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BOLETIM INFORMATIVO Nº 35/08 – ANO V


(30 de setembro 2008)

1. REAVALIAÇÃO DO ATIVO IMOBILIZADO


A questão da Reavaliação Patrimonial tem sido muito debatida no meio contábil,
especialmente após a edição da Lei nº 11.638/07, que alterou a Lei nº 6.404/76, em
especial devido a nova redação do parágrafo 3º do art. 182, que extinguiu a Reserva
de Reavaliação:
o
§ 3 Serão classificadas como ajustes de avaliação patrimonial, enquanto não
computadas no resultado do exercício em obediência ao regime de competência, as
o
contrapartidas de aumentos ou diminuições de valor atribuído a elementos do ativo (§ 5
o
do art. 177, inciso I do caput do art. 183 e § 3 do art. 226 desta Lei) e do passivo, em
decorrência da sua avaliação a preço de mercado. (Redação dada pela Lei nº 11.638,de
2007)

As dúvidas existentes, basicamente são as seguintes:

a) As empresas realmente estão impedidas de realizar a reavaliação espontânea


dos bens do ativo imobilizado? Caso positivo, tal impedimento atinge todas as
empresas ou apenas as Sociedades de Grande Porte?
b) Seria possível realizar a reavaliação do imobilizado e contabilizar a contra-
partida do aumento do ativo, na conta de Ajuste de Avaliação Patrimonial?

A seguir apresentaremos algumas considerações, na tentativa de contribuir para o


esclarecimento desse importante assunto.

O artigo 8º da Lei nº 6.404/76, que disciplina critérios para elaboração do laudo de


avaliação dos bens, não foi revogado nem modificado, cujo texto é transcrito a
seguir:
Art. 8º A avaliação dos bens será feita por 3 (três) peritos ou por empresa especializada,
nomeados em assembléia-geral dos subscritores, convocada pela imprensa e presidida
por um dos fundadores, instalando-se em primeira convocação com a presença
desubscritores que representem metade, pelo menos, do capital social, e em segunda
convocação com qualquer número.

§ 1º Os peritos ou a empresa avaliadora deverão apresentar laudo fundamentado, com a


indicação dos critérios de avaliação e dos elementos de comparação adotados e
instruído com os documentos relativos aos bens avaliados, e estarão presentes à
assembléia que conhecer do laudo, a fim de prestarem as informações que lhes forem
solicitadas

...............................

Rua Dr. Mário Totta, 714 – 3º andar - Fone / Fax (51) 3269.3299 – Bairro Tristeza – Porto Alegre/RS – CEP 91920-130
CNPJ/MF 93.753.580/0001-79 – Reg. CRC/RS 3.025 – Credenciamento OCB nº 374 – Registro CVM nº 7.234
e-mail: dickelemaffi@dickelemaffi.com.br
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De outro lado, a Resolução do CFC nº 1.004/2004, que aprovou a NBC T 19.6,


estabelece os critérios e procedimentos para registro contábil e divulgação da
reavaliação do ativo imobilizado, também permanece em vigor.

Outrossim, lembramos que o BACEN publicou a Circular nº 3.386, de 03/06/2008,


estabelecendo procedimentos relativos ao registro contábil de reavaliação de
imóveis de uso próprio por parte de administradoras de consórcio, vedando tais
sociedades a realizarem a reavaliação desses ativos e impedindo a constituição das
respectivas reservas de reavaliação, porém, com vigência somente a partir da data
da publicação da sua publicação, que ocorreu em 05/06/2008.

A CVM também já se pronunciou sobre este assunto, através da Instrução CVM nº


469, de 2 de maio de 2008, manifestando o entendimento no sentido de impedir
novas reavaliações e facultando a manutenção da reserva de reavaliação existente,
até a sua efetiva realização.

A Agência Nacional de Saúde publicou a Resolução Normativa nº 143/2007,


tratando da reavaliação de bens imóveis, a qual também permanece em vigor.

Ocorre que as alterações introduzidas pela Lei nº 11.638/07, expressamente


atingem as sociedades anônimas e sociedades de grande porte, tal como definido
no artigo 3º dessa lei:
o
Art. 3 Aplicam-se às sociedades de grande porte, ainda que não constituídas sob a
forma de sociedades por ações, as disposições da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de
1976, sobre escrituração e elaboração de demonstrações financeiras e a obrigatoriedade
de auditoria independente por auditor registrado na Comissão de Valores Mobiliários.

Parágrafo único. Considera-se de grande porte, para os fins exclusivos desta Lei, a
sociedade ou conjunto de sociedades sob controle comum que tiver, no exercício social
anterior, ativo total superior a R$ 240.000.000,00 (duzentos e quarenta milhões de reais)
ou receita bruta anual superior a R$ 300.000.000,00 (trezentos milhões de reais).

A nova redação dada ao artigo 177 da Lei nº 11.638/07, em seu parágrafo 5º,
estabelece o seguinte:

o
§ 5º As normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários a que se refere o § 3
deste artigo deverão ser elaboradas em consonância com os padrões internacionais de
contabilidade adotados nos principais mercados de valores mobiliários.

Para complicar ainda mais a matéria, lembramos que as normas internacionais de


contabilidade, editadas pelo IASB, contemplam a possibilidade da reavaliação dos
bens do ativo imobilizado, logo, há um evidente conflito entre a Lei nº 11.638/07 e as
normas internacionais de contabilidade.

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Se a intenção é a busca da convergência das normas brasileiras às normas


internacionais de contabilidade, conforme já previsto na Resolução CFC nº 1.055/05,
inadmissível o conflito ora mencionado:

Art. 3º O Comitê de Pronunciamentos Contábeis – (CPC) tem por objetivo o estudo, o


preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre procedimentos de
Contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir a emissão de
normas pela entidade reguladora brasileira, visando à centralização e uniformização do
seu processo de produção, levando sempre em conta a convergência da Contabilidade
Brasileira aos padrões internacionais.

Diante do exposto, concluímos que a vedação de realizar a reavaliação espontânea


do ativo imobilizado somente se aplica às sociedades anônimas e sociedades de
grande porte, pelo menos enquanto não houver norma expressa em sentido
contrário.

Outrossim, caso as demais sociedades venham a realizar a reavaliação dos seus


bens do ativo imobilizado, entendemos que devem registrar a contra-partida do
aumento do ativo na conta de Reserva de Reavaliação, observando especialmente a
Resolução CFC nº 1.004/2004.

2. TRIBUTAÇÃO DO GANHO NA ALIENAÇÃO DO IMOBILIZADO


Preliminarmente, cumpre informar que a tributação do Imposto de Renda das
Sociedades Cooperativas está prevista no artigo 111 da Lei nº 5.764/71:

Art. 111 - Serão considerados como renda tributável os resultados positivos


obtidos pelas cooperativas nas operações de que tratam os artigos 85, 86 e 88
desta Lei.

De outro lado, os artigos 85, 86 e 88 da Lei nº 5.764/71, foram reproduzidos no


artigo 183 do Decreto nº 3.000/99, que é o atual Regulamento do Imposto de Renda:

Art. 183 - As sociedades cooperativas que obedecerem ao disposto na


legislação específica pagarão o imposto calculado sobre os resultados
positivos das operações e atividades estranhas à sua finalidade, tais como (Lei
nº 5.764, de 1971, arts. 85, 86, 88 e 111 e Lei nº 9.430, de 1996, arts. 1º e 2º):

I - de comercialização ou industrialização, pelas cooperativas agropecuárias


ou de pesca, de produtos adquiridos de não associados, agricultores,
pecuaristas ou pescadores, para completar lotes destinados ao cumprimento
de contratos ou para suprir capacidade ociosa de suas instalações industriais;

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II - de fornecimento de bens ou serviços a não associados, para atender aos


objetivos sociais;

III - de participação em sociedades não cooperativas, públicas ou privadas,


para atendimento de objetivos acessórios ou complementares.

Especificamente sobre o tratamento tributário aplicável aos resultados obtidos na


alienação dos bens do ativo imobilizado, nas Sociedades Cooperativas,
encontramos as seguintes decisões:

1. O Tribunal Federal de Recursos, decidiu no processo de Apelação Cível nº


61.465 (DJ de 19/12/84) que os resultados positivos nas operações sociais
das cooperativas não são considerados renda tributável, excetuadas as de
que tratam os artigos 85, 86 e 88 da Lei nº 5.764/71. Não se insere na
exceção, isto é, não constitui fato imponível a venda isolada de máquina ou
veículo já inservíveis, por não se enquadrar na hipótese de incidência do
citado art. 86. Sentença confirmada.

2. O Conselho de Contribuintes decidiu pelo ac. nº 107-05.674/99 (DOU de


20/09/99) que em se tratando de alienação de bens do ativo utilizados nas
operações com cooperados e não cooperados, seus resultados devem ser
rateados entre essas atividades, como fizera a recorrente. Recurso provido por
unanimidade.

3. No caso de bens pertencentes ao Ativo Permanente, utilizados em


operações praticadas com cooperados e não cooperados, os resultados
devem ser rateados entre essas atividades, proporcionalmente às receitas
derivadas das mesmas operações (ac. nº101-92.912/99, publicado no DOU de
02/06/2000).

4. A CSRF decidiu pelo ac. nº 01-05-139/2004 (DOU de 16/05/06) que a venda


de ativo imobilizado, ainda que permitida, não se qualifica como ato
cooperativo tal qual definido no art. 79 da Lei 5.764/71. Portanto, o ganho de
tal operação está sujeita à tributação pelo IRPJ e CSLL (art. 111, Lei
5.764/71).

Conforme se observa, predominam as decisões em favor das Sociedades


Cooperativas, pela não tributação dos ganhos obtidos na alienação de bens do
imobilizado, havendo também decisão pela tributação proporcional aos atos não
cooperativos.

Nota-se que os bens do ativo imobilizado, enquanto utilizados na atividade


operacionais das empresas, geram encargos de depreciação (despesas ou custos),
que reduzem o lucro das pessoas jurídicas, por conseqüência, também reduzem a
tributação. Este fato não ocorre nas Sociedades Cooperativas, enquanto operam
apenas com cooperados, pois os encargos de depreciação são suportados pelos
próprios sócios, os seja, são os cooperados que pagam tais encargos e com isso,
recebem menos pela comercialização dos seus produtos.
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Diante desse pressuposto, o resultado obtido na venda de bens do ativo imobilizado


utilizados nas atividades operacionais, nas Sociedades Cooperativas, deve integrar
o resultado dos atos cooperativos e caso tais resultados sejam distribuídos entre os
sócios, os mesmos devem ser oferecidos à tributação na declaração de renda das
pessoas físicas.

Outrossim, o aumento do valor dos bens em decorrência da sua reavaliação,


resultará no aumento dos encargos de depreciação nos períodos futuros, por
conseguinte, reduzirá o resultado a ser distribuído entre os cooperados, o que será
compensado pela reversão da Reserva de Reavaliação, na mesma proporção.
Desta forma, ainda que a depreciação seja contabilizada no custo/despesa e a
reserva seja revertida para a conta de Sobras ou Perdas à disposição da AGO, tal
procedimento não traz qualquer efeito tributável para a pessoa jurídica,
especialmente se a Cooperativa opera exclusivamente com os cooperados. Em
síntese, com ou sem a reavaliação a Cooperativa não terá qualquer resultado
tributável, ainda que tenha reavaliado seus bens.

No caso da alienação dos bens reavaliados, entendemos que a tributação da


Reserva de Reavaliação deve seguir o critério da proporcionalidade das operações
com terceiros, tal como está previsto no Parecer Normativo CST 49/87. Este
parecer, determina que os custos, encargos, provisões e outros valores indedutíveis,
sejam adicionados ao “lucro tributável” das Sociedades Cooperativas, na proporção
das operações com terceiros. Por analogia, o mesmo critério se aplica para a
realização da Reserva de Reavaliação.

Em suma, entendemos que não há previsão legal para a tributação do ganho obtido
na alienação de bens do ativo imobilizado, nas Sociedades Cooperativas, face ao
disposto no artigo 111 da Lei nº 5.764/71 e art. 183 do Decreto nº 3.000/99.

No caso da fiscalização da Receita Federal do Brasil (RFB) interpretar de forma


diferente, entendemos que existem bons argumentos de defesa, inclusive as
decisões judiciais anteriormente citadas.

DORLY DICKEL – Responsável Técnico


Contador CRC/RS 031335/T/SC/S/RS
DICKEL & MAFFI – Auditoria e Consultoria S/S
www.dickelemaffi.com.br
dorly@dickelemaffi.com.br

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