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28/02/2008 - Especial: IFRS trará revolução nos lucros de empresas Página 1 de 1

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[ 28 de fevereiro de 2008 - 07:00 ]

Especial: IFRS trará revolução nos lucros de empresas


São Paulo - Os balanços das companhias abertas brasileiras passarão por uma verdadeira revolução quando as normas contábeis
forem inteiramente convertidas para o padrão internacional, o IFRS. Segundo especialistas, as mudanças são significativas, mas
não é possível garantir que haverá tendência de alta ou queda em lucros ou patrimônios.

Um fato é certo: Gerdau e Grendene, que já fizeram conciliações de resultados em 2007, tiveram altas nos ganhos líquidos. Além
disso, uma pesquisa internacional mostrou tendência de aumento nos lucros dos bancos europeus quando estes tiveram de se
adaptar, no balanço de 2004. Na abertura dos números é possível ver o efeito de dois dos pontos mais citados por especialistas
como cruciais nas mudanças: a contabilização do ágio e os incentivos fiscais.

Muitas novidades contábeis já estão previstas na nova lei do setor, aprovada no fim do ano passado, e outras virão até 2010. O
objetivo da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é que todas as sociedades por ações tenham seus balanços adequados às
normas contábeis internacionais até aquele ano.

No balanço de 2007, a Gerdau indica patrimônio líquido de R$ 11,420 bilhões nas normas brasileiras, mas R$ 16,642 bilhões em
IFRS, o que inclui R$ 3,929 bilhões em participações de minoritários. Já o lucro é de R$ 2,288 bilhões em norma local, contra R$
4,310 bilhões pelas regras internacionais. Entre os ajustes positivos estão efeitos de ágio, de opções de compra e venda de ações
e reclassificação cambial, além da participação dos minoritários.

Na Grendene, o patrimônio varia pouco: R$ 1,109 bilhão pela regra local e R$ 1,128 bilhão em IFRS (acumulado até setembro). O
lucro, no entanto, dá um salto, e passa de R$ 75,925 milhões para R$ 156,2 milhões. Foram contabilizados mais R$ 84,374
milhões em incentivos fiscais. "Os montantes incentivados são registrados diretamente a crédito do patrimônio líquido, sub-conta
de incentivos fiscais, considerados como subvenção para investimentos. Para fins de IFRS os incentivos são apresentados em
resultados de exercício", diz a empresa nas notas explicativas.

Vanderlei Minoru Yamashita, sócio da área financeira da Deloitte Touche Tohmatsu, afirma que as alterações mostraram em geral
aumento nos lucros dos bancos europeus, quando estes tiveram que adotar o IFRS. O impacto do ágio foi crucial.

Ele conta que o Instituto dos Auditores Independentes da Inglaterra e do País de Gales (ICAEW) realizou um estudo, exigido pela
Comissão Européia, sobre o impacto da implementação do IFRS na União Européia. Num levantamento selecionado pela Deloitte
com 11 bancos e números de 2004, verifica-se que, de todos, apenas dois registraram perdas de resultado com a transição:
Barclays e ING. Esse último teve impacto de amortizações de software. Já os principais ganhadores foram Credit Agricole, BP e
RBS. O primeiro contabilizou benefícios de ágios em compras.

Em relação ao patrimônio, com base no mesmo ano mas levando em conta oito instituições financeiras, o impacto foi diferente.
Quatro delas viram aumento nessa linha do balanço, e a outra metade apurou queda. No primeiro grupo, BP e Dexia tiveram
benefício de reversão de reservas não específicas. Já o Barclays perdeu com a contabilização de opções em ações próprias. Entre
as mudanças relevantes está o aumento significativo do total dos ativos e passivos.

Adaptação

Muitas companhias brasileiras já divulgam balanços em normas estrangeiras, ou fazem a conciliação. A esmagadora maioria, no
entanto, o faz padrão contábil dos Estados Unidos (US GAAP). Isso porque quem deseja negociar ações naquele país é obrigado a
apresentar os resultados financeiros por este critério.

Outra exigência de balanços internacionais veio com o Novo Mercado da Bovespa, segmento de listagem que prioriza
transparência e governança corporativa nas companhias. Pelo regulamento da bolsa, a empresa deve elaborar demonstrações
financeiras em IFRS ou US GAAP, que deverão ser apresentadas na íntegra, em inglês. Outra opção é divulgar, também em
inglês, a íntegra das demonstrações financeiras, relatório da administração e notas explicativas, elaboradas de acordo com a
legislação societária brasileira, acompanhadas de nota explicativa adicional com conciliação de resultado do exercício e do
patrimônio líquido em IFRS ou US GAAP.

A Bovespa explica que, atualmente, as empresas têm prazo de dois anos para apresentarem os balanços diferenciados, a contar
de sua entrada no Novo Mercado. O último levantamento da Bolsa, feito em junho de 2007, tinha poucas companhias, já que
contava apenas com as que ingressaram em 2004. As empresas que entraram a partir de 2005 têm até abril de 2008 para
divulgar os balanços em normas estrangeiras. Pela pesquisa, das oito que se adequaram, três escolheram o IFRS ou
reconciliação: Grendene, Porto Seguro e Energias do Brasil. As demais divulgaram em US GAAP: CCR, Natura, CPFL Energia,
Sabesp e Dasa. (Aline Cury Zampieri)

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[ 28 de fevereiro de 2008 - 07:00 ]

Especial: ágio, incentivo fiscal e valor justo são destaques em IFRS


São Paulo - A nova forma de contabilizar ágio nas chamadas "combinações de negócios" (business combinations) pode aumentar
os lucros, sobretudo de empresas em processo de consolidação setorial, segundo especialistas. Sérgio Romani, sócio líder de
auditoria da Ernst & Young, lembra que as normas contábeis brasileiras registram o ágio de uma compra de empresa pela
diferença entre o valor pago e o chamado preço de livro, normalmente mais baixo. Depois, esse montante é amortizado em até
dez anos.

Pelo IFRS, o ágio acaba sendo a diferença entre o valor pago e o de mercado - que hoje tende a superar o patrimonial, e por isso
acaba sendo menor. Além disso, não há possibilidade de amortização. Em seu lugar fica o chamado "impairment", que é a
avaliação periódica de um ativo para verificar se houve perda. Caso ocorra, ela é registrada. Como a empresa não desconta mais
ao longo dos anos as despesas com o ágio, o resultado tende a ficar maior.

Uma questão que fica em aberto é o tratamento fiscal do ágio. Muitas empresas brasileiras tinham vantagens na amortização
pois, com despesas maiores, pagavam menos Imposto de Renda, já que este incidia sobre um resultado menor. Esse ponto
depende hoje de regulamentação da Receita Federal.

Romani conta que a Ernst & Young foi contratada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para fazer um estudo apontando as
principais diferenças conceituais e culturais de ambas as normas, e propor modelos de adaptação. "Vamos terminar os trabalhos
até 30 de abril e enviá-los ao Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC)."

Ainda na questão de amortizações, Ramon Jubels, sócio da KPMG e especialista em IFRS, cita os impactos de itens intangíveis,
que podem ter efeito negativo no patrimônio líquido. "No Brasil são reconhecidas despesas pré-operacionais, lançamentos,
mudanças de processos de produção e inícios de operações de fábricas (start-ups), que podem ser capitalizados e amortizados ao
longo do tempo, o que gera benefício para a empresa no futuro", diz. "No IFRS isso não pode, e muitas empresas brasileiras
fazem isso. Haverá queda no patrimônio."

Segundo ele, por exemplo, uma empresa que registrava em 1º de janeiro de 2008 despesas pré-operacionais de R$ 10 milhões,
agora não poderá mais fazê-lo. Esse valor sai do ativo "despesas diferidas", o que também é descontado do patrimônio líquido.

Incentivos Fiscais

O efeito positivo visto no balanço da Grendene (em 2007, até setembro), segundo o analista especializado em normas contábeis
Reginaldo Alexandre, da Advalorem, pode se transformar em regra para todas as companhias com operações no Nordeste, por
exemplo. "Hoje a legislação não permite que as empresas façam o valor do incentivo transitar pelo resultado; ele vai direto para
a reserva de capital. Pelo IFRS, esse número transita como lucro", observou. "Com isso, qualquer empresa com fábrica no
Nordeste sai ganhando."

Sérgio Romani, da Ernst & Young, diz ainda que os grupos de construção civil podem ter quedas fortes de faturamento num
primeiro momento, pois as regras de recuperação de receita com renda de imóveis são diferentes. "No Brasil, quando uma
empresa vende um apartamento, faz um reconhecimento pro-rata, ou seja, do valor proporcional", explica. No IFRS nada é
reconhecido enquanto a obra não estiver 100% entregue.

A questão do valor justo (fair value), muito comum no IFRS, também traz impactos para as companhias em diversos pontos,
desde estoques até instrumentos financeiros, que devem obedecer uma "marcação a mercado". Nesse caso, o demonstrativo fica
mais dinâmico, volátil. "Nas normas brasileiras há a possibilidade de fazer reavaliação de ativos, o que é proibido pelo IFRS",
afirma Romani. "Os ativos financeiros devem ser marcados a fair value, não a custo histórico."

Fábio Cajazeira, sócio da PriceWaterhouseCoopers (PwC), complementa que, quanto mais sofisticados forem os instrumentos
financeiros de uma empresa, mais voláteis serão os números. A marcação a mercado atinge, segundo ele, grupos que exploram
ativos biológicos como biodiesel e florestas para produção de papel e celulose, gado e cana-de-açúcar.

No caso do leasing, Jubels, da KPMG, comenta que a velocidade de depreciação do ativo determinará as diferenças nos balanços.
Pelas regras brasileiras, o leasing é tratado como um aluguel. Um valor mensal é pago e, no final do contrato, a empresa acaba
comprando aquele ativo por um preço baixo. Esse processo não é reconhecido no balanço, apenas a compra final. Já o IFRS
entende que, se uma companhia aluga uma máquina, é quase certo que irá comprá-la no final e, portanto, a aquisição deve ser
reconhecida no balanço. A partir daí, começa a depreciação desse ativo. "Se a depreciação seguir mais ou menos os valores dos
pagamentos do aluguel pelo modelo anterior, o efeito não será forte."

A nova lei contábil brasileira traz muitos pontos de convergência com o IFRS e foi aprovada no fim do ano passado, entrando em
vigor no primeiro dia de 2008. Valem, portanto, para as demonstrações financeiras do exercício social deste ano. A CVM quer
concluir ainda em 2008 a revisão de todas as suas regras que tratam de normas contábeis, para eliminar possíveis divergências
em relação ao novo padrão internacional.

No entendimento da autarquia, os balanços de 2007 já devem trazer notas explicativas com os eventos contemplados na nova lei
que irão influenciar as suas demonstrações do próximo exercício e, quando possível, uma estimativa de seus efeitos no

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patrimônio e no resultado do ano passado - ou o grau de relevância sobre as demonstrações de 2008. As informações trimestrais,
segundo a CVM, não estão obrigadas a contemplar as alterações aplicáveis às demonstrações contábeis produzidas pela nova lei.
No caso, vale o mesmo princípio das notas explicativas.

A lei também deu liberdade para que a autarquia acompanhe a harmonização mundial. O objetivo da CVM é que todas as
sociedades por ações brasileiras tenham seus balanços adequados às normas internacionais até 2010. No ano passado, o órgão
regulador se adiantou ao Congresso e lançou uma instrução que obrigava as empresas nacionais a adequarem suas
demonstrações financeiras consolidadas a partir de 2010. Agora, a idéia é que também os balanços individuais tragam as
adequações. (Aline Cury Zampieri)

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