Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
Piripiri
Outubro/2009
Nunca foi tão evidente a dificuldade que nós brasileiros temos com a língua portuguesa, seja
ela escrita ou falada. Desde cedo na escola somos bombardeados com conceitos, exceções,
regras e padrões que nos são impostos, tudo isso para que possamos nos adequar a norma
culta.
Nas Primeiras palavras, Bagno trata a língua como dependente do ser humano para existir, faz
uma comparação bastante interessante ao dizer que a língua é um enorme iceberg e a norma
culta a ponta que emerge.
Para o autor a língua é algo dinâmico que se renova constantemente, enquanto a norma culta é
estática, velha, que se renovará com as mudanças feitas por outros lingüistas e pesquisadores.
Bagno ressalta que este é o maior e o mais sério dos mitos, pois está tão arraigado em nossa
cultura que até mesmo os intelectuais se deixam enganar por ele. Na verdade este mito é
muito prejudicial à educação, pois não reconhece a diversidade do português falado no Brasil.
O autor diz que estas duas opiniões são frutos do complexo de inferioridade, ou seja, o
sentimento de sermos colônia dependente de um pais mais antigo e mais “civilizado”. Bagno
mostra a diferença entre língua falada e língua escrita. E depois diz que é impossível um
nativo não saber falar sua língua materna.
Bagno afirma que o nosso ensino da língua sempre se baseou na norma culta de Portugal, as
regras que aprendemos na escola em boa parte não correspondem à língua que realmente
falamos e escrevemos no Brasil. Por isso achamos que “português é difícil”, pois temos que
decorar conceito e fixa regras que não significam nada para nós.
O Mito 4: “As pessoas sem instrução falam tudo errado”.
Segundo o autor o preconceito lingüístico se baseia na crença de que só existe uma única
língua portuguesa, e esta seria ensinada nas escolas, explicada nas gramáticas e catalogada
nos dicionários.
Bagno diz que é preciso abandonar essa ânsia de tentar atribuir a um único local ou a uma
única comunidade de falantes o “melhor” ou o “pior” português e passar a respeitar
igualmente todas as variedades da língua.
Neste mito percebemos a importância da língua escrita em relação à língua falada, entretanto
o autor diz que a língua escrita é uma tentativa de representação, pois sabemos que não existe
nenhuma ortografia no mundo que consiga reproduzir a fala com fidelidade.
Bagno neste mito fala sobre as questões do ensino da língua, a gramática. Além de descrever
o funcionamento da língua, ele ressalta que a mesma se tornou um instrumento dominação e
poder.
Este mito se relaciona com o primeiro, pois ambos tocam em serias questões sociais. Bagno
diz que o domínio da norma culta de nada vai adiantar a uma pessoa que não tenha seus
direitos de cidadão reconhecido plenamente.
Bagno nos mostra que esse círculo é formado por três elementos: a gramática tradicional, os
métodos tradicionais de ensino e os livros didáticos. O autor explica que a gramática
tradicional inspira a prática de ensino, que por sua vez provoca o surgimento do livro
didático, cujos autores recorrem a gramática tradicional como fonte de concepções e teorias
sobre a língua.
No terceiro capítulo “A desconstrução do preconceito lingüístico”.
O autor propõe algumas alternativas para resolver o problema analisado. Bagno diz que é
preciso reconhecer que o preconceito lingüístico esta aí, firme e forte. E não podemos acabar
com ele de uma hora para outra, porque isso será possível quando houver uma transformação
radical da sociedade em estamos inseridos.
Neste capítulo Marcos Bagno trava um combate ferrenho contra alguns lingüistas ( Napoleão
Mendes de Almeida, Pasquale Cipro Neto e outros), através da argumentação muito bem
fundamentada, o autor mostra que muita coisa está errada no ensino da língua no Brasil.
Agora entendo quando minha querida avó (Maria Francisca Fernandes) falava solo (sol), salo
(sal) e outras palavras que eu ouvia. Não era pelo fato dela não ser instruída, e sim pelo fato
da língua ser dinâmica, se renovar e evoluir no tempo.
Quantas vezes fui indelicado com a minha mãe (Raimunda Fernandes Silva) ao corrigi-la, até
mesmo na frente de outras pessoas.
Foi muito bom ter lido este livro, pois ele nos adverte para muitos fatos presentes em nossas
vidas. A partir desta leitura vou ser cuidadoso nos meus julgamentos do que é “certo” e
“errado”.
Referência Bibliográfica