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PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA PAZ – IPANEMA PASTORAL DA CRISMA

MÓDULO I

1ª fase do Catecumenato

Primeiros passos em direção à Cristo


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PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA PAZ – IPANEMA PASTORAL DA CRISMA

SER CRISTÃO

Ser Cristão significa “revestir-se de Cristo”,


conhecê-Lo através dos Evangelhos e relatos dos Apóstolos,
imitar Sua conduta, seguir Seus exemplos, seguir Seus ensinamentos.

Ser Cristão é deixar de lado o “eu”.


É anular-se deixando-se cativar por Seu amor.
É experimentar Sua doçura, ouvir Sua voz, sentir Sua presença.

Mas isso só é possível quando nos rendemos diante de nós mesmos,


buscamos conhecê-Lo e nos dedicamos à oração,
que nada mais é do que falar com Deus.

A oração diária, a freqüência aos Sacramentos, a participação da Santa Missa


nos levam ao encontro cada vez mais profundo com nosso Senhor.

A intimidade com nosso Senhor faz toda a diferença em nossa vida,


sentimos a transformação a cada dia.

Dessa maneira a história da Salvação do nosso futuro


será marcada pelo cumprimento da missão à qual fomos chamados por Deus.

Jesus fez a vontade do Pai e a cumpriu até o fim. Pelo Pai, foi glorificado.
Em Cristo Jesus também nós seremos glorificados pelo Pai,
pois o Espírito Santo nos dará força, perseverança e
acima de tudo muito amor ao nosso Deus e irmãos.

Como diz o Profeta Isaías:


“Caminharemos e não nos cansaremos, correremos e não nos fadigaremos”.

Ser cristão implica em fidelidade.


Para ser fiel é preciso conhecer o Mestre através dos Evangelhos
e buscar a fidelidade com Deus através da oração permanente.

CARO CRISMANDO,

Esta apostila não tem por objetivo esgotar nenhum dos assuntos nela incluído,
ao contrário, é apenas um primeiro contato com a doutrina católica.

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PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA PAZ – IPANEMA PASTORAL DA CRISMA

ÍNDICE

CRIAÇÃO E PECADO .................................................................................................................................................... 4


1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................................... 4
2. A CRIAÇÃO .............................................................................................................................................................. 4
3. DEUS CRIA O HOMEM ........................................................................................................................................... 4
4. DEUS CRIA A MULHER .......................................................................................................................................... 5
5. ANTES DO PECADO ................................................................................................................................................ 5
6. O PECADO E SUAS CONSEQUÊNCIAS ................................................................................................................ 5
7. OS FILHOS DOS PRIMEIROS HOMENS................................................................................................................ 6
8. ALIANÇA COM NOÉ ............................................................................................................................................... 6
9. REFLEXÃO ............................................................................................................................................................... 6
HISTÓRIA DA SALVAÇÃO .......................................................................................................................................... 7
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................................... 7
2. A REVELAÇÃO DIVINA ......................................................................................................................................... 7
3. HISTÓRIA BÍBLICA ................................................................................................................................................. 7
4. A REVELAÇÃO NO NOVO TESTAMENTO........................................................................................................... 8
JESUS CRISTO .............................................................................................................................................................. 10
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................ 10
2. OS TRAÇOS COMUNS DOS MISTÉRIOS DE JESUS .......................................................................................... 10
3. ÉPOCA E SOCIEDADE EM QUE VIVIA ............................................................................................................... 10
4. PERFIL HISTÓRICO ............................................................................................................................................... 13
5. OS MISTÉRIOS DA INFÂNCIA E DA VIDA OCULTA DE JESUS ...................................................................... 14
6. OS MISTÉRIOS DA VIDA PÚBLICA DE JESUS .................................................................................................. 15
7. PAIXÃO E MORTE DE JESUS ............................................................................................................................... 18
8. RESSURREIÇÃO..................................................................................................................................................... 18
A SANTÍSSIMA TRINDADE ....................................................................................................................................... 20
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................................... 20
2. O DOGMA DA SANTÍSSIMA TRINDADE ........................................................................................................... 20
3. APROPRIAÇÕES .................................................................................................................................................... 20
4. RESUMINDO .......................................................................................................................................................... 21
PENTECOSTES ............................................................................................................................................................. 22
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................................... 22
2. A PROMESSA DO DOM DO ESPÍRITO SANTO.................................................................................................. 22
3. NASCE A IGREJA .................................................................................................................................................. 22
4. O ESPÍRITO SANTO HOJE .................................................................................................................................... 23
5. OS DONS DO ESPÍRITO SANTO .......................................................................................................................... 23
NASCIMENTO E MISSÃO DA IGREJA .................................................................................................................... 24
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................................... 24
2. IDÉIAS PRINCIPAIS ............................................................................................................................................... 24
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................................................ 26

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CRIAÇÃO E PECADO
1. INTRODUÇÃO

O Livro do Gênesis (= Origens) contém a história da criação do homem e do mundo, bem


como, os principais acontecimentos da humanidade. Porém, não se trata de um livro de História no
sentido científico. A Bíblia não foi escrita para apresentar conhecimentos humanos mas para
transmitir ao homem a Mensagem de Deus. Ela contém as verdades e os ensinamentos divinos
referentes à sua Salvação.
E, embora a Bíblia se destine aos homens de todos os tempos, ela usa a linguagem de sua
época, de seu povo e, por isso, é preciso entrar mentalmente dentro daquele pequeno mundo do
povo hebreu e levar em consideração a sua longa história, religiosidade, cultura, língua e
relacionamento com os povos pagãos que habitavam as regiões vizinhas.
Na época em que foi escrito o Gênesis, o homem vivia uma vida muito simples, sem
recursos técnicos e científicos. Falava de Deus como de alguém que estivesse ao seu lado. Um Deus
que conversava fazendo seus planos, alegrando-se e entristecendo-se, tendo reações à maneira dos
homens (antropomorfismos).
Naquele tempo, a indústria mais conhecida era a cerâmica. A matéria-prima da cerâmica é
o barro e talvez, por isso, o escritor sagrado (hagiógrafo) tenha se inspirado no barro para contar a
maneira como Deus fez o homem.
A criação foi o primeiro sinal do amor e do poder de Deus. Nela está o começo da história
da salvação, que atinge seu ponto máximo em Jesus Cristo.

2. A CRIAÇÃO

A Bíblia começa com estas palavras: “No princípio, Deus criou o céu e a terra” (Gn 1,1).
Portanto, pode-se afirmar:
 Houve um começo: quer dizer que o mundo não é eterno, mas começou a existir. Houve
uma eternidade antes do mundo ser feito e, nesta eternidade, só Deus existia. Não havia
tempo, criando o mundo, Deus criou também o tempo;
 Deus aparece como “Criador”;
 O céu e a terra foram criados por Deus: é uma expressão totalizante. Engloba o que existe
na terra e sobre a terra. Quer dizer que Deus criou o universo todo com todas as coisas
que ele contém. Não só o que se vê e se conhece, mas também aqueles bens espirituais
que não vemos, e até outros mundos que não conhecemos.

Deus cria no sentido de fazer do nada. O pintor “cria” uma obra de arte, mas para isso usa
tinta, madeira, tela, ferramenta. Deus, porém, criou o mundo do nada e sem usar nada. Ele apenas
disse: “Faça-se!” e tudo foi feito.
A criação é um dom de Deus. Nela Deus quis fazer com a humanidade uma partilha de seu
amor. E esse amor foi revelado de maneira extraordinária por Jesus Cristo, na obra da redenção.

3. DEUS CRIA O HOMEM

Desde toda a eternidade Deus pensou na humanidade e teve um plano: repartir seu amor.
Para isso, fez o mundo e nele colocou o homem como “rei da Criação”, no sentido de servir e
prover a reta ordem das coisas segundo a justiça, a verdade e o amor, em benefício de todos.

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O homem é rei da Criação para conduzir tudo para Deus e levar o universo todo a
glorificar Aquele que é o único Senhor.
A narrativa dá a entender que tudo o que Deus fez antes era como um cenário onde iria
colocar o homem. Deus criou tudo falando: Faça-se! Quando chegou o momento de criar o homem,
tomou um tom solene como se tudo mais estivesse em função da criação do homem (Gn 1, 26).
O barro pode ser uma simples figura. O que o escritor sagrado quer dizer é que o homem
foi criado diretamente por Deus, com um carinho especial.
Enquanto Deus o faz do “barro”, o homem não tem nada de diferente dos outros animais.
Mas o Criador diz que o homem será feito “à imagem de Deus” e lhe “sopra” a vida. O homem
passa a ser não mais uma estátua, mas um ser “vivente”. Distinguem-se dois elementos:
 Matéria = barro;
 Espírito = sopro da vida.
Neste sopro Deus coloca algo de Si mesmo dentro do homem, Sua imagem e Semelhança.

4. DEUS CRIA A MULHER

A diferença entre o homem e o restante das criaturas aparece também no fato de Adão não
ter encontrado em toda a Criação alguém que lhe fosse semelhante.
Deus cria Eva da costela de Adão o que significa igualdade de natureza que existe entre o
homem e a mulher.
O próprio Adão reconhece essa profunda semelhança entre ele e sua mulher (Gn 2, 23).
Adão = tirado da terra, homem (ich em hebraico)
Eva = mãe dos viventes, vida (icha em hebraico)

5. ANTES DO PECADO

Deus fez o homem para ser feliz e lhe deu um paraíso já nesta terra, uma dádiva que o
homem não merecia por si mesmo. Podem-se reconhecer três dons em Adão e Eva antes do pecado:
 Justiça original (graça santificante): eram membros da Família Trinitária. O homem vê a
Deus face a face (chamada na teologia de visão beatífica). O antropomorfismo mostra
Deus como amigo íntimo do homem (anda e conversa com Ele);
 Imortalidade: referia-se ao corpo, já que a alma é imortal por natureza. Em Gn 2, 17
Deus quer dizer que a partir do momento em que o homem comer da fruta passaria a
uma condição de imortal para mortal. Rm 5,12.
 Integridade: o homem tinha o domínio completo de sua razão sobre a vontade. Após o
pecado, sua vontade ficou enfraquecida e inclinada aos instintos. Vide Gn 3, 9-11 houve
uma mudança em Adão após o pecado. Antes não havia malícia, e depois sim
(concupiscência=desejo ardente) 1 Jo 2,15-16 e Rm 7,19-20.

6. O PECADO E SUAS CONSEQUÊNCIAS

O Éden foi uma amostra do quanto Deus deseja que participemos de sua Vida, pois só na
verdadeira comunhão, vendo Deus face a face é que o homem encontra a sua plena realização.
O pecado do homem foi um pecado desobediência, levado a efeito pelo orgulho. Quis, por
si mesmo, buscar a sua felicidade, desconfiando de Deus e afastando-se Dele (Rm 5, 19). O homem
passa a ter medo de Deus (Gn 3, 8-9).

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O pecado de Adão chamou-se pecado original (das origens) e afetou os homens de todos os
tempos (Rm 5, 18-19). (Por exemplo: se alguém suja uma fonte de água cristalina, o pecado é
pessoal daquele que sujou, mas todos passam a beber a água suja).
Deus nos amou primeiro, ao pecar o homem não vai até Deus, mas Deus vai ao homem.
Deus não amaldiçoa o homem, apenas o pune e promete-lhe o Salvador.
Assim como o pecado entrou no mundo por uma mulher (Eva), Deus nos dá o Salvador
passando pela mulher (Maria = Nova Eva).

7. OS FILHOS DOS PRIMEIROS HOMENS

Adão e Eva tiveram dois filhos: Caim e Abel. Abel era pastor de ovelhas e Caim lavrador.
Aconteceu que ambos ofereceram sacrifícios ao Senhor. Caim deu frutos das suas terras e Abel os
melhores cordeiros do seu rebanho. O Senhor viu com prazer o sacrifício de Abel, mas não olhou
para a oferenda de Caim. Este ficou muito irritado, lançou-se contra seu irmão Abel e o matou.
Os filhos de Adão e Eva foram gerados numa natureza decaída, que já havia perdido a
justiça original, a imortalidade, e todos aqueles dons que seus pais tinham recebido do Criador. São
como filhos de um pai rico que perdeu tudo antes dos filhos nascerem. A discórdia espalhou-se até
dentro da família (Gn 4, 1-8). O mal se alastrou de tal forma que Deus resolveu fazer o dilúvio.

8. ALIANÇA COM NOÉ

No meio dos maus havia um justo: Noé. Este, com sua família foram salvos por Deus.
Assim que cessou o dilúvio (Gn 6, 5-7), o Senhor fez uma Aliança com Noé. O arco-íris ficou
sendo o sinal dessa Aliança. Logo, porém, os homens esqueceram-se da Aliança e quiseram buscar
sua salvação por conta própria. Puseram-se a construir a Torre de Babel, que os levou à confusão.
(Babel = confusão).
A Aliança com Noé, porém, não ficou em vão. Em todas as épocas da História da Salvação
houve homens e mulheres fiéis a Deus.

9. REFLEXÃO

De todas as criaturas visíveis, só o homem é capaz de conhecer e amar o seu Criador.


Somente o ser humano tem consciência de si mesmo, do mundo e de Deus que o criou. Só ele é
capaz de descobrir o sentido de sua existência e de realizar os projetos do Criador.
Se todas as criaturas formassem uma orquestra para louvar o Criador, o homem deveria ser
o regente dessa orquestra, pois só ele tem consciência de que Deus é o Criador do Universo.

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HISTÓRIA DA SALVAÇÃO
1. INTRODUÇÃO

Deus, no seu plano de amor, quis se comunicar com a humanidade. Através de pessoas e
acontecimentos Ele foi gradativamente revelando a Si mesmo (quem Ele é) e o seu plano para nós.
Essa Revelação não visava só um conhecimento intelectual, mas também existencial, vivo:
conhecer a Deus para entrar em comunhão (união íntima e real) com Ele. Essa comunhão deveria
envolver também os homens entre si.
Por isso, Deus escolheu o povo de Israel para ser o Seu Povo no meio da humanidade. No
seu meio realizou prodígios, sinais da sua benevolência. Por meio deste Povo, descendente de
Abraão, o homem que por primeiro acreditou, a salvação chegaria a todos os povos da terra. Como
um pai ou uma mãe que pouco a pouco ensina o seu filho, assim Deus fez com o povo de Israel.
Através de Moisés, dos Juízes e dos Profetas, Ele formou, conduziu e instruiu o Seu Povo.
Tudo isso era a preparação para a sua plena Revelação: o momento em que não mais um
mensageiro, mas o próprio Filho de Deus feito homem viria viver no meio dos homens. As
promessas se tornariam realidade: toda a humanidade (e não mais um povo apenas), todas as
pessoas (e não mais uma única raça) receberiam, por Jesus Cristo, a salvação.
A História da Salvação começa com a criação do homem, passa pela história do povo
hebreu (povo de Israel), compreende a presença de Jesus no mundo e se encerrará no dia do juízo
final.

2. A REVELAÇÃO DIVINA

Partindo das criaturas, o homem pode chegar ao conhecimento de seu Criador. Contudo
esse conhecimento é imperfeito e insuficiente. Por isso, necessitamos da Revelação divina.
Deus por seu livre amor se dá a conhecer na história humana e, não só revela seus projetos
divinos, mas nos ajuda a percorrer o caminho da salvação.
Ele revela seu projeto divino de forma pedagógica, comunicando-se gradualmente ao
homem, preparando-o por etapas para acolher a Revelação sobrenatural que faz de si mesmo e que
vai culminar na Pessoa e na missão do Verbo encarnado, Jesus Cristo.
Revelar significa remover o véu. Tirar o véu para tornar visto aquilo que está atrás. Na
Revelação divina, Deus manifesta ao homem os seus mistérios e desígnios eternos, que o homem
por si mesmo não viria a saber.
É difícil citar, dentro da multiplicidade das revelações do Antigo Testamento, um único
evento como centro de todos os outros.
Acontecimentos centrais são sem dúvida: a revelação de seu nome (Ex 3), a libertação do
Egito (Ex 5-15), o estabelecimento da Aliança no Monte Sinai (Ex 19-24), a ocupação da terra
prometida (Js 2-11).
No Antigo Testamento, Deus estabelece muitas alianças com Israel, mostrando-se o Deus
da promessa (Gn 17, 1-8), o Deus libertador (Ex 5-15), o Deus único com os profetas.

3. HISTÓRIA BÍBLICA

Para salvar a humanidade dispersa, Deus quis formar um povo que fosse fiel à sua Aliança.
A história da Salvação tem seu início em Abraão. Deus faz-lhe uma promessa (Gn 12, 1-3).
Tal aliança é concretizada com o nascimento de Isaac, pois Deus foi fiel a promessa que
fez com Abraão (Gn 21, 1-21). Isto ocorreu por volta de 1850 a.C.
Por volta de 1250 a.C., os descendentes de Abraão, Isaac e Jacó se encontravam no Egito
como escravos do Faraó. Deus, ouvindo as súplicas do povo, escolheu Moisés para em seu nome
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libertar o povo. Depois de libertá-los, Deus firmou com eles uma Aliança que deve ser guardada
com toda retidão.
Chegaram à terra prometida 40 anos depois de serem libertos da escravidão no Egito, tendo
como líder Josué que os ingressou, com a ajuda de Deus.
Anos depois, por volta de 1050 a.C., o povo pede a Samuel um rei (1Sm 8), que consagra
Saul. Mas Deus escolhe o jovem Davi para ser rei em seu lugar (1Sm 16), pois este será fiel apesar
de suas quedas.
Davi torna-se o modelo de rei para Israel que espera outro igual a ele, pois Deus prometera
isso através do profeta Natam (2 Sm 7).
Salomão sucede Davi, mas as suas alianças com os povos vizinhos o faz infiel ao princípio
básico da Aliança: que Deus será o Senhor de todo o povo. No reinado de Salomão foi construído o
Templo de Jerusalém.
Após o reinado de Salomão, seu filho, Roboão assume seu lugar, mas um cisma liderado
por Jeroboão divide a nação em dois reinos: Norte - capital Samaria, rei Jeroboão, é formado por
dez tribos; Sul - capital Jerusalém, rei Roboão, é formado por duas tribos, Judá e Benjamim.
Neste período surgem os profetas que exortam e denunciam a falta de fidelidade com a
Aliança que fizeram com Deus. Entre os profetas merecem destaque: Elias, Isaías, Jeremias, Amós,
Oséias, entre outros.
Em 722 a.C., os assírios invadem o Reino do Norte. E em 587 a.C., aconteceu o exílio do
Reino do Sul e a destruição do Templo de Jerusalém pela Babilônia.
Os profetas no exílio da Babilônia tornam-se mensageiros da esperança no Deus
misericordioso, entre eles temos Ezequiel e Isaías. O exílio acaba quando os persas dominam o
mundo conhecido naquele tempo. Ciro, o rei persa, decreta que todos os exilados de suas terras
retornassem às suas origens, Israel voltando a Jerusalém reconstrói em primeiro lugar o Templo.
Israel confiando no Deus fiel espera ansiosamente o dia em que chegará o Messias
prometido que restaurará a nação.

4. A REVELAÇÃO NO NOVO TESTAMENTO

O Novo Testamento todo se fundamenta na consciência de que o Deus de Israel, em


continuidade com as revelações que fez de si mesmo no decurso da história deste povo, se revelou
de uma forma decisivamente nova, insuperável e, por isso, final e definitiva, em seu servo Jesus
Cristo, que é o seu Filho e agora Cristo exaltado.
Ele se tornou “em tudo igual” aos homens (Hb 2,10-18), exceto no pecado.
Tudo o que anteriormente foi manifestado por Deus encontra em Jesus o seu cumprimento,
pois “todas as promessas de Deus encontraram Nele o seu fim” (2Cor 1,20).
Ele não somente continua os profetas, mas também é a plena Revelação do que os profetas
predisseram. Aquele que aceita em Jesus o Cristo, o faz em virtude de uma revelação recebida do
Pai (Mt 16,17). Jesus é a revelação do Pai.
A nova Aliança, realizada por Cristo e em Cristo, é definitiva. Jamais passará. Não haverá
outra revelação pública antes da gloriosa manifestação de Jesus Cristo, que se dará no fim do
mundo. O que pode haver são estudos e novas explicações sobre aquilo que Jesus já revelou.
A vinda de Jesus na parusia (último dia) o revelará mais plenamente do que Ele se revelou
na encarnação (1Cor 1,7; 2Ts 1,7; 1Pd 1,7.13). Esse é o momento em que também a glória do
cristão será plenamente revelada (Rm 8,18-21;1Pd 1,5; 4,13; 5,1).
Com a vinda de Jesus irrompe o reino de Deus, o tempo da salvação (Mc 1,15); a Sua
ressurreição é o início da salvação; Nele aparece a bondade e o amor de Deus aos homens.

“A graça de Deus se manifestou para a salvação de todos os homens” (Tt 2,11).

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5. A TRANSMISSÃO DA REVELAÇÃO DIVINA

Jesus é o Salvador prometido, o supremo revelador dos desígnios de Deus. Nele se


cumprem as profecias a respeito de nossa salvação. E Ele mandou os Apóstolos anunciarem o seu
Evangelho a todos os povos, pois Deus quer que todas as pessoas sejam salvas.

Jesus veio para salvar não somente os homens de sua época, mas todas as pessoas, de todos
os tempos. Por isso, a missão apostólica não terminou com a morte dos doze Apóstolos. Estes
passaram aos bispos sua missão de evangelizar. Assim, a missão que Jesus confiou a seus Apóstolos
vem passando de geração em geração até hoje.

A missão de anunciar o Cristo, morte e ressurreição foi, primeiramente, dos apóstolos que
o fizeram de duas maneiras:
 Oralmente;
 Por escrito (CIC 76).

A revelação de Deus para a Igreja encontra na Tradição e na Sagrada Escritura a sua


principal fonte, pois ambas formam um único todo para tal anúncio.

“A Sagrada Escritura é a Palavra de Deus enquanto é redigida sob a moção do Espírito


Santo” (Dei Verbum 9 - CIC 81). A Sagrada Tradição transmite a Palavra de Deus confiada aos
Apóstolos para que seja conservada, difundida e exposta a todos.

A Tradição que referimos é a que vem nos primeiros séculos da Igreja, pois o Novo
Testamento nasce neste período e não é tão difundida nas comunidades, pois nem todos tinham
acesso a ele.

“„O ofício de interpretar autenticamente a palavra de Deus escrita e transmitida foi


confiado unicamente ao Magistério vivo da Igreja, cuja autoridade se exerce em nome de Jesus
Cristo‟ (Dei Verbum 10), isto é, aos bispos em comunhão com o sucessor de Pedro, o bispo de
Roma” (CIC 85).

Ele, o Magistério, está a serviço da Palavra de Deus e de todo o depósito da fé para


transmiti-lo fielmente ao povo que lhe é confiado.

Porém, a “voz” da Igreja não é constituída somente da voz dos bispos. A comunidade
cristã, como um todo, transmite a verdade e vive a mesma fé, de modo que se torna um sinal de
Deus para o mundo. O Catecismo diz: “Desde os bispos até o último dos fiéis leigos, forma-se um
consenso universal sobre as questões de fé e costumes”. Os cristãos leigos participam da missão de
Cristo, como “a nação santa e o povo escolhido de Deus” (1Pd 2, 9).

A comunidade cristã pode crescer no conhecimento e na vivência da fé. Esse crescimento


dá-se:
- pela oração;
- pelo estudo e pesquisa teológica,
- pela pregação da Palavra de Deus,
- pela humildade diante dos mistérios de Deus,
- pela leitura diária da Bíblia e de bons livros.

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JESUS CRISTO
1. INTRODUÇÃO

Toda a vida de Cristo é mistério. Muitas coisas que interessam à curiosidade humana
acerca de Jesus não figuram nos Evangelhos. Quase nada é dito sobre sua vida em Nazaré, e mesmo
uma grande parte de sua vida pública não é relatada. O que foi escrito nos Evangelhos foi "para
crerdes que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome" (Jo
20, 31).
Os Evangelhos foram escritos por homens que estiveram entre os primeiros a ter a fé e que
queriam compartilhá-la com outros. Depois de terem conhecido na fé quem é Jesus, puderam ver e
fazer ver os traços de seu mistério em toda a sua vida terrestre. Desde os paninhos de sua natividade
até o vinagre de sua Paixão e o sudário de sua Ressurreição, tudo na vida de Jesus é sinal de seu
Mistério. Por meio de seus gestos, de seus milagres, de suas palavras, foi revelado que "nele habita
corporalmente toda a plenitude da divindade" (Cl 2,9). Sua humanidade aparece, assim, como o
"sacramento", isto é, o sinal e o instrumento de sua divindade e da salvação que ele traz: o que
havia de visível em sua vida terrestre apontava para o mistério invisível de sua filiação divina e de
sua missão redentora.

2. OS TRAÇOS COMUNS DOS MISTÉRIOS DE JESUS

Toda a vida de Cristo é Revelação do Pai: suas palavras e seus atos, seus silêncios e seus
sofrimentos, sua maneira de ser e de falar. Jesus pode dizer: "Quem me vê, vê o Pai" (Jo 14,9); e o
Pai pode dizer: "Este é o meu Filho, o Eleito; ouvi-o" (Lc 9,35). Tendo Nosso Senhor se feito
homem para cumprir a vontade do Pai, os mínimos traços de seus mistérios nos manifestam "o amor
de Deus por nós".
Toda a vida de Cristo é mistério de Redenção. A Redenção nos vem antes de tudo pelo
sangue da Cruz, mas este mistério está em ação em toda a vida de Cristo: já em sua Encarnação,
pela qual, fazendo-se pobre, nos enriqueceu por sua pobreza; em sua vida oculta, que, por sua
submissão, serve de reparação para nossa insubmissão; em sua palavra, que purifica seus ouvintes;
em suas curas e em seus exorcismos, pelos quais "levou nossas fraquezas e carregou nossas
doenças" (Mt 8,17); em sua Ressurreição, pela qual nos justifica.
Toda a vida de Cristo é mistério de Recapitulação. Tudo o que Jesus fez, disse e sofreu
tinha por meta restabelecer o homem caído em sua vocação primeira: a comunhão com Deus.
Quando ele se encarnou e se fez homem, recapitulou em si mesmo a longa história dos
homens e, em resumo, nos proporcionou a salvação, de sorte que aquilo que havíamos perdido em
Adão, isto é, sermos à imagem e à semelhança de Deus, o recuperamos em Cristo Jesus. É, aliás,
por isso que Cristo passou por todas as idades da vida, restituindo com isto aos homens a comunhão
com Deus.

3. ÉPOCA E SOCIEDADE EM QUE VIVIA

3.1 - Sistema Econômico


A economia dos povos antigos era baseada na agricultura, por isso as grandes culturas
surgiram próximo aos grandes rios (Egito, Mesopotâmia...). Israel era um país pequeno e pobre,
sempre à mercê dos poderosos impérios vizinhos: Egito, Assíria, Pérsia, Grécia, Roma... O templo
era o eixo econômico da capital. Em torno dele corria grande quantidade de dinheiro: animais para
os sacrifícios, câmbio de moedas, peregrinações, hospedarias, restaurantes, etc... Na Páscoa, por
exemplo, chegavam 100.000 peregrinos a uma Jerusalém que de ordinário não contava com mais de
30.000 habitantes.
Um amplo setor da população era formado de gente simples que vivia de seu trabalho:
pequenos agricultores com terra, pequenos criadores e pastores, pedreiros, oleiros, carpinteiros,
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tecelões, curtidores, etc... Era uma espécie de classe média que nem acumulava dinheiro nem
passava fome. Era a este estrato que pertencia Jesus.
Numa sociedade tão piramidal e injusta abundavam os pobres: camponeses sem terra,
desempregados, estrangeiros, escravos, mendigos, etc...
Uma carga insuportável para todo o povo eram os impostos: todos os anos eles tinham que
pagar ao império romano o equivalente a 20 toneladas de prata, além do imposto do templo, dos
dízimos e das primícias.

3.2 - Sistema Político


A história de Israel é a história de um povo frágil e indefeso do Oriente Médio, que viveu
quase sempre invadido e dominado. Nos tempos de Jesus, a Palestina fazia parte do grande Império
Romano.
A cabeça do império era o imperador, também chamado "César", que residia em Roma. Ele
não só era o chefe principal, como era também uma espécie de deus a quem se tinha que venerar e
prestar culto. Jesus nasceu durante o reinado do imperador Augusto (27 a.C. a 14 d.C.) e morreu no
tempo de Tibério (14 d.C. a 37 d.C.).
O império estava dividido em regiões, para ser melhor administrado e controlado. Nos
tempos de Jesus o governador de Jerusalém era Pôncio Pilatos e o da Galiléia Herodes Antipas.
A estrutura política romana articulava-se e combinava com a estrutura de poder própria dos
judeus. Israel sempre foi uma teocracia, onde Deus era reconhecido como autoridade suprema. Javé
governava por meio dos sacerdotes, responsáveis diretos por fazer cumprir a Lei de Moisés, dada na
Aliança no Sinai.
O principal órgão de governo em Israel era o Sinédrio, composto por 72 membros de três
grupos diferentes:
- A aristocracia sacerdotal (o poder oficial). O presidente era o sumo sacerdote (Caifás)
auxiliado por outros ex-sumo sacerdotes (Anás).
- A nobreza leiga (o poder do dinheiro). Representava as famílias ricas de Jerusalém. Quase
todos eram "anciãos" e pertenciam ao partido dos saduceus.
- Os escribas (o poder do saber). Era uma minoria de "peritos" intérpretes da lei. Pertenciam
ao partido dos fariseus. Embora fossem poucos, gozavam de grande prestígio entre o povo.
O povo de Israel era duplamente dominado: por Roma e pelo Sinédrio, que interpretava a
lei de acordo com suas conveniências.

3.3 - Sistema Cultural e Religioso


A cultura é a maneira de viver de um pouco. Inclui crenças, costumes, festas, arte, etc...
Sem dúvida a religião era o eixo fundamental da cultura judia daquele tempo. A origem religiosa do
povo, a importância do Templo, o sistema teocrático, etc, colocam Deus como centro e pivô da
maneira de viver e de entender a vida.
Às vezes ouvimos dizer que "religião e política não se misturam". Mas em Israel a
economia, a política, a cultura e a religião não apenas estavam unidas como se fundiam.
A partir da grande reforma de Esdras ao regressar do exílio da Babilônia, Israel viveu o
período que chamamos de “Judaísmo”. Desde 400 antes de Jesus o Templo e a Lei eram os pilares
sobre os quais repousavam toda a estrutura social.
Para podermos entender um mundo tão religioso, precisamos ter um mínimo de
conhecimento dos principais grupos religiosos de então:

- OS SADUCEUS

(citados 8 vezes nos evangelhos: cf. Mt 3,7; 16,1-12; 22,23-34; Mc 12,18; Lc 20,27).
Seu nome vem de Sadoc (Ez 40,46), o que mostra que consideram-se como os
verdadeiros herdeiros do sacerdócio de Jerusalém.

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PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA PAZ – IPANEMA PASTORAL DA CRISMA

Era um partido aristocrático, formado por gente do alto clero e da nobreza leiga.
Desprezavam o povo, de quem sistematicamente se afastavam. Era o grupo dominante no Sinédrio.
Politicamente eram oportunistas. Facilmente se acomodavam com os invasores
estrangeiros para não comprometerem sua posição social.
Centralizavam sua religiosidade no Templo: o culto, o calendário litúrgico, os sacrifícios
de animais, as festas, etc...
Os saduceus distinguiam-se por serem muito conservadores. Baseados no Pentateuco tal
como estava escrito, desconfiavam de toda interpretação (até dos fariseus). Para eles quem é bom é
recompensado por Deus aqui na terra com prosperidade material. Por isso não aceitavam a
ressurreição nem tinham qualquer expectativa messiânica. Para eles (e para seus interesses) a
religião "funcionava" perfeitamente do jeito que era.
Embora apareçam menos que os fariseus no evangelho, os saduceus exerciam maior
influência que eles na sociedade em que viveu Jesus, cuja Boa Nova transformou-se numa ameaça.
Foram os saduceus os principais responsáveis pela morte de Jesus (cf. Mc 14,53 e Jo
11,49-50).

- OS FARISEUS

(citados 87 vezes nos evangelhos: cf. Mt 23; Lc 10, 25-30; Jo 9).


Seu nome vem de um vocábulo hebraico que significa "separado", embora não se saiba
bem separados de quê: se de Judas Macabeu, se do pecado, se como sinônimo de "piedosos". No
tempo de Jesus era um partido majoritário: uns 6 mil membros dispersos por todo o país.
Geralmente era gente do povo, extremamente rigorosos na observância da Lei. Alguns deles
dedicavam-se ao estudo das escrituras (escribas). Todos eram leigos. Sua força provinha de se
misturarem com o povo, junto ao qual possuíam uma grande influência.
Teoricamente não se metiam na política, pois se consideram um grupo religioso e
defendem a teocracia. Não obstante, faziam política, pois possuíam uma grande autoridade sobre o
povo e participavam do Sinédrio. Num povo tão religioso, possuir o monopólio da interpretação das
Escrituras era uma coisa que lhes conferia um grande poder. A espiritualidade legalista e
individualista que pregavam permitia aos fariseus manipularem as massas.
Sua grande preocupação religiosa era o cumprimento rigoroso e literal da lei. Era este o
caminho para salvar-se. Essa era a vontade de Deus. Insistiam principalmente no cumprimento do
sábado (descanso semanal), na pureza ritual e no pagamento do dízimo. Em sua doutrina nunca
aparece a esperança messiânica. O choque deles com Jesus e com sua Boa Nova foi frontal e
permanente, por isso ajudaram os saduceus a eliminá-lo.

- OS ZELOTAS

Seu nome vem de uma palavra grega que significa "sentir-se zeloso". Eram uma seita que
vivia enfurecida com o fato de os imperialistas romanos haverem arrebatado aos judeus a terra que
Deus lhes dera.
Embora sua motivação fosse religiosa, basicamente era um grupo político, que
representava a resistência judaica contra os invasores romanos. O Novo Testamento menciona que
Simão, um dos discípulos de Jesus, era zelota (cf. Lc 6,15; At 1,13).

- OS ESSÊNIOS

Seu nome significa “piedosos”. Era uma seita formada por leigos e sacerdotes que se
separaram do culto de Jerusalém e que se retiraram para viver como monges nas margens do Mar
Morto, afastados do mundo. Não são mencionados em nenhuma passagem dos evangelhos, mas
certos investigadores vêem a possibilidade de João Batista ter estado com eles algum tempo.

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PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA PAZ – IPANEMA PASTORAL DA CRISMA

4. PERFIL HISTÓRICO

4.1 – Nome
Jesus é a forma grega do nome hebraico “Josué”, que naquela época se pronunciava
Jeshúa. Significa “Javé salva” e é citado 905 vezes no Novo Testamento.

4.2 – Nascimento
Jesus nasceu no tempo do imperador Otávio César Augusto (27 a.C. a 14 d.C., cf Lc 2,1) e
do rei Herodes o Grande (37 a.C. a 4 a.C.). Segundo a Bíblia, nasceu em Belém de Judá (Lc 2, 4).

4.3 – Pais
José: descendente de Davi (Lc 1, 27); Nazareno (Lc 2,39); e carpinteiro (Mt 13, 55).
Maria (naquela época se pronunciava Míriam): esposa de José (Mt 1,16); parente de Isabel,
a mãe de João Batista (Lc 1, 36).

4.4 – Domicílio
Até começar seu ministério Jesus viveu em Nazaré, um pequeno povoado da Galiléia (Lc
4,16). Depois passou a andar de um lugar para outro, sem ter sequer onde reclinar a cabeça (Mt
8,20). Quando subia a Jerusalém certamente ficava em casa de Lázaro e de suas irmãs em Betânia
(Jo 11). Seu centro de operações durante a vida pública foi Cafarnaum, uma aldeia de pescadores à
beira do lago de Tiberíades, onde provavelmente ocupava um quarto emprestado por Pedro (Lc
1,21).

4.5 – Idioma
Jesus falava um dialeto galileu da 1íngua aramaica (Mt 26,73). Seguramente sabia também
um pouco de hebraico, que era o idioma oficial em que eram feitas as orações e leituras na Sinagoga
(Lc 4,16). É provável que por causa da ocupação romana ele soubesse também um pouco de latim.

4.6 – Escolaridade
Jesus não fez estudos oficiais (Jo 7,15). Não foi um rabino nem um intelectual de
profissão. Entretanto sabia escrever (Jo 8,6) e ler, inclusive em hebraico (Lc 4,16). Seu saber não
foi escolarizado, mas isso não o impediu de ser uma pessoa muito culta e pensante (crítica).
Conhecia tão bem a história e a cultura de sua gente que o povo o chamava de "RABI" (quer dizer,
mestre, cf. Jo 1,38). Todos se admiravam da autoridade com que ele falava (Mt 8,28-29; Jo 7,46).
As multidões ficavam encantadas com suas palavras (Mt 14,13).

4.7 – Nacionalidade
Judeu, pertencente a este povo dominado pelo império romano. Israel já contava mais de
600 anos de invasão por cinco impérios diferentes. O povo ardia em ansiosa espera por um
libertador (Messias). Jesus estava profundamente identificado com sua nação e com sua cultura.

4.8 – Estado Civil e Religioso


Solteiro (Mt 19,12). Leigo, uma vez que não pertencia ao sacerdócio de Jerusalém.
Nasceu no seio de uma família judia de raça e de religião, que freqüentava o Templo (Lc
2,41) e cumpria conscienciosamente seus deveres religiosos. Nos últimos anos de sua vida,
inaugurou uma maneira nova de entender e de relacionar-se com Deus e com os homens, o que deu
origem ao Cristianismo.

4.9 – Profissão
Carpinteiro, que naquele tempo também era pedreiro e entalhador. A palavra grega
TEKTON (Mc 6,3) designava um operário capaz tanto de trabalhar com madeira como com pedras
ou com metais. Tinha condições de fazer todas as obras necessárias para a construção de uma casa.

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PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA PAZ – IPANEMA PASTORAL DA CRISMA

Era um oficio manual muito respeitado e apreciado. Nos últimos anos de sua vida abandonou o
trabalho para pregar o Reino de Deus.

5.0 – Posição Social


Embora a passagem do seu nascimento nos apresente Jesus como um peregrino sem teto,
nascido em extrema pobreza no interior de um estábulo alheio (Lc 2,7), pela profissão de José e
depois de Jesus (carpinteiros), podemos deduzir que eles constituíam em Nazaré uma família média,
simples e pobre, mas com um trabalho digno e remunerador.
O que fica claro é que, se por sua origem familiar ele não foi tão pobre, chegado à idade
adulta Jesus optou por viver em extrema pobreza (Mt 8,20) com os marginalizados, doentes,
pecadores... E a partir do pobre e com o pobre anunciou e construiu o Reino de Deus para todos.

5. OS MISTÉRIOS DA INFÂNCIA E DA VIDA OCULTA DE JESUS

5.1 - A Preparação
A vinda do Filho de Deus à terra é um acontecimento de tal imensidão que Deus quis
prepará-lo durante séculos. Ritos e sacrifícios, figuras e símbolos da "Primeira Aliança", tudo ele
faz convergir para Cristo; anuncia-o pela boca dos profetas que se sucedem em Israel. Desperta,
além disso, no coração dos pagãos a obscura expectativa desta vinda.
São João Batista é o precursor imediato do Senhor, enviado para preparar-lhe o caminho.
"Profeta do Altíssimo" (Lc; 1,76), ele supera todos os profetas, deles é o último, inaugura o
Evangelho; saúda a vinda de Cristo desde o seio de sua mãe e encontra sua alegria em ser "o amigo
do esposo" (Jo 3,29), que designa como "o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" (Jo
1,29). Precedendo a Jesus "com o espírito e o poder de Elias" (Lc 1,17), dá-lhe testemunho por sua
pregação, seu batismo de conversão e, finalmente, seu martírio.

5.2 – O Mistério do Natal


Jesus nasceu na humildade de um estábulo, em uma família pobre; as primeiras
testemunhas do evento são simples pastores. É nesta pobreza que se manifesta a glória do Céu.
"Tornar-se criança" em relação a Deus é a condição para entrar no Reino; para isso é
preciso humilhar-se, tornar-se pequeno; mais ainda: é preciso "nascer do alto" (Jo 3,7), "nascer de
Deus" para tornar-nos filhos de Deus. O mistério do Natal realiza-se em nós quando Cristo "toma
forma" em nós.

5.3 – Os Mistérios da Infância de Jesus


A circuncisão de Jesus, no oitavo dia depois de seu nascimento, é sinal de sua inserção na
descendência de Abraão, no povo da Aliança, de sua submissão à Lei e de capacitação para o culto
de Israel, do qual participará durante sua toda a vida. Este sinal prefigura "a circuncisão de Cristo",
que é o Batismo.
A epifania é a manifestação de Jesus como Messias Israel, Filho de Deus e Salvador do
mundo. Com o Batismo de Jesus no Jordão e com as bodas de Caná, ela celebra a adoração de Jesus
pelos "magos" vindos do Oriente. Nesses "magos", representantes das religiões pagãs
circunvizinhas, o Evangelho vê as primícias das nações que acolhem a Boa Nova da salvação pela
Encarnação. A vinda dos magos a Jerusalém para "adorar ao Rei dos Judeus" mostra que eles
procuram em Israel, à luz messiânica da estrela de Davi, aquele que será o Rei das nações. Sua
vinda significa que os pagãos só podem descobrir Jesus e adorá-lo como Filho de Deus e Salvador
do mundo voltando-se para os judeus e recebendo deles sua promessa messiânica, tal como está
contida no Antigo Testamento. A Epifania manifesta que "a plenitude dos pagãos entra na família
dos patriarcas" e adquire a "dignidade israelítica".
A apresentação de Jesus no Templo mostra-o como o Primogênito pertencente ao Senhor.
Com Simeão e Ana, é toda a espera de Israel que vem ao encontro de seu Salvador (a tradição
bizantina designa com este termo tal acontecimento). Jesus é reconhecido como o Messias tão
esperado, "luz das nações" e "Glória de Israel", mas também "sinal de contradição". A espada de
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PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA PAZ – IPANEMA PASTORAL DA CRISMA

dor predita a Maria anuncia esta outra oblação, perfeita e única, da Cruz, que dará a salvação que
Deus "preparou diante de todos os povos".
A fuga para o Egito e o massacre dos inocentes manifesta a oposição das trevas à luz: "Ele
veio para o que era seu e os seus não o receberam" (Jo 1,11). Toda a vida de Cristo estará sob o
signo da perseguição. Os seus compartilham com Ele esta perseguição. Sua volta do Egito lembra o
Êxodo e apresenta Jesus como o libertador definitivo.

5.4 – Os Mistérios da Vida Oculta de Jesus


Durante a maior parte de sua vida, Jesus compartilhou a condição da imensa maioria dos
homens: uma vida cotidiana. Sem grandeza aparente, vida de trabalho manual, vida religiosa
judaica submetida à Lei de Deus, vida na comunidade. De todo este período é-nos revelado que
Jesus era "submisso" à seus pais e que "crescia em sabedoria, em estatura em graça diante de Deus e
diante dos homens" (Lc 2,52).
A submissão de Jesus à sua Mãe e ao seu pai legal cumpre com perfeição o quarto
mandamento. Ela é a imagem temporal de sua obediência filial ao seu Pai Celeste. A submissão
diária de Jesus a José e a Maria anunciava e antecipava a submissão da Quinta-feira Santa: "Não a
minha vontade..." (Lc 22,42). A obediência de Cristo no cotidiano da vida inaugurava já a obra de
restabelecimento daquilo que a desobediência de Adão havia destruído.
O reencontro de Jesus no Templo é o único acontecimento que rompe o silêncio dos
Evangelhos sobre os anos ocultos de Jesus. Nele Jesus deixa entrever o mistério de sua consagração
total a uma missão decorrente de sua filiação divina: "Não sabíeis que devo ocupar-me com as
coisas de meu Pai?" (Lc 2,49). Maria e José "não compreenderam" esta palavra, mas a acolheram na
fé, e Maria "guardava a lembrança de todos esses fatos em seu coração" (Lc 2,51), ao longo dos
anos em que Jesus permanecia mergulhado no silêncio de uma vida ordinária.

6. OS MISTÉRIOS DA VIDA PÚBLICA DE JESUS

6.1 – O Batismo de Jesus


A vida pública de Jesus tem início com seu Batismo por João no rio Jordão. João Batista
proclamava "um batismo de arrependimento para a remissão dos pecados" (Lc 3,3). Uma multidão
de pecadores, de publicanos e soldados, fariseus e saduceus e prostitutas vem fazer-se batizar por
ele. Jesus aparece, o Batista hesita, mas Jesus insiste. E Ele recebe o Batismo. Então o Espírito
Santo, sob forma de pomba, vem sobre Jesus, e a voz do céu proclama: "Este é o meu Filho bem-
amado" (Mt 3,13-17). É a manifestação ("Epifania") de Jesus como Messias de Israel e Filho de
Deus.
O Batismo de Jesus é, da parte dele, a aceitação e a inauguração de sua missão de Servo
sofredor. Deixa-se contar entre os pecadores; é, já, "o Cordeiro de Deus que tira o pecado do
mundo" (Jo 1,29), antecipa já o "Batismo" de sua morte sangrenta. Vem, já, "cumprir toda a justiça"
(Mt 3,15), ou seja, submete-se por inteiro à vontade de seu Pai: aceita por amor este batismo de
morte para a remissão de nossos pecados. A esta aceitação responde a voz do Pai, que coloca toda a
sua complacência em seu Filho. O Espírito que Jesus possui em plenitude desde a sua concepção
vem "repousar" sobre Ele. Jesus será a fonte do Espírito para toda a humanidade. No Batismo de
Jesus, "abriram-se os Céus" (Mt 3,16) que o pecado de Adão havia fechado; e as águas são
santificadas pela descida de Jesus e do Espírito, prelúdio da nova criação.
Pelo Batismo, o cristão é sacramentalmente assimilado a Jesus, que antecipa em seu
Batismo a sua Morte e a sua Ressurreição; deve entrar neste mistério de rebaixamento humilde e de
arrependimento, descer à água com Jesus para subir novamente com ele, renascer da água e do
Espírito para tornar-se, no Filho, filho bem-amado do Pai e "viver em uma vida nova" (Rm 6,4):

6.2 – A Tentação de Jesus


Os Evangelhos falam de um tempo de solidão de Jesus no deserto, imediatamente após seu
Batismo por João: "Levado pelo Espírito" ao deserto, Jesus ali fica quarenta dias sem comer, vive
com os animais selvagens e os anjos o servem. No final dessa permanência, Satanás o tenta por três
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PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA PAZ – IPANEMA PASTORAL DA CRISMA

vezes procurando questionar sua atitude filial para com Deus. Jesus rechaça esses ataques que
recapitulam as tentações de Adão no Paraíso e de Israel no deserto, e o Diabo afasta-se dele "até o
tempo oportuno" (Lc 4,13).
Os evangelistas assinalam o sentido salvífico desse acontecimento misterioso. Jesus é o
novo Adão, que ficou fiel onde o primeiro sucumbiu à tentação. Jesus cumpre à perfeição a vocação
de Israel: contrariamente aos que provocaram outrora a Deus durante quarenta anos no deserto,
Cristo se revela como o Servo de Deus totalmente obediente à vontade divina. Nisso Jesus é
vencedor do Diabo: ele "amarrou o homem forte" para retomar-lhe a presa. A vitória de Jesus sobre
o tentador no deserto antecipa a vitória da Paixão, obediência suprema de seu amor filial ao Pai.

6.3 – “O Reino de Deus está bem próximo”


Depois que João foi preso, Jesus veio para a Galiléia proclamando, nestes termos, o
Evangelho de Deus: "Cumpriu-se O tempo e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede
no Evangelho"' (Mc 1,14-15). "Para cumprir a vontade do Pai, Cristo inaugurou o Reino dos céus
na terra." Ora, a vontade do Pai é "elevar os homens à participação da Vida Divina". Realiza tal
intento reunindo os homens em torno de seu Filho, Jesus Cristo. Esta reunião é a Igreja, que é na
terra "o germe e o começo do Reino de Deus".
Cristo está no centro do congraçamento dos homens na "família de Deus". Convoca-os
junto a si por sua palavra, por seus sinais que manifestam o reino de Deus, pelo envio de seus
discípulos. Realiza a vinda de seu Reino, sobretudo, pelo grande mistério de sua Páscoa: sua morte
na Cruz e sua Ressurreição. "E eu, quando for elevado da terra, atrairei todos a mim" (Jo 12,32). A
esta união com Cristo são chamados todos os homens.

6.4 – O Anúncio do Reino de Deus


Todos os homens são chamados a entrar no Reino. Anunciado primeiro aos filhos de Israel,
este Reino messiânico está destinado a acolher os homens de todas as nações. Para ter acesso a ele,
é preciso acolher a palavra de Jesus.
Jesus convida a entrar no Reino por meio das parábolas, traço típico de seu ensinamento.
Por elas, convida ao festim do Reino, mas exige também uma opção radical: para adquirir o Reino é
preciso dar tudo; as palavras não bastam, são necessários atos. As parábolas são como espelhos para
o homem: este acolhe a palavra como um solo duro ou como uma terra boa? Que faz ele dos
talentos recebidos? Jesus e a presença do Reino neste mundo estão secretamente no coração das
parábolas. É preciso entrar no Reino, isto é, tornar-se discípulo de Cristo para "conhecer os
mistérios do Reino dos Céus" (Mt 13,11). Para os que ficam "de fora" (Mc 4,11), tudo permanece
enigmático.

6.5 – Os Sinais do Reino de Deus


Jesus acompanha suas palavras com numerosos "milagres, prodígios e sinais" (At 2,22)
que manifestam que o Reino está presente nele. Atestam que Jesus é o Messias anunciado.
Os sinais operados por Jesus testemunham que o Pai o enviou. Convidam a crer nele. Aos
que a Ele se dirigem com fé, concede o que pedem. Assim, os milagres fortificam a fé naquele que
realiza as obras de seu Pai: testemunham que Ele é o Filho de Deus. Eles podem, também, ser
"ocasião de escândalo". Não se destinam a satisfazer a curiosidade e os desejos mágicos. Apesar de
seus milagres tão evidentes, Jesus é rejeitado por alguns; acusam-no até de agir por intermédio dos
demônios.
Ao libertar certas pessoas dos males terrestres da fome, da injustiça, da doença e da morte,
Jesus operou sinais messiânicos; não veio, no entanto, para abolir todos os males da terra, mas para
libertar os homens da mais grave das escravidões, a do pecado.

6.6 – “As Chaves do Reino”


Desde o início de sua vida pública, Jesus escolhe homens em número de doze para estar
com Ele e para participar de sua missão; dá-lhes participação em sua autoridade "e enviou-os a

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PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA PAZ – IPANEMA PASTORAL DA CRISMA

proclamar o Reino de Deus e a curar" (Lc 9,2). Permanecem eles para sempre associados ao Reino
de Cristo, pois Jesus dirige a Igreja por intermédio deles.
No colégio dos Doze, Simão Pedro ocupa o primeiro lugar. Jesus confiou-lhe uma missão
única. Graças a uma revelação vinda do Pai, Pedro havia confessado: "Tu és o Cristo, o Filho do
Deus vivo" (Mt 16,16). Nosso Senhor lhe declara na ocasião: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra
edificarei minha Igreja, e as Portas do Inferno nunca prevalecerão contra ela" (Mt 16,18). Cristo,
"Pedra viva"; garante à sua Igreja, construída sobre Pedro, a vitória sobre as potências de morte.
Pedro, em razão da fé por ele confessada, permanecerá como a rocha inabalável da Igreja. Terá por
missão defender esta fé de todo desfalecimento e confirmar nela seus irmãos.
Jesus confiou a Pedro uma autoridade específica: "Eu te darei as chaves do Reino dos
Céus: o que ligares na terra será ligado nos Céus, e o que desligares na terra será desligado nos
Céus" (Mt 16,19). O "poder das chaves" designa a autoridade para governar a casa de Deus, que é a
Igreja. Jesus, "o Bom Pastor" (Jo 10,11), confirmou este encargo depois de sua Ressurreição:
"Apascenta as minhas ovelhas" (Jo 21,15-17). O poder de "ligar e desligar" significa a autoridade
para absolver os pecados, pronunciar juízos doutrinais e tomar decisões disciplinares na Igreja.
Jesus confiou esta autoridade à Igreja pelo ministério dos apóstolos e particularmente de Pedro, o
único ao qual confiou explicitamente as chaves do Reino.

6.7 – A Transfiguração
A partir do dia em que Pedro confessou que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo, o
Mestre "começou a mostrar a seus discípulos que era necessário que fosse a Jerusalém e sofresse...
que fosse morto e ressurgisse ao terceiro dia" (Mt 16,21): Pedro rechaça este anúncio, os demais
também não o compreendem. É neste contexto que se situa o episódio misterioso da Transfiguração
de Jesus sobre um monte elevado, diante de três testemunhas escolhidas por ele: Pedro, Tiago e
João. O rosto e as vestes de Jesus tornam-se fulgurantes de luz, Moisés e Elias aparecem, "falavam
de sua partida que iria se consumar em Jerusalém" (Lc 9,31). Uma nuvem os cobre e uma voz do
céu diz: "Este é o meu Filho, o Eleito; ouvi-o" (Lc 9,35).
Por um instante, Jesus mostra sua glória divina, confirmando, assim, a confissão de Pedro.
Mostra também que, para "entrar em sua glória" (Lc 24,26), deve passar pela Cruz em Jerusalém.
Moisés e Elias haviam visto a glória de Deus sobre a Montanha; a Lei e os profetas tinham
anunciado os sofrimentos do Messias. A Paixão de Jesus é sem dúvida a vontade do Pai: o Filho age
como servo de Deus. A nuvem indica a presença do Espírito Santo. A Trindade inteira apareceu: o
Pai, na voz; o Filho, no homem; o Espírito, na nuvem clara.
No limiar da vida pública, o Batismo; no limiar da Páscoa, a Transfiguração. Pelo Batismo
de Jesus foi manifestado o mistério da primeira regeneração: o nosso Batismo; a Transfiguração é o
sacramento da segunda regeneração: a nossa própria ressurreição. Desde já participamos da
Ressurreição do Senhor pelo Espírito Santo que age nos sacramentos do Corpo de Cristo. A
Transfiguração dá-nos um antegozo da vinda gloriosa do Cristo, "que transfigurar nosso corpo
humilhado, conformando-o ao seu corpo glorioso" (Fl 3,21). Mas ela nos lembra também "que é
preciso passarmos por muitas tribulações para entrarmos no Reino de Deus" (At 14,22).

6.8 – A Subida de Jesus a Jerusalém


"Ora, quando se completaram os dias de sua elevação, Jesus tomou resolutamente o
caminho de Jerusalém" (Lc 9, 51). Com esta decisão, indicava que subia a Jerusalém pronto para
morrer. Por três vezes tinha anunciado sua Paixão e sua Ressurreição. Ao dirigir-se para Jerusalém,
disse: "Não convém que um profeta pereça fora de Jerusalém" (Lc 13,33).
Jesus lembra o martírio dos profetas que tinham sido mortos em Jerusalém. Todavia,
persiste em convidar Jerusalém a congregar-se em torno dele: "Quantas vezes quis eu ajuntar os
teus filhos, como a galinha recolhe seus pintainhos debaixo das asas... e não o quiseste" (Mt
23,37b). Quando Jerusalém está à vista, chora sobre ela e exprime uma vez mais o desejo de seu
coração: "Ah! Se neste dia também tu conhecesses a mensagem de paz! Agora, porém, isto está
escondido a teus olhos" (Lc 19,42).

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PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA PAZ – IPANEMA PASTORAL DA CRISMA

6.9 – A Entrada Messiânica de Jesus em Jerusalém


Jesus escolhe o momento e prepara os detalhes de sua entrada messiânica na cidade de
"Davi, seu pai" (Lc 1,32). É aclamado como o filho de Davi, aquele que traz a salvação (Hosana
quer dizer salva-nos!, dá a salvação) Ora, o "Rei de Glória" (Sl 24,7-10) entra em sua cidade
"montado em um jumento" (Zc 9,9).
A entrada de Jesus em Jerusalém manifesta a vinda do Reino que o Rei-Messias vai
realizar pela Páscoa de sua Morte e de sua Ressurreição. É com sua celebração, no Domingo de
Ramos, que a liturgia da Igreja abre a grande Semana Santa.

7. PAIXÃO E MORTE DE JESUS

Apesar de só ter amado e feito o bem a todos, Jesus de Nazaré tornou-se para muitos, um
problema! Como afirmou Simeão: "este menino vai ser um sinal de contradição!" (Lc 2,24).
Para os que tinham coração reto, e que buscavam a verdade, a justiça, para os pequenos e
pobres que esperavam a libertação e um mundo novo, para estes não havia dúvida: Jesus de Nazaré
era o Messias, o libertador, o mestre, o santo, o próprio Filho de Deus feito homem, a única
esperança. Mas para outros, Jesus era motivo de escândalo, uma "pedra de tropeço" que devia ser
eliminada. Para outros, Jesus era um louco (Mc 3,21), um possuído pelo demônio (Me 3,22), um
malfeitor (Jo 18,29), um herege (Jo 8,48), um blasfemador (Mc 2,7), um subversivo (Lc 23,2).
Os que rejeitavam Jesus eram: as autoridades religiosas que estavam agarradas às suas
verdades e tradições e temiam perder seus privilégios e poder, também os poderosos e os políticos
consideravam a pregação de Jesus perigosa para o regime e para seus interesses, uma vez que
conscientizando o povo sobre sua dignidade humana de filho de Deus, poderia criar confusões...
Enfim, Jesus incomodava a todos aqueles que nada esperavam, pois acreditavam que nada precisava
mudar.
Quiseram silenciá-Lo, mas não conseguiram! Difamado e ameaçado, Jesus não voltou atrás
e continuou intrepidamente a sua missão. Mesmo sabendo que isso podia custar-lhe a vida, Jesus
cumpriu livre e fielmente a vontade do Pai: obediente até o fim, até as últimas conseqüências.
Por isso, recorreram ao argumento dos covardes: a calúnia e a violência. Jesus foi preso
como "destruidor da religião, perigoso e subversivo da ordem constituída". Foi torturado,
condenado à morte, crucificado como um criminoso.
A Paixão e Morte de Jesus é a entrega absoluta de toda sua vida dedicada aos outros: "não
há maior prova de amor que dar a vida pelos amigos!" (Jo 15,13). Jesus queria que todos tivessem
vida e vida em abundância (Jo 10,10) e por amor à vida, entregou sua própria vida! Ele mesmo já
tinha dito: "Como bom pastor, eu dou a vida pelas ovelhas... ninguém tira a minha vida... eu a dou
livremente... assim como tenho poder de retomá-la!".
Jesus, o filho de Deus feito homem, assume sobre seus ombros toda injustiça, todo o mal,
todo pecado da humanidade e oferece sua vida como Cordeiro Pascal, pela libertação da
humanidade. Ele viveu e morreu para que fossemos salvos.

8. RESSURREIÇÃO

No terceiro dia após a morte de Jesus, era o Domingo em que os judeus celebravam a
antiga Páscoa de libertação. As mulheres foram bem cedinho ao sepulcro, local onde o corpo de
Jesus foi sepultado, e o encontraram vazio! Correram avisar aos discípulos (Jo 20,1-10). Jesus não
estava mais ali: o sepulcro estava vazio! Ele ressuscitou!
Naquele mesmo dia, consolou as lágrimas de Maria Madalena (Jo 20,11-18), esteve com os
apóstolos reunidos no Cenáculo (Jo 20,19-29), caminhou na estrada de Emaús com dois discípulos
(Lc 24,13-35).
Durante quarenta dias, os amigos de Jesus fazem a experiência inesquecível da presença de
Cristo Ressuscitado. Jesus lhes dá a paz e os confirma na fé. Entrega-lhes a missão de serem suas
testemunhas no mundo e renova a promessa do seu Espírito Santo. Depois, Jesus sobe ao céu, é a
ascensão, enquanto os discípulos ainda que extasiados olhavam para o céu (At 1,2) "apareceram
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PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA PAZ – IPANEMA PASTORAL DA CRISMA

dois homens vestidos de branco e lhes diz: Homens da Galiléia, por que ficais a olhar para o céu?
Esse Jesus que acaba de vos ser arrebatado para o céu voltará do mesmo modo que o vistes subir
para o céu", enquanto esperamos sua volta desfrutemos sempre de sua presença sensível (Mt 25, 31-
36).
Mas, é fato! A ressurreição de Jesus Cristo continua sendo o centro de nossa fé, alegria,
certeza e força que impulsiona nossa vida de cristãos. O apóstolo e grande missionário, São Paulo,
última testemunha da Ressurreição do Senhor, exclama: "Se Cristo não ressuscitou, é vã nossa
pregação, e também é vã a vossa fé" (l Cor 15,14). Mas não! Cristo ressuscitou dentre os mortos,
como primícias dos que morreram (1 Cor 15,20).
Por que a ressurreição de Jesus era o centro da pregação dos apóstolos e continua sendo o
centro de nossa fé?
a) Jesus ressuscitou! O Crucificado está vivo! Vivo na glória do Pai, intercedendo por
nós, como Senhor do Universo! Vivo e sempre presente na história dos homens: como libertador e
salvador da humanidade. Vivo e presente, de modo especial, em sua Igreja e em nossa vida de
cristãos: como nosso Senhor.
É interessante observar nas narrações dos evangelhos, que em todas as aparições do
Ressuscitado, os seus discípulos não o reconheceram imediatamente, nem facilmente. É o Senhor
quem se faz reconhecer, por um toque, um gesto, uma palavra... Também nós precisamos
reconhecer Jesus em nossa vida, através dos olhos da fé. Há alguns momentos especiais em que
podemos experimentar a presença amiga de Jesus Cristo:
- quando estamos reunidos em seu nome (Jo 20,19-28);
- quando o acolhemos no irmão que sofre e caminha ao nosso lado (Lc 24,15-16);
- quando lemos as Escrituras Sagradas (Lc 24,32);
- quando repartimos o Pão da Eucaristia (Lc 24,30-31).
b) Jesus ressuscitou! Ele venceu o mal e o pecado da humanidade. As forças do mal, da
injustiça, da violência, do pecado, já foram vencidas pela raiz: Jesus Cristo é o único Senhor e
Libertador! A vida em Cristo, o amor em Cristo, a verdade em Cristo, é pura graça de Deus, e,
portanto vencedor de todo mal. A nossa Páscoa de libertação já está em andamento, dentro de cada
um de nós e no mundo.
É na força do Cristo Ressuscitado, nosso Senhor, que podemos realizar a cada dia, a nossa
Páscoa, libertando-nos do egoísmo e do pecado, para nascer em nós o homem novo e assim viver
uma vida nova: "Portanto, vós também considerai-vos mortos ao pecado, porém vivos para Deus,
em Cristo Jesus" (Rm 6,11).
c) Jesus ressuscitou! E como Ele e com Ele, nós também haveremos de ressuscitar,
vencendo o último mal, a morte. A ressurreição de Jesus é o penhor e a certeza de nossa própria
ressurreição (l Ts 4,13-14).
Mesmo sem conseguir entender tudo, é importante que saibamos, com clareza algumas
certezas que a Bíblia nos dá a respeito do fim de nossa vida:
- como Cristo ressuscitou da morte, nós também haveremos de ressuscitar, transformando
nossa morte em vida. Em vida eterna!
- todo nosso ser há de ressuscitar. Também nosso corpo: "creio na ressurreição da carne!".
Trata-se de um corpo glorioso, transformado, não igual, mas o nosso próprio corpo (1 Cor 15);
- "Então o Rei dirá aos que estão à direita: Vinde benditos de meu Pai, tomai posse do
Reino que vos está preparado desde a criação do mundo..." (Mt 25,34). Com todo o nosso ser,
estaremos para sempre com Deus e com o amor, no Reino do Céu... Ou para sempre longe de Deus.
"Voltar-se-á em seguida para os de sua esquerda e lhes dirá: Retirai-vos de mim, malditos!..." (Mt
25,41). Depende das opções que fazemos, já aqui e agora. Depende de nosso amor, sobretudo com
os mais pequeninos e sofredores. Pois estaremos escrevendo no livro da vida, através de nossas
opções diárias, se vivemos com Cristo ou sem Cristo, se vivemos o amor ou a ausência de amor (Mt
25,11-46). E o sentido da vida é poder ouvir na glória: Vinde benditos de meu Pai...
Para isso, vale a pena lutar!

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PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA PAZ – IPANEMA PASTORAL DA CRISMA

A SANTÍSSIMA TRINDADE
1. INTRODUÇÃO

A verdade revelada da Santíssima Trindade esteve desde as origens na raiz da fé viva da


Igreja, principalmente, por meio do Batismo. Ela encontra sua expressão na regra da fé batismal,
formulada na pregação, na catequese e na oração da Igreja. Tais formulações encontram-se já nos
escritos apostólicos, como na seguinte saudação, retomada na liturgia eucarística: "A graça do
Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós" (2Cor
13,13).

As três pessoas são um só Deus, e não três deuses. Isto é uma verdade que supera a
capacidade de nossa inteligência. Por isso, chamamos esta verdade um mistério: “O Mistério da
Santíssima Trindade”.

E este é o mistério central da fé e da vida cristã. É o mistério de Deus em si mesmo. É,


portanto, a fonte de todos os outros mistérios da fé, é a luz que os ilumina. É o ensinamento mais
fundamental e essencial na “hierarquia das verdades de fé”.

2. O DOGMA DA SANTÍSSIMA TRINDADE

A Trindade é Una. Não professamos três deuses, mas um só Deus em três pessoas: "a
Trindade consubstancial". As pessoas divinas não dividem entre si a única divindade, mas cada uma
delas é Deus por inteiro: "O Pai é aquilo que é o Filho, o Filho é aquilo que é o Pai, O Espírito
Santo é aquilo que são o Pai e o Filho, isto é, um só Deus por natureza".

As pessoas divinas são realmente distintas entre si. "Deus é único, mas não solitário".
"Pai", "Filho", "Espírito Santo” não são simplesmente nomes que designam modalidades do ser
divino, pois são realmente distintos entre si: "Aquele que é o Pai não é o Filho, e aquele que é o
Filho não é o Pai, nem o Espírito Santo é aquele que é o Pai ou o Filho". São distintos entre si por
suas relações de origem: "É o Pai que gera, o Filho que é gerado, o Espírito Santo que procede".

3. APROPRIAÇÕES

Certas atividades parecem mais apropriadas a uma Pessoa que às outras.


Consequentemente, os Teólogos dizem que Deus Pai é o Criador, por apropriação; Deus Filho, por
apropriação, o Redentor; e Deus Espírito Santo, por apropriação, o Santificador. O que uma Pessoa
faz, as três o fazem. A ação de Deus é sempre Trinitária.

 DEUS PAI – é a origem do princípio da atividade divina que atua na Santíssima Trindade, é
considerado o começo de tudo. Por esta razão, atribuímos ao Pai a criação, embora de fato seja a
Santíssima Trindade que cria, tanto o Universo como as almas individuais. O que faz uma Pessoa
Divina fazem-no as três. Apropriamos ao Pai o ato da criação.

 DEUS FILHO – Deus uniu a si uma natureza humana - na pessoa de Jesus Cristo.
Atribuímos a tarefa de redenção a Deus Filho, Sabedoria viva de Deus Pai “... é Cristo, poder de
Deus e sabedoria de Deus” (1Cor 1,24). O Poder infinito (o Pai) decreta a Redenção; a Sabedoria
infinita (o Filho) a realiza. No entanto, quando nos referimos a Deus Filho como Redentor, não
perdemos de vista que Deus Pai e Deus Espírito Santo estavam, também, inseparavelmente
presentes em Jesus Cristo. Portanto, foi a Santíssima Trindade quem nos redimiu. Mas apropriamos
ao Filho o ato da Redenção.

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PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA PAZ – IPANEMA PASTORAL DA CRISMA

 DEUS ESPÍRITO SANTO – o trabalho de santificação das almas é eminentemente um


trabalho do amor divino, por isso, atribuí-se a obra da santificação ao Espírito Santo. Afinal, Ele é o
amor divino personificado. Quem nos santifica é Deus, a Santíssima Trindade. Porém, apropriamos
a ação da graça ao Espírito Santo.

DEUS
DEUS PAI DEUS FILHO
ESPÍRITO SANTO
Filho Consubstancial ao Pai
Paráclito
Profeta – anuncia e denuncia
Pai – Abba Amor
Messias – enviado
Todo-Poderoso Paz
Modelo – homem Santo, sem pecado
O Criador Amigo
Revelador – revelou ao mundo Deus Pai
Deus de Abraão, Isaac e Jacó Advogado de Defesa
Redentor – redimiu nossos pecados
Princípio de Tudo Santificador
Salvador – revelou o plano de amor
Consolador
salvífico de Deus

4. RESUMINDO

O mistério da Santíssima Trindade é o mistério central da fé e da vida cristã. Só Deus no-lo


pode dar a conhecer, revelando-se como Pai, Filho e Espírito Santo.

A Encarnação do Filho de Deus revela que Deus é o Pai eterno, e que o Filho é
consubstancial ao Pai, isto é, que ele é no Pai e com o Pai o mesmo Deus único.

A missão do Espírito Santo, enviado pelo Pai em nome do Filho e pelo Filho "de junto do
Pai" (Jo 15,26), revela que o Espírito é com eles o mesmo Deus único. "Com o Pai e o Filho é
adorado e glorificado."

“O Espírito Santo procede do Pai enquanto fonte primeira e, pela doação eterna deste
último ao Filho, do Pai e do Filho em comunhão”.

Pela graça do Batismo “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19) somos
chamados a compartilhar da vida da Santíssima Trindade, aqui na terra, na obscuridade da fé, e para
além da morte, na luz eterna.

A fé católica é esta: que veneremos o único Deus na Trindade, e a Trindade na unidade,


não confundindo as pessoas, nem separando a substância: pois uma é a pessoa do Pai, outra, a do
Filho, outra, a do Espírito Santo; mas uma só é a divindade do Pai, do Filho e do Espírito Santo,
igual a glória, co-eterna a majestade.

Inseparáveis naquilo que são, da mesma forma o são naquilo que fazem. Mas na única
operação divina cada uma delas manifesta o que lhe é próprio na Trindade, sobretudo nas missões
divinas da Encarnação do Filho e do dom do Espírito Santo.

Os cristãos são batizados “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28, 19).
Antes disto eles respondem “creio” à tríplice pergunta que os manda confessarem sua fé no Pai, no
Filho e no Espírito. “A fé de todos os cristãos consiste na Santíssima Trindade”.

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PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA PAZ – IPANEMA PASTORAL DA CRISMA

PENTECOSTES
1. INTRODUÇÃO

Os Evangelhos mostram a Igreja como um barco, no qual Jesus está presente, embora em
alguns momentos pareça estar dormindo (Mt 8,23-27). O mar que este barco atravessa é a História,
às vezes calmo, outras vezes turbulento e ameaçador. Há quase dois mil anos o barco saiu de seu
porto. Não sabemos quando chegará ao seu destino, mas temos certeza de que Jesus nunca o
abandonará.

A Igreja é um projeto que nasceu do coração do Pai, prefigurada desde o início dos tempos,
preparada na Antiga Aliança com Israel, instituída por Cristo Jesus. A Igreja é o Reino de Deus
misteriosamente presente no mundo. Ela se inicia já com a pregação de Jesus. Foi dotada pelo
Senhor de uma estrutura que permanecerá até o fim dos tempos. Edificada sobre Pedro e os demais
apóstolos, é dirigida por seus legítimos sucessores.

A Igreja começa e cresce do sangue e da água que saíram do lado aberto do Crucificado.
Nela se conserva a comunhão eucarística, o dom da salvação oferecido por Jesus em nosso favor.

A Igreja é indefectivelmente santa, sem mancha e sem ruga, porque o próprio Deus nela
habita, santificando-a por sua presença. O pecado dos fiéis não lhe pertence. Só em sentido derivado
e indireto se pode falar de "Igreja pecadora".

Em Pentecostes, "a Igreja se manifestou publicamente diante da multidão e começou a


difusão do Evangelho com a pregação".

2. A PROMESSA DO DOM DO ESPÍRITO SANTO

Para muitos, o Espírito Santo é o Grande Desconhecido, ainda que, como diz São Paulo, o
cristão seja templo do Espírito Santo. Desde o momento do Batismo, Ele está em nossa alma em
graça, santificando-a e adornando-a com seus dons. Se não o expulsamos por meio do pecado
mortal, Ele nos inspira e nos assiste, guiando-nos até o céu. É o Paráclito, ou Consolador, o "doce
hóspede da alma".

Este é o grande dom que Jesus Cristo tinha prometido aos apóstolos na última ceia: "É
conveniente para vós que eu me vá. Pois, se não fosse assim, o Paráclito (o Espírito Santo) não
viria a vós; mas, se eu me for, eu o enviarei a vós" (João 16,7). E, efetivamente, no dia de
Pentecostes - dez dias depois da ascensão ao céu e cinqüenta dias depois de sua ressurreição -, eles
receberam o Espírito Santo.

3. NASCE A IGREJA

Pentecostes do ano 30. Todos reunidos no Cenáculo: os apóstolos, Maria, parentes de


Jesus, algumas mulheres. Um ruído de ventania desce do céu. Línguas como de fogo surgiram e se
dividiram entre os presentes. Todos ficaram repletos do Espírito de Deus e começaram a falar em
outras línguas.

Esta assembléia inicial, esta kahal, ekklesia, igreja, é o princípio. Depois do prodígio das
línguas, Pedro dirigiu-se à multidão reunida na praça e fez uma memorável pregação. Muitos se
converteram, especialmente judeus vindos da Diáspora. Estes levaram a Boa-Nova aos seus locais
de origem, o que provocou o surgimento, bem cedo, de comunidades cristãs em Damasco,
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PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA PAZ – IPANEMA PASTORAL DA CRISMA

Antioquia, Alexandria e mesmo em Roma. Alguns helenistas, no entanto, permaneceram em


Jerusalém. Para cuidar de suas necessidades materiais, os apóstolos escolheram sete diáconos.

Com a vinda do Espírito Santo, a Igreja se abria às nações. O Espírito Santo, que Cristo
derrama sobre seus membros, constrói, anima e santifica a Igreja.

4. O ESPÍRITO SANTO HOJE

A santificação que o Espírito Santo realiza em nós consiste em nos unir cada vez mais com
Deus; mas, para que tal objetivo seja alcançado, temos de deixá-lo atuar em nossa alma. De que
maneira?

· Vivendo sempre na graça de Deus: então, somos templos do Espírito Santo, como diz São
Paulo, que está em nossa alma e nos vai santificando.

· Por isto, é preciso receber os sacramentos, especialmente a Penitência e a Eucaristia.


Com a Penitência, recuperamos a graça santificante - se a tivermos perdido, pelo pecado grave -, e
além disso, ela nos fortalece. Com a Eucaristia, a alma se alimenta, e se desenvolve a vida
sobrenatural (graça, virtudes e dons do Espírito Santo).

· Além disso é preciso escutar o que Ele nos diz: o Espírito Santo ensina por meio dos
Pastores da Igreja e inspira interiormente o que Deus quer e espera de nós. Quando somos dóceis a
suas inspirações, somos melhores e nos santificamos.

5. OS DONS DO ESPÍRITO SANTO

Sabemos que o Espírito Santo é o "doce hóspede da alma", que está em nós quando
vivemos em estado de graça. Da mesma maneira que tratamos ao Pai e a Jesus Cristo, temos de nos
acostumar a falar com o Espírito Santo, nosso Santificador. Ao Espírito Santo temos de pedir, de
modo especial, seus sete dons, tão necessários para viver de verdade como cristãos:

· O dom da sabedoria, que nos faz saborear as coisas de Deus.

· O dom do entendimento, que nos ajuda a entender melhor as verdades da nossa fé.

· O dom do conselho, que nos ajuda a saber o que Deus quer de nós e dos demais.

· O dom da fortaleza, que nos dá forças e valor para fazer as coisas que Deus quer.

· O dom da ciência, que nos ensina quais são as coisas que nos ajudam a caminhar para Deus.

· O dom da piedade, com o qual amamos mais e melhor a Deus e ao próximo.

. O dom do temor de Deus, que nos ajuda a não ofender a Deus, quando fraqueje o nosso amor.

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PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA PAZ – IPANEMA PASTORAL DA CRISMA

NASCIMENTO E MISSÃO DA IGREJA


1. INTRODUÇÃO

Ensina o Concílio Vaticano II que, “sendo Cristo a luz das gentes..., deseja ardentemente
iluminar a todos os homens (...) luz esta que resplandece sobre o rosto da Igreja, anunciando o
Evangelho a todas as criaturas” (Lumem Gentium, 1). Fica claro, pois, que a Igreja depende
inteiramente de Cristo, como a luz da lua depende do influxo do sol.
Já dizia Santo Agostinho que a Igreja é Cristo entre nós: suas mãos continuam a nos curar
(os sacramentos da Igreja), sua boca continua a nos falar (a doutrina santa que a Igreja prega). A
Igreja continua a missão de Cristo, e foi para isso que Ele a fundou.
Quando professamos a fé, no Símbolo, dizemos: “Creio na Igreja, Una, Santa, Católica e
Apostólica”. Ela é a Mãe que cuida de nós com os sacramentos e com a doutrina de Jesus Cristo,
conduzindo-nos para o céu.

2. IDÉIAS PRINCIPAIS

1. Jesus Cristo fundou a Igreja para continuar sua obra na terra

Jesus Cristo veio à terra para nos remir e nos salvar, mas tinha que voltar ao Pai. Como a
Redenção que Ele tinha conseguido para nós tinha necessidade de chegar a toda a humanidade,
Cristo funda a Igreja com a missão de continuar na terra o plano divino da salvação, sua obra
salvadora. A Igreja, portanto, não é invenção humana, mas algo querido expressamente por Deus.

2. O que é a Igreja

A palavra igreja significa “convocação”, termo muito próprio porque a Igreja é o novo
povo de Deus convocado pela Palavra e constituído pela graça que nos é dada pelos sacramentos,
fundado por Jesus Cristo e regido pelo Papa e pelos bispos, que conduzem os fiéis cristãos à
salvação sob a ação do Espírito Santo. Na Sagrada Escritura encontramos outras expressões que
equivalem ao termo Igreja: Reino de Deus, Novo Povo de Deus, Corpo de Cristo.
Começamos a fazer parte da Igreja no dia de nosso Batismo, que nos faz discípulos de
Cristo, como aqueles que seguiam ao Senhor.

3. A fundação da Igreja

O Evangelho narra os passos sucessivos com os que Cristo fundou “sua Igreja”. Começou
pregando o Reino de Deus, escolheu logo os doze Apóstolos aos quais deu poderes especiais, e a
um deles - Pedro - o designou seu vigário na terra, entregando-lhe o poder supremo sobre toda a
Igreja. Fez muitos milagres para demonstrar que - com Ele - tinha chegado o Reino de Deus. Com
sua morte na cruz conseguiu a salvação de toda a humanidade, e a última pedra desta construção
magnífica foi a vinda do Espírito Santo, que enviou desde o céu, no dia de Pentecostes.

O começo e o crescimento da Igreja são significados pelo sangue e pela água que
saíram do lado aberto de Jesus crucificado. Pois do lado de Cristo dormindo na
Cruz é que nasceu o admirável sacramento de toda a Igreja. Da mesma forma que
Eva foi formada do lado de Adão adormecido, assim a Igreja nasceu do coração
traspassado de Cristo morto na Cruz.

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PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA PAZ – IPANEMA PASTORAL DA CRISMA

4. O mistério da Igreja

Podemos dizer que Cristo edificou sua Igreja dotando-a de características especiais, pelas
quais é distinta das demais sociedades que conhecemos. A Igreja é humana e divina ao mesmo
tempo, visível e invisível. Também é hierárquica e carismática, ainda que os carismas estejam
subordinados à hierarquia, que governa em nome de Cristo, sob a ação do Espírito Santo, doador
dos carismas.

5. Cristo fundou uma única Igreja e a Igreja Católica é esta verdadeira Igreja

Cristo fundou uma única Igreja; Ele falou de um só rebanho e um só pastor. A verdadeira
Igreja fundada por Cristo é UNA, SANTA, CATÓLICA e APOSTÓLICA, como dizemos no Credo.
· É UNA, porque tem um só pastor visível, o Papa, uma mesma fé e os mesmos
sacramentos.
· É SANTA, porque Santíssimo é seu fundador, Jesus Cristo, santa a sua Doutrina e santos
os Meios para nos fazer santos (os sacramentos). Ainda mais, sempre existiram e sempre existirão
santos na Igreja.
· É CATÓLICA, que significa universal, porque chama a todos a seu seio e está estendida
por toda a parte. Durará até o fim do mundo e em todos os lugares é a mesma: o mesmo Papa, o
mesmo Credo, os mesmos Sacramentos.
· É APOSTÓLICA, porque está fundamentada (alicerçada) sobre os Apóstolos e ensina a
doutrina que eles ensinaram. O Papa e os bispos são os legítimos sucessores de Pedro e dos demais
Apóstolos.
A Igreja de Jesus Cristo é hoje a Igreja Católica, porque só nela cumprem-se estas quatro
propriedades e é a única que possui todos os meios de salvação que Cristo quis dar à sua Igreja.

6. A Missão da Igreja

A missão da Igreja é anunciar e instaurar entre todos os povos o Reino de Deus inaugurado
por Jesus Cristo. Ela constitui aqui na terra o germe e o início desse Reino salvífico.
Cristo ordenou: "Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações, e batizai-os em nome do
Pai, do Filho e do Espírito Santo" (Mt 28,19). Essa ordem missionária do Senhor tem a sua fonte no
amor eterno de Deus, que enviou o seu Filho e o seu Espírito porque "quer que todos sejam salvos e
cheguem ao conhecimento da verdade" (1Tm 2,4).

7. Amar a Cristo é amar a sua Igreja

Diz São Cipriano que “não pode ter a Deus por Pai quem não tem a Igreja como Mãe”.
Depois de saber um pouco mais o que é a Igreja, entendemos ser um grande erro aceitar a
Cristo e recusar a Igreja. Seria uma atitude contraditória, porque Jesus Cristo a instituiu para pregar
sua doutrina e administrar a graça aos homens, como instrumento de salvação.

8. Deveres que temos para com a Igreja

Que presente maior poderia ter-nos dado o Senhor do que este: ser membros de sua Igreja?
Por isto, com agradecimento e amor, devemos dizer sempre: “Creio na Igreja, Una, Santa, Católica
e Apostólica”. Os deveres para com nossa Mãe, a Igreja são:
· Crer no que a Igreja nos ensina;
· Cumprir o que nos manda;
· Amá-la de verdade, sentindo-nos felizes e honrados de pertencermos a ela;
· Rezar por seus pastores: o Papa, os bispos, os sacerdotes e todos os irmãos
· Ajudá-la em suas necessidades, segundo nossas possibilidades.

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BIBLIOGRAFIA

Bíblia de Jerusalém

Catecismo da Igreja Católica

Nossa Fé Segundo o Catecismo da Igreja Católica – Pe. Luiz Cechinato

Conheça Melhor a Bíblia – Pe. Luiz Cechinato

A verdade sobre Jesus Cristo – Antonio González Roser

Apostilas do Curso Matter Eclesiae – D. Estêvão Tavares Bettencourt O.S.B.

Para Entender o Antigo Testamento – D. Estêvão Tavares Bettencourt O.S.B.

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