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PODER JUDICIÁRIO FEDERAL

Tribunal Regional do Trabalho – 2ª Região

TRT/SP nº 02100.2006.090.02.00-9
RECURSO ORDINÁRIO - 9a Turma
RECORRENTE: NILZA MARIA VIOLATO
RECORRIDA: TRANSPEV PROCESSAMENTO E SERVIÇOS LTDA
ORIGEM: 90ª VARA/SÃO PAULO/SP.

1. Vistos, etc.
A sentença proferida pela Exma. Juíza Dra. Virginia
Maria de Oliveira Bartholomei, cujo relatório se adota, julgou parcialmente
procedente o pedido (fls. 356/362).
A reclamante interpõe recurso ordinário (fls. 364/374).
Busca a reforma da decisão que limitou a condenação ao pagamento do adicional de
horas extras; alega que mesmo na qualidade de horista, faz jus ao recebimento da
hora acrescida pelo adicional. Insiste no direito ao recebimento, como extras, das
horas trabalhadas além da sexta diária, não obstante o reconhecimento do direito em
relação às 44 semanais; sustenta que a decisão não considerou as horas trabalhadas
além da Sexta diária, embora não haja comprovação da existência de acordo de
compensação apto a autorizar o elastecimento da jornada no módulo diário. Invoca o
disposto no artigo 72 da CLT e adoção, por analogia, ao entendimento sedimentado
na Súmula 346 da CLT. Requer, ainda, o pagamento dos reflexos daí provenientes.
Renova os argumentos utilizados na peça de estréia acerca da suposta imposição de
redução salarial da ordem de 14,29% no valor do salário, sofrida ao longo do pacto
laboral e sem justificativa. Diz que os salários eram pagos com atraso, sendo devida a
multa prevista em norma coletiva para a hipótese. Reclama a devolução dos
descontos efetuados a título de contribuição confederativa, bem como a multa do
artigo 477 da CLT. Por fim, insiste no direito ao recebimento dos honorários
advocatícios.
Contrarrazões nihil. É o relatório.

VOTO

2. Conheço da medida recursal porque presentes os


pressupostos de admissibilidade.

3. Busca a reclamante a reforma da decisão que limitou


a condenação ao pagamento do adicional de horas extras, sob o argumento de
que, mesmo na qualidade de horista, faz jus ao recebimento da hora acrescida
pelo adicional previsto para a majoração.
Sem razão a recorrente.

Documento elaborado e assinado em meio digital. Validade legal nos termos da Lei n. 11.419/2006.
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À partida, cumpre destacar que em relação ao


período imprescrito, até dezembro de 2004, a própria autora postulou na
petição inicial, a teor da narrativa trazida na causa de pedir, apenas o
pagamento dos adicionais legais, consignando no item II de fl. 04 que: “Contudo,
não obstante o cumprimento da jornada descrita, a reclamante não recebia os adicionais de
horas extraordinárias trabalhadas, nem tampouco as horas extraordinárias refletiam em 13º
salários e férias +1/3. Destarte, deverá a reclamada ser condenada ao pagamento do adicional
de horas extras de 50% para as horas laboradas de segunda a sábado e 100% para as horas
laboradas nos feriados....” (g.n).
A par disso, no particular, a irresignação manifestada
no apelo e a tentativa de elastecer a condenação afigura-se inaceitável
inovação aos limites da lide.
No tocante ao período subsequente, a partir de
janeiro de 2005, melhor sorte não socorre à autora.
Isso porque, considerando-se que a recorrente era
empregada denominada horista, o pagamento, ainda que efetuado
mensalmente, abrangia a multiplicação do valor unitário pela totalidade das
horas mourejadas, aí incluídas aquelas excedentes ao limite legal. Dessa
dinâmica permite concluir-se que todas as horas trabalhadas foram
remuneradas da forma singela, remanescendo apenas o direito ao adicional,
incidente sobre aquelas excedentes ao limite legal. Entendimento contrário
importaria na permissão para a ocorrência de pagamento bis in idem.
Anoto, por oportuno, que a pretensão, de início, faria
sentido apenas se a autora fosse mensalista, tendo o valor do salário devido
pela satisfação, unicamente, das horas normais de trabalho, hipótese em que o
pagamento não importaria na absorção das extraordinárias. Todavia, a autora
sempre recebeu como horista e não logrou demonstrar eventuais diferenças na
forma de cálculo das horas trabalhadas, passíveis de ensejar eventuais
prejuízos. Nada a modificar.

4. Insiste a demandante no direito ao recebimento,


como extras, das horas trabalhadas além da 6ª diária; aduz que, embora o
Juízo a quo tenha deferido as extraordinárias laboradas a partir das 44
semanais, deixou de observar que não houve acordo de compensação apto a
afastar o direito à sobrejornada em relação ao elastecimento inclusive da carga
diária. Diz que a condenação deve alcançar não somente o módulo semanal,
mas também os excessos diários. Requer seja a recorrida condenada no
pagamento das horas extras mourejadas a partir da 6ª diária, reportando-se ao
disposto no artigo 72 da CLT e Súmula 346 do C. TST. Busca, ainda, as
incidências reflexivas.
Equivoca-se a reclamante quanto aos argumentos

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utilizados no apelo, na tentativa de obter a reforma do decidido. O fato de não


existir acordo de compensação não importa no reconhecimento do direito à
jornada reduzida de seis horas.
A autora postulou o pagamento, como extras, das
horas laboradas a partir da 06ª diária, invocando a condição de “digitadora”,
assim noticiando na causa de pedir:
“Os trabalhos da reclamante consistiam em retirar os documentos do malote,
efetuar a preparação (somar os cheques e anexar a soma ao montante de cheques),
digitação dos dados neles constantes. ....no mínimo 90% de sua jornada, era
exclusivamente para serviços contínuos de digitação. Por esta razão, a reclamante
tem direito de receber, como hora extra, toda a jornada que ultrapassou a 6ª hora
diária de trabalho, ao longo de todo o seu contrato junto à reclamada”. (fls.
06/07).

No entanto, a questão foi rechaçada na origem ao


fundamento de que a demandante não se ativou em serviços de digitação com
a exclusividade necessária e imprescindível ao reconhecimento do direito
reivindicado. A controvérsia foi dirimida com fundamento nas assertivas da
própria autora em depoimento.
Restou assente na decisão recorrida que a
impossibilidade de mensurar o tempo em que se dedicava à digitação impede o
reconhecimento do direito. Essa foi a razão pela qual não foi acolhida a
pretensão obreira acerca da jornada reduzida de seis horas. Porém, no
particular, nenhuma resistência foi ofertada pela autora em seu apelo, de forma
que, a matéria não foi devolvida para apreciação.
Outrossim, os argumentos utilizados no recurso não
ensejam o acolhimento da irresignação apresentada, de forma que a tentativa
de receber, como extras, pelas horas trabalhadas além da 6ª diária, deságua
mesmo na improcedência. Inexistindo principal, a mesma sorte acompanham
os reflexos postulados, por acessórios. Desprovejo.

5. As alegações da autora no sentido de ter sofrido


inaceitável redução salarial, da ordem de 14,29% no valor da hora trabalhada,
não foi objeto de prova.
Contrariamente ao argumento utilizado no apelo, o
documento 14 (encartado ao volume em apenso) é inservível aos fins colimados,
postando sem arrimo probatório o fato constitutivo do direito. Trata-se, o
documento em referência, da Guia de Recolhimento Rescisório do FGTS e
Contribuição Social, cujo teor não revela a suposta redução salarial. Mantenho.
6. Renova o pedido de recebimento da multa por atraso
no pagamento salarial, conforme assegurado em norma coletiva. Sustenta que

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os dias trabalhados no período de 01 a 19 eram pagos até o 5º dia útil do mês


subsequente, mas o interregno restante, compreendido de 20 a 31 daquele
mesmo mês, somente no 5º dia útil do mês após o subsequente.
A questão foi rechaçada na origem ao fundamento
de que, “não houve atraso no pagamento de salário, considerada a data de
fechamento da folha de pagamento”.
Andou bem o Juízo a quo. De fato, o procedimento
adotado pela empresa no tocante ao fechamento dos cartões de ponto no dia
20 de cada mês, nem de longe caracteriza o mencionado atraso no pagamento
salarial. Obviamente, os salários eram devidos sempre dentro do um interregno
mensal e o fato de haver fechamento no dia 19, 20 ou 25 não implicou em
descumprimento do dever legal de quitá-los até o 5º dia útil do mês
subsequente. Nada a reformar.

7. Aduz a recorrente fazer jus ao recebimento da multa


prevista no artigo 477 da CLT, sob o argumento de ter sido dispensada em
16.05.2005 e recebido o cheque relativo ao pagamento das verbas rescisórias
no dia 26.05.2005, após às 16h00. Computado o tempo para a compensação,
a disponibilização dos valores ocorreu após expirado o prazo previsto no § 6º
do dispositivo legal em apreço.
Sem razão. O Termo de Rescisão (doc. 12 em apartado)
comprova a dispensa em 16/05/2005, mediante aviso prévio indenizado e o
pagamento das verbas rescisórias na data da homologação da rescisão
contratual, ocorrida em 25/05/2005. Não houve atraso na quitação das verbas
resilitórias e a tese obreira quanto ao recebimento do pagamento mediante
“cheque” após às 16h00 não restou minimamente provado.
Desprovejo.

8. No tocante à contribuição confederativa e o pedido


para devolução dos descontos efetuados, prospera o inconformismo
manifestado no apelo.
Embora seguisse esta Relatora o direcionamento da
Súmula nº 666 do C. STF, quanto às contribuições confederativas só serem
exigíveis dos filiados ao sindicato respectivo, no tocante à contribuição
assistencial, aquela vinculada à prestação de serviços da entidade sindical aos
trabalhadores, me posicionava no sentido de que têm, estas últimas, amparo
legal, consoante Ementa de decisão oriunda do STF, segundo a qual a
contribuição assistencial é devida por todos os componentes da categoria,
associados ou não, por ser irrelevante a simples diferença existente entre
pertencer à categoria e ser ou não membro da entidade.

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Todavia, diante da jurisprudência atual sobre a


matéria emanada dos Tribunais Regionais do Trabalho e do C. Tribunal
Superior do Trabalho, perfilho do mesmo entendimento já exposto na
fundamentação da r. decisão recorrida, no sentido de que a cobrança da
contribuição assistencial dos não associados fere o direito constitucional do
trabalhador à livre associação e sindicalização, conforme entendimento
jurisprudencial cristalizado no Precedente Normativo nº 119, do C. TST.
Reformo.

9. A mesma sorte não assiste à autora quanto à


renovação do pleito referente ao recebimento dos honorários advocatícios.
Descabido o pedido de indenização por perdas e
danos, a título de gastos oriundos com a contratação de advogado. Não são
devidos os honorários advocatícios no processo do trabalho, tanto a favor do
reclamante como do reclamado. Apenas na hipótese da Lei 5584/70, quando a
parte está assistida por sindicato da categoria profissional e desde que
comprove a percepção de salário inferior ao dobro do mínimo legal ou
encontrar-se em situação econômica que não lhe permita demandar sem
prejuízo do próprio ou da sua família, consoante Súmula 219 do C. TST.
Nada a reformar.

10. Ante o exposto, ACORDAM os Magistrados da 9ª


Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região em: rejeitar a preliminar
de inépcia da petição inicial e, no mérito, DAR PROVIMENTO PARCIAL ao
recurso da reclamante apenas para acrescer à condenação a devolução dos
valores descontos a título de contribuições assistenciais e confederativas, nos
termos da fundamentação do voto da relatora.

RITA MARIA SILVESTRE


Desembargadora Relatora

a.rm

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