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Histórica
Unidade I: e Fontes do
Direito
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Unidade: Introdução Histórica e Fontes do Direito
As Origens de Roma
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trono ao velho Númitor.
Com o intuito de perpetuar a memória de seu salvamento, os irmãos
resolvem fundar uma cidade no mesmo local onde haviam sido amamentados
pela loba. Rômulo declara o local sagrado e marca os limites. Remo,
desdenhoso, transpõe o fosso com um salto, o que gera uma fúria em Rômulo
que acaba por assassiná-lo.
Rômulo termina a muralha da nova cidade e convida os habitantes dos
arredores a fixarem-se no local. A cidade cresce e, por ocasião de uma das
festas locais, os habitantes da cidade de Roma, aproveitando-se de uma
confusão criada por eles mesmos, raptam as filhas dos sabinos, seus vizinhos,
o que acaba em uma grande guerra.
Essa guerra só termina com a interferência das raptadas e depois de
longas negociações. Com a paz, romanos e sabinos passam a formar um só
povo: o povo romano.
O erudito Marcus Terentius Varro (Varrão) fixa tal acontecimento como
ocorrido no dia 21 de abril de 753 a.C., que acaba se tornando o ponto de
partida da fundação de Roma.
Muitos autores consideram, a despeito das lendas que existem acerca
de tal fundação, que a fundação de Roma seria obra dos Etruscos ocorrida em
dois momentos distintos: no primeiro, de ordem material, providenciaram a
secagem dos pântanos e alagados entre as colinas; no segundo, de ordem
política, houve uma organização social e política da cidade.
Ocorre que a opinião dominante é no sentido de que Roma teria sido
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para definir o que é o Direito Romano.
Histórica
Técnico-jurídica
Quadro elaborado de acordo com o entendimento do prof José Cretella Júnior (vide bibliografia)
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Em nossas primeiras aulas de Direito, aprendemos que o direito e a
sociedade estão entrelaçados, sendo que um não pode existir sem a outra. Ou
seja, “onde há sociedade, há direito” (ubi societas ibi jus).
Fica, então, mais clara a compreensão de que mesmos em seus
primórdios existia direito em Roma, mesmo que costumeiro. Isso fica
explicitado quando lembramos da lenda da criação de Roma e da morte de
Remo por ter, em tese, infringido uma norma moral-religiosa.
Ora, o estudo do Direito Romano não poderia deixar de ser olvidado
nesse contexto, a despeito de outros sistemas jurídicos antigos, como o direito
grego, assírio, persa, egípcio, porque, diferentemente dos outros, ouve uma
influência muito grande que nos alcançou.
Por isso, os principais doutrinadores dividem a importância do estudo do
Direito Romano em três grupos: razões históricas, razões práticas e razões
técnico-jurídicas.
Razões Históricas
Observe que o direito empregado em Roma floresceu por diversos
séculos. Pode-se dizer que Roma foi um verdadeiro laboratório do direito em
que diversas fórmulas foram testadas.
A observação dessa evolução do direito pode dar ao estudioso um
parâmetro quase exato do momento histórico do surgimento de determinado
instituto e as razões que fazem com que ele deixe de ser usado,
desaparecendo.
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Além disso, a compilação de Justiniano e o direito de sua época é
estudado na Europa desde o século XII, com grande influência na formação do
direito atual, com especiais reflexos nos códigos modernos, como o Código
Civil Francês (Código Napoleônico), de 1804, ainda em vigor.
O professor José Cretella Júnior nos informa que até os dias atuais o
Direito Romano encontra-se sendo aplicado em países com a Escócia e a
África do Sul.
Razões Técnico-jurídicas
Não se pode pensar, nos dias atuais, quando enfrentamos a formação
do jurista moderno, que passe em branco o estudo do Direito Romano.
Todos os mestres supremos do direito foram destacados em Roma
como exímios técnicos que empregaram e interpretaram o direito como em
nenhum outro lugar. Tanto é assim que essa arte é até hoje insuperável.
E os romanos foram os primeiros a organizar o direito. O Corpus Iuris
Civilis, por exemplo, tinha um livro especialmente feito para os estudiosos de
direito de Constantinopla (Institutas).
É importante seguir o caminho das instituições romanas até nossos dias,
entendendo até que ponto o Direito Romano é a fonte inicial de nosso direito,
sob pena de uma aplicação errada do direito moderno.
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estabelecidas e tomam seus lugares distintos. O pretor passou a atender as
questões jurídicas e o pontífice às questões religiosas.
A liberdade de pensar levou à liberdade de culto.
Ao final da República, em 27 a.C., muitos intelectuais aderem à doutrina
clássica do estoicismo, que pregava a renúncia aos prazeres temporais e o
desprezo pelas coisas terrenas. Essa doutrina teria sido importante para
preparar o terreno para o cristianismo.
A religião cristã foi legalizada no Período Imperial. O Edito de Milão, de
313 d.C. reservou ao cristianismo um lugar de destaque no Estado.
Posteriormente a religião cristã foi imposta como religião oficial de Roma. O
episcopado passou a exercer funções importantes na vida do império
decadente.
O Direito Medieval acabou tendo influência do cristianismo, estendendo-
se até nossos dias através das fontes ocidentais.
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caráter oficial dessa obra, ela não pode ser considerada como origem dos
códigos.
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Divisão Histórica de Roma
O romano, propriamente dito, estava mais ligado a casos práticos e não
se preocupava em classificações. Ocorre que os estudiosos do Direito
Romano, durante os séculos, optaram por estabelecer divisões didáticas que
favorecem os estudos.
A história de Roma pode ser dividida de duas formas: História Interna e
História Externa.
Período da Realeza
Esse período teve início com a própria fundação de Roma. A
constituição política de Roma, durante a realeza, resume-se em 3 termos: o
REI, o SENADO e os COMÍCIOS.
O REI era o magistrado único e vitalício. Sua sucessão não acontecia
pelo princípio da hereditariedade; ele era eleito pelo povo (havia uma índole
democrática). Seu poder não era autoritário, nem absolutista. Como Chefe de
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Estado, o rei tinha o comando supremo do exército, o poder de polícia, as
funções de juiz e sacerdote. Cabia ao rei, declarar guerras e celebrar tratados
de paz; ele podia presidir as assembleias populares, mas tinha a obrigação de
fazer cumprir as decisões das assembleias.
O SENADO era o conselho do rei; seus membros eram escolhidos por
ele e eram denominados de SENATORES ou PATRES. Quando o assunto era
muito importante, o rei devia consultá-lo, embora não tivesse a obrigação de
seguir o conselho. Para que as decisões das assembleias populares (comícios)
tivessem validade, precisavam ser confirmadas pelo Senado.
OS COMÍCIOS eram assembleias populares, geralmente convocadas
pelo rei, para aprovar ou rejeitar as propostas de quem as presidia, contudo,
não tinham poder de deliberação.
Período da República
Com a queda da Realeza, sucederam ao Rei os Magistrados, chamados
Cônsules, que eram eleitos para exercerem funções executivas.
A República Romana estabelecia a eleição anual dos governantes pelo
povo. O modelo republicano romano notabilizou-se por ter a participação
popular, como ponto primordial. Os dois cônsules eleitos tinham poderes
iguais; eram como dois presidentes em regime de distribuição de trabalho,
obedecendo a um certo revezamento (um deles assumia em tempo de paz e o
outro em tempo de guerra) e tomando sempre as decisões em conjunto.
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As magistraturas tinham características específicas, de acordo com cada
função. O mandado, por exemplo, era de apenas um ano, com exceção do
Censor, que tinha mandado de 5 anos, uma vez que o censo se realizava
nesse período.
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vence Farnaces na Ásia (Veni, vidi, vici), derrota os seguidores de Pompeu na
África e regressa a Roma, onde recebe do Senado, o título de DITADOR
PERPÉTUO. Um dos destaques do governo de César foi a anulação do poder
do Senado.
Segundo Triunvirato: Com a morte de César, decorre uma série de
agitações, da qual decorre a formação do segundo triunvirato por Marco
Antônio, Lépido e Otávio. Lépido foi logo descartado ao aceitar o título de
pontífice máximo. Marco Antônio separando-se de sua esposa, casa-se com
Cleópatra; os dois cometem suicídio, logo depois de Otávio vencer a batalha
naval do Ácio, em 2 de setembro de 31 a.C.
Período do Baixo Império (Dominato)
Nasceu com Diocleciano. Depois vieram as diversas dinastias dos
Césares e dos Antônios. Com Diocleciano, teve início a longa série de
governos despóticos e autoritários, que podem ser comparados às monarquias
absolutistas.
O período propriamente dito, considerado pelos doutrinadores, seria da
morte de Diocleciano até a morte de Justiniano (284 d.C. até 565 d.C.). O traço
político dominante nesse período é a concentração de poderes nas mãos do
soberano, que governa sozinho.
Nos quadros abaixo é possível ter uma visão geral dos principais
imperadores do Império Romano.
História Externa
Consiste na evolução jurídica das instituições políticas romanas.
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as funções militares, civis e religiosas. Os atos jurídicos eram cercados de
misticismo (até hoje, se revestem de um certo misticismo).
Período Clássico: nesta fase, o Direito Romano teve um
desenvolvimento muito especial, principalmente, com o advento da Lei Ebúcia,
em 285, que transformou por completo o esquema judiciário romano, com o
processo passando a ter denominação de PROCESSO FORMULÁRIO. Neste
período, à medida que a república vai se desenvolvendo, acontece a
separação do Direto Romano da religião. Assim, as causa religiosas passam a
ser de competência do Pontífice e os processos civis passam a ser atendidos
pelo pretor, juiz e jurisconsulto.
Período Pós-Clássico: nesta fase, ocorre reversão no sentido de
centralização da autoridade judiciária pelo imperador. Cria-se o Processo
Extraordinário, o que acaba gerando um excesso de burocracia e a
consequente decadência do Direito Romano. A centralização do poder na mão
do imperador trouxe a corrupção ao Baixo Império.
O Prof. José Cretella Júnior nos traz as fontes do Direito Romano por
períodos. Segue abaixo quais eram essas fontes, com uma breve descrição
sobre elas.
1. PERÍODO DA REALEZA
1.1. COSTUMES: “Uso repetido e prolongado de norma jurídica
tradicional, jamais proclamada solenemente pelo Poder Legislativo”.
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1.2. LEIS: “Resulta de uma declaração feita pelo poder
competente, advindo sua autoridade do acordo formal dos cidadãos”. Na
realeza “o rei propõe a lex ao povo, reunido em comícios curiatos (dos
patrícios) ou centuriatos (dos plebeus). O povo aceita ou rejeita a
iniciativa real.”
2. PERÍODO DA REPÚBLICA
2.1. COSTUME: Perdeu força, pois trazia traços de incerteza.
2.2. LEI: Lei Escrita (Lei das XII Tábuas).
2.2.1. Leges rogatae: “votadas pelo povo por iniciativa (rogatio) de
um magistrado”.
2.2.2. Leges datae: “aparecem no fim da era republicana. São
medidas tomadas em nome do povo por um magistrado a favor de
pessoas ou de cidades das províncias”.
2.3. PLEBISCITO: “É aquilo que a plebe deliberava por proposta
de um magistrado plebeu, como, por exemplo, um tribuno”. A princípio
aplicavam-se apenas aos plebeus. Após a Lei Hortênsia (286 a.C.)
adquirem valor de lei, passando a se designados pelo nome de lex.
2.4. INTERPRETAÇÃO DOS PRUDENTES: preenchimento de
lacunas da lei pelos jurisprudentes ou prudentes, adaptando
continuamente os textos legais às mudanças sucessivas do direito vivo.
Esse trabalho constitui a interpretatio.
2.5. EDITOS DOS MAGISTRADOS: espécie de plataforma que os
magistrados editavam, assim que eleitos, com as declarações (edicta)
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3. PERÍODO DO ALTO IMPÉRIO
3.1. COSTUME: Ainda desempenha papel importante como fonte
do Direito Romano.
3.2. LEI: As leges rogatae perdem importância. As leges datae
assumem importância capital. Estas se compõem em quatro partes:
index, contém o nome de quem teve a iniciativa da lei; praescriptio, o
nome e lugar em que a lei foi votada e referências aos títulos dos
magistrados; rogatio, diz respeito ao objeto e finalidade da lei; sanctio,
continha as penas aos infratores.
3.3. SENATOSCONSULTOS: “são medidas de ordem legislativa
que emanam do senado, ou seja, aquilo que o senado ordena e
constitui.” Muito parecido com o decreto legislativo dos dias atuais.
3.4. EDITOS DOS MAGISTRADOS: “perdem muito a importância
que tinham adquirido nos períodos anteriores. Aos poucos, os pretores
vão apenas reproduzindo os editos de seus antecessores”.
3.5. CONSTITUIÇÕES IMPERIAIS: ”Emanam formalmente do
imperador, mas são, na verdade, elaboradas pelo consilium, principis,
colégio constituído pelos mais célebres jurisconsultos da época. O que
agrada ao imperador tem força de lei (quod principi placuit legis habet
vigorem). Vão adquirindo importância gradual até que, com Diocleciano,
passam, na monarquia, a constituir a fonte única do direito romano”.
3.6. RESPOSTAS DOS PRUDENTES: “São as sentenças e
opiniões daqueles a quem é permitido fixar o direito. Nesse período os
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O Jurisconsulto e a Jurisprudência Romana
Jurisconsulto era a pessoa que resolvia dedicar a sua vida ao estudo do
Direito. Quando essa opção era feita, a pessoa se dedicava totalmente e em
tempo integral. Aos poucos, as pessoas iam tomando conhecimento que ele
era conhecedor do Direito e a ele recorriam para elucidar suas dúvidas. É a ele
que o juiz recorria, quando necessitava de algum esclarecimento sobre a
questão que estava analisando.
Era uma grande honra para o cidadão se aproximar do jurisconsulto para
consultá-lo. As pessoas satisfeitas com o atendimento recebido retribuíam com
dinheiro; quando acontecia de alguém não poder pagar, o atendimento era o
mesmo, pois o jurisconsulto sabia que logo viria alguém que poderia pagá-lo
muito bem.
Conforme o grau do seu conhecimento, o jurisconsulto era cada vez
mais valorizado por seus méritos. Sua maior recompensa era o
reconhecimento popular e sua consequente eleição como magistrado (pretor).
O PRETOR era um magistrado (não um juiz), eleito pelo povo para um período de
um ano. O número de pretores variava de acordo com as necessidades da
população. O pretor precisava necessariamente ter conhecimentos profundos do
Direito. Era o primeiro a atender as partes demandantes. Era o pretor que garantia
a execução da sentença quando dada pelo juiz.
O JUIZ não precisava ser conhecedor do direito, a ele bastava ser justo. Era um
cidadão comum do povo, cujo nome dentre uma lista de 1000 (mil), era escolhido
por um acordo dentre as partes; quando havia dificuldades na escolha, o nome do
juiz era sorteado dentre os nomes da lista de 1000 (mil) cidadãos honestos e
reconhecidamente justos.
O juiz não era remunerado, porque era escolhido apenas para aquele caso; após Unidade: Introdução Histórica e Fontes do Direito
proferir a sentença, seu trabalho estava terminado. Como não precisava conhecer
Direito, ele às vezes precisava recorrer ao jurisconsulto para, através dos
conhecimentos dele, esclarecer as suas dúvidas como juiz.
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jurisprudência era resultado do trabalho do jurisconsulto; servia como doutrina
e não como lei, já que a decisão de um caso não influa na de outros.
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Modestino. Com exceção de Gaio, todos eles foram ligados ao poder imperial,
principalmente Papiniano que desenvolveu atividade como jurista ligado ao
poder.
com bailarinas.
Teodora desempenhou um papel importante tanto na vida de Justiniano
como na do próprio Império, numa época em que a figura da mulher era muito
desvalorizada. O período Imperial de Justiniano foi caracterizado pelo
despotismo; quando aconteceu um movimento contra o absolutismo exagerado
de Justiniano, ele pensava fugir, mas Teodora com a frase “É melhor entregar
o poder com a morte do que com a covardia”, incentivou-o a ficar. Ficando,
Justiniano superou a crise daquele momento difícil e manteve-se no poder.
Esse episódio fez com que ele engrandecesse a esposa, valorizasse e
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favorecesse a posição feminina. Na Idade Média, por essa valorização da
figura da mulher, Justiniano era chamado pelo povo de “Legislador Uxorius”
(= legislador mulherio).
O imperador, que possuía uma incrível capacidade para o trabalho
chegando a ser apelidado de “inimigo do sono”, empreende a tarefa de
sintetizar, mandando reunir em um só corpo, numerosos textos de lei das
épocas anteriores e de sua época.
Toda a coletânea mandada realizar por Justiniano recebeu o nome de
“Corpus Iuris Civilis”, denominação dada pelo romanista francês Dionísio
Godofredo.
De todas as codificações, a que ganhou maior importância foi a de
Justiniano, que se propagou e chegou até nós. Nosso direito tem sua base no
Direito Romano do Baixo Império, e não no Direito Romano Clássico. O Código
Civil Brasileiro pode ser considerado como um prolongamento da obra de
Justiniano.
O Código
Em 528 d.C, um ano depois de assumir o poder, Justiniano nomeou uma
comissão de dez membros, entre eles Triboniano, para compilar as “Leges” (=
textos legais) já existentes. O trabalho foi feito rápido, já que essa codificação
foi feita na mesma linha das anteriores e uma parte do trabalho já estava feito.
Em 529, estava pronto o Código, que recebeu o nome de “Codex”.
Em 534 d.C. o Código foi atualizado e posto em dia com as novas
O Digesto
Logo após a promulgação do “Código”, Justiniano autorizou a
elaboração do “Digesto” em 530 d.C., para compilar os “Iuras” (= Doutrina) já
existentes. Como Justiniano não tinha condições de realizar o trabalho,
encarregou Triboniano de organizar a comissão composta por dezesseis
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membros (professores de Direito e advogados de primeira linha), para realizar
o projeto.
Entre as normas dadas por Justiniano para compilação do Digesto,
estava a ordem de só recolher a matéria da obra dos jurisconsultos que tinham
a autoridade conferida pelo Imperador. Quanto àqueles que não eram
reconhecidos pela autoridade imperial, também não eram dignos, segundo
Justiniano, de serem reconhecidos em seu Digesto. Só as obras de Ulpiano,
concorreram para cerca de um terço do Digesto.
Depois de consultar e compulsar quase 2.000 livros, alguns dos quais
raríssimos e da propriedade particular de Triboniano, a comissão concluiu o
trabalho em apenas três anos. Assim, em 533 ficava pronto o “Digesto” ou
“Pandectas” (em grego).
O Digesto reflete bem a mentalidade de uma época em que o Imperador
é o juiz supremo: toda a justiça emana dele e só pode ser distribuída em seu
nome e de acordo com suas leis.
Quinquaginta Decisiones: Durante a elaboração dos textos do
Digesto, para dirimir pontos controversos e adaptar os textos originais às
necessidades do regime imperial, Justiniano baixou a “Quinquaginta
Decisiones” (série de cinquenta decisões). Foi dada a Triboniano, autoridade
para modificar tudo o que fosse necessário, para atender aos interesses do
poder imperial. As alterações feitas nos textos originais, pelos compiladores do
Digesto, são conhecidas sob o nome de “interpolações” ou “tribonianismos”. Ao
término da obra, Justiniano manifestou a sua alegria e satisfação pelo feliz
As Institutas
Terminada a elaboração do Digesto, Justiniano escolheu três dos
compiladores: Triboniano, Doroteu e Teófilo, encarregando-os da organização
de um manual escolar, que servisse aos estudantes como introdução ao Direito
compilado no Digesto. Esse manual foi elaborado seguindo as Institutas de
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Gaio, o que facilitou a sua elaboração. Esse compêndio didático, que recebeu o
nome de “Institutas”, foi muito elogiado pela sua forma clara, facilmente
entendida por qualquer pessoa.
No século passado, houve uma descoberta surpreendente feita graças
aos estudos e pesquisas do jurista Niebuhr, profundo conhecedor da história
romana. Descobriu-se uma semelhança tão incrível entre as Institutas de
Justiniano e as de Gaio, que as de Justiniano podem ser consideradas um
plágio da obra de Gaio.
As Novelas
Foi a última parte da obra legislativa de Justiniano. Após a promulgação
do Código e do Digesto, Justiniano introduziu modificações na legislação
através de Constituições Imperiais. A compilação dessas leis do próprio
Justiniano recebeu o nome de “Novelas”.
As Interpolações
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Referências
ALVES, José Carlos Moreira. Direito romano. 14. ed., rev. cor. e aum.
Rio de Janeiro: Forense, 2007.
Apontamentos e contribuições do Professor Antônio Carlos Machado,
Universidadede Fortaleza.
CRETELLA JÚNIOR, José. Curso de direito romano. 30. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2007. 352 p.
DIGESTO de Justiniano: livro 1. 2. ed., rev. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2000. 150 p. ISBN 8520318622
MEIRA, Sílvio. A Lei das XII tábuas: fonte de direito público e privado.
3. ed.,
rev. e aum. Rio de Janeiro: Forense, 1972. 262 p.
MARKY, Thomas. Curso elementar de direito romano. 8. ed. São
Paulo: Saraiva, 1995. 209 p. ISBN 8502007130
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Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Josué Teixeira
Prof. Ms. Alexandre Aparecido Neves
Revisão Textual:
Prof.ª Drª Patrícia Silvestre Leite Di Iório
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