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TÉCNICA VOCAL

“PRINCÍPIOS BÁSICOS DA REEDUCAÇÃO VOCAL

APLICADOS À FALA E

AO CANTO INDIVIDUAL E COLETIVO”

Edinho Rodrigues
Músico

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VOZ
Todas as pessoas têm, naturalmente, uma voz mais ou menos bela.
Esta qualidade de beleza não se observa apenas na voz cantada, mas também na
voz falada e depende da soma de uma quantidade de condições naturais de ordem física
e psíquica.
A voz é o meio habitual da expressão da idéia e do sentimento da pessoa. Desta
forma, o desenvolvimento físico e psíquico, assim como o funcionamento do órgão
fonador, evolui de acordo com a influência direta do próprio elemento físico e do
ambiente em que ele se desenvolver.
A voz, portanto, revela a saúde física e psíquica do indivíduo e através dela se
conhece a característica da personalidade humana, pois, como verificamos, a voz não é
apenas uma manifestação fonética, mas também psíquica.
O indício das emoções não está só no que é dito, mas como é dito.
Uma pessoa nervosa eleva o tom da voz e fala mais depressa. O calmo fala mais
lentamente e com a voz suave.As pessoas ansiosas, inseguras ou que estão mentindo,
apresentam uma voz hesitante. O abatimento faz com que a pessoa fale baixo e lento.
Além destas condições, a voz depende também da estrutura do aparelho fonador e
o seu rendimento depende das condições fisiológicas.
Para se obter uma voz agradável é necessário cultivá-la:
Psicologicamente - Neste caso impõe-se uma educação emocional. É preciso
aprender a controlar as emoções.

Fisiologicamente - Numerosos e apropriados exercícios para aproveitarmos toda


a extensão vocal e cuidados com a saúde.
Antes de treinarmos os exercícios devemos conhecer o mecanismo da produção
da voz.

“Voz
é um som como o de um
Instrumento Musical e portanto
necessita de Educação e
Afinação”

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ANATOMIA E FISIOLOGIA DO APARELHO VOCAL

O aparelho vocal se compõe de quatro estruturas ou sistemas integrados que


realizam sucessiva e sincronicamente as atividades atinentes à fonação.
Cada estrutura está formada por órgãos com funções primordialmente voltadas
para a fisiologia corporal.
Objetivando inicialmente conhecer o processo Fisiológico e Psicológico da ação
vocal, tomaremos como ponto de partida o APARELHO FONADOR, realizando um
estudo anatômico de suas estruturas, órgãos e suas respectivas funções; assim cada
cantor poderá conhecer melhor a anatomia e a fisiologia de sua voz.
Tal conhecimento facilitará ao executante, a compreensão e realização dos
exercícios técnicos, tornando-o ainda mais consciente de suas possibilidades enquanto
CANTOR.

APARELHO VOCAL – ÓRGÃOS ADAPTADOS

O objeto inicial do nosso estudo será o nosso instrumento musical – o APARELHO


FONADOR.
Os órgãos adaptados para a fonação, vão desde o DIAFRAGMA, até os ossos da
face e compreendem uma complexa rede de estruturas, ligamentos e músculos, que
numa ação conjunta, sincrônica e conseqüente, comandadas pelos Sistemas Nervoso
Central e Autônomo (ou Periférico), produzem o som da voz humana.
O aparelho vocal se divide em quatro estruturas ou sistemas: PRODUTOR ou
ATIVADOR, VIBRADOR, RESSONADOR e ARTICULADOR.
O SISTEMA PRODUTOR é a fonte geradora de pressão aérea e compreende os
órgãos do aparelho respiratório: Fossas Nasais, Traquéia, Pulmões, Diafragma, músculos
intercostais, músculos da região glútea, pélvica e períneo.
O SISTEMA VIBRADOR é a região de modificação de energia e se constitui do
tubo laringo-traquibrônquico, das cartilagens epiglote, tireóide, duas aritenóides, a cricóide
e as pregas vocais, duas falsas e duas verdadeiras.
Funcionado como caixas de AMPLIFICAÇÃO ou RESSONÂNCIA, está a
estrutura de modulação do som. São as cavidades buco-nasais, os sinos ou seios da
face, os ossos pneumáticos do rosto e as cavidades superiores – etmoidal, esfenoidal e
frontal.
Finalmente, compondo o SISTEMA DE ARTICULAÇÃO, está a língua, o palato
duro, o palato mole, os dentes, o maxilar e os lábios que irão “moldar” a palavra, cantada
ou falada, dando-lhe o acabamento final.
Na verdade, os órgãos adaptados têm função primordial, servindo à emissão como
função secundária.

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Veja por exemplo o caso das pregas vocais.Muitos acreditavam que a função
principal deste órgão era a produção de sons, contudo, este pensamento não está de todo
correto.

A função principal e primeira das pregas é impedir que corpos estranhos caiam nas
vias aéreas inferiores. Se observarmos bem, cada órgão adaptado terá sua função
principal e uma correspondente para a fonação, por exemplo:

ÓRGÃO FUNÇÃO PRINCIPAL FONAÇÃO


Diafragma Músculo da Inspiração Apoio p/ Sustentação de Sons
Boca Entrada de Alimentos Amplificação e Articulação
Nariz Entrada e Filtração do Ar Ressonância
Dentes, Língua e Lábios Mastigação, Deglutição Articulação

SISTEMA PRODUTOR ou ATIVADOR

A PRODUÇÃO ou AÇÃO VOCAL terá início no SISTEMA PRODUTOR ou


ATIVADOR, aquele que produzirá a matéria-prima à formação do som – a corrente de
ar.
Como se sabe, a função principal da respiração é levar oxigênio às células
corporais e delas extrair o excesso de dióxido de carbono.
O aparelho respiratório localiza-se no tórax, com seu arcabouço músculo-
cartilaginoso em junção com a musculatura abdominal e se abre ao exterior pela boca e
narinas.
Continua com a faringe e traquéia. Esta se ramifica em dois brônquios, os quais por
sua vez voltam a desdobrar-se em inúmeras ramificações – os bronquíolos, até terminar
em milhares de alvéolos, microestruturas que se findam nos lóbulos pulmonares, onde se
dá a troca de gases (hematose), que coincide na troca de sangue venoso em arterial.
O tórax possui um total de 12 costelas que se inserem posteriormente na coluna
vertebral e anteriormente no esterno, com exceção das duas últimas que não têm
inserção anterior, sendo, portanto, mais livres para expandir.
Há dois grupos musculares inseridos nas costelas: os intercostais internos,
participantes da expiração e os intercostais externos, responsáveis pela inspiração.
Fechando a caixa torácica inferiormente, está o músculo diafragma que tem forma
de cúpula e que, quando se contrai, na inspiração, se retifica, empurrando o intestino
inferiormente.
Também os músculos abdominais têm sua atuação na respiração e na geração de
gradiente de pressão aérea para a fonação. O músculo reto, oblíquo e transverso
abdominais, são os principais responsáveis pela expiração forçada utilizada em
frases prolongadas ou na emissão com alta intensidade.
Podemos dividir a musculatura respiratória em:
Inspiratória: compreende o diafragma e os intercostais externos, os escalenos, os
grandes e pequenos peitorais, os grandes dorsais e os elevadores da escápula.

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Expiratória: é composta pelos intercostais internos, os denteados, os retos
abdominais, os transversos abdominais e os oblíquos internos e externos.
O funcionamento respiratório natural é um processo ativo na inspiração e (quase)
passivo na expiração.
O ar penetra pelo nariz (de preferência, pois aí é aquecido e filtrado), atravessa a
traquéia, brônquios e pulmões e isso acontece pelo abaixamento da musculatura
diafragmática e intercostal externa.
O diafragma, durante a expiração, se descontrai criando no interior dos pulmões
uma diminuição de pressão interna.
Como a pressão externa é maior, e sabendo-se que o universo não tolera vácuo, o
ar precipita-se para o interior dos pulmões que se expandindo criam uma pressão
negativa entre a pleura pulmonar e a parede externa do tórax.
Com o aumento da cavidade, o ar é sugado para dentro dos milhões de alvéolos,
preenchendo-os.
O diafragma se contrai, retesando-se para baixo e pra fora, empurrando os
intestinos e músculos abdominais externos, dando-se a INSPIRAÇÃO.
É claro que uma ação neuronal comanda todo esse mecanismo que está sob a
coordenação do Sistema Nervoso.Não precisamos pensar para que isso aconteça, pois o
sistema atuante é o periférico.
Nesse momento, com a contração do diafragma (imenso músculo transversal que
separa o aparelho digestório do aparelho respiratório), as costelas da porção mais inferior
(chamadas flutuantes), se afastam para os lados e uma ligeira dilatação abdominal (baixo
ventre) se pronuncia para que a base dos pulmões possa se inflar.
A elasticidade das costelas é assegurada pelos músculos intercostais externos e
pelas cartilagens que estão entre elas, além do diafragma.
Em seguida, as costelas superiores também se expandirão horizontalmente, no
sentido lateral e antero-posterior, favorecendo assim o alargamento superior do tórax,
quando a parte mediana e superior dos pulmões estiverem repletas de ar.
É um momento de completa Tensão ou de Contração da musculatura corporal. É
um processo ATIVO.
O dióxido de carbono (CO2) precisa ser expelido imediatamente.As estruturas que
se contraíram, (todo o processo de tensão ou contração realizado no primeiro momento
da respiração), tende a acomodar-se.
“Para toda contração, deverá haver sempre uma descontração muscular que
manterá sua elasticidade e vitalidade”.

O diafragma, que funciona muito bem para “puxar” o ar para dentro dos
pulmões, assim que cumpre seu papel, se descontrai.
As costelas inferiores começam a acomodar-se, as superiores também. Os
intercostais internos relaxam, diminuindo assim o abdome e o tórax.
Os músculos abdominais, reto, oblíquo e transverso se contraem levando a uma
expiração mais profunda.
O ar é expelido num momento de descontração, de relaxamento e acomodação
da musculatura corporal. É um processo (quase) PASSIVO.
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Nota: na expiração existe contração de alguns músculos.

É interessante lembrar que essa mecânica respiratória, denominada de


FISIOLÓGICA, é comandada pelo Sistema Nervoso Autônomo ou Periférico – SNA/P,
independe da nossa vontade e não precisamos nos preocupar para que ela aconteça.
O mais interessante é que iremos descobrir mais adiante a possibilidade de alterar
e controlar esta mecânica, graças a ação semivoluntária da musculatura diafragmática e
da ação do Sistema Nervoso Central – SNC.
Para falar ou cantar é necessário o uso de mecanismos mistos, ativo e passivo. A
musculatura utilizada dependerá do que se pretende realizar, no que diz respeito à
emissão.
O que acabamos de ver é o que chamamos de MECÂNICA DA RESPIRAÇÃO
FISIOLÓGICA.É a forma natural da respiração do ser humano. Aquela cujo processo
ocorre naturalmente, sem necessidade de pensar nela.
Esta respiração é chamada de Respiração Comum, Costal, Diafragmática,
Abdominal, etc. É apenas uma questão de direcionamento, de cunho didático.
Nessa mecânica, o tempo gasto para a entrada de ar nos pulmões é sempre maior
que para sair: INS > EXP.
A acomodação ocorre em tempo menor e o ar vai embora muito rapidamente. Não
dá tempo para emitir uma palavra que seja.
Na verdade, hoje sabemos que a fonação é decorrente do “retardamento” na saída
da coluna de ar e que graças ao controle que nela possa se incidir pudemos entender
melhor o que chamamos de APOIO VOCAL.
O apoio será, portanto: EXP em tempo maior que INS.
O apoio da voz consiste em fazer com que o ar inspirado, demore mais tempo para
ser expirado e assim a emissão dos sons falados ou cantados (sustentados) esteja
assegurada.
O apoio vocal transforma a Expiração, que é um processo passivo em um
processo ATIVO.
Existem basicamente dois tipos de apoio:
DIAFRAGMÁTICO: busca-se deixar o diafragma mais tempo na posição de
INSPIRAÇÃO, (CONTRAÍDO), enquanto se está EXPIRANDO. Relaciona-se com a
respiração BASAL ou ABDOMINAL. É o apoio usado com maior freqüência nas notas
longas, de maior duração, frases ligadas, etc.
TORÁCICO: consiste em deixar as costelas mais tempo na posição de
INSPIRAÇÃO (CONTRAÍDAS) enquanto se está EXPIRANDO. Relaciona-se com a
respiração COSTO-ESTERNAL e é geralmente usado em notas muito agudas, de
ataque, etc.
Tanto num quanto no outro, a expiração, em forma de emissão, será um
PROCESSO ATIVO graças a intervenção do Sistema Nervoso Central. Está aí provado
que o ato de cantar é necessariamente decorrente de uma ação PSICO-FÍSICA.

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Mas o grande problema na verdade nem é esse.Já sabemos que respiramos
exatamente como está descrito na mecânica acima, mas só o fazemos quando não
estamos pensando em fazê-lo. Por conta de vários fatores externos, a respiração do
adulto torna-se ALTA ou CLAVICULAR.
O primeiro passo para iniciar um trabalho respiratório é verificar “a quantas anda” a
respiração.
Observa-se geralmente no início dos trabalhos, que o indivíduo inspira fungando, o
que já provoca uma agressão ao aparelho respiratório, concentrando toda a sua energia
no peito e levantando os ombros.
Essa respiração que ocorre no momento em que nos é sugerida uma ação
respiratória é demasiadamente nociva ao organismo, pois reúne peculiaridades bastante
comprometedoras à emissão e à própria vida.
Por exemplo:
A respiração Alta ou Apical concentra um esforço nos peitorais, na altura da parte
superior dos pulmões, isso faz com que a musculatura abdominal e diafragmática
enfraqueçam-se pelo desuso, além de se perder o apoio da voz na expiração.
Outro ponto importante é o fato de que concentrando o esforço no peito, haverá
uma concentração maior de ar na parte superior dos pulmões, sua base não sofrerá a
expansão natural e a hematose pode acontecer em menor escala, além do que, resíduos
de ar podem se acumular nos lóbulos.
Além disso, observemos que a base dos pulmões é bem mais larga do que sua
parte apical. Em baixo há mais espaço para ser ocupado pelo ar, as costelas nessa região
não são presas ao externo e a mobilidade é bem maior do que na altura do peito onde a
respiração é opressora e angustiante.
Há ainda a questão do percurso.
Se o ar sai da base dos pulmões impulsionado pelo Apoio do Diafragma e/ou das
costelas, (porque os dois podem ser usados, um complementando o outro), ela terá muito
mais impulsão do que aquele ar sem apoio, percorrendo um caminho bem menor, daí,
menos tempo de duração dos sons.

Para cantar então, nem se fala!


Como vimos, tudo isso ocorre para descrever apenas a primeira etapa, o
funcionamento da primeira estrutura do aparelho vocal.

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RESUMO DA MECÂNICA RESPIRATÓRIA

RESPIRAÇÃO FISIOLÓGICA (vital)

INSPIRAÇÃO PROC. ATIVO EXPIRAÇÃO PROC. PASSIVO


Contração Diafragmática Descontração Diafragmática
Afastamento das Costelas Flutuantes Acomodação das costelas
Dilatação Abdominal Retraimento Abdominal
Alargamento do Tórax Diminuição Torácica

RESPIRAÇÃO PSICOLÓGICA (motriz)

INSPIRAÇÃO PROC. ATIVO EXPIRAÇÃO PROC. ATIVO


Contração Diafragmática Mantém-se ao máximo:
Afastamento das Costelas Flutuantes a Contração Diafragmática *
Dilatação Abdominal o afastamento das costelas flut. **
Alargamento do Tórax a dilatação abdominal *
O alargamento do tórax **

* APOIO DIAFRAGMÁTICO
** APOIO TORÁCICO

RESPIRAÇÃO QUANTO AO DIRECIONAMENTO (Fisiol. e Psicol.)

Abdominal Diafragmática, Intercostal, Costal inferior, Costo-Esternal e Clavicular.

Praticamente igual às mecânicas anteriores, porém com excessivo


levantamento dos ombros e alargamento do peito, com conseqüente perda do
movimento abdominal.
Ocorre em menor tempo ainda que a Expiração da Mecânica Fisiológica, pois
não há mobilidade, espaço e não é função natural do corpo.

NUNCA REALIZE!!!

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VIBRAÇÃO E RESSONÂNCIA

Toda voz tem ressonância, porém nem sempre sabemos utilizar toda a capacidade
de ressonância possível do nosso órgão fonador.
Desenvolver a ressonância é uma forma de aprimoramento vocal. Ela se processa
mais ou menos como um instrumento musical, com a diferença que as nossas cavidades
de ressonância são de tamanho e condições variáveis.
Além da ressonância, a voz tem outras qualidades que são:
TIMBRE: é o que podemos chamar de “cor da voz” ou sua identidade. É pelo
timbre que distinguimos a voz das pessoas.
O timbre é dado pelo sistema de ressonância, dependendo de toda a constituição
do órgão vocal, ou seja, natureza das cordas vocais e dimensões variáveis do órgão
fonador.
ALTURA: convencionalmente classificam-se as vozes por altura, sendo que:
a do homem é: tenor, barítono, baixo.
a da mulher é: soprano, meio soprano e contralto.
EXTENSÃO: é o conjunto de sons que o ser humano pode emitir sem esforço. A
extensão normal corresponde a 13 ou 14 notas musicais, até duas oitavas com educação.
TESSITURA: é o ponto da extensão em que os sons são produzidos sem esforço,
com maior naturalidade. Os limites naturais da tessitura quase nunca ultrapassam a uma
oitava.
INTENSIDADE: é a força com que a voz é emitida. Quanto maior o sopro
respiratório, mais intenso é o som. A intensidade vai desde o murmúrio até o fortíssimo.
Após estas noções podemos explicar que impostação vocal é a colocação da voz
em relação à altura e determinar sua tessitura, desenvolvendo-se as qualidades naturais
acima citadas.
Se dispensarmos à nossa voz o mesmo cuidado que dispensamos à nossa
maneira de vestir, teremos a satisfação de modificá-la, transformando-a em suave e
agradável.

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O TRABALHO VOCAL

O trabalho vocal deveria acompanhar todo o processo educacional dos indivíduos,


desde os primeiros anos na escola e deveria se estender por toda a vida, uma vez que a
ação vocal, por ser resultado de uma ação muscular, é também para toda a vida.
Uma vez iniciado, o indivíduo deve continuar realizando seus estudos de canto
para manter a musculatura sempre ativa e conservar a voz em bom estado.

Assim para realizar um bom trabalho vocal, é necessário um estudo, como já dito,
PERIÓDICO, SISTEMÁTICO, GRADATIVO e CONSTANTE, observando-se:

• A periodicidade deve ser regular. A ação vocal é resultado de ação


muscular que precisa de condicionamento. Requer treino regular, disciplina
e determinação, instrumentos imprescindíveis ao domínio da musculatura e
conseqüente domínio da voz;

• É necessário um trabalho estruturado, que abranja todos os tópicos


pertinentes à educação vocal – Educação Musical, treinamento auditivo e
percepção, os pilares da voz (Relaxamento, Respiração e Vocalização);

• A cada aula, o grau de informação é associado aos graus de dificuldade


técnica de execução dos exercícios e propostas empregados no trabalho;

• E por último, como já dissemos, para toda a vida, se quiser manter a voz em
boas condições de uso.

ESQUEMA DAS SESSÕES

ATIVIDADES TEMPO ESTIMADO

RELAXAMENTO FÍSICO E MENTAL 10´

TRABALHO RESPIRATÓRIO 15´

EDUCAÇÃO MUSICAL E TREIN.AUDITIVO (percepção) 5´

EXERCÍCIOS DE VOCALIZAÇÃO (com aquecimento) 45´

EXECUÇÃO MUSICAL 50´

DESAQUECIMENTO 5´

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DESENVOLVIMENTO

RELAXAMENTO FÍSICO e MENTAL

Preparar corpo e mente a uma nova ambientação. É realmente o início do trabalho


vocal de forma mais direta.
É quando o aluno começa a trabalhar a sua consciência de toda a ação psicofísica
que comandará a ação vocal. Sua importância é vital ao bom andamento das atividades
que se seguirão, pois, o relaxamento propiciará um estado de liberação das tensões
corporais que impedem a fluência da voz.

TRABALHO RESPIRATÓRIO

É o estágio mais delicado do trabalho, principalmente porque é o mais


negligenciado pelos cantores sem consciência e disciplina.

A RESPIRAÇÃO É A BASE DA VOZ!

Sem ela não existiria som algum e não há nada que se possa fazer para mudar
esta realidade.
É preciso que se entenda a necessidade de compreender sua importância e
exercitar sempre todas as propostas de trabalho respiratório, para desenvolver bem todas
as técnicas que possibilitarão um trabalho vocal bem sucedido.
Os exercícios respiratórios devem ser realizados pelo cantor todos os dias para
que seu corpo possa reagir prontamente aos seus objetivos.

TREINAMENTO AUDITIVO e PERCEPÇÃO

Objetivando preparar o aluno para iniciar os trabalhos, serão realizadas dinâmicas


de percepção e jogos musicais que possibilitem o trabalho corporal: ritmo, melodia,
coordenação, atenção, memorização, reação e controle.

AQUECIMENTO e VOCALIZAÇÃO

É a parte do processo que irá estudar todas as estruturas melódicas que serão
entoadas em diversos tons, com o objetivo de exercitar a atividade muscular e observar o
comportamento vocal durante sua execução.
São bastante variados, seguem técnica e métodos específicos.

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EXECUÇÃO VOCAL

É a ação vocal direta.O momento em que o cantor põe em prática todo o


conhecimento adquirido nas aulas durante o seu treinamento.É o momento de aplicar as
técnicas no repertório executado pelo cantor.
É neste momento que deve o executante direcionar todo o seu estudo de modo
espontâneo e natural, para que o “esforço” produzido na ação de cantar seja
minimizado e a voz possa fluir com naturalidade.
Vale a pena lembrar que a técnica visa exatamente essa minimização do esforço
que a ação em si encerra.
Cabe ao próprio cantor saber como direcionar sua execução, independente da
técnica que esteja utilizando.

DESAQUECIMENTO VOCAL

Ajuste da atividade vocal da voz cantada aos padrões de fala.

RELAXAMENTO

Por que e para que relaxar?

O relaxamento físico e mental é um estado de liberação das tensões que se


instauram física e psicologicamente no homem por diversos fatores.
Visa o relaxamento realizar uma preparação física e mental do indivíduo
concentrando as tensões musculares nos pontos devidos e liberando aqueles que não
necessitam ser tensionados.
Do ponto de vista fisiológico, o relaxamento é realizado a partir de técnicas de
alongamento muscular (físico) e de abstração mental (psicológico).
No primeiro, os alongamentos são realizados na perspectiva de aumento da
flexibilidade muscular através de exercícios lentos de calistenia (contração).
Quando as contrações são realizadas demoradamente e sem esforço ou
sobrecarga, a musculatura “respira” mais intensamente, pois a mioglobina, proteína
transportadora do oxigênio armazenada nos tecidos, irriga a musculatura, dissipando
resíduos metabólicos como o ácido lático e produzindo as moléculas de ATP, considerada
como a molécula universal de energia.
No segundo, acredita-se que a abstração mental propicia um estado de
tranqüilidade e calma interior, pois as ondas alfa do cérebro apresentam um
comportamento peculiar nestas condições em pacientes testados. O índice de stress
diminui consideravelmente.
Se observarmos bem a estrutura anatômica do nosso corpo, iremos encontrar um
sistema de sustentação e revestimento (esqueleto e músculos, respectivamente)
recobertos pelo maior órgão do corpo, a pele.

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Sabe-se que os músculos sofrem constantes contrações, voluntárias e
involuntárias, e que para tanto, entram em cena as proteínas contráteis (ACTINA e
MIOSINA) que desencadearão tais contrações.

Sabe-se também que o ácido lático se acumula em determinadas partes da


musculatura tornando-a rígida e tensa em determinadas situações e que quando
dissipado, propicia ao músculo um estado de relaxamento que difere do momento exato
da descontração, pois neste, o músculo ainda está em atividade intensa, enquanto que no
relaxamento a musculatura está praticamente em repouso.
Buscar um estado de relaxamento é nada mais nada menos que buscar este
estado de LIBERAÇÃO da musculatura, eliminando todas as tensões desnecessárias ao
ato de cantar.
Isso não quer dizer que o cantor esteja totalmente livre de pontos de tensão
durante sua ação vocal, ao contrário, existem pontos onde predomina uma tensão vital à
ação vocal cantada, porém uma tensão natural e sob medida, como na laringe, por
exemplo.
Para o relaxamento muscular sugerimos movimentos longos onde as fibras lentas
da musculatura, estimuladas a atividades de longa duração, possam efetivar a
descontração muscular produzindo ATPs e dissipando o ácido lático para o fígado.
No aquecimento, sugerimos movimentos intensos e vigorosos com participação
das fibras rápidas da musculatura, as responsáveis pelas atividades intensas e de curta
duração, o que produzirá maior termogênese (calor) e vascularização.
O relaxamento mental obedece aos aspectos psicológicos do indivíduo e objetiva
preparar a mente para a assimilação e realização de atividades psicofísicas.
Deve ser elaborado sempre sob orientação adequada por parte de quem o aplica e
compreensão da aplicação por parte de quem a ele vai se submeter.
Várias são as propostas de relaxamento Mental e Físico.
A título de ilustração sugerimos alguns modelos:

PARA A MENTE

• Deitado em decúbito dorsal sobre uma esteira ou colchonete. Olhos fechados.


Palmas das mãos para cima. Pés separados na linha dos ombros. Respiração
natural. No ambiente de pouca luminosidade, uma música agradável. (O facilitador
deve coordenar o relaxamento).

PARA O CORPO

• De pé. Pés paralelos nas linhas dos ombros (para distribuir o peso nas duas
pernas). Braços relaxados ao longo do corpo. Queixo na horizontal. Respiração
natural. Eixo de equilíbrio corporal bem definido. No ambiente de pouca
luminosidade, uma música suave serve de fundo para o facilitador conduzir o
relaxamento, podendo sugerir:
• Entregar-se ao momento respiratório.
• Experimentar mover (dobrar) todas as articulações possíveis.
• Realizar movimentos de circunflexão com a cabeça.
• Elevar e abaixar os ombros (até as orelhas).
• Movimentar os braços e pernas.
• Desenvolver a coluna jogando o tronco para frente em direção ao solo e subir
lentamente começando a superposição das vértebras lombares, torácicas,
cervicais e cabeça.
• Saltitar e chacoalhar.
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PARA OS MÚSCULOS DA FACE
• Fazer caretas.
• Rir.
• Bocejar.

PARA A LARINGE

• Passar a língua ao redor da arcada dentária com a boca fechada.


• Passar a ponta da língua no orbicular dos lábios (redor da boca).
• Tocar com a ponta da língua os últimos dentes de cada arcada.
• Vibrar a língua em TRRRRRRRRR.
• Vibrar os lábios em PRRRRRRRRR

OUTRAS PROPOSTAS

• Em pé, fila indiana, postura ereta, dar pancadinhas leves e alternadas com os
lados das mãos nas costas do companheiro da frente, por cerca de 30 segundos.
Inverter a posição e reiniciar.

• Sentado. A – deixar cair para frente o tronco, deixando a cabeça e os braços


caírem dentro das pernas. Elevar a coluna. A cabeça é a última que sobe. B –
Estender o braço horizontalmente. Abrir e fechar insistentemente e com vigor as
mãos até que o braço caia por força do próprio peso. C – Fechar os olhos com
força sem contrair o rosto e depois abri-los visualizando uma bela paisagem a
frente. Manter a coluna ereta!

PARA OS MÚSCULOS DO TÓRAX

• Mover os ombros descrevendo com eles um círculo mais amplo que puder. Tentar
encostar as cabeças dos ombros à frente e as escápulas atrás. Os braços devem
estar relaxados ao longo do corpo.

• Separar as pernas na linha dos ombros. Agachar-se expirando e levantar-se


inspirando.

• De pé. Braços relaxados, descrever com um dos braços, dez círculos amplos para
frente e para trás e depois com o outro braço.

Existe uma boa literatura sobre o assunto e cabe ao profissional preparador vocal a
capacidade de saber escolher e até mesmo criar seus exercícios de relaxamento.

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PRÁTICAS RESPIRATÓRIAS

Com base nas informações sobre a mecânica respiratória, os exercícios de


respiração devem ser praticados com bastante atenção no sentido de perceber o
comportamento dos músculos envolvidos nas práticas.
Relembrando que na respiração fisiológica a inspiração é um pouco mais longa que
a expiração, observe-se que na respiração psicológica deverá acontecer o contrário.
Inspira-se pouco, pois para cantar não é necessário muito ar e sim, saber controlar
o ar a ser expirado em forma de som. É uma questão de saber dosá-lo, economizando ao
máximo a saída de ar. O excesso de ar oprime o cantor.
Assim, as expirações muito profundas não devem ser praticadas senão nos
exercícios da ginástica respiratória, com aspecto meramente didático, afinal, na hora de
cantar, entre uma frase e outra não há tempo para inspirações profundas.
Esses exercícios respiratórios têm como finalidade o domínio da musculatura
para assim submete-la ao controle da própria vontade.
Sem a prática constante não haverá domínio, pois jamais haverá
condicionamento muscular.
Para iniciar uma prática respiratória seguem-se os seguintes passos:
RESPIRAÇÃO NATURAL

 Verificar como se dá a respiração em seu processo fisiológico natural. A respiração


comandada pelo Sistema Nervoso Periférico acontece sem a interferência do
Sistema Nervoso Central.
Não precisamos pensar em respirar para isso acontecer, mas quando nos é
sugerida uma prática respiratória, tendemos a realizá-la de forma equivocada,
desenvolvendo-se uma respiração alta ou clavicular.
Por esta razão, é necessário inicialmente verificar a respiração natural a partir de
uma ação consciente, prepara, pensada. Neste caso haverá a intervenção do Sistema
Nervoso Central. Para tanto:
A – Inspirar profundamente sem levantamento dos ombros.
B – Abrir suficientemente as narinas evitando os “fungados” que são na
verdade a obstrução da cavidade nasal.
C – Não dilatar verticalmente o tórax (ombros).
Para inspirar corretamente, deve-se abrir ao máximo as narinas (como se
estivéssemos inalando água da palma da mão), ou ainda como se as narinas estivessem
“inchando”.
Essa “inchação” do nariz puxa o palato para cima, como num bocejo reprimido e
um “molde” se estabelece na parte posterior da boca, pois a úvula acompanha o
movimento do palato.
Este “molde” é a representação metafórica do levantamento dos músculos internos
e é o que mais se aproxima da situação exigida para a produção de um som bem
colocado, razão pela qual este “molde” tem de se fazer presente desde a inspiração até a

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expiração em forma de som, independendo da altura da nota, seja ela aguda, média ou
grave.
Outro ponto a ser observado é a abertura interna da boca para a intenção deste
“molde”, que deve ser o mais próximo possível da abertura natural.
Não há necessidade de exageros, o que só iria contribuir para uma inspiração
excessiva e opressora.

 Em seguida, verificar se o ar inspirado está abrindo horizontalmente a região


abdominal (baixo ventre) e a caixa torácica.

Com as mãos no abdômen e depois nas costas do aluno, observar a dilatação


abdominal (abdominais externos) e afastamento das costelas inferiores (intercostais
externos) e o alargamento posterior das costas (dorsais) decorrente da contração
diafragmática.

Continuar observando o afastamento horizontal das costelas superiores.

Jamais permitir o levantamento dos ombros.

 Uma vez observada a mecânica inspiratória, deve-se observar o momento de


expirar.
Num primeiro momento, deve-se deixar que o indivíduo expire naturalmente para
que ele possa perceber que após a expiração, o ar volta naturalmente a ocupar os
pulmões, valendo-se do princípio fisiológico que rege o controle do gradiente das
pressões interna e externa, constatando-se assim, o caráter meramente didático que
tem a prática da inspiração nos exercícios respiratórios dirigidos.

EXPIRAR e INSPIRAR CONSCIENTEMENTE (Resp.Fisiológica)

 De pé. Postura correta. Expirar sem puxar previamente o ar para os pulmões,


realizando uma Respiração Rápida, Intensa, Profunda (RIP) – como se fosse
apagar subitamente uma chama imaginária, observando o grande retraimento da
musculatura abdominal.
O diafragma descontraiu-se rapidamente e todos os músculos que estavam
contraídos acomodaram-se. Observar a participação dos músculos pélvicos, os da
região glútea e os do períneo. Observar ainda, que imediatamente o ar preenche de
novo os pulmões.

 Em seguida realizar a mesma proposta diferindo apenas no tempo da expiração


que deve ser mais longo. Observar que ainda assim, ocorre o mesmo retraimento
das musculaturas. Até então não há controle da saída de ar. Apenas se observa o
fluxo expiratório sem jamais relaxar as narinas e abertura (elevação) do palato.

 Deitado. Colocar sobre o abdômen um livro de certo peso. Abandonar-se no


processo respiratório até que seu ritmo seja atingido. Observar a subida do livro na
inspiração e sua descida na inspiração. Em todo o tempo de prática, observar o
comportamento muscular em todas as regiões do tronco e as sensações obtidas.

 Até então, todo o trabalho respiratório objetivou apenas a verificação da respiração


natural e fisiológica, na tentativa de reeducar os indivíduos à prática natural de uma
respiração consciente, descondicionando-os do equivocado processo de
respiração alta ou clavicular.

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A seguir passaremos a entender melhor o processo de controle da respiração
psicológica.

EXPIRAÇÃO CONTROLADA (Respiração Psicológica)

 De pé. Postura correta. Expirar – R.I.P. – Inspirar lentamente (para efeito didático)
e expirar continuamente em “S” sibilado, mantendo as contrações musculares
adquiridas na inspiração.

Observar que em SSSSSS... existe naturalmente uma parede de resistência criada


com a ajuda da língua e dos dentes. Esta parede deve estar presente no momento de
executar o exercício em “F”, para se instaurar o mesmo parâmetro de capacidade de
controle.
Em “CH” esta parede é naturalmente presente. Em “Z”, existe vibração laríngea,
isto é, as cordas vocais vibram e há, portanto fechamento da glote, que nas demais
propostas se encontra aberta.
Um ponto importante a perceber está relacionado ao controle de saída de ar.
Se o objetivo é o domínio da ação muscular, então quanto mais tempo o ar for mantido
nos pulmões, também por mais tempo se manterão as contrações musculares
responsáveis pela ação de reter o processo respiratório.
Isso acarreta para os músculos um trabalho de fortalecimento das fibras
musculares. A explicação científica para isso está no fato de que quanto maior a
exposição do músculo a um processo contrátil, mais resistência ele irá adquirir se a
força aplicada incidir sobre o mesmo ponto, porém com maior intensidade.
É como se no interior das miofibrilas existissem pequenas equipes de manutenção
(as proteínas contráteis) responsáveis por reparar os cabos que se rompem durante o
esforço muscular.
Por isso é importante que as práticas sejam sistemáticas, periódicas,
gradativas e constantes.
Assim, economizar ao máximo a saída do ar numa prática respiratória nunca
será demais para quem está começando a entender este processo.

 Repetir o exercício do livro e atentar para a expiração. Manter o livro “em cima”
pelo maior tempo possível.

 Expirar. Inspirar. Reter. Expirar contando 1,2,3,4,5. Seguir contando aumentando


sempre cinco unidades até onde for possível, sem gerar stress ou desconforto.

 Expirar. Inspirar. Reter. Expirar emitindo a vogal /U/ em uma altura agradável.

Existem muitas propostas de práticas respiratórias que podem ser desenvolvidas


pelo professor de canto, mas estas são as básicas, as essenciais.

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AQUECIMENTO MUSCULAR e VOCAL

 Aquecimento muscular em geral – objetiva a preparação de um estado


psicofísico e coordenativo-cinestésico muscular e assim, combater possíveis
lesões ou a fadiga prematura proveniente da falta de oxigênio na fase inicial do
trabalho.
O aquecimento muscular tem função de ajustar os sistemas funcionais permitindo
que o indivíduo possa realizar seu trabalho até o limite mais alto de sua
capacidade.
O aquecimento muscular gera termogênese, benéfico à profilaxia das lesões, uma
vez que propicia a diminuição da resistência elástica e viscosa, diminuindo o atrito
interno, permitindo maior elasticidade e alongamento dos músculos.

 Aquecimento Vocal – objetiva, como no aquecimento muscular em geral,


desenvolver a consciência cinestésica/proprioceptiva muscular responsável pela
performance vocal.
O aquecimento vocal produz aumento da vascularização. Os vasos sanguíneos
são mais bem irrigados, as pregas vocais recebem mais fluxo sanguíneo e assim,
promovem sua adequada coaptação, favorecendo então maior componente
harmônico.
Diminui o fluxo de ar transglótico. Produz voz com menor quantidade de ar não
modulado, deixando a mucosa mais solta, com maior habilidade ondulatória, maior
intensidade, projeção e melhor articulação vocal.

AQUECIMENTO VOCAL e AULA DE CANTO

O aquecimento vocal e a aula de canto são bem parecidos porque envolvem os


mesmos processos fisiológicos e psicológicos para a formação dos sons.
Porém, essencialmente, o aquecimento difere da aula em si pelo caráter
imediatista e pragmático que lhe confere a propriedade de resultados instantâneos.
Já aula de canto, tem um caráter completamente didático-pedagógico. Nas aulas
de canto oportunizam-se as “experimentações” na tentativa de vivenciar todos os
processos de formação da voz e suas aplicações.
O aquecimento também aplica os mesmos processos, porém, com objetivos
imediatos e obedecendo a uma sistemática própria, a partir da aplicação gradativa de
esforços.
Nas próprias aulas de canto deve haver após o relaxamento corporal, um
aquecimento vocal que deverá anteceder a aula em si.
Neste tipo de aquecimento os exercícios vocais devem ser leves e breves, cerca de
5 a 10 minutos, pois o aluno (a) se submeterá a uma exposição vocal médio-longa (60’).
Nos aquecimentos vocais que antecedem as apresentações, convém observar a
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duração da performance do cantor, isto é, se ele irá se submeter a uma longa exposição
vocal.
Se for cantar muito tempo, o aquecimento deve ser elaborado de forma mais
rebuscada, com estruturas de intensa vocalização e realizado em 15 a 20 minutos.
Se a exposição é curta, estruturas leves e propostas mais “versáteis” podem ser
aplicadas. Propostas que trabalham a expressividade vocal (improvisos, vocalizações
livres, etc.) são bem recomendados.
O efeito do aquecimento se mantém por 20 a 30 minutos em nível relativamente
alto e somente após 45 minutos deixa de ser detectado.
As massagens não são recomendadas para aquecer, pois propiciam relaxamento
da musculatura e concentração sanguínea na região em que está sendo aplicada.

DESAQUECIMENTO VOCAL

Visa favorecer o retorno aos ajustes fonoarticulatórios da voz coloquial, evitando


os abusos prolongados decorrentes do padrão da voz profissional, cantada ou falada.
No caso da voz cantada pitch mais elevado e loudness mais intenso.
O desaquecimento recupera os músculos mais exigidos e prepara a musculatura
para os próximos trabalhos, eliminando a fadiga muscular. Os níveis sanguíneo e
muscular de ácido lático caem mais rapidamente do que em repouso.
No desaquecimento inverte-se o padrão empregado no aquecimento. As ações
são realizadas do maior para o menor esforço. Do forte para o fraco, do agudo para o
grave.
Alguns autores aconselham o total silêncio após a performance vocal. Isso,
teoricamente, estaria incorreto, uma vez que a musculatura reage melhor quando
submetida ao desaquecimento progressivo, através dos exercícios específicos.

MODELO PADRÃO DE AQUECIMENTO


(Com relaxamento prévio)

1 – Para aquecer o Sistema Produtor ou Ativador – (Ap.respiratório)


Emitir uma coluna de ar em: /s/ /f/ /ch/ (chê)

2 – Para aquecer o Sistema Vibrador – Laringe (pregas vocais)


Emitir uma coluna de som em: /z/ /v/ /j/ (jê)

3 – Para aquecer o Sistema Ressonador -


Emitir coluna de som em /m/ (som mastigado) + vogais nasalizadas

4 – Para aquecer o Sistema Articulador –


Emitir:
Pequenos “glissando” em prrr (para os lábios – vibração externa)
trrr (para a língua – vibração interna)

5 – Vocalização: exercícios que trabalhem: abertura, leveza, articulação,


ressonância, apoio, sustentação, ataque, finalização, nivelamento, amplitude e
outras propostas.

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6 – Expressão vocal: técnicas de improvisação, vocalização livre, etc.

DESAQUECIMENTO
Efetivar a inversão do padrão aplicado.
DICAS

A seguir, uma série de dicas importantes para a manutenção da voz:

 Tenha sempre ao lado da cama uma garrafa de água natural para beber de
madrugada, caso acorde com a garganta seca.

 Ao acordar beba um copo de água natural e coma uma maçã antes mesmo de
escovar os dentes. A maçã tem ação adstringente e também hidrata, umidifica e
limpa tanto a boca quanto à laringe.

 Evite falar alto ou rispidamente assim que acordar.

 Em caso de incômodo na garganta, inclua romãs no cardápio. Você pode comer as


sementes da fruta e colocar os pedaços da casca para secar ao sol. Depois de
secas, faça um chá, deixando sempre em fogo brando e tampado, que é para não
“queimar” as propriedades vitamínicas e também para não evaporá-las. Faça
gargarejos com o chá ainda morno, várias vezes ao dia.

 Inclua mel na sua alimentação, principalmente com própolis e romã. Cristais de


gengibre mastigáveis são uma boa opção para irritações na garganta. Não e
aconselhável engolir o gengibre, pois ele e muito forte principalmente para quem
tem problemas no estomago, como gastrite, ulcera, etc.

 Beba no mínimo dois litros de água natural durante o dia. Caso você não tenha o
hábito, espalhe pela casa garrafas de 500ml. Uma no quarto, uma na sala, etc.
Funciona!

 É permitido beber água gelada quando não estiver cantando ou falando muito.
É extremamente proibido o gelado quando cantamos ou falamos muito, pois toda
a nossa região vocal fica aquecida e o contato com o gelado causa um choque
térmico altamente nocivo à saúde.

 Evite o choque térmico, entrando suado em lugares frios. Evite cantar em


ambientes com ar condicionado. Se estiver muito frio, peça para controlar a
temperatura do ar.

 É lógico que essas dicas não são regras... cada pessoa tem uma resistência
orgânica e algumas suportam mais que outras as mudanças atmosféricas, ou
bebem álcool e fumam e cantam divinamente bem... Conheci vários cantores
assim. Pelo que eu sei nenhum teve um bom final de vida. Todos morreram de
câncer do pulmão, de cirrose, viveram menos, por exemplo, Jimmy Hendrix, Janis
Joplin, Kurt Cobain, Cássia Eller (?), etc.

 Procure numa farmácia um gel para massagem que tenha na fórmula cânfora,
mentol e que cause uma sensação refrescante. Se sentir alguma dor na região do
pescoço ou garganta, aplique o gel para relaxar essa região. Ele também é ótimo
para dor de cabeça se aplicado na fronte.

 Não use sal ou vinagre em gargarejos para resolver problemas na garganta. Um


produto muito bom, que causa cura e alívio imediato é o Flogoral líquido,

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encontrado em qualquer farmácia. Balas de mel e gengibre também são indicadas
para limpeza e desinfecção da garganta e custam menos que as pastilhas.

 Cuide de sua saúde bucal, indo regularmente ao dentista.

 O resfriado é inimigo do cantor. Substitua os refrigerantes por sucos de caju,


acerola, laranja, limão, que são ricos em vitamina C. Como modo preventivo é
recomendado ingerir um comprimido efervescente de 500mg de Ácido Ascórbico
por dia.

 Evite tossir ou pigarrear para expelir a secreção (catarro). Esse ato é prejudicial ao
organismo pois causa atrito entre as pregas vocais e resulta numa maior produção
de secreção.Quanto mais você escarra e cospe, mais secreção será produzida e
torna-se um círculo vicioso.O correto é:
Inspirar sem fungar, produzir saliva e deglutir (engolir) a secreção.
No início parece estranho, mas em poucos dias você sentirá que a produção de
secreção irá diminuir.

 Aqueça sempre antes de cantar e desaqueça após.

Classificação e Extensão Vocal

Vozes Femininas

Soprano coloratura (palavra italiana), ou soprano ligeiro:


O termo coloratura significava, na origem, "virtuosismo" e se aplicava a todas as vozes.
Hoje, aplica-se a um tipo de soprano dotado de grande extensão no registro agudo, capaz
de efeitos velozes e brilhantes.
Exemplo: a personagem da Rainha da Noite, em Die Zauberflöte [A flauta mágica] de
Mozart.

Soprano lírico:
Voz brilhante e extensa.
Exemplo: Marguerite, na ópera Faust [Fausto], de Gounod.

Soprano dramático:
É a voz feminina que além de sua extensão de soprano, pode emitir grave sonora e
sombria.
Exemplo: Isolde, em Tristan und Isolde [Tristão e Isolda], de Wagner.

Mezzo-soprano (palavra italiana):


Voz intermediária entre o soprano e o contralto.
Exemplo: Cherubino, em Le nozze di Figaro [As bodas de Fígaro].

Contralto:
Muitas vezes abreviada para alto, a voz de contralto prolonga o registro médio em direção
ao grave, graças ao registro "de peito".

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Exemplo: Ortrude, na ópera Lohengrin, de Wagner.

Vozes Masculinas

Contra tenor:
Voz de homem muito aguda, que iguala ou mesmo ultrapassa em extensão a de um
contralto. Muito apreciada antes de 1800, esta é a voz dos principais personagens da
ópera antiga francesa (Lully, Campra, Rameau); de uma parte das óperas italianas, do
contralto das cantatas de Bach, etc...

Tenor ligeiro:
Voz brilhante que emite notas agudas com facilidade. É uma voz ligeira e suave.
Exemplo: Almaviva, em Il Barbiere di Siviglia [O barbeiro de Servilha], de Rossini; Tamino,
em Die Zauberflöte, [A flauta Mágica] de Mozart.

Tenor lírico:
Tipo de voz bem próxima da anterior. Mais luminosa nos agudos, ainda mais cheia no
registro médio e mais timbrada.

Tenor dramático:
Com relação à anterior, mais luminosa e ainda mais cheia no registro médio.
Exemplo: Tannhäuser, protagonista da ópera homônima de Wagner.

Barítono "Martin", ou Barítono francês:


Voz clara e flexível, próxima da voz de tenor.
Exemplo: Pelléas, na ópera Pelléas et Mélisande, de Debussy.

Barítono verdiano:
Exemplo: o protagonista da ópera Rigolleto, de Verdi.

Baixo-barítono:
Mais à vontade nos graves e capaz de efeitos dramáticos.
Exemplo: Wotan, em Die Walküre [A Valquíria], de Wagner.

Baixo cantante:
Voz próxima à do barítono, mais naturalmente lírica do que dramática.
Exemplo: Boris Godunov, protagonista da ópera de mesmo nome, de Mussorgski

Baixo profundo:
Voz de grande extensão a amplitude no registro grave.
Exemplo: Sarastro em Die Zauberflöte [A flauta mágica] de Mozart.

Sopraninos:
Na Idade Média os meninos na faixa dos sete aos quinze anos eram requisitados para
interpretar obras sacras.
Eles atingiam o status de sopranino, a mais aguda das vozes, mais até do que as vozes
femininas de sopranos e contraltos.
A voz do sopranino soa uma oitava acima.

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Séculos atrás, estrelas nos palcos europeus, eles chegaram a se tornar alvo de
controvérsias devido à proliferação das castrações (comuns naquela época).
A mutilação era uma tentativa desesperada de frear a produção de hormônios masculinos
e prolongar ininterruptamente o tempo com a voz cristalina.

Extensão vocal

Baixo:
Ele começa geralmente no Mi, Fá ou Sol 1 (pode ser mais grave também).
Como a tessitura humana é de geralmente 02 oitavas, ele deve ir ao Mi, Fá ou Sol 3.
A voz do baixo em um coral raramente ultrapassa o Ré 3.

Barítono:
Começa Fá, Sol, Lá 1 e vai geralmente às suas 02 oitavas, Fá, Sol, Lá 3.
No coral não deve ultrapassar o Mi ou o Fá 3.

2º Tenor:
Sol, Lá, Si 1 e vai geralmente às suas 2 oitavas, Sol, Lá, Si 3.
No coral, não creio que coloquem os 2º tenores para irem até o Si 3, mas em um solo é
bem provável.

1º Tenor:
Lá e Si 1, Dó 2.
Vai geralmente às suas 02 oitavas, Lá e Si 2, Dó 4.
No coral é possível que cheguem ao Dó 4 ou ao Si 3.

2º Contralto:
Mi, Fá, Sol 2, e vai geralmente às suas 02 oitavas, Mi, Fá, Sol 4.
No coral raramente chegam ao Ré 4.

1º Contralto:
Fá, Sol, Lá 2, e vai geralmente às suas 02 oitavas, Fá, Sol, Lá 4.
No coral também não devem passar do Mi 4.

2º Soprano:
Sol, Lá, Si 2, e vai geralmente às suas 02 oitavas.
No coral podem chegar ao Si ou ao Sol comumente.

1º Soprano:
Lá e Si 2, Dó 3 e vai geralmente às suas 02 oitavas, Lá e Si 4, Dó 5.
No coral pode chegar ao Dó 5 ou mais.

No violão/guitarra, essas notas podem ser conferidas da seguinte maneira:

e-----------------------0--1--3--5--7--8---------------

B---------------0--1--3-------------------------------- Oitava acima

G----------0--2----------------------------------------

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D--0--2--3---------------------------------------------

A-3---------------------------------------------------- Dó central

E--------------------------------------------------------

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