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A Verdade, a Razão e a Lógica
I – Introdução
II – A VERDADE
1 - Origem da palavra verdade e seu significado
Grego: aletheia - não oculto, não escondido, é o que se manifesta aos
olhos. O verdadeiro é o evidente ou o plenamente visível pela razão.
Latim: veritas - precisão, exatidão de um relato. Diz respeito à
linguagem, a narrativa fiel a um fato.
Hebraico: emunah – confiança
Verdade significa algo que é manifestado, evidente, que traz em si a
precisão e porporciona confiança.
A verdade é fundamental, pois ela é considerada um valor. A verdade dá
um sentido às coisas, aos seres humanos, ao mundo.
Que sentido é esse que a verdade proporciona aos seres humanos e ao
mundo? Por que desejamos tanto a verdade?
III - A RAZÃO
1 – O que é Razão?
Dissemos que a Filosofia se define como conhecimento racional da
realidade natural e cultural, das coisas e dos seres humanos.
Dissemos que a Filosofia confiou na razão e que, hoje, ela também
desconfia da razão. Mas, até agora, não dissemos o que é a razão, apesar de
ser ela tão antiga quanto a Filosofia.
O que é a razão?
Nós consideramos a razão como a atividade intelectual de conhecimento
da realidade natural, social, psicológica, histórica.
Nós a concebemos segundo o ideal da clareza, da ordenação e do rigor e
precisão dos pensamentos e das palavras.
Nós consideramos a razão como a consciência moral que orienta as
paixões, a vontade e a ética.
Para muitos filósofos, porém, a razão não é apenas a capacidade moral e
intelectual dos seres humanos, mas também uma propriedade ou qualidade
primordial das próprias coisas, existindo na própria realidade. Para esses
filósofos, nossa razão pode conhecer a realidade (Natureza, sociedade, História)
porque ela é racional em si mesma.
3 – O que é a razão?
Desde o começo da Filosofia, a origem da palavra razão fez com que ela
fosse considerada oposta a quatro outras atitudes mentais:
1º. Ao conhecimento ilusório, isto é, ao conhecimento da mera aparência
das coisas que não alcança a realidade ou a verdade delas; para a razão, a
ilusão provém de nossos costumes, de nossos preconceitos, da aceitação
imediata das coisas tais como aparecem e tais como parecem ser. As ilusões
criam as opiniões que variam de pessoa para pessoa e de sociedade para
sociedade. A razão se opõe à mera opinião;
2º. Às emoções, aos sentimentos, às paixões, que são cegas, caóticas,
desordenadas, contrárias umas às outras.
3º. À crença religiosa, em que a verdade nos é dada pela fé numa
revelação divina, não dependendo do trabalho de conhecimento realizado pela
nossa inteligência ou pelo nosso intelecto.
4º. Ao êxtase místico, no qual o espírito mergulha nas profundezas do
divino e participa dele, sem qualquer intervenção do intelecto ou da
inteligência, nem da vontade. Pelo contrário, o êxtase místico exige um estado
de abandono, de rompimento com a atividade intelectual e com a vontade, um
rompimento com o estado consciente, para entregar-se à fruição do abismo
infinito. A razão ou consciência se opõe à inconsciência do êxtase.
A razão, em sua origem, é a capacidade intelectual de pensar e exprimir-
se correta e claramente, de modo a organizar e ordenar a realidade, os seres,
os fatos e as idéias.
4 - Os princípios racionais
O conhecimento racional obedece a certas regras ou leis fundamentais,
que respeitamos até mesmo quando não conhecemos diretamente quais são e
o que são. Nós as respeitamos porque somos seres racionais e porque são
princípios que garantem que a realidade é racional.
Esses princípios possuem validade universal, isto é, onde houver razão
(nos seres humanos e nas coisas, nos fatos e nos acontecimentos), em todo o
tempo e em todo lugar, tais princípios são verdadeiros e empregados por todos
(os humanos) e obedecidos por todos (coisas, fatos, acontecimentos).
Esses princípios são necessários, isto é, são indispensáveis para o
pensamento e para a vontade, indispensáveis para as coisas, os fatos e os
acontecimentos. Indicam que algo é assim e não pode ser de outra maneira.
Necessário significa: é impossível que não seja dessa maneira e que pudesse
ser de outra.
5 – A história da razão
A idéia de razão que apresentamos até aqui e que constitui o ideal de
racionalidade criado pela sociedade européia ocidental sofreu alguns abalos
profundos desde o início do século XX.
A imprevisibilidade dos seres humanos, a indeterminação da Natureza, a
diversidade das culturas e os acontecimentos sociais e políticos mundiais foram
alguns dos problemas que abalaram a razão, no século XX.
A esse abalo devemos acrescentar dois outros. O primeiro deles foi trazido
por um não-filósofo, Marx, quando introduziu a noção de ideologia; o segundo
também foi trazido por um não-filósofo, Freud, quando introduziu o conceito de
inconsciente.
A noção de ideologia veio mostrar que as teorias e os sistemas filosóficos
ou científicos, aparentemente rigorosos e verdadeiros, escondiam a realidade
social, econômica e política, e que a razão, em lugar de ser a busca e o
conhecimento da verdade, poderia ser um poderoso instrumento de
dissimulação da realidade, a serviço da exploração e da dominação dos homens
sobre seus semelhantes. A razão seria um instrumento da falsificação da
realidade e de produção de ilusões pelas quais uma parte do gênero humano se
deixa oprimir pela outra.
A noção de inconsciente, por sua vez, revelou que a razão é muito
menos poderosa do que a Filosofia imaginava, pois nossa consciência é, em
grande parte, dirigida e controlada por forças profundas e desconhecidas que
permanecem inconscientes e jamais se tornarão plenamente conscientes e
racionais.
Fatos como esses somados à descobertas na física, na lógica, na
antropologia, na história e na psicanálise levaram o filósofo francês Merleau-
Ponty a dizer que uma das tarefas mais importantes da Filosofia contemporânea
deveria ser a de encontrar uma nova idéia da razão, uma razão alargada, na
qual pudessem entrar os princípios da racionalidade definidos por outras
culturas e encontrados pelas descobertas científicas.
6- A atividade racional
A Filosofia distingue duas grandes modalidades da atividade racional,
realizadas pela razão subjetiva (existente no homem): a intuição (ou razão
intuitiva) e o raciocínio (ou razão discursiva).
6.1 - A intuição é uma compreensão global e instantânea de uma
verdade, de um objeto, de um fato. Nela, de uma só vez, a razão capta todas as
relações que constituem a realidade e a verdade da coisa intuída. É um ato
intelectual de discernimento e compreensão, como, por exemplo, o momento
em que percebemos, num só lance, um caminho para a solução de um
problema científico, filosófico ou vital.
6.1.1 - A intuição sensível ou empírica é psicológica, isto é,
refere-se aos estados das sensações, lembranças, imagens, sentimentos,
desejos e percepções, são exclusivamente pessoais.
6.1.2 - A intuição intelectual difere da sensível justamente por
sua universalidade e necessidade. A intuição intelectual é o conhecimento
direto e imediato dos princípios da razão (identidade, contradição, terceiro
excluído, razão suficiente), das relações necessárias entre os seres ou entre as
idéias, da verdade de uma idéia ou de um ser.
6.2-A razão discursiva, o raciocínio, se dá pela
dedução, indução e abdução. O raciocínio é o conhecimento que exige provas e
demonstrações e se realiza igualmente por meio de provas e demonstrações
das verdades que estão sendo conhecidas ou investigadas. Não é um ato
intelectual, mas são vários atos intelectuais internamente ligados ou
conectados, formando um processo de conhecimento
6.2.1 - A dedução consiste em partir de uma verdade já conhecida
(seja por intuição, seja por uma demonstração anterior) e que funciona como
um princípio geral ao qual se subordinam todos os casos que serão
demonstrados a partir dela. Em outras palavras, na dedução parte-se de uma
verdade já conhecida para demonstrar que ela se aplica a todos os casos
particulares iguais. Por isso também se diz que a dedução vai do geral ao
particular ou do universal ao individual. O ponto de partida de uma dedução é
ou uma idéia verdadeira ou uma teoria verdadeira.
6.2.2 - A indução realiza um caminho exatamente contrário ao da
dedução. Com a indução, partimos de casos particulares iguais ou semelhantes
e procuramos a lei geral, a definição geral ou a teoria geral que explica e
subordina todos esses casos particulares. A definição ou a teoria são obtidas no
ponto final do percurso. E a razão também oferece um conjunto de regras
precisas para guiar a indução; se tais regras não forem respeitadas, a indução
será considerada falsa.
6.2.3 - A abdução é uma espécie de intuição, mas que não se dá
de uma só vez, indo passo a passo para chegar a uma conclusão. A abdução é a
busca de uma conclusão pela interpretação racional de sinais, de indícios, de
signos. O exemplo mais simples oferecido por Peirce para explicar o que seja a
abdução são os contos policiais, o modo como os detetives vão coletando
indícios ou sinais e formando uma teoria para o caso que investigam.
7 - A razão e a história
Em cada época de sua história, a razão cria modelos ou paradigmas
explicativos para os fenômenos ou para os objetos do conhecimento, não
havendo continuidade nem pontos comuns entre eles que permitam compará-
los. Em lugar de um processo linear e contínuo da razão, fala-se na invenção de
formas diferentes de racionalidade, de acordo com critérios que a própria razão
cria para si mesma.
Assim, por exemplo, a teoria da relatividade, elaborada por Einstein, não é
continuação evoluída e melhorada da física clássica, formulada por Galileu e
Newton, mas é outra física, com conceitos, princípios e procedimentos
completamente novos e diferentes. Temos duas físicas diferentes, cada qual
com seu sentido e valor próprio.
A razão grega é diferente da medieval que, por sua vez, é diferente da
renascentista e da moderna. A razão moderna e a iluminista também são
diferentes, assim como a razão de Hegel é diferente da contemporânea.
III – LÓGICA
1 - Definição:
A lógica faz parte de nosso cotidiano.
Lógica é sempre usada para dizer algo coerente, sem contradição, óbvio,
conclusão.
A lógica tem cada vez mais ampliada a sua importância em virtude do
desenvolvimento da ciência e da tecnologia.
É um instrumento indispensável em filosofia, matemática, computação,
direito, lingüística, ciências da natureza e tecnologia, robótica, administração
A lógica é um importante instrumento para organizar as idéias de forma
rigorosa, de maneira a não tirarmos conclusões inadequadas a partir dos
enunciados dados.
Ex: Toda estrela brilha com luz própria.
Ora, nenhum planeta brilha com luz própria.
Logo, nenhum planeta é estrela.
Para que esse tipo de argumentação não ocorra, é preciso que o filósofo
ou cientista saiba as regras e os princípios que orientam a lógica.
Existem princípios que orientam a lógica, são eles: da não-contradição, da
identidade, do terceiro excluído (falso/verdadeiro) e de razão suficiente.
A lógica é composta pela exposição de proposição, argumento e
conclusão.
Existe a proposição – pode ser verdadeira ou falsa – é uma afirmação. A
proposição é verdadeira se corresponde ao fato que expressa.
Existe a argumentação – pode ser válida ou inválida – é um discurso que
encadeia proposições de maneira a chegar a uma conclusão. A argumentação é
válida quando sua conclusão é uma conseqüência lógica de suas premissas.
A inferência é o processo de pensamento pelo qual, a partir das
proposições, chegamos a uma conclusão. A lógica vai orientar a estrutura da
inferência e vê se ela é válida ou inválida
Definição: lógica é o estudo dos métodos e princípios da argumentação,
que é utilizado como instrumento para organizar o pensamento, o raciocínio.
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