima dos níveis de normalidade mesmo
associados a fatores de risco à saúde ou doença pré-existente demonstram menor morbimortalidade
comparativamente aos que apresentam o mesmo quadro clínico mais com baixa capacidade
cardiorrespiratória. Desta forma, a quantificação dos componentes da aptidão física relacionados à
saúde, aptidão cardiorrespiratória, aptidão neuromuscular e composição corporal por meio de testes e
medidas, torna-se importante estratégia para o diagnóstico e prognóstico da aptidão física individual.
Dentre os diversos métodos de avaliação da aptidão física o teste cardiopulmonar é um exame de
grande aplicação em diversas populações. Este possibilita determinar através de variáveis
respiratórias, metabólicas e cardiovasculares por meio da hematose externa durante o esforço físico a
expressão dos índices de avaliação funcional no qual são utilizados na prática para diagnóstico e
prognóstico da saúde, bem como a determinação da “dose” ou intensidade da carga de trabalho ideal
para a prescrição do exercício físico.

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Entretanto, persistem dúvidas quanto à relação dose resposta mais apropriada do exercício físico
em termos de saúde. Neste contexto, a falta de orientação quanto à intensidade e volume de exercício
além do excesso de exercício físico pode ser prejudicial à saúde.
Em geral, a redução da capacidade funcional associada ao excesso de exercício físico é conhecida
como síndrome do overtraining no qual ocorre devido a um desequilíbrio entre estresse e recuperação,
ou seja, é desencadeado por uma carga excessiva de estresse físico combinada com insuficiente
regeneração. O défict homeostático decorrente da baixa regeneração desencadeia redução da
capacidade funcional individual. A redução da funcionalidade pode ser quantificada através do teste
cardiopulmonar com a redução de índices fisiológicos como: consumo de oxigênio obtido nos limiares
ventilatórios e pico do esforço além do pulso de oxigênio.
Atualmente, as análises da função autonômica cardíaca, por meio da variabilidade da frequência
cardíaca, vêem sendo cogitada como possível ferramenta para determinação do overtraining. O
excesso de esforço físico, sabidamente, altera o balanço autonômico em grande parte reduzindo a
variabilidade da frequência cardíaca.
Desta forma, os estudos vêem classificando a síndrome do overtraining em dois tipos. O tipo
parassimpático, que é caracterizado pela predominância do tônus vagal ou por insuficiência adrenal, e
a do tipo simpático, que mimetiza um estado hiperadrenérgico ou hiperfunção da tireóide. Os sintomas
principais da síndrome do overtraining são cansaço e excitação (forma simpática) ou inibição e
depressão (forma parassimpática). Em ambas as formas ocorrem diminuição da aptidão física.
Por fim, o diagnóstico do overtraining é de difícil execução, mas alguns fatores não podem deixar
de ser observados como: queda da aptidão física e desequilíbrio psicológico, além destes podemos
citar que os mediadores bioquímicos ou fisiológicos podem não ajudar no diagnóstico final do
overtraining, mas são fundamentais para o controle do treinamento. É extremamente importante
salientar que esta síndrome é de origem multifatorial e, portanto, deveria ser prevenida e tratada
baseados num modelo multidisciplinar que envolve profissionais de educação física, nutricionistas,
psicólogos do esporte, fisioterapeutas, médicos e outros.

- ASPECTOS NUTRICIONAIS DE IMPORTÂNCIA CLÍNICA PARA A PRÁTICA DE


EXERCÍCIOS FÍSICOS
Caroline Olimpio Romeiro de Meneses
Nutricionista Clínica e Esportiva, Iate Clube de Brasília, DF

A prática de exercício físico requer um aporte nutricional adequado, tanto relacionado ao


fornecimento de macronutrientes quanto de micronutrientes, sendo que esses últimos apresentam um
papel fundamental no equilíbrio corporal, e quando relacionado à pratica de exercícios contribuem
para redução do estresse oxidativo aumentado pelo próprio exercício, principalmente o de alta
intensidade (CLARKSON & THOMPSON, 2000; GOLDFARB,1999) .
A avaliação nutricional deve acontecer para que se façam orientações seguras quanto ao tipo de
dieta a seguir de acordo com a atividade física pretendida. Essa conduta passa pela avaliação do estado
nutricional, do gasto energético diário, do consumo de alimentos e do objetivo pretendido.
A avaliação do estado nutricional dos indivíduos é sem dúvida, o aspecto nutricional inicial a ser
avaliado em qualquer situação. O aporte nutricional dependerá desse fator inicial, pois de acordo com
o estado nutricional pode-se avaliar inicialmente se é necessário alteração de peso corporal ou ainda de
composição corporal, caso o indivíduo apresente excesso de peso ou baixo peso.
O Gasto energético total (GET) deve ser avaliado para que se saiba o quanto o indivíduo gasta no
repouso (Taxa metabólica basal – TMB), ou ainda o quanto se gasta com atividades rotineiras de baixa
intensidade e por fim, o quanto o exercício praticado gera de gasto de energia extra. O Gasto
energético diário é algo muito particular e difere de indivíduo para indivíduo e de atividade para
atividade. É notório que a proporção que o indivíduo envelhece, tende a gastar cada vez menos
energia, mas isto depende de vários fatores como: nível de atividade física diária do indivíduo, massa
corporal, altura e idade.
Ao se realizar a avaliação do consumo energético diário conseguimos estimar qual a real
necessidade do indivíduo em relação ao exercício, pois a conduta deve ser baseada no gasto e
consumo de energia. Sabe-se que o consumo alimentar sofre influencia de inúmeros fatores na escolha

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qualitativa e quantitativa dos alimentos a serem ingeridos. Isto significa que os hábitos alimentares
constituem o resultado das experiências apreendidas ao longo da vida; portanto, é possível, com algum
esforço e técnicas eficazes de educação, reformular esses mesmos hábitos alimentares, no sentido de
corrigir possíveis distúrbios nutricionais (ROGERS, 1998).
A anamnese alimentar criteriosa permite que se estabeleçam as estratégias para introdução das
eventuais modificações dietéticas necessárias. Atletas ou simplesmente indivíduos praticantes de
exercício físico não devem ser privados dos alimentos preferidos ou iniciar uma dieta incompatível
com sua realidade (CARVALHO et al, 2003).
Quando se deseja a modificação da composição corporal à custa de redução de massa gorda, em
geral, se propõe a redução da ingestão calórica com a escolha de alimentos de baixa densidade
energética. Entretanto em atletas (profissionais ou amadores), a redução de 10 a 20% na ingestão
calórica total já promove alteração na composição corporal, não induzindo à fome e fadiga, como
ocorre em dietas de valor energético muito baixo (CARVALHO et al, 2003).
O efeito ergogênico da ingestão de carboidratos durante o exercício já foi consistentemente
demonstrado, assim como já foi constatado que o exercício prolongado reduz acentuadamente o nível
de glicogênio muscular, exigindo constante preocupação com sua reposição, porém o que se observa
entre atletas, por exemplo, é um baixo consumo de carboidratos. A escolha dos alimentos fontes de
carboidrato, assim como a preparação da refeição que antecede o exercício, deve respeitar as
características gastrintestinais de cada indivíduo. Para otimizar a recuperação muscular recomenda-se
que o consumo de carboidratos esteja entre 5 e 8g/ Kg de peso /dia (CARVALHO et al, 2003).
O metabolismo de proteína durante e após o exercício é afetado por alguns fatores, como o sexo,
idade, intensidade, duração e tipo de exercício, além da ingestão energética e do aporte de carboidrato.
A recomendação de ingestão diária (RDA) é de 0,8g/Kg de peso/dia e sua distribuição na dieta deve
ser de 10 a 35% do total de calorias. Não há evidências de que o aumento no aporte protéico deve ser
feito, e, portanto, as Diretrizes de recomendação de ingestão dietética (DRIs) não especificam se existe
diferença na recomendação de indivíduos sedentários ou ativos (AMERICAN COLLEGE OF
SPORTS MEDICINE; AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION AND DIETITIANS OF CANADA,
2000), mas existem diretrizes nacionais que recomendam um aumento nesse fornecimento para atletas
de endurance, em que as proteínas tem um papel auxiliar no fornecimento de energia para a atividade,
calculando-se de 1,2 a 1,6 g/Kg de peso/dia. E para os atletas de força, aonde a proteína teria um papel
importante no fornecimento de “matéria-prima” para a síntese de tecido, de 1,4 a 1,8 g/Kg de peso/dia
(CARVALHO et al, 2003).
Um adulto necessita diariamente de cerca de 1g de gordura/Kg de peso corporal, o que equivale a
30% do VET. Atletas ou indivíduos ativos devem seguir essa mesma recomendação, pois além de
fornecimento de energia é também veículo de vitaminas lipossolúveis.
Os micronutrientes apresentam importante papel na produção de energia, síntese de hemoglobina,
manutenção da saúde óssea, função imunológica adequada, além da proteção do organismo contra os
danos oxidativos. São elementos fundamentais para a síntese e reparação do tecido muscular durante a
recuperação do exercício, ou ainda em caso de injúria. As vitaminas e minerais que apresentam grande
importância devido à pratica de exercícios são, o Cálcio e vitamina D, vitaminas do complexo B,
Ferro, Zinco, Magnésio, além de alguns antioxidantes como, vitamina C e E, b-carotenos e Selênio.
Indivíduos com elevado risco de deficiência dessas substâncias são aqueles que apresentam uma dieta
muito restritiva e/ ou pobre consumo de frutas e hortaliças, e com pequena variedade entre os grupos
alimentares (AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE; AMERICAN DIETETIC
ASSOCIATION AND DIETITIANS OF CANADA, 2000).
O estresse do exercício é acentuado pela desidratação, que aumenta a temperatura corporal,
prejudica as respostas fisiológicas e o desempenho físico, produzindo riscos à saúde. A hidratação
deve acontecer antes, durante e após o exercício, e para garantir que o indivíduo inicie o exercício bem
hidratado, recomenda-se a ingestão de 250 a 500ml de água duas horas antes do exercício. Durante o
exercício, recomenda-se iniciar a ingestão nos primeiros 15 minutos, e manter a hidratação a cada 15-
20 minutos. Após o exercício deve-se continuar ingerindo líquidos para compensar as perdas
adicionais de água pela urina e sudorese (CARVALHO et al, 2003).
CLARKSON, PM, THOMPSON, HS. Antioxidants: what role do they play in physical activity and
health? Am J Clin Nutr 2000; 72:637-47.

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GOLDFARB, AH. Nutritional antioxidants as therapeutic and preventive modalities in exercise- -
induced muscle damage. Can J Appl Physiol 1999; 24:249-66.
ROGERS, PJ. Eating habits and appetite control: A psychobiological perspective. Proc Nutr Soc 1998;
58(1):59-67.
CARVALHO, T et al. Diretriz da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte: modificações
dietéticas, reposição hídrica, suplementos alimentares e drogas: comprovação de ação ergogênica e
potenciais riscos para a saúde. Rev Bras Med Esporte 2003;9:43- 56.
AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE; AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION AND
DIETITIANS OF CANADA. Nutrition and Athletic Performance. Joint Position Statement. Med. Sci.
Sports Exerc., v. 32, n. 12, p. 2130-2145, 2000.

MESA REDONDA: PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA NAS DOENÇAS CRÔNICO-


DEGENERATIVAS

- QUALIDADE DE VIDA: DEFINIÇÃO E MÉTODOS DE AVALIAÇÃO


Maritza Luz Barbosa
Serviço de Diálise, Hospital Universitário de Brasília, UnB

1. Definições e teorias – Exposição da evolução da definição do processo saúde/doença ao longo do


tempo;
1.1. Modelo primitivo;
1.2. Modelo grego;
1.3. Modelo cartesiano;
1.4. Modelo humanista;
2. Definição atual sobre saúde e suas implicações na psicologia;
3. O que então é considerado hoje qualidade de vida;
4. Últimas publicações sobre qualidade de vida com pacientes renais crônicos;
4.1. “Espiritualidade no paciente em diálise”;
4.2. “Predictors of quality of life among patients on dialysis in southern Brazil”
4.3. “Mudança do nível de qualidade de vida em portadores de insuficiência renal crônica terminal
durante o seguimento de 12 meses”
4.4. “Qualidade de vida: comparação entre diálise peritoneal automatizada e hemodiálise”
4.5. “Qualidade de vida de pacientes em hemodiálise em um hospital público de Belém - Pará”
4.6. “Comparações de medidas de qualidade de vida entre mulheres e homens em hemodiálise”
5. Testes validados para avaliar qualidade de vida em pacientes renais crônicos;
5.1. SF 36;
5.2. KDQOL;
5.3. Escala Beck;
6. Bibliografia

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MESA REDONDA: ATENÇÃO MULTIDISCIPLINAR AO PACIENTE DO TRANSPLANTE

- AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA DO DOADOR E RECEPTOR


Marina Kohlsdorf
Centro de Transplantes, Hospital Universitário de Brasília,UnB

O transplante apresenta-se atualmente como uma alternativa importante para pacientes que
perderam funções relevantes ou necessitam do funcionamento eficiente de determinado órgão. O
Centro de Transplantes do Hospital Universitário de Brasília – HUB/UnB realiza, atualmente,
transplantes renais e de córnea, situações que exigem a atuação multidisciplinar na atenção à saúde.
Este trabalho apresenta a atuação da Psicologia junto ao processo de avaliação e preparação de
doadores e receptores em situação de transplante renal, estabelecida no Centro de Transplantes do
Hospital Universitário de Brasília desde 2008.
De modo especial, o transplante renal demanda uma ação importante do psicólogo neste contexto,
considerando que este procedimento proporciona ao paciente a retomada de atividades sociais,
profissionais e pessoais geralmente prejudicadas após diagnóstico da insuficiência renal crônica.
Entretanto, as exigências de cuidados após cirurgia, o processo de preparação dos pacientes para
transplante e as questões éticas implicadas neste procedimento promovem um contexto potencialmente
aversivo, que deve ser investigado e avaliado pelo psicólogo. O transplante renal intervivos pode ser
caracterizado por dúvidas, dificuldades e expectativas, tanto para candidatos a receptor quanto
candidatos a doador. Torna-se necessário então que a avaliação psicológica de pacientes em
preparação para transplante renal seja baseada no modelo biopsicossocial de atenção à saúde, a partir
de protocolos que incluam as dimensões fisiológicas, afetivo-emocionais e psicossociais tanto de
potenciais doadores quanto de potenciais receptores. Elementos de ordem biológica, fatores afetivos e
emocionais e aspectos de ordem social são destacados como essenciais em uma avaliação psicológica,
pois têm influência direta na vivência, decisão, preparação e adaptação pós-cirúrgica a um transplante
renal.
Um aspecto essencial a ser avaliado sob ponto de vista psicossocial refere-se às motivações para
doação. Considerando os fatores ético-legais inerentes ao procedimento de transplantes renais
intervivos, torna-se imprescindível garantir a autonomia do doador sobre sua escolha. A avaliação
psicológica de candidatos a transplante renal tem como principal objetivo indicar possíveis contra-
indicações ao transplante ou quaisquer elementos que possam suspender o procedimento,
relacionados, por exemplo, à dinâmica afetiva disfuncional entre pacientes ou ainda à presença de
coerção sobre a decisão do doador. Além disso, questões relacionadas à adesão ao tratamento após
cirurgia e estratégias de enfrentamento frente à ansiedade devem ser acompanhadas ao longo da
preparação ao transplante.
Desta forma, um protocolo de avaliação e acompanhamento psicológico deve atender aos
seguintes elementos básicos: história de adoecimento e diagnóstico, história de diálise, adesão e
adaptação ao tratamento, dúvidas e compreensão sobre procedimento cirúrgico e autocuidados após
transplante, dúvidas sobre prejuízos à saúde em função do transplante e qualidade da comunicação
com a equipe de atendimento. Ainda nesta esfera, são incluídos fatores relacionados ao uso atual ou
anterior de substâncias psicoativas (álcool e drogas), história de transtornos psicopatológicos ou abuso
de substância nos candidatos e familiares, discussão de riscos e benefícios advindos do transplante,
história sobre a decisão de doação, autonomia, motivação do doador, coerções sociais ou ganhos
secundários à doação.
Outros aspectos essenciais incluem: discussão de custos e benefícios do transplante para o doador
e o receptor, expectativas, ansiedade, receio sobre a cirurgia e seqüelas do transplante a longo prazo,
formas de enfrentamento frente à ansiedade, história familiar, eventos importantes e dinâmica afetiva
entre receptor e doador e funcionamento conjugal dos candidatos ao transplante. Por fim, fatores
sociais imprescindíveis na avaliação psicológica incluem qualidade e satisfação com o suporte sócio-
familiar (emocional e operacional), abordagem a dúvidas e expectativas da família, composição
sociodemográfica, valores sócio-culturais, práticas espiritualistas ou religiosas dos candidatos ao
transplante, planejamento de atividades cotidianas e profissionais no período pós-cirúrgico e potencial
impacto financeiro do transplante renal.

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- CUIDADOS PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO DO TRANSPLANTADO RENAL
Maria Goreth Cutrim
Serviço de Enfermagem, Hospital Universitário de Brasília, UnB

Introdução
Sabe-se que o momento que antecede uma cirurgia é carregado de diversos sentimentos como
ansiedade, medo, entre outros. Dessa forma, faz-se necessário oferecer apoio emocional, preparo físico
e orientações educativas. É imprescindível esta orientação até porque sua percepção está, muitas
vezes, exarcebada tentando captar algo que possa estar interferindo ou que venha a interferir na sua
operação. Para fornecer subsídio para pesquisas na área de enfermagem, esta orientação possibilita a
adaptação do cliente à sua condição de saúde, minimizando suas ansiedades, expectativas, medo e até,
dúvidas frente ao desconhecido, da cirurgia, da anestesia, de erros até mesmo da morte, ajudando-o a
compreender o processo de internação.
A demanda de atividades burocráticas e administrativas em um centro cirúrgico é intensa,
solicitando do enfermeiro tempo expressivo, daí a necessidade da interação com profissional
enfermeiro do Centro de Transplantes, uma vez que seu primeiro contato é com este. Concorda–se
com esse posicionamento, pois o paciente cirúrgico vivencia o estresse de tal forma, que muitas vezes
não consegue exteriorizar seus medos, ansiedades, preocupações e incertezas, daí a importância da
atuação do enfermeiro no sentido de perceber, inclusive na comunicação não verbal do paciente, essas
manifestações presentes no período que antecede a cirurgia.
De acordo com PENICHE (2000, p. 45), quando a adaptação do organismo for um sucesso, e os
estímulos agressores desaparecerem, o organismo volta ao nível basal de funcionamento. Mas, quando
esse estado se prolonga, surge a fase de resistência cujas alterações hormonais têm o objetivo de
aumentar a capacidade adaptativa do organismo.
Com base no estudo desenvolvido por PENICHE (2000), entende-se que o fator relacionado do
diagnóstico de enfermagem de ansiedade se caracterizou pela necessidade do procedimento cirúrgico.
Assim, o paciente cirúrgico enfrenta uma situação desconfortável pela proximidade da cirurgia, muitas
vezes não tem conhecimento suficiente sobre o preparo, as rotinas, os cuidados pós-operatórios,
gerando incertezas.
Vários autores afirmam que a visita pré-operatória de Enfermagem tem como algumas de suas
principais finalidades: reduzir o nível de ansiedade do paciente, colaborar na recuperação da saúde e
prestar assistência qualificada ao paciente que se submeterá a tratamento cirúrgico; e deve oferecer
informações que contemplem o detalhamento das ações de Enfermagem desenvolvidas no pré, trans e
pós-operatório (período perioperatório), sendo transmitida de forma individual ou em grupo, numa
linguagem clara e objetiva, compatível com o nível de escolaridade e compreensão do paciente.
No estudo de DELLOIAGONO et al. (1990a), realizado em um hospital-escola, foi constatado como
sendo, na opinião dos enfermeiros participantes da amostra, da competência do enfermeiro da unidade
de internação, a atividade de informar destinada aos pacientes pré-cirúrgicos, além de considerado o
dia anterior à cirurgia como o melhor momento para esta informação.
O Paciente Cirúrgico
O cliente cirúrgico é a pessoa que irá ser submetida a uma intervenção cirúrgica seja ela eletiva ou
de urgência, para tratamento de uma enfermidade., ou seja, aquele cujo tratamento implica em ato
cirúrgico, obviamente este tipo de tratamento representa uma agressão orgânico-psíquica,muito
embora controlada. Em se tratando de tratamento sendo mais complexo em função da própria
agressividade do tratamento sendo definido por dois períodos. Segundo GOLDENBERG;
BEVILACQUA (1984), a cirurgia é o procedimento terapêutico para uma variedade de distúrbios
fisiopatológicos que implicam ameaças reais, tais como, risco de vida, perda de órgãos ou parte dos
mesmos, de lesões, prejuízos financeiros, postergação de projetos de vida, além do próprio
desconforto decorrente da internação (separação da família, sofrimento, dor, insegurança e outros).
Quando o paciente é informado, nota-se uma tranqüilidade e um bom relacionamento com o
profissional que o recebe, nota-se uma tranqüilidade e um bom relacionamento com o profissional que
o recebe, formando uma duplicidade com ele e tornando-o adepto ao tratamento. Para os enfermeiros,
a interação verbal fornece segurança para o paciente: Os resultados apontam que, quando paciente foi
adequadamente esclarecido sobre o procedimento cirúrgico a ser submetido, houve um aumento na
satisfação de ambas as partes (paciente/profissional).

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Observou-se que, para os pacientes, a satisfação está bastante relacionada com as informações
recebidas previamente ao ato cirúrgico.E nada melhor do que minimizar suas expectativas com
método áudio visual, onde as informações são percebidas pelos dois principais sentidos; audição e
visão.Os resultados apontam que, quando paciente é adequadamente esclarecido sobre o procedimento
cirúrgico a ser submetido, houve um aumento na satisfação de ambas as partes (paciente/profissional).
O medo é um sentimento destacado pelos pacientes, sendo que é relacionado, em alguns casos, ao
instrumental e à anestesia; em outros à possibilidade de sentir dor, com histórias ouvidas de terceiros,
e ainda, à própria situação ou à figura dos profissionais. O medo é um sentimento destacado pelos
pacientes, sendo que é relacionado, em alguns casos, ao instrumental e à anestesia; em outros à
possibilidade de sentir dor, com histórias ouvidas de terceiros, e ainda, à própria situação ou à figura
dos profissionais. No diagnóstico de enfermagem Risco para Lesão por Posicionamento
Perioperatório, os fatores relacionados foram: possíveis lesões devido ao posicionamento do paciente
durante o procedimento cirúrgico; a perda das medidas protetoras habituais secundárias à anestesia,
tempo cirúrgico superior a duas horas, além de lesões físicas presentes na pele do paciente. Segundo
GOLDENBERG; BEVILACQUA (1984), a cirurgia é o procedimento terapêutico para uma variedade
de distúrbios fisiopatológicos que implicam ameaças reais, tais como, risco de vida, perda de órgãos
ou parte dos mesmos, de lesões, prejuízos financeiros, postergação de projetos de vida, além do
próprio desconforto decorrente da internação (separação da família, sofrimento, dor, insegurança e
outros).
Não obstante, entende RICKER (1997, p. 90) que, a posição do paciente durante a cirurgia é um
cuidado importante a ser observado. Ao realizarmos esse procedimento muitas vezes, as posições não
são convencionais podendo acarretar lesões. Posicionar o paciente é obter uma postura intermediária
entre o possível e tolerável. Quando submetido à anestesia, o paciente perde a capacidade sensitiva de
parte ou de todo o corpo, não conseguindo reagir à dor, a pressões, e há perda da capacidade de
movimentação. Quando houver necessidade de uso de placa de bisturi elétrico, ela deverá deverá ser
fixada em área limpa, seca, com poucos pêlos e o mais próximo possível do local a ser
eletrocauterizado. Para MAGALHÃES (1997, p. 194), alguns locais são vulneráveis, como dedos,
pernas e até ombros, pois há relatos de queimaduras dessas áreas. A cabeça e membros devem ficar
em posição estável, principalmente quando ocorrer mudança de posicionamento durante o ato
cirúrgico. Os membros superiores são passíveis de ficarem fora da mesa cirúrgica, sendo um risco para
lesão do plexo braquial, da articulação do ombro ou queimadura de extremidades. Segundo
MAGALHÃES (1997, p. 195), os calcâneos e músculos da panturrilha também são áreas vulneráveis à
necrose por pressão, podendo causar o início de tromboembolismo. Daí a necessidade de proteção dos
mesmos com atadura de algodão ou atadura de crepom, até para proteção da hipotermia.. Para
MAGALHÃES (1997, p. 197), ao posicionar o paciente do decúbito dorsal para o ventral, deve-se
evitar a rotação lateral do pescoço e da cabeça do indivíduo anestesiado, pois esse movimento pode
causar estiramento dos ligamentos e músculos relaxados, lesões das articulações cervicais, ocorrendo
dor e limitações funcionais no pós-operatório.
Histórico do Transplante Renal
Em 1997 foi criada a chamada Lei dos Transplantes Lei nº9.434 de 4 de fevereiro de 1997, cujo
objetivo era dispor sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de
transplante, e o Decreto n° 2.268 de 30 de junho de 1997 que a regulamentou, na tentativa de
minimizar as distorções e até mesmo injustiças na destinação dos órgãos. No dia 30 de junho de 1997,
através deste mesmo decreto, foi criado no âmbito do Ministério da Saúde o Sistema Nacional de
Transplantes – SNT tendo como atribuição desenvolver o processo de captação e distribuição de
tecidos, órgãos e partes retiradas do corpo humano para finalidades terapêuticas e transplantes.
Em 1997 foi criada a chamada Lei dos Transplantes Lei nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997), cujo
objetivo era dispor sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de
transplante, e o Decreto nº 2.268, de 30 de junho de 1997 que a regulamentou, na tentativa de
minimizar as distorções e até mesmo injustiças na destinação dos órgãos. No dia 30 de junho de 1997,
através deste mesmo decreto, foi criado no âmbito do Ministério da Saúde o Sistema Nacional de
Transplantes – SNT tendo como atribuição desenvolver o processo de captação e distribuição de
tecidos, órgãos e partes retiradas do corpo humano para finalidades terapêuticas e transplantes.
Em se tratando de órgão sólido, o transplante de rim é o que oferece maior segurança de vida. Deste
modo, são vários os fatores que influenciam a atenção e que se encontram agrupados em duas

40
categorias: a dos fatores externos (próprios do meio ambiente) e a dos fatores internos (próprios do
nosso organismo) . Deverá também apresentar motivação pessoal que o induza a tornar-se como
doador sem nenhum tipo de ação coerciva da equipe multiprofissional ou dos membros da família.
Candidatos a doadores e receptores são informados, orientados sobre os riscos e benefícios do
transplante renal.
Objetivo Geral
Analisar a percepção do paciente transplantada renal durante o pré e pós-operatório e a demanda
de cuidados necessários no seu cotidiano.
2.1Objetivos específicos
O presente estudo tem como objetivo identificar a percepção do paciente que se submeterá a uma
intervenção cirúrgica, acerca das orientações pré e pós-operatória oferecidas pela enfermagem.
GOLDENBERG, S.; BEVILACQUA, R. G. Bases da cirurgia. 2ª. ed. São Paulo: EPU, 1984.
DELLOIAGONO DE PAULA, A. A; CARVALHO, E. C. Pré e pós operatório em cirurgia geral e
especializada. In: PIETREZ, F. A. B; PIONER, S. R. Org.). Porto Alegre: Artmed, 2000.
PENICHE, A. C. G; CHAVES, E. C. Algumas considerações sobre o paciente cirúrgico e a
ansiedade. Rev Latino-am. Enfermagem 2000 janeiro; 8(1): p 45.
MAGALHÃES, M. A. C. Posicionamento do paciente. In: MANICA, J. T. (Org.). Anestesiologia:
princípios e técnicas. 2. ed. Porto Alegre (RS): Artes Médicas, 1997, pp. 194-214.

- ATENÇÃO NUTRICIONAL AO PACIENTE SUBMETIDO A TRANSPLANTE DE


CÉLULAS-TRONCO HEMATOPOÉTICAS (TCTH)
CONSENSO NACIONAL DE NUTRIÇÃO ONCOLÓGICA / INCA,2009
Nádia Gruezo
Nutricionista ICOD, DF

O transplante de células-tronco Hematopoéticas (TCTH), consiste na substituição de uma medula


óssea doente, ou deficitária, por células normais de medula óssea, com o objetivo de reconstituição de
uma nova medula saudável. O transplante pode ser autogênico, quando a medula vem do próprio
paciente, transplante alogênico a medula vem de um doador, transplante a partir de células precursoras
de medula óssea, obtidas do sangue circulante de um doador ou do sangue de cordão umbilical. É um
tipo de tratamento proposto para algumas doenças que afetam as células do sangue, como leucemia e
linfoma (INCA, 2010).
Depois de se submeter a um tratamento que ataca as células doentes e destrói a própria medula, o
paciente recebe a medula sadia como se fosse uma transfusão de sangue. Essa nova medula é rica em
células chamadas progenitoras que, uma vez na corrente sangüínea, circulam e vão se alojar na medula
óssea, onde se desenvolvem. Durante o período em que estas células ainda não são capazes de
produzir glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas em quantidade suficiente para manter as taxas
dentro da normalidade, o paciente fica mais exposto a episódios infecciosos e hemorragias. Por isso,
deve ser mantido internado no hospital, em regime de isolamento. Cuidados com a dieta, limpeza e
esforços físicos são necessários. Por um período de duas a três semanas, o paciente necessitará ser
mantido internado e, apesar de todos os cuidados, os episódios de febre muito comuns. Após a
recuperação da medula, o paciente continua a receber tratamento, só que em regime ambulatorial,
sendo necessário em alguns casos o comparecimento diário ao Hospital-dia (INCA, 2010).
A terapia nutricional (TN) no TCTH tem como objetivo manter ou melhorar o estado nutricional,
fornecer substrato de forma adequada para recuperação hematopoética e do sistema imune, além de
minimizar as consequências do regime de condicionamento (ANDERS et al., 2000). Deverá ser
indicada de forma individualizada, utilizando como critérios pacientes que estejam sob risco
nutricional e/ou desnutridos (AKER; LESSEN, 1995; ALBERTINI; RUIZ, 2001; MUSCARATOLI et
al., 2002).
Quando indicada, a TN deve ser iniciada imediatamente após diagnóstico de risco nutricional ou
desnutrição, tanto para pacientes ambulatoriais quanto internados, pois a TN precoce melhora não só a
resposta aos tratamentos antitumor como também a qualidade de vida (MUSCARATOLI et al., 2002).
A avaliação nutricional (AN) em pacientes candidatos ao TCTH compreende primeiramente a
detecção de carências eventuais, suscetíveis de serem rapidamente corrigidas, pois indivíduos com

41
estado nutricional comprometido apresentam maiores riscos de infecção, falha na pega do enxerto e
consequente queda na sobrevida (SCHLOERB; AMARE, 1993; MUSCARATOLI, 2002; JUSTINO;
WAITZBERG, 2006).
Um exame clínico e um interrogatório simples, assim como avaliação antropométrica, devem ser
utilizados para avaliar e detectar este tipo de população, nas diferentes etapas do TCTH (CHENEY et
al.,1987). O objetivo desses procedimentos é detectar possíveis carências nutricionais, possibilitando a
intervenção precoce. E os indicadores de risco nutricional, como história de perda de peso, sintomas
do trato gastrointestinal (TGI), percentual de ingestão alimentar e tipo de transplante, são de grande
valia para identificar os pacientes sobre agravo nutricional (AKER, 1995; MUSCARATOLI, 2002).
Durante o período de internação, devido ao estado de hiper-hidratação e desequilíbrio de fluidos e
eletrólitos, não é recomendada avaliação antropométrica como rotina, devendo esta ser realizada
somente no período de pré-condicionamento (SCHLOERB; AMARE, 1993).
Durante o TCTH ocorrem duas situações distintas e simultâneas: a diminuição da ingestão oral de
alimentos e o aumento das necessidades metabólicas, que irão interferir no estado nutricional do
paciente. A manutenção de um bom estado nutricional é de extrema importância em todo o processo
do TCTH. Para que tal fato ocorra, é necessária uma oferta adequada de nutrientes (ANDERS et al.,
2000).
Embora o gasto de energia possa ser diferente entre um transplante autólogo e um transplante
alogênico, é consenso que os requerimentos energéticos podem variar, chegando até 150% do gasto
energético basal (MUSCARATOLI et al., 2002).
Na maioria dos centros de TCTH, os protocolos de recomendação energética são similares.
Szeluga et al. (1995) demonstraram que, para manter um balanço nitrogenado em zero, foram
necessárias de 30 a 50 kcal/kg de peso por dia para adolescentes e adultos. Segundo critérios do Fred
Hutchinson Cancer Research Center, centro de referência mundial em TCTH, no período de pós-
transplante imediato (30-50dias), as necessidades energéticas refletem o aumento do requerimento
devido ao condicionamento, febre, infecções, doença enxerto contra hospedeiro aguda (DECH) e
outras complicações metabólicas (FRED HUTCHINSON CANCER RESEARCH CENTER, 1985).
Com relação às necessidades proteicas, são estimadas a fim de prover substrato para o reparo de tecido
após a terapia de citorredução e poupar perda de massa magra (WEISDORF et al., 1987; FRED
HUTCHINSON CANCER RESEARCH CENTER, 1985; MUSCARATOLI et al., 2002).
AKER, S.N.; LENSSEN, P. Nutritional support of patients with hematologic malignancies. In:
HOFFMANN, R.; BENZ, E. J.; SHATTIL, S.J. et al. Hematology: basic principles and practice. 2. ed.
New York: Churchill Livingstone, 1995. p. 413-1482.
ALBERTINI, S. M.; RUIZ, M.A. O papel da glutamina na terapia nutricional do transplante de
medula óssea, Rev Bras. Hematol. Hemoter, (São José do Rio Preto), vol. 23, p. 41-47, jan/abr 2001.
ANDERS, J. C.; SOLER, V. M.; BRANDÃO, E. M. et al. Aspectos de enfermagem, nutrição,
fisioterapia e serviço social no transplante de medula óssea. Medicina, (Ribeirão Preto), vol. 33, p.
463-85, out/dez. 2000.
CONSENSO NACIONAL DE NUTRIÇÃO ONCOLÓGICA. / Instituto Nacional de Câncer. – Rio de
Janeiro: INCA, 2009.
INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER. Transplante de Medula óssea. Rio de Janeiro: INCA;2010.
Disponível em URL: http://www1.inca.gov.br/conteudo_view.asp?ID=125
CHENEY, C. L.; ABSON, K. G.; AKER, S.N. et al. Body composition changes in marrow transplant
recipients receiving total parenteral nutrition. Cancer, vol. 59, p. 1515-19, 1987.
FRED HUTCHINSON CANCER RESEARCH CENTER, BMT/PBSCT. Nutrition Care Criteria,
Seatle, Washington, 1985
JUSTINO, S.R.; WAITZBERG, L.D. Terapia nutricional no TCTH. In: WAITZBERG L.D. Dieta,
nutrição e câncer. 2. ed. rev. São Paulo: Atheneu, 2006. Cap. 67, p. 608-17.
MUSCARATOLI, M.; GRIECO, G.; CAPRIA, S. et al. Nutritional and metabolic support in patients
undergoing bone marrow transplantation. American Journal of Clinical Nutrition, vol. 75, p. 183-90,
2002.
SCHLOERB, P.R.; AMARE, M. Total parenteral nutrition with glutamine in bone marrow
transplantation and other clinical applications. Journal Parenteral and Enteral Nutrition, vol. 17, p.
407-13, 1993.

42
WEISDORF, S.A.; LYSNE, J.; WIND, D. et al. Positive effect of prophylatic total nutrition parenteral
nutrition on long-term outcome of bone marrow transplantation. Transplantation, vol. 43, p.833-38,
1987.

MESA REDONDA: GRUPO DE ASSISTÊNCIA MULTIDISCIPLINAR AO IDOSO – UM


MODELO DE PROMOÇÃO DE SAÚDE

- PORQUE O ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR NO IDOSO?


Einstein Francisco Camargos
Serviço de Geriatria, Centro de Medicina do Idoso, Hospital Universitário de Brasília, UnB

Não é novidade o acelerado envelhecimento da população brasileira nos últimos anos, como
também as estimativas quase sempre sobrepujadas pela espantosa realidade a qual o país atravessa. Dr.
Fries, em artigo publicado há 25 anos no New England Journal of Medicine, chamava a atenção para o
processo de envelhecimento, morte natural e compressão da morbidade. Denota-se importante
preocupação com as doenças crônicas que acometem os idosos e, principalmente, o tempo de vida
com essas doenças. Há meio século, doenças crônicas se manifestavam e o indivíduo, após alguns
poucos anos de doença, acabava por falecer em decorrência dessa doença. No entanto, com as diversas
possibilidades de tratamento hoje disponíveis, passa-se mais tempo com a doença e com suas
complicações até o evento final. Morre-se menos de doenças agudas (doenças circulatórias e
infecções, por exemplo) e vive-se mais.
Obviamente, com o aumento do número de doenças, complicações e da idade, faz-se necessária
uma abordagem sistêmica do indivíduo, deixando em segundo plano (inicialmente) a abordagem de
especialistas. Exemplo interessante foi citado em artigo de Boyde e colaboradores, intitulado “Clinical
Practice Guidelines and Quality of Care for Older Patients With Multiple Comorbid Diseases”. Eles
trazem como exemplo uma idosa de 79 anos que procura um clínico com: osteoporose, osteoartrite,
diabetes Mellitus II, DPOC e hipertensão arterial. Todas doenças muito frequentes em idosos. Se
fossem seguir todos os guidelines propostos sobre tratamento dessas comorbidades, essa senhora
estaria tomando cerca de 20 medicamentos por dia, além de outras recomendações, como proteção
para os joelhos, exercícios físicos (fortalecimento muscular, aeróbico, etc.), ajustes na dieta, prevenção
de quedas (fisioterapia), uso de vacinas (gripe e pneumocócica), medidas constantes de pressão
arterial, exames frequentes de laboratório (glicemia, colesterol, etc.), reabilitação pulmonar, e outros.
É justamente nessa abordagem ampla, difícil e por vezes infactível que outros profissionais colaboram
substancialmente. Falarei a seguir de características da equipe e do atendimento multidisciplinar
necessários no atendimento do idoso.
Capacidade técnica da equipe multidisciplinar
Os princípios lógicos que norteiam a técnica nesse caso geralmente são diferentes daqueles
aprendidos na faculdade. O que é peculiar no idoso não é só a fisiologia relacionada ao
envelhecimento, mas também aspectos sociais, econômicos, psicológicos, etc. Aprofundar os
conhecimentos com estágios ou cursos de especialização é importante. Não basta querer “atender
velhinhos”. É preciso saber atendê-los. Recentemente fizemos um curso de capacitação ao
atendimento da pessoa idosa para médicos e outros profissionais da Secretaria Estadual de Saúde do
DF. Uma médica reconhecidamente competente na sua área (especialista), ao final do curso
confidenciou-me que sua visão a cerca do idoso mudou substancialmente após as aulas e que sua
percepção do tratamento estava certamente equivocada antes. Isso só vem reforçar essa importância.
Geralmente não aprendemos isso na faculdade.
Integração interdisciplinar
Por natureza, o termo multidisciplinar já abarca a lógica da integração. Apesar do trabalho em
saúde ser realizado em sua maioria individualmente, as discussões, observações, aprendizados mútuos
e principalmente o respeito devem ser estabelecidos. É perfeitamente razoável uma linha de
intersecção entre os profissionais. Exemplo disso é a fundamental intervenção farmacêutica no
tratamento e orientação do idoso polimedicado, como também abordagens fisioterapêuticas na
fragilidade e instabilidade postural. Cito as mais comuns, mas temos outros profissionais que

43
contribuem a contento nesse processo, como educadores físicos, fonoaudiólogos, psicólogos,
nutricionistas, terapeutas ocupacionais e dentistas.
Impacto da equipe multidisciplinar
Quando se fala em contratação de profissionais não-médicos para o sistema de saúde ouvimos
com freqüência escusas dos dirigentes, baseadas em idéias antigas e em desconhecimento demasiado
do conceito de saúde.
Hoje, um tratamento com drogas para demência de Alzheimer gira em torno de 500 reais mensais
(considerando apenas essa doença). Não há ganho substancial com as medicações, mas apenas
estabilização da doença e redução na velocidade de perda. Por outro lado, intervenções pontuais de
fisioterapia, fonoaudiologia e estimulação neurocognitiva com o paciente e abordagens ocupacionais e
psicológicas com os familiares são no mínimo tão eficazes nessa doença quanto o tratamento
medicamentoso.
Assim, é muito bem recebido por nós médicos esse trabalho multidisciplinar, ou interdisciplinar
para alguns. Poucos de nós aprenderam na faculdade essa modalidade de trabalho. Poucos de nós estão
aptos a lidar com essa circunstância e, substancialmente poucos de nós estão abertos a essa
experiência. A história natural ditará a necessidade.

- O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL NO CENTRO DE MEDICINA DO IDOSO


Luciana Maria Santos Cesário
Hospital Universitário de Brasília, Universidade de Brasília

A profissão de assistente social é regulamentada pela Lei 8.662, de 07 de junho de 1993. O projeto
profissional do serviço social está fundamentado no Código de Ética do Assistente Social (aprovado
em 13 de março de 1993), que normatiza o exercício profissional entre assistentes sociais, instituições
e população, preservando-se os direitos e deveres profissionais, a qualidade dos serviços e a
responsabilidade diante do usuário.
A atuação do assistente social na saúde deve nortear na direção dos Projetos da Reforma Sanitária
e Ético-Político Profissional. O serviço social na área de saúde exerce ações em sintonia e articulado
com o Sistema Único de Saúde(SUS) e Sistema Único de Assistência Social(SUAS), atuando em
equipe e tendo em vista a interdisciplinariedade da atenção em saúde.
Um dos eixos do exercício profissional do assistente social na saúde é o atendimento direto ao
usuário, desde a atenção básica até os serviços de média e alta complexidade.
Uma demanda crescente posta ao serviço social, é o atendimento à pessoa idosa.
A população brasileira está envelhecendo, o que representa um desafio no campo da saúde, dadas
as propostas de envelhecimento saudável – físico, emocional e social.
O assistente social enquanto membro de uma equipe interdisciplinar de instituição de saúde atua
nas relações interpessoais do paciente, equipe profissional e família.
A Constituição Federal de 1988 é um marco importante para a área da assistência social, alçada à
condição de política pública, especificamente para os idosos em seu artigo 230: “ A família, a
sociedade e o Estado, têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na
comunidade defendendo sua dignidade e bem-estar e garantido-lhe o direito à vida.”
A Lei Orgânica da Assistência Social, sancionada em dezembro de 1993, em seu artigo 2º define
como sendo um dos objetivos da assistência social “a proteção à família, à maternidade, à infância, à
adolescência e à velhice.” No artigo 20º dessa mesma lei é assegurado o benefício de prestação
continuada, que é “a garantia de um salário mínimo mensal ao idoso com 65 anos ou mais e que
comprove não possuir meios de prover a própria manutenção e nem de tê-la provida por sua família.”
A renda per capta familiar deve ser inferior a ¼ do salário mínimo.
A Política Nacional do Idoso, Lei nº 8.842 de 04 de janeiro de 1994, tem por objetivo garantir a
participação do idoso na sociedade, os seus direitos sociais, a sua cidadania. Na área da saúde (artigo
10º), um dos itens garante ao idoso “assistência à saúde em todos os níveis do SUS e em Centros de
Referência em Geriatria e Gerontologia com equipe de interprofissionais.”
O Estatuto do Idoso, Lei 10.741/03, afirma os direitos da pessoa idosa, medidas de proteção,
políticas de atendimento, acesso à justiça e define como crimes as condutas que os desrespeitam.
Centro de Medicina do Idoso – C.M.I.

44
O assistente social tem como objetivo propiciar atendimento à pessoa idosa,ao familiar e ao
cuidador, viabilizando ao paciente o acompanhamento diário em sua rede de proteção, proporcionando
sucesso no tratamento de saúde bem como, reconhecendo a importância do acompanhamento familiar
na rotina do idoso e garantido a qualidade do atendimento no C.M.I.
Conforme dispõe o Art. 4º III da Lei 8.842/1994: “priorização do atendimento ao idoso através de
suas próprias famílias, em detrimento do atendimento asilar, à exceção dos idosos que não possuam
condições que garantam sua própria sobrevivência.”
O atendimento é realizado no ambulatório do C.M.I – dividido em geriatria geral e ambulatório
para pacientes portadores de algum tipo de demência e nas enfermarias, geralmente na clínica médica.
“ Ao idoso internado é assegurado o direito a acompanhante, devendo o órgão de saúde proporcionar
as condições adequadas para a sua permanência em tempo integral, segundo o critério médico”,
conforme previsto no art. 16 da Lei 10.741/2003, “caberá ao profissional de saúde responsável pelo
tratamento conceder autorização para o acompanhamento do idoso ou, no caso de impossibilidade,
justificá-lo por escrito.” Os pacientes são procedentes de várias clínicas do Hospital Universitário de
Brasília-H.U.B., centros de saúde , outros hospitais e de Instituições de Longa Permanência para
Idosos.
Também é realizado atendimento domiciliar, em conformidade com o Estatuto do Idoso- Art.15
IV:”atendimento domiciliar, incluindo a internação, para a população que dele necessitar e esteja
impossibilitada de se locomover, inclusive para idosos abrigados e acolhidos por instituições públicas,
filantrópicas ou sem fins lucrativos e eventualmente conveniadas com o Poder Público, nos meios
urbano e rural.”
Na prática ambulatorial é realizado o acolhimento ao paciente e ao familiar por meio de uma
entrevista para avaliação social e seus desdobramentos.
No C.M.I. o assistente social também participa de atendimento multidisciplinar em grupo, de
atenção ao familiar e cuidador do paciente idoso. É válido ressaltar que neste momento o profissional
deve buscar a compreensão da funcionalidade familiar e informar aos seus membros sobre situações
que possam configurar como negligência e orientá-los quanto aos direitos garantidos pelo Estado. Esta
atividade com a família é uma fonte rica em informações e propicia uma maior interação entre os
envolvidos nos cuidados ao idoso.
Na visita domiciliar o serviço social atua junto à equipe com o objetivo de avaliar as condições de
saúde e cuidados dispensados ao idoso que possam interferir no seu bem estar físico, emocional e
social. No momento da visita deve-se identificar laços afetivos de cuidados e/ou situações de
negligências que o núcleo familiar pode submeter à pessoa idosa doente. E a partir daí, proceder com
ações pertinentes. É possível estabelecer, junto à família e ao cuidador, um suporte mais adequado à
assistência da pessoa idosa , informando e negociando as melhores opções desse cuidado necessário ao
paciente.
Os pacientes, que necessitam da visita domiciliar, são identificados por solicitação da própria
família, cuidador e da equipe médica.
Um dos pontos relevantes do atendimento domiciliar é fortalecer o suporte familiar, orientando a
família a tomar as providências necessárias a uma melhor qualidade de vida ao idoso e da sua própria
família. Este atendimento deve ter como base, toda a rede de atenção à saúde: Programa de Saúde da
Família, Centros de Saúde, garantia da concessão de medicação sem interrupções, e como retaguarda o
atendimento hospitalar.
A função do profissional de serviço social no C.M.I. é permeada por constantes desafios e
possibilidades de garantir ao paciente idoso e sua família o acesso à promoção da saúde e a
viabilização da garantia de direitos fundamentais inerentes a esta parcela crescente da população.
BRASIL. Código de Ética do Assistente Social. Lei 8.662/93 de Regulamentação da Profissão.
Brasília: Conselho Federal de Serviço Social, 1997.
BRASIL, Ministério da Saúde. Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa. Brasília, Secretaria de
Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica, 2006. Séries normas e manuais técnicos.
Cadernos de Atenção Básica nº 19.
BRASIL. Constituição de 1988.
BRASIL. Lei 10.741 de 1º de outubro de 2003. Estatuto do Idoso.
BRASIL. Lei 8.742, de 07 de dezembro de 1993. Lei Orgânica da Assistência Social.
BRASIL. Lei 8.842 de 04 de janeiro de 1994. Política Nacional do Idoso.

45
CARNEIRO, Terezinha Feres(Org.). Casal e família: permanências e rupturas. In: Cuidados com
idosos com demência. Rio de Janeiro: Casa do Psicólogo,2009.
CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Parâmetros para atuação de Assistentes Sociais
na Política de Saúde. Série Trabalho e Projeto Profissional nas Políticas Sociais, nº 1, Brasília: CFESS,
2009.

MESA REDONDA: ASPECTOS NUTRICIONAIS NA PEDIATRIA

- METABOLISMO ÓSTEO-MINERAL EM PEDIATRIA


Luiz Cláudio Gonçalves de Castro
Área da Medicina da Criança e do Adolescente - Universidade de Brasília

O crescimento e a aquisição de massa óssea são características intrínsecas do feto, da criança e do


adolescente. O conhecimento dos mecanismos fisiológicos e fisiopatológicos que podem afetar estes
processos é fundamental não só à atividade dos pediatras, mas aos clínicos que lidam com adultos
portadores de doenças ósteo-metabólicas, pois distúrbios presentes em fases mais avançadas da vida
podem ter sua gênese na infância.
O tecido ósseo é uma estrutura altamente dinâmica ao longo de todas as etapas da vida do indi-
víduo, com funções essenciais à manutenção da homeostase do organismo. A função mecânica do es-
queleto relaciona-se à sustentação do indivíduo e à proteção dos órgãos, enquanto a função metabólica
responde por uma série de reações bioquímicas, pelo equilíbrio eletrolítico, sobretudo dos íons cálcio,
fósforo e magnésio, assim como pelo equilíbrio ácido-básico, pois o osso também atua como sistema
tampão.
O osso está em constante processo de modelação e remodelação. Na faixa etária pediátrica, a
formação óssea é mais intensa que a reabsorção, de forma a promover o crescimento do indivíduo. A
remodelação (reabsorção do osso pelos osteoclastos seguida de formação coordenada pelos
osteoblastos) é fundamental à competência biomecânica dos ossos, ao reparo das microfraturas e à
manutenção do equilíbrio metabólico.
O delicado e complexo metabolismo ósteo-mineral decorre de uma interação contínua entre
fatores genéticos e ambientais, que determinam e regulam a atividade dos vários componentes desse
intricado eixo metabólico, envolvendo hormônios (PTH, calcitriol, GH, IGF-1, estrógenos, T4, T3,
glicocorticóides, entre outros), citocinas/fatores locais (IL-6, TNF, TGF-β, M-CSF, RANK-L,
osteoprotegerina), receptores e as células efetoras do tecido ósseo: osteoblastos e osteoclastos. Ao
mesmo tempo, o tecido ósseo não atua sozinho, mas interage harmoniosamente com outros tecidos,
principalmente intestino e rins, na regulação da absorção, excreção e reabsorção tubular do cálcio,
fósforo e magnésio.
A quantidade de tecido ósseo no esqueleto é chamada massa óssea e sua aquisição também reflete
uma interação genética/ambiente, não se sabendo precisar o peso de cada fator. Durante a infância e
adolescência, o organismo “investe” na construção de um “banco” de massa óssea, cujo pico
(quantidade máxima de massa óssea acumulada) é atingido no final da segunda década ou início da
terceira década de vida. Após este período, o adulto jovem mantém sua massa óssea estável por vários
anos e por volta da quarta/quinta década esta começa a diminuir, uma vez que a reabsorção passa a
exceder a formação óssea.
Uma alimentação balanceada, com quantidades adequadas de cálcio (de acordo com as
necessidades de cada faixa etária), e a prática regular de atividades físicas (principalmente exercícios
contra a gravidade, como pular, correr, jogar bola) são variáveis importantes para uma boa aquisição
de massa óssea. e minimizar sua perda nas fases mais avançadas.
Os cuidados com a qualidade óssea de uma criança devem começar durante a gestação. Uma série
de alterações metabólicas ocorre na gestante para assegurar um aporte adequado de cálcio ao feto, fase
em que há intensa e rápida mineralização do esqueleto. O feto se desenvolve em um ambiente
hipercalcêmico, sendo necessária a integridade de um sistema hormônio-mediado na unidade feto-
placentária (regulado pelo PTHrP), que permite o transporte ativo de cálcio da mãe para o feto contra
um gradiente de concentração (através da Ca2+-ATPase), e de modificações adaptativas no organismo

46
materno para assegurar a fonte de cálcio (principalmente pelo aumento da absorção intestinal de cálcio
promovido pela maior síntese de calcitriol, prolactina e lactogênio placentário). De modo semelhante,
o fosfato e o magnésio também seguem este padrão de transporte ativo, cujos mecanismos ainda não
foram bem esclarecidos.
Durante a infância e adolescência esse delicado equilíbrio ósteo-mineral direciona a formação e
modelação óssea para promover o crescimento da criança, através de alterações nas dimensões,
geometria, densidade e resistência dos ossos. Já o processo de remodelação óssea está presente em
todas as faixas etárias e consiste na substituição do osso previamente formado por tecido novo, sendo
responsável não só pelo reparo das microfraturas e pela manutenção da qualidade e resistência do
osso, mas também pela integridade de processos metabólicos sistêmicos.
O osso está em constante processo de formação e reabsorção, coordenado pelos osteoblastos e
osteoclastos, os quais apresentam origens e mecanismos regulatórios diferentes, mas que também
comunicam-se e se auto-regulam por meio de citocinas e fatores locais. Os osteoblastos diferenciam-
se a partir das células mesenquimais e são os responsáveis pela síntese da matriz osteóide, sua
mineralização e pela produção de outros fatores reguladores envolvidos na regulação do fosfato e do
calcitriol. Os osteoclastos derivam das células hematopoiéticas e coordenam a reabsorção óssea,
processo fundamental à manutenção da qualidade óssea e ao controle mineral de cálcio.
Para que a criança e o adolescente possam cumprir seu potencial de crescimento, construir uma
boa massa óssea e manter a homeostase mineral, é fundamental que os vários hormônios, fatores de
crescimento, citocinas, receptores e tecidos envolvidos neste sistema metabólico estejam preservados.
Qualquer alteração nestes elementos pode representar a base fisiopatológica das várias doenças
ósteo-metabólicas, com comprometimento da síntese da matriz orgânica, sua mineralização, dos pro-
cessos de formação e reabsorção óssea, da qualidade óssea e/ou da homeostase mineral (gerando dis-
túrbios do cálcio, fosfato e magnésio).
As doenças ósteo-metabólicas que atingem a faixa pediátrica podem ser classificadas de acordo
com a lesão metabólica de base:
a- Distúrbios da Mineralização Óssea:
-raquitismos: nutricionais, hipofosfatêmicos, dependente de Vitamina D
-osteomalácia
b- Distúrbios da síntese quantitativa ou qualitativa de colágeno tipo 1:
-osteogênese imperfeita
c- Distúrbios do receptor-sensor de cálcio
-hipercalcemia hipocalciúrica familiar
d- Distúrbios do equilíbrio da atividade osteoblástica/osteoclástica e/ou da microarquitetura óssea:
-osteoporose juvenil idiopática -deficiência de GH
-insuficiência renal crônica / osteodistrofia renal -Síndrome de Fanconi
-Hipo/hiperparatireoidismo -Picnodisostose
-Osteopetrose -Hipercortisolismo
-Doença de Paget Juvenil (hiperfosfatasia crônica familiar)
e- Doenças primárias de outros órgãos ou tecidos: hipogonadismo, hipertireoidismo, diabetes
mellitus tipo 1, artrite reumatóide juvenil, lupus sistêmico, doença celíaca, doenças inflamatórias
intestinais, fibrose cística
f- secundárias ao uso crônico de medicamentos que interferem nas várias etapas do eixo ósteo-
metabólico: glicorticóides, imunossupressores, anticonvulsivantes
A osteoporose é uma doença ósteo-metabólica sistêmica, caracterizada por diminuição da massa
óssea e deterioração de sua microarquitetura, com conseqüente diminuição da resistência do osso e
maior suscetibilidade a fraturas. Esse processo não afeta apenas adultos. Crianças e adolescentes
também podem ser acometidos. Entretanto, o termo osteoporose é utilizado para indivíduos adultos,
que já atingiram o pico de massa óssea. Em pediatria, segundo as orientações da Sociedade Inter-
nacional de Densitometria Clínica, não seria adequado empregar as terminologias osteoporose e oste-
openia, pois crianças e adolescentes ainda não atingiram o pico de massa óssea, recomendando-se,
então, a expressão baixa massa óssea.
O método de escolha para se quantificar a massa óssea em pediatria é a absorciometria com dupla
emissão de raios-X (DEXA), a qual apresenta baixa exposição à radiação, é rápida e segura. A DEXA
avalia o conteúdo mineral ósseo (CMO, em gramas) e a densidade mineral óssea (DMO, em g/cm2,

47
densidade areal). Os sítios de avaliação da DMO em pacientes pediátricos são a coluna lombar (L1-
L4) e o corpo total.
Para a realização de densitometria óssea em crianças e adolescentes é imprescindível que o apa-
relho esteja vinculado a um banco de dados específicos destas faixas etárias. Os programas disponíveis
permitem realizar a DEXA a partir dos 5 anos de idade. Não se pode analisar o resultado da
densitometria de uma criança com um banco de dados de adultos.
Como durante o crescimento há alterações na geometria e no tamanho do osso, a interpretação da
densitometria óssea deve ser bastante criteriosa, sendo importante considerar o estadiamento puberal e
a idade óssea do indivíduo.
Bioquimicamente, a remodelação óssea pode ser avaliada pela dosagem de marcadores de
formação e de reabsorção, que são enzimas, proteínas não-enzimáticas ou seus fragmentos envolvidos
neste processo:
-marcadores de formação óssea: fosfatase alcalina (fosfatase alcalina óssea), osteocalcina e fragmentos
carboxi-terminal e amino-terminal do pró-colágeno tipo I
-marcadores de reabsorção óssea: piridinolina, deoxipiridinolina, produtos da degradação do colágeno
(N-telopeptídeo e C-telopeptídeo), fosfatase ácida tartrato-resistente.
Deve-se ter muito cuidado ao interpretar a dosagens destes elementos na faixa etária pediátrica.
O pediatra deve estar atento e pronto para prevenir problemas que comprometam a qualidade da
massa óssea da criança e do adolescente.
Deve-se estimular: atividade física regular; exposição adequada ao sol (para assegurar a síntese de
Vitamina D, mas evitar horários de sol forte); uma alimentação balanceada, suprindo as necessidades
diárias de cálcio (de acordo com a faixa etária; Tabelas 1 e 2) e de proteínas (importantes na formação
do tecido ósseo) e sem excessos de sódio (que aumenta a excreção renal de cálcio); evitar tabagismo,
etilismo e uso abusivo de bebidas carbonatadas.

Tabela 1: Necessidades Diárias de Cálcio Tabela 2: Quantidades aproximadas de Cálcio


ao longo da vida de um indivíduo presentes nas principais fontes alimentares

Alimento Medida Quantidade


Idade Necessidade de de Cálcio
Cálcio
Leite de vaca integral 1 copo (300ml) 345 mg
0 a 6 meses 210 mg (leite
Leite de vaca 1 copo (300ml) 360 mg
materno exclusivo)
desnatado
7 a 12 meses 280 mg
Leite de cabra (obs.: 1 copo (300ml) 550 mg
1 a 3 anos 500 mg
pobre em ácido fólico)
4 a 8 anos 800 mg
Queijo Minas fresco 1 fatia fina (15g) 105 mg
9 a 18 anos 1300 mg
Queijo Prato 1 fatia fina (15g) 126 mg
Adultos:
Iogurte natural 1 pote (180 mg) 280 mg
19– 50 anos 1000 mg
integral
> 51 anos 1200 mg
Sardinha em conserva 100 g 375 mg
Gestantes e 1200 mg
(com espinha)
Nutrizes
Brócolis cru 50 g 206 mg
Cozido 65 mg
Obs.: recomendações da Academia
Couve crua 50 g 102 mg
Nacional de Ciências – EUA
Folha de abóbora crua 50 g 238 mg
Castanha do Pará 50 g 99 mg
Amendoas 50 g 127 mg
Obs.: o cálcio presente nos alimentos vegetais
apresenta baixa biodisponibilidade

Gestantes e nutrizes devem ter bastante cautela com sua alimentação, uma vez que o feto e o
lactente requerem maior quantidade de cálcio devido à rápida mineralização do esqueleto nestas fases.
Alguns estudos populacionais mostram que cerca de 75% dos indivíduos (incluindo todas as faixas
etárias) não cumprem as necessidades diárias de cálcio.

48
-Conclusões:
Os cuidados com a qualidade da massa óssea da criança devem começar durante a gestação. Uma
série de alterações metabólicas ocorre na gestante e na nutriz para assegurar um aporte adequado de
cálcio ao feto e ao lactente, fases em que há intensa e rápida mineralização do esqueleto.
A prevenção de distúrbios ósteo-metabólicos é mais eficaz e preferível ao tratamento.
Em algumas situações, a osteoporose pode ser analisada como uma doença pediátrica com
repercussões geriátricas, conseqüente a um baixo pico de massa óssea atingido.
É fundamental que o pediatra reconheça e intervenha nas situações que comprometam a aquisição
de massa óssea. Na consulta pediátrica, a anamnese também deve abordar este aspecto, procedendo-se
com orientações precisas para a promoção da qualidade do “banco de massa óssea” que o indivíduo
está construindo. Só assim pode-se instituir medidas preventivas ou terapêuticas em tempo hábil,
evitando-se o comprometimento do desenvolvimento global da criança e do adolescente.
1- Baim S, Leonard MB, Bianchi ML et al. Official Positions of the International Society for Clinical
Densitometry and executive summary of the 2007 ISCD Pediatric Position Development Conference.
J Clin Densitom. 2008;11(1):6-21.
2- Baroncelli GI, Bertelloni S, Sodini F, Saggese G. Osteoporosis in children and adolescents: etiology
and management. Paediatr Drugs. 2005;7(5):295-323.
3- Bianchi ML. Osteoporosis in children and adolescents. Bone. 2007 Oct;41(4):486-95. Epub 2007
Jul 18.
4- Cooper C, Harvey N, Javaid K et al. Growth and bone development. Nestle Nutr Workshop Ser
Pediatr Program. 2008;61:53-68.
5- Davies JH; Evans BA, Gregory JW. Bone mass acquisition in healthy children. Arch Dis Child
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6- Gelfand IM, DiMeglio LA. Bone Mineral Accrual and Low Bone Mass: A Pediatric Perspective.
Rev Endocr Metab Disord. 2005; 6(4):281-289.
7- Horowitz MC, Fretz JA, Lorenzo JA. How B cells influence bone biology in health and disease.
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8- Kovacs CS. Calcium and Bone Metabolism in Pregnancy and Lactation. J Clin Endocr Metab 2001;
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9- McKay CP, Portale A. Emerging topics in pediatric bone and mineral disorders 2008. Semin
Nephrol. 2009;29(4):370-8.
10- Pacifici R. T cells: critical bone regulators in health and disease. Bone. 2010;47(3):461-71.
11- Pérez-López FR, Chedraui P, Cuadros-López JL. Bone mass gain during puberty and adolescence:
deconstructing gender characteristics. Curr Med Chem. 2010;17(5):453-66.
12- Pitukcheewanont P, Punyasavatsut N, Feuille M. Physical activity and bone health in children and
adolescents. Pediatr Endocrinol Rev. 2010;7(3):275-82.
13- Sawyer AJ; Bacharach LK; Fung EG. Bone Densitometry in Growing Patients – Guidelines for
Clinical Practice. Humana Press Inc. 2007.

MESA REDONDA: CORTICOTERAPIA: EFEITOS TERAPÊUTICOS VERSUS EFEITOS


ADVERSOS

- VISÃO ENDOCRINOLÓGICO-PEDIÁTRICA
Luiz Cláudio Gonçalves de Castro
Área da Medicina da Criança e do Adolescente, Hospital Universitário de Brasília, UnB

Os glicocorticóides e mineralocorticóides endógenos são hormônios esteróides que atuam na


regulação da homeostase metabólica e eletrolítica do organismo. Os corticoesteróides (CE) sintéticos
são drogas reconhecidamente importantes e são utilizados, principalmente, devido à sua atividade
imunomudulatória. Glico e mineralocorticóides são utilizados também como reposição hormonal nas
situações de insuficiência adrenal. Como essas drogas agem nas vias metabólicas de vários tecidos
devem prescritos com cautela e compromisso e seus potenciais efeitos adversos não podem ser
desvalorizarizados. Exceto quando indicados no tratamento da hiperplasia adrenal (congênita ou

49
tardia) e em outras causas de insuficiência adrenal (quando são utilizados em doses fisiológicas), os
CE são prescritos em doses suprafisiológicas. A dose fisiológica do cortisol é de 8 a 12 mg/m2/dia.
Para se ter uma idéia, ao seu utilizar uma dose de 1,5mg/kg/dia de prednisolona para controle de crise
de broncoespasmo em uma criança de 20 kg, essa dose seria o equivalente a 190mg/m2/dia de cortisol,
ou seja, 15 a 24 vezes a dose fisiológica.
O uso de CE sistêmico superior a 7 dias pode promover o bloqueio do eixo hipotálamo-hipófise-
adrenal (HHA), através do mecanismo de feedback negativo. Desta forma, se o CE for utilizado por
um período superior a 7 dias, o mesmo não deve ser suspenso abruptamente, mas sua administração
deve ser descontinuada gradativamente, procurando-se garantir que ao término da corticoterapia o eixo
HHA esteja completamente desbloqueado. O objetivo dessa conduta é evitar que o paciente
desenvolva um quadro de insuficiência adrenal. A recuperação total da função do eixo HHA é
bastante lenta, podendo todo este processo levar de 6 a 9 meses para se regularizar. Após a suspensão
do CE, apesar da secreção basal de CE pela adrenal estar normalizada, a resposta ao estresse pode
ainda ser inadequada. Assim, durante o período de descontinuação da corticoterapia, independente do
esquema utilizado, quando o paciente enfrentar situações de estresse (seja metabólico, infeccioso ou
outra causa), deve-se aumentar a dose do corticóide para dose de estresse até controle da situação do
estresse, e, então, retornar ao esquema de retirada. Nesse período o paciente deve ser avaliado de
próximo durante os primeiros 9 meses após a suspensão da corticoterapia e a família estar atenta para
os sinais e sintomas de insuficiência adrenal.
O uso de CE, qualquer que seja a via de adminstração (oral, intravenosa, inalatória ou tópica),
pode estar associado a alterações no metabolismo sistêmico, como alterações eletrolíticas,
dislipidemias, resistência insulínica, diabetes mellitus, hipovitaminose D, hipertensão arterial,
infecções oportunistas, síndrome de Cushing exógena e alterações do metabolismo ósteo-mineral,
comprometendo o crescimento de crianças e adolescentes e promovendo desminiralização e
deterioração da arquitetura óssea em adultos.
Nesse simpósio discutiremos as indicações endocrinológicas dos CE, seus efeitos adversos, como
minimizar o risco desses acontecerem e a importância da individualização do tratamento baseado em
conceitos de farmacogenômica.
1- Baschant U, Tuckermann J. The role of the glucocorticoid receptor in inflammation and immunity.
J Steroid Biochem Mol Biol. 2010;120(2-3):69-75.
2- Clore JN, Thurby-Hay L. Glucocorticoid-induced hyperglycemia. Endocr Pract. 2009;15(5):469-
74.
3- Curtis JR, Westfall AO, Allison J et al. Population-based assessment of adverse events associated
with long-term glucocorticoid use. Arthritis Rheum. 2006;55(3):420-6.
4- De Nijs RN. Glucocorticoid-induced osteoporosis: a review on pathophysiology and treatment
options. Minerva Med. 2008;99(1):23-43.
5- Hochberg Z. Mechanisms of steroid impairment of growth. Horm Res. 2002;58 Suppl 1:33-8.
6- Ma RC, Kong AP, Chan N, Tong PC, Chan JC. Drug-induced endocrine and metabolic disorders.
Drug Saf. 2007;30(3):215-45.
7- McDonough AK, Curtis JR, Saag KG. The epidemiology of glucocorticoid-associated adverse
events. Curr Opin Rheumatol. 2008;20(2):131-7.
8- Moghadam-Kia S, Werth VP. Prevention and treatment of systemic glucocorticoid side effects. Int
J Dermatol. 2010;49(3):239-48.
9- Niu N, Manickam V, Kalari KR eet al. Human glucocorticoid receptor alpha gene (NR3C1)
pharmacogenomics: gene resequencing and functional genomics. J Clin Endocrinol Metab.
2009;94(8):3072-84.
10- Olney RC. Mechanisms of impaired growth: effect of steroids on bone and cartilage. Horm Res.
2009;72 Suppl 1:30-5.
11- Thomas Z, Bandali F, McCowen K, Malhotra A. Drug-induced endocrine disorders in the
intensive care unit. Crit Care Med. 2010;38(6 Suppl):S219-30.
12- Uzu T, Harada T, Sakaguchi M et al. Glucocorticoid-induced diabetes mellitus: prevalence and
risk factors in primary renal diseases. Nephron Clin Pract. 2007;105(2):c54-7.

50
- VISÃO DO REUMATOLOGISTA
Leandro Crispim de Oliveira Lacerda
Serviço de Reumatologia, Hospital Universitário de Brasília, UnB

Desde o primeiro uso dos corticosteróides em 1950 para tratar pacientes com artrite reumatóide, os
efeitos anti-inflamatórios e imunossupressores da corticoterapia têm sido a salvaguarda dos
reumatologistas no manejo das doenças reumáticas.
É verdade que, com o advento de fármacos com maior potencial imunossupressor/imunomodulador
e menor risco de parefeitos, a corticoterapia tem sido considerada, de uma maneira geral, como terapia
adjunta ou de resgate nos casos graves em que se pretende salvar a vida ou assegurar a saúde de órgãos
nobres.
Racionalizando-se o uso da corticoterapia com base nas suas formulações, o reumatologista pode
assim aplicá-la na sua prática clínica diária:
- Uso tópico: tratamento de manifestações cutâneas, sobretudo às comuns no lúpus. Formulações de
baixa à alta potência serão utilizadas respeitando-se a extensão e o local das lesões. O uso da
corticoterapia tópica, na forma de colírios, também é freqüente no manejo de manifestações oculares
como as uveítes que acompanham algumas doenças auto-imunes.
- Uso intramuscular: formulações de depósito são utilizadas, geralmente em uma ou poucas doses, para
controle de manifestações articulares de doenças inflamatórias ou de sintomas relacionados aos
chamados reumatismos de partes moles;
- Infiltrações: corticosteróides de depósito de média ou alta potência são utilizados para infiltrações
intra-articulares e das afecções de partes moles, como as tendinopatias e bursites;
- Uso oral: é a formulação mais usada no dia-a-dia do reumatologista. As doses variam de 0,25 a
1mg/kg/dia, com ajustes posológicos realizados conforme gravidade inicial e controle clínico da
doença. Em muitas afecções, tem sido utilizada como terapia adjunta inicial até que os efeitos dos
fármacos modificadores do curso de doença, habitualmente de ação lenta, sejam observados;
- Uso parenteral: restrito mas de grande valia para o controle rápido de manifestações graves do lúpus
eritematoso sistêmico, não articulares da artrite reumatóide, casos especiais das espondiloartrites e das
vasculites primárias;
Independente da formulação escolhida, atenção especial deve ser dada aos efeitos adversos
comuns, e não raro graves, da corticoterapia. As recomendações gerais são de menor tempo de uso,
com a menor dose efetiva para se alcançar o resultado almejado. A osteoporose induzida por corticóide
exige atenção especial do reumatologista, que deverá lançar mão de profilaxia primária adequada
(cálcio, vitamina D) nos casos em que se vislumbre uso de doses iguais ou superiores a 5mg/dia de
prednisona (ou de seu equivalente) por mais de 3 meses.
Apesar da natureza ambígua da corticoterapia, representada por uma tênue linha entre seus
benefícios e efeitos adversos; apesar da terapia biológica que pulula como novidade em tratamento
direcionado a alvos; o reumatologista não abandona, e talvez nunca abandonará, seu uso: com essa
velha nau, ainda de valor inconteste, ele singrará entre muitas tempestades.
1. Anna Dorai-Raj and Leslie Schrieber. The role of corticosteroids in rheumatology. Aust Prescr
1998;21:11-4.
2. Annil Mahajan*, Vishal R Tandon. Corticosteroids In Rheumatology: Friends or Foes. JIACM 2005;
6(4): 275-80.

51
- O USO DE CORTICÓIDE INALATÓRIO PARA O CONTROLE DA ASMA EM CRIANÇAS
E ADOLESCENTES: RISCOS E EFETIVIDADE.
Carmem Lívia Martins
Serviço de Pediatria, Hospital Universitário de Brasília, UnB

Introdução e justificativa:
A asma é a doença crônica pediátrica mais frequente, que interfere na qualidade de vida do
paciente com frequentes idas ao PS( responsável por 16% dos atendimentos) e internações, relevante
absenteísmo escolar, limitação de atividades fisicas, distúrbios do sono e associação com outras co-
morbidades.E como qualquer outra doença crônica da infância, ela pode causar prejuízos no
crescimento e desenvolvimento da criança acometida.Daí a importância do diagnóstico e tratamento
precoce, cujo padrão ouro é o uso de corticóide inalatório pelo tempo necessário.
Porque utilizar os corticóides pela via inalatória?
Considerando o grande efeito antiinflamatório dos glicocorticóides, e com o objetivo de se
conseguir uma efetiva ação tópica com baixa repercussão sistêmica, eles foram desenvolvidos,
ganhando maior destaque a partir da decada de 70 com o surgimento do dipropionato de
beclometasona. Atualmente são também disponíveis:budesonida, fluticasona, ciclesonida, mometasona
e outros.
Como agem os corticóides inalatórios?
São descritos os mesmos mecanismos dos sistêmicos
Mecanismos moleculares; ligam-se aso receptores de glicocorticóides no citoplasma, o complexo
penetra no núcleo e se liga ao DNA ;reprime ou ativa atranscriação genética de diferentes mecanismos
de ação celular.
Outras ações:aumento do número de receptores Beta, dimunição da produção e da ação dos
mediadores da inflamação,aumento da produção de substâncias anti-inflamatóriras: ex:lipocortina
1(inibe a fosfolipase A2, que inibe a liberação do ácido araquidônico , interferindo na via da
ciclooxigenase)
Qual a importância da biodisponibilidade sistêmica dos corticóides inalatórios?
Ela interfere diretamente nos efeitos adversos sistêmicos dos corticóides inalatórios.(Figura 1)
A biodisponibilidade sistêmica depende da quantidade e da velocidade que a medicação alcança a
corrente sanguinea, e é representada pela somatória das biodisponibilidade pulmonar e oral(que é
absorvida pelo trato gastrointestinal e que passa pelo fígado)
Qual o papel do figado na biodisponibilidade do corticóide inalatório?
Cerca de 45-90% do corticóide inalatório se deposita na orofaringe durante o seu uso, sendo em
seguida deglutido e absorvido pelo trato digestivo. Porém, antes de alcançar a corrente sanguínea ele
sofre uma metabolização no figado quando ocorre a inativação de grande parte do medicamento,
reduzindo os efeitos sistêmicos adversos.
A deposição pulmonar do corticóide inalatório interfere no tratamento e na biodisponibilidade
sistêmica do medicamento?
Sim, o efeito terapêutico dos corticóides dependem da quantidade de deposição pulmonar. Que
depende de: técnica inalatória, dispositivo inalatório, tipo de propelente no aerossol e tipo do
corticóide.
Por outro lado, a deposição pulmonar interfere diretamente na biodisponibilidade sistêmica do
medicamento pois não sofre a ação da inativação hepática.

52
Qual seria o corticóide ideal?
Aquele que conseguissem uma ação tópica antinflamatória máxima com uma repercussão sistêmica
mínima:
- Grande deposição pulmonar;
- Ligação com as proteínas plasmáticas na corrente sanguínea
- Depuração hepática imediata
- Disponibilidade oral baixa;
- Formulação pró-droga inativa e apenas ativando-se somente no tecido pulmonar.
Qual o papel dos corticóides inalatórios no tratamento da asma?
O corticóide inalatório atualmente é considerado o tratamento mais eficaz da asma pois:melhora a
função pulmonar, reduz a hiperrresponsividade brônquica, reduz os sintomas, reduz a frequencia e
gravidade das crises, previne o óbito e melhora a qualidade de vida do portador da doença.Ele
representa a primeira opção do tratamento de manutenção do paciente com asma persistente de
qualquer gravidade.
Os corticóides em baixa doses promovem melhora clinica e funcional na faixa etária pediátrica,
devendo ser mantidos na menor dose em que se obtiver o controle e com um bom acompanhamento
para prevenir possíveis efeitos sistêmicos.
Qual o melhor dispositivo inalatório a ser utilizado?
A escolha deve ser individualizada observando-se alguns aspectos como a preferência pessoal e a
capacidade de utilização dos vários dispositivos inalatórios, que podem ser:nebulizadores, aerossóis
dosimetrados ou inaladores de pó seco. Por exemplo:pacientes neuropatas podem ter dificuldades para
usar os aerossóis ou inalantes de pó.
A escolha do dispositivo correto aliado a técnica inalatória adequada são os principais
deteminantes da boa deposição pulmonar do medicamento e consequentemente do sucesso terapêutico
e prevenção dos efeitos adversos. Exemplo disto é o fato da utilização de espaçadores com os aerossóis
diminuirem a deposição oral do medicamento e consequentemente os efeitos adversos locais.
Quais são os efeitos adversos dos corticóides inaltórios?
1. Locais: disfonia ou rouquidão(miopatia nas cordas vocais reverível com a suspensão do
medicamento); candidíase(diminuição local da imunidade ou aumento da glicose salivar); tosse(pelos
propelentes dos aerossóis); hipertrofia da lingua(raro devido a hipertrofia da musculatura e deposição
gordurosa, revesivel); dermatite perioral(com uso de aerossóis, reversivel) e sensação de sede(por
irritação da garganta).
2. Osteoporose:diferentemente de adultos, os estudos em crianças em uso de corticóide inalatório não
demonstraram a diminuição da densidade mineral óssea.
3. Supressão do Eixo hipotálamo-hipófise-adrenal:estudos demonstram que pode haver
supressão:doses altas de CI,tempo prolongado e tipo de corticóide.
4. Crescimento:estudos demonstram uma diminuição da velocidade de crescimento no inicio do
tratamento sem no entanto afetar a estatura final.Por outro lado, a própria doença não controlada,

53
necessitando cursos de corticóide oral parece contribuir de forma mais deletéria sobre o crescimento da
criança portadora de asma.
5. Outros:miopatias, glaucoma, catarata, adelgaçamento da pele e equimoses.
Como prevenir os efeitos adversos locais dos Corticóides Inalatórios(CI)?
1. Lavar a boca, sem deglutir, após o uso dos aerossóis;
2. Usar espaçadores com os aerossóis;
3. Dar preferência a dose unica ao dia;
4. Usar a menor dose possivel de CI;
5. Técnica inalatória adequada, revisada a cada consulta.
Considerações Finais
Os corticóides inalatórios são fundamentais no tratamento do paciente portador de asma
persistente, não apresentando na maioria das vezes efeitos sistêmicos importantes.
O tratamento de manutenção com corticoide inalatorio previne as crises, e evita o uso frequente de
corticoide oral sistêmico.
O padrão ouro no tratamento da asma é o uso precoce de corticóide inalatório.
O objetivo do tratamento é o controle da doença por meio do controle da inflamação.
IV Diretrizes Brasileiras para o Manejo da Asma-2006
III Consenso Brasileiro no Manejo da Asma.Jornal de Pneumologia.Volume 28.Suplemento 1.Junho de
2002
Guia para o Manejo e a Prevenção da Asma.GINA.2006
Modelamento e remodelamento das vias respiratórias na patogênese da Asma.Stephanie M.Warner e
Darryl A. Knight:Current Opinion in Allergy and Clinical Immunology 2008, 8:44-48.
http://www.unifesp.br/dmed/pneumo/Dowload/Corticoide%20inalatorio.pdf em 09-12-2010.

Major side effects of inhaled glucocorticoids. Authors:Kenneth G Saag, MD, MSc.,Daniel E Furst,
MD.,Peter J Barnes, DM, DSc, FRCP, FRS.Section Editors Bruce S Bochner, MD. Robert A Wood,
MD. Deputy Editor.Helen Hollingsworth, MD.Last literature review version 18.2: Maio 2010 | This
topic last updated: Setembro 25, 2009 (More)

MESA REDONDA: TRANSTORNO DE HUMOR NA ENFERMARIA

- INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA COM DROGAS ANTIDEPRESSIVAS


Raphael Boechat Barros
Departamento de Clínica Médica, Universidade de Brasília

1 - Introdução:
- A depressão e os antidepressivos
A WHO (World Health Organization - Organização Mundial de Saúde) considerou, em 1990, que
a depressão maior unipolar foi a principal causa de “anos vividos com incapacitação” em países
desenvolvidos e que em 2020 será também a maior causa em mulheres também em países em
desenvolvimento (Menezes; Nascimento, 2001). Atualmente, em todo o mundo, é a quarta doença que
mais causa perda de anos de vida produtiva (Murray; Lopez, 1997a) sendo a previsão para 2020 é que
seja a segunda, atrás apenas das doenças isquêmicas do coração (Murray; Lopez, 1997b). Em um
estudo na cidade de São Paulo, um estudo apresentou a prevalência ao longo da vida de 16,8 % para
episódio depressivo segundo os critérios da CID-10 (Moreno; Dias, 2002).
Principais drogas antidepressivas, mecanismo de ação e dosagens terapêuticas (Janicak et al.,
1996, Stahl 1998, Oliveira e Sena 2006)
- Tricíclicos: inibem a recaptação de serotonina, noradrenalina, têm efeito anti-histaminíco (H1),
anticolinérgico/antimuscarínico (M1) e antagonismo alfa-adrenérgico (α1).
Drogas e dosagens: imipramina (Tofranil): 75-300 mg/dia, amitriptilina (Tryptanol): 75-300
mg/dia, clomipramina (Anafranil): 75-300 mg/dia e nortriptilina (Pamelor): 50-150 mg/dia.

54
- Inibidores da monoaminoxidase (IMAO): inibem a enzima monoaminoxidase, que metaboliza a
serotonina e a noradrenalina, aumentando assim a oferta desses neurotransmissores nas sinapses.
Drogas e dosagens: tranilcipromina (Parnat): 20-60 mg/dia e moclobemida (Aurorix): 300-600
mg/dia.
- Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS): inibem a recaptação de serotonina, com
conseqüente aumento da oferta de serotonina nas sinapses.
Drogas e dosagens: fluoxetina (Prozac): 20-80 mg/dia, sertralina (Zoloft): 50- 200 mg/ dia,
paroxetina (Aropax): 20-60 mg/dia, fluvoxamina (Luvox) 100-300 mg/dia, citalopram
(Cipramil): 20-60 mg/dia e escitalopram (Lexapro): 10-20 mg/dia.
- Inibidores seletivos da recaptação de serotonina e noradrenalina (ISRSN): inibem a recaptação de
serotonina e noradrenalina.
Drogas e dosagens: venlafaxina (Efexor): 75-375 mg/dia, mirtazapina (Remeron) 30-45
mg/dia, duloxetina (Cymbalta): 60-120 mg/dia.
- Inibidor seletivo da recaptação de noradrenalina e dopamina (ISRND): inibe a recaptação de
noradrenalina e dopamina.
Droga e dosagem: bupropiona (Wellbutrin) 300-450 mg/dia.
2 – Interações medicamentosas: Definições (Cozza, Armstrong e Oesterheld, 2003)
2.1 - Interações farmacodinâmicas:
São aquelas causadas pela influência de uma droga no efeito de outra no seu sítio final de ligação
ou receptor (ou órgão alvo). Um exemplo é a associação entre antidepressivos tricíclicos e inibidores
da MAO podendo causar a síndrome serotoninérgica central.
2.2 – Interações farmacocinéticas:
São aquelas causas pelo efeito de uma droga no trajeto da outra pelo corpo.
- Interação na absorção:
Causada por uma droga na via de entrada da outra no corpo, usualmente no trato gastrointestinal.
Podem ser influenciadas por alteração no PH gástrico, alimentos, bloqueio mecânico ou quelação e
perda da flora bacteriana local.
- Interação na distribuição
Interação de uma droga no trânsito de outra pelo corpo, caracteristicamente ocorre como resultado de
alterações nas ligações com proteínas plasmáticas.
- Interação metabólica
Alteração na biotransformação de um composto na sua forma ativa ou metabólito que será excretado.
Em geral resulta por um bloqueio ou aumento do metabolismo enzimático.
- Interação na excreção
Alteração na capacidade de eliminar uma droga inalterada ou metabolito do corpo.
2.3 – Metabolismo
- Enzimas do citocromo P 450.
Existem na natureza mais 200 enzimas do citocromo P 450, sendo que pelo menos 40 são encontradas
em humanos. As mais comuns (responsáveis por cerca de 90 % da atividade metabólica são: 1A2,
3A4, 2C9, 2C19, 2D6 e 2E1.
- Inibição enzimática:
Drogas metabolizadas por uma mesma enzima irão por vezes competir ou compartilhar os mesmos
sítios enzimáticos , uma prejudicando a metabolização da outra.
- Indução enzimática:
Uma droga pode aumentar os sítios de metabolização de outra, consequentemente aumentando a
metabolização da segunda.

55
3 – Principais drogas antidepressivas e vias de metabolização (Wynn et al, 2009):

3.1 - Inibidores seletivos de recaptação de serotonina:


Droga Sítio de metabolização Enzima inibida/processo inibido
Citalopram 2C19, 2D6, 3A4 2D6
Escitalopram 2C19, 2D6, 3A4 2D6
Fluoxetina 2C9, 2C19, 2D6, 3 A4 1 A2, 2B6, 2C9, 2C19, 2D6, 3 A4
Fluvoxamina 1 A2, 2D6 1 A2, 2B6, 2C9, 2C19, 2D6, 3 A4
Paroxetina 2D6 1 A2, 2B6, 2C9, 2C19, 2D6, 3 A4
Sertralina 2B6, 3C9, 2C19, 2D6, 3 A4 1 A2, 2B6, 2C9, 3 A4, glicuronidação

3.2 – Antidepressivos tricíclicos


Droga Sítio de metabolização Enzima inibida/processo inibido
Amitriptilina 2C19, 2DC, 3 A4, UGT1A4 2C19, 2D6
Clomipramina 2C19, 2DC, 3 A4 2D6
Imipramina 1 A2, 2C19, 2D6, 3 A4, UGT1A4, 2C19, 2D6
UGT1A3
nortriptilina 2D6 2D6

3.3 – Outros antidepressivos


Droga Sítio de metabolização Enzima inibida/processo inibido
Bupropiona 2B6 2D6
Mirtazapina 1 A2, 2D6, 3 A4 Nenhuma conhecida
Trazodona 3 A4, 2D6 Nenhuma conhecida
Venlafaxina 2D6 2D6

MENEZES, P.R.; NASCIMENTO, A. F. Epidemiologia da depressão nas diversas fases da vida. In:
LAFER, B.; ALMEIDA, O .P.; FRÁGUAS JUNIOR, R.; MIGUEL, E. C. Depressão no Ciclo da
Vida. Porto Alegre: Artmed, 2001. p.29-36.
KAPLAN, H.; SADOCK, B.; GREEB, J. Compêndio de Psiquiatria, Ciências do Comportamento e
Psiquiatria Clínica. 7.ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.1169p.
MURRAY, C.J.; LOPEZ, A.D. Global mortality, disability, and the contribution of risk factors:
Global Burden of Disease Study. Lancet, v.349, p.1436- 1442, 1997a.
MURRAY, C.J.; LOPEZ, A.D. Alternative projections of mortality and disability by cause 1990-
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JANICAK, P.G.; DAVIS, J.M.; PRESKORN, S.H.; AYD JR, F.J. Princípios e práticas em
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MORENO, D.H.; DIAS, R.S. Epidemiologia. In: MORENO, R.A; MORENO, D.H. Transtorno
Bipolar do Humor. São Paulo: Lemos Editorial, 2002. p.97-109.
STAHL, S.M. Psicofarmacologia – Bases neurocientíficas e aplicações clínicas. Rio de janeiro:
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COZZA, LK, ARMSTRONG, SC, OESTERHELD JR, Princípios da interações medicamentosas na
prática clinica,Amercican Psychiatric Publishing, Washington, 2003, 519 p
WYNN GH, COZZA, LK, ARMSTRONG, SC, OESTERHELD JR. Manual Clínico Sobre os
Princípios das Interações Medicamentosas para a Prática Médica

56
MESA REDONDA: PREVENÇÃO DO CÂNCER

- PRÓSTATA
Marcus Vinícius Osório Maroccolo
Serviço de Urologia do Hospital Universitário de Brasília, Universidade de Brasília

O câncer de próstata é a segunda neoplasia maligna mais comum em homens, sendo superado
apenas pelos tumores de pele não-melanomas, e o segundo em mortalidade, precedido apenas pelo
câncer de pulmão.
Apesar de sua alta incidência, existe um número muito maior de tumores sem significância clínica
(tumores latentes), onde alguns relatos mostram que essa forma é encontrada em autópsias em até 30%
dos homens acima de 50 anos. Entre os tumores com importância clínica, existe ainda uma grande
variação no seu comportamento biológico e no seu potencial metastático.
A incidência de tumores prostáticos diagnosticados em autópsias é semelhante nas diferentes
regiões do mundo, envolvendo diferentes etnias , contrastando com a incidência de câncer de próstata
de importância clinica, que é alta nos Estados Unidos e nos países da Escandinávia e baixa no sudeste
da Ásia. Estes achados indicam que o risco de progressão do câncer latente para a sua forma clínica
pode ser afetado por fatores exógenos.
O câncer de próstata é uma doença do envelhecimento. Seu diagnóstico é raro antes dos 50 anos,
com um pico de incidência entre 70 e 74 anos, sendo que em 85% dos casos o diagnostico é feito após
os 65 anos de idade.
A etiologia é desconhecida, porém alguns fatores de risco, além da idade, foram identificados:
Hereditariedade: o risco de desenvolvimento do câncer de próstata dobra na presença de um
parente de primeiro grau com a doença. Com 2 ou mais parentes o risco aumenta de 5 a 11 vezes.
Raça: entre a população americana, os homens da raça negra apresentam uma incidência 50%
maior em relação aos brancos.
Influência hormonal: a maioria das células prostáticas é hormônio-sensível e cresce rapidamente
na presença da testosterona. A castração reduz drasticamente o crescimento tumoral.
Hábitos de vida: vários estudos na literatura têm demonstrado uma associação entre o câncer de
próstata e uma dieta rica em gordura animal e carne vermelha. Associação inversa tem sido
demonstrada na dieta rica em soja, derivados do tomate (licopeno), selênio e vitamina E. Alguns
trabalhos relatam ainda um risco aumentado na baixa exposição ao sol devido aos níveis diminuídos
de vitamina D.
Entende-se por prevenção, um conjunto de ações que visam atuar nos fatores de risco
identificáveis que levam ao desarranjo celular que ocorre nas fases iniciais da doença. Em relação ao
câncer de próstata nem todos esses fatores podem sem alterados, como é o caso da idade,
hereditariedade e raça.
A mudança dos hábitos de vida é uma importante forma de prevenir a doença. Estudos
evidenciaram uma provável redução no risco de desenvolvimento do câncer de próstata em pacientes
que desenvolvem atividades físicas de forma regular. A redução do consumo de gorduras saturadas e o
consumo freqüente de derivados da soja, frutas e vegetais, bem como alimentos ricos em Omega-3,
vitamina E e selênio estão associadas a um menor risco de desenvolver a doença.
Diversos trabalhos, alguns ainda em andamento, relatam um papel das drogas inibidoras da
enzima 5-α redutase na prevenção dos tumores prostáticos, atuando assim no fator hormonal
relacionado com a doença.
Em relação aos fatores de risco que não podem ser alterados como idade, hereditariedade e raça, o
exame de rastreamento realizado com a dosagem do antígeno prostático específico (PSA) e com o
exame de toque retal, muitas vezes iniciado precocemente, pode desempenhar um papel fundamental
no diagnóstico precoce da doença e na decisão terapêutica adequada, aumentando assim as taxas de
cura da doença e diminuindo os efeitos adversos do tratamento.

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- O PAPEL DO HPV NA ETIOPATOGENIA DO CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO
Eliete Neves da Silva Gerra
Departamento de Odontologia, Faculdade Ciências da Saúde, UnB

Introdução: O Papilomavírus Humano (HPV) é um grupo de vírus DNA hospedeiro-específico,


com uma especificidade singular pelas células epiteliais. O vírus tem sido encontrado principalmente
no trato anogenital, uretra, pele, laringe, mucosa traqueobronquial e mucosa bucal. O papel
carcinogênico do HPV de alto risco remete principalmente a duas oncoproteínas: HPV-E6, a qual
promove a degradação do gene supressor de tumores p53, e a HPV-E7, que inativa o gene supressor
de tumor pRb. O HPV tem sido relacionado à patogênese de várias lesões bucais, como o papiloma, a
leucoplasia verrucosa, o carcinoma verrucoso e ao câncer de cavidade oral e orofaringe. Embora,
vários estudos têm descrito a importância do HPV na etiologia dessas lesões, outros trabalhos não têm
comfirmado a presença do vírus.
Objetivo: O objetivo desse estudo foi investigar a presença do HPV em lesões verrucosas bucais
que sugerem ser HPV-positivas basendo-se no exame histopatológico de rotina (H&E) e comprar com
o câncer de orofaringe.
Material e métodos: Vinte e oito lesões verrucosas bucais (13 leucopasias verrucosas com
displasia, 7 carcinomas verrucosos e 8 papilomas) e 55 carcinomas espinocelulares de orofaringe
(Tonsila) foram investigados para determinar a prevalência do HPV, usando uma nova sonda de
hibridização in situ (Ventana- USA) para detecção de HPV de alto e baixo-risco. Realizou-se ainda a
marcação imuno-histoquímica pelo p16 para verificar a associação com a presença do HPV.
Resultados: Não observou-se casos HPV-positivos de leucoplasia verrucosa, bem como nenhum
caso positivo de carcinoma verrucoso. Três casos de papiloma oral (3 de 8) foram positivos para HPV
de alto-risco e um caso positivo para HPV de baixo-risco (1 de 8). Nas lesões verrucosas bucais, não
observou-se ainda associação entre a presença de HPV e a imunomarcação para o p16. Com relação ao
carcinoma de orofaringe (tonsila), o HPV foi detectado em 47% dos casos (26 de 55). Observou-se
ainda uma forte associação entre a presença do HPV e a imunomarcação para o p16 ( p<0,001).
Conclusão: A presença do HPV não foi um achado comum nas lesões verrucosas bucais, exceto
em alguns casos de papiloma. Porém, o HPV está intimamente relaciondo à etipatogenia dos
carcinomas de orofaringe. Concluiu-se ainda, que o p16 é um bom marcador para a triagem de casos
de carcinoma de orofaringe para a avaliação da presença do HPV.
1 - Chung CH, Gillison ML. Human papillomavirus in head and neck cancer: its role in pathogenesis
and clinical implications. Clin Cancer Res. 2009 Nov 15;15(22):6758-62. Epub 2009 Oct 27.
2 - Luginbuhl A., Sanders M., Spiro JD. Prevalence, morphology, and prognosis of human
papillomavirus in tonsillar cancer. Ann Otol Rhinol Laryngol. 2009 Oct;118(10):742-9).
3- Fakhry C, Westra WH, Li S, Cmelak A, Ridge JA, Pinto H, Forastiere A, Gillison ML.Improved
survival of patients with human papillomavirus-positive head and neck squamous cell carcinoma in a
prospective clinical trial. J Natl Cancer Inst. 2008 Feb 20;100(4):261-9.
4- Acay R, Rezende N, Fontes A, Aburad A, Nunes F, Sousa S. Human papillomavirus as a risk factor
in oral carcinogenesis: a study using in situ hybridization with signal amplification. Oral Microbiol
Immunol. 2008; 23: 271–274.
5- Bagan JV, Jimenez Y, Murillo J, Gavaldá C, Poveda R, Scully C, Alberola TM, Torres-Puente M,
Pérez-Alonso M. Lack of association between proliferative verrucous leukoplakia and human
papillomavirus infection. J Oral Maxillofac Surg. 2007 Jan;65(1):46-9.

58
CONFERÊNCIA: NOVO CÓDIGO DE ÉTICA

- O NOVO CÓDIGO DE ÉTICA


Armando Otávio Vilar de Araújo
Clínica Medicina Integrada de Petrópolis, Conselho Federal de Medicina

Desde a promulgação do Código de Ética Médica (CEM) em 1988, numerosos eram os desafios
que exigiam respostas imediatas ante o avanço da ciência e da polêmica que envolve temas
conflituosos que clamam por posicionamentos norteadores por parte dos conselhos de medicina. Em
boa hora, o Conselho Federal e os conselhos regionais de medicina autorizaram a revisão do CEM. Os
desafios foram muitos, mas a vontade de contribuir impeliu os membros da Comissão Nacional de
Revisão do Código de ética médica e das comissões estaduais a caminhar juntos, buscando o melhor
para a medicina brasileira e a sociedade.
As 2.677 propostas enviadas pelos médicos e órgão representativos da sociedade foram, na
totalidade, analisadas, selecionadas, reavaliadas e submetidas à discussão. Como resultado,
vislumbramos um código com estrutura de moral máxima (princípios fundamentais do exercício da
medicina e direitos dos médicos) e mínima (normas deontológicas). As tarefas foram cumpridas ao
longo das discussões da comissão nacional, que envolveram a análise comparada dos códigos de ética
médica de outros países, estudo das resoluções exaradas pelo Conselho federal de Medicina (CFM)
desde 1988, apreciação das decisões judiciais envolvendo o CEM de 1988, incorporação de dilemas
bioéticos e a manutenção do código organizado em seu esquema clássico, composto por princípios,
direitos e deveres. Nosso código de ética contém artigos com recomendações de caráter pedagógico,
determinações deontológicas e outros com caráter deontológico e legal. Os 25 princípios fundamentais
elencados referem-se, de modo ordenado, a princípios bioéticos da universalidade, atenção à saúde,
honra e dignidade profissional, prestígio da medicina, atualização profissional, respeito à vida humana,
autonomia do médico, eficácia profissional, não mercantilização, preservação do trabalho médico,
confidencialidade, segurança do trabalho, preservação do ecossistema, saúde coletiva, solidariedade
profissional, indicação de procedimentos diagnósticos e terapêuticos, respeito interprofissional,
respeito mútuo, legalidade, natureza assistencial, autonomia do paciente, respeito à ética no fim da
vida, desenvolvimento científico com responsabilidade social, pesquisa em seres humanos e
responsabilidade com as gerações futuras.
No capítulo referente a documentos médicos, são definidos de forma clara o conteúdo dos dados
que devem fazer parte do prontuário, sua guarda e quando o médico pode liberar cópias.Também
explicita a possibilidade de o médico apresentar o prontuário em defesa própria, preservando-se o
sigilo profissional, e a obrigatoriedade de que ateste atos executados no exercício profissional, quando
solicitado pelo paciente ou por seu representante legal. O capítulo que trata do ensino e pesquisa
médica dá ênfase à necessidade da obtenção da aprovação de protocolo para realização de pesquisa em
seres humanos, de acordo com a legislação vigente, bem como a obtenção do termo de consentimento
livre e esclarecido para realização da pesquisa.
A auditoria e a perícia médica recebem atenção especial no Código com as resoluções CFM
1.614/01 e 1.635/02. O art. 95 do CEM proíbe claramente a realização de exames médico-periciais de
corpo de delito em seres humanos no interior de prédios ou dependências de delegacias de polícia,
unidades militares, casas de detenção e presídios. O Código amplia significativamente o princípio
bioético da autonomia do paciente. Veda, porém, de forma clara e precisa, a execução da eutanásia,
em qualquer circunstância, deixando, no entanto, a obrigatoriedade de o médico, em ocasiões de
doenças incuráveis ou terminais, oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis e se abster da
prática da distanásia.
Existem preceitos jurídicos e religiosos que precisam ser obedecidos. Para os exegetas da
ascendência comum do Direito e da Medicina, os dois ramos dessa árvore do conhecimento se
puseram em conflito: de um lado, o médico que tem como verdade o respeito à vida e à pessoa, que
constitui seu dever primordial, de acordo com as normas morais que a própria profissão impõe; de
outro, o ordenamento jurídico vigente. Sua atenção pode não só carreara benefícios, mas, infelizmente,
provocar resultados adversos à própria saúde do paciente, que pode se socorrer da justiça para fazer
valer seus direitos fundamentais e inalienáveis. É sempre salutar afirmar que a práxis médica se

59
fundamenta no compromisso com a vida e a saúde, na terapêutica do serviço desinteressado e na
autonomia técnico-científica.
O médico precisa assumir as condições de pai ou mãe, psicólogo, sacerdote, conselheiro e,
sobretudo, amigo. Precisa transmitir segurança ao paciente, sem nenhuma atitude arrogante. O médico
com conhecimento de suas limitações e capacidade de superá-las sempre será um bom médico.

60
CLÍNICA MÉDICA
1. MALÁRIA IMPORTADA DA ÁFRICA – RELATO DE CASO
João Barberino Santos, Anna Paula Lopes de Oliveira, Cássia Carvalho de Siqueira, Ana Helena
Germoglio
Núcleo de Medicina Tropical, Faculdade de Medicina, Universidade de Brasília, Brasília-DF.
JUSTIFICATIVA: A malária é a mais importante doença parasitária do mundo com maior
prevalência no Continente Africano, onde causa grande número de óbitos. No Distrito Federal, os
casos de malária falciparum importados da África geralmente são graves, com elevada parasitemia,
resistência aos antimaláricos de uso comum e, propensos ás complicações. OBJETIVO: Relatar caso
de malária grave por P. falciparum procedente da África. DESCRIÇÃO: W.L.V.O., 35 anos,
masculino, natural de Uruaçu-GO, residente em Brasília e procedente de Luanda-Angola. Paciente
retornou de Luanda em 23 de junho de 2010 apresentando febre alta (40°C) contínua, com sudorese e
calafrios, associada a anorexia, astenia, cefaléia, náuseas, vômitos, mialgia generalizada, dor intensa
abdominal e dispnéia moderada. Nega diarréia, oligúria, hemorragias, artralgia e convulsão. No dia 03
de julho, devido à persistência da febre, piora da dispnéia, surgimento de disfagia e odinofagia,
procurou o PS do HRAN, sendo internado no dia 04/07. Ao exame físico, palidez mucocutânea
(2+/4+), desidratação (3+/4+), icterícia (2+/4+), hepatomegalia a 4cm de RCD, esplenomegalia
dolorosa e crepitações pulmonares. O diagnóstico parasitológico de malária por P. falciparum foi feito
no dia 05/07, no LACEN, com parasitemia inicial de 200 mil parasitos/mm3. O paciente foi tratado
com artesunato (dose inicial de 2,4mg/kg, seguida de 1,2mg/kg no segundo e terceiro dias) e
clindamicina (20mg/kg/dia, durante sete dias), com queda progressiva da parasitemia. Desenvolveu
complicações de pancreatite aguda (amilase = 335 U%) e insuficiência renal aguda (uréia = 223 mg%
e creatinina = 4,9 mg%), sendo transferido para a UTI do HRSM onde permaneceu sete dias internado,
porém sem necessidade de diálise. Retornou ao HRAN em 16/07 com febre diária e hemocultura
positiva para MRSA; suspeito de estar com endocardite bacteriana, passou a fazer uso de vancomicina,
obtendo melhora clínica. CONCLUSÃO: Embora haja registros de malária grave por P. vivax, a
gravidade é geralmente determinada por P. falciparum. A atenção deve ser redobrada aos pacientes
com malária falciparum procedentes da África, pelo maior risco de complicações e de óbito
conseqüentes ás cepas quimiorresistentes determinantes de elevadas parasitemias, e agravado pelo
atraso no diagnóstico e tratamento.

2. CLÍNICA, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA MALÁRIA EM ÁREA NÃO


ENDÊMICA, DISTRITO FEDERAL, BRASIL
João Barberino Santos, Anna Paula Lopes de Oliveira, Cássia Carvalho de Siqueira, Laila Lopes de
Farias Pinho.
Núcleo de Medicina Tropical, Faculdade de Medicina, Universidade de Brasília.
JUSTIFICATIVA: O Distrito Federal, apesar de ser considerado área sem risco para contrair malária,
atende casos vindos de áreas endêmicas. OBJETIVO: Avaliar o quadro clínico, co-morbidades,
complicações, tratamento e resposta terapêutica dos casos atendidos no DF. MÉTODO: Estudo
prospectivo dos casos de malária atendidos e diagnosticados pelo Serviço de Vigilância Sanitária do
DF, no período de abril de 2009/2010. Os pacientes responderam a um questionário sobre sinais e
sintomas, diagnóstico, tratamento, e foram examinados. O diagnóstico de malária foi feito pelo
método da Gota Espessa e os pacientes foram tratados com esquemas terapêuticos preconizados pelo
Ministério da Saúde. RESULTADOS: Foram entrevistados 33 (84,6%) dos pacientes diagnosticados.
Febre (97%), calafrios (88%) e sudorese (82%) foram mais prevalentes. Outros sintomas: astenia
(88%), anorexia (82%), cefaléia (82%), mialgias (75%), dor abdominal (63%) e vômitos (48%). Os

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sinais mais encontrados foram: palidez (57%), desidratação (39%), icterícia (36%), sangramentos
(36%), esplenomegalia (21%) e hepatomegalia (15%). Apenas um paciente apresentou complicação
(hipoglicemia), devidamente corrigida. Plasmodium vivax causou 73% dos casos e P. falciparum 27%;
um paciente teve co-infecção pelas duas espécies. O tempo médio entre o início dos sintomas e o
diagnóstico foi 6,8 dias. Não houve evidência clínica de resistência medicamentosa á artemisina +
lumefantrine (contra malária falciparum) nem á cloroquina e primaquina (contra malária vivax).
CONCLUSÃO: O quadro clínico apresentado não diferiu da literatura. A baixa freqüência de hepato-
esplenomegalia pode indicar baixa gravidade e/ou precocidade do diagnóstico, corroborada pela
ausência de complicações graves e de óbitos. Profissionais médicos no DF ainda necessitam de
esclarecimentos clínico-epidemiológicos sobre malária que lhes permitam suspeita-la com mais
precocidade.

3. PERFIL SOCIOECONÔMICO E CULTURAL DE PACIENTES COM MALÁRIA EM


ÁREA NÃO ENDÊMICA, DISTRITO FEDERAL, BRASIL.
João Barberino Santos, Cássia Carvalho de Siqueira, Anna Paula Lopes de Oliveira, Laila Lopes de
Farias Pinho.
Núcleo de Medicina Tropical, Faculdade de Medicina, Universidade de Brasília.
JUSTIFICATIVA: Poucos estudos sobre características epidemiológicas dos pacientes com malária
no DF. OBJETIVO: Caracterizar o perfil sócio-econômico e cultural dos pacientes com malária
diagnosticada no DF no sentido de melhorar a suspeição diagnóstica inicial. MÉTODO: Estudo
prospectivo com pacientes diagnosticados com malária pela Vigilância Epidemiológica do DF, no
período de abril de 2009/2010. Os pacientes responderam a um questionário previamente elaborado
sobre questões pertinentes. RESULTADOS: Durante o período estudado, foram diagnosticados 39
pacientes com malária. Destes, 6 (15,4%) não participaram da pesquisa por recusa ou já haviam
deixado o DF ao tentar-se contato. Houve 26 (78,8%) pacientes do gênero masculino; a idade média
dos participantes foi 37 anos (5-69). Quanto ás condições de moradia, 22 (66,6%) moravam em casas
com paredes completas, 22 (66,6%) perto de coleções de água e 23 (69,7%) próximo a área de mata.
Apenas 3 (9,1%) pacientes negaram haver animais no peridomicílio, sendo cães e aves domésticas os
animais mais freqüentes. O uso de repelente como proteção foi referido por 21 (64,5%) pacientes; uso
de inseticida por 11 (33,3%), uso de mosquiteiro por 10 (30,3%) e uso de quimioprofilático por 6
(18,2%). A doença foi adquirida em outros países por 11 (33,3%) pacientes; os 22 (66,6%) que a
adquiriram no Brasil o foram todos na região Norte. CONCLUSÃO: A maioria dos pacientes que
chega com malária ao Distrito Federal possui boa condição sócio-econômica-cultural permitindo a
abordagem educativa com larga perspectiva de êxito. O paciente com diagnóstico de malária no
Distrito Federal é adulto jovem, do gênero masculino, visitando regiões endêmicas principalmente por
motivos laborais.

4. RELAÇÃO CLÍNICO-GENÉTICA: ANÁLISE ENTRE MUTAÇÕES NA PROTEÍNA


ARYL HIDROCARBON RECEPTOR INTERACTING PROTEIN (AIP) E SUAS
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Lucas Faria de Castro1, Lucas Mendes Oliveira1, Amanda Leite Nisiyama1, Gabriella Mendes Soares
Mota1, Luciana Ansaneli Naves²
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Departamento de Endocrinologia, Brasília, DF; 1-
Graduandos em medicina pela UnB; 2-Chefe do serviço de Endocrinologia do HUB
JUSTIFICATIVA: Os tumores hipofisários correspondem a cerca de 15% dos tumores intracranianos
sendo diversas suas manifestações clínicas, a depender da fisiopatologia da doença, que guarda relação
com alterações genéticas. As mutações em uma proteína chamada Aryl Hidrocarbon Receptor
Interacting Protein (AIP) têm demonstrado íntima relação com a rara condição Familial Isolated

62
Pituitary Adenoma (FIPA), caracterizada pelo aparecimento de tumores hipofisários familiares.
OBJETIVO: Estabelecer relação clínico-genética em pacientes portadores do FIPA em
acompanhamento no Ambulatório de Neuroendocrinologia do Hospital Universitário de Brasília
(HUB). MÉTODOS: Estudo prospectivo em coorte de quatro famílias com diagnóstico confirmado de
pelo menos dois casos de adenomas hipofisários em até três gerações, identificadas a partir de um caso
índice acompanhado no Ambulatório de Neuroendocrinologia do HUB. Foi construído um
heredograma, realizada avaliação clínica e hormonal e ressonância magnética nuclear de sela túrcica
nos casos com forte suspeita clínica. A avaliação molecular do gene da proteína AIP foi realizada após
a investigação hormonal e quando evidenciada mutação foi feito correlação com a expressão clínica
dos tumores. RESULTADOS: Das quatro famílias, as de número 1 e 2 apresentaram fenótipo clínico
heterogêneo e as famílias 3 e 4, homogêneo. As mutações exônicas da proteína AIP foram diferentes
entre as famílias, mas semelhantes entre os integrantes acometidos da mesma família. Foram
investigados 214 indivíduos, e a penetrância de mutações nessa proteína foi entre 20 e 40%. As
possibilidades de mutações nas proteínas CDKN1 e Menin foram afastadas nas 4 famílias.
CONCLUSÃO: O reconhecimento da FIPA permite a definição de uma grande variedade fenotípica,
em que tipos tumorais podem ser variáveis em cada família. As mutações na proteína AIP ocorrem em
15% das FIPA e em até 50% das famílias que possuem IFS sendo sua penetrância variável e parece
associar-se a uma maior agressividade e menor resposta terapêutica aos agonistas dopaminérgicos e
análogos da somatostatina.

5. PROGRAMA DE EDUCAÇÃO E APOIO AOS PACIENTES PORTADORES DE


ADENOMAS PITUITÁRIOS (PEAPAP).
Lucas Mendes de Oliveira1, Lucas Faria de Castro1, Amanda Leite Nisiyama1, Gabriella Mendes
Soares Mota1, Luciana Ansaneli Naves2.
1-Graduandos em medicina pela UnB; 2--Chefe do Serviço de Endocrinologia do HUB; Universidade
de Brasília, Faculdade de Medicina, Departamento de Endocrinologia, Brasília, DF
JUSTIFICATIVA: O manuseio do paciente com doença hipofisária é complexo e difícil de ser
realizado, o que tem acarretado níveis de atendimento e controle subótimo em diversas condições
endocrinológicas crônicas, além de dificuldades de aderência ao tratamento. OBJETIVOS:
Implementar no Ambulatório de Neuroendocrinologia do Hospital Universitário de Brasília (HUB),
um Programa de Apoio a Pacientes Portadores de Tumores Hipofisários (PEAPAP) oferecendo a eles
e a seus familiares suporte clinico e educacional. MÉTODOS: O programa é dirigido aos pacientes
portadores de tumores neuroendócrinos e hipotálamo-hipofisários acompanhados regularmente no
Ambulatório de Neuroendocrinologia do HUB e aos seus familiares. Os pacientes foram inscritos no
PEAPAP e convidados a reunir seus familiares de até segundo grau, e comparecer em data pré-
agendada a uma palestra de esclarecimento sobre a doença, suas complicações, possibilidades
terapêuticas e associações com outras patologias. Os pacientes foram divididos em grupos por tipo de
tumor e há acompanhamento familiar, visando o diagnóstico precoce de endocrinopatias, elaboração
de folders educativos para cada patologia, em linguagem acessível possibilitando melhor entendimento
da doença pelos pacientes, assim como de questionários para avaliação do nível de satisfação do
atendimento médico e da compreensão sobre própria doença. RESULTADOS: Pode-se perceber que
medidas do PEAPAP se mostram muito eficientes no estreitamento a relação de confiança com os
pacientes e suas famílias, aumento do nível de satisfação dos pacientes com o serviço médico e
redução da taxa de evasão do tratamento. CONCLUSÃO: Espera-se que com este trabalho a longo
prazo as informações sobre tumores hipofisários sejam mais divulgadas e conhecidas pelos pacientes e
seus familiares, e que haja ainda maior aproximação da relação médico-paciente, além da promoção de
saúde, educação e terapia em um só ambiente de forma complementar entre si.

63
6. NECROBIOSE LIPOÍDICA – RELATO DE CASO.
Elisa Raphael dos Santos, Anna Luiza Braga Plá, Pedro Rodrigues dos Reis, Ulysses Pavan Rissato,
Mônica Oliveira Piantino Lemos, Tatiana Cristina Nogueira Varella, Ana Maria Costa Pinheiro.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Unidade de Pediatria Clínica, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: A necrobiose lipoídica é uma rara doença geralmente associada ao Diabetes
Mellitus que merece atenção devido ao impacto na qualidade de vida do paciente e resistência à
terapêutica. OBJETIVO: Descrever um caso de necrobiose lipoídica com ênfase na estratégia
terapêutica empregada. DESCRIÇÃO: Paciente feminina de 35 anos com história de aparecimento de
placa eritematosa assintomática na perna direita há cinco anos. Evoluiu com novas placas de mesmo
aspecto que coalesceram e após três anos surgiram placas semelhantes na perna contralateral. Ao
exame nota-se placas eritematosas na face anterior das pernas de bordas acastanhadas e de centro
amarelado e atrófico com telangiectasias. Anatomopatológico: “necrose coagulativa circundadas por
histiócitos e células multinucleadas em meio a infiltrado inflamatório de mononuclear”, confirmando a
suspeita clínica de necrobiose lipoídica. Submeteu-se a vários tratamentos: AAS 325 mg/dia e
betametasona tópica, sem melhora. Daivonex® (calcipotriol) também sem resposta. PUVA (tópica
com gel 8-MOP a 0,05%), 36 sessões, com melhora do prurido e da hiperpigmentação. Terapia
fotodinâmica com Metvix® (ácido metilaminolevulínico), 2 sessões, sem resposta. Retornou a PUVA
(gel 8-MOP 0,1%), 10 sessões, trocado por creme, sem melhora adicional. Iniciado o uso de
Protopic® (tacrolimus) 0,1% com boa melhora clínica. CONCLUSÃO: A necrobiose lipoídica é uma
doença crônica e degenerativa do tecido conjuntivo de etiopatogenia desconhecida. Existem diversas
opções terapêuticas, porém pouco eficientes, como uso de corticóides, retinóide tópico, PUVA,
ciclosporina e cloroquina. Mostramos um caso raro de necrobiose lipoídica não diabeticorum, doença
de difícil tratamento que mostrou melhor resposta com tacrolimus e PUVA. Esse resultado é
concordante com a literatura, porém existem poucos casos relatados caracterizando baixa evidência
científica, o que indica que todos os serviços devem relatar os seus resultados para formação de banco
de dados para futuras metanálises.

7. FEBRE DE ORIGEM INDETERMINADA NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE


BRASÍLIA (1988-2008)
João Barberino Santos, Ítalo Moreira Damasceno, Leonardo Morais Paiva.
Núcleo de Medicina Tropical, Faculdade de Medicina, Universidade de Brasília, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: Febre de Origem Indeterminada (FOI) é um dos maiores desafios diagnóstico e
terapêutico na Clínica Médica e há carência de informações sobre os casos atendidos no HUB.
OBJETIVO: Determinar freqüência, principais etiologias, tempo médio de internação, terapêutica e
evolução dos pacientes com Febre de Origem Indeterminada internados no Hospital Universitário de
Brasília (HUB) nos últimos 20 anos (1988/2008). MÉTODO: Estudo retrospectivo de todos os
pacientes com critério de FOI clássica internados na enfermaria de DIP no HUB, no período de janeiro
de 1988 a dezembro de 2008, utilizando-se dos dados em prontuários. RESULTADOS: Vinte
pacientes preencheram os critérios de inclusão no estudo. O gênero masculino foi o mais acometido
(75%). O diagnóstico definitivo foi alcançado em 40%, as causas mais freqüentes foram infecciosas
(35%), seguidas pelas inflamatórias (5%); não houve casos de neoplasias. Dentre as causas
infecciosas, os diagnósticos mais freqüentes foram: febre tifóide (37,5%), CMV e toxoplasmose
ambos com 12,5%; não houve casos de tuberculose. A causa inflamatória foi Granulomatose de
Wegener. O tempo médio de internação foi 22,7 dias. Quanto à evolução, 50% tiveram regressão
espontânea; 20 % foram tratados e curados; 20% evoluíram para doença crônica; e em 5 % ocorreu o
óbito. A taxa de complicações durante a internação foi 15%: infecção hospitalar (10%) e choque
séptico (5%). Os sinais clínicos mais encontrados foram: alteração em pele e anexos (35 %),
adenomegalia, hepatomegalia e esplenomegalia isoladas (25%); hepatoesplenomegalia (20%);

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alterações da ausculta pulmonar e cardíaca (15%). Os sintomas mais apresentados foram: sintomas
gerais (95%), gastrintestinais (50%), e respiratórios (35%). Antibióticos foram usados contra doenças
infecciosas (50%) e em tratamento empírico (25%). CONCLUSÃO: A maioria dos casos de FOI no
HUB permaneceu sem diagnóstico definido. A despeito disso, a maioria teve evolução favorável (cura
sob terapia ou cura espontânea).

8. DISSOCIAÇÃO ENTRE MODULAÇÃO AUTONÔMICA CARDÍACA E CONSUMO DE


OXIGÊNIO EM ATLETAS DO MOUNTAIN BIKE
Guilherme Eckhardt Molina1,2,3, Luiz Guilherme Grossi Porto1, Keila Elizabeth Fontana2, Luiz
Fernando Junqueira Jr1.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Laboratório Cardiovascular, Brasília, DF1;
Universidade de Brasília, Faculdade de Educação Física, Laboratório Fisiologia do Exercício, Brasília,
DF2; Centro Universitário UNIEURO, Faculdade de Saúde, DF3.
JUSTIFICATIVA: A análise da variabilidade da frequência cardíaca (VFC) avalia o balanço
autonômico vago-simpático sobre o coração. Hiperatividade simpática e/ou baixa VFC podem estar
associadas à síndrome de overreaching. OBJETIVO: Analisar a VFC e o desempenho
cardiorrespiratório de atletas praticantes de mountain bike, em fase básica do treinamento,
comparativamente a indivíduos fisicamente ativos. MÉTODO: Foram avaliados 13 atletas do
ciclismo (GA - média ± sd: 27,4 ± 4,3 anos, IMC 21,6 ± 1,8 kg/m2) e 11 controles (GC - 25 ± 5,2 anos
e IMC 23,1 ± 1,4 kg/m2), todos homens, sem diferença estatística para idade (p = 0,08) e IMC (p =
0,06). Os intervalos R-R para análise da VFC foram obtidos do ECG convencional registrado durante
5 min no repouso supino e ortostático, pela manhã, após 24 horas de descanso da última sessão de
treinamento. A VFC foi analisada nos domínios do tempo e da frequência por meio de sistema próprio
do Laboratório Cardiovascular-FM/UnB. Após, foi realizado teste de esforço incremental
cardiopulmonar para a determinação do consumo máximo de oxigênio (VO2max). As variáveis
demonstraram distribuição não-normal, sendo comparadas pelo teste de Mann-Whitney, (P<0.05).
RESULTADOS: Foi observada apenas diferença significativa para a média dos intervalos RR, em
ambas as posições, supino e ortostática, (GC, 996.0 ± 155,5ms; GA, 1158,8 ± 152,2ms; p=0.02) e
(GC, 761,2 ± 104,3ms; GA, 892,5 ± 166,1ms; p=0.04), dentre os diversos índices da VFC. Como
esperado, foi verificada diferença no VO2max (GC 47,2 ± 8,4ml/kg.min; GA 71,4 ± 7,8ml/kg.min;
p=0.001).CONCLUSÃO: A maior capacidade física, traduzida pelo consumo de oxigênio em
diferentes níveis de esforço, associada com inalteração da modulação autonômica cardíaca, avaliada
pela VFC, a qual se esperaria que estivesse aumentada, sugere condição de overreaching nos atletas de
mountain bike ou repouso prévio insuficiente (24h) para avaliação do real estado da FAC desses
atletas.

9. VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA EM ATLETAS E NÃO ATLETAS NO


REPOUSO.
Guilherme Eckhardt Molina1,2,3, Luiz Guilherme Grossi Porto1, Keila Elizabeth Fontana2, Luiz
Fernando Junqueira Jr1.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Laboratório Cardiovascular, Brasília, DF1;
Universidade de Brasília, Faculdade de Educação Física, Laboratório Fisiologia do Exercício, Brasília,
DF2; Centro Universitário UNIEURO, Faculdade de Saúde, DF3.
JUSTIFICATIVA: A frequência cardíaca de repouso (FCr) observada freqüentemente em atletas de
endurance, bradicardia, tem efeito cardioprotetor. Todavia, permanece controverso na literatura se a
bradicardia esta associada com aumento do tônus vagal no coração; Diminuição do tônus simpático no
coração ou diminuição da freqüência cardíaca intrínseca. OBJETIVO: Proceder à análise da
variabilidade da frequência cardíaca (VFC) no domínio do tempo de da frequência em atletas

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comparativamente com indivíduos treinados na posição supina e na posição ortostática, quanto à
existência de alterações do balanço simpático parassimpático no nodo sinoatrial. MÉTODO: Foram
avaliados 13 atletas do ciclismo (GA - média ± sd: 27,4 ± 4,3 anos, IMC 21,6 ± 1,8 kg/m2) e 11
controles (GC - 25 ± 5,2 anos e IMC 23,1 ± 1,4 kg/m2), todos homens, sem diferença estatística para
idade (p = 0,08) e IMC (p = 0,06). Os intervalos R-R para análise da VFC foram obtidos do ECG
convencional registrado durante 5 min no repouso supino e ortostático, pela manhã, após 24 horas de
descanso. da última sessão de treinamento. A VFC foi analisada nos domínios do tempo e da
freqüência por meio de sistema próprio do Laboratório Cardiovascular-FM/UnB. A maioria das
variáveis mostrou distribuição não-normal, e foram comparadas pelo teste de Mann-Whitney, ao nível
de 5%. RESULTADOS: A FCr do GA foi significativamente menor que do GC caracterizando
bradicardia de repouso (GA 84 ± 12 bpm; GA 58 ± 9 bpm; p=0.001). Contudo, não foram verificadas
diferenças significativas entre as análises da VFC no domínio do tempo e da frequência nas posições
supino e ortostática entre os grupos. CONCLUSÃO: O resultado sugere que o treinamento físico
aeróbio dos ciclistas não está associado às alterações da respostas autonômicas cardiovasculares no
repouso, desta forma, a bradicardia observada no GA pode estar relacionada a adaptações intrínsecas
do nodo sinoatrial.

10. FREQUÊNCIA CARDÍACA E CONSUMO DE OXIGÊNIO EM DIFERENTES


INTENSIDADES DE ESFORÇO EM CICLISTAS DE ELITE E INDIVÍDUOS ATIVOS
Guilherme Eckhardt Molina1,2,3, Luiz Guilherme Grossi Porto1, Keila Elizabeth Fontana2, Luiz
Fernando Junqueira Jr1.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Laboratório Cardiovascular, Brasília, DF1;
Universidade de Brasília, Faculdade de Educação Física, Laboratório Fisiologia do Exercício, Brasília,
DF2; Centro Universitário UNIEURO, Faculdade de Saúde, DF3.
JUSTIFICATIVA: Questiona-se se a utilização da freqüência cardíaca (FC) como discriminante de
intensidade de esforço físico. OBJETIVO: Analisar a FC e consumo de oxigênio nos limiares
ventilatórios anaeróbio (LA) e ponto de compensação respiratório (LCR) de atletas de ciclismo,
comparativamente a indivíduos ativos. MÉTODO: Foram avaliados 13 atletas (GA - média ± sd: 27,4
± 4,3 anos, IMC 21,6 ± 1,8 kg/m2) e 11 controles (GC - 25 ± 5,2 anos e IMC 23,1 ± 1,4 kg/m2),
homens, sem diferença estatística para idade (p = 0,08) e IMC (p = 0,06). O registro da FC e o
consumo de oxigênio (VO2) foram obtidos durante o teste cardiopulmonar. Utilizou-se o teste de
Mann-Whiteny, para comparação entre os grupos, (P<0.05). RESULTADOS: A FC de repouso do
GA foi menor (p=0.001) que do GC. Os valores amostrais (mediana; espaço interquartílico) não
diferiram para FCLA e FCLCR entre os grupos (GC, 149; 145 – 164bpm; GA, 160; 155 – 169bpm;
p=0.07) e (GC, 185; 177 – 193; GA, 183; 182 -185; p=0.55) respectivamente. Por outro lado, o
VO2LA e VO2LCR diferiram (GC, 27,9; 22,0 - 32,2 ml/kg.min-1; GA, 51,1; 46,5 - 55,7 ml/kg.min-1;
p=0.01) entre os grupos. A variação absoluta e relativa da FC no LA (VALA; VRLA) e LCR
(VALCR; VARLCR) entre os grupos diferiram (GC, 69; 53 – 82bpm; GA, 108,5; 90,2 - 110,7bpm;
p=0.001) (GC, 77,0; 54,4 - 114,7%; GA, 182,0; 138,0 – 225,0%; p=0.001) e (GC, 96; 85 – 114bpm;
GA, 125,5; 113,2 – 134bpm; p=0.001) e (GC, 107,8; 92,3 - 151,4%; GA, 216,2; 162,3 – 280,1%;
p=0.001) respectivamente. CONCLUSÃO: A FC não diferiu entre os grupos. Os valores de VO2 nos
limiares são diferentes, apesar da semelhança da FC. A variação absoluta e relativa da FC entre os
grupos fica evidente que o GA, em relação ao GC, teve maior sobrecarga fisiológica para iguais
valores de FC absoluta.

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11. REPRODUTIBILIDADE DA ANÁLISE TEMPORAL DA VARIABILIDADE DA
FREQÜÊNCIA CARDÍACA EM INDIVÍDUOS NORMAIS, NO REPOUSO SUPINO.
Luiz Guilherme Grossi Porto, Guilherme E. Molina e Luiz Fernando Junqueira Jr.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Departamento de Clínica Médica, Laboratório
Cardiovascular, Brasília, DF
JUSTIFICATIVA: A análise da variabilidade da freqüência cardíaca (VFC) é uma metodologia não-
invasiva e poderosa para avaliação clínica da função autonômica cardíaca. OBJETIVO: Avaliar a
reprodutibilidade, em curto prazo, de índices temporais da VFC em homens clinicamente normais.
MÉTODO: Foram estudados 19 homens, com idade mediana de 30 anos (19 - 46 anos), clinicamente
normais, insuficientemente ativos e com IMC entre 18,5 e 29,9 Kg/m2. Os participantes submeteram-
se a avaliação clínico-cardiológica e ao teste de avaliação da FAC (FAC1), por meio da análise
temporal da VFC de séries temporais de 5 min de intervalos R-R do ECG (IntRR), obtidos por meio
do freqüencímetro Polar S810®, no repouso supino. Solicitou-se aos voluntários a manutenção do
estilo de vida sem qualquer modificação, por duas semanas. Após este período, novo teste da FAC foi
realizado (FAC2). A reprodutibilidade foi avaliada por meio de teste de hipótese. Dada a distribuição
não-normal de algumas variáveis, os índices temporais de FAC1 foram comparados pareadamente
com os valores obtidos na FAC2, por meio do teste de Wilcoxon, ao nível de 5%. RESULTADOS: O
número de IntRR em FAC1 (1005; 778-1343 ms) foi semelhante (p=0,09) ao observado em FAC2
(990; 730-1168 ms). Valores semelhantes (p=0,01) também observados no desvio padrão dos IntRR
entre FAC1 (56,4; 25,3 – 130,4 ms) e FAC2 (52,0; 21,8 – 123,3 ms). O mesmo ocorreu com os valores
do coeficiente de variação em FAC1 (5,4; 2,7 – 11,8ms) e FAC2 (5,5; 2,7 – 11,5ms // p=0,12); do
PNN50% em FAC1 (30,0; 1,3 – 74,6%) e FAC2 (9,8; 0,3 – 69,3% // p=0,19) e no rMSSD em FAC1
(46,0; 17,3 – 153,3ms) e FAC2 (33,8; 16,7 – 142,8ms // P=0,11). CONCLUSÃO: Observou-se
adequada reprodutibilidade de índices temporais da VFC, em homens clinicamente normais, em
seguimento de duas semanas sem modificação do estilo de vida.

12. ANÁLISE DA SOBREVIDA DE ENXERTOS E RECEPTORES DE TRANSPLANTES


RENAIS REALIZADOS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA (HUB)
Bruno Pereira Teixeira, Natalia de Carvalho Trevizoli, Pedro Mendes de Oliveira Filho, Flávia Lara
Barcelos, Inara Creão da Costa, Raimundo Antonio Cardoso Junior, Gustavo João Sebba, Rômulo
Maroccolo Filho, Flávio José Dutra de Moura, Giuseppe Cesare Gatto.
Universidade de Brasília, Hospital Universitário de Brasília, Centro de Transplante, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: Avaliar a sobrevida de enxertos e receptores de transplantes renais realizados no
HUB. OBJETIVO: Analisar as sobrevidas de enxertos e de receptores dos transplantes renais
realizados no HUB, bem como a influencia das variáveis tipo de doador e idade do receptor nestas
sobrevidas. MÉTODO: Estudo do tipo observacional, onde foram revisados os casos clínicos de todos
os pacientes submetidos a transplante renal no HUB desde 2006. Calculou-se as sobrevidas de
pacientes e de enxertos por meio da Curva de Sobrevida de Kaplan-Meier. Foi realizado análise
multivariada de sobrevida das variáveis tipo de doador (vivo e cadáver) e idade do receptor utilizando
o Modelo de Regressão de Cox. RESULTADOS: De um total de 41 pacientes, 10 foram receptores
de doador cadáver (DC) e 31 de doadores vivos relacionados(DVR). A sobrevida geral do receptor em
1, 6 e 12 meses foi 97,5%, 92% e 90% , respectivamentede. Analisando os subgrupos, nos receptores
de doadores vivos a sobrevida nesse mesmo período foi 100%, 93% e 90% e nos receptores de doador
cadáver 90%, 90% e 90%. Quanto à sobrevida do enxerto, nos receptores de DC essa sobrevida foi de
100% num período de seguimento médio de 10 meses, e nos receptores de DVR a sobrevida de
enxerto foi de 90% num período de seguimento médio de 18 meses. Não houve influência da idade do
receptor na sobrevida dos enxertos. CONCLUSÃO: A sobrevida dos receptores foi maior quando o
doador era do tipo DVR, dado compatível com as características do preparo de cada tipo de

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transplante. Em relação a sobrevida renal, esta foi maior em paciente do tipo doador cadáver, porém a
amostra bem inferior desse tipo de transplante, dificulta a retirada de conclusões sobre esse dado.

13. PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES SUBMETIDOS A TRANSPLANTE


RENAL NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA (HUB)
Bruno Pereira Teixeira, Natalia de Carvalho Trevizoli, Pedro Mendes de Oliveira Filho, Flávia Lara
Barcelos, Inara Creão da Costa, Raimundo Antonio Cardoso Junior, Gustavo João Sebba, Rômulo
Maroccolo Filho, Flávio José Dutra de Moura, Giuseppe Cesare Gatto.
Universidade de Brasília, Hospital Universitário de Brasília, Centro de Transplante, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: Estabelecer um perfil dos pacientes submetidos a transplante renal no HUB.
OBJETIVO: Analisar o perfil quanto à idade, sexo, tipo de doador e tempo de seguimento, em meses,
de pacientes submetidos a transplante renal no Hospital Universitário de Brasília. MÉTODO: Estudo
do tipo descritivo. Os dados foram obtidos por revisão dos prontuários dos pacientes submetidos a
transplante renal no HUB desde setembro de 2006 a agosto de 2010. RESULTADOS: De um total de
41 pacientes transplantados em nosso serviço, 68% eram do sexo masculino, sendo a média de idade
38 anos. Quanto ao tipo do doador, a maioria (75%) foi do tipo Doador Vivo Relacionado e 25% do
tipo Doador Cadáver. O tempo de seguimento médio até a data de 21/08/10, foi de 17 meses, variando
de zero dia até 48 meses. CONCLUSÃO: Em nosso serviço, a maioria dos pacientes transplantados
pertencia ao sexo masculino, apesar de não haver diferença significante entre o sexo em relação aos
pacientes em diálise no Brasil. A média de idade foi de 38 anos, sendo uma média ligeiramente mais
baixa em relação a outros estudos. Os doadores vivos foram responsáveis pela maioria dos casos,
embora no Distrito Federal a diferença entre vivos e falecidos não seja significante. Com o aumento
do número de pacientes em seguimento pré – transplante doador cadáver em nosso ambulatório, essa
proporção vem gradativamente se invertendo.

14. PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA RENAL


AGUDA EM BRASÍLIA
Bruno Pereira Teixeira, Natalia de Carvalho Trevizoli, Pedro Mendes de Oliveira Filho, Flávia Lara
Barcelos, Inara Creão da Costa, Raimundo Antonio Cardoso Junior, Gustavo João Sebba, Flávio José
Dutra de Moura, Giuseppe Cesare Gatto.
Universidade de Brasília, Hospital Universitário de Brasília, Serviço de Nefrologia HUB - UnB, DF.
JUSTIFICATIVA: A Insuficiência renal aguda é caracterizada pela súbita diminuição da função do
rim, ocasionando elevação das escórias nitrogenadas e perda da regulação dos eletrólitos e do volume
extracelular e do equilíbrio ácido-base. A IRA é geralmente uma doença do paciente hospitalizado. A
incidência em ambiente hospitalar encontrada na literatura varia entre 2 a 7%, correlacionando-se a
choque séptico, hipovolemia, uso de aminoglicosídeos, insuficiência cardíaca, uso de contrastes
radiológicos, pós-operatórios, idade avançada, doença hepática, nefropatia pré-existente e diabetes. A
incidência de IRA vem aumentando, o que se relaciona com o aumento da incidência de sepse e
internação em UTI. OBJETIVO: Avaliar, nos pacientes com IRA, as seguintes variáveis clínico-
epidemiológicas: idade, gênero, etnia e modalidade de diálise realizada. METODOLOGIA: Estudo
retrospectivo, a partir de dados obtidos dos prontuários de pacientes atendidos no período de Janeiro
de 2005 a dezembro de 200, processados no Microsoft Excel. RESULTADOS: Foram incluídos 1801
pacientes atendidos em vários hospitais de Brasília. Os pacientes do sexo masculino representaram
53,4% do total. A maioria dos pacientes foi classificada como brancos (63,4%), sendo esta a etnia
mais prevalente. A idade dos pacientes variou entre <1 ano a >90 anos, sendo que 46% dos pacientes
estavam na faixa etária de 60 a 79 anos. Em relação ao método de diálise empregado, 88,8% dos
pacientes foram submetidos à hemodiálise. CONCLUSÃO: O estudo demonstrou o perfil clínico-
epidemiológico dos pacientes atendidos em diversos hospitais de Brasília, em um período de 5 anos,

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refletindo as características da doença no Distrito Federal e em regiões próximas. Tais características
se mostraram condizentes com o perfil encontrado na literatura.

15. EVOLUÇÃO NO DECORRER DOS ANOS NA QUANTIDADE DE TRANSPLANTES


RENAIS REALIZADOS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA
Bruno Pereira Teixeira, Natalia de Carvalho Trevizoli, Pedro Mendes de Oliveira Filho, Flávia Lara
Barcelos, Inara Creão da Costa, Raimundo Antonio Cardoso Junior, Gustavo João Sebba, Rômulo
Maroccolo Filho, Flávio José Dutra de Moura, Giuseppe Cesare Gatto.
Universidade de Brasília, Hospital Universitário de Brasília, Centro de Transplante, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: Nos últimos anos, houve em nosso país, um aumento de políticas direcionadas
para o incentivo da doação de órgão sólidos. Tal fato vem se refletindo em um curva ascendente do
número de transplantes renais no Brasil. OBJETIVO: Avaliar a evolução quanto ao número de
transplantes renais realizados no HUB no decorrer dos anos e dimensionar a parcela de contribuição
do HUB em relação ao DF, e do próprio DF frente ao cenário nacional MÉTODO: Estudo do tipo
descritivo. Feito levantamento de todos os transplantes renais realizados no HUB e do número de
transplantes renais realizados no DF e no Brasil, desde 2006 até junho deste ano. Os dados foram
obtidos no Registro Brasileiro de Transplantes. RESULTADOS: Nos anos de 2006, 2007, 2008, 2009
e 2010 foram realizados, respectivamente, 3, 9, 7, 13 e 9 transplantes no HUB, totalizando 41. Isso
representa 17% do total de transplantes renais realizados no DF (234 transplantes) neste mesmo
período. Em 2007 o DF foi responsável por 1% dos transplantes renais realizados no Brasil. Em 2010
esse percentual corresponde a 1,7% até o momento. Em 2006 foram realizados 3278 transplantes
renais no Brasil. Em 2009 esse número subiu para 4281. CONCLUSÃO: O número de transplantes
renais realizados no Brasil nos últimos 5 anos vem aumentando progressivamente, assim como
também tem aumentado a participação do DF neste contexto. O HUB acompanha essa tendência de
crescimento, o que é visto principalmente nos últimos 3 anos.

16. ANÁLISE DA MORTALIDADE ENTRE OS PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA


RENAL AGUDA EM BRASÍLIA
Bruno Pereira Teixeira, Natalia de Carvalho Trevizoli, Pedro Mendes de Oliveira Filho, Flávia Lara
Barcelos, Inara Creão da Costa, Raimundo Antonio Cardoso Junior, Gustavo João Sebba, Flávio José
Dutra de Moura, Giuseppe Cesare Gatto.
Universidade de Brasília, Hospital Universitário de Brasília, Serviço de Nefrologia HUB - UnB,
Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: A injúria renal aguda é uma complicação comum de várias patologias, e afeta 2 a
7% dos pacientes hospitalizados e mais de 35% dos pacientes críticos. A terapia de substituição renal é
a base para o tratamento dos doentes com lesão renal aguda severa, sendo necessária em até 6% dos
pacientes críticos e associada à mortalidade intra-hospitalar de 50 a 80%. A despeito do avanço de
novas técnicas de terapia intensiva e de métodos dialíticos contínuos, a mortalidade permanece alta.
As evidências, até o presente momento, mostram que a sobrevivência ou morte dos pacientes em UTIs
depende mais dos fatores relacionados ao paciente do que das formas de diálise empregadas.
OBJETIVO: Avaliar as taxas de mortalidade nos pacientes com insuficiência renal aguda e com
insuficiência renal crônica submetidos a métodos dialíticos em unidade de terapia intensiva.
METODOLOGIA: Estudo retrospectivo, a partir de dados obtidos dos prontuários de pacientes
atendidos no período de Janeiro de 2005 a Dezembro 2009. Os dados foram armazenados e
processados no Microsoft Excel. RESULTADOS: Foram incluídos 1801 pacientes atendidos em
vários hospitais de Brasília, sendo que 54,8% apresentaram IRA e 45,19% foram caracterizados como
portadores de IRC prévia. Do total de pacientes 49,9% foram à óbito, sendo que 4 pacientes
apresentaram este desfecho durante o procedimento dialítico. A taxa de mortalidade geral para o total
de pacientes submetidos a métodos dialíticos de urgência foi de 66,4%. Nos pacientes com IRA a
mortalidade foi de 66,7%, enquanto que nos pacientes com IRC 30%. CONCLUSÃO: Os dados
encontrados, assim como os disponíveis na literatura, confirmam a Insuficiência renal aguda dialítica
como fator de mal prognóstico em unidade de terapia intensiva, mesmo com os significativos avanços
das máquinas de hemodiálise.

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17. TRANSTORNO DE TIQUE – RELATO DE CASO E REVISÃO DA LITERATURA
Simone Lespinasse Araújo, Diego Martins de Mesquita, Fernanda Seabra Simões Resende, Temidayo
Omolara Otomosho.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Ambulatório de Psiquiatria, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: Existe inúmeros casos de transtorno de tique sem diagnóstico ou cuja
sintomatologia é atribuída a outros diagnósticos. Destaca-se tal caso pela sua representatividade.
OBJETIVO: Relatar caso de transtorno de tique diagnosticado e acompanhado no ambulatório de
Psiquiatria do Hospital Universitário de Brasília. DESCRIÇÃO: HDS, 20 anos, masculino, solteiro,
estudante, natural de Brasília-DF, residente e procedente do Gama-DF, queixa-se de “movimentos
involuntários há 13 anos”. Refere que há 13 anos apresenta movimentos involuntários em pescoço e
braço esquerdo. Os movimentos são diários, constantes, interrompidos em alguns momentos, sem
fatores desencadeantes ou de piora. Relata piora progressiva dos movimentos involuntários. Refere
acompanhamento neurológico neste serviço há 2 anos, com diagnóstico de coréia, sendo tratado com
Rivotril ½ e Orap 1mg por dia. Nega sialorréia, diarréia, coprolalia ou qualquer outra sintomatologia
associada. Antecedentes: infecção de garganta de repetição e asma na infância. Nega etilismo,
tabagismo, consumo de drogas ilícitas e demais patologias. Ao exame: boa apresentação, fáscies
atípica, atitude adequada durante a entrevista, contato adequado com o examinador, com movimentos
involuntários em cabeça e braço esquerdo. Sem demais alterações. CONCLUSÃO: A síndrome de
Tourette foi descrita em 1885, tem prevalência de 4 a 5:10.000 e acomete preferencialmente o sexo
masculino (3:1). Pode começar como transtorno motor aos 7 anos, tiques aos 11 anos, sendo de
herança autossômica dominante. Sua base fisiopatológica é a exacerbação dopaminérgica central. A
história clínica completa é fundamental para o diagnóstico correto.

18. DIFICULDADE TERAPÊUTICA NA CONDUÇÃO DE PACIENTE COINFECTADO


HIV/LEISHMANIOSE TEGUMENTAR – RELATO DE CASO.
Carolina Barbosa Bruno, Anglya Samara Silva Leite Coutinho, Jorgeth de Oliveira Carneiro da Motta,
Carmen Déa Ribeiro de Paula, Cláudia Porto, Raimunda Nonata Ribeiro Sampaio.
Universidade de Brasília/Hospital Universitário de Brasília/Departamento de Clínica Médica/Serviço
Dermatologia
JUSTIFICATIVA: Relatar a dificuldade no tratamento de pacientes coinfectados HIV/Leishmaniose
Tegumentar através de caso clínico. OBJETIVO: Comunicar dificuldade terapêutica da Leishmaniose
Tegumentar em paciente portador do vírus HIV. MATERIAL E MÉTODOS: Paciente masculino, 37
anos, portador do vírus HIV há 24 anos em uso de tenofovir, lamivudina e efavirenz. Em 2003 teve o
diagnóstico de Leishmaniose Tegumentar e, desde então, já apresentou várias formas clínicas da
leishmaniose: forma cutânea com a úlcera clássica, Leishmaniose disseminada e quadro clínico de
possível visceralização, quando apresentou febre, astenia, perda de peso, hepatoesplenomegalia,
pancitopenia e hipoalbuminemia. Entretanto, o esfregaço, a cultura e o PCR para leishmania foram
negativos. Tratado com N-metil glucamina isolado e associado à pentoxifilina, desoxicolato de
anfotericina B e anfotericina B lipossomal. Desenvolveu cardiotoxicidade com o uso da N-metil
glucamina dose de 20mg Sbv/Kg/dia, nefrotoxicidade com o uso do desoxicolato de anfotericina B e
falha terapêutica após vários ciclos de anfotericina B lipossomal. CONCLUSÃO: A coinfecção
HIV/Leishmaniose é uma condição emergente e o seu tratamento é um desafio. O paciente apresentou
efeitos colaterais importantes, várias recidivas mesmo com contagem de células CD4 normal, falha
terapêutica após vários ciclos de Anfotericina B Lipossomal e necessidade de profilaxia secundária. A
grande incidência de eventos adversos com as medicações, a alta taxa de recidiva, a necessidade de

70
profilaxia secundária, a pouca disponibilidade de drogas menos tóxicas e de mais fácil aplicação e a
falta de estudos que orientem a condução destes pacientes tornam o seu tratamento um desafio.

19. RELATO DE UM CASO DE PSEUDOXANTOMA ELÁSTICO


Carolina Barbosa Bruno, Tatiana Varella, Fernanda Nóbrega Cordeiro, Anglya Samara Silva Leite
Coutinho.
Universidade de Brasília/Hospital Universitário de Brasília/Departamento de Clínica Médica/Serviço
de Dermatologia
JUSTIFICATIVA: Relatar um caso de uma doença rara que pode evoluir com comprometimento
sistêmico grave. OBJETIVO: Relatar um caso de Pseudoxantoma elástico. DESCRIÇÃO: Mulher,
46 anos, hipertensa, comparece ao ambulatório de dermatologia e relata pele flácida desde a infância
com piora progressiva. Negava uso de medicações sistêmicas. Dois irmãos com quadro
semelhante.Exame de pele detectou flacidez na axila, virilha e pescoço, diminuição da consistência e
coloração amarelada. Pápulas amareladas coalescentes em padrão de pedra de calçamento no pescoço.
O exame histopatológico de axila mostrou epiderme habitual. Derme reticular média e profunda com
fibras elásticas espessadas e fragmentadas que se coram em negro pelo método de Verhoeff.
CONCLUSÃO: O Pseudoxantoma elástico é uma doença hereditária rara com comprometimento
multissistêmico em pele, olhos e sistema cardiovascular causada pela mineralização progressiva do
tecido elástico. É uma doença universal com prevalência estimada em 1/100.000 habitantes, sendo
maior em judeus. Tem padrão de herança autossômica recessiva na maioria dos casos, embora tenha
alguns relatos de padrão autossômico dominante. É decorrente de uma mutação no gene ABCC6 que
codifica uma proteína com provável ação na detoxificação celular, o que leva alguns autores a
acreditarem que o pseudoxantoma elástico seria primariamente uma doença metabólica. Sua maior
importância está no diagnóstico precoce pois está associada a grave morbidade e mortalidade
cardiovascular e oftalmológica, entre elas infarto agudo do miocárdio, acidente vascular encefálico,
doença vascular periférica como claudicação intermitente e perda da visão por hemorragia retiniana. É
essencial acompanhamento multidisciplinar para os portadores do pseudoxantoma elástico a fim de
evitar todas estas complicações. Relata-se um caso de pseudoxantoma elástico, uma doença rara e que
teve seu diagnóstico feito tardiamente, o que poderia ter comprometido a qualidade de vida da
paciente.

20. TRATAMENTO DA LEISHMANIOSE TEGUMENTAR FORMA MUCOSA – RELATO


DE UM CASO COM RESPOSTA INSATISFATÓRIA APÓS USO DA ANFOTERICINA B
LIPOSSOMAL.
Carolina Barbosa Bruno, Anglya Samara Silva Leite Coutinho, Jorgeth de Oliveira Carneiro da Motta,
Carmen Déa Ribeiro de Paula, Cláudia Porto, Raimunda Nonata Ribeiro Sampaio.
Universidade de Brasília/Hospital Universitário de Brasília/Departamento de Clínica Médica/Serviço
Dermatologia
JUSTIFICATIVA: Apresentar um caso de falha terapêutica da Anfotericina B Lipossomal no
tratamento da Leishmaniose mucosa OBJETIVO: Comunicar um caso de leishmaniose mucosa que
não respondeu ao tratamento com Anfotericina B Lipossomal. DESCRIÇÃO: Paciente do sexo
feminino, 75 anos, com história de úlcera com resolução espontânea em perna aos 7 anos de idade
após picada de inseto. Aos 47 e 51 anos, teve diagnóstico de leishmaniose mucosa tratada com sucesso
com medicação que não sabe informar no primeiro episódio e, aos 51 anos, tratada com 2g de
pentamidina. Aos 74 anos foi diagnosticada novamente com leishmaniose mucosa. Além disso,
apresentava diabetes melllitos controlado com hipoglicemiante oral, hipertensão arterial controlada
com diurético e artrite reumatóide em uso de difosfato de cloroquina e prednisona 5mg/dia. Por todas
as co-morbidades apresentadas e um Clearance de creatinina estimado 30ml/min, optou-se pelo
tratamento com Anfotericina B Lipossomal. Após dose total de 3g e suspensão da prednisona, não
obteve melhora da lesão. Iniciado tratamento com N-metil glucamina na dose 5mg SbV/Kg/dia
associado a pentoxifilina 1200mg/dia com excelente resposta clínica. CONCLUSÃO: A anfotericina
B é considerada droga de segunda linha no tratamento da leishmaniose tegumentar. A anfotericina em
suspensão coloidal é indicada pelo Ministério da Saúde quando não se obtém resposta com o

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antimonial ou quando o mesmo está contraindicado. Entretanto, a sua forma lipossomal não está
registrada na Agência Nacional de Vigilância Sanitária para uso na Leishmaniose Tegumentar, apesar
do acúmulo de experiências encontradas na literatura, sendo o seu uso off-label na leishmaniose
tegumentar. O antimonial, por outro lado, é droga de primeira linha com vários estudos bem
conduzidos comprovando sua eficiência, mesmo em esquemas alternativos. Ensaios clínicos são
necessários para melhor orientação no uso da Anfotericina B lipossomal na Leishmaniose
Tegumentar.

21. PROTOTECOSE CUTÂNEA: RELATO DE CASO.


Carolina Barbosa Bruno, Fernanda Nóbrega Cordeiro, Anglya Samara Silva Leite Coutinho, Carmen
Déa Ribeiro de Paula.
Universidade de Brasília/Hospital Universitário de Brasília/Departamento de Clínica Médica/ Serviço
de Dermatologia.
JUSTIFICATIVA: Relato de infecção rara causada por alga. OBJETIVO: Relato de condição rara e
que faz diagnóstico diferencial com infecções fúngicas. DESCRIÇÃO: Mulher, 65 anos, procedente
de Valparaíso-GO, ex-lavradora na Bahia (há 22 anos) e que tem como hobbie a jardinagem. Referia
lesão no rosto com crescimento progressivo, sensação de ardência e prurido. Usou clobetasol tópico
sem melhora. Ao exame apresentava placa vegetante bem delimitada, eritematoacastanhada em
bochecha direita. Realizado exame histopatológico que identificou estruturas compatíveis com
Paracoccidioides brasiliensis. Iniciado tratamento com sulfametoxazol-trimetoprim. Evoluiu com
progressão das lesões no braço direito. Novo exame histopatológico demonstrou inflamação
granulomatosa associada a estruturas arredondadas, algumas com endosporulação e positiva nas
colorações de Ácido Periódico Schiff e Grocott. A cultura de framento de pele identificou Prototheca
spp. O teste de assimilação dos açucares especificou Prototheca wickerhamii. CONCLUSÃO: A
Prototecose cutânea é uma infecção rara causada por algas do gênero Prototheca. São algas
aclorofiladas distribuidas universalmente: vegetações, solo, água, animais e alimentos. Também
coloniza a pele, as unhas, o trato respiratório e gastrointestinal dos homens. É um patógeno
oportunista, que provoca infecção em imunocomprometidos. A infecção ocorre através de inoculação
traumática na pele, contato de pele lesada com água contaminada e trauma por picada de inseto. São
observadas três formas clínicas: cutânea, articular e sistêmica ou disseminada. A forma cutânea é a
mais comum e a articular se apresenta como burstite olecraniana. O diagnóstico é feito através de
exame histopatológico e identificação da espécie por testes específicos. O diagnóstico diferencial é
feito com infecções fúngicas e, principalmente com o Paracoccidioides brasiliensis. O tratamento de
escolha é a anfotericina B, mas também podem ser utilizados os azóis: fluconazol, voriconazol e
itraconazol, que apresentam atividade moderada. Há cerca de 119 casos no mundo e sete casos no
Brasil, sendo este o segundo caso diagnosticado no Distrito Federal.

22. FIBROHISTIOCITOMA MALIGNO ASSOCIADO À HIPOGLICEMIA –RELATO DE


CASO.
Cláudia Ottaiano Rodrigues, Marcos Vinicius da Silva França, João Nunes de Matos Neto, Gabriela
Aquino Schneider, Alcir Galdino de Oliveira Filho, Anna Paula Lopes de Oliveira, Pedro Manzke de
Carvalho.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Serviço de Oncologia Clinica, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: A ocorrência de hipoglicemia em pacientes portadores de tumores intratorácicos
foi descrita em 1930 por Doege e Potter. Desde então outros tumores de linhagem mesenquimal vem
sendo descritos como responsáveis por episódios de hipoglicemia. O fibrohistiocitoma maligno é
descrito como causa de hipoglicemia em um número restrito de casos na literatura. OBJETIVO:
Relatar um caso de fibrohistiocitoma maligno associado à hipoglicemia. DESCRIÇÃO: Paciente de
52 anos, feminina, admitida em 2007 no Pronto Socorro do Hospital Universitário de Brasília com

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dispnéia de repouso há três meses. Apresentava piora progressiva dos sintomas, associados a dor
torácica ventilatório-dependente e tosse seca. Tomografia de tórax evidenciou lesão tumoral
mediastinal com extensão para veia cava superior e átrio direito. Paciente evolui com episódio de
hipoglicemia (16 mg/dl) corrigido após aporte com soro glicosado a 50%. Durante a internação para
investigação a paciente cursou com episódios repetidos de hipoglicemia sintomática. Foram
realizadas, durante hipoglicemia, as dosagens de glicose e Insulina sérica. Os resultados mostraram
tratar-se de hipoglicemia hipoinsulinêmica. Foi realizada biópsia da tumoração torácica com
diagnóstico histopatológico e imunohistoquímico de Fibrohistiocitoma Maligno. Iniciada
dexametasona por via oral, com controle parcial das glicemias. Paciente recebeu o primeiro ciclo de
quimioterapia baseada em Ifosfamida e Adriamicina. No entanto houve piora do quadro respiratório e
óbito no 35° dia de internação. CONCLUSÃO: O fibrohistiocitoma maligno primário de pulmão é
uma neoplasia pouco comum e que pode estar associada à hipoglicemia hipoinsulinêmica.

23. ATRASO NO ESTADIAMENTO E INÍCIO DE TRATAMENTO DOS PACIENTES COM


CÂNCER DE RETO LOCALIZADO TRATADOS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE
BRASÍLIA EM 2009
Claudia Ottaiano Rodrigues, Alcir Galdino de Oliveira Filho, Anna Paula Lopes de Oliveira, Pedro
Manzke de Carvalho, João Nunes de Matos Neto
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Serviço de Oncologia Clinica, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: A literatura médica recomenda amplamente o tratamento neoadjuvante como
modalidade terapêutica padrão nos pacientes com câncer de reto localizado. Um adequado
estadiamento é fundamental para decisão terapêutica. No entanto, o atraso do início do tratamento é
um achado comum entre pacientes atendidos no Sistema Único de Saúde. OBJETIVO: Avaliar a
média de dias entre o diagnóstico e o início do tratamento dos pacientes com câncer de reto tratados
com quimioterapia e radioterapia neoadjuvante no Serviço de Oncologia do Hospital Universitário de
Brasília no ano de 2009. MÉTODO: Foi realizado um estudo longitudinal, descritivo e retrospectivo
dos pacientes com câncer de reto localizado tratados no ambulatório de tumores colorretais.
RESULTADOS: Nove pacientes realizaram tratamento neoadjuvante. A média de tempo entre o
início dos sintomas e a primeira consulta no serviço de oncologia foi de 202,125 dias, variando entre
66 e 373 dias. A média de dias entre o diagnóstico e a primeira consulta foi de 50,55 dias, sendo o
mínimo de 17 dias e o máximo de 151. A média entre os primeiros sintomas e a realização da
colonoscopia foi 142,125 dias (32 – 233 dias). Nenhum paciente foi diagnosticado por rastreamento. O
número de dias entre a primeira consulta e o início da quimioterapia foi, em média, de 22,75 dias (11 –
39 dias). CONCLUSÕES: O tratamento neoadjuvante realizado pelo Serviço de Oncologia do
Hospital Universitário de Brasília ainda apresenta atraso no diagnóstico, estadiamento e início do
tratamento em relação aos serviços de excelência.

24. AVALIAÇÃO DA RESPOSTA CLÍNICA COMPLETA DOS PACIENTES COM CÂNCER


DE RETO LOCALIZADO TRATADOS COM QUIMIOTERAPIA E RADIOTERAPIA
NEOADJUVANTE NO SERVIÇO DE ONCOLOGIA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE
BRASÍLIA NO ANO DE 2009.
Claudia Ottaiano Rodrigues, Alcir Galdino de Oliveira Filho, Anna Paula Lopes de Oliveira, Pedro
Manzke de Carvalho, João Nunes de Matos Neto.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Serviço de Oncologia Clinica, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: A radioterapia concomitante à quimioterapia neoadjuvante é o tratamento padrão
para o câncer de reto ressecável no Serviço de Oncologia do Hospital Universitário de Brasília.
Numerosos estudos têm descrito taxas de respostas clínicas completas em torno de 20% com o uso
desta modalidade de tratamento. OBJETIVO: Avaliar a taxa de resposta clínica completa nos
pacientes com Câncer de reto tratados com quimioterapia e radioterapia neoadjuvante no Serviço de

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Oncologia do Hospital Universitário de Brasília no ano de 2009. MÉTODO: Foi realizado um estudo
longitudinal, descritivo e retrospectivo dos pacientes com câncer de reto localizado tratados com
quimioterapia e radioterapia neoadjuvante no Serviço de Oncologia do Hospital Universitário de
Brasília no ano de 2009. RESULTADOS: Foram tratados 63 pacientes com câncer colorretal. Trinta e
dois pacientes eram portadores de câncer de reto. Nove pacientes realizaram tratamento neoadjuvante.
A resposta ao tratamento foi avaliada por exame proctológico e descrita como resposta completa,
parcial ou progressão de doença. Seis pacientes tiveram resposta clínica ao tratamento, dos quais 03
pacientes obtiveram resposta clínica completa. Houve duas progressões da doença e um paciente não
foi avaliado por perda de seguimento. CONCLUSÕES: O tratamento neoadjuvante realizado pelo
Serviço de Oncologia do Hospital Universitário de Brasília obteve taxas de resposta similares às
descritas na literatura médica de outros centros de referencia.

25. SÍNDROME NEFRÓTICA PERSISTENTE EM MIELOMA MÚLTIPLO


Viviane Alves Leite, Eduardo Flávio Oliveira Ribeiro, Paulo Henrique da Costa Corá, Vinicius de
Oliveira Boaventura, Cássia Maria Melo Souza, Marina Labarrere de Albuquerque, Matheus Serapião
Mendes, Afonso Lucas Nascimento, Ronaldo Antônio Filho, Vitorino Modesto dos Santos.
Hospital das Forças Armadas – HFA e Universidade Católica de Brasília – UCB, Departamento de
Clínica Médica, Brasília-DF.
JUSTIFICATIVA: Mieloma múltiplo corresponde a 1% das as neoplasias malignas e associa-se com
síndrome nefrótica em cerca de 5% dos casos. Enfatizar proteinúria persistente após resposta
terapêutica do mieloma múltiplo. OBJETIVOS: Relatar caso de mieloma múltiplo evoluindo com
síndrome nefrótica. DESCRIÇÃO: Homem de 69anos, pardo, portador de HAS e DM, apresentando
dor óssea difusa intensa há 20 dias, associada com astenia e perda ponderal de 5kg no período.
Antecedente de hipertrofia prostática em investigação. Exames complementares revelaram: anemia
(Hb 8,0; Ht 24,9; VCM 103, CHCM 32); VHS 120; comprometimento da função renal (creatinina 2,0;
uréia 70); proteinúria com níveis nefróticos (13g/24h); hipercalcemia (1,45); e elevação de PSA
(42,08). Cintilografia de corpo inteiro e RNM de coluna vertebral mostraram lesões degenerativas
osteoarticulares em vértebras cervicais com compressão medular entre C4-C5. Radiografia de crânio,
pelve e coluna vertebral evidenciaram osteopenia difusa, sem lesões líticas. Eletroforese de proteínas
evidenciou pico monoclonal e o mielograma mostrou 92% de plasmócitos e 1% de eritrócitos. Tratado
com dexametasona (40mg/dia) e eritripoetina (40.000UI semanais) houve melhora da dor, sem
necessidade de transfusão sanguínea e com normalização da função renal após três ciclos de
corticoterapia. No entanto, houve persistência de proteinúria (8g/24h). CONCLUSÃO: Mieloma
múltiplo é uma neoplasia caracterizada pela proliferação monoclonal de células plasmáticas na medula
óssea, que pode evoluir com destruição óssea e falência medular. Predomina no sexo masculino, na
raça negra e em indivíduos acima de 60 anos. Complicações mais comuns incluem infecções
bacterianas recorrentes, anemia, lesões osteolíticas e insuficiência renal. A doença óssea pode
predispor às fraturas patológicas, compressão da medula espinhal, hipercalcemia e dor, sendo uma das
principais causas de morbidade e mortalidade. O acometimento renal pode ocorrer pelo depósito de
proteínas de cadeia leve nos túbulos renais, além de hipercalciúria e fibrinólise secundária com lesão
glomerular.

26. EXISTE CORRELAÇÃO ENTRE DESEMPENHO NEUROPSICOLÓGICO E PRESSÃO


ARTERIAL EM ESTUDOS LONGITUNAIS?
Filipe L. de Menezes, Alessandra Fátima N. R. Alves, Maria Alice V. Toledo.
Hospital Universitário de Brasília - Centro de Medicina do Idoso
JUSTIFICATIVA: Tanto a hipertensão arterial quanto a doença de Alzheimer (DA) são altamente
prevalentes na população idosa. Um maior entendimento da relação entre PA e cognição pode ter
implicações em medidas preventivas. OBJETIVO: Revisão da literatura até o presente momento

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sobre esse tema. MÉTODO: Pesquisa no MEDLINE (National Library of Medicine) com termos
chaves: cognitive function and blood pressure (encontrados 1545 artigos), sendo que quando
acrescentamos a palavra prospective, o total de artigos se restringe a 307, os quais foram analisados.
RESULTADOS: A hipertensão arterial aumenta o risco de acidente vascular cerebral (AVC) e
conseqüentemente o risco de déficit cognitivo, demência vascular e possivelmente de demência de
Alzheimer. Quando o diagnóstico de AVC é excluído da análise e as aferições da Pressão arterial
sistólica (PAS) e diastólica (PAD) são feitas, controlando-se fatores como sexo, idade, educação,
consumo de álcool, tabagismo e uso de medicação anti-hipertensiva, os resultados são controversos.
Estudos de caso controle, em geral, associam menor função cognitiva entre hipertensos, com
diferenças significativas na memória imediata e retenção. Em muitos desses estudos, a amostra é
pequena e existem fatores de confundimento. Dois grandes estudos populacionais apresentam
resultados conflitantes: a) Framingham: foram avaliados 2032 indivíduos (55-89 anos) submetidos a 8
testes neuropsicológicos, não foi encontrada relação consistente entre as duas variáveis; b) estudo
realizado com 1736 indivíduos suíços (75-101 anos) utilizando-se o Mini-Mental (MMSE), mostrou
que tanto a PAS quanto a PAD estão positivamente relacionadas ao MMSE de base. Nos indivíduos
acima de 75 anos, parece que a diminuição da PAD é mais preditiva de desempenho cognitivo e
aumento da mortalidade. CONCLUSÃO: Mais estudos prospectivos são necessários para se
investigar a possibilidade de que um aumento sustentado e/ou diminuição na pressão arterial sistêmica
(excluindo pacientes que tiveram AVC) está associado com declínio cognitivo.

27. PREVALÊNCIA DE Strongyloides stercoralis EM PACIENTES HIV POSITIVOS, NO


HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA.
Ricardo Perez Jannuzzi, Fernando Augusto Lopes Deckers, João Barberino Santos.
Núcleo de Medicina Tropical, Universidade de Brasília, Brasília, Distrito Federal.
JUSTIFICATIVA: Estima-se que a estrongiloidíase em pacientes HIV positivos seja freqüente em
Brasília, devido ao baixo nível sócio-econômico dos pacientes, e sendo pouco diagnosticada pelos
profissionais da saúde. OBJETIVO: Estudar a prevalência de Strongyloides stercoralis e a associação
com outros parasitos intestinais em pacientes HIV positivos atendidos no Hospital Universitário de
Brasília (HUB). MÉTODO: Estudo clínico epidemiológico do tipo inquérito hospitalar em 31
pacientes infectados por HIV, atendidos no HUB, selecionados por conveniência. Os pacientes foram
submetidos à entrevista médica, exame físico, análise hematológica e parsitológica de fezes pelos
métodos de Hoffman-Pons-Janer e de Rugai. RESULTADOS: Foram incluídos 31 pacientes, dos
quais apenas 3 (9,67%) tiveram exame de fezes positivo para S. stercoralis. Todos eram do gênero
feminino, média de idade de 45,3 anos, e com perda ponderal média de 4,6kg/mês. Uma com profissão
gari e outra do lar referiram baixa condição sócio-econômica, enquanto que era estável para a terceira,
auxiliar de informática. Duas pacientes apresentavam lesões cutâneas, com hiperceratose, xerodermia
e descamação. Apenas uma paciente relatou diarréia alta e crônica. Todas tinham queixas de astenia e
mal estar. Eosinofilia de 7720 cel/mm³ (22%) foi observada em uma paciente. CONCLUSÃO: A
prevalência de Strongyloides stercoralis, na amostra estudada de pacientes HIV positivos atendidos no
HUB, foi baixa. Apenas uma paciente apresentou diarréia compatível com a parasitose. Mesmo assim,
consideramos que os médicos devem estar atentos á infecção pelo risco de disseminação e de morte
em pacientes imunodeprimidos.

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28. RELATO DE CASO: SÍNDROME DE SWEET
Ibraim Viana Vieira, Priscila Morais Galvão Souza, Leornardo Morais Paiva, Camila Viana Vieira,
Patrick Damasceno, Anna Luiza Braga Pla, Mônica Piantino.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Ambulatório de Dermatologia, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: A Síndrome de Sweet é doença rara e desconhecida pela maioria dos médicos.
OBJETIVO: Apresentar relato de caso de uma paciente com Síndrome de Sweet atendida no
ambulatório de dermatologia do HUB. MÉTODO: Relato do caso e revisão bibliográfica sobre a
Síndrome de Sweet. RESULTADOS: Paciente feminina, 29 anos, com placas eritemato-infiltrativas,
pruriginosas em membros superiores, colo e dorso, de início há aproximadamente três anos que
pioravam com uso de antibióticos ou exposição ao sol. Apresentou febre no início do quadro, não
aferida. Refere uso de prednisona oral (chegando a ficar cushingóide) e dexametasona tópico com
melhora das lesões. Realizada biópsia da placa que confirmou hipótese diagnóstica de Síndrome de
Sweet. Também chamada de dermatose neutrofílica febril aguda, esta síndrome não tem predileção
racial, incidindo principalmente em mulheres entre a quarta e sexta décadas de vida. Sua etiologia não
está bem estabelecida, porém acredita-se que possa ser devida a um desequilíbrio de citocinas. É
associada a alguma doença de base em até 50% dos casos. Existem três formas clínicas: clássica,
paraneoplásica, e induzida por medicamento. O diagnóstico é feito pela satisfação de dois critérios
maiores e dois menores.
• Critérios maiores:
- Início agudo de lesões cutâneas típicas.
- Achados histopatológicos consistentes com Síndrome de Sweet.
• Critérios menores:
- Febre maior que 38ºC ou mal estar.
- Associação com malignidade, doença infecciosa ou gravidez, ou antecendente de infecção
respiratória ou de TGI.
- Excelente resposta a corticóide sistêmico ou iodeto de potássio.
CONCLUSÃO: A Síndrome de Sweet é rara e somente o conhecimento prévio do
clínico/dermatologista permite o diagnóstico desta afecção.

29. ERITEMA PIGMENTAR FIXO POR DIPIRONA: RELATO DE CASO.


Patrick Silva Damasceno, Marcelo de Oliveira Ramiro, Camila Viana Vieira, Anna Luiza Braga Pla,
Ibraim Viana Vieira, Monica Piantino.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Ambulatório de Dermatologia, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: Ressaltar que a Dipirona, um analgésico muito utilizado no Brasil, se associa
freqüentemente a farmacodermias como o eritema pigmentar fixo. OBJETIVO: Relatar caso de
eritema pigmentar fixo desencadeado por uso de crônico de dipirona. MÉTODO: Revisão sistemática
de prontuário e descrição de caso atendido no ambulatório de dermatologia do HUB. RESULTADOS:
A.C.B., masculino, 62 anos, negro, pedreiro, casado, natural de Corrente-PI, residente em Planaltina-
DF há 17 anos, Fototipo VI, olhos pretos. Paciente relata que há cerca de 3 anos surgiram duas lesões
eritematosas associadas a prurido de intensidade moderada, uma era localizada no rebordo costal
direito e media cerca de 3 cm de diâmetro, a outra em antebraço direito com 1cm de diâmetro. Refere
ter feito uso de pomadas de dexametasona para tratamento das lesões, sem sucesso. As lesões tinham
períodos de remissão de poucos dias, retornando então com prurido de mesma intensidade. A lesão em
rebordo costal direito evoluiu, após tempo desconhecido pelo paciente para mancha hipercrômica no
local da lesão. Após extenso questionamento sobre uso de medicações, paciente referiu uso de
Dipirona para alivio de cefaléia ocasional. DISCUSSÃO/CONCLUSÃO: A partir das características
da lesão, seus períodos de remissão e recidiva sempre no mesmo local, o uso ocasional da dipirona e o

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não surgimento de novas lesões agudas após a substituição do medicamento por paracetamol, o
eritema pigmentar fixo foi definido como decorrente do uso de Dipirona.

30. RELATO DE CASO: ESCLEROSE CUTÂNEA EM PLACAS


Camila Viana Vieira, Patrick Damasceno, Ibraim Viana Viera, Anna Luiza Braga Plá, Mônica
Piantino.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Ambulatório de Dermatologia, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: A esclerodermia cutânea isolada é dificilmente encontrada e diagnosticada na
prática clínica. OBJETIVO: Apresentar relato de caso de uma paciente com esclerose cutânea em
placas atendida no ambulatório de mermatologia do HUB. MÉTODO: Relato do caso e revisão
bibliográfica sobre a esclerose cutânea em placas. RESULTADOS: Paciente feminina, 22 anos, com
mancha arroxeada de início há 6 anos com crescimento progressivo. Biópsia confirmou diagnóstico de
esclerodermia. A esclerodermia cutânea em placas ou morfea caracteriza-se por placas redondas ou
ovais de bordas irregulares, induradas, superfície lisa, cor marfínica que na fase ativa estão envolvidas
por halo eritemato-violáceo, conhecido como anel lilás. Evolutivamente surgem atrofia e esclerose,
diminuição ou ausência de folículo pilos-sebáceos, diminuição da sudorese e discromia variável, com
hipo ou hiperpigmentação A diagnose clínica de esclerodermia cutânea é dada pelas características
dermatológicas da lesão. O diagnóstico laboratorial engloba o estudo histopatológico das lesões,
pesquisa de anticorpos antinucleares. As alterações histopatológicas são comuns e semelhantes aos
encontrados na esclerodermia sistêmica. A biópsia deve ser realizada preferencialmente nas áreas
indicativas de atividade, onde ocorre deposição de colágeno novo na derme, tecido celular subcutâneo
e fáscia. CONCLUSÃO: A esclerosa cutânea em placas é afecção rara, mas de forma clínica
característica. Seu diagnóstico depende de experiência clínica e, em alguns casos, do exame
histopatológico da lesão.

31. PSORÍASE PUSTULOSA COMPLICADA COM PIODERMITE


Anna Luiza Braga Plá, Elisa Raphael dos Santos, João Henrique Zanotelli dos Santos, Camila Viana
Vieira, Ibraim Viana Vieira, Marcelo de Oliveira Ramiro, Patrick Silva Damasceno, Monica Piantino
Lemos.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Ambulatório de Dermatologia, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: Trazemos esse caso pela exuberância das lesões e a gravidade da paciente que
necessitou de internação hospitalar. OBJETIVO: Descrever um caso de psoríase pustulosa
complicada com infecção secundária, necessitando de internação hospitalar. DESCRIÇÃO: A
paciente em questão é acompanhada pelo ambulatório de Psoríase do HUB, tem 45 anos chegou
queixando-se de exacerbação da psoríase em mão esquerda há um mês, com piora há cinco dias,
quando as lesões tornaram-se mais dolorosas, crostosas e edemaciadas. Queixava-se ainda de astenia,
hiporexia e febre diária com calafrios há 4 dias. Ao exame físico apresentava edema de mão esquerda
e placas eritematosas com pústulas e crostas hematomelicéricas nos 3º, 4º e 5º quirodáctilos esquerdos
e em face medial da perna direita. A paciente fez uso Amoxicilina 500mg/dia, Neomicina tópica 2
vezes ao dia e Permanganato de potássio 1:30.000 1 vez ao dia por 15 dias com piora clínica. Cultura
de secreção da lesão e de swab nasal: Staphylococcus aureus sensível a Oxacilina e Vancomicina. A
paciente foi internada e iniciou-se tratamento tópico e Oxacilina 2g de 6 em 6 horas por 14 dias,
recebendo alta com melhora clínica em uso de Vaselina e Propionato de Clobetasol 0,05%. Durante a
internação diagnosticou-se artrite psoriásica e no acompanhamento ambulatorial indicou-se o uso de
Etanercept. CONCLUSÃO: A Psoríase Pustulosa é uma apresentação caracterizada pelo
desnvolvimente de pústulas estéreis em áreas de eritema e descamação. As lesões são bastante
dolorosas e podem causar grande limitação. A paciente havia sido tratada com Metotrexato, Acicretina
e Efalizumabe, mas encontrava-se há 6 meses sem nenhum tratamento sistêmico, estando em uso

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apenas de Dexametasona creme. A infecção secundária é mais comum em pacientes em uso de
imunossupressores sistêmicos, mas devemos estar atentos para essa complicação. Mesmo sendo a
psoríase pustulosa estéril, devemos sempre afastar a piodermite como complicação.

32. ALOPECIA AREATA EM CRIANÇA DE 10 ANOS ATENDIDA NO AMBULATÓRIO DE


DERMATOLOGIA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO – RELATO DE CASO.
Fernanda Simões Seabra Resende, Alessandra de Sousa Gonçalves, Fabiana Ribeiro Costa, Diego
Martins de Mesquita, Tamidayo Omolara Omotosho, Lívia Oliveira Munhoz, Quintino Rodrigues de
Castro Júnior, Caio Simões Souza, Guilherme Costa Crispim de Sousa, Ana Maria Costa Pinheiro.
Universidade de Brasília, Hospital Universitário de Brasília, Ambulatório de Dermatologia, Brasília,
DF.
INTRODUÇÃO: A alopecia areata (AA) afeta 0,1% a 0,2% da população geral. A apresentação
inicial mais comum ocorre no final da adolescência, primeira infância ou na idade adulta jovem.
Caracteriza-se por perda de cabelo em áreas bem definidas em couro cabeludo, geralmente. Em 1% a
2% dos casos há acometimento de todo couro cabeludo (alopecia totalis); ou queda de fâneros por todo
o corpo (universalis). A etiologia ainda é incerta, mas fatores genéticos, auto-imunes, estresse
emocional, presença de anticorpos e produção de citocinas que inibem o crescimento do folículo
piloso estão relacionados com a patologia. RELATO DE CASO: K.J.P.F., feminino, 10 anos,
estudante, natural do Gama-DF, residente e procedente de Valparaíso-GO. QP: “Queda de cabelo há 4
anos”.
HMA: Há 4 anos, paciente refere dois quadros de queda lenta dos cabelos nas regiões occipital e
frontal, produzindo áreas de falha no couro cabeludo, foi usado Minixidil 2% e Theracort 40. Procurou
o HUB, há 1 semana, com relato de queda progressiva dos cabelos em todo o corpo e regiões mais
extensas do couro cabeludo, em regiões frontal, temporal e occipital, há 1 ano. A conduta consistiu em
Minoxidil 5% e Prednisona; além de encaminhamento para psicologia. Antecedentes: Alergia a poeira,
bezetacil; divórcio dos pais em 2009; pai perdeu o emprego em 2009; acidente com corrente elétrica
em 2009. Ao exame: Ausência de fâneros em regiões frontal, temporal e occipital, sobrancelhas,
axilas, membros, genitália. Exame dermatoscópico do couro cabeludo: folículos vazios, pontos
amarelados e fios fraturados. CONCLUSÃO: Os efeitos da AA são principalmente psicológicos.
Existe uma maior incidência de atopia e hipotireoidismo em pacientes com AA. Episódios de AA
antes da puberdade predispõem recorrência crônica da doença. A perda do cabelo pode levar a
mudanças significativas na aparência, os pacientes podem experimentar fobia social, ansiedade e
depressão, sendo importante o acompanhamento psicológico.

33. RUPTURA DE FOLHETO ANTERIOR DE VÁLVULA MITRAL POR DEGENERAÇÃO


MIXOMATOSA – RELATO DE CASO.
Fernanda Simões Seabra Resende, Alessandra de Sousa Gonçalves, Quintino Rodrigues de Castro
Júnior, Fabiana Ribeiro Costa, Lívia Oliveira Munhoz, Daniel Seabra Resende Castro Corrêa.
Hospital Brasília, Unidade de Terapia Intensiva, Brasília, DF.
INTRODUÇÃO: A ruptura de cordoalha tendínea da valva mitral possui como etiologia mais
freqüente a degeneração mixomatosa. O folheto posterior é o mais acometido, em até 83% dos casos.
Os sintomas geralmente são agudos, tendo em vista que a ruptura do folheto leva a regurgitação mitral
hemodinamicamente significativa. Pacientes com regurgitação mitral secundária à ruptura de
cordoalha apresentam alta mortalidade no primeiro ano, pois apresentam insuficiência cardíaca
congestiva (ICC) rapidamente progressiva e elevação da pressão capilar pulmonar, requerendo
intervenção cirúrgica precoce. A correção cirúrgica pode aliviar os sintomas, porém, quando é
realizada em pacientes sintomáticos com função sistólica ventricular comprometida, costuma haver
evolução com ICC no pós-operatório e prognóstico ruim. Assim, a correção cirúrgica deve ser
realizada precocemente, antes de se instalar a disfunção do VE. CASO CLÍNICO: R.F.D., masculino,
61 anos. Previamente hígido, iniciou subitamente dispnéia intensa, ortopnéia importante, evoluiu com

78
piora progressiva. Apresentou tosse seca e sudorese abundante na noite anterior. Antecedente
patológico de prolapso de válvula mitral. Negou outros sintomas ou comorbidades. Ao exame: sopro
holosistólico em foco primário mitral e estertores bolhosos pulmonares difusos bilateralmente. HD:
insuficiência mitral aguda de origem isquêmica ou por degeneração mixomatosa. Exames:
Ecocardiograma transtorácico: ruptura completa do folheto anterior da valva mitral, com AE de 4,6 cm
e fração de ejeção do VE de 70%. Estudo de coronárias e ventriculografia: não foi encontrada doença
coronariana. Evolução: Realizada cirurgia de troca valvar mitral por prótese metálica com sucesso e
boa evolução no pós operatório. CONCLUSÃO: O tratamento cirúrgico é importante, pois o
prognóstico a longo prazo desses pacientes é melhor do que o dos que não sofrem intervenção.

34. COMPLICAÇÃO DE ABSCESSO DENTÁRIO: ENDOCARDITE – RELATO DE CASO.


Sérgio Lincoln de Matos Arruda, Kelsen Teixeira, Fernanda Simões Seabra Resende, Fabiana dos
Santos Damasco, Guilherme Costa Sousa, Caio Simões de Souza, Priscila Miranda, Thiego Araújo.
Hospital Santa Lúcia, Unidade de Terapia Intensiva, Brasília, DF.
INTRODUÇÃO: Endocardite infecciosa originada em foco dentário por Enterococcus faecalis: relato
de caso. Fundamento: A endocardite infecciosa possui como foco principal as infecções na orofaringe,
principalmente, os procedimentos dentais. Sua incidência está entre 0,0025% e 0,0050% de casos por
ano, sendo homens e a faixa etária dos 47 aos 69 anos os mais acometidos. Em 50% a 70% dos casos,
o principal agente etiológico das infecções em valvas cardíacas é o Streptococcus viridans. A cirurgia
deve ser considerada em todos que apresentem episódios de falência cardíaca, tais como edema agudo
de pulmão, regurgitação aórtica aguda, lesões estruturais com destruição valvar, fístulas cardíacas e
vários graus de anormalidades na condução atrioventricular causada por abscessos septais. CASO
CLÍNICO: CSL, 60 anos, masculino, hipertenso, ex-tabagista, diabético. Admitido no dia 21 de
janeiro com quadro de endocardite infecciosa originada em foco dentário, dispneico e com edema em
membros inferiores (2+/4+). Exames: Ecocardiograma transesofágico (19/01/2010): Insuficiência
aórtica de grau moderado a importante e lesão filamentar móvel aderida a face ventricular de válvula
aórtica de aproximadamente 2 cm de diâmetro. TC de tórax (21/01/2010): derrame pleural bilateral
moderado. Hemoculturas (22/01/2010): Enterococcus faecalis sensível à penicilina. Foi realizado no
dia 23 de janeiro a extração dentária sem intercorrências. Após 6 dias, troca de válvula aórtica com
prótese biológica, com relato de sangramento aumentado por suspeita de lesão de pequena artéria
muscular ao se instalar um dos drenos. CEC: 88 minutos. Clamp: 78 minutos. No pós operatório,
recebeu 2 concentrados de hemáceas, 2 plasmas e 8U de plaquetas. Profilaxia antimicrobiana com
cefuroxima e hemodinâmica às custas de dobutamina. Alta: 02/02/2010. CONCLUSÃO: O caso
ilustra uma forma rara de endocardite infecciosa originada em foco dentário por Enterococcus faecalis
e a importância da conduta cirúrgica na cura bacteriológica, melhora da função cardíaca e da qualidade
de vida.

35. DISSECÇÃO DE AORTA TIPO A – RELATO DE CASO.


Sérgio Lincoln de Matos Arruda, Kelsen Teixeira, Fernanda Simões Seabra Resende, Fabiana dos
Santos Damasco, Guilherme Costa Sousa, Caio Simões de Souza, Priscila Miranda, Thiego Araújo.
Hospital Santa Lúcia, Unidade de Terapia Intensiva, Brasília, DF.
INTRODUÇÃO: A dissecção de aorta é a emergência aórtica mais comum, afetando 3 a 4 pacientes
por 100.000 pessoas/ano. Dos pacientes com dissecção de aorta, 20% morrem antes de chegarem ao
hospital e 30% morrem durante a internação hospitalar. As dissecções tipo A devem ser tratadas com
cirurgia o mais precocemente possível. A literatura mostra uma mortalidade de 50% em 48h sem
cirurgia, risco de ruptura nas primeiras 24-48h de 1 a 2%, mortalidade variável de 60-90% dos casos
ao final de 2 semanas e uma mortalidade esperada entre 70 a 90% em 90 dias. RELATO DE CASO:
M.B.O., masculino, 49 anos. Paciente admitido com quadro de dor torácica difusa. TC de tórax e
abdômen: aorta ascendente aneurismática, imagem sugestiva de pseudo-aneurisma na região dos seios

79
de valsalva, presença de lâmina de dissecção iniciando-se um pouco acima do plano valvar e se
estendendo até a aorta abdominal, ao nível do tronco celíaco. Ritmo cardíaco irregular com fibrilação
atrial, sopro sistólico (++/6+) em foco aórtico, pulsos periféricos amplos e simétricos. Submetido à
cirurgia com fechamento de fístula Ao – AD, troca de aorta com implante de enxerto (ascendente –
croça – descendente) e endoprótese em pós-subclávia (tempo de SEC = 3h30min; tempo de
clampeamento = 2h25min). CONCLUSÃO: A dissecção de aorta tipo A é um evento grave que deve
sempre ser encaminhado para o tratamento cirúrgico, tem alto risco de ruptura nas primeiras 24-48h e
alta taxa de complicações e morte.

36. SEPSE POR INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO – RELATO DE CASO.


Sérgio Lincoln de Matos Arruda, Kelsen Teixeira, Fernanda Simões Seabra Resende, Fabiana dos
Santos Damasco, Guilherme Costa Sousa, Caio Simões de Souza, Priscila Miranda, Thiego Araújo.
Hospital Santa Lúcia, Unidade de Terapia Intensiva, Brasília, DF.
INTRODUÇÃO: Infecções do trato urinário (ITU) são freqüentes em ambientes hospitalares e o
segundo tipo mais comum de infecção na população. Devido à anatomia feminina, a ITU é
especialmente problemática nas mulheres, sendo que mais de um terço delas terão um episódio ao
longo de sua vida. Quase sempre causadas por Escherichia coli, ao passo em que Klebsiella sp. e
Proteus têm freqüência aumentada na ITU complicada. Uma grave complicação da ITU é a sepse que
em 25% das vezes é causada por infecção do trato urinário. Oxigenação tissular precoce, terapia
antibiótica inicial, identificação rápida e controle do foco séptico no trato urinário são passos críticos
no tratamento. CASO CLÍNICO: G.T.M., feminino, 28 anos. Paciente apresentando dor abdominal
em baixo ventre há cinco dias foi internada com piora da dor, disúria, polaciúria, náuseas, vômitos e
febre nas últimas 24 horas. Pálida, sonolenta, extremidades frias, pulsos periféricos não palpáveis,
presença de turgência jugular. Temperatura axilar de 39 °C. EAS: teste do nitrito positivo com
numerosos leucócitos. Gasometria arterial: acidose metabólica compensada à custa de PCO2 de 19.
Leucograma: 17700 leucócitos/mm³ e 5% de bastões. Plaquetas: 195000 plaquetas/mm³. TC de
abdômen sugestiva de pielonefrite. Iniciada infusão de noradrenalina e volume. Mantido
ciprofloxacino e iniciado Tazocin. A radiografia de tórax mostrava congestão pulmonar bilateral.
CONCLUSÃO: A infecção do trato urinário é extremamente comum nos ambientes hospitalares
quanto fora deles e pode ter complicações graves. O diagnóstico precoce e a terapia antibiótica
direcionada são fundamentais nessas situações.

37. INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO PELO USO DE COCAÍNA-RELATO DE CASO


Sérgio Lincoln de Matos Arruda, Fabiana dos Santos Damasco, Fernanda Simões Seabra Resende,
Caio Simões Souza, Guilherme Costa de Sousa, Thiego Araújo, Priscila Miranda.
Hospital Santa Lúcia, Brasília, Brasil
JUSTIFICATIVA: O uso da cocaína está associado a várias complicações cardiovasculares,
incluindo o Infarto agudo do miocárdio (IAM). No entanto, a magnitude do aumento no risco de IAM,
imediatamente após o consumo de cocaína, permanece desconhecida. RELATO DE CASO: M.C.S,
masculino, 27 anos, tabagista, solteiro, procurou atendimento na Emergência do Hospital Santa Lúcia,
no dia 27/01/2010, com intensa dor precordial irradiada para dorso associada a sudorese profusa há 6
horas, após uso de maconha e cocaína. Foi, então, encaminhado à Unidade de Terapia Intensiva (UTI)
do Hospital. Ao exame físico apresentava pressão arterial sistêmica de 110 mmHg x78 mmHg e
freqüência cardíaca de 77 bpm. Classe funcional I. O eletrocardiograma admissional revelou um
supradesnivelamento de ST em parede inferior. Foi submetido à coronariografia em caráter de
urgência pela técnica de Judkins que mostrou coronárias sem lesões, sem trombos e sem dissecções,
com fluxo normal; porém ventrículo esquerdo com hipociesia leve de parede látero-inferior. A
radiografia do tórax não apresentou alterações. No primeiro dia de internação o paciente apresentou

80
ansiedade necessitando de tratamento específico. A avaliação seriada das enzimas nos dois dias de
permanência na UTI corroborou com o diagnóstico de IAM por vasoespasmo pelo uso de substâncias
tóxicas. Exames na admissão: troponina cardíaca I(cTNI)=2,19ng/mL e creatinina
fosfoquinase(CPK)=435U/L, após 4 horas: cTNI=1,82 ng/mL e CKMB=15,1U/L, após 18 horas:
cTNI=0,8 ng/mL e CKMB=4,8U/L, e após 42 horas: cTNI=0,47 ng/mL e CKMB=0,6U/L. Discussão:
A ocorrência de IAM após uso de cocaína, mesmo na ausência de doença coronariana, se deve à
vasoconstrição coronariana levando a um desequilíbrio entre oferta e demanda de oxigênio e
cosequentemente à isquemia. Além disso, é um potente ativador plaquetário relacionado à trombose. O
uso concomitante de cigarros e bebidas alcoólicas pode exacerbar a dor. Portanto é importante a
pesquisa do uso de cocaína em pacientes jovens com dor torácica.

38. AVALIAÇÃO DOS FATORES DE RISCO E COMPLICAÇÕES EM PACIENTES ACIMA


DE 65 ANOS ADMITIDOS COM SÍNDROME CORONARIANA AGUDA EM UMA
UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA.
Sérgio Lincoln de Matos Arruda, Kelsen Teixeira, Fernanda Simões Seabra Resende, Fabiana dos
Santos Damasco, Guilherme Costa Sousa, Caio Simões de Souza, Priscila Miranda, Thiego Araújo.
Hospital Santa Lúcia, Unidade de Terapia Intensiva, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: A cardiopatia isquêmica representa uma das principais causas de óbito na
atualidade, sendo que 80% destes eventos ocorrem em pacientes com idade superior a 65 anos;
autópsias demonstram prevalência da doença arterial coronariana nessa população de 70% 2.
OBJETIVO: Avaliação dos principais fatores de risco para síndrome coronarina aguda (SCA) e as
complicações mais freqüentes em idosos, incluindo a taxa de mortalidade após o evento coronariano.
MÉTODO: A coleta dos dados foi realizada com base em entrevista aos pacientes ou familiares,
consulta dos prontuários e exames complementares. RESULTADOS: A hipertensão e o diabetes
foram predominantes nos idosos com significância estatística, 286 (38,64%) idosos e 243 (32,83%)
jovens, (p=0,0091); 142 (19,18%) idosos e 75 (10,13%) jovens, (p<0,0001); respectivamente. Dentre
as complicações, a insuficiência cardíaca congestiva (ICC) e as arritmias foram prevalentes na
população idosa. O índice de mortalidade também foi maior nos idosos: 55 (14,5%) pacientes idosos e
19 (5,2%) jovens, (p < 0,0001). CONCLUSÃO: Houve variação dos fatores de risco com a idade e a
prevalência da hipertensão e do diabetes mellitus na faixa etária dos pacientes acima ou igual a 65
anos. Pacientes idosos com SCA possuem seu curso hospitalar freqüentemente acompanhado de
complicações, principalmente arritmias, ICC. O índice de mortalidade foi maior no idoso.

39. ANÁLISE DA INCIDÊNCIA DE INFECÕES EM PACIENTES SUBMETIDOS A


TRANSPLANTE RENAL NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA
Bruno Pereira Teixeira, Natalia de Carvalho Trevizoli, Pedro Mendes de Oliveira Filho, Flávia Lara
Barcelos, Raimundo Antonio Cardoso Junior, Gustavo João Sebba, Rômulo Maroccolo Filho, Joel
Paulo Russomano Veiga, Flávio José Dutra de Moura, Giuseppe Cesare Gatto.
Universidade de Brasília, Hospital Universitário de Brasília, Centro de Transplante, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: Infecções são a principal causa de morbimortalidade no período pós-transplante
precoce, uma vez que mais de 80% dos receptores de transplante renal apresentam ao menos 1
episódio de infecção no primeiro ano. Infecções e rejeição do órgão estão intimamente relacionadas
com o uso da terapia imunossupressora. A magnitude da imunossupressão é o maior risco para
infecções pós-transplante, mais do que o uso de um imunossupressor específico. Dentre as infecções, o
acometimento do trato urinário é a infecção mais comum nos receptores de transplante renal. Os
principais fatores de risco para a ITU do receptor de transplante renal incluem cateteres urinários, a
manipulação e o trauma do rim e ureter durante a cirurgia, anormalidades anatômicas dos rins nativos
ou transplantados, bexiga neurogênica, especialmente em pacientes diabéticos e, possivelmente, a

81
rejeição. OBJETIVO: Avaliar a incidência de infecções nos pacientes submetidos a transplante renal
no HUB. METODOLOGIA: Estudo retrospectivo, a partir de dados obtidos dos prontuários de
pacientes acompanhados no período de Setembro de 2006 a Agosto de 2010, processados no
Microsoft Excel. RESULTADOS: Foram incluídos no estudo 36 pacientes submetidos ao transplante
renal, na condição de receptores, e analisadas as taxas de infecção pós-transplante. Do total de
pacientes, 61,1% (22 casos) apresentaram algum tipo de infecção até 1 ano pós-transplante. As
infecções mais comuns foram as que acometeram vias aéreas (19 pacientes ) e trato urinário (11
pacientes). A maioria dos pacientes que apresentou infecção do trato urinário evoluiu com vários
episódios subseqüentes, caracterizando ITU de repetição, e dessa forma ultrapassando em número de
infecções qualquer outra topografia. CONCLUSÃO: O estudo demonstrou a incidência de infecções
de pacientes submetidos a transplante renal no HUB na condição de receptores. Os resultados estão de
acordo com os dados encontrados na literatura.

40. ANÁLISE DA INCIDÊNCIA DE COMPLICAÇÕES CLÍNICAS E CIRÚRGICAS EM


PACIENTES SUBMETIDOS A TRANSPLANTE RENAL NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
DE BRASÍLIA
Bruno Pereira Teixeira, Natalia de Carvalho Trevizoli, Pedro Mendes de Oliveira Filho, Flávia Lara
Barcelos, Raimundo Antonio Cardoso Junior, Gustavo João Sebba, Rômulo Maroccolo Filho, Joel
Paulo Russomano Veiga, Flávio José Dutra de Moura, Giuseppe Cesare Gatto.
Universidade de Brasília, Hospital Universitário de Brasília, Centro de Transplante, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: O transplante renal é uma modalidade de terapia de substituição renal, que
envolve o transplante de um rim de um doador vivo ou cadavérico. Atualmente, devido à maior
acurácia dos exames pré-transplante e à evolução dos medicamentos imunossupressores, as
complicações e rejeições têm ocorrido com menos freqüência. Desde os primeiros transplantes renais,
complicações cirúrgicas também permanecem como importante causa de morbidade, resultando,
ocasionalmente, até mesmo em perda do enxerto e morte. OBJETIVO: Avaliar as taxas de
complicações clínicas e cirúrgicas nos pacientes submetidos a transplante renal no HUB.
METODOLOGIA: Estudo retrospectivo, a partir de dados obtidos dos prontuários de pacientes
acompanhados no período de Setembro de 2006 a Agosto de 2010, processados no Microsoft Excel.
RESULTADOS: Foram incluídos no estudo 36 pacientes submetidos ao transplante renal, na
condição de receptores, e analisados dados referentes a complicações clínicas e cirúrgicas. As
complicações clínicas mais comuns foram nefrotoxicidade pelo tacrolimus e diabetes medicamentoso,
ambos com 7 casos (19,4%), seguidos por intolerância gastrointestinal ao micofenolato, com 6 casos
(16,6%). Houve rejeição aguda em 7 pacientes (19,4%) e perda do enxerto em 3 casos (8,3%), sendo
um por trombose vascular. Com efeitos menos devastadores que as complicações vasculares, os
problemas urológicos foram as complicações cirúrgicas mais comuns. CONCLUSÃO: O estudo
demonstrou a taxa de incidência de complicações clínicas e cirúrgicas dos pacientes atendidos no
serviço de transplante renal do HUB.

41. AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO TRANSPLANTE RENAL QUANTO À QUEDA DA


CREATININA, AUMENTO DA TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR E
RESTABELECIMENTO DO VOLUME URINARIO.
Bruno Pereira Teixeira, Natalia de Carvalho Trevizoli, Pedro Mendes de Oliveira Filho, Flávia Lara
Barcelos, Raimundo Antonio Cardoso Junior, Gustavo João Sebba, Rômulo Maroccolo Filho, Joel
Paulo Russomano Veiga, Flávio José Dutra de Moura, Giuseppe Cesare Gatto.
Universidade de Brasília, Hospital Universitário de Brasília, Centro de Transplante, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: A doença renal crônica consiste em perda progressiva e irreversível da função dos
rins. Em fases avançadas da disfunção, o transplante renal é uma opção terapêutica indicada na
reabilitação destes pacientes. O sucesso do transplante, e conseqüentemente o bom funcionamento do

82
enxerto, é avaliado basicamente por medidas seriadas da Creatinina sérica e volume urinário. O nível
de creatinina sérica correlaciona-se ainda com a perda tardia do enxerto. OBJETIVO: Avaliar a
eficácia do transplante renal quanto à queda dos níveis séricos de creatinina, aumento da taxa de
filtração glomerular e restabelecimento de volume urinário adequado após o procedimento cirúrgico.
MÉTODO: Estudo do tipo observacional, descritivo. Os dados foram obtidos por revisão dos
prontuários dos pacientes submetidos a transplante renal no HUB desde 2006 a agosto de 2010. Para
cálculo da creatinina utilizamos a creatinina de estabilização (menor creatinina após o transplante que
se manteve por pelo menos 3 mensurações consecutivas). A estimativa da taxa de filtração glomerular
foi feita pelo clearence de creatinina (Fórmula de Cockcroft-Gault). Para o cálculo do volume
urinário/24h foram consideradas as ultimas 3 mensurações consecutivas e calculados os valores
médios. RESULTADOS: Foram incluídos no estudo 36 pacientes submetidos ao transplante renal, na
condição de receptores. A creatinina média de estabilização e a média do volume urinário foram,
respectivamente, 1,49 mg/dl (variando de 0,9 a 2,7) e 3.109ml/24h (variando de 1440ml a 5500ml) e
clearance de creatinina estimado médio > 50ml/min. O tempo de seguimento médio dos pacientes
(calculado até agosto desse ano), foi de 17 meses, variando de zero dia até 48 meses. CONCLUSÃO:
O resultado deste estudo nos mostra que o transplante de rim, como terapia renal substitutiva,
realmente tem uma eficácia bastante grande no contexto de queda da creatina sérica, do
restabelecimento de volume urinário adequado e da taxa de filtração glomerular.

42. PERFIL ETIOLÓGICO DOS PACIENTES TRANSPLANTADOS RENAIS NO


HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA
Bruno Pereira Teixeira, Natalia de Carvalho Trevizoli, Pedro Mendes de Oliveira Filho, Flávia Lara
Barcelos, Raimundo Antonio Cardoso Junior, Gustavo João Sebba, Rômulo Maroccolo Filho, Flávio
José Dutra de Moura, Joel Paulo Russomano Veiga, Giuseppe Cesare Gatto.
Universidade de Brasília, Hospital Universitário de Brasília, Centro de Transplante, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: A doença renal crônica consiste em lesão renal e perda progressiva e irreversível
da função dos rins. Diversas são as patologias que podem levar a essa disfunção renal. Em fases
avançadas da disfunção, o transplante renal é uma opção terapêutica indicada na reabilitação destes
pacientes. OBJETIVO: Identificar , no contexto dos transplantados renais, as patologias que
culminaram na insuficiência renal crônica terminal (IRCT) e quais seriam as mais prevalentes nesse
grupo de indivíduos. MÉTODO: Estudo do tipo descritivo. Os dados foram obtidos por revisão dos
prontuários dos pacientes submetidos a transplante renal no HUB desde setembro de 2006 a agosto de
2010. RESULTADOS: Forma incluídos 36 pacientes transplantados em nosso serviço. Desse total,
quase um terço (30% - 11 pacientes) apresentou Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) como
diagnostico que originou a IRCT. As glomerulopatias foram responsáveis por 8 casos (22%) e a
nefropatia diabética ocorreu em apenas 2 pacientes (5%). Um numero expressivo de pacientes (28% -
10 casos) não tiveram a causa da insuficiência renal estabelecida. CONCLUSÃO: Em nosso serviço,
a doença de maior prevalência para a IRCT é a nefropatia hipertensiva, semelhante ao encontrado na
literatura. Chamou atenção a baixa incidência de pacientes com nefropatia diabética. O número
elevado de pacientes sem causa estabelecida sugere que uma boa parte da população está tendo acesso
a um acompanhamento especializado somente em fases avançadas da doença, onde pouco pode ser
feito pelo doente.

43. REGISTRO EPIDEMIOLÓGICO NACIONAL DA ACROMEGALIA


Lucas Mendes Oliveira1, Lucas Faria de Castro1, Amanda Leite Nisiyama1, Gabriella Mendes Soares
Mota1, Luciana Ansaneli Naves².
1-Graduandos em Medicina pela UnB; 2-Chefe do serviço de Endocrinologia do HUB Universidade
de Brasília, Faculdade de Medicina, Departamento de Endocrinologia, Brasília, DF

83
JUSTIFICATIVA: A Acromegalia é uma doença crônica debilitante e desfigurante que resulta da
hipersecreção do hormônio do crescimento (GH) e do fator de crescimento insulina-símile I (IGF-I), e
quando não controlada resulta em taxa de mortalidade cardiovascular, duas a três vezes maior, em
relação a indivíduos do mesmo sexo e idade na população geral, com 5-10 anos de redução na
expectativa de vida. OBJETIVOS: Estabelecer um registro epidemiológico da amostra atendida no
HUB para avaliar características relacionadas à doença e ao tratamento. MÉTODOS: Estudo
retrospectivo e observacional, utilizando a base de dados ACCESS-Windows para coleta de
informações sociais, epidemiológicas e clínicas, que foi validada em amostra populacional do Distrito
Federal. Foram avaliados 98 pacientes com diagnóstico de acromegalia, e para a análise do tratamento
foram excluídos aqueles com dados de diagnóstico ou de acompanhamento insuficientes.
RESULTADOS: Dos 98 pacientes, constatou-se 38 anos como a idade média de diagnóstico e 3,875
anos como a média do tempo entre o início dos sintomas e o diagnóstico. Dentre as comorbidades
relacionadas à doença, cefaléia, alterações de partes moles e artalgia são os mais prevalentes. Os
pacientes (n=78) foram divididos em 5 modalidades terapêuticas: primária-medicação (SMS) que
obteve controle clínico em 12 casos e não controle em 5, nenhum curado; cirurgia (OP) que
apresentou 6 pacientes curados, nenhum controle clínico e 2 pacientes em não controle; cirurgia +
medicação (OP + SMS), dos quais, 1 obteve cura, 8 obtiveram controle clínico e 4 não controlaram;
cirurgia + radioterapia (OP + RxT), que não teve pacientes incluídos por falta de dados; cirurgia +
radioterapia + medicação (OP+RxT+SMS), com 5 casos de cura, 4 casos com controle clínico e 3 não
controlados. CONCLUSÃO: Estudos de levantamento epidemiológico de condições clínicas diversas,
tal como a acromegalia, são importantes para permitir a formulação de padrões característicos para a
doença, otimizando os métodos diagnósticos e a conduta.

44. ESTUDO RETROSPECTIVO DE FEBRE DE ORIGEM INDETERMINADA EM


PACIENTES IMUNODEPRIMIDOS E NEUTROPÊNICOS NO HUB-DF.
Leonardo Morais Paiva, Italo Moreira Damasceno, João Barberino Santos.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina-HUB, Clínica Médica, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: O espectro das doenças responsáveis por FOI é amplo e ela pode ocorrer em
pacientes imunodeprimidos e neutropênicos. OBJETIVO: O presente trabalho, baseado na
experiência em 20 anos do Serviço de Infectologia do Hospital Universitário de Brasília, se propôs a
levantar subsídios que permitam compreender melhor essa associação em termos de prevalência e
etiologia da FOI em imunodeprimidos, em plena era da AIDS. MÉTODO: Estudo retrospectivo de
todos os pacientes com critérios de FOI em portadores de HIV que foram internados no HUB no
período de janeiro de 1988 a dezembro de 2008. Esse trabalho faz parte de um amplo Projeto de
Estudos sobre a FOI no HUB. A partir da relação de pacientes internados com FOI, fornecida pelo
Livro de Registro de Internações no Serviço de Infectologia do HUB, os prontuários foram revistos
para a detecção e estudo dos pacientes com a associação FOI/AIDS. RESULTADOS: Vinte e três
pacientes preencheram os critérios de inclusão no estudo da FOI. Em nenhum paciente foi constatada
neutropenia. Durante a internação de todos foi realizado exame sorológico para HIV, mas em apenas
um foi constatada a infecção pelo retrovírus. Tratava-se de um paciente masculino, 29 anos, com 8
semanas de febre, internado por 29 dias para investigação. Demorou 9 dias até á conclusão
diagnóstica, sendo confirmada etiologia infecciosa devido a Broncopneumonia. Não foi possível traçar
um quadro clínico-epidemiológico de FOI em imunodeprimidos e neutropênicos nem estabelecer
diferenças com a FOI em imunocompetentes uma vez que não houve amostra suficiente.
CONCLUSÃO: Quase totalidade dos casos de Febre de Origem Indeterminada no HUB ocorreu em
pacientes imunocompetentes. Apenas um paciente tinha a associação com a Síndrome de
Imunodeficiência Adquirida, o que não permitiu conclusões específicas devido à insuficiência da
amostra.

84
45. ANÁLISE DA FREQUÊNCIA DA VARIANTE C1430A DO GENE LHB EM MULHERES
COM E SEM A SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS
João Mangussi-Gomes¹; Michele Delarmelina R Borba¹; Gustavo B Barra³; Patrícia Godoy³; Amadeu
J R Queiroz¹; Bruno F Luitgards¹; Vitor M Caldas¹; Luiz A Casulari¹; Lucília D C R Motta¹; Francisco
A R Neves²; Adriana Lofrano-Porto¹.
¹Universidade de Brasília, Brasília-DF, Brasil; Hospital Universitário de Brasília, Divisão de
Endocrinologia, Ambulatório de Gônadas e Adrenais; ²Universidade de Brasília, Brasília-DF, Brasil;
Faculdade de Ciências da Saúde, Laboratório de Farmacologia Molecular; ³Laboratório Clínico Sabin,
Brasília-DF, Brasil; Núcleo de Apoio à Pesquisa.
JUSTIFICATIVA: A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é uma das endocrinopatias mais
comuns em mulheres na idade reprodutiva. Sua fisiopatologia permanece incompletamente elucidada.
Alguns polimorfismos do gene do hormônio luteinizante já foram implicados na sua gênese, porém
nenhuma associação consistente foi evidenciada. OBJETIVOS: Analisar a frequência da variante
C1430A da subunidade β do gene do hormônio luteinizante (LHB), recentemente descrita, em
mulheres com e sem SOP. MÉTODOS: O grupo SOP incluiu 48 pacientes com diagnóstico
estabelecido pelos critérios de Rotterdam (2003). Como integrantes do grupo controle foram avaliados
41 indivíduos saudáveis não relacionados geneticamente entre si. Para todos participantes, foi coletada
amostra de sangue periférico e extraído o DNA dos leucócitos de cada amostra. O gene LHB foi
amplificado pela técnica da reação em cadeia da polimerase (PCR) e, em seguida, sequenciado e
analisado. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas da Faculdade de Ciências da
Saúde da Universidade de Brasília (CEP/FS – 124/09). RESULTADOS: A frequência da nova
variante alélica foi de 4,2% (4/96) no grupo com SOP e de 1,2% (1/82) no grupo controle (p>0,05). À
análise conjunta, a chance das pacientes com SOP apresentarem a nova mutação em heterozigose foi
3,48 vezes a chance dos indivíduos do grupo controle (odds ratio: 3,48; IC 95%: 0,37 – 32,41).
Nenhum dos participantes estudados apresentou homozigose para a nova variante alélica.
CONCLUSÃO: Nesse estudo, não houve diferença estatisticamente significativa entre a frequência
alélica C1430A do grupo com SOP e o grupo controle. A chance de pacientes com SOP serem
heterozigotas para a mutação não se mostrou significativamente diferente daquela dos indivíduos do
grupo controle. Não obstante, amostras maiores de pacientes e controles seriam úteis para evidenciar
uma possível associação ainda não demonstrada.

46. ANÁLISE DA TAXA DE INFECÇÕES, INTERNAÇÕES E MORTALIDADE EM


PACIENTES EM DIÁLISE NO HUB
Natalia de Carvalho Trevizoli, Bruno Pereira Teixeira, Pedro Mendes de Oliveira Filho, Flávia Lara
Barcelos, Raimundo Antonio Cardoso Junior, Gustavo João Sebba, Flávio José Dutra de Moura,
Giuseppe Cesare Gatto, Lucyana Bertoso Vasconcelos Freire, Maria das Graças Vieria, Elinete Soares
dos Santos.
Universidade de Brasília, Hospital Universitário de Brasília, Serviço de Nefrologia HUB - UnB, DF.
JUSTIFICATIVA: A diálise apresenta um alto risco para infecção, por ser um procedimento
invasivo, em pacientes imunocomprometidos que utilizam acesso vascular por períodos prolongados.
Os pacientes podem necessitar de freqüentes hospitalizações, seja por complicações da diálise ou
devido à doença de base. Infecções do acesso vascular apresentam-se como causa de grande
morbidade, acometendo infinitamente mais o cateter venoso central. As infecções também possuem
alto impacto em pacientes que realizam diálise peritoneal (DP), pois as peritonites e infecções de
cateter constituem as duas primeiras causas de morbidade e falha de tratamento. OBJETIVO: Avaliar
taxas de infecção, internação hospitalar e mortalidade nos pacientes em diálise no HUB.
METODOLOGIA: Estudo retrospectivo, a partir de dados obtidos dos prontuários de pacientes
acompanhados no período de Janeiro de 2009 a Agosto de 2010, processados no Microsoft Excel.

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RESULTADOS: Foram acompanhados 82 pacientes em 2009 e 72 pacientes em 2010. Os pacientes
em HD representaram 74% dos pacientes em seguimento. A taxa de hospitalização dos pacientes em
DP foi de 0,72, diminuindo para 0,55 em 2010. Já para os pacientes em HD esta taxa foi de 0,61 em
2009 e 0,29 em 2010. Foram registrados 6 casos de infecção (fístula e cateter) em pacientes em HD
em 2009 (10%) e 1 caso até Agosto de 2010 (1,6%). Nos pacientes em DP, foram 8 casos de infecção
(cateter e peritonite) em 2009 (36%) e 4 casos em 2010 (22%). A taxa de mortalidade variou de 18% a
16% em pacientes em DP e de 10% a 7,4% em pacientes em HD. CONCLUSÃO: O estudo
demonstrou a incidência de infecções, a necessidade de internação hospitalar e a taxa de mortalidade
em pacientes em diálise, e está de acordo com os dados disponíveis na literatura.

47. INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO: RELATO DE CASO


Alessandra de Sousa Gonçalves, Fabiana Ribeiro Costa, Fernanda Seabra Simões Resende, Diego
Martins de Mesquita, Júlia Martins de Oliveira, Lívia Munhoz de Oliveira e José Roberto Macedo
Hospital Universitário de Brasília, Universidade de Brasília
INTRODUÇÃO: A dor torácica de origem cardíaca pode ser devido à angina, ao aneurisma
dissecante de aorta, à pericardite e ao infarto agudo do miocárdio. O infarto do miocárdio (IAM) é
caracterizado por isquemia miocárdica prolongada causadora de lesão muscular irreversível. A sua
localização é retroesternal ou atravessa a região anterior do tórax. Pode apresentar irradiação para
ombros, braços, pescoço, região inferior da mandíbula ou parte superior do abdome. A dor pode ser
compressiva e geralmente é intensa. A duração da dor varia de 20 minutos a várias horas. Os sintomas
associados são náuseas, vômitos, sudorese e fraqueza. RELATO DE CASO: Paciente previamente
hígido, masculino, 88 anos, ex-tabagista de 20maços-ano, sem relato de uso de medicações.
Apresentou quadro de dor precordial típica associado à sudorese, amenizado o quadro álgico após o
uso de analgésico. Dez horas depois, apresentou novamente dor associado à sudorese e a vômitos.
Trazido ao pronto-socorro, estava contactuante, colaborativo, sem sedação e sem uso de aminas
vasoativas. O eletrocardiograma revelou infarto agudo do miocárdio com supra de ST em parede
anterior. Foi encaminhado para angioplastia de urgência. A coronária descente anterior apresentava
lesão obstrutiva em terço médio e sofreu angioplastia com colocação stent bem sucedida. Havia
evidências de outras lesões graves em coronária direita e coronária circunflexa. Iniciado protocolo de
IAM com supra e agrastat® (50mg IV). O ecocardiograma indicou: fração de ejeção cardíaca de 34%
e miocardiopatia dilatada isquêmica com repercussão hemodinâmica importante. Três dias depois
houve parada cardiorespiratória em ritmo de AESP e o paciente veio a óbito. CONCLUSÃO: O IAM
com supradesnível do segmento ST caracteriza situação clínica de extrema gravidade e com risco de
vida. O tratamento deve ser rápido e objetivo a fim de diminuir a morbidade e mortalidade dessa
patologia.

48. HEMATOMA SUBDURAL E COMPLICAÇÕES HEMODINÂMICAS EM IDOSO:


RELATO DE CASO
Alessandra de Sousa Gonçalves, Fernanda Seabra Simões Resende, Fabiana Ribeiro Costa, Lívia
Munhoz de Oliveira, Maressa Quezzia Barroso Macedo, José Roberto Macedo
Hospital Universitário de Brasília, Universidade de Brasília
INTRODUÇÃO: O hematoma subdural crônico (HSC) representa uma das formas mais freqüentes de
hemorragia intracraniana, sendo causa comum de internação hospitalar. As complicações que
aumentam o tempo de permanência em unidades de terapia intensiva são as relacionadas à função
respiratória, doença pulmonar obstrutiva crônica, tabagismo, congestão pulmonar, desmame da
ventilação mecânica prolongado, diabetes, infecções, insuficiência renal, acidente vascular encefálico
e instabilidade hemodinâmica. RELATO DE CASO: S.B.A, 88 anos, masculino, com história de
queda da própria altura. Evoluiu com anisocoria e coma. Submetido a tomografia computadorizada de

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crânio (TCC) sem contraste que indicou hematoma subdural agudo fronto-parietal à esquerda extenso
e desvio da linha média. Realizada craniotomia de urgência, descompressão de nervo craniano,
implante de eletrodo cerebral profundo e tratamento cirúrgico do hematoma subdural. Durante a sua
internação o paciente broncoaspirou, por isso iniciou-se antibioticoterapia. Seguiu com rebaixamento
de consciência (glasgow=4), pupilas anisocóricas, hipernatremia (Na= 158,5 mEq/L), leucocitose,
escórias nitrogenadas elevadas (uréia=141; creatinina=1,3mg/dl) e oscilação da pressão arterial. Teve
parada cardíaca em atividade elétrica sem pulso (AESP) com necessidade de reanimação vigorosa.
Houve persistência da hipernatremia (a despeito das correções) e do estado comatoso. Nova parada
cardíaca ocorreu sem resposta às manobras de reanimação. O paciente veio a óbito após 27 dias de
internação em unidade de terapia intensiva. CONCLUSÃO: O idoso é mais suscetível a complicações
decorrentes de internação hospitalar. A ocorrência de comorbidades determina um aumento no tempo
de internação, dos custos de internação e nos índices de mortalidade na população acometida.

49. NEOPLASIA DE VESÍCULA BILIAR: RELATO DE CASO


Alessandra de Sousa Gonçalves, Fernanda Seabra Simões Resende, Fabiana Ribeiro Costa, Júlia
Martins de Oliveira, Diego Martins de Mesquita, Lívia Munhoz de Oliveira, José Roberto Macedo
Hospital Universitário de Brasília, Universidade de Brasília
INTRODUÇÃO: O câncer da vesícula biliar (CVB), patologia rara, é reconhecido como a neoplasia
maligna mais comum da árvore biliar e o quinto carcinoma mais freqüente do trato gastrintestinal.
RELATO DE CASO: M.C.M, 46 anos, previamente hígida, iniciou quadro de dispepsia progressiva
mal definida, especialmente após alimenta-se. A endoscopia digestiva alta indicou esofagite, gastrite e
duodenite. Iniciou-se dor abdominal, de moderada intensidade, cujo quadro álgico não melhorou após
o tratamento com inibidor de bomba de prótons e com o tratamento empírico para H.pylori. Houve
aumento do volume abdominal, náusea e perda de peso. Ultrassonagrafia de abdômen demonstrou
espessamento de paredes de vesícula, com lesão fúndica associada à ascite e a nódulos hepáticos.
Tomografia computadorizada revelou nódulos hepáticos, sem espessamento de vesícula, ascite e
linfonodomegalia abdominal. Devido a divergência, a paciente foi internada para investigação. Novos
exames confirmaram achados compatíveis de neoplasia de vesículas e metástases para fígado e
linfonodos hepáticos. O laudo histopatológico atestou presença de adenocarcinoma pouco diferenciado
com células em anel de sinete. Evoluiu com dispnéia intensa, acidose metabólica e alcalose
respiratória. Apresentou abolição de sons em hemitórax direito e crepitações grosseiras em base
pulmonar esquerda. Após exames, confirmou-se a comorbidade de embolia pulmonar maciça. A
paciente iniciou tratamento oncológico paliativo e tratamento com trombolíticos após restabelecimento
da estabilidade hemodinâmica. O tratamento melhorou a qualidade de vida da paciente, que veio a
óbito em três meses devido à parada cardiorespiratória. CONCLUSÃO: Devido às características
clínicas inespecíficas e sintomas ausentes no câncer precoce, o diagnóstico de CVB ocorre em estágio
avançado, quando o prognóstico é reservado, com índice de sobrevida em cinco anos de
aproximadamente 5%.

50. TRATAMENTO DE TUBERCULOSE PULMONAR COM PESQUISA DE BAAR E


CULTURA PARA BK NEGATIVAS: A PRÓPOSITO DE UM CASO
Martins R.L.M; Resende, A.A; Rolón, P.A
Serviço de Clínica Médica, Hospital Universitário de Brasília, Universidade de Brasília
INTRODUÇÃO: A tuberculose, doença infectocontagiosa causada pelo Mycobacterium tuberculosis,
conhecida desde a Antiguidade é uma das doenças mais conhecidas da humanidade. O Brasil é um dos
22 países responsáveis por 90% dos casos. O diagnóstico da tuberculose pulmonar é realizado por uma
associação do quadro clínico, radiológico e microbiológico. Os exames microbiológicos mais
utilizados são BAAR e cultura. 50 a 80% dos pacientes apresentam pesquisa direta do BAAR no

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escarro positiva, essa possui valor preditivo positivo maior que 95% positivo e sensibilidade de 40-
60%. A cultura apresenta-se com sensibilidade de 80% e nos estudos brasileiros apresentou-se com
76,6% de especificidade. Atualmente novas técnicas diagnósticas são oferecidas, com maiores
sensibilidade e especifidade, como métodos moleculares e dosagem de citocinas, contudo ainda são
caras e não muito utilizadas.
OBJETIVO: Relatar caso de tuberculose pulmonar com amostras de culturas negativa e BAAR
negativo.
RELATO DE CASO: J.R.P.S, masculino, 37 anos, negro, solteiro, natural, residente e procedente de
Coribe-BA. Paciente tabagista 40maços/ano, alcoolista de fermentados e destilados 1litro/dia, relata
que há 5 anos apresentou quadro de tosse produtiva, dispnéia aos moderados esforços, inapetência,
perda ponderal, dor torácica em hemitórax esquerdo, pirexia diária vespertina acompanhada calafrios e
sucedida de sudorese e PPD 15mm. O esquema RIP foi prescrito, contudo esse foi suspenso diante de
2 amostras de escarro com BAAR e cultura negativas. Durante 5 anos, os sintomas permaneceram e se
intensificaram. Foi então encaminhado ao ambulatório de Pneumologia do HUB-UnB. Apresentava-se
taquipnéico (29irpm), em uso tiragem intercostal, com murmúrio vesicular diminuído em 1/3 superior
de hemitórax E, atrito pleural em base e região subaxilar esquerda. Nova amostra de escarro com
realização de cultura e BAAR foram realizadas, acrescidas de broncoscopia que sugeriu processo
infeccioso. O raio X revelou opacidade parenquimatosa difusa em lobo superior esquerdo. Mesmo
com a baciloscopia e culturas negativas,foi iniciado tratamento com o esquema RIPE. Em quinze dias,
o paciente apresentou melhora do quadro clínico com diminuição da tosse e da dor torácica, mostrava-
se eupneico, somente apresentando à ausculta pulmonar diminuição do murmúrio vesicular fisiológico
em base esquerda.
CONCLUSÃO: O melhor método de diagnóstico de tuberculose é uma associação de características
clínicas, radiológicas e microbiológicas. Contudo, mesmo diante de um exame microbiológico
negativo, uma alta suspeita clínica deve levar em conta a necessidade de iniciar prova terapêutica com
medicação tuberculostática, pois 20% dos casos de tuberculose pulmonar cursam sem confirmação
bacteriológica.

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CLÍNICA CIRÚRGICA
1. ADENOMA HEPATOCELULAR GIGANTE: RELATO DE CASO
Hugo Donovan Oliveira da Silva, Camila Oliveira Barbosa, Juliana Gurgel Faria Araújo, Andréa
Pedrosa Ribeiro Alves.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Serviço de Cirurgia Geral, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: O adenoma hepatocelular é uma proliferação benigna relativamente rara dos
hepatócitos, encontrada em mulheres jovens em uso crônico de anticoncepcional oral. O diagnóstico é
sugerido por métodos de imagem e muitas vezes de modo incidental, por ser, em boa parte dos
pacientes, assintomático. O tratamento cirúrgico é indicado sempre que possível pelo risco de
malignização e ruptura. OBJETIVO: Relatar caso de adenoma hepático gigante com dificuldade
diagnóstica pré-operatória. DESCRIÇÃO: Paciente do sexo feminino, 25 anos, usuária de
anticoncepcional, com dor contínua em região lombar e abdome superior. TC de abdome revelou lesão
expansiva heterogênea, medindo 97 x 83 x 59 mm, em íntimo contato com a grande curvatura gástrica
e com lobo hepático esquerdo, devendo-se considerar o diagnóstico de GIST ou lesão exofítica do
fígado. EDA com abaulamento gástrico extrínseco. Indicada laparotomia exploradora que evidenciou
lesão exofítica em lobo hepático esquerdo (segmentos - II/III). Realizada ressecção não regrada da
lesão e a avaliação anatomopatológica concluiu tratar-se de um adenoma hepatocelular.
CONCLUSÃO: No caso apresentado, temos uma paciente jovem com sintomas inespecíficos e
exames complementares com imagens sugestivas de tumor hepático exofítico mimetizando tumor
extra-mucoso do estômago, devido a proximidade e compressão extrínseca do mesmo. Persistindo a
dúvida diagnóstica foi indicada laparotomia exploradora. Ao inventário, foi confirmada a presença de
tumor exofítico do fígado de grandes dimensões, compatível com adenoma hepático. Apesar de tratar-
se de lesão benigna, foi realizada ressecção da mesma para confirmação histopatológica e pelo risco de
ruptura e malignização.

2. ANESTESIA SUBDURAL ACIDENTAL APÓS PUNÇÃO PERIDURAL – RELATO DE


CASO.
Renato Borges Saito, Kátia Cilene Soares de Macedo, Heverly Balduíno Ribeiro, Edno Magalhães,
Cátia Sousa Govêia, Luís Cláudio de Araújo Ladeira.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Centro de Anestesiologia, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: Existem relatos de bloqueio subdural acidental durante a realização de anestesia
subaracnóidea ou peridural. OBJETIVO: Descrever um caso de possível anestesia subdural acidental
após punção epidural. RELATO DO CASO: Paciente com 60 anos, masculino, estado físico II
(ASA), admitido para realização de reconstrução intestinal. Exames físico e laboratoriais normais.
Realizada punção lombar mediana, única, com agulha de Tuohy 16G, no espaço L2-L3 e com perda
de resistência. Aspiração negativa para líquor ou sangue. Dose teste com resultado negativo.
Administrado ropivacaína a 0,2% (10mg), morfina (2mg) e fentanil (100 µg). Pré-oxigenação, indução
com sufentanil (30µg), propofol (150mg), rocurônio (40mg) e manutenção com isoflurano (1-2%).
Após 15 minutos o paciente apresentou quadro de hipotensão arterial refratária a efedrina e reposição
hídrica, sendo iniciada infusão de noradrenalina com melhora dos parâmetros hemodinâmicos. Ao
final do procedimento cirúrgico o paciente apresentava midríase bilateral, inconsciência, apnéia e
estabilidade hemodinâmica mantida com uso de vasopressor, sendo encaminhado à UTI após 5 horas
do início da anestesia. Após 3 horas apresentava-se consciente, em respiração espontânea, sem uso de
amina vasoativa e com melhora da midríase. DISCUSSÃO: O bloqueio subdural acidental é uma
complicação rara e deve ser suspeitado quando as alterações sensoriais e motoras não seguem o padrão normal.
O diagnóstico é clínico e os achados atípicos incluem um bloqueio sensorial extenso, hipotensão arterial
moderada, insuficiência respiratória, dilatação pupilar e inconsciência. Estes sintomas geralmente apresentam

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lenta instalação (15-20 minutos), duração variável (2-7 horas) e completa recuperação da função neurológica. O
tratamento consiste em suporte ventilatório e cardiovascular, pois na grande maioria das vezes os
sintomas são temporários. CONCLUSÃO: Os anestesistas devem atentar para a possibilidade de
bloqueio subdural durante anestesia no neuroeixo, pois trata-se de uma complicação incomum e
potencialmente fatal se não diagnosticada rapidamente.

3. COMPLICAÇÃO DA VENTILAÇÃO PULMONAR SELETIVA: COLAPSO PULMONAR


E CHOQUE – RELATO DE CASO.
Renato Borges Saito, Felipe Oliveira Marques, Áurea Carolina Machado de Sousa Oliveira, Edno
Magalhães, Cátia Sousa Govêia, Luís Cláudio de Araújo Ladeira.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Centro de Anestesiologia, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: Atelectasia ou colapso pulmonar pode resultar de obstrução brônquica, por corpo
sólido, secreção, ventilação seletiva ou diminuição do surfactante, diminuindo número de alvéolos
funcionantes. OBJETIVO: Discutir diagnóstico e conduta anestésica no colapso pulmonar. RELATO
DO CASO: Paciente masculino, 54 anos, com diagnóstico de carcinoma de língua, admitido para
realização de pelveglossomandibulectomia. Apresenta história de glossectomia parcial há 2 anos.
Exames físico e laboratoriais normais. Realizada traqueostomia, indução com fentanil (500 µg),
propofol (120 mg) e rocurônio (40 mg) e manutenção com isoflurano 1-2%. No transoperatório
ocorreu extubação acidental, sendo realizada nova intubação traqueal. Capnometria e ausculta
pulmonar normais. Após 30 minutos o paciente evoluiu para quadro de choque, com queda da
saturação periférica de O2, hipotensão arterial, taquicardia, abolição do murmúrio vesicular à esquerda
e hipertimpanismo a direita, sem turgência jugular ou abafamento de bulhas cardíacas. Observada
melhora clínica após início da ventilação manual e infusão de noradrenalina. Radiografia de tórax com
colabamento pulmonar à esquerda, e intubação seletiva de brônquio direito na fibroscopia. Feito o
reposicionamento da cânula endotraqueal com melhora do quadro clínico e radiológico.
DISCUSSÃO: Na presença de colapso pulmonar, como ocorre durante a ventilação seletiva, o lobo
remanescente absorve todo estresse imposto pela alta pressão nas vias aéreas. Como os demais lobos
passam a não contribuir para o aumento do volume gasoso, as pressões pleurais ao redor do lobo
remanescente quase não se alteram, gerando uma alta pressão transpulmonar sobre este, além de shunt
importante no pulmão não ventilado, podendo cursar com repercussões hemodinâmicas e alterações na
relação ventilação/perfusão. CONCLUSÕES: Em cirurgias com mobilização da cabeça, os
anestesiologistas devem atentar para complicações hemodinâmicas associadas às pulmonares
decorrentes do deslocamento da cânula traqueal.

4. ANESTESIA EM GESTANTE PORTADORA DE SÍNDROME DE SNEDDON – RELATO


DE CASO.
Renato Borges Saito, Juliano Neves do Rego, Áurea Carolina Machado de Sousa Oliveira, Silvia
Piccolo Daher, Edno Magalhães, Cátia Sousa Govêia.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Centro de Anestesiologia, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: A Síndrome de Sneddon (SS) cursa com AVC associado ao livedo reticular e
predomina em mulheres jovens, com incidência anual estimada em 4 casos por milhão. OBJETIVO:
Discutir o procedimento anestésico em gestante com SS. RELATO DO CASO: Gestante com 37
anos, 37 semanas e 2 dias de idade gestacional, admitida para cesárea eletiva. Apresentava diagnóstico
de SS, hipertensão arterial (HAS) e asma intermitente. Fazia uso regular de hidroclorotiazida
(25mg/d), metildopa (1g/d), clexane (120mg/d), AAS (100mg/dia) e β2-agonista inalatório em caso de
crise asmática. Apresentava dislalia como seqüela neurológica após 3 episódios de AVC. Ao exame,
observaram-se livedo reticular em extremidades, fenômeno de Raynaud, HAS leve e sopro
holodiastólico em FAo. Hemograma, bioquímica, ECG e radiografia de tórax sem alterações.
Coagulograma: TTPa: 43,8’’ REL: 1,41; TS e TAP normais. Ecocardiograma: insuficiência aórtica
moderada e VE com dilatação moderada (FE: 69%). Anticoagulante lúpico e anti-cardiolipina IgM e
IgG: negativos. Realização indução em seqüência rápida com fentanil (300µg), propofol (150mg) e

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succinilcolina (100mg) e manutenção balanceada com remifentanil (0,2-0,3µ/kg/h) e sevoflurano a
2%. Nascimento de feto vivo, hiporreativo, com melhora clínica após estimulação tátil e assistência
ventilatória. DISCUSSÃO: A SS é uma doença rara e de etiologia desconhecida, classificada como
uma arteriopatia oclusiva sistêmica não inflamatória. Caracteriza-se pela presença de livedo reticular,
acrocianose, múltiplos eventos cerebrovasculares, associados à HAS, lesão valvular cardíaca,
convulsões, fenômeno de Raynaud e comprometimento renal. Muitos pacientes apresentam associação
com à síndrome do anticorpo antifosfolipídeo (80%), assim como resistência a proteína C ativada, o
que pode resultar em trombose venosa. Devido ao estado de hipercoagulabilidade da gravidez é
recomendável interromper a gestação assim que for atingida a maturidade fetal, com diminuição da
tendência pró-trombótica e da mortalidade. CONCLUSÃO: Os anestesiologistas devem estar atentos
para alterações da fisiologia pertinentes ao manejo perioperatório em portadores de Síndrome de
Sneddon.

5. RESPOSTA A EFEDRINA EM GRÁVIDAS SUBMETIDAS À RAQUIANESTESIA PARA


CESARIANA: INFLUÊNCIA DA VARIABILIDADE GENÉTICA.
Renato Borges Saito, Maurício Daher Andrade Gomes, Gustavo Barcelos Barra, Edno Magalhães,
Cátia Sousa Govêia, Luís Cláudio de Araújo Ladeira.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Centro de Anestesiologia, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: Estudos recentes comprovaram a presença de diversos polimorfismos do gene
receptor beta-2 adrenérgico (ADRB2). OBJETIVO: Avaliar a influência do polimorfismo do códon
16 do ADRB2 na resposta ao tratamento da hipotensão em grávidas submetidas à anestesia
subaracnóidea. MÉTODOS: 142 gestantes ASA I e II foram submetidas à raquianestesia para
cesariana. O bloqueio subaracnóideo foi padronizado e a pressão arterial foi avaliada a cada 3 minutos.
O tratamento da hipotensão arterial foi realizado com efedrina. Após o procedimento foi colhida
amostra sangüínea para genotipagem, que foi feita pelo seqüenciamento direto do produto de PCR do
segmento do gene do ADRB2 que contém o códon 16 de todas as pacientes. RESULTADOS: O
genótipo mais prevalente foi o heterozigoto Arg16Gli (54%, n=77) seguido pelos homozigotos
Gli16Gli (31%, n=40) e Arg16Arg (15%, n=21). A incidência geral de hipotensão arterial foi de
71,8%, sendo menor no grupo Arg16Arg (52%) em relação aos outros genótipos (p=0,04). A dose de
efedrina necessária para estabilização hemodinâmica do genótipo Arg16Arg foi significativamente
menor quando comparada com o restante das pacientes (8,81 ± 2,21 versus 14,67 ± 1,164 mg;
p=0,0486). DISCUSSÃO: O controle da pressão arterial e do débito cardíaco depende em grande
parte da atividade dos ADRB2. O gene do receptor ADRB2 já foi identificado como sendo
polimórfico e alguns destes polimorfismos já foram identificados como funcionalmente relevantes
para o controle da pressão arterial. CONCLUSÃO: Na população brasileira, a presença homozigótica
do polimorfismo do códon 16 do ADRB2 (genótipo Arg16Arg) possivelmente confere maior
estabilidade hemodinâmica e melhor resposta ao tratamento às grávidas submetidas ao bloqueio
subaracnóideo para cesariana.

6. ESTUDO DO EFEITO ANALGÉSICO DA ADIÇÃO DE CETAMINA E ÓXIDO NITROSO


À ANESTESIA VENOSA TOTAL.
Heverly Balduíno Ribeiro, Renato Borges Saito, João Victor Ferreira Couto, Edno Magalhães, Cátia
Sousa Govêia, Luís Cláudio de Araújo Ladeira.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Centro de Anestesiologia, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: Os opióides podem aumentar a sensibilidade ao estímulo nociceptivo,
provocando aumento da dor pós-operatória, um fenômeno denominado hiperalgesia induzida por
opióides. OBJETIVO: Avaliar o efeito sinergístico da associação de cetamina e óxido nitroso sobre a
intensidade da dor pós-operatória, após anestesia com opióides, e seus possíveis efeitos colaterais.
MÉTODOS: Após aprovação pelo comitê de ética (FM/UnB), 20 pacientes, maiores de 18 anos, ASA
I-II, submetidos à colecistectomia videolaparoscópica eletiva, sob anestesia geral venosa com propofol
e remifentanil foram incluídos nesse ensaio clínico aleatorizado e duplamente encoberto. O grupo

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cetamina (C), n=10, recebeu cetamina por via venosa, na dose de 0,5mg/kg, à indução anestésica. O
grupo cetamina e óxido nitroso (C-N): n=10, recebeu cetamina por via venosa, na dose de 0,5mg/kg e
óxido nitroso à 66% durante a anestesia. No intra-operatório foram avaliados os parâmetros
hemodinâmicos e respiratórios e o consumo de anestésicos. No pós-operatório foram avaliados a
intensidade da dor, pela escala visual analógica de dor (EVA) e o consumo de analgésicos por cada
paciente, além dos possíveis efeitos adversos. Os dados paramétricos foram avaliados pelo teste t-
student e os dados não paramétricos pelo teste qui-quadrado. P<0,05 foi considerado estatisticamente
significante. RESULTADOS: Não houve diferença entre os grupos em relação aos dados
demograficos, estado físico da ASA, duração da cirurgia, parâmetros hemodinâmicos e respiratórios e
consumo de anestésicos no intra-operatório. Também não foi observada diferença em relação à
intensidade da dor pós-operatória no período de 24 horas. O consumo de analgésicos no pós-
operatório foi similar nos dois grupos. Não houve diferença em relação à incidência de náuseas e
vômitos. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO: A adição de óxido nitroso à anestesia geral venosa não se
mostrou capaz de potencializar o bloqueio NMDA pela cetamina e reduzir o consumo pós-operatório
de analgésicos em pacientes submetidos à anestesia com opióides.

7. LEIOMIOMA DE MÃO: RELATO DE CASO


Jefferson Lessa Soares de Macedo, Felipe Augusto Neves Oliveira de Carvalho, Simone Correa Rosa
Universidade de Brasília, Hospital Universitário de Brasília, Serviço de Cirurgia, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: O leiomioma é uma neoplasia de músculo liso, rara e de difícil diagnóstico.
INTRODUÇÃO: O leiomioma é uma neoplasia benigna de músculo liso encontrada com mais
freqüência em mulheres, no útero. A ocorrência de leiomioma na mão é rara, devido ao mínimo
conteúdo de músculo liso nessa área. RELATO DO CASO: Uma jovem de dezessete anos foi
atendida no Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital Universitário de Brasília com história de
crescimento lento de um tumor indolor, na face volar do quinto dedo da mão esquerda há sete anos.
Ao exame físico, revelou um tumor endurecido de 7 cm de diâmetro, móvel, não aderido a planos
profundos e indolor à palpação. Os exames vascular, sensitivo e motor da mão esquerda não
mostraram alterações significativas. Quanto à operação, sob bloqueio do plexo braquial, foi realizada
incisão na base do tumor. O tumor era encapsulado e não envolvia as bainhas tendinosas dos flexores
do quinto dedo, vasos ou nervos digitais. A dissecção foi simples em torno da cápsula e o tumor foi
retirado inteiramente. Foi realizado estudo imunoistoquimico usando anticorpos diretamente contra
actina alfa de músculo liso, proteína S-100 e antígeno de proliferação celular Ki-67. O diagnóstico foi
de leiomioma. A paciente não tem recorrência da lesão após acompanhamento de 2 anos da operação e
não apresenta limitação motora ou sensitiva da mão esquerda. DISCUSSÃO/CONCLUSÃO: O
leiomioma é um raro tumor de mão, deve-se considerar seu diagnóstico quando o paciente se apresenta
com um nódulo isolado de crescimento lento. O único tratamento é a completa ressecção cirúrgica. O
diagnóstico apenas é confirmado após estudo histopatológico. O caso relatado trata-se de leiomioma
de origem cutânea, histologicamente sólido, com prognóstico favorável. Pela história relatada, o tumor
começou a se desenvolver provavelmente aos 14 anos de idade. O caso destaca-se pela localização na
mão, pelas dimensões e faixa etária da paciente. Há poucos casos de leiomioma de mão descritos na
literatura, e há só um que relata leiomioma de mão de 7cm.

8. EFEITOS DO PNEUMOPERITÔNIO COM CO2 SOBRE A MORFOLOGIA RENAL E


HEPÁTICA EM RATOS.
Igor Eduardo Caetano de Farias, Pedro Henrrique Alves de Moraes, Leonardo Durães, Fabiana
Carneiro, Paulo Gonçalves de Oliveira, João Batista de Sousa.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Laboratório de Cirurgia Experimental, Brasília DF.

92
O presente estudo analisa as consequências do aumento de pressão intraperitonial causada pelo
pneumoperitônio com CO2 sobre a morfologia renal e hepática em ratos. O trabalho correlaciona as
alterações teciduais ao tempo de exposição ao pneumoperitônio e ao tempo de duração dessas
alterações. JUSTIFICATIVA: Há indícios o pneumoperitônio gera alterações no parênquima
hepático e renal. OBJETIVO: O presente estudo analisa as consequências do aumento de pressão
intraperitonial causada pelo pneumoperitônio com CO2 sobre a morfologia renal e hepática em ratos.
O trabalho correlaciona as alterações teciduais ao tempo de exposição ao pneumoperitônio e ao tempo
de duração dessas alterações. MÉTODO: O estudo contou com 54 ratos, adultos, machos que depois
de anestesiados, foram aleatoriamente distribuídos em três grupos (P, PP e C):P - 18 animais foram
submetidos ao pneumoperitônio durante 30 minutos imediatamente antes da laparotomia; PP-18
animais foram submetidos a pneumoperitônio por 60 minutos, 30 imediatamente antes da laparotomia
e 30 após a laparorrafia;. Grupo controle (C)–18 animais submetidos a laparotomia sem
pneumoperitônio. O pneumoperitônio foi mantido à pressão de 5mmHg. Nove animais, em cada
grupo, foram mortos aos 3° e 7° dias de pós-operatório, quando ocorreu a coleta de amostras do rim e
do fígado para estudo morfológico. As peças do fígado foram coradas com hematoxilina e eosina (HE)
e as do rim com HE e Von Kossa. A análise das lâminas foi feita de forma cega. RESULTADOS:
Não foram observadas alterações na morfologia renal compatíveis com o pneumoperitonio. As
alterações encontradas foram calcificações em células dos túbulos renais. Nas amostras de fígado
foram observados achados histológicos como degeneração hidrópica e esteatose. Somente a
degeneração hidrópica presente nos animais submetidos ao pneumoperitônio de 60 minutos e mortos
no 7° dia pós operatório apresentaram relevância estatística (p= 0,029). A presença desse achado pode
ter ocorrido devido à diminuição da perfusão tecidual, gerada pelo aumento de pressão intraperitoneal,
associada à reperfusão das estruturas isquêmicas. CONCLUSÃO: O pneumoperitônio com CO2 não
interferiu na morfologia renal e provocou degeneração hidrópica no fígado dos animais mortos no 7°
dia pós-operatório.

9. O PNEUMOPERITÔNIO DE CO2 NÃO INTERFERE NA FORÇA TÊNSIL DE FERIDA


CIRÚRGICA DE PAREDE ABDOMINAL DE RATOS.
Pedro Henrique Alves de Morais, Igor Eduardo Caetano de Farias, Leonardo de Castro Durães, Paulo
Gonçalves de Oliveira, João Batista de Sousa.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Laboratório de Cirurgia Experimental, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: A cirurgia laparoscópica utiliza amplamente o pneumoperitônio de CO2, porém
seus efeitos sobre a cicatrização são pouco conhecidos, e têm pertinência no pós operatório.
OBJETIVO: Verificar a influência que o pneumoperitônio de CO2 tem na força tênsil cicatricial da
parede abdominal de ratos sujeitos a laparotomia. MÉTODOS: A amostra foi de 80 ratos Wistar, que
foram anestesiados e submetidos a laparotomia e pneumoperitônio de CO2, com pressão de 5 mmHg.
Houve quatro grupos de animais: A- submetidos a pneumoperitônio pré-operatório; B- submetidos a
pneumoperitônio pós-operatório; C – submetidos a pneumoperitônio pré e pós-operatório; D – grupo
controle. Realizou-se a eutanasia no 7° e 14° DPO. Um trecho da parede abdominal foi ressecada, a
força tênsil de ruptura (FTR) foi avaliada e os valores registrados em Newtons. Os animais foram
pesados no dia da operação e da eutanásia. Fez-se análise estatística no programa SPSS versão 13.0
com os testes ANOVA, Mann-Whitney e teste t de Student. RESULTADOS: Os do 7° DPO
emagreceram (p<0.001) e aqueles do 14° DPO tiveram ganho ponderal (p=0.001). Houve diferença
entre a FTR do 7° e do 14° DPO, p=0.001. Não houve diferença de FTR dentre os animais sujeitas a
eutanásia no 7° DPO (p=0.712), tampouco dentre os do 14° DPO (p=0.580). CONCLUSÃO: Nas
condições propostas pelo experimento, o pneumoperitônio de CO2 não interfere na força tênsil
cicatricial da parede abdominal de ratos Wistar.

10. EFEITO DO PNEUMOPERITÔNIO COM DIÓXIDO DE CARBONO NA


CICATRIZAÇÃO DE ANASTOMOSES COLÔNICAS: ESTUDO EXPERIMENTAL EM
RATOS.

93
Leonardo de Castro Duraes, Igor Eduardo Caetano de Farias, Pedro Henrique Alves de Morais, Paulo
Gonçalves de Oliveira, Ruy Lino Junior, João Batista de Sousa.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Laboratório de Cirurgia Experimental, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: A cirurgia laparoscópica utiliza o pneumoperitônio com dióxido de carbono
(CO2) para prover exposição cirúrgica adequada da cavidade abdominal. OBJETIVO: Avaliar os
possíveis efeitos do pneumoperitônio com CO2 na cicatrização de anastomose colônica. MÉTODO:
Em120 ratos foi realizada uma ressecção de segmento colônico e anastomose término-terminal. Os
animais foram distribuídos em quatro grupos: I – animais submetidos a pneumoperitônio antes da
laparotomia; II – animais submetidos a pneumoperitônio após a laparorrafia; III – animais submetidos
a pneumoperitônio antes da laparotomia e após a laparorrafia; IV – grupo controle. O pneumoperitônio
foi realizado por 30 minutos na pressão de 5 mmHg. Os grupos foram divididos em 3 subgrupos para
eutanásia no 3º, 7º e 14º dia pós-operatório (DPO). Foram estudados evolução clínica, peso, força de
ruptura da anastomose, características histopatológicas, histomorfometria do colágeno e dosagem de
hidroxiprolina. RESULTADOS: Houve 6 óbitos, sendo 4 do grupo I (p=0,097). Não houve diferença
estatística na evolução do peso (3ºDPO p=0,719; 7ºDPO p=0,195; 14ºDPO p=0,651). Não houve
diferença na força de ruptura da anastomose (3ºDPO p=0,165; 7ºDPO p=0,219; 14ºDPO p=0,539). No
estudo histopatológico, no 3ºDPO houve menor hemorragia no grupo II comparado com o grupo
controle (p=0,003). No 7ºDPO houve menor infiltrado mononuclear (p=0,006), maior infiltrado
polimorfonuclear (p=0,001) e maior necrose focal (p=0,001) no grupo II comparado com o grupo
controle. No 14ºDPO houve menor fibrose do grupo II comparado com o grupo controle (p<0,001).
No estudo histomorfométrico houve uma diminuição do colágeno nos grupos I e III em relação ao
grupo controle no 7ºDPO (p<0,0001), e um aumento do colágeno nos grupos I e II em relação ao
grupo controle no 14ºDPO (p<0,001). Não houve diferença estatística na dosagem da hidroxiprolina
(3ºDPO p=0,152; 7ºDPO p=0,913; 14ºDPO p=0,981. CONCLUSÃO: O pneumoperitônio com CO2
na pressão de 5 mmHg não prejudica a cicatrização das anastomoses colônicas em ratos.

11. OBSTRUÇÃO INTESTINAL CAUSADA POR HÉRNIA INTERNA EM PACIENTE SEM


CIRURGIA ABDOMINAL PRÉVIA -RELATO DE CASO
Magalhães, V.S.F; Manalti, H.S; Torres, A.V; Barbosa, C.O; ; Souza, F.A.A; Camelo, R.S; Ribeiro,
P.R.F; Buta, R.O; Silva, C.M; Araújo, A.G.F; Valente, R.S; Cruz, C.A.T.
Universidade de Brasília – Faculdade de Medicina – Área de Clínica Cirúrgica – Serviço de Cirurgia
Geral - HUB
JUSTIFICATIVA: Hérnia interna é a protrusão de uma víscera através de forames, fossas ou
orifícios, dentro da cavidade abdominal. Corresponde a 0,2 - 0,9% das causas de obstrução intestinal.
OBJETIVO: Relatar um caso de hérnia paraduodenal congênita levando a obstrução intestinal em
paciente sem história de cirurgia abdominal atendido em um serviço de cirurgia geral, no mês de
março de 2010. MÉTODOS: Estudo descritivo de caso clínico baseado em levantamento de dados de
prontuário do paciente. RESULTADOS: Paciente de 31 anos apresenta-se com quadro de distensão e
dor abdominal, parada de eliminação de flatus e fezes associado a episódios de vômitos. Ao exame
físico apresentava dor intensa a palpação abdominal, sem sinais de irritação peritoneal. Tem como
antecedente diagnóstico de seminoma testicular estadio III, em tratamento quimioterápico além de
TEP e TVP prévios em uso de varfarin 5mg/dia. Na rotina para abdome agudo foi identificada
distensão importante de alças de delgado; a TC confirmada a distensão de delgado com ponto de
parada. Realizada laparotomia exploradora que evidenciou presença de orifício em mesocólon com
passagem de alças de delgado através do mesmo além de tumor retroperitoneal. CONCLUSÃO: O
presente relato trata de uma manifestação rara e reforça a sua importância como diagnóstico
diferencial nos quadros de obstrução intestinal.

12. RELATO DE CASO: ADENOCARCINOMA DE PEQUENAS CÉLULAS EM ESÔFAGO

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Magalhães, V.S.F; Camelo, R.S; Silva, C.M; Barbosa, C.O; Torres, A.V; Souza, F.A.A; Araújo,
A.G.F; Buta, R.O; Ribeiro, P.R.F; Manalti, H.S; Cruz, C.A.T.
Universidade de Brasília – Faculdade de Medicina – Área de Clínica Cirúrgica – Serviço de Cirurgia
Geral - HUB
JUSTIFICATIVA: O carcinoma de pequenas células do esôfago é uma neoplasia rara, cuja
prevalência varia de 0,05 a 7,6% entre todos os tumores esofágicos. OBJETIVO: Relatar um caso de
adenocarcinoma de pequenas células primitivo em terço médio do esôfago. MÉTODOS: Estudo
descritivo de caso clínico baseado em levantamento de dados de prontuário do paciente.
RESULTADOS: Paciente, feminino, 75 anos com quadro de disfagia progressiva, epigastralgia e
perda ponderal de 4 quilos em 3 meses de evolução. Era tabagista de aproximadamente 30 cigarros/dia
durante 65 anos. Ao exame físico apresentava-se levemente emagrecida. Exames laboratorias sem
alterações. Endoscopia digestiva alta (EDA) evidenciou lesão vegetante ulcero-infiltrativa em terço
médio do esôfago ocupando a luz o órgão. A tomografia computadorizada (TC) do tórax evidenciou
uma lesão expansiva, com extensão aproximada de 8cm pertencente ao esôfago com projeção para as
estruturas mediastinais, linfonodos para-aórticos, mesentéricos e do tronco celíaco, além de grandes
vasos. A TC de abdome foi normal. O anatomopatológico realizado em fragmentos obtidos na EDA
concluiu que se tratava de adenocarcinoma de pequenas células. Tal resultado foi confirmado por
imunohistoquimica, com marcadores endócrinos positivos. Foi proposto tratamento quimioterápico,
em vigência no momento. CONCLUSÃO: Por se tratar de uma patologia pouco comum, o manejo do
carcinoma de pequenas células do esôfago continua controverso sendo necessários mais estudos sobre
o tema.

13. BILIOMA INTRA-HEPÁTICO PÓS TRAUMÁTICO – UM RELATO DE CASO


Paulo Roberto Faria Ribeiro, Carlos Augusto T. Cruz, Camila Oliveira Barbosa, Ana Verusca Torres,
Fábio Augusto Albanez Souza, Raquel Soares Camelo, Helena de Souza Malnati, Vanessa Sole
Ferreira Magalhães, Augusto Gurgel Faria Araújo, Rafael Oliveira Buta, Carolina de Melo Silva.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Clínica Cirúrgica, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: Relato de caso com revisão da literatura de um caso de bilioma pós traumático
OBJETIVO: Apresentar o relato de um caso de um bilioma pós traumático com o tratamento
proposto e com o desfecho, além de revisão da literatura. MÉTODO: Relato de caso com revisão
bibliográfica RESULTADOS: Paciente de 14 anos que sofreu queda de uma árvore de cerca de 3
m3tros de altura com uma contusão abdominal, inicialmente não apresentou sintomas porém cerca de
15 dias após o ocorrido iniciou com icterícia progressiva. Foi avaliada por exames de imagem que
demonstraram volumoso tumor cístico intra hepático. Após completar a investigação foi levanada a
hipótese de bilioma traumático e realizada drenagem percutânea com saída de de grande quantidade de
bile. O débito do dreno permaneceu alto com a drenagem, foi então realizada uma CPRE com
papilotomia endoscópica, havendo diminuição progressiva do débito pelo dreno e o mesmo foi
retirado. A paciente teve alta assintomática e realizou retorno para controle por imagem com redução
volumétrica importante e exame de sangue mostrando bilirrubinas normais. CONCLUSÃO: O
bilioma é um tumor cistico bem delimitado causado pelo dano ás vias biliares e extravazamento de
bile. Este extravasamento é encápsulado por células inflamatórias, fibroblastos, e células gigantes do
tipo corpo estranho. O bilioma pode ser intra-hepático ou intraperitoneal, de acodo com seu
mecanismo de formação. Causas de formação de bilioma incluem trauma hepático, hidatidose,
colecistectomia laparoscópica e litotripsia extracorpórea. Neste caso o trauma contuso foi a causa
determinada, e após o tratamento evoluiu bem.

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14. RESSECÇÃO CIRÚRGICA DE UM ADRENOCORTICOCARCINOMA – UM RELATO
DE CASO
Paulo Roberto Faria Ribeiro, Carlos Augusto T. Cruz, Camila Oliveira Barbosa, Ana Verusca Torres,
Fábio Augusto Albanez Souza, Raquel Soares Camelo, Helena de Souza Malnati, Vanessa Sole
Ferreira Magalhães, Augusto Gurgel Faria Araújo, Rafael Oliveira Buta, Carolina de Melo Silva.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Clínica Cirúrgica, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: Relato de caso com revisão da literatura de um caso raro de
adrenocorticocarcinoma OBJETIVO: Apresentar o relato de um caso de adrenocorticocarcinoma
apresentando-se como virilização e hipertricose.. MÉTODO: Relato de caso com revisão bibliográfica
RESULTADOS: Paciente de 20 anos do sexo feminino iniciou quadro de hipertricose, virilização e
amenorréia, sendo tratada inicialmente para síndrome dos ovários policísticos, não havendo melhora.
Evoluiu com dor em flanco D e tumoração palpável na mesma topografia. Os exames de imagem
mostravam grande massa no pólo supra-renal que tomava flanco e pelve confundindo com a região
anexial. O painel hormonal sugeria um tumor de supra-renais. Foi submetida a cirurgia com retirada
de grande massa em flanco e pelve de conteúdo sólido-cístico. Evoluindo bem no pós operatório.
Laudo histopatológico confirma a suspeita de adrenocorticocarcioma sendo a apciente encaminhada á
oncologia para complementação terapêutica. REVISÃO DA LITERATURA: Trata-se de uma caso
de adrenocorticocarcinoma, doença com incidência de cerca de um para cada milhão de habitantes por
ano, cujo painel hormonal é característico e o tratamento inicial consiste em cirurgia seguida de
quimioterapia.

15. ATELECTASIA MAXILAR CRÔNICA


Márcio Nakanishi, João Mangussi-Gomes, Fabiana Damasco
Universidade de Brasília, Brasília-DF, Brasil; Hospital Universitário de Brasília, Divisão de
Otorrinolaringologia, Ambulatório de Rinologia.
JUSTIFICATIVA: A atelectasia maxilar crônica possui apresentação clínico-radiológica típica,
apesar de tardia e com consequências potencialmente graves. Alto grau de suspeição se impõe para
que sequelas sejam evitadas. OBJETIVO: Descrever a apresentação, diagnóstico, tratamento e
acompanhamento de um caso de atelectasia maxilar crônica. DESCRIÇÃO: Uma paciente de 34 anos
se apresentou com história de episódios recorrentes de rinossinusite há mais de 10 anos. Nos últimos
cinco anos, os sintomas sinusais haviam melhorado, porém desenvolveram-se progressivamente,
parestesia e hiperestesia na região maxilar direita. Ao exame físico, não foram evidenciadas alterações
significativas, exceto por hiperestesia na região maxilar direita. A tomografia computadorizada de
seios paranasais demonstrou opacificação completa do seio maxilar direito, além de retração das suas
paredes lateral e superior, sugerindo processo atelectásico. A campimetria computadorizada
evidenciou escotoma adjacente ao ponto cego do olho direito, possivelmente já indicando prejuízo
funcional ao nervo óptico direito. Foi realizada uncinectomia, bulectomia e antrostomia maxilar
direitas por via endoscópica, com aspiração de fluido mucoso e espesso do seio maxilar direito. A
paciente apresentou boa evolução pós-operatória e os controles radiológicos foram satisfatórios.
Encontra-se assintomática há mais de um ano. As causas da atelectasia maxilar crônica são pouco
elucidadas. Acredita-se que por uma obstrução à drenagem do seio maxilar haja acúmulo de secreções
com posterior reabsorção do conteúdo aquoso e gasoso pela mucosa sinusal. O fluido maxilar torna-se
espesso e é criado um microambiente com pressão negativa. Como evento fisiopatogênico final,
ocorre a atelectasia do seio maxilar com consequente abaulamento de suas paredes. O diagnóstico é
clínico (enoftalmia/hipoglobo/deformidades facias) e radiológico (opacificação completa do seio
maxilar). A história de sintomas sinusais precedentes diferencia a atelectasia maxilar crônica, como no
caso apresentado, da síndrome do seio silencioso. CONCLUSÃO: A atelectasia maxilar crônica é

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uma condição pouco comum, porém potencialmente grave pelas sequelas fisionômicas e visuais que
pode acarretar.

16. SCHWANNOMA MALIGNO DE SEIOS PARANASAIS


Sharlene Castanheira Pádua, Lucas Moura Viana, Vítor Yamashiro Rocha Soares, Pedro Ivo Machado
Pires de Araújo, Rafaela Aquino Fernandes Lopes, Gustavo Subtil Magalhães Freire, André Luís
Queiroz, Luiz Augusto Nascimento, Márcio Nakanishi.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Serviço de Otorrinolaringologia e Cirurgia de
Cabeça e Pescoço, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: Schwannomas malignos são tumores que crescem a partir das células de Schwan
dos nervos periféricos. Extremidades, tronco, tórax e retroperitônio são os locais mais acometidos,
sendo raros na região da cabeça e pescoço. Ocorre predominantemente na 4º e 5º década de vida e sem
preferência por sexo ou raça. Em 30% dos casos está associada a neurofibromatose tipo I (NF I).
OBJETIVO: Objetiva-se relatar um caso de schwannoma malignos localizado em seios paranasais.
RELATO DO CASO: Paciente, 57 anos, com queixa de obstrução nasal, rinorréia, sangramentos
recorrentes e dor facial há 6 meses, em fossa nasal direita (FND). Há 2 meses com epífora e
exoftalmia do olho direito, sem prejuízo da acuidade visual. Durante o exame físico, foi evidenciado
tumoração preenchendo toda a FND de aspecto friável. A TC de seios paranasais revelou massa
volumosa e expansiva em FND, adelgaçando e erodindo parede medial do seio maxilar, lamina
papirácea, células etmoidais e parte do osso esfenóide. Durante a cirurgia endoscópica, observou-se
lesão friável, parda com epicentro provavelmente em etmóide posterior com infiltração dos tecidos
adjacentes. O estudo anatomopatológico e a imunohistoquímico foram compatíveis com tumor
maligno de bainha de nervo periférico (TMBNP). O paciente foi submetido a um novo procedimento
cirúrgico para ampliação de margens. Posteriormente, foi realizado radioterapia no leito tumoral. Até o
momento (12 meses de pós-operatório) o paciente encontra-se sem sinais de recidiva tumoral.
CONCLUSÃO: Os TMBNP são raros, principalmente na região da cabeça e pescoço. Clinicamente,
aparecem como massas bem delimitadas, sangrantes com sinais de compressão local. O diagnóstico
definitivo somente é dado pelo estudo anatomopatológico associado a imunohistoquímica com a
presença da proteína S-100 positiva. O tratamento preconizado consiste na ressecção em bloco do
tumor com margem cirúrgicas livres, associado ou não a radioterapia. Os portadores neurofibromatose
do tipo I apresentam pior prognóstico.

17. SÍNDROME DA TRISSOMIA DO 4Q: APRESENTAÇÃO DE UM NOVO CASO E


DISCUSSÃO SOBRE OS ACHADOS AUDIOLÓGICOS.
Lucas Moura Viana, Sharlene Castanheira Pádua, Vítor Yamashiro Rocha Soares, Pedro Ivo Machado
Pires de Araújo, Alessandra Ramos Venosa, Isnaldo Piedade Faria, Nilda A Maia, Carlos Augusto
Costa Pires de Oliveira.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Serviço de Otorrinolaringologia e Cirurgia de
Cabeça e Pescoço, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: Trissomia parcial é geralmente o resultado da segregação de uma translocação
gênica familial balanceada. O segmento trissômico comum de todos os pacientes clinicamente
similares com trissomia parcial do 4q corresponde ao terço distal do braço longo do cromossomo 4.
OBJETIVO: Objetiva-se relatar um caso raro de trissomia parcial do 4q. RELATO DO CASO: Este
relato descreve a avaliação auditiva de uma criança, 5 anos, com características clínicas da trissomia
parcial 4q, cujo cariótipo revelou 46,XY,der(3)t(3;4)(p25;q25),mat e discute os seus achados. À
avaliação clínica, apresentava pregas epicânticas bilaterais, ponte nasal proeminente, malformação de
orelhas, micrognatia, braquidactilia, criptorquidia direita e hérnia inguinal bilateral. Tomografia
Computadorizada de crânio e ultrassonografia abdominal foram normais Não há historia de outros

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membros afetados na família. A avaliação audiológica mostrou audiometria comportamental,
impedanciometria e otoemissões acústicas evocadas transientes e por produto de distorção sem
alterações. O potencial evocado auditivo de tronco cerebral apresentou ondas I a V com amplitudes e
latências normais. A audiometria de tronco cerebral define resposta até 20dB à esquerda e 40dB à
direita. CONCLUSÃO: A avaliação dos resultados dos testes de otoemissões acústicas associados à
audiometria comportamental apresentou audição dentro dos limites da normalidade. Este exame
permitiu supor que a função auditiva, incluindo a porção coclear, encontra-se normal. No potencial
evocado auditivo de tronco encefálico, o paciente apresentou alteração unilateral com resposta a partir
de 40 dB, indicando alteração discreta da audição. Tal achado não justifica o retardo na aquisição da
fala apresentado pelo paciente, uma vez que mesmo perdas auditivas de grau profundo unilaterais são
associadas a desenvolvimento normal das habilidades lingüísticas. Este trabalho é o primeiro a relatar
as características auditivas nestes pacientes e mostra também que o atraso na fala não é por deficiência
auditiva, e sim pela cromossomopatia por ele apresentada.

18. AVALIAÇÃO DA NEUROTOXICIDADE NA VIA AUDITIVA CENTRAL EM


PACIENTES TRATADOS POR QUIMIOTERAPIA COM CISPLATINA.
Lucas Moura Viana, Sharlene Castanheira Pádua, Vítor Yamashiro Rocha Soares, Pedro Ivo Machado
Pires de Araújo, Alessandra Ramos Venosa, André Lopes Sampaio, Nilda A Maia, Carlos Augusto
Costa Pires de Oliveira.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Serviço de Otorrinolaringologia e Cirurgia de
Cabeça e Pescoço, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA/OBJETIVO: A cisplatina é um quimioterápico indicado para o tratamento de
vários tumores sólidos. Está bem definido o dano coclear e vestibular causado pela cisplatina por
estresse oxidativo nas células ciliadas, porém, apesar de alguns estudos mostrarem neurotoxicidade,
tem-se poucos relatos a respeito da neurotoxicidade especificamente na via auditiva central.
MATERIAIS E MÉDTODOS: Foram avaliados dez pacientes entre 3-19 anos que foram tratados
com cisplatina em altas doses. Esses foram submetidos a uma avaliação audiométrica completa. Foram
analisados as latências absolutas das ondas I, III, V e os interpicos I – III, III – V e I – V do exame
potencial evocado auditivo de tronco encefálico. Esses dados foram comparados aos dados de
pacientes controles do mesmo sexo e da mesma idade. Para análise estatística da significância dos
resultados foi utilizado o teste de Mann-Whitney, considerando-se uma diferença significativa entre as
médias quando p<0,05. O software utilizado foi o SPSS. RESULTADOS: Somente um paciente
apresenta atraso nas ondas I e V da orelha direita. Duas crianças apresentaram aumento do interpico I-
III, uma no interpico III-V e nenhuma, no interpico I-V. Não houve significância estatística ao
comparar os interpicos entre as crianças casos e controles, considerando um intervalo de confiança de
95%. DISCUSSÃO: Nos últimos anos, a influência de agentes quimioterápicos na função auditiva,
especialmente a cisplatina e carboplatina, foi estudada por alguns pesquisadores a partir das
manifestações de sintomas auditivos como o zumbido e alteração da sensibilidade auditiva por alguns
indivíduos em tratamento. Desta forma, o poder de ação ototóxica destes agentes vem sendo
documentado, especialmente na população pediátrica. Entretanto, nenhum trabalho avaliou a
neurotoxicidade das vias auditivas centrais. Apesar de não haver diferença estatisticamente
significante, existem alterações individuais, que pode sugerir uma neurotoxicidade das vias auditivas
centrais.

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19. AMILOIDOSE LARÍNGOTRAQUEAL PRIMÁRIA COMO CAUSA DE OBSTRUÇÃO
DE VIAS AÉREAS SUPERIORES
Lucas Moura Viana, Sharlene Castanheira Pádua, Vítor Yamashiro Rocha Soares, Pedro Ivo Machado
Pires de Araújo, Rafaela Aquino Fernandes Lopes, Gustavo Subtil Magalhães Freire, Luciana Miwa
Watanabe, Carlos Augusto Costa Pires de Oliveira.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Serviço de Otorrinolaringologia e Cirurgia de
Cabeça e Pescoço, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: Amiloidose localizada, acometendo somente órgãos da cabeça e pescoço, é uma
doença rara e benigna. OBJETIVO: Objetiva-se relatar um caso raro de amiloidose laríngea
evoluindo com obstrução de vias aéreas superiores. RELATO DO CASO: Paciente, sexo feminino,
41 anos, apresentou quadro de dispnéia e disfonia com dois anos de evolução. Os sintomas
intensificaram-se após episódio de infecção de vias aéreas superiores, em fevereiro de 2004, quando
procurou outro serviço e foi feita biópsia laríngea que mostrou depósito de material amorfo. A
coloração pelo vermelho congo revelou polarização em verde maçã, compatível com amiloidose.
Apresentou piora progressiva e em março de 2005, foi submetida à traqueostomia de urgência por
obstrução das VAS. Em 2006 iniciou acompanhamento no presente serviço. Doenças secundárias e/ou
sistêmicas foram afastadas. TC cervical mostrou severo espessamento concêntrico com área de
obstrução completa acometendo glote, região subglótica e traquéia proximal com 38 mm de extensão
crânio-caudal. RNM cervical mostrou lesão expansiva, relativamente bem delimitada, sem invasão de
estruturas adjacentes, localizada na laringe subglótica e estendendo-se para glote. Esta lesão determina
estreitamento circunscrito da coluna aérea laríngea, associado à área de obstrução luminal completa na
região subglótica. CONCLUSÃO: A amiloidose é um distúrbio do metabolismo protéico no qual
fibrilas protéicas extracelulares se depositam em vários tecidos. Os sintomas são inespecíficos e
relacionados com a função do local acometido. O caso relatado mostra uma apresentação rara da
doença, na qual as lesões acometem as pregas vocais bilateralmente, subglote e traquéia, com
necessidade de traqueostomia de urgência por obstrução de VAS, exacerbado por quadro inflamatório
agudo. O tratamento da amiloidose laríngea varia da simples observação da lesão a laringectomia
parcial de acordo com a extensão da doença na laringe. Lesões localizadas podem ser removidas
completamente por via endoscópica com bisturi frio ou laser de CO2.

20. CÂNCER DE RETO E GRAVIDEZ: RELATO DE CASO


Antônio Carlos Nóbrega dos Santos, Flávia Berford, Isabel Saenger Wumbaer, João Batista de Sousa,
José Guilherme Filho, Juliana Gurgel Faria Araújo, Leonardo de Castro Durães, Paulo Gonçalves de
Oliveira, Romulo Medeiros de Almeida, Viviane Fernandes Rosa.
Universidade de Brasília, Hospital Universitário de Brasília, Centro de Clínicas Cirúrgicas, Serviço de
Coloproctologia.
JUSTIFICATIVA: A neoplasia de reto associada a gestação é uma entidade rara, com poucos casos
descritos na literatura . OBJETIVO: Relatar o caso uma gestante no segundo semestre de gravidez
que apresentou câncer de reto médio. DESCRIÇÃO: Paciente de 36 anos no segundo trimestre de
gravidez com queixa de hematoquezia há 3 meses. G4 P1 A2. Ao exame encontrava-se em bom estado
geral. Abdome semigloboso, útero palpável na cicatriz umbilical. Toque retal: lesão úlcero-vegetante,
friável, circunferencial, localizada a 9cm da margem anal. Colonoscopia: ausência de lesões
sincrônicas. Biópsia: adenocarcinoma bem diferenciado do reto. CEA 1,13ng/ml. Ultra-som
gestacional: feto único de 16 semanas. Ultra-som endoanal: uT3 uN1 uMx. Ressonância nuclear
magnética do abdome e pelve: espessamento parietal de 6cm de extensão no reto médio. Radiografia
de tórax sem alterações. Em decisão conjunta dos Serviços de Coloproctologia, Oncologia,
Ginecologia/Obstetrícia e Radiologia foi optado por tratamento operatório seguido de quimioterapia
até o término da gravidez e após o parto, nova quimioterapia. A paciente foi submetida a ressecção

99
anterior do reto e ileostomia protetora. Apresentou boa evolução pós-operatória. O resultado
anatomopatológico foi pT3 pNO pMx,. Iniciou quimioterapia adjuvante. O parto cesáreo foi realizado
com 34 semanas por maior risco de óbito para o concepto após esse período em gestantes submetidas a
quimioterapia. O recém-nascido pesou 3,1Kg e não apresentou anormalidades. Submetida a
reconstrução do trânsito intestinal após 6 meses, sem intercorrências. CONCLUSÃO: Embora a
concomitância de câncer de reto e gravidez seja rara e a conduta terapêutica não esteja bem
estabelecida, a estratégia de tratamento adotada demonstrou eficácia até o momento.

21. LIPOMA INTESTINAL: RELATO DE CASO


Antônio Carlos Nóbrega dos Santos, Flávia Berford, Isabel Saenger Wumbaer, João Batista de Sousa,
José Guilherme Filho, Juliana Gurgel Faria Araújo, Leonardo de Castro Durães, Paulo Gonçalves de
Oliveira, Romulo Medeiros de Almeida.
Universidade de Brasília, Hospital Universitário de Brasília, Centro de Clínicas Cirúrgicas, Serviço de
Coloproctologia.
JUSTIFICATIVA: Lipomas intestinais são raros, geralmente pequenos e assintomáticos. Sua
incidência varia de 0,035 a 4,4%. Na maioria das vezes seu diagnóstico é incidental por colonoscopia,
operação ou autópsia e a localização mais relatada é no cólon ascendente. Quando maiores do que 2
cm podem causar enterorragia, alteração do hábito intestinal e até obstrução intestinal. Seu tratamento
pode ser realizado por ressecção endoscópica ou cirúrgica. OBJETIVO: Relatar caso de lipoma
intestinal DESCRIÇÃO: Paciente do gênero feminino, 58 anos, com quadro de dor abdominal difusa
em cólica, alteração do hábito intestinal (constipação), enterorragia eventual, presença de muco nas
fezes e perda ponderal de 8 Kg com evolução de 4 meses. Submetida a colonoscopia que identificou
lesão vegetante ulcerada no cólon sigmóide, obstruindo cerca de 90% da luz, impedindo a progressão
do aparelho. A biópsia evidenciou atividade inflamatória, compatível com borda de úlcera. Realizou
exames de estadiamento que revelou apenas espessamento circunferencial do cólon esquerdo à
tomografia computadorizada. A paciente foi submetido a retossigmoidectomia por quadro de
suboclusão intestinal. O estudo histopatológico da peça demonstrou a presença de lipoma submucoso
com 5 cm no seu maior eixo. A paciente encontra-se em acompanhamento ambulatorial no serviço de
Coloproctologia CONCLUSÃO: Relata-se caso de lipoma de intestino grosso, entidade rara, que deve
ser considerado no diagnóstico diferencial de obstrução intestinal.

22. MELANOMA ANORRETAL: RELATO DE CASO


Antônio Carlos Nóbrega dos Santos, Flávia Berford, Isabel Saenger Wumbaer, João Batista de Sousa,
José Guilherme Filho, Juliana Gurgel Faria Araújo, Leonardo de Castro Durães, Paulo Gonçalves de
Oliveira, Romulo Medeiros de Almeida.
Universidade de Brasília, Hospital Universitário de Brasília, Centro de Clínicas Cirúrgicas, Serviço de
Coloproctologia.
JUSTIFICATIVA: Melanomas anorretais são raros, representando 0,05% dos tumores malignos
colorretais e 1% dos cânceres de canal anal. A maioria se origina da junção mucocutânea, mas também
podem vir da borda anal, do epitélio de transição do canal anal ou mesmo do reto. Os pacientes se
apresentam com sangramento e tumor anal e em 30% dos casos a avaliação inicial encontra metástases
à distância. O prognóstico costuma ser ruim mesmo com o procedimento cirúrgico com intenções
curativas (amputação abdominoperineal ou ressecção local alargada), com sobrevida de 10 a 20% em
5 anos. OBJETIVO: Relatar caso de melanoma anorretal. DESCRIÇÃO: Paciente do gênero
masculino, 70 anos, com quadro de alteração do hábito intestinal (constipação) e hematoquezia
eventual com evolução de 1 ano. Há 3 meses evoluiu com prolapso anal, que tornou-se irredutível. Ao
exame físico, presença de lesão vegetante prolapsada e irredutível, que à retossigmoidoscopia mostrou
tratar-se de lesão de aproximadamente 5cm na parede inferior lateral direita do canal anal. Biópsia

100
confirmou tratar-se de melanoma maligno. Realizada colonoscopia, sem outras alterações. Demais
exames de estadiamento revelaram múltiplas metástases hepáticas à TC de abdome. Paciente foi
submetido a ressecção local e encaminhado para tratamento paliativo com a equipe da oncologia.
CONCLUSÃO: Relata-se caso de melanoma anorretal, entidade extremamente rara, com poucos
relatos na literatura. O paciente apresentou diagnóstico de doença avançada, já com múltiplas
metástases hepáticas e fora de possibilidades cirúrgicas curativas, sendo realizada apenas a ressecção
local da lesão. Essa evolução do caso corrobora o que é encontrado na literatura, com relação ao
prognóstico ruim da doença e sua alta agressividade.

101
PEDIATRIA CLÍNICA E CIRÚRGICA
1. POSTURA, PRAXIA GLOBAL E EQUILÍBRIO DE ESCOLARES COM SOBREPESO E
OBESIDADE.
Andrezza Aparecida Aleixo, Elaine Leonezi Guimarães, Isabel Aparecida Porcatti de Walsh, Karina
Pereira.
Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Curso de Fisioterapia, Disciplina de Pediatria, Uberaba,
MG.
JUSTIFICATIVA: O excesso de massa corporal, na criança obesa ou com sobrepeso, pode acarretar
diminuição da estabilidade, alterações na postura e na praxia global. Objetivo: Avaliar escolares com
sobrepeso ou obesidade, na faixa etária de 6 a 12 anos de idade, quanto às alterações posturais, ao
equilíbrio e à praxia global. Metódo: Participaram do estudo 34 escolares matriculados em uma escola
estadual de Uberaba/MG, com diagnóstico de sobrepeso ou obesidade infantil segundo Índice de
Massa Corporal (IMC). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa e os pais autorizaram
a participação destas por meio do Termo de Consentimento. RESULTADOS: Dentre os 34 escolares
selecionados 32,35% apresentaram-se com sobrepeso e 67,65% com obesidade. Quanto às alterações
posturais observou-se que 63,6% dos escolares com sobrepeso apresentavam protrusão de cabeça,
63,6% protrusão de ombro, 72,7% diferença de altura de ombros, 54,5% hiperlordose lombar, e,
54,5% diferença de altura da fossa poplítea. No grupo com obesidade, 82,6% apresentavam diferença
na altura de ombros, 65,2% hiperlordose lombar, 47,8% hiperextensão de joelhos, 86,9% diferença de
altura da fossa poplítea, 65,2% joelhos valgos, 78,3% protrusão de abdômen, e, 47,8% anteversão
pélvica. O equilíbrio estático não apresentou diferença estatisticamente significativa. No equilíbrio
dinâmico houve diferença significativa caracterizando o grupo sobrepeso com perfil psicomotor
hiperpráxico enquanto os obesos mostraram-se eupráxicos. Na avaliação da praxia global houve
diferença significativa entre os grupos em três subfatores: coordenação oculopedal (p=0,022);
dissociação de membros superiores (p=0,042) e de membros inferiores (p=0,045). Quanto à
dissociação de membros inferiores e superiores verificou-se perfil psicomotor eupráxico no grupo com
sobrepeso e dispráxico nos obesos. E, quanto à coordenação óculopedal ambos mostraram-se
dispráxicos. CONCLUSÃO: De acordo com os resultados pode-se inferir que o sobrepeso e a
obesidade infantil podem alterar a postura, o equilíbrio e a praxia global, além de comprometer a
socialização da criança

2. INCIDÊNCIA DE DEFICIÊNCIA DE GLICOSE-6-FOSFATO DESIDROGENASE (G6PD)


NA TRIAGEM NEONATAL EM BRASÍLIA
ER Santos1, FL Menezes1, PN Cavalcante1, BF Luitgards1, LF Abdalla2, SS Costa2, SF Fonseca1
1Hospital Universitário de Brasília, Hematologia pediátrica; 2Laboratório Sabin LTDA, Brasília, DF
INTRODUÇÃO: A G6PD é uma enzima que participa da via daspentoses-fosfato, reduzindo o
NADP+ a NADPH, permitindo a redução do glutatião oxidado e atuando na neutralização de espécies
reativas de oxigênio. Na deficiência de G6PD, a hemácia é particularmente suscetível ao dano
oxidativo, e o favismo, a ocorrência de infecções ou o uso de determinadas drogas, constituem eventos
que podem precipitar a hemólise. Estima-se que 400 milhões de pessoas no mundo tenham deficiência
de G6PD, principalmente nas regiões mediterrâneas, africanas e asiáticas. A triagem neonatal para esta
enzimopatia não tem sido obrigatória no Brasil, embora estime-se uma prevalência nacional de 1 a
10%. O Distrito Federal (DF) carece de dados quanto a prevalência dessa condição. O objetivo deste
estudo foi verificar a incidência da deficiência de G6PD entre os recém-nascidos no DF, que
realizaram teste de triagem neonatal no Laboratório Sabin, Brasília, no período de janeiro de 2007 a
janeiro de 2010. MATERIAL E MÉTODOS: Foram analisadas 7257 amostras colhidas em papel
filtro. A quantificação da atividade da G6PD foi realizada por método enzimático colorimétrico com
normalização da hemoglobina. Os recém-nascidos que apresentaram resultado inferior a 2,1 mg/g Hb,
foram considerados deficientes e realizaram nova coleta, em tubo com EDTA, para confirmação da

102
deficiência, pela quantificação da enzima por método enzimático (VR: 4,6-13,5 U/g Hb).
RESULTADOS: Foram triados 236 (3,25%) recém-nascidos deficientes de G6PD pelo teste em papel
filtro, mas apenas 57 foram confirmados após a quantificação da enzima. Assim, na amostra estudada
o índice de positividade para deficiência de G6PD foi de 0,78% (57/7257) e a porcentagem de casos
falsamente positivos pelo teste de triagem inicial empregado foi de 75,85%. CONCLUSÃO: As altas
temperaturas, condições de transporte e acondicionamento têm sido relatadas como as principais
causas de falsos positivos, fato que tem sido discutido na literatura médica. Entretanto, a incidência de
G6PD neste estudo é inferior àquela demonstrada por outros autores para a população brasileira, o que
pode ser explicado pela presença de reticulócitos no sangue periférico de recém-nascidos com icterícia
neonatal, que falsamente aumentaria a detecção da enzima, ou talvez os resultados reflitam a real
incidência de deficiência de G6PD na população do DF. Os dados apontam ainda para a necessidade
de cautela ao se analisar o resultado de um teste de triagem neonatal para deficiência de G6PD, pela
ocorrência de falsos positivos e os autores reforçam a necessidade de complementação dos estudos,
por meio da quantificação da enzima e até do estudo molecular para o estabelecimento do diagnóstico
final.

3. AVALIAÇÃO DA MORTALIDADE EM RECÉM-NASCIDOS DE MUITO BAIXO PESO


EM DIÁLISE PERITONEAL COM SISTEMA FECHADO EM UNIDADES DE TERAPIA
INTENSIVA DE NEONATOLOGIA NO DISTRITO FEDERAL.
Fabiane Amais Lemes, Leonardo Almeida Costa, Enzio Galvão Diniz Torreão Bráz, Raimundo
Nonato Ferro Lago Filho, Giuseppe Cesare Gatto, Gustavo João Sebba, Fernanda de Oliveira
Almeida, Eirika Nakatani, Pedro Oliveira Mendes Filho, Stanley Janes Franstone Pina, Joel Paulo
Russomano Veiga, Flavio José Dutra de Moura.
Nephron Brasília Serviços Médicos Ltda.
JUSTIFICATIVA: A literatura demonstra altos índices de mortalidade em recém–nascidos (RN) de
muito baixo peso com insuficiência renal aguda submetidos a métodos de terapia renal
substitutiva.OBJETIVO: Avaliar a mortalidade de RN submetidos a diálise peritoneal contínua com
sistema fechado implantado pelo serviço de nefrologia comparado aos descritos na
literatura.DESCRIÇÃO: O procedimento é realizado com uso de material estéril, onde é montado um
sistema de infusão e drenagem totalmente fechado utilizando bandeja de curativo, sonda foley nº16,
coletor de urina fechado, torneira cirúrgica de 3 vias, equipo microfix para bomba de infusão,bolsa de
solução a 1,5%,clorexidina,gaze e luva estéril. Após a montagem desse sistema sobre campo estéril é
realizado a instalação na criança seguindo técnica asséptica.RESULTADOS: Foram analisados dados
referentes a 7 crianças com peso inferior a 1300g no período de janeiro de 2008 a julho de 2010 ,
com uma taxa de mortalidade de 28,6%, enquanto os dados obtidos na literatura demonstram uma
taxa de mortalidade acima de 75% em RN com peso inferior a 1500g,.CONCLUSÃO: Apesar das
dificuldades técnicas encontradas e da pequena amostra analisada, a diálise peritoneal mostrou-se
eficaz com a implantação do sistema desenvolvido pela equipe quando comparado aos índices
descritos na literatura para a faixa etária e peso estabelecido.

4. AVALIAÇÃO DE PERITONITE EM RECÉM-NASCIDOS DE MUITO BAIXO PESO EM


DIÁLISE PERITONEAL COM SISTEMA FECHADO EM UNIDADES DE TERAPIA
INTENSIVA DE NEONATOLOGIA NO DISTRITO FEDERAL.
Fabiane Amais Lemes, Leonardo Almeida Costa, Enzio Galvão Diniz Torreão Bráz, Raimundo
Nonato Ferro Lago Filho, Giuseppe Cesare Gatto, Gustavo João Sebba, Fernanda de Oliveira
Almeida, Eirika Nakatani, Pedro Oliveira Mendes Filho, Stanley Janes Franstone Pina, Joel Paulo
Russomano Veiga, Flavio José Dutra de Moura.
Nephron Brasília Serviços Médicos Ltda.

103
JUSTIFICATIVA: Incidência de peritonite em recém–nascidos (RN) de muito baixo peso com
insuficiência renal aguda submetidos à diálise peritoneal (DP) como método de terapia renal
substitutiva.OBJETIVO: Avaliar a eficácia da DP com sistema fechado implantado pelo serviço de
nefrologia na redução dos índices de infecção comparado aos descritos na literatura.DESCRIÇÃO: O
procedimento é realizado com uso de material estéril, onde é montado um sistema de infusão e
drenagem totalmente fechado utilizando bandeja de curativo, sonda foley nº16, coletor de urina
fechado, torneira cirúrgica de 3 vias, equipo microfix para bomba de infusão,bolsa de solução a
1,5%,clorexidina,gaze e luva estéril. Após a montagem desse sistema sobre campo estéril é realizado
a instalação na criança seguindo técnica asséptica. RESULTADOS: Foram analisados dados
referentes a 7 crianças com peso inferior a 1300g no período de janeiro de 2008 a julho de 2010 que
não evdienciaram peritoneites nospacientes tratados. Dados obtidos na literatura demonstram uma taxa
de infecção acima de 62% em RN com peso inferior a 1500g. CONCLUSÃO: Apesar das
dificuldades técnicas encontradas e da pequena amostra analisada, a diálise peritoneal com sistema
fechado mostrou-se eficaz quando comparada aos índices descritos na literatura . Já que os relatos
associam a ocorrência de peritonite diretamente relacionada a inadequada técnica de instalação.

5. STEVENS-JOHNSON POR DIPIRONA: RELATO DE CASO.


Marcelo de Oliveira Ramiro, Patrick Silva Damasceno, Luciano Máximo da Silva, Anna Luiza Braga
Pla
Pediatria Clínica, HUB, UnB
JUSTIFICATIVA: A síndrome de Stevens-Johnson (SSJ) é causada, freqüentemente, por uso de
medicamentos, principalmente antimicrobianos, anticonvulsivantes e paracetamol. Poucos estudos
relacionam a síndrome em discussão à dipirona, de utilização comum no Brasil. OBJETIVO: Relatar
um caso de SSJ desencadeada pelo uso de dipirona. METODOLOGIA: Revisão sistemática de
prontuário e descrição de caso RELATO DE CASO: G.A.C., 6 anos, masculino, estudante, natural de
Sobradinho-DF. Iniciou com quadro de três dias de tosse, coriza e febre. Fez uso de dipirona,
evoluindo com aparecimento de pápulas eritematosas na pele. Compareceu ao HRP, foi diagnosticada
alergia medicamentosa, prescrita dexclorfeniramina. Evoluiu com piora das lesões cutâneas,
acometimento de mucosas oral e genital, tendo sido encaminhado ao HUB. Ao exame apresentava-se
febril, desidratado, pele com pápulas eritematosas e vesículas em face, pescoço, tórax, prepúcio e
região palmar. Apresentava hiperemia conjuntival bilateralmente, halitose. Foi realizado diagnóstico
clínico de SSJ, sendo internado, posto em precaução de contato, iniciada alimentação por sonda naso-
gástrica, tendo diagnósticos associados durante a evolução de infecção por anaeróbios em mucosa
oral, pneumonia lobar hospitalar. Usou clindamicina, ceftriaxone e posteriormente cefepime após
hemocultura que mostrou crescimento de Acinetobacter baumanii. Com a manutenção do quadro de
febre foi introduzido meropenem, cessando a febre em alguns dias. Evoluiu com melhora importante
do estado geral, recebendo alta no 27º DIH afebril, com nova hemocultura negativa e lesões em
remissão. DISCUSSÃO/CONCLUSÃO: No presente caso, a SSJ foi desencadeada por uso de
dipirona, que em estudos brasileiros, é etiologia em cerca de 36,3% do casos. Pelas inúmeras portas
de entrada cutâneas, orais, urogenitais e brônquicas o paciente apresentou infecção de pele,
pneumonia, além de bacteremia, sendo necessário o escalonamento de antibióticos para resolução do
quadro.

104
6. PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DO PACIENTE ATENDIDO NO AMBULATÓRIO DE
ASMA DO CENTRO DE CLÍNICA PEDIÁTRICA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE
BRASÍLIA.
João Victor Campos de Almeida; Gabriel Vieira Pontes; Carmen Lívia Faria da Silva Martins
Hospital Universitário de Brasília (HUB/UNB).
INTRODUÇÃO: A asma é uma doença que acomete pessoas de todas as idades, de diferentes níveis
sociais e culturais e com graus variados de gravidade e freqüência. Sua prevalência está aumentando
em todas as regiões do mundo, principalmente em crianças. OBJETIVO: Definir e atualizar as
características demográficas e epidemiológicas do paciente no ambulatório de Asma do Centro de
Clínicas Pediátricas do Hospital Universitário de Brasília. METODOLOGIA: Estudo transversal
retrospectivo e descritivo, onde foram coletados dados referentes à idade, gênero e procedência dos
pacientes atendidos no ambulatório de Asma do Centro de Clínicas Pediátricas do HUB entre maio de
2005 e agosto de 2010. RESULTADO: O total de crianças e adolescentes portadoras de asma
registrados neste ambulatório até o momento é de 688. Dos pacientes atendidos entre maio de 2005 até
agosto de 2010, quanto ao sexo: 55,37% masculino e 44,63% feminino; quanto à procedência:
Ceilândia (12,58%), Samambaia (10,36%), Planaltina (9,43%), Taguatinga (7,63%), Santa Maria
(7%), Recanto das Emas (3,72%), São Sebastião (4,96%), Gama (3,88%), Sobradinho (4,96%),
Paranoá (1,87%), Riacho fundo (1,87%), Plano Piloto (3,09%), Guara (1,07%), Brazlandia (1%),
Estrutural, (1%) Outras localidades do DF (15%), Localidades fora do DF (5,33%), não informado
(5,25%). No que concerne a idade: Lactentes (14,25%), pré-escolar (46,54%), escolar (17,55%),
adolescentes (18,72%) e não informado (2,94%). CONCLUSÃO: Além da literatura pertinente os
autores compararam os resultados com as pesquisas realizadas anteriormente no Serviço. O sexo
masculino continua sendo mais freqüente entre os pacientes atendidos no referido ambulatório. O pré-
escolar representou a maior prevalência no ambulatório estando de acordo com dados da literatura. O
escolar e o adolescente jovem praticamente dividem a segunda posição. Dado interessante observado
foi a manutenção do aumento do número de atendimentos ao lactente no Serviço, refletindo um
encaminhamento precoce de bebês para o referido ambulatório. Em relação à procedência, a cidade de
Ceilândia continua com a maior prevalência de atendimentos, Samambaia continua em segundo lugar
e Planaltina que tinha baixa freqüência no serviço manteve a terceira posição. O presente trabalho
possibilitou atualizar o perfil demográfico e epidemiológico dos pacientes atendidos no Ambulatório
de Asma do Centro de Clínicas Pediátricas do HUB.

7. PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO DE FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO DOS


PACIENTES PORTADORES DE ASMA NO AMBULATÓRIO DE ASMA DO CENTRO DE
CLÍNICAS PEDIÁTRICAS DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA COM BASE
NAS DIRETRIZES BRASILEIRAS DO MANEJO DE ASMA DA SOCIEDADE BRASILEIRA
PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA (SBPT).
Carmen Lívia Faria da Silva Martins, Gabriel Vieira Pontes, João Victor Campos de Almeida.
Universidade de Brasília, Hospital Universitário de Brasília, Ambulatório de Asma da Clínica
Pediátrica, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: asma é doença crônica pediátrica mais freqüente e 3ªcausa de internação/ SUS. As
diretrizes do tratamento visam o controle da doença, que depende entre outros, do diagnóstico da
gravidade da doença e início precoce do corticóide inalatório.O principal tratamento da asma é a
profilaxia com meta na adesão ao tratamento e acompanhamento do controle da doença. OBJETIVO:
Proposta de implantação de fluxograma de atendimento dos pacientes portadores de asma no
ambulatório de asma do Centro de Clínicas Pediátricas do Hospital Universitário de Brasília, por meio
da utilização de ficha médica estruturada com base nas Diretrizes Brasileiras do Manejo de Asma da
Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT). MÉTODO: Em janeiro de 2009, foi
introduzida no referido ambulatório uma forma de atendimento estruturado pautado em três modelos

105
de fichas: 1ªconsulta, 1ºretorno e ≥ 2ºretorno.A ficha da 1ªconsulta:propõe-se ao diagnóstico,
classificação incial da gravidade e início do tratamento. A ficha do 1º retorno enfatiza educação e
adesão ao tratamento, iniciando o acompanhamento do estado de controle da doença. A ficha do
2ºretorno reforça adesão ao tratamento e estado de controle. As fichas apresentam dados
demográficos, frequência de idas ao PS/ internações , antecedentes pessoais/familiares, antropometria,
anamnese/ exame físico, desencadeantes de crise, PFE,quadro das diretrizes para classificação e estado
de controle da doença, medicamentos/tempo de uso, educação em asma, adesão, calendário vacinal,
sono, atividade fisica, condições socio-econômicas, exames, controle do ambiente, uso dos
dispositivos inalatórios e retorno. A utilização das fichas estabeleceu um fluxograma de atendimento
que organizou o serviço, 1. Pré-consulta:acolhimento por estudantes de medicina: identificação e
registro de dados pessoais, antropometria, medida do pico de fluxo, intervalo da última consulta,
número de crises , idas ao PS, uso de medicação de resgate; 2. Consulta médica com preceptores,
internos e residentes; 3. Pós- consulta: uso de espaçadores, dispositivos inalatórios,reforço da
prescrição e retorno por técnica de enfermagem. RESULTADOS:Os dados das fichas foram
categorizados na estatística de 2009, demonstrando 437 atendimentos, média mensal:39,73.A
classificação demonstrou: 247 asma persistente leve(56,5%) ,133 moderada (30,4%), 29 grave(6,6%) e
26 intermitente(5,9%). O estado de controle: 143(32,9%)controlados, 255 (58,5%)parcialmente
controlados e 37(8,5%) não controlados. A não adesão foi 10,9%(48) e internação de 5,7%(25).
CONCLUSÃO: as formas de prevalência da doença foram similares a literatura. A adoção de uma
ficha estruturada estabeleceu uma lógica de fluxo de atendimento, fornecendo margem a que se
estabeleçam ações de planejamento para o ensino, pesquisa e assistência.Os autores acreditam no uso
desta ficha para o atendimento médico da doença na rede básica de saúde, uma vez que ela torna fácil
o entendimento das diretrizes de manejo da doença e do acompanhamento do paciente.

106
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
1. ANÁLISE DO USO DE MISOPROSTOL PARA O AMADURECIMENTO CERVICAL E
INDUÇÃO DO TRABALHO DE PARTO EM GESTANTES INTERNADAS NO HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA HUB NO PERÍODO DE JANEIRO DE 2009 A JANEIRO
DE 2010.
Fabiana Ribeiro Costa, Regivane Laurentino Silveira, Fernanda Simões Seabra Resende, Alessandra
Sousa Gonçalves, Indara Ferreira Braz de Queiroz, Lizandra Moura Paravidine, Antonio Carlos
Rodrigues da Cunha.
Hospital Universitário de Brasília, Maternidade HUB, Brasília DF
OBJETIVO: Analisar o uso do Misoprostol no amadurecimento do colo cervical e na indução do
trabalho de parto, considerando a indicação, dose e intervalos entre as doses, intervalo entre primeira
dose e parto, esquema utilizado, se o parto ocorreu nas primeiras 24 horas, se precisou realizar o parto
por cesáriana, quantas pacientes usaram ocitocina. METODOLOGIA: O trabalho consistiu em um
estudo retrospectivo, de natureza descritiva e transversal, com pacientes gestantes internadas no
Hospital Universitário de Brasília HUB, num período de janeiro de 2009 a janeiro de 2010.
RESULTADOS: Foram analisados 1328 prontuários sendo excluídos 96, devido dados incompletos
ou não encontrados, restando 1232. Destes, 107 foram válidos para o uso de misoprostol, excluídos 4
por tratar-se de fetos mortos e 1 devido dados insuficientes, resultando em 102 prontuários finais. Pós-
datismo (58,8%) configurou-se na principal indicação. O intervalo médio entre a administração da
primeira dose e o parto foi de 15,64h, sendo o parto vaginal a principal via (52,94%). CONCLUSÃO:
O parto ocorreu, em média, com menos de 24horas. Em inúmeros casos houve sucesso terapêutico
com apenas 1 dose do medicamento. O misoprostol foi efetivo no amadurecimento do colo cervical e
na indução do trabalho de parto em gestantes com colo desfavorável e em condições obstétricas que
impõe resolução da gestação.

2. RELATO DE CASO: ASSISTÊNCIA A GESTANTE COM TOXOPLASMOSE


Fabiana Ribeiro Costa, Regivane Laurentino Silveira, Alessandra de Sousa Gonçalves, Fernanda
Simões Seabra Resende, Nicolas Thiago Nunes Cayres Souza, Alberto Carlos Moreno Zaconeta,
Paulo Sergio França.
Hospital Universitário de Brasilia, Ambulatório de Ginecologia e Obstetrícia. Brasília DF
INTRODUÇÃO:Toxoplasmose é um doença infecto-parasitária causada pelo Toxoplasma gondii.
Quando associada a gravidez 40% dos conceptos infectam-se no 1o. trimestre e 80% próximo ao
nascimento. As manifestações clássicas da doença são: coriorretinite, hidrocefalia, calcificações
cerebrais e convulsões. A sorologia para toxoplasmose realizado no pré-natal é passo inicial no
diagnóstico e tratamento precoce da doença materna e prevenção do comprometimento fetal. CASO
CLÍNICO: B.M.O.V.C, 28 anos, primigesta, Idade gestacional: 8 semanas. Iniciou o Pré-natal no
Hospital Universitário de Brasília com 8 semanas gestacionais, datada por Ecografia. Realizou
sorologias de rotina e detectado na 15ª semana títulos elevados de IgM e IgG para toxoplasmose e
teste de avidez fraco indicando infecção recente. Com isso iniciou tratamento com espiramicina
1000mg 8/8h. Na 21ª semana gestacional, realizou amniocentese diagnóstica para confirmação de
infecção intra-útero cujo resultado foi negativo. Manteve a medicação inicial até o parto, realizou
vigilância fetal por ecografia que evidenciou nenhum comprometimento fetal. A paciente entrou em
trabalho de parto mas realizou cesariana por desproporção cefalo-pélvica. Recém nascido a termo,
grande para a idade gestacional, pesou 4060g, com Apgar de 9 no 1° e 5° minutos. A fundoscopia,
sorologia e tomografia computadorizada do mesmo foi normal. Apresentou icterícia precoce tratada
com fototerapia, e permaneceu no Alojamento conjunto até alta hospitalar. COMENTÁRIOS: Diante
de uma gestante com toxoplasmose a terapêutica ainda é controversa. Como não há uniformidade de

107
protocolos, objetivamos evidenciar que a conduta estabelecida no HUB tem cuidados adequados ao
binômio mãe-feto durante e após a gestação.

3. SÍNDROME HELLP: RELATO DE CASO


Alessandra de Sousa Gonçalves, Fernanda Seabra Simões Resende, Fabiana Ribeiro Costa, Júlia
Martins de Oliveira, Diego Martins de Mesquita, Lívia Munhoz de Oliveira, José Roberto Macedo
Hospital Universitário de Brasília, Universidade de Brasília
INTRODUÇÃO: A síndrome HELLP é uma complicação grave da pré-eclâmpsia que determina
aumento de morbidade e mortalidade maternas e perinatais. As implicações maternas são dependentes
da gravidade da doença, ao passo que as perinatais dependem mais da idade gestacional. O diagnóstico
é feito quando a síndrome HELLP está bastante avançada. RELATO DE CASO: A.L.S, 22 anos, com
32 semanas de gestação, foi internada no devido à pressão alta (160x 90mmHg). Passou a apresentar
icterícia, elevação de TGO e TGP, plaquetopenia, hiperbilirrubinemia, anemia, leucocitose e teve um
pico febril. Recebeu transfusão de hemácias, plaquetas e crioprecipitado. Evoluiu com anúria,
elevação das escórias e hipoglicemia. Paciente foi submetida à cesariana devido a préeclâmpsia e
HELLP síndrome. Não houve repercussões neonatais. Teve achado de DPOP durante o procedimento
cirúrgico. Chegou à unidade de terapia intensiva consciente, dispnéica e com enjôo. O raio-x sugeria
broncograma aéreo e infiltrado bilateral. Endoscopia digestiva alta evidenciou sangramento difuso.
Ecografia de abdômen total revelou hematoma em parede abdominal, o qual foi drenado
cirurgicamente. Realizou-se hemodiálise. A paciente evolui com boa tolerância à dieta oral, respiração
espontânea via cateter nasal, boa saturação, leucograma em declínio, níveis pressóricos normais,
diminuição das escórias nitrogenadas, loquiação fisiológica e estabilização hemodinâmica.
CONCLUSÃO: Considerando que a síndrome HELLP é uma intercorrência grave, no geral de início
súbito, com mau prognóstico, e que tem chance de se repetir em gestações futuras, é importante que
essas pacientes sejam orientadas quanto à gravidade da doença e a possibilidade de recorrência da
mesma, e recomendadas a iniciar o prénatal precocemente.

108
MEDICINA SOCIAL
1. EDUCAÇÃO EM SAÚDE PARA A PREVENÇÃO DO CÂNCER CÉRVICO-UTERINO.
Natália de Melo Manzi, Bruna Côrtes Rodrigues, Ana Catarine Melo de Oliveira Carneiro, Tábata
Longo da Silva, Ana Cláudia Nunes Solá, Noel Peixoto Schechtman, Hugo Leonardo Gonçalves de
Oliveira Magalhães, Jane Lynn Dytz.
Universidade de Brasília, Faculdades de Ciências da Saúde e de Medicina, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: A educação em saúde representa uma estratégia importante na formação de
comportamentos que promovam ou mantenham uma boa saúde. OBJETIVO: Desenvolver atividades
de educação em saúde sobre o tema prevenção de câncer cérvico-uterino para a população de Ceres e
Santa Isabel, Goiás. MÉTODO: Trata-se de um relato descritivo sobre uma experiência de educação
em saúde desenvolvida por nove acadêmicos de medicina e enfermagem da Universidade de Brasília,
integrantes do PET-Saúde, acerca do tema prevenção do câncer de colo cérvico-uterino, nos
municípios de Ceres e Santa Isabel, Goiás, no período de 2 a 7 de fevereiro de 2010. Foram realizadas
diferentes ações comunicativas: confecção e distribuição de cartazes/panfletos, produção de um
programa de rádio e roda de conversa na sala de espera das unidades básicas de saúde.
RESULTADOS: Todas as atividades foram avaliadas como produtivas, mas a roda de conversa se
revelou como uma oportunidade de compartilhar experiências e sentimentos, bem como discutir idéias
e conceitos visando construir um novo conhecimento, com contribuições do saber teórico dos
estudantes e do saber prático das usuárias. Para os acadêmicos foi permitido desenvolver a capacidade
reflexiva frente aos diversos cenários encontrados e expandir seus conhecimentos acerca do tema
prevenção do câncer cérvico-uterino. CONCLUSÃO: Essa experiência comprova a importância de
aproximar sistema de saúde e população, bem como de promover a educação em saúde, especialmente
no âmbito da auto-valorização, prevenção e promoção da saúde.

2. AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE: CAPACITAÇÃO EM PREVENÇÃO DO CÂNCER


DO COLO UTERINO.
Natália de Melo Manzi, Tábata Longo da Silva, Hugo Leonardo Gonçalves de Oliveira Magalhães,
Ana Cláudia Nunes Solá, Bruna Côrtes Rodrigues, Ana Catarine Melo de Oliveira Carneiro, Noel
Peixoto Schechtman, Jane Lynn Dytz.
Universidade de Brasília, Faculdades de Ciências da Saúde e de Medicina, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: Atualmente, intensificam-se discussões a respeito da importância da educação
permanente para a equipe de saúde, sobretudo para os agentes comunitários de saúde (ACS) que atuam
de forma direta com as famílias. OBJETIVO: Relatar uma atividade de capacitação para ACS a
respeito da prevenção do câncer cérvico-uterino. MÉTODO: Trata-se de um relato de experiência
vivenciada por graduandos de medicina e enfermagem da Universidade de Brasília, vinculados ao
PET-Saúde (Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde da UnB). A experiência foi realizada,
em fevereiro de 2010, nos municípios de Ceres e Santa Isabel, Goiás. Contou-se com a participação de
ACS de seis unidades básicas de saúde de Ceres e uma de Santa Isabel, totalizando 49 e 12
profissionais, respectivamente. Foi desenvolvido um encontro em cada município separadamente,
com duração de 4 horas, para abordar o tema através da associação de duas modalidades de educação:
tradicional e problematizadora. RESULTADOS: No uso da educação tradicional, foi percebido que,
apesar de ter uma conotação de educação unilateral, essa foi útil e abriu espaço para questionamento e
discussão. Apesar das dinâmicas problematizadoras terem sido diferentes, o aproveitamento em ambos
os municípios foi notório. Os agentes puderam utilizar seus conhecimentos prévios e experiências
vividas para compreender e refletir sobre novos saberes. CONCLUSÃO: A atividade evidenciou
êxito, uma vez que os ACS demonstraram ter assimilado o conteúdo e organizado conceitos, podendo
aplicá-los de forma criativa, envolvendo-se com o aprendizado e acrescentando as suas próprias
vivências ao conhecimento aprendido.

109
3. ADESÃO DOS ALUNOS DE MEDICINA DA UNB À CAMPANHA DE VACINAÇÃO DO
VÍRUS H1N1, 2010.
Naiara Viudes Garcia Martins, Mariana Bittencourt Afflalo, Letícia Bernardes Marçal, Júlia Barreira
Peréa, Lauro Afonso Cortês Bogniotti, Maria Regina Fernandes de Oliveira.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Área de Medicina Social, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: Conhecer a adesão dos alunos de medicina à campanha de vacinação contra o
vírus H1N1 é de fundamental importância uma vez que esses estudantes, bem como os profissionais
de saúde, podem ter uma maior probabilidade de contrair o vírus, se comparados à população geral,
visto que têm mais contato direto com pessoas infectadas no ambiente hospitalar. OBJETIVO:
Estimar a frequência de adesão dos estudantes da UnB matriculados no curso de Medicina do 3° ao
10° semestres, à campanha de vacinação contra a gripe H1N1 promovida pelo Programa Nacional de
Imunizações do Ministério da Saúde no ano de 2010. MÉTODO: Estudo epidemiológico descritivo
individual do tipo inquérito de prevalência. Para a coleta de dados, utilizou-se um questionário
elaborado para o estudo e direcionado à população alvo. Foi calculada uma amostra baseada em uma
prevalência de 50% e IC 95%. RESULTADOS: Foram entrevistados 136 estudantes e 94,74% do 9º
semestre, 87,10% do 8º semestre, 87,10% do 5º semestre, 84,62% do 4º semestre, 80% do 3º e do 6º
semestre e 79,17% do 7º semestre aderiram à campanha; 69,4% foram vacinados em postos de saúde,
44,4% dos entrevistados apontaram a atuação no combate à pandemia a principal razão para aderirem
à campanha e o meio de comunicação determinante para a adesão foi a televisão com 60,7%.
CONCLUSÃO: A frequência de vacinação no curso de medicina atingiu a meta global do Ministério
da Saúde de vacinar pelo menos 80% do público alvo, no caso, trabalhadores de saúde. Entretanto, a
UnB e a Faculdade de Medicina não se mostraram importantes influenciadores para a formação de
opinião desses estudantes quanto à importância da vacinação.

4. ESTUDO DE CAUSAS EVITÁVEIS NA MORTALIDADE INFANTIL DO DISTRITO


FEDERAL
Renato Victor Batista, Luciana M. Vasconcelos Sardinha, Elisabeth Carmen Duarte.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Departamento de Saúde Coletiva, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA - Apoiar o debate sobre a efetividade dos serviços de saúde em Brasília.
OBJETIVO - Analisar uma série histórica (1997-2006) do Coeficiente de Mortalidade Infantil (CMI)
segundo causas evitáveis (CMIev), mal definidas (CMImd) e demais causas de morte no Distrito
Federal (DF). MÉTODOS - Trata-se de um estudo de séries temporais para o período de 1997 a 2006.
As mortes infantis foram classificadas quanto à evitabilidade com base na Lista Brasileira de Mortes
Evitáveis produzida pelo Ministério da Saúde (MS). As fontes de dados foram o Sistema de
Informação de Nascidos Vivos (SINASC/MS) e o tabulador da Lista Brasileira de Mortes Evitáveis
que utiliza como base o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM/MS). RESULTADOS - O
CMI [por 1000 nascidos vivo (/1000NV)] caiu 27% entre 1997 (17,6/1000NV) e 2006 (12,8/1000
NV), em consequência de reduções de 5% no CMI pelas “demais causas” (excluidas as evitáveis) e de
37% no CMIev [12,7/1000 NV em 1997, e 8,06/1000 NV em 2006], como detalhado a seguir: o
CMIev por ações de imunoprevenção caiu 100% (de 0,06 a 0,00/1000 NV), por ações de promoção à
saúde vinculadas a ações de atenção em saúde caiu 69% (de 1,92 a 0,60/1000 NV), por adequada
atenção à mulher no parto caiu 62% (de 2,05 a 0,78/1000 NV), por ações de diagnóstico e tratamento
adequados caiu 51% (de 1,64 a 0,80/1000 NV) e por adequada atenção ao recém nascido caiu 39% (de
6,32 a 3,85/1000 NV). Por outro lado, o CMIev por adequada atenção à mulher na gestação teve um
incremento de 189%, de 0,7/1000 NV em 1997 para 2,04/1000 NV em 2006. O CMImd permaneceu
baixo (<0,5/1000 NV) durante todo o período de análise. CONCLUSÃO – o CMIev no DF, assim
com identificado em outros estudos para o Brasil, apresentou redução importante no período de 1997 e
2006, sugerindo certa melhora na atenção à saúde - em especial a atenção à mulher no parto e ao

110
recém nascido -, e/ou melhora da qualidade de vida da população. No entanto, aumento relevante no
CMIev pela adequada atenção à mulher na gestação foi observado, o que corrobora com achados de
estudos nacionais, e revela a necessidade de ampliar a cobertura da atenção qualificada ao pré-natal no
DF.

111
PATOLOGIA
1. INFECÇÃO FÚNGICA DEMONSTRADA EM PUNÇÃO ASPIRATIVA POR AGULHA
FINA (PAAF) SIMULANDO NEOPLASIA EM REGIÃO DE CABEÇA E PESCOÇO:
RELATO DE CASO
Emanuel Adelino Medeiros Damasceno, Lisley Calixto de Araújo, Márcio Magalhães Arruda, Lívia
Bravo Maia, Filipe Ramos Barra, Talyta Matos Cano.
Centro de Anatomia Patológica, Hospital Universitário de Brasília, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: As lesões expansivas em região de cabeça e pescoço se apresentam como um
grande problema clínico. Em casos de dúvida diagnóstica a PAAF guiada por ultrassonografia se
mostra valiosa na determinação do diagnóstico e da conduta a ser tomada. O diagnóstico diferencial
das lesões expansivas em região de cabeça e pescoço é amplo, sendo a infecção fúngica um dos
processos a se considerar. OBJETIVO: Relatar caso de infecção fúngica simulando neoplasia maligna
em região de cabeça e pescoço. MÉTODO: G. M. L., masculino, 23 anos, iniciou há dois meses
quadro de emagrecimento, febre diária, rouquidão e disfagia progressiva. A tomografia
computadorizada evidenciou lesão expansiva em orofaringe e linfonodomegalia em cadeia
submandibular, sendo sugeridos os diagnósticos de doença linfoproliferativa e carcinoma epidermóide
metastático. Realizou-se a PAAF que apresentou numerosos histiócitos xantomatosos e pequenas
estruturas redondas e claras em meio a fundo protéico amorfo. A coloração pelo Grocott revelou
numerosas estruturas argentafíns, pequenas, arredondadas ou ovais e com brotamentos, sugestivos de
paracococcidioidomicose. CONCLUSÃO: A infecção fúngica se impõe como diagnóstico diferencial
de lesões expansivas em região de cabeça e pescoço. A PAAF tem sido uma importante ferramenta
nos diagnósticos dessas doenças.

2. CARCINOMA METÁSTATICO CERVICAL SIMULANDO CARCINOMA ANAPLÁSICO


DA TIREÓIDE:
RELATO DE CASO
Emanuel Adelino Medeiros Damasceno, Lisley Calixto de Araújo, Lívia Bravo Maia, Larissa Cardoso
Marinho, Maria Iolanda Gomes, Alexandre Cavalca Tavares.
Centro de Anatomia Patológica, Hospital Universitário de Brasília, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: Neoplasias tireoidianas malignas são geralmente bem diferenciadas. Carcinomas
anaplásico e metastático devem ser considerados quando células pouco diferenciadas forem
encontradas. Estudo imunocitoquímico aumenta a especificidade diagnóstica. OBJETIVO: Relatar
caso de metástase cervical de carcinoma comprometendo secundariamente tireoide, diagnosticada na
punção aspirativa por agulha fina (PAAF) e imunocitoquímica. DESCRIÇÃO: A.F.M., masculino, 73
anos, tabagista (acima de 60 maços/ano), apresentando massa cervical de crescimento progressivo há 2
meses, com suspeita clínica de carcinoma anaplásico da tireoide. Realizou PAAF de nódulo cervical
que mostrou grupos de grandes células coesas, com núcleos atípicos e discreto pleomorfismo celular,
sugestivo de carcinoma pouco diferenciado (figura 1). Imunocitoquímica revelou positividade para
CK7 e negatividade para CK20 nas células neoplásicas, favorecendo carcinoma metástatico. Evoluiu
com sintomas obstrutivos das vias aéreas, sendo submetido à tireoidectomia. Exame histopatológico
evidenciou múltiplos êmbolos carcinomatosos, com imunoexpressão positiva para CK7 e negativa
para CK20, tireoglobulina, sinaptofisina, TTF-1 e RP, favorecendo mama e pulmão como prováveis
sítios primários (tabela 1 e figura 2). Exame tomográfico revelou nódulo irregular medindo 11 mm no
lobo superior do pulmão esquerdo, não ressecado. Boa resposta clínica à quimioterapia foi verificada
após 3 meses de acompanhamento. CONCLUSÃO: Relatamos caso raro de carcinoma metastático
tireoidiano de provável origem pulmonar, simulando carcinoma anaplásico, onde a PAAF e a
imunocitoquímica tiveram papel fundamental na definição da conduta médica.

112
3. CITODIAGNÓSTICO DE LINFOMA DE HODGKIN POR PUNÇÃO ASPIRATIVA POR
AGULHA FINA E IMUNOCITOQUÍMICA: RELATO DE CASO
Emanuel Adelino Medeiros Damasceno, Lisley Calixto de Araújo, Talyta de Matos Cano, Ana Emília
Borges de Azevedo, Maria Iolanda Gomes, Alexandre Cavalca Tavares.
Centro de Anatomia Patológica, Hospital Universitário de Brasília, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: O citodiagnóstico do linfoma de Hodgkin (LH) depende do achado das células de
Reed-Sternberg (RS) no esfregaço. Diagnóstico diferencial com subtipos de linfoma não-Hodgkin e
outros processos que apresentam células semelhantes às RS indicam estudo histopatológico como
primeira escolha diagnóstica. Emblocados celulares e imunocitoquímica podem ser úteis.
OBJETIVO: Descrever caso de LH diagnosticado por citologia e imunocitoquímica, confirmado na
histopatologia. DESCRIÇÃO: Paciente masculino, 25 anos, referiu aparecimento de nódulo de em
região cervical posterior esquerda, indolor, sem sinais flogísticos, há 6 meses. No primeiro exame
físico o nódulo era de 7cm. Presença de outros nódulos em região cervical anterior direita e axilar
esquerda. Realizada punção aspirativa (PAAF) de nódulos cervicais (nível II a IV esquerda e nível V
bilateral e axilar) por patologista e confeccionados esfregaços e blocos celulares. O exame
microscópico revelou alta celularidade heterogênea, contendo freqüentes células linfóides neoplásicas
com cariomegalia, membrana nuclear espessa, cromatina grosseira e macronucléolos eosinofílicos.
Algumas eram bi ou multinucleadas. De permeio, numerosos linfócitos em diversos estágios de
maturação, neutrófilos e eosinófilos. O estudo imunocitoquímico revelou imunoexpressão positiva nas
células neoplásicas para CD30 e CD15, negativa para CD20 e CD3, melhor evidenciada no
emblocado. Biópsia do linfonodo supra-clavicular esquerdo confirmou LH clássico, padrão esclerose
nodular. CONCLUSÃO: O presente caso indica que métodos menos invasivos podem ser utilizados
para triagem de neoplasias linfoproliferativas, possibilitando diagnóstico conclusivo. Confecção de
blocos celulares no momento da PAAF e estudo imunocitoquímico favoreceram a conclusão
diagnóstica.

113
ÁREAS BÁSICAS
1. ABORDAGEM MOLECULAR DAS HEMOPATIAS CLONAIS NA SÍNDROME DE
DOWN
Lílian Barros Queiroz 1,2; Juliana Forte Mazzeu de Araújo 1; Isis Maria Quezado Soares Magalhães 3;
Beatriz Dolabela de Lima 2; Cezar Martins-de-Sá 2; Íris Ferrari 1.
(1) Universidade de Brasília (UnB), Laboratório de Genética Clínica; (2) Universidade de Brasília
(UnB), Laboratório de Biologia do Gene; (3) Hospital de Apoio de Brasília (HAB).
JUSTIFICATIVA: A condição do portador de Síndrome de Down (SD) desperta especial interesse
nos estudos sobre leucemogênese, não só pela alta prevalência de leucemia aguda do tipo
megacarioblástica (LMA-M7), normalmente raro na população pediátrica geral, mas também pela
curiosa forma de proliferação clonal, a leucemia transitória (LT) que acomete aproximadamente 5%
dos recém-nascidos com SD. Estes casos geralmente evoluem com remissão espontânea nos primeiros
três meses de vida, mas podem desenvolver LMA-M7 entre 2 a 3 anos depois de ter ocorrido a
remissão espontânea da LT. Essas leucemias são causadas por mutações adquiridas no exon 2 do fator
de transcrição hematopoiético GATA1 que impedem a síntese da proteína GATA1, mas não a síntese
da proteína truncada, GATA1s. OBJETIVOS: 1) identificar a presença de mutações somáticas no
gene GATA1 em crianças portadoras da SD, nos dois tipos de proliferação clonal LT e LMA-M7,
visando a consolidá-lo como marcador molecular; 2) determinar a frequência de ocorrência de LT e
LMA-M7/SD no Distrito Federal. METODOLOGIA: (a) Análise citogenética para diagnóstico da
SD e alterações clonais; (b) reação em cadeia da polimerase (PCR) de DNA genômico humano; (c)
sequenciamento dos produtos de PCR para detecção de mutações (d) clonagem dos produtos de PCR
no vetor pGEM-T (apenas quando detectada alteração no sequenciamento direto) seguido de
transformação em células competentes de E. coli DH5a, digestão com enzimas de restrição (SacII e
NdeI) para posterior sequenciamento desses PCRs clonados e) imunofenotipagem para caracterização
da linhagem hematopoiética envolvida e seu grau de maturação. RESULTADOS: Foi realizada a
triagem de mutações no GATA1 em 138 amostras, destas, 108 corresponderam a pacientes com SD;
seis pacientes com plaquetopenia e anemia constitucional; e as 24 amostras restantes corresponderam
a seguimento dos pacientes, em diferentes datas de coleta. Foi identificada uma mutação
p.Tyr63ThrfsX66 na LT, permitindo o acompanhamento da doença residual mínima neste paciente; e
um clone leucêmico na LMA-M7 da SD:
47,XY,del(5)(p13~14),del(6)(q?),+21c[12%]/46,XY,+21c[46]. Estas alterações genéticas têm
implicações na escolha do melhor tratamento e na evolução da doença. CONCLUSÃO: Esta alteração
molecular tem implicação na escolha do melhor tratamento e na evolução da doença.

2. EFEITO DA MILTEFOSINA SOBRE A CAPACIDADE FAGOCITÁRIA DE


MACRÓFAGOS PERITONEAIS DE CAMUNDONGOS
Charlene Barreto Ponte1, Raimunda Nonata Ribeiro Sampaio1, Maria Imaculada Muniz-Junqueira2,
Selma Aparecida Souza Kükelhaus2
1
Laboratório de Dermatomicologia, Faculdade de Medicina, Universidade de Brasília, Brasília-DF
2
Laboratório de Imunologia Celular, Faculdade de Medicina, Universidade de Brasília, Brasília -DF
JUSTIFICATIVA: A miltefosina (hexadecilfosfocolina) oral tem se mostrado eficaz e segura no
tratamento das leishmanioses, no entanto, pouco se sabe sobre seus mecanismos de ação e seus efeitos
sobre os macrófagos. OBJETIVO: Avaliar o efeito de diferentes concentrações da miltefosina sobre a
capacidade fagocitária de macrófagos peritoneais, por receptores para padrões moleculares de
patógenos e por receptores para opsoninas. MÉTODO: Células peritoneais decamundongos C57BL/6
(n=9), depois de centrifugadas foram quantificadas, incubadas por 2 h (37ºC com 5% de CO2, em ar),
em duplicata e em placa de 24 escavações, lavadas e novamente incubadas por 30 min com

114
miltefosina (0, 10, 50, 100 µg/mL) e com 4 x 106 leveduras (Saccharomyces cerevisiae),
sensibilizadas ou não com o soro dos camundongos. Posteriormente, as células foram lavadas, secas,
fixadas com metanol, coradas com solução de Giemsa, montadas em lâminas de vidro e analisadas em
microscopia (200 macrófagos/ lamínula). RESULTADOS: A miltefosina afetou a fagocitose por
receptores para os padrões moleculares de patógenos, em relação ao controle, nas preparações
incubadas com 50 µg/mL, pois aumentou a mediana do índice fagocitário (Wilcoxon; p=0,003) e a
média do percentual de macrófagos envolvidos na fagocitose (teste t-pareado; p<0,001) e diminuiu a
média de leveduras fagocitadas (teste t-pareado; p=0,004). Quando a fagocitose foi avaliada pelos
receptores para opsoninas os resultados indicaram que, em relação ao controle, houve aumento do
índice fagocitário com 10 µg/mL (teste t-pareado; p=0,001) ou 50 µg/mL (teste t-pareado; p<0,001),
aumento no percentual de macrófagos envolvidos na fagocitose e na média de leveduras fagocitadas
com 50 µg/mL (teste t-pareado; p<0,01). CONCLUSÃO: A miltefosina aumentou a fagocitose por
receptores para padrões moleculares, pelo aumento no recrutamento de macrófagos, enquanto que
pelos receptores para a opsoninas a droga aumentou também a média de leveduras fagocitadas. Nossos
resultados apontam para uma possível atividade imunomoduladora da miltefosina.

3. O MONTELUCASTE DEPRIME A FAGOCITOSE PELOS MONÓCITOS DE


INDIVÍDUOS NORMAIS
Marcelo Bogliolo Piancastelli de Siqueira, Valéria Botan, Shirley Claudino Couto, Maria Imaculada
Muniz-Junqueira.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Departamento de Patologia, Laboratório de
Imunologia, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: Entre os mediadores da resposta inflamatória na asma estão os leucotrienos, que
resultam do metabolismo do ácido araquidônico. O montelucaste é um antagonista do receptor para o
leucotrieno CysLT1 utilizado no tratamento da asma. OBJETIVO: Avaliar a influência do
montelucaste e fenoterol sobre os fagócitos. MÉTODO: Fagócitos de 20 voluntários sadios foram
incubados com as drogas e a fagocitose de Saccharomyces cerevisiae foi avaliada pelos receptores
para padrões moleculares de patógenos e pelos receptores para opsoninas. A produção de radicais
livres foi avaliada pelo teste do NBT. RESULTADOS: O montelucaste (129) deprimiu o índice
fagocitário (IF) dos monócitos em relação ao controle (179), e o fenoterol (144) não influenciou o IF
dos monócitos para 5 leveduras sens/fagócito (p=0,04, ANOVA). Esta depressão deveu-se ao menor
envolvimento dos monócitos na fagocitose, passando a mediana de 78,5% (controle) para 62%
(montelucaste) (p<0,05, Kruskal-Wallis/teste de Dunn), sendo que o fenoterol não modificou a
proporção de monócitos envolvidos na fagocitose (66,5%). Não houve diferença na média de
leveduras fagocitadas/neutrófilo entre os 3 grupos (p>0,05, Kruskal-Wallis). O fenoterol mostrou uma
tendência para aumentar a média±EPM de leveduras fagocitadas de 2,5±0,15 no grupo controle para
3,0±0,2 para o grupo fenoterol (p=0,07, teste t pareado). Este aumentou não influenciou o índice
fagocitário dos neutrófilos quanto avaliados utilizando 5 leveduras sensibilizadas/fagócito (p>0,05).
CONCLUSÃO: Nossos dados mostraram que o montelucaste deprimiu a capacidade fagocitária dos
neutrófilos pelos receptores para opsoninas, enquanto o fenoterol ocasionou um discreto aumento do
número de partículas fagocitadas. Tem sido demonstrado que infecções respiratórias em pacientes
asmáticos são as principais responsáveis pelo desencadeamento das crises asmáticas. A maior
susceptibilidade às infecções pode relacionar-se à menor capacidade fagocitária observada nos
pacientes e a capacidade do montelucaste deprimir a fagocitose deve ser considerada quando da
escolha da indicação terapêutica para tratamento de indivíduos já potencialmente deficientes.

115
4. DETERMINAÇÃO DA PRODUÇÃO DE PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO POR
MACRÓFAGOS PERITONEAIS TRATADOS COM PS-2, UM PEPTÍDEO DE
PHYLLOMEDUSA AZUREA.
Vitor M. Caldas, Leiliane F. Sampaio, Bruno F. Luitgards, Filipe L. de Menezes, José Roberto S. A.
Leite e Selma A. S. Kückelhaus.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Laboratório de Imunologia Celular, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA. Peptídeos antimicrobianos tem efeito modulador sobre as funções de defesa de
células de mamíferos, sobretudo na expressão e síntese de citocinas e radicais livres. OBJETIVO. O
objetivo desse estudo foi determinar o efeito da PS-2 sobre a produção de peróxido de hidrogênio
(H2O2) por macrófagos peritoneais de camundongos Swiss, tratados ou não com diferentes
concentrações de PS-2. MÉTODO. As células peritoneais foram coletadas de oito camundongos da
linhagem Swiss normais, lavadas, centrifugadas, quantificadas em hematôcitometro e incubadas por 2
horas a 37ºC com 5% de CO2 em ar, em placa de microcultivo de 24 escavações para a aderência dos
macrófagos. Após a incubação, as escavações foram lavadas com STF para remover as células não
aderidas e então, os macrófagos foram incubados por 1 hora, com 140 µL de solução de vermelho
fenol acrescida de PS-2 (2, 10 ou 100 µg/mL), com ou sem acetato de forbol miristato (PMA); durante
a incubação foi preparada uma curva padrão em vermelho de fenol. A reação foi interrompida com
NaOH e as leituras das absorbâncias foram feitas em espectrofotômetro de placa com filtro de 620 nm
(SpectraMax® Plus384). RESULTADOS. Os resultados foram expressos em micromoles (µM) de
H2O2. Na concentração de 100 µg/mL de PS-2, houve aumento da produção de H2O2 por células
peritoneais de macrófagos (Mann-Whitney; p=0,023), enquanto que as demais concentrações foram
similares ao controle (p>0,05).CONCLUSÃO: Nossos resultados indicaram que a PS-2 aumentou a
produção de peróxido de hidrogênio por macrófagos peritoneais de camundongos na concentração de
100 µg/mL. Considerando que os peptídeos antimicrobianos podem interferir nas vias de ativação
celular, esse efeito pode significar uma possível atividade imunomoduladora da droga, no entanto, são
necessários mais estudos para identificar seus mecanismos de ação, visando futuras aplicações
biomédicas.

5. DETERMINAÇÃO DA TOXICIDADE IN VITRO DA DERMASSEPTINA DS 01, UM


PEPTÍDEO ANTIMICROBIANO DE PHYLLOMEDUSA AZUREA.
Filipe Lima de Menezes1, Bruno Ferreira Luitgards1, Leiliane Ferreira Sampaio1, Vitor Marques
Caldas1, José Roberto Souza Almeida Leite2, Selma Aparecida Souza Kückelhaus1,3
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Laboratório de Imunologia Celular, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: Os peptídeos antimicrobianos catiônicos possuem interação eletrostática com uma
variedade de membranas celulares e podem causar destruição celular, sendo importante identificar os
efeitos da dermasseptina DS01, um peptídeo antimicrobiano catiônico, sobre células de mamíferos, in
vitro, para conhecer as concentrações tóxicas, visando aplicações biomédicas e biotecnológicas.
OBJETIVO: Determinar a concentração tóxica da DS 01 sobre células peritoneais de camundongos,
in vitro. MÉTODO: As células peritoneais foram coletadas de cinco camundongos da linhagem Swiss
normais, lavadas, centrifugadas, quantificadas em hematôcitometro e incubadas por uma hora a 37ºC
com 5% de CO2 em ar, em placa de microcultivo de 96 escavações. Os experimentos foram
conduzidos em triplicata, incubando-se 2x105 células em meio RPMI 1640 acrescido com diferentes
concentrações de DS 01 (0, 0,5, 1, 2, 4, 8, 16, 31, 63, 125, 250 e 500 µg/mL). A viabilidade celular foi
analisada pelo método de redução do 2,5-Difenil Brometo de Tetrazoilium (MTT) a cristais de
formazan, pela adição de 10 µL da solução (5 mg/mL) à cada escavação e posterior incubação por
mais quatro horas, seguida da adição de 50 µL de dodecil sulfato de sódio para a liberação dos cristais.
Os resultados foram analisados em espectrofotômetro com filtro de 570 nm (SpectraMax® Plus384) e
expressados em absorbância. RESULTADOS: A incubação das células peritoneais por 4 horas com
DS 01 mostrou que concentrações superiores a 32 µg/mL da droga causou redução significativa da

116
atividade metabólica das células peritoneais de forma dose dependente (ANOVA; p<0,0001), em
relação ao controle. As demais concentrações não afetaram a redução de MTT pelas células
peritoneais. CONCLUSÃO: As maiores concentrações de DS 01 reduziram o metabolismo das
células peritoneais dos camundongos, indicando possíveis efeitos tóxicos sobre as mesmas, no entanto,
são necessários mais estudos para avaliar seus mecanismos de ação e seus efeitos sobre as células do
sistema imunitário.

6. DETERMINAÇÃO DA FAGOCITOSE POR MACRÓFAGOS PERITONEAIS TRATADOS


COM PS-2, UM PEPITÍDEO ANTIMICROBINO DE PHYLLOMEDUSA AZUREA.
Leiliane Ferreira Sampaio, Bruno Ferreira Luitgards, Vitor Marques Caldas, José Roberto Souza
Almeida Leite, Selma Aparecida Souza Kückelhaus.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Laboratório de Imunologia Celular e Laboratório de
Morfologia, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: Os estudos realizados com a filosseptina-2, mostraram considerável atividade
contra o Plasmodium falciparum e ausência de toxicidade sobre macrófagos peritoneais de
camundongos. Considerando que a habilidade dos animais de evitar infecções depende de seus
mecanismos de defesa que os habilitam a responder aos processos infecciosos e que, os peptídeos
antimicrobianos podem apresentar efeitos imunomodulatórios sobre células de mamíferos é importante
identificar as atividades biológicas dos peptídeos sobre essas células. OBJETIVO: Determinar o
efeito da PS-2 sobre a capacidade fagocitária de macrófagos peritoneais de camundongos Swiss
visando futuras aplicações biológicas e biomédicas. MÉTODO: As células peritoneais foram
coletadas de oito camundongos Swiss, lavadas, centrifugadas, quantificadas em hematôcitometro.
Experimentos feitos em duplicata, placa de microcultivo de 24 escavações contendo lamínula de vidro
para a aderência das células. As células peritoneais (2x105 células/400µL) distribuídas nas escavações
e incubadas em câmara úmida a 37ºC por 60 min, em ar de 5% de CO2. Depois as escavações foram
lavadas com STF e novamente incubadas por 30 minutos, em meio RPMI 1640 com as diferentes
concentrações de PS-2 (0, 2, 10 e 100 µg/mL) e com uma suspensão de leveduras (Saccharomyces
cerevisiae), sensibilizadas com soro dos camundongos. Depois as escavações foram lavadas secas,
fixadas com metanol, coradas com solução de Giemsa e montadas em lâminas de microscopia. A
fagocitose pelos receptores para opsoninas foi avaliada ao microscópico pelo índice fagocitário. Foram
analisados 200 macrófagos. RESULTADOS: A análise mostrou que as diferentes concentrações de
PS-2 (0, 2, 10 e 100 µg/mL) não afetaram a capacidade fagocitária dos macrófagos peritoneais. Não
houve diferenças no percentual de células envolvidas na fagocitose, tampouco na média de leveduras
fagocitadas, em relação ao controle (Kruskall-Wallis; p>0,05). CONCLUSÃO: Os resultados
permitiram concluir que as diferentes concentrações de PS-2 não afetaram a capacidade fagocitária
dos macrófagos peritoneais, quando avaliada pelos receptores para opsoninas.

7. DETERMINAÇÃO DA PRODUÇÃO DE ÓXIDO NÍTRICO POR MACRÓFAGOS


PERITONEAIS TRATADOS COM PS-2, UM PEPTÍDEO ANTIMICROBIANO DE
PHYLLOMEDUSA AZUREA.
Bruno Ferreira Luitgards, Leiliane Ferreira Sampaio, Vitor Marques Caldas, Filipe Lima de Menezes,
José Roberto Souza Almeida Leite, Selma Aparecida Souza Kückelhaus.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Laboratório de Imunologia Celular, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: Peptídeos antimicrobianos têm efeito modulador sobre células de mamíferos,
sobretudo na expressão e síntese de citocinas e radicais livres. OBJETIVO: Determinar o efeito da
filosseptina-2(PS-2) sobre a produção de óxido nítrico por macrófagos peritoneais de camundongos
tratados ou não com diferentes concentrações do peptídeo. MÉTODO: Células peritoneais foram
coletadas de oito camundongos Swiss, centrifugadas, quantificadas e depositadas(2x105) em placa de
microcultivo de 96 escavações, em triplicata, meio RPMI 1640 sem soro em câmara úmida por 1 hora
a 37°C com 5% de CO2 em ar, para a aderência das células. Em seguida, as escavações foram lavadas

117
para a remoção das células não aderidas e os macrófagos foram incubados em meio RPMI 1640
completo acrescido com diferentes concentrações de PS-2(0, 1, 10 e 100 µg/mL), com ou sem
lipopolissacarídeo. Terminada a incubação, tranferiu-se 100µL do sobrenadante de cada escavação
para outra placa e à estas acrescentou-se 100µL do reagente de Greiss. Uma curva padrão foi
preparada com nitrito de sódio(NaNO2) diluído em água destilada. As leituras das reações
colorimétricas foram feitas em espectrofotômetro de placa(SpectraMax®Plus384) com filtro de
540nm e os resultados expressos em absorbância. RESULTADO: Os resultados da produção de óxido
nítrico por macrófagos peritoneais incubados com a PS-2 indicaram que as concentrações(1, 10 ou
100µg/mL) do peptídeo não afetaram a função celular em relação aos níveis produzidos pelo
controle(Teste t pareado; p<0.05). CONCLUSÃO: Os resultados da funcionalidade de macrófagos
avaliada pela produção de óxido nítrico mostraram que a PS-2 não afetou sua produção nas
concentrações analisadas.

8. PESQUISA DE PROTOZOÁRIOS E HELMINTOS EM MOEDAS CIRCULANTES NO


PARANOÁ-DF
Rayane Marques Cardoso, Felipe Fernandes Lobo, Ludmila Aragão Feitosa, Márcia C. dos S. Sousa,
Mariana Seabra Fernandes, Rhaniéllen Silva Ferreira, Sara da Rocha Viana, Sonaira F. Alves, Daniella
Barreto Santana.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Laboratório de Parasitologia Médica e Biologia de
Vetores, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: As moedas são materiais de grande circulação no ambiente urbano e sua análise
parasitológica é uma questão de saúde pública, já que quando contaminadas podem ser meio de
transporte de alguns agentes causadores de doenças em seres humanos. OBJETIVO: O estudo visou
verificar a presença de protozoários e helmintos em moedas de dez centavos (R$ 0,10) circulantes em
locais urbanos na cidade do Paranoá. MÉTODO: Foram coletadas 70 moedas provenientes de locais
variados. Essas foram lavadas e a água resultante foi colocada em tubos vedados (para evitar
contaminação) e centrifugados a 2.000 rpm por 15 min. Com o uso de pipetas, o sedimento foi retirado
para a confecção das lâminas e corado com lugol. RESULTADOS: Foram encontrados cistos de
Entamoeba coli e Endolimax nana e ovos de Ascaris lumbricoides, protozoários e helmintos
frequentes em fezes humanas. CONCLUSÃO: As parasitoses no Brasil se mostram como um
problema de saúde pública e a presença deles em moedas de circulação refletem em parte o
desconhecimento da importância de medidas profiláticas por parte da população. Sendo esta pesquisa
um mecanismo de alerta e uma forma de intervenção dos estudantes da Universidade em suas futuras
práticas hospitalares.

9. PESQUISA DE ENTEROPARASITOS EM HORTALIÇAS ORGÂNICAS, HIGIENIZADAS


E HIDROPÔNICAS VENDIDAS EM SUPERMERCADOS DO DISTRITO FEDERAL
Naiara Viudes Garcia Martins, Letícia Bernardes Marçal, Talyta Cortez Grippe, Mariana Bittencourt
Afflalo, Nayane Braga Aidar, Tássia Milenna Oliveira de Souza, Júlia Barreira Peréa, Danilo de Souza
e Almeida Silva, Daniella Barreto Santana.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Laboratório de Parasitologia Médica e Biologia de
Vetores, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: As parasitoses intestinais são amplamente difundidas devido às más condições
sanitárias, e as hortaliças servem como um dos principais veículos de transmissão de enteroparasitos,
alcançando um elevado índice de contaminação populacional e uma grande diversidade de
manifestações clínicas. O estudo da presença de enteroparasitos em hortaliças é de fundamental
importância, visto que esse é um problema de saúde pública. OBJETIVO: Avaliar a contaminação
por enteroparasitos em hortaliças orgânicas, higienizadas e hidropônicas vendidas nos supermercados
do Distrito Federal. MÉTODO: Foram utilizadas 30 amostras de hortaliças orgânicas, higienizadas e
hidropônicas provenientes de supermercados do Distrito Federal, das variedades: agrião (Nasturtium

118
officinale), couve (Brassica oleracea), rúcula (Eruca sativa) e alface (Lactuca sativa). Cada amostra
foi desfolhada, pesada, lavada e processada pelo método de Hoffman modificado. Lâminas foram
confeccionadas, coradas e observadas ao microscópio óptico. RESULTADOS: Os resultados
evidenciaram a ocorrência de protozoários e helmintos em 50% das amostras analisadas. O agrião foi a
única variedade de hortaliça que não apresentou estruturas parasitárias. Os enteropasitos mais
frequentes foram os helmintos com índice de 86,6%, cujos representantes foram Ascaris sp,
Ancylostoma sp, Necator sp, Toxocara sp e Strongyloides sp. CONCLUSÃO: Conclui-se que as
hortaliças comercializadas nesta região têm potencial papel na transmissão de enteroparasitos,
havendo necessidade de medidas específicas que propiciem uma melhoria na qualidade higiênico-
sanitária destes alimentos.

10. A ISONIAZIDA AUMENTA A PRODUÇÃO DE ÂNIONS SUPERÓXIDO PELOS


FAGÓCITOS DE INDIVÍDUOS NORMAIS
Sabrina Santos Garcia, Fernando Silva Lustosa, Érica Alessandra Rocha Alves, Marthina Gomes,
Shirley Claudino Couto, Maria Imaculada Muniz-Junqueira.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Departamento de Patologia, Laboratório de
Imunologia, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: Estima-se que 1/3 da população mundial está infectada pelo bacilo da
tuberculose, com 9,2 milhões de doentes por ano ocasionando 1,7 milhões de mortes. Os radicais de
oxigênio estão entre os principais mecanismos microbicidas dos fagócitos para as micobactérias. Não
está ainda esclarecido se as drogas utilizadas no tratamento da doença podem influenciar a capacidade
microbicida dos fagócitos. OBJETIVO: Avaliar a influência da isoniazida, rifampicina e
pirazinamida sobre a produção de radicais de oxigênio pelos fagócitos. MÉTODO: Sangue de 20
voluntários normais foi distribuído em lâminas para aderência dos fagócitos e tratadas com isoniazida,
rifampicina e pirazinamida, por 30 min, e incubadas com NBT. As preparações foram coradas com
safranina e a porcentagem de redução do NBT foi determinada ao microscópio. RESULTADOS: A
isoniazida (29,9±2,2%) aumentou a media±EPM da %redução basal do NBT em relação aos fagócitos
do grupo controle (21±2,8%) (p=0,01, teste t pareado). A média±EPM da % redução do NBT
também se mostrou mais elevada no grupo tratado isoladamente com a isoniazida do que nos grupos
em que foi feita a associação das três drogas isoniazida, rifampicina e pirazinamida (18,6±2,9)
(p=0,02, ANOVA). Quando os fagócitos foram estimulados pela presença das leveduras não houve
diferença entre os grupos (p=0,77, ANOVA). CONCLUSÃO: A isoniazida aumentou a produção de
ânions superóxido propiciando uma melhor capacidade microbicida para os fagócitos. Quando
associada às outras drogas utilizadas no tratamento da tuberculose, este efeito não foi evidenciado. É
possível que uma ação inibitória discreta, não evidenciada estatisticamente por nossos dados, possa ter
contraposto a ação da isoniazida sobre os fagócitos quando em associação com os outros
antimicrobianos. A possibilidade de influenciar positivamente a resposta microbicida dos fagócitos
deve ser considerada quando da utilização desta droga em indivíduos imunodeficientes, como é o caso
da associação de tuberculose e infecção pelo vírus da imunodeficiência humana.

11. ISONIAZIDA, PIRAZINAMIDA E RIFAMPICINA DEPRIMEM A FAGOCITOSE


PELOS MONÓCITOS E NEUTRÓFILOS DE INDIVÍDUOS NORMAIS
Fernando Silva Lustosa, Sabrina Santos Garcia, Érica Alessandra Rocha Alves, Marthina Gomes,
Shirley Claudino Couto, Maria Imaculada Muniz-Junqueira.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Departamento de Patologia, Laboratório de
Imunologia, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: Após ter sido considerada sob controle, a tuberculose ressurgiu na década de 90,
tornando-se um sério problema de saúde pública. Os monócitos são células chaves na defesa contra o

119
Mycobacterium tuberculosis e não está esclarecido se as drogas utilizadas no tratamento da doença
influenciam as funções destas células. OBJETIVO: Avaliar a influência da isoniazida, rifampicina e
pirazinamida sobre a capacidade fagocitária. MÉTODO: Os fagócitos de 20 voluntários sadios foram
incubados com as drogas e a fagocitose de Saccharomyces cerevisiae foi avaliada pelos receptores de
padrões moleculares de patógenos e pelos receptores para opsoninas. O índice fagocitário (IF) é a
multiplicação da média de leveduras fagocitadas/fagócito pela porcentagem de fagócitos envolvidos
na fagocitose. RESULTADOS: O tratamento com a isonizida (178), rifampicina (177) e pirazinamida
(138) isoladas e associadas (102) deprimiram o IF dos monócitos pelos receptores para opsoninas em
relação ao controles não tratados (219) (p<0,0001, Kruskal-Wallis teste). Esta depressão deveu-se
tanto ao menor envolvimento dos monócitos na fagocitose (p<0,0001, Kruskal-Wallis teste), quanto à
menor proporção de partículas fagocitadas por monócito (p<0,0001, Kruskal-Wallis). O tratamento
com as três drogas causou uma depressão do IF dos neutrófilos (p<0,0004, Kruskal-Wallis teste), da
proporção de neutrófilos envolvidos na fagocitose (p<0,01, Kruskal-Wallis teste) e da média de
leveduras fagocitadas (p<0,008, Kruskal-Wallis). As três drogas não influenciaram a capacidade
fagocitária dos neutrófilos (p>0,05) ou dos monócitos (p>0,05) pelos receptores que reconhecem
padrões moleculares de patógenos. CONCLUSÃO: A três drogas utilizadas deprimiram a capacidade
fagocitária dos monócitos e neutrófilos. Como estes fagócitos fazem parte da defesa inata do
indivíduo, esta imunodeficiência ocasionada pela própria terapia deve ser levada em consideração no
tratamento dos pacientes, pois podem estar contribuindo para dificultar o tratamento, tanto para o
próprio M. tuberculosis, quanto para outras infecções oportunistas, como podem aumentar os riscos de
outras imunodeficiências associadas, como a desnutrição.

12. CRESCIMENTO DE ISOLADOS DE AMEBAS VIDA LIVRE (ACANTHAMOEBA SPP)


EM MEIO ENRIQUECIDO.
Mayara Gabriele C. de Oliveira, Aline Silva Moraes, Daniella de Sousa M.M. Alves, Rodrigo Gurgel
Gonçalves, Cesar A. Cuba-Cuba.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Laboratório de Parasitologia Médica e Biologia de
Vetores, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: A caracterização biológica de amebas de vida livre é fundamental para
determinação do potencial patogênico. As amebas do gênero Acanthamoeba podem causar ceratite em
imunocompetentes, sobretudo usuários de lente de contato e encefalite amebiana granulomatosa em
imunocomprometidos. OBJETIVO: Avaliar o crescimento e desenvolvimento de isolados de
Acanthamoeba do Distrito Federal em meio enriquecido, comparando com a cepa padrão patogênica
Acanthamoeba polyphaga (ATCC 30461). MÉTODO: Os cistos e/ou trofozoítos foram colhidos de
placas com regiões marcadas, lavados 3 vezes com água destilada estéril e centrifugados a 2000 rpm
durante 15 minutos. O sedimento de cada isolado foi inoculado na solução salina de NEFF para o
encistamento. Após 48 horas foi feito um repique para o meio PYG (proteose peptona 0,75%, extrato
de levedura 0,75% e glucose 1,5%). As amostras foram contadas em hemocitômetro e as positivas
foram repicadas em intervalos de 48 horas para observação. RESULTADOS: Foram observadas 10
amostras (ATCC 30461, BSB 5, UnB 11, I P1S1, III P2S1, VP1S1, UnB 7, III P1S2, UnB 7 Clonagem
e UnB 13 CR(8) s/ E.coli) e, a cada nova contagem, as amostras negativas foram descartadas. As
amostras que apresentaram maior crescimento durante a axenização foram ATCC 30461 (cepa
padrão), BSB 5 (córnea), I P1S1 (piscina) e UnB 11 (solo). CONCLUSÃO: Três isolados do DF
apresentaram desenvolvimento compatível com a da cepa padrão patogêncica (ATCC 30461)
indicando crescimento em um curto intervalo de tempo. Devido à cepa patogênica sobreviver em
meios de alta osmolaridade e temperatura, o intervalo dos repiques não afetou seu crescimento, bem
como o dos três isolados do DF. Já com as outras amostras o intervalo pode ter sido o causador da
diminuição do crescimento.

120
13. PARASITOS INTESTINAIS E AMEBAS DE VIDA LIVRE ISOLADOS NO CÓRREGO
SAMAMBAIA - DF
Ana Clara Chagas, Gabriela Andrade, Gabriela Lisboa, Mariana Ribeiro, Natália Schettini, Daniella
Souza.
Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Laboratório de Parasitologia Médica, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: As águas do Córrego Samambaia-DF que percorre a região de Vicente Pires-DF
encontra-se contaminada por diversos protozoários, amebas de vida livre e helmintos OBJETIVO: O
objetivo do presente trabalho foi verificar a presença de parasitos e amebas de vida livre em amostras
do córrego Samambaia, que serve como fonte de irrigação para a produção de hortaliças. MÉTODO:
A metodologia foi dividida em três etapas: coleta de amostras, feita em três trechos eqüidistantes (em
cada ponto foram utilizadas 15 garrafas pet); análise parasitológica laboratorial de 90 lâminas e 3
culturas destas amostras em placas de petri, que continham Agar não nutriente mais Escherichia Coli
mortas por calor, sendo uma cultura para cada ponto de coleta. Para a análise parasitológica, foi
utilizado o método de Hoffman (sedimentação espontânea), adicionado de centrifugação. A análise das
lâminas se fez ao microscópio óptico e as placas ao microscópio óptico invertido. RESULTADOS:
Das 45 amostras foram encontrados parasitas em 25 amostras. Sendo estes: 10 Cistos de amebas de
vida livre (0,22%), 2 Larvas rabditóides de Strongyloides stercoralis (0,04%), 7 Protozoários ciliados
(0,15%),3 Cistos de Endolimax nana (0,06%), 3 Cistos de Balantidium coli (0,06%), 5 Protozoários
de vida livre flagelado (0,11%), 2 Endolimax sp.(0,04%), 2 Entameba SP (0,04%), 1 Trofozoíto de
Balantidium (0,02%), 1 Ovo de Ascaris lumbricóides (0,02%). Em todas as placas havia parasitas.
Encontrou-se Cistos e Trofozoíto de Acanthamoeba.. CONCLUSÃO: A água do Córrego Samambaia-
DF encontra-se contaminada por diversos protozoários, amebas de vida livre e helmintos. Se faz,
assim, necessário o controle dos resíduos que estão atingindo essa água, bem como o tratamento da
mesma.

14. PROTOZOÁRIOS EMERGENTES E OPORTUNISTAS DE VEICULAÇÃO HÍDRICA


Laura Helena Alves Pereira; Daniella de Sousa Mendes Moreira Alves; Faculdade Anhanguera de
Brasília, Curso de Biomedicina.
JUSTIFICATIVA: A água é uma substância de importância vital para os seres vivos e, com a
contaminação das fontes hídricas, a possibilidade de contrair doenças vem sendo observada desde os
primórdios da humanidade. Dentre os patógenos que podem contaminar a água, encontram-se os
protozoários oportunistas, alvo deste estudo. OBJETIVOS: Descrever os protozoários oportunistas
que podem ser veiculados através da água, a importância das infecções e os métodos de isolamento
descritos na literatura. METODOLOGIA: Foi realizada uma pesquisa bibliográfica qualitativa, com
base em fontes eletrônicas. CONCLUSÃO: Os Protozoários mais freqüentes descritos na literatura
são Cyclospora cayatanensis, Cryptosporidium parvun, Giardia lamblia, Isospora belli,
Acanthamoeba e Blastocysris hominis. São poucas as pesquisas feitas e publicadas com isolamento
destes protozoários em água, pois a maioria é feita em fezes humanas, tendo como fonte de
contaminação a água. Todos os protozoários apresentados têm um caráter oportunista, e estão
relacionados a pequenos surtos. As técnicas de isolamento mais utilizadas foram análises
parasitológicas como técnica de Lutz; Hoffman; Pons e Janer, centrífugo-flutuação em solução de
sulfato de zinco, técnica de Faust, e método de Rugai, Mattos e Brisola, a PCR (estudo molecular) e
ensaios imunológicos (métodos imunoenzimáticos).

121
ENFERMAGEM
1. APLICAÇÃO DO PROCESSO DE ENFERMAGEM À PACIENTE PORTADORA DE
LÚPUS ERITEMASO SISTÊMICO (LES) EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA.
Natália de Melo Manzi, Andréa Mathes Faustino, Paula Elaine Diniz dos Reis, Ivone Kamada,
Cristine Alves Costa de Jesus.
Universidade de Brasília, Faculdade de Ciências da Saúde, Departamento de Enfermagem, Brasília,
DF.
JUSTIFICATIVA: A Sistematização da Assistência de Enfermagem é o modelo metodológico ideal
para o enfermeiro aplicar seus conhecimentos técnico-científicos na prática assistencial. OBJETIVO:
Descrever as etapas do processo de enfermagem aplicadas a uma paciente portadora de LES,
utilizando o referencial teórico de Imogene King e a Taxonomia II da North American Nursing
Diagnosis Association (NANDA). DESCRIÇÃO: Estudo de caso de uma paciente portadora de LES,
atendida na UTI de um hospital de ensino de Brasília. Para a coleta de dados utilizou-se um
instrumento elaborado baseado em referenciais teóricos de enfermagem. Após a anuência da paciente,
os dados foram coletados a partir da entrevista e exame físico, durante o período de 11 a 14 de Maio
de 2010. Em seguida, os dados foram analisados e, baseando-se na Taxonomia II da NANDA, foram
formulados os diagnósticos de enfermagem. Também foram estabelecidos objetivos e intervenções de
enfermagem para cada um dos diagnósticos identificados. A implementação do processo foi realizada
por uma das autoras do trabalho. Foram identificados 10 diagnósticos de enfermagem, com as
respectivas metas a serem alcançadas e as intervenções necessárias. CONCLUSÃO: Foi possível
aplicar uma assistência de enfermagem sistematizada por meio do Processo de Enfermagem, onde a
paciente constituiu-se como centro da atuação do profissional, de forma que suas necessidades foram
atendidas através de ações fundamentadas em um modelo teórico próprio da profissão.

2. APLICAÇÃO DO PROCESSO DE ENFERMAGEM A UM CLIENTE PORTADOR DE


TUMOR SEMINOMATOSO TESTICULAR: RELATO DE CASO
Lídia Ester Lopes da Silva, Andréa Mathes Faustino, Paula Elaine Diniz dos Reis, Ivone Kamada e
Cristine Alves Costa de Jesus
Departamento de Enfermagem da Universidade de Brasília, Residência Multiprofissional em Saúde do
Hospital Universitário de Brasília, Brasília - DF.
INTRODUÇÃO: Os seminomas são tumores germinativos que se desenvolvem a partir de células
testiculares produtoras de esperma. Os cuidados de Enfermagem incluem a avaliação dos estados
físico e psicológico do paciente e a monitorização quanto à resposta e efeitos colaterais da
quimioterapia (QT). Sendo assim, a sistematização da assistência de enfermagem (SAE) ao paciente
com seminoma é essencial para um cuidado qualificado. OBJETIVOS: Descrever as etapas do
processo de enfermagem aplicadas a um cliente portador de Tumor Seminomatoso Testicular
utilizando o referencial teórico de Imogene King e a Taxonomia II da NANDA. METODOLOGIA:
Trata-se de um relato de caso de um cliente com Tumor Seminomatoso Testicular em estágio III
apresentando metástase intestinal e pulmonar, atendido na UCM de um hospital de ensino de Brasília.
O instrumento de coleta de dados elaborado baseou-se no referencial teórico de King, Doenges,
Moorhouse e Murr. Após realizar uma pesquisa bibliográfica nas bases de dados Lilacs e Pubmed, os
dados foram coletados a partir de entrevista, exame físico e do prontuário, entre 11 a 14/05/2010.
Foram formulados os diagnósticos de enfermagem, a partir da Taxonomia II da North American
Nursing Diagnosis Association (NANDA), bem como as respectivas intervenções. DESCRIÇÃO: Em
maio de 2010, o paciente começou a observar uma massa abdominal palpável, sendo diagnosticado
Tumor Seminomatoso Testicular apenas em Janeiro de 2010. Sendo assim, iniciou os ciclos BEP de

122
QT. Ao exame, além de apresentar-se desnutrido, foi evidenciado metástase intestinal e pulmonar com
compressão da veia cava inferior. Diante problemas levantados, identificaram-se dez diagnósticos de
enfermagem: Ansiedade, Déficit no auto-cuidado, Deambulação Prejudicada, Dor aguda, Fadiga,
Intolerância à atividade, Nutrição desequilibrada, Padrão de sono prejudicado, Medo e Padrão
respiratório ineficaz. CONCLUSÃO: Ressalta-se a relevância da atuação do enfermeiro no cuidado
ao cliente portador de Tumor Seminomatoso Testicular, numa assistência individualizada.

3. SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A UM PACIENTE


PORTADOR DE HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA: ESTUDO DE CASO
Lídia Ester Lopes da Silva, Natália de Melo Manzi, Andréa Mathes Faustino e Cristine Alves Costa de
Jesus.
Departamento de Enfermagem da Universidade de Brasília, Residência Multiprofissional em Saúde do
Hospital Universitário de Brasília, Brasília - DF.
JUSTIFICATIVA: A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) constitui um dos problemas de saúde de
maior prevalência na atualidade. O tratamento objetiva prevenir a morbidade, a mortalidade e a
redução da pressão arterial. Neste contexto, a participação do enfermeiro constitui-se de práticas
assistenciais e principalmente de orientações sobre a doença, o tratamento, os fatores de risco e os
hábitos de vida saudáveis através de uma assistência sistematizada. OBJETIVO: Descrever as
práticas assistenciais sistematizadas de enfermagem a uma paciente portadora de HAS através da
Teoria do Autocuidado de Orem e da a Taxonomia II da North American Nursing Diagnosis
Association (NANDA). METODOLOGIA: Estudo de caso de uma paciente portadora de HAS,
internada na Unidade de Clínica Médica de um hospital de ensino de Brasília. Os dados referentes à
paciente foram obtidos entre 28 de Julho e 01 de Agosto de 2010, a partir de entrevista, exame clínico
e dados coletados no prontuário. Em seguida, foram formulados os diagnósticos de enfermagem
baseando-se na Taxonomia II da NANDA, com posterior estabelecimento das intervenções.
DESCRIÇÃO: Após a avaliação da paciente, identificaram-se cinco diagnósticos de enfermagem:
auto-controle ineficaz da saúde, déficit de conhecimento relacionado à doença, excesso do volume de
líquidos, débito cardíaco diminuído e troca de gases prejudicada. CONCLUSÃO: A assistência
individualizada e sistematizada mostrou a importância do enfermeiro, principalmente no que se refere
ao seu papel de educador, e confirmou a necessidade de um cuidado mais holístico. Esse é fator
fundamental para a adesão ao tratamento e conseqüente controle da doença.

4. FATORES QUE INTERFEREM NA QUALIDADE DO SONO DE PACIENTES


INTERNADOS EM UMA UNIDADE DE CLINICA MÉDICA
Lídia Ester Lopes da Silva, Leila Bernarda Donato Gottems e Pedro Rodrigues de Sousa Junior.
Enfermagem, Universidade Católica de Brasília e Universidade de Brasília, Brasília - DF.
JUSTIFICATIVA: Os transtornos do sono são queixas frequentes em pacientes internados e podem
complicar a recuperação. OBJETIVO: Este estudo objetivou identificar estas queixas, possíveis
causas e propor medidas que possam ser implementadas por enfermeiros para melhorar a qualidade do
sono. METODOLOGIA: Trata-se de estudo descritivo observacional, transversal, qualitativo e
quantitativo, realizado no Hospital Regional da Asa Norte. Foram entrevistados 52 pacientes na
Unidade de Clínica Médica, por meio de um questionário socioeconômico e um questionário do sono
previamente modificado, com base no basic nordic sleep questionnaire. As variáveis foram avaliadas
no SPSS e Excel. RESULTADOS: A maioria dos entrevistados apresentou dificuldades para dormir;
interrupções noturnas; cochilos diurnos; ronco; e ausência de medicação para induzir o sono. As
médias de latência e de tempo total de sono foram: 50 min. e 5h24, respectivamente, além de
necessidade de 2h 30 a mais de sono noturno. CONCLUSÃO: A maior parte considerou o sono em
ambiente hospitalar tão bom quanto em ambiente doméstico, não referindo problemas no sono

123
anteriores à internação. Porém, os dados deste estudo sugerem que os pacientes apresentaram insônia
durante a hospitalização, o que pode ser explicado pelo fato de terem percepção alterada com relação
aos problemas do sono. Neste contexto, o enfermeiro pode intervir orientando os pacientes com
relação à higiene do sono, além de outras medidas.

124
FARMÁCIA
1. INFLUÊNCIA DE ALIMENTOS NA ABSORÇÃO DE MEDICAMENTOS UTILIZADOS
EM CARDIOLOGIA
Bruno Gedeon de Araujo, Alessandra Menezes Campos, Patrícia Medeiros de Souza, Daniel França
Vasconcelos, Hervaldo Sampaio Carvalho
Hospital Universitário de Brasília, Residência Multiprofissional, Farmácia Clinica – Atenção
Cardiopulmonar, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: A administração de medicamentos durante a alimentação pode modificar a taxa
e/ou a extensão da absorção desses fármacos, alterando a biodisponibilidade. OBJETIVO: Identificar
as interações existentes entre alimentos e os fármacos utilizados no serviço de cardiologia do HUB.
Estabelecer os manejos de horário, de modo a evitar a redução da biodisponibilidade dos
medicamentos que interagem com alimentos. MÉTODO: Foi realizada pesquisa no MEDLINE (em
junho de 2010, PubMed) com limites em artigos de revisão e cuja versão online estava disponível no
Portal Capes. Primeiramente, foi feita uma busca com as palavras-chave no MeSH (Medical Subject
Heading) com as seguintes palavras: Terazosin AND food interaction e Prazosin AND food
interaction. Foi também realizada consulta no Formulário Terapêutico Nacional 2008 e em bases de
dados (Micromedex e UpToDate) com os nomes dos 36 medicamentos selecionados.
RESULTADOS: Foram selecionados 36 medicamentos mais freqüentemente prescritos em
cardiologia, dentre eles foram identificadas 25 interações medicamento-alimento, das quais 5
reduziam a biodisponibilidade, 9 aumentavam a biodisponibilidade e 11 reduziam os efeitos adversos.
De acordo com as interações identificadas, foram propostos manejos de horário, visando melhorar a
biodisponibilidade e reduzir os efeitos adversos dos respectivos medicamentos. CONCLUSÃO: A
identificação de interações do tipo medicamento-alimento possibilitou minimizar potenciais reações
adversas a medicamentos, objetivando reduzir erros na prescrição e na administração de
medicamentos e favorecer o uso racional de medicamentos no serviço de cardiologia do HUB.

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NUTRIÇÃO
1. APLICAÇÃO DO ÍNDICE DE ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL EM MULHERES COM
EXCESSO DE PESO
Renata Brasileiro Miranda1, Cibele Ferreira Neves1 , Sérgio Lincoln de Matos Arruda2, Mariana Silva
Melendez Araújo2, Sandra Fernandes Arruda1, Kênia Mara Baiocchi de Carvalho1.
1
Universidade de Brasília, Faculdade de Ciências da Saúde, Departamento de Nutrição. Programa de
Pós Graduação em Nutrição Humana. 2Clínica Dr Sérgio Arruda: Cirurgia Geral e Bariátrica. Brasília,
DF.
JUSTIFICATIVA:O Índice de Alimentação Saudável Adaptado (IASad) é um instrumento validado
e serve para avaliar qualidade da alimentação de adultos. Não existem dados da aplicação do
instrumento em pessoas com excesso de peso. OBJETIVO:Avaliar o padrão alimentar pelo IASad de
mulheres obesas graus 2 e 3, comparando-se com eutróficas. MÉTODO:Foram avaliadas 58 mulheres
(15 eutróficas, 26 obesas grau 2 e 17 obesas grau 3) com aplicação de questionário sócio demográfico
e cálculo do índice de massa corporal (IMC; kg/m2). Foram aplicados recordatório alimentar de 24
horas e registro alimentar de 3 dias, para determinação do consumo energético e composição de
macronutrientes da dieta.Determinou-se o IASad, sendo considerada alimentação precisando de
melhorias para os resultados entre 71 e 100 pontos. RESULTADOS:Na amostra total, as variáveis
sócio demográficas (idade:38 ± 9,8 anos e renda per capta: 2160 ± 1535 reais) e a qualidade da
alimentação ( IASad: 68,81 ± 9,7pontos) foram semelhantes nos três grupos. A maior parte das
mulheres (51,7%) apresentava padrão alimentar precisando de melhorias. Contudo, a ingestão de
colesterol das eutróficas (156,2± 84,3 g/dia) foi significativamente menor do que a das obesas grau 2
(243,7± 100,3 g/dia) e 3 (258,3± 107,0 g/dia) (p= 0,009) e o consumo energético foi marginalmente
superior (p=0,065) entre as participantes com excesso de peso. Das variáveis investigadas, apenas o
consumo energético apresentou correlação positiva (r2=0,398) e significativa (p=0,006) com o IASad.
CONCLUSÃO: Da qualidade da alimentação, observou-se melhora do perfil quanto ao consumo de
colesterol entre as eutróficas. Nesta amostra, o IASad apresentou associação com o consumo
energético. Futuras investigações devem ser feitas sobre as implicações da relação quantidade e
qualidade da alimentação, de acordo com este instrumento.

2. AVALIAÇÃO DE UM PROJETO PARA PROMOÇÃO DA SAÚDE EM SÃO SEBASTIÃO


– DF.
Maína Ribeiro Pereira, Caroline Olimpio Romeiro de Meneses, Kenia Baiocchi de Carvalho, Júlia
Devidé Nogueira, Sarah Guerra Gama Tinoco
Universidade de Brasília, Faculdade de Ciências da Saúde, Departamento de Nutrição, Brasília, DF;
Universidade de Brasília, Faculdade de Educação Física, Brasília, DF; Secretaria de Saúde do Distrito
Federal, Gerência de Doenças e Agravos Não-Transmissíveis, Brasília, DF
JUSTIFICATIVA: A região administrativa de São Sebastião-DF tem uma ampla cobertura do
Programa Saúde da Família (PSF) e apresenta alta prevalência de obesidade e má alimentação o que
aumenta o risco para doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT). OBJETIVO: Avaliar os
resultados de um programa de intervenção para redução dos fatores de risco para DCNT em
indivíduos com excesso de peso, assistidos em Unidades Básicas de Saúde, de São Sebastião – DF.
MÉTODO: Estudo quase-experimental de intervenção em adultos, usuários do PSF da cidade de São
Sebastião, que apresentavam Índice de Massa Corporal (IMC) ≥ 25 Kg/m2 e/ou circunferência da
cintura (CC) acima de 80 cm para mulheres e 94 cm para homens. Os participantes foram alocados em
Grupo Controle (GC) ou Grupo Intervenção (GI). O GC (n = 81) recebeu a assistência padrão
oferecida pelo PSF. O GI (n = 198) recebeu acompanhamento padrão do PSF, somado a oficinas

126
mensais educativas com temas de alimentação e nutrição, além de atividades físicas orientadas com
duração de uma hora três vezes por semana durante oito meses. Coletas de dados foram realizadas
antes, durante e após a intervenção para avaliar consumo alimentar de frutas e hortaliças,
antropometria, exames bioquímicos e freqüência de atividade física. RESULTADOS: Houve aumento
do consumo diário de frutas no GI (p= 0,002) e redução de peso, IMC, CC e colesterol total. No GC
não foi observada alteração significativa dos parâmetros estudados. CONCLUSÃO: A redução de
fatores de risco para DCNT observada nos participantes revela a importância da inserção de programas
educação e saúde em comunidades, além das atividades desenvolvidas pelo PSF. Vínculo estabelecido
entre a Universidade de Brasília e a Secretaria de Saúde do Distrito Federal pode auxiliar no combate
às DCNT e redução de fatores de risco associados.

3. PERFIL NUTRICIONAL DOS PACIENTES INTERNADOS NAS CLÍNICAS


CIRÚRGICAS E MÉDICAS DO HUB – ESTUDO NUTRIDIA BRASIL.
Elaine Nazaré dos Santos, Meg Schwarcz Hoffman, Marina Kiyomi Ito
Universidade de Brasília, Faculdade de Ciências da Saúde, Departamento de Nutrição, Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: A alteração do estado nutricional em pacientes hospitalares contribui para o
aumento da morbi-mortalidade e complicações clínicas. OBJETIVO: Avaliar o perfil nutricional dos
pacientes internados nas Clínicas Cirúrgica (CC) e Médica (CM) do Hospital Universitário de Brasília
(HUB) MÉTODO: Estudo transversal, com protocolo de coleta de dados segundo o NutriDia Brasil
(ND), com dados coletados em um único dia, 12/08/2009. Foram aplicados 4 questionários, sendo: (1)
a respeito do nosocómio, (2) referente ao estado clínico do paciente, (3) e (4) questionários referentes
ao consumo alimentar dos pacientes e aceitação da dieta. O paciente informou sua história nutricional
e como se encontrava a sua ingestão naquele dia. Definiu-se como indicadores de risco nutricional
(IRN) os seguintes parâmetros: índice de massa corporal (IMC) < 18,5 kg/m², paciente com perda de
peso nos últimos 3 meses, ingestão alimentar baixa na semana anterior ao ND e baixa ingestão no dia
do ND. RESULTADOS: Encontravam-se internados nas CC e CM 86 pacientes. Foram excluídos
aqueles que não consentiram ou estavam em box de isolamento. Dos 75 pacientes entrevistados,
46,6% eram homens (n=34), 68,5% eram adultos e 31,5% idosos. A mediana do IMC dos pacientes foi
de 23,3 kg/m² (Min:12,7, Max:52,0 kg/m²) e a média de idade 49,8 (DP 17,3). De 18,8% a 81,3% não
consumiram nada em uma refeições principais. Entre os IRN os piores índices foram da CM com
28,6% dos pacientes apresentam pelo menos dois dos indicadores que compõe o IRN.
CONCLUSÃO: A prevalência de desnutrição intra-hospitalar encontrada foi semelhante aos relatos
na literatura e foi maior entre os idosos. Dentre os fatores associados à IRN, o alto percentual de
pacientes com ingestão insuficiente da dieta é um dado preocupante e que deve ser observado visando
intervenções precoces.

127
ODONTOLOGIA
1. PROMOÇÃO DA SAÚDE EM CÂNCER: EXPERIÊNCIA DA INSERÇÃO DA
ODONTOLOGIA NO CACON DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA
Figueiredo PT, Mello TS, Barbosa I, Barbosa L, Ferrare.N, Leal D, Fortunato D,
Guerra EN, Leite A, Melo NS, Moraes K, Mattos M, Costa KO, Marques A.
Universidade de Brasília, Faculdade de Ciências da Saúde, Divisão de Odontologia do Hospital
Universitário de Brasília (HUB), Brasília, DF.
JUSTIFICATIVA: As estratégias de promoção da saúde em câncer são voltadas à identificação dos
fatores de risco, diagnóstico precoce e controle de seqüelas do tratamento oncológico. Trata-se de
abordagem multidisciplinar, com participação de diversos profissionais de saúde. OBJETIVO:
Apresentar uma experiência de sucesso com ações de promoção de saúde voltadas ao câncer no
Serviço de Saúde Bucal da Divisão de Odontologia do HUB. MÉTODO: O Serviço de Saúde Bucal
do HUB, integrado ao Centro de Alta Complexidade em Oncologia (CACON-HUB), é composto de
cirurgiões-dentistas, professores, estagiários e alunos de graduação e pós-graduação. Além do
diagnóstico, são adotadas estratégias de identificação de fatores de risco, principalmente o álcool e
fumo, com encaminhamento de pacientes ao Programa de Controle do Tabagismo do HUB. Nos
pacientes oncológicos do CACON, o serviço de saúde bucal realiza ações voltadas para melhoria da
qualidade de vida, controle de placa, instruções de higiene oral e adequação do meio bucal antes,
durante e após as sessões de quimioterapia e/ou radioterapia. A divisão de Odontologia participa
também do acolhimento dos pacientes que já possuem o diagnóstico de câncer, com orientações
necessárias para o início do tratamento. RESULTADOS: Trata-se de experiência exitosa de promoção
de saúde em câncer em 229 pacientes, com acompanhamento periódico no HUB. CONCLUSÃO As
ações apresentadas dizem respeito a condutas odontológicas específicas voltadas para promoção de
saúde em câncer e controle das seqüelas do tratamento oncológico em uma unidade pública de Saúde.

2. SÍNDROME DE GARDNER ASSOCIADA À ESCLEROSE ÓSSEA MAXILO-


MANDIBULAR, ODONTOMAS, SUPRANUMERÁRIOS E DENTES IMPACTADOS:
RELATO DE CASO E REVISÃO DA LITERATURA
Fabiana Tolentino de Almeida, André Ferreira Leite, Paulo Tadeu de Sousa Figueiredo, Nilce Melo,
João Batista Sousa, Rômulo Almeida, Ana Carolina Acevedo, Eliete Guerra
Universidade de Brasília, Faculdade de Ciências da Saúde, Departamento de Odontologia, Brasília,
DF. JUSTIFICATIVA: O estudo das alterações ósseas e dentárias do complexo maxilo-mandibular é
de fundamental importância na prática odontológica, uma vez que o cirurgião-dentista desempenha um
papel importante tanto no diagnóstico como no tratamento destas alterações. OBJETIVO: Descrever
as manifestações bucais de uma paciente do sexo feminino com Síndrome de Gardner. DESCRIÇÃO:
O caso índice e os cinco membros da família foram submetidos à avaliação médica, odontológica e
exames complementares. A colonoscopia do caso índice mostrou múltiplos pólipos no cólon e
estômago. A radiografia panorâmica do caso índice revelou a presença de esclerose óssea difusa,
odontomas, supranumerários e dentes impactados. Foi feita avaliação da radiografia panorâmica
utilizando um teste diagnóstico proposto por Takker et al 1995, com resultado de 35, significante em
indivíduos com Polipose Adenomatosa Familial. A Tomografia Computadorizada por Feixe Cônico
mostrou alterações ósseas e dentárias não visualizadas na radiografia panorâmica. CONCLUSÃO:
Estudos futuros são necessários para esclarecer os aspectos genéticos da Polipose Adenomatosa
Familial que associa o gene APC, anomalias dentárias e esclerose óssea na maxila e mandíbula

128
3. ORAL FEATURES IN KABUKI SYNDROME PATIENTS
Heliana Dantas Mestrinho, Samantha do Prado Sobral, André Ferreira leite, Paulo Tadeu
Figueiredo, Iris Ferrari, Heloísa Safatle, Mara Córdoba, Beatriz Versiani, Ana Carolina Acevedo
University of Brasília, Oral Care Center for Inherited Diseases and Department of Clinical Genetics,
University Hospital of Brasília , DF
OBJECTIVE: The aim of this study was to describe oral manifestations in Brazilian individuals with
Kabuki Syndrome (KS), a multiple congenital anomaly/mental retardation syndrome. METHODS:
Sixteen KS individuals with age comprised between 8 to 24 years of both genders were referred by the
Department of Clinical Genetics, for oral treatment and follow-up, to the Oral Center for Inherited
Diseases, University Hospital of Brasília, Brazil. Each individual underwent complete physical
examination , as well as extra-oral and intra-oral radiographic examinations. Extra-oral and intra-oral
photographs were also performed. RESULTS: Craniofacial and dental alterations were observed in all
KS patients examined. Seven of 16 individuals had class III malocclusion, probably due to the
presence of maxillary recession and mid-face hypoplasia. Also, high arched palate was observed in
three quarters of individuals. Flattening of the condyle was revealed in 2 individuals. The most
common dental anomaly observed was teeth shape abnormalities, mainly screwdriver incisors.
Besides, atypical shape of molar’s crowns, occlusal convergence of premolar’s crowns, and root
dilacerations were also observed. Hypodontia and microdontia were present in 9 and 4 individuals,
respectively. Enamel diffuse opacities were also observed in permanent dentition (n= 10).
CONCLUSION: A great clinical heterogeneity was observed in KS individuals in line with other
previous studies in the literature. Some non previously reported anomalies were also observed in this
sample, such as anomalies of crown, root shape and flattening of condyle. Further clinical and
molecular studies are necessary in order to better understand the presence of dental anomalies in this
syndrome.

4. ANOMALIAS DENTÁRIAS EM PACIENTES COM GLICOGENOSE ATENDIDOS NA


DIVISÃO DE ODONTOLOGIA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA.
Jéssica Araújo Viana, Fabiana Ferreira Resende, Paulo Márcio Yamaguti, Heliana Dantas Mestrinho,
Lílian Marly de Paula, Ana Carolina Acevedo, Raquel Ribeiro Gomes.
Universidade de Brasília, Faculdade de Ciências da Saúde, Departamento de Odontologia.
JUSTIFICATIVA: Glicogenose (doenças do armazenamento do glicogênio) são desordens
hereditárias que afetam o metabolismo do glicogênio. O glicogênio apresenta-se alterado em
quantidade ou qualidade devido a alterações nas enzimas responsáveis por sua síntese e degradação.
Fígado e músculos são os órgãos mais comum e seriamente afetados, mas também, há relatos de
anomalias do desenvolvimento dentário. A frequência de todas as formas de Glicogenose é de
aproximadamente 1 em 20.000-25.000 nascidos vivos. OBJETIVO: Descrever as anomalias dentárias
observadas em pacientes com Glicogenose atendidos na Divisão de Odontologia do HUB.
MÉTODOS: Estudo descritivo de casos procedentes do Distrito federal (DF) e Entorno atendidos a
partir de abril de 2003. Os pacientes foram submetidos a exame clínico e radiográfico após assinatura
do termo de consentimento livre e esclarecido. Foram identificadas anomalias dentárias de forma, de
número e da cronologia de formação e erupção dentária. RESULTADOS: Foram atendidos quatro
pacientes encaminhados de hospitais da Secretaria de Saúde do DF com diagnóstico de Glicogenose
hepática. Todos apresentaram anomalias de forma radicular, principalmente taurodontia e dentes com
raízes curtas. Além disso, observou-se casos de anomalias de número (agenesia dentária e dente
supranumerário), atraso na cronologia de formação e erupção dentária e alteração no eixo de erupção
de caninos. CONCLUSÕES: (1) Os achados deste estudo indicam uma possível associação entre
distúrbios do metabolismo do glicogênio e a presença de anomalias dentárias de forma e de número.
Entretanto são necessários estudos com um grupo maior de pacientes com Glicogenose para confirmar

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estes achados. (2) A identificação da associação entre as anomalias dentárias e a Glicogenose pode
auxiliar na compreensão dos mecanismos relacionados ao metabolismo do glicogênio e a
odontogênese, assim como no diagnóstico precoce, tratamento e acompanhamento apropriado das
anomalias dentárias nesse pacientes.

5. MANIFESTAÇÃO ATÍPICA DE CRANIOSINOSTOSE ASSOCIADA A AMELOGÊNESE


IMPERFEITA – RELATO DE CASO
Rafael Gomes Kouzak, Gabriel Muniz, Raquel Ribeiro Gomes, Heliana Dantas Mestrinho, Lilian
Marly de Paula, Ana Carolina Acevedo, Paulo Márcio Yamaguti.
Clínica de Atendimento a Pacientes Portadores de Anomalias de Desenvolvimento Dentário, Divisão
de Odontologia, Hospital Universitário de Brasília, Brasília, DF
JUSTIFICATIVA: A craniosinostose pode ser definida como um fechamento prematuro de
determinadas suturas cranianas afetando o crescimento e desenvolvimento craniofacial. Elas podem
estar ligadas a doenças metabólicas ou serem herdadas geneticamente. As manifestações bucais
relatadas incluem alterações ósseo-esqueléticas, atraso na erupção de dentes permanentes e
apinhamento dentário. Porém, não há relatos na literatura de alterações no desenvolvimento dentário.
OBJETIVO: Esse trabalho, tem como objetivo, descrever as manifestações bucais de dois irmãos
com diagnóstico de craniosinostose ligada a síndrome não diagnosticada. DESCRIÇÃO: Os pacientes
foram encaminhados pela clínica de genética para a clínica de atendimento a pacientes portadores de
anomalias de desenvolvimento dentário – Divisão de Odontologia - HUB. Os pais relataram
consangüinidade em primeiro grau. Dos três filhos do casal, os dois filhos mais velhos, gênero
masculino com 10 e 9 anos de idade, eram afetados. O heredograma sugeriu um modo de herança
autossômico recessivo. Após anamnese, exame clínico e assinatura do termo de consentimento
informado livre e esclarecido, os pacientes foram submetidos a radiografias e fotografias intra e extra-
bucais. Além da craniosinostose e assimetria craniofacial, os pacientes apresentavam: proptose, atraso
de crescimento, deficiência visual, altos valores de PTH e episódios de câimbras e convulsões. Não
foram observadas alterações nos dedos das mãos ou dos pés. As manifestações bucais observadas
foram: palato ogival, maloclusão, dentes permanentes com ausência de esmalte e descoloração
amarelada dos dentes (amelogênese imperfeita do tipo hipoplásica), gengivite, alta atividade de cárie,
atraso da rizogênese e lesões periapicais. CONCLUSÕES: Não há relatos na literatura de casos
esporádicos ou com modo de herança autrossômica recessiva de craniosinostose associada a
amelogênese imperfeita do tipo hipoplásica. Uma melhor investigação de todas as características
fenotípicas do paciente e análise de mutação abordando genes candidatos podem contribuir para o
diagnóstico correto dessa doença.

6. ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO DE PACIENTES COM MALFORMAÇÕES


CRANIOFACIAIS E DEFEITOS DE DESENVOLVIMENTO DENTÁRIO DE ORIGEM
HEREDITÁRIA NA DIVISÃO DE ODONTOLOGIA DO HUB
Marília Bizinoto Silva, Rafaela Rocha Peixoto, Raquel Ribeiro Gomes, Heliana Dantas Mestrinho,
Lilian Marly de Paula, Ana Carolina Acevedo, Paulo Márcio Yamaguti.
Clínica de Atendimento a Pacientes Portadores de Anomalias de Desenvolvimento Dentário, Divisão
de Odontologia, Hospital Universitário de Brasília, Brasília, DF
RESUMO: A Clínica de Atendimento a Pacientes Portadores de Anomalias do Desenvolvimento
Dentário da Divisão de Odontologia do Hospital Universitário de Brasília (HUB) realiza atendimento
odontológico de pacientes com malformações craniofaciais e defeitos de desenvolvimento dentário de
origem hereditária. O serviço é um projeto de extensão de ação contínua vinculado ao Decanato de
Extensão da Universidade de Brasília que visa o diagnóstico (clínico e molecular), aconselhamento,
prevenção, tratamento, acompanhamento e educação em saúde dos pacientes e seus familiares. A

130
equipe é composta por professores da divisão de Odontologia do HUB e do Departamento de
Odontologia da Faculdade de Ciências da Saúde, alunos de graduação e pós-graduação, estagiários de
extensão e profissionais voluntários. Em razão da diversidade de alterações e patologias, o
atendimento é multiprofissional e conta com a colaboração de outros serviços do HUB, tais como os
serviços de pediatria, gastropediatria, nefrologia, genética clínica, endocrinologia, otorrinolaringologia
e dermatologia. Além disso, colaborações locais (Laboratório de Farmacologia Molecular) e
internacionais (Universidade de Birmingham/EUA, Universidade de Leeds/Inglaterra e Universidade
de Tokushima/Japão) têm sido estabelecidas com finalidade de realizar estudos de diagnóstico
molecular. Atualmente, o perfil dos pacientes é heterogêneo, englobando desde defeitos de
desenvolvimento dentário sem comprometimento sistêmico a diversas síndromes raras. Desde a
criação do serviço, os resultados obtidos têm auxiliado na melhor compreensão de diversas doenças,
possibilitando a formulação de protocolos de atendimento com enfoque principal na promoção de
saúde bucal desses pacientes.

7. PREVALÊNCIA DE TAURODONTIA EM PACIENTES COM AGENESIA DENTÁRIA E


FAMILIARES ATENDIDOS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA, BRASIL.
Larissa Gavião Junqueira, Clarissa Habckost Dutra de Barros, André Ferreira Leite, Paulo Tadeu de
Sousa Figueiredo, Lílian Marly de Paula, Ana Carolina Acevedo Poppe, Raquel Ribeiro Gomes
Universidade de Brasília, Faculdade de Ciências da Saúde, Departamento de Odontologia, Centro de
Atendimento a Pacientes Portadores de Anomalias Dentárias do Hospital Universitário de Brasília.
JUSTIFICATIVA: Diversos autores relatam associação entre Taurodontia e Agenesia Dentária. OBJETIVO:
O objetivo foi comparar a prevalência de taurodontia em (1) indivíduos com agenesia dentária não-sindrômica
(2), seus familiares de primeiro e segundo grau com a dentição completa e (3) um grupo controle de indivíduos
saudáveis com a dentição completa. MÉTODOS: Radiografias panorâmicas de indivíduos com agenesia
dentária, seus familiares de primeiro e segundo grau e indivíduos sem parentesco com os anteriores foram
analisadas. Todos os indivíduos com agenesia dentária e familiares (17 famílias) foram acompanhados entre
março de 2002 e abril de 2008 no Centro de Atendimento a Pacientes Portadores de Anomalias Dentárias
do Hospital Universitário de Brasília. Radiografias panorâmicas do grupo controle foram pareadas por gênero e
idade. A Taurodontia dos primeiros molares inferiores foi determinada de acordo com Seow e Lai (1989). Os
dados foram analisados pelo Fisher’s Exact Test. RESULTADOS: Foram analisadas radiografias panorâmicas
de 31 [58% do gênero masculino, 42% do gênero feminino] indivíduos com agenesia dentária, 29 [51,7% do
gênero masculino, 48,3% do gênero feminino] dos seus familiares e 180 [46,7% do gênero masculino, 43,3% do
gênero feminino] do grupo controle. A prevalência de taurodontia foi de 25,8% em indivíduos com agenesia
dentária [12,4% do gênero masculino, 12,4% do gênero feminino], 10,3% nos familiares de primeiro e segundo
grau com dentição permanente completa [10,3%, do gênero masculino 0,0% do gênero feminino] e 6,67% no
grupo controle [3,33% do gênero masculino, 3,33% do gênero feminino]. Houve diferença estatística significante
na prevalência de taurodontia entre os grupos estudados (p = 0,002). Não houve diferença estatística entre
homens e mulheres. CONCLUSÕES: A prevalência de taurodontia foi maior nos indivíduos com agenesia
dentária não-sindrômica. Além disso, a prevalência nos familiares com dentição permanente completa foi maior
do que no grupo controle. Estudos moleculares são necessários para

8. MANIFESTAÇÕES BUCAIS EM PACIENTE COM SÍNDROME DE ROBINOW:


RELATO DE CASO.
Raquel Ribeiro Gomes, Heliana Dantas Mestrinho, Lílian Marly de Paula, Ana Carolina Acevedo,
Paulo Márcio Yamaguti.
Universidade de Brasília, Faculdade de Ciências da Saúde, Departamento de Odontologia.
JUSTIFICATIVA: A Síndrome de Robinow é caracterizada por encurtamento dos membros
superiores e anomalias genitais e faciais. Trata-se de uma condição geneticamente heterogênea com

131
ERROR: syntaxerror
OFFENDING COMMAND: %ztokenexec_continue

STACK:

-filestream-

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