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congresso advogados lusófonos reúnem-se em lisboa

PR ÉMIO
» PRÉMIO
MARÇO DE 2011 • ANO VIII • 0,01 EUROS • TRIMESTRAL • DIRECTOR ÁLVARO MENDONÇA
MARÇO 2011

unitel

Miguel Martins
O peso do mercado empresarial
tem tendência a crescer
cip

António Saraiva
ANÍBAL Restam as empresas para estimular
a economia portuguesa

CAVACO SILVA millennium angola

o percurso do presidente reeleito


de portugal. o único líder partidário
a conquistar duas maiorias absolutas
consecutivas e o primeiro-ministro que José Reino da Costa
mais tempo permaneceu em funções. Banco duplica número de clientes
e regista crescimento a dois dígitos

internacional o desafio de dilma rousseff, presidente do brasil

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SUMÁRIO
MARÇO

2011

10 TEMA DE CAPA
Perfil de Aníbal Cavaco Silva,
Presidente da República

6 A ABRIR 34 ANÁLISE 54 INTERNACIONAL 72 INICIATIVA 84 EVENTO


16 ENTREVISTA Millennium bim Colômbia Prémio Barclays Essência do Vinho
António Saraiva, presidente 36 OPINIÃO 58 MOÇAMBIQUE 74 INICIATIVA 86 LIFESTYLE
da CIP Urban Larson, F&C Energia Cisco Os 150 anos do Fato
20 CALENDÁRIOS 2011 38 NEGÓCIOS 62 SUSTENTABILIDADE 76 MARKETING 90 LIFESTYLE
Eventos mundiais em Telecomunicações Energia Taxiinteractivo Fátima Lopes em Luanda
destaque 42 NEGÓCIOS 64 SOCIEDADE 77 OPINIÃO 92 LIFESTYLE
24 OPINIÃO ‘New Media’ Ensino Lourenço Bray, MYBRAND Cortiça portuguesa
 Raúl Marques, Banif Gestão na Cunha Vaz & Associados 66 PERFIL 78 ARTE na Sagrada Família
de Activos 46 COOPERAÇÃO Pedro Rezende, presidente Exposição de Paula Rego 94 AUTOMÓVEIS
26 ANÁLISE Casa da América Latina da A.T. Kearney Portugal no Brasil Bentley Continental GT
Estudo Banca Angolana 50 INTERNACIONAL 68 INICIATIVA 80 ESCAPADELA 98 OPINIÃO
30 ANÁLISE O Brasil de Dilma Rousseff Conferências do Palácio Turismo de aldeia Póvoa Dão Rodrigo Queiroz e Melo,
Millennium Angola AEEP

DIRECTOR IMPRESSÃO DEPÓSITO LEGAL:


Álvaro Mendonça Sig, Sociedade Industrial- 320943/10
FICHA DIRECTOR DE ARTE
Gráfica, Lda.
Rua Pêro Escobar, 21, 2680- PROPRIEDADE/EDITOR
TÉCNICA Pedro Góis 574 Camarate - Lisboa Just Leader, SA
DESIGNER CRC LISBOA CONTRIBUINTE
Ana Oliveira Pinto 13538-01 506 567 516
SEDE/REDACÇÃO REGISTO ERC TIRAGEM
Av. Duque de Loulé, 123, 7.º 124 353 1500 exemplares
1050-089 Lisboa

Março 2011 » PRÉMIO » 3

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Editorial

Álvaro Mendonça

O EXCELENTE ANO DE 2011


A
o contrário do que muitos possam pensar, 2011 será interessante olhar para o que nos dizem os analistas, o certo é que não
um ano de recuperação económica. Os bons tempos vale a pena levá-los demasiado a sério.
passarão à margem dos países periféricos da União Antes de mais, porque os bancos centrais na Europa, nos EUA, na
Europeia, onde o peso do Estado e da dívida externa China, em Angola ou até mesmo na Rússia, estão de olho na inflação e
limitam o potencial de crescimento. O bloco de podem rapidamente restringir a liquidez na economia. Angola é aliás
países que a “The Economist” apelidou como PIGS, referindo-se ao um bom exemplo de como um banco central atento pode gerir uma si-
conjunto formado por Portugal, Itália, Grécia e Espanha (Spain em tuação complicada. Mas é também levar em conta que taxas de inflação
inglês), pode afinal retratar com exactidão a periferia endividada e e de juro na ordem dos 3% a 5%, não trazem nada de mau para o cres-
com problemas da União, se trocarmos o I de Itália pelo da Irlanda. cimento económicos. Os últimos três anos, com inflação quase nula e
Fora deste quarteto com problemas, no entanto, 2011 será um ano crédito fácil e barato, é que foram uma situação excepcional.
de forte crescimento. Alemanha, Rússia, Turquia, China, Índia e Brasil, Finalmente, há ainda que contar com tudo o que o mundo apren-
são apenas algumas das grandes economias que crescerão a um ritmo deu com esta crise. Hoje, o sistema financeiro está mais sólido e, me-
igual ou até mesmo superior a 3,0%. Com excepção dos PIGS, todos os lhor que tudo, muito mais vigiado pelos supervisores. As empresas
países da UE vão crescer mais do que 1%, com as
economias mais a leste a acelerarem para próximo
dos 3,0%. Mas é nos países emergentes da Ásia,
África e América do Sul que vamos encontrar os
campeões do crescimento. Um sinal claro que o
A solução para os países com
equilíbrio da economia mundial está a mudar.
Portugal à parte, o espaço da lusofonia será
problemas talvez passe por olharem
também um bloco a todo o vapor. O PIB angolano
deverá crescer 7%, o de Moçambique 6,5% e o do
para fora e descobrirem novas geografias
Brasil rondará os 4,5%, com São Tomé e Príncipe
a acompanhar o ritmo. Na Guiné-Bissau, as últi-
que os ajudem a crescer de novo.
mas estimativas apontam para 3,5% e em Timor
para uns impressionantes 7,9%. Boas perspecti-
vas para os países que falam o português.
A alta dos preços das matérias-primas, da inflação e das taxas de que sobreviveram à tempestade da crise estão mais capitalizadas e
juro não são mais do que sinais de que a crise está a ficar para trás. Nos competitivas e têm menos concorrência desleal. Os mercados laborais
ciclos de retoma, a subida dos produtos alimentares, do petróleo e das estão muito mais liberalizados, os sectores públicos emagreceram e os
‘commodities’, dos preços no consumidor e do custo dos financiamen- bancos reforçaram-se. As novas tecnologias estão a abrir-nos as portas
tos são fenómenos normais, que servem de estabilizadores automáticos de uma nova economia. E até os poderes políticos perceberam que a
e evitam o sobreaquecimento das locomotivas económicas do mundo. condução dos países deve levar em conta os interesses da economia e
É claro que os habituais analistas não deixarão de clamar contra dos negócios.
os perigos de uma alta excessiva do petróleo, da inflação e dos juros. O mundo está melhor do que quando começou a crise. E se 2011
Mas esses são exactamente os mesmos que, há três anos, com a crise será um ano de franca recuperação, a solução para os países com pro-
económica pela frente, nos garantiam que o barril do petróleo atingiria blemas talvez passe por olharem para fora e descobrirem novas geo-
os 200 dólares num curto espaço de tempo e que depois se seguiria grafias que os ajudem a crescer de novo. Olhar para fora. Eis uma boa
uma inflação galopante e um disparar dos juros. Embora seja sempre sugestão para 2011.

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PM
» A abrir
Novo rosto da comunicação
BREVES
JOSÉ MOURINHO É
O HOMEM DO MILLENNIUM

M
ais de 6.500 colaboradores do
Millennium bcp permaneceram
em silêncio e no escuro do Pavi-
lhão Atlântico, em Lisboa, no passado dia
12 de Fevereiro, para serem surpreendidos
com o anúncio da contratação de um novo
colaborador. No enorme ecrã, instalado no
palco da mega-sala multiusos da capital,
surge um homem vestido de negro.
CATÓLICA A plateia, surpreendida, rejubila em
Global School of Law aplausos. No filme, o novo rosto
nomeia representante do banco dispara: “Há quem
no Brasil me ache arrogante por dizer
o que penso. Por me consi-
A Católica Global School of derar o melhor. O número 1.
Law, que foi recentemente Mas não é exactamente as-
seleccionada pelo Financial sim. Eu não sou o melhor,
Times para integrar a restrita mas ninguém é melhor
lista de prestigiadas escolas do que eu… Simples-
detentoras dos melhores mente me entrego de
programas mundiais de LL.M. alma e coração ao que
(Legum Magister), as pós- faço. É isso que temos
-graduações que permitem o em comum. Quero
acesso ao grau de Mestre em dizer-vos em primeira
Direito, nomeou o académico mão que a partir de
e advogado João Mattamouros hoje também eu sou
Resende seu representante no
Brasil. A nomeação deste repre-
sentante, efectiva desde 1 de
Janeiro, constitui um importan-
te reforço da rede internacional
da Católica Global School,
Corticeira Amorim lucra
O NÚMERO

através da aposta na presença


em mercados estratégicos.
A abertura da representação 20,5 milhões de euros
brasileira, beneficiando dos
contactos intensos já existen- O resultado líquido da Corticeira Amorim ascendeu a 20,5 milhões de euros,
tes com as mais prestigiadas em 2010, quadruplicando o lucro de 5,1 milhões de euros obtido no exercício
entidades académicas e empre- anterior.
sariais daquele país, permitirá As vendas consolidadas atingiram os 456,8 milhões de euros, um crescimento
um contacto de proximidade de 42 milhões de euros. Para este resultado é de registar a contribuição da
com os potenciais candidatos à Unidade de Negócio Rolhas, que viu as suas vendas consolidadas subirem
frequência do LL.M da Católica cerca de 13% em termos homólogos.
Global School of Law.

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Millennium”. Após estas breves palavras,
José Mourinho, mexeu na lapela do casaco
ITERNACIONALIZAÇÃO
e ajeitou o crachá com o “M”, inicial e uma
das logo marcas do Millennium bcp.
Renova abre pop-up store
Os seus mais de 6.500 novos colegas exulta-
ram com a revelação de um acordo, que foi
no El Corte Inglès de Sevilha
um segredo bem guardado: O Millennium A Renova internacionalizou um espaço inovador para os seus produtos ‘premium’, com
bcp contratara, no início de Fevereiro, e em a abertura da primeira ‘pop-up store’ da marca em Espanha, no El Corte Inglès de Sevilha.
segredo absoluto, José Mourinho, o melhor A ideia foi originalmente desenvolvida pela Renova em Portugal, seguindo experiências seme-
treinador do mundo eleito pela FIFA, para lhantes nos últimos meses em vários centros comerciais do país, onde disponibiliza toda a
ser o rosto de toda a comunicação do banco. gama de produtos com cores e formatos múltiplos para Papel Higiénico, Rolos de Cozinha,
Além do filme exibido no Pavilhão Atlânti- Guardanapos ou Lenços de Papel.
co, todos os colaboradores presentes na reu-
nião receberam nos seus telemóveis uma
mensagem de voz do “Special One”. Nela,
José Mourinho incentivava os novos colegas
a fazerem sempre melhor e explicava-lhes
a táctica vencedora: “Partilhamos o mesmo
espírito de vitória e entramos sempre para
ganhar. Temos sempre a ambição de sermos
os melhores. É por tudo isso que me sinto
Millennium. E estarei ao vosso lado todos
os dias para vos ajudar a vencer”, prometeu,
rematando com a frase que, doravante,
será também a assinatura do maior banco
privado português: “O nosso trabalho é a
nossa paixão”.
Liderança, consistência, solidez e sucesso
são os valores comuns ao Millennium bcp
CONTAS PÚBLICAS
e a José Mourinho, actual treinador do Real Autarquias com ‘superavit’ em 2010
de Madrid. Ao escolher José Mourinho Os municípios portugueses estão a contri- de 88% no saldo global das Autarquias, um
como a sua imagem, o Millennium bcp buir para a melhoria das contas públicas, resultado conseguido, sobretudo, à custa da
“aposta no ataque ao mercado com uma tendo passado de um défice agregado de redução de 7,1% na despesa efectiva e do
figura carismática, que corporiza os valores 732,4 milhões de euros, em 2009, para um aumento de 2,5% nas receitas. A redução
de trabalho, paixão e sucesso”, explica um excedente de 81 milhões no ano que passou. da dívida financeira em 64,5 milhões de
comunicado do banco. De acordo com dados divulgados pela Direc- euros foi outro dos factores que justificam a
ção-Geral do Orçamento, há uma melhoria melhoria.

“Já pensou que a sua ideia pode fazer a mesmas. A plataforma foi desenvolvida por
Mota-Engil diferença?”. Este é o mote de uma platafor- uma parceria entre a Mota-Engil Engenha-
ma de comunicação interna ‘online’, desen- ria e a WeListen, que forneceu consultoria
brilha com volvida pela Mota-Engil para dar voz a e o ‘software’, utilizando como base a
todos os colaboradores dispersos pelas várias tecnologia da Telligent, líder na área do
Innovcenter geografias em que o grupo está presente. ‘software’ colaborativo. A implementação
A plataforma Innovcenter foi distinguida da plataforma foi feita por departamento,
pela NIelsen Norman Grupo, como uma englobando mais de 500 colaboradores
das dez melhores intranets para 2011. O de oito direcções. Sete meses após a sua
sistema é aberto a todos os colaboradores implementação foram apresentadas mais
da empresa e possibilita a partilha de de 100 ideias, das quais 40 estão a ser
ideias, experiências e o desenvolvimento das desenvolvidas ou já foram implementadas.

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» A abrir Agências
BREVES
Acordo de geminação
CUNHA VAZ & ASSOCIADOS
entre Bissau e Praia
Bissau e Praia, capitas da LIDERA ‘RANKING’ DA APAP
Guiné Bissau e de Cabo Verde
assinaram, no final do mês Pela primeira vez no mundo empresarial, uma empresa de comuni-
de Fevereiro, um acordo de cação e relações públicas lidera o ‘ranking’ de volume de negócios da
geminação. Este acto político Associação Portuguesa das Agências de Publicidade, Comunicação e
de aproximação entre as duas Marketing (APAP). A Cunha Vaz & Associados alcançou esta proeza,
capitais é um passo significa- que muito se orgulha. “Sabemos que é um resultado não recorrente,
tivo para a dimensão lusófona mas sim extraordinário. No entanto, vamos procurar alcançar sempre
da cooperação sul-sul. resultados tão bons ou melhores do que este”, afirma António Cunha
Vaz, CEO da Cunha Vaz & Associados. “Mais importante que liderar
Volume de negócios o ‘ranking’ é ter um EBITDA muito positivo e ser um empregador
do sector segurador responsável, mesmo em época de crise. Quanto ao resto, há que
vale 10% do PIB trabalhar para merecer o futuro!”, acrescenta.
O sector segurador em Portu- A APAP centralizou dados dos seus 48 associados de maneira a dis-
gal movimentou em 2010 um ponibilizar ao mercado um ‘ranking’ relevante na caracterização do
volume de negócios na ordem sector, dando a possibilidade de fazer comparações entre associados
dos 16,3 mil milhões de euros, da mesma área e entre todos, tendo por base as contas que as em-
mais 14% do que em 2009, o presas apresentam ao Estado. Actualmente a APAP abarca agências
que equivale a quase 10% do que exercem actividades de publicidade, marketing digital, marke-
Produto Interno Bruto (PIB). ting relacional, eventos e activação de marcas e relações públicas e
Os resultados de exploração comunicação.
terão atingido os 420 milhões A associação elaborou três ‘rankings’ diferentes, partindo de dados
de euros no exercício, de acor- distintos referentes ao ano de 2009. Um dos ‘rankings’ apresenta
do com as contas provisórias a grandeza dos associados de acordo com os seus resultados ope-
agregadas de 90% das segu- racionais (EBIDTA), outro por volume de negócios e o terceiro por
radoras a operar no mercado. número de trabalhadores.
Para esta evolução concorreu Os restantes ‘rankings’, EBIDTA e número de trabalhadores, são lide-
a expansão do segmento Vida rados pela BBDO Portugal – Agência de Publicidades e pela Brandia
(17%), que representa já perto Central – Design e Comunicação, respectivamente.
de 75% da produção. A sua
expansão, num quadro de
grande instabilidade dos mer-
cados financeiros, reflecte a
atracção dos aforradores por FAURECIA REGRESSA AOS LUCROS EM 2010
produtos com reduzido risco
e rendimentos garantidos. Após cinco anos, a Faurecia, atingir um volume de vendas que
Não obstante as anunciadas a maior produtora mundial deverá variar entre os 14,8 e os
limitações às deduções fis- de peças e componentes de 15,3 mil milhões e euros. Com os
cais, o interesse dos aforrado- automóveis, voltou aos lucros excelentes resultados de 2010, a
res pelos Planos de Poupança e atingiu em 2010 a fasquia dos Faurecia procedeu a uma redução
Reforma (PPR) não esmore- 202 milhões de euros de lucros da dívida líquida em 204 milhões
ceu. O volume total de PPR líquidos, sustentada numa de euros para 1.197 milhões e
sob gestão das seguradoras redução de custos operacionais retomou a política de pagamen-
C
aumentou 11,5%, em 2010, e num volume total de vendas to dos dividendos. Para 2011,
para 14,6 mil milhões de de 13.796 milhões de euros, um prevê um aumento da produção M

euros, e as contribuições dos indicador com um crescimento mundial de veículos ligeiros entre Y

subscritores subiram 3%. na ordem dos 48%. O optimismo 6,5% e 7% e uma expansão da CM

da empresa é tão elevado que produção na Europa na ordem


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estabeleceu como meta para 2011 dos 3 a 4%.


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Marketing
Barclays dá aulas a adultos
O Barclays Bank lançou um pro- de social. Os adultos reflectirão
grama inovador, que pretende sobre o papel do dinheiro nas
ensinar, ao longo de cinco sema- suas vidas, desenvolvendo com-
nas, adultos de contextos sociais petências de gestão das suas
mais desfavorecidos a melho- finanças pessoais e familiares,
rarem a sua literacia financeira ganhando confiança em relação
básica, dando-lhes ferramentas às questões financeiras, pon-
úteis para o dia-a-dia. As activi- derando as consequências das
dades serão asseguradas por vo- suas decisões e passarão ainda
luntários treinados do Barclays, a conhecer os seus direitos e
que trabalharão em parceria responsabilidades e os produtos
com instituições de solidarieda- e serviços financeiros existentes.

EURONEXT
BANIF ENTRA NO PSI-20

ANCE
CORPORATE GOVERN
PELA WORLD FINANCE
INAPA GALARDOADA
foi considerada
Participações e Gestão
A Inapa – Investimentos, ”, a melhor empresa
orld Finance Magazine
pela revista britânica “W ce” . A atribuição do
da Corporate Governan
em Portugal no domínio é o rec onhecimento da
orl d Fin anc e Co rpo rate Governance,
prémi o “W das melhores práticas
nci a da no ssa com unicação e da adopção
transp arê iniciadas em 2007, e
da em pre sa, dec orrentes das alterações
de gov ern o ento nos mercados
irá à Ina pa um a ma ior visibilidade e reconhecim O PSI-20, o principal índice bolsista
confer
papel, José Morgado. português, passou a ter quatro bancos,
”, refere o CE O do grupo distribuidor de et, contabilizaram-
internacion ais
ma pri me ira fas e de votação, através da intern desde 21 de Março, com a troca entre a
es. Nu peito as
O concurso teve três fas empresas no que diz res Inapa e o Banif. A Inapa saiu do PSI-20
os em Po rtu gal , que elegeram as 10 melhores po sto po r assessores
se 4500 vot seg unda fase, um júri com um ano depois de ter integrado o cabaz
ver nan ce. Nu ma
boas práticas de Corporat
e Go eu e da OCDE,
ários e rep resent ant es do Banco Central Europ das principais cotadas da praça portu-
iversit cedor, o júri
jurídicos, professores un imo, para escolher o ven guesa, dando lugar ao Banif. Com esta
a lista par a qua tro em presas finalistas. Por últ rias : estrutura
reduziu seguintes catego alteração, o índice passou a ter quatro
u as res po sta s das em presas seleccionadas nas nsa bilidad es dos
pondero funções e respo bancos (Millennium bcp, BES, BPI e
a, com iss ões e respec tivo quórum, liderança, ulg açã o de informação e
governativ inis tra do res não executivos, div Banif), enquanto o número de empresas
eração do s adm
administradores, remun ligadas ao sector do papel desceu para
nci a e sis tem as de gestão de risco.
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Tema de Capa

ANÍBAL CAVACO SILVA

A RODAGEM DE UM
PERCURSO, ENTRE
O ACASO E A ESTRATÉGIA
Cavaco Silva, o único líder partidário a conquistar duas maiorias absolutas
consecutivas e o primeiro-ministro português que mais tempo permaneceu
em funções, foi recentemente reeleito para Presidente da República.

E
m Maio de 1985, quando chegou à Figueira da Foz, Cavaco Foi assim nos anos de governação enquanto primeiro-ministro e
Silva “não tinha nenhuma intenção” em se candidatar à li- confirmou-se com a segunda reeleição para Presidente da República. Al-
derança do PSD. E em Fevereiro de 2002, quando lançou fredo Barroso garante que Cavaco é “um dos políticos mais previsíveis
a sua autobiografia na mesma cidade, também as presiden- que conheceu em toda a sua vida activa”, e para Adelino Cunha, Cavaco
ciais não estavam “nos seus planos”. Todavia, foi presidente foi cultivando uma imagem de um “economista que desceu na hora certa
do Partido Social Democrata entre Maio de 1985 e Fevereiro de 1995. Foi o para cumprir um destino colectivo”.
único líder partidário a conquistar duas maiorias absolutas consecutivas, Declarações como “não venho da cultura do ‘cocktail’” reforçaram a
o primeiro-ministro português que mais tempo permaneceu em funções imagem de uma origem modesta que agrada ao sentimento português
(dez anos) e regressou à política como Presidente da República, desde 9 que premeia aqueles que se esforçam, que singram na vida profissional à
de Março de 2006 até aos nossos dias. custa do seu trabalho. A vivência a dois na sua casa na Travessa do Posso-
Maria Alves da Silva Cavaco Silva também o acompanhou até à Figuei- lo, em Lisboa, a vida austera que gosta de destacar, o desapego às questões
ra da Foz e esteve presente em todos os momentos que o conduziram à mundanas, o rigor com que gere a vida familiar, não são indiferentes para
liderança do PSD em 1985. Dizer-se que Aníbal António Cavaco Silva es- os portugueses. Ridicularizou várias vezes o que denominou de “vanguar-
tava “apenas” a fazer a rodagem ao Citröen BX, quando resolveu ir ao con- da esclarecida”, a condescendência da burguesia ou o ar de superioridade
gresso do PSD na Figueira da Foz, é acreditar que nunca Cavaco delineou dos intelectuais. Intrometeu-se mesmo nas origens quase monásticas
estratégias, que esteve na política ao sabor dos acontecimentos ou que por por via familiar ou intelectual de líderes como Pinto Balsemão ou como
uma vontade divina acabou por ir parar aos cargos que desempenhou. Marcelo Rebelo de Sousa, Santana Lopes ou José Miguel Júdice. A 23 de
Se o assessor Fernando Lima acredita na versão de que Cavaco foi Janeiro deste ano, no discurso de vitória, nunca se esqueceu de reafirmar
para a liderança sem verdadeiramente o querer, também escreve, no que é “um português de trabalho e de palavra, um Presidente do povo”.
“Meu Tempo com Cavaco Silva”, que o Presidente costumava dizer que Ficou mais uma vez a ideia do “orgulho das minhas raízes e do espírito
“nada acontece por acaso e muito menos na governação”. Foi, conclui, em que fui formado”.
“sempre capaz de surpreender os que o subestimaram”.
Para o jornalista Adelino Cunha, na “Ascensão ao poder de Cavaco Escolha na primeira pessoa
Silva”, é “um exímio tacticista”, enquanto para o antigo Chefe da Casa Civil É, todavia, a capacidade de equidistância e descomprometimento com
de Mário Soares, Alfredo Barroso, “é um verdadeiro burocrata da política as correntes políticas internas ou externas, com os grupos de pressão ou
que dedica muito do seu tempo em Belém a coligir informação”. tendências intelectuais e políticas, que tem gerado a unanimidade entre
O que parece ser verdade, ou comummente aceite, é que Cavaco tem os vários sectores da sociedade e, em última análise, granjeado o apoio
uma extraordinária capacidade de se demarcar, aos olhos dos portugue- suficiente para eleições e reeleições. Mesmo no início da carreira políti-
ses, da imagem do político de profissão, equidistante, acima das questões ca, Cavaco não receava afrontar Sá Carneiro ou figuras incontornáveis do
partidárias, com um sentido de Estado capaz de gerar maiorias de apoio PPD/PSD, como Rui Machete ou o seu primeiro adversário no partido,
nunca antes vistas em Portugal. João Salgueiro.

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Fotos Luís Filipe Catarino/Presidência da República

cavaco silva
prometeu exercer uma
magistratura activa

Março 2011» PRÉMIO » 11

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Tema de Capa
A morte do antigo líder do PSD, Mota Pinto, e as divisões internas onde convida, em nome do PSD, Freitas do Amaral a aceitar o apoio do
geradas com a liderança de Pinto Balsemão, precipitaram o partido para partido à sua candidatura à Presidência. As eleições viriam a ser ganhas
um congresso. É de resto, com uma posição de ruptura que intervém no pelo rival Mário Soares.
congresso de onde saiu líder, começando por pedir aos participantes que
não o interrompessem até ao final da sua intervenção, rematando com: Vida a dois
“Quero dizer-vos, com os olhos bem nos olhos, o que penso sobre uma Desde o primeiro momento, quando partiu em direcção ao Congresso
questão que considero crucial: as eleições presidenciais”. É desde aí que o da Figueira da Foz, que foi visível a importância de Maria Cavaco Silva na
bloco central e os seus apoiantes nunca mais foram os mesmos. vida e carreira política do marido.
Cavaco escreve que “não era subscritor de qualquer das moções de A recorrente figura da grande mulher por trás de um grande homem
estratégia política”, mas para muitos analistas e personalidades, entre os encontra em Cavaco Silva a sua definição, e o Presidente da República não
quais Mário Soares, as reuniões que promoveu com possíveis apoiantes, o esconde. As dedicatórias dos dois volumes da sua autobiografia apenas
ainda antes do congresso e a moção do militante algarvio Mendes Bota, divergem num pormenor: se no primeiro se lê “à Maria, companheira
de uma vida”, no segundo
em outubro do ano volume, Cavaco reafirma “à
passado na inaugu- Maria” e acrescenta-lhe “e aos
ração do centro nossos netos”.
de investigação da Desde Maputo, em 1964,
fundação até York, no Reino Unido,
champalimaud
em 1971, Maria Cavaco Silva
esteve sempre presente em
todos os momentos chave da
vida profissional e política do marido. É o próprio que
sistematicamente o reconhece, são os amigos que o re-
alçam e os funcionários que trabalham com o casal que
o confirmam. E, por muito que Cavaco Silva se esforce
em não colar a sua imagem ao do político profissional,
a história de Aníbal e Maria tem vindo a desmentir essa
versão ou, pelo menos, a desmentir um distanciamento
puro.

Reformar e marcar o ritmo


O percurso como primeiro-ministro incluiu uma su-
cessão de maiorias absolutas, mas a cohabitação com o
então Presidente, Mário Soares, não foi pacífica. Cavaco
Silva escreve na sua autobiografia que as relações entre
os dois, no segundo mandato de Soares, “foram bem
que alguns referem ser uma junção de vontades entre o actual deputado menos tranquilas”.
e Cavaco Silva, delinearam uma estratégia para a liderança do PSD. Re- Enquanto primeiro-ministro, Cavaco Silva apostou em reformas es-
sume Adelino Cunha, “o PPD/PSD emotivo, ideológico e visionário de truturais da administração e na direcção económica. Foi durante a sua
Sá Carneiro foi devorado pelo PSD pragmático, tecnocrático e funciona- primeira legislatura que Portugal aderiu à Comunidade Económica Euro-
lizado de Cavaco”. Cavaco Silva defende-se garantindo que essa ideia de peia, actual União Europeia.
“conspiração ou golpe de uma manobra global de envergadura”, “não tem Experimentou uma moção de censura proposta em Abril de 1987
qualquer fundamento”. pelo Partido Renovador Democrático (PRD), próximo do antigo Presi-
Já como presidente do partido, a 6 de Outubro de 1985, Cavaco Silva ga- dente Ramalho Eanes, e Mário Soares, que em 1986 sucedera ao gene-
nha as eleições legislativas para o X Governo Constitucional, com o melhor ral como Presidente da República, acabou por dissolver o Parlamento e
resultado de sempre até então para o PSD: 29,8% dos votos. Seguem-se convocar eleições. Em Julho de 1987, Cavaco conquistou a sua primeira
as escolhas para os ministérios que Cavaco Silva garante terem sido “ex- maioria absoluta – 50,2% dos votos, maioria essa que viria a repetir nas
clusivamente suas”, mesmo com a convicção de que “não abundavam no eleições legislativas de 1991.
PSD pessoas com as qualidades políticas e técnicas necessárias e que pare- Além das reformas fiscais, que introduziram o IRS e o IRC, iniciou
cessem dispostas a ir para o Governo”. Contas feitas, convites ponderados, a privatização de empresas públicas. Foi nessa altura que se reformaram
Cavaco escolheu Eurico de Melo, Álvaro Barreto, Leonardo Ribeiro de Al- as leis laborais e agrárias e que foi liberalizada a comunicação social. O
meida, João de Deus Pinheiro, Fernando Santos Martins, Mário Raposo, crescimento económico do país era superior à média europeia. A Expo
Leonor Beleza, Miguel Cadilhe, João Maria Oliveira Martins, Valente de 98, a construção da Ponte Vasco da Gama, o comboio na ponte 25 de
Oliveira, Mira Amaral, Pedro Pires de Miranda e Fernando Nogueira. Abril, o gás natural, a Barragem do Alqueva, as inúmeras auto-estradas e
Pouco tempo depois, ainda em Outubro de 1985, escreve uma carta o Centro Cultural de Belém (CCB) foram algumas das iniciativas e obras

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De Professor a Presidente Nacional do Plano entre 1981 e 1984. Pre- “Autobiografia Política”, Volume I e II, e
Aníbal Cavaco Silva, nascido a 15 de Julho sidiu ao Partido Social Democrata (PSD) “Crónicas de Uma Crise Anunciada”.
de 1939, em Boliqueime, Loulé (Algarve), entre Maio de 1985 e Fevereiro de 1995. As intervenções mais importantes produ-
é licenciado em Finanças pelo Instituto O Presidente Cavaco Silva é Doutor Ho- zidas como Primeiro-Ministro encontram-
Superior de Ciências Económicas e Finan- noris Causa pelas Universidades de York -se reunidas nos livros “Cumprir a
ceiras, Lisboa, e doutorado em Economia (Reino Unido), La Coruña (Espanha), Goa Esperança” (1987), “Construir a Moderni-
pela Universidade de York, Reino Unido. (Índia), León (Espanha) e Heriot-Watt dade” (1989), “Ganhar o Futuro” (1991),
Foi docente do ISCEF, Professor Cate- (Edimburgo, Escócia), membro da Real “Afirmar Portugal no Mundo” (1993) e
drático da Faculdade de Economia da Academia de Ciências Morais e Políticas “Manter o Rumo” (1995). As intervenções
Universidade Nova de Lisboa e, quando de Espanha, do Clube de Madrid para a mais importantes como Presidente da Re-
foi eleito Presidente da República, era Transição e Consolidação Democrática e pública encontram-se reunidas nos livros
Professor Catedrático na Universidade da Global Leadership Foundation. “Roteiro para a Inclusão – 2006”, Roteiros
Católica Portuguesa. Da sua vasta obra publicada há a referir I - 2006/2007; Roteiros II - 2007/2008 e
Perfil

Foi investigador da Fundação Calous- os livros “O Mercado Financeiro Portu- Roteiros III - 2008/2009.
te Gulbenkian e dirigiu o Gabinete de guês em 1966”, “Economic Effects of Pu- Aníbal Cavaco Silva cumpriu o serviço
Estudos do Banco de Portugal, instituição blic Debt”, “Política Orçamental e Estabili- militar como oficial miliciano do Exército,
à qual regressou posteriormente como zação Económica”, “A Política Económica entre 1962 e 1965, em Lourenço Marques
consultor. Exerceu o cargo de ministro do Governo de Sá Carneiro”, “Finanças (actual Maputo), Moçambique.
das Finanças e do Plano em 1980-81, no Públicas e Política Macroeconómica”, “As É casado com Maria Alves da Silva
governo do primeiro-ministro Francisco Reformas da Década, Portugal e a Moeda Cavaco Silva. O casal tem dois filhos e
Sá Carneiro, e foi presidente do Conselho Única”, “União Monetária Europeia”, cinco netos.

emblemáticas da década cavaquista. pronunciar sobre os temas que foram marcando a actualidade política no
O bloqueio da Ponte 25 de Abril, a 24 de Junho de 1994, marca o país. Na sua biografia oficial, este período é descrito com uma “marcante
que o próprio Aníbal Cavaco Silva definiu como “o tempo de partir”. participação cívica, nomeadamente através de intervenções pontuais so-
Após dez anos como primeiro-ministro, afasta-se da liderança do PSD, bre questões nacionais e internacionais”. Numa das mais recordadas, um
entretanto assumida por Fernando Nogueira, e vê, em 1995, António artigo de opinião no Diário de Notícias, em Fevereiro de 2002, apelidou
Guterres subir ao poder. de “monstro” o enorme défice público, criado por uma máquina do Es-
tado que alimentava organismos e entidades públicas e consumia quase
Do deserto à vitória metade da riqueza nacional.
O anúncio da sua candidatura à Presidência da República, como alternati- No dia 20 de Outubro de 2005, no Centro Cultural de Belém, Cavaco
va aos socialistas, conduziu-o à sua primeira derrota política, frente a Jorge Silva volta a apresentar-se oficialmente como candidato à Presidência da
Sampaio. O socialista ganhou as eleições logo na primeira volta, a 14 de República. E a 9 de Março de 2006 toma posse como o 18.º Presidente
Janeiro de 1996, com 53,91% dos votos, contra 46,09% de Cavaco Silva. da República Portuguesa, eleito com 50,59% dos votos, numa eleição em
Os anos seguintes de Cavaco são passados entre o Banco de Portu- que defrontou Jerónimo de Sousa, Mário Soares, Francisco Louçã, Garcia
gal, onde regressa, e a docência universitária, apesar de não deixar de se Pereira e Manuel Alegre.

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Tema de Capa
Logo no seu discurso de tomada de posse, afirma que será “o Presi- trativo dos Açores, da nova lei do divórcio, da lei orgânica da GNR, do es-
dente de todos os Portugueses” e revela ao primeiro-ministro e ao seu tatuto dos jornalistas, do diploma sobre a responsabilidade civil extracon-
Governo a “inteira disponibilidade e empenhamento numa cooperação tratual do Estado, da lei da paridade, ou do Código de Execução de Penas.
leal e frutuosa”. No que diz respeito às visitas oficiais, a contabilidade permite com-
Um pouco por oposição ao discurso de vitória proferido nas eleições parações inferiores com outros Presidentes da República. Cavaco Silva
de 2011, onde responsabilizou os seus adversários pelos ataques e cam- começou por Espanha, em Setembro de 2006, e esteve na Índia e Chile,
panhas negras, quando toma posse em 2006, Cavaco Silva apela a todos em 2007. No ano seguinte deslocou-se à Jordânia, Brasil, Moçambique,
para que “deixem de lado divisões estéreis, minudências e querelas, que Polónia e Eslováquia e, em 2009, à Alemanha, Turquia e Áustria. No ano
pouco ou nada têm a ver com a resolução dos problemas nacionais”. Pe- passado, foi à República Checa, Cabo Verde e Angola.
dia para que não perdessem tempo e energias “em recriminações sobre Em 2010, Cavaco viria a relançar a sua candidatura, no habitual Cen-
o passado”. tro Cultural de Belém e, como ditavam as sondagens, em 23 de Janeiro de
No primeiro discurso como Presidente da República lançou cinco 2011, foi reeleito à primeira volta para um segundo mandato, com uma
percentagem de votos de 53,14%.

Magistratura activa
No CCB, apesar de começar por dizer que “numa hora de
alegria e festa como a de hoje, não é tempo de recordar a for-
ma como os meus adversários procuraram denegrir o meu
carácter e a minha integridade pessoal”, Cavaco Silva não
deixou de dizer que foram “cinco contra um e a dignidade e
o respeito que devem envolver uma eleição presidencial não
foram respeitados”.
Outra questão que ficou em aberto, desde logo no dis-
curso de vitória, é, nas palavras de Cavaco Silva, a promes-
sa de que vai exercer “uma magistratura activa”. Apesar de
eleger “o combate ao desemprego,
maria cavaco silva a contenção do endividamento ex-
esteve sempre terno e o reforço da competitivida-
presente em todos de da economia” como principais
os momentos chave prioridades, os analistas estão ex-
da vida do marido pectantes sobre a forma como se
vai desenrolar a referida magistra-
tura activa.
É no domínio da coabitação
entre Presidência da República e
desafios aos políticos: a criação de condições para um crescimento mais Governo que surgem mais dúvidas. O final da crise económica não tem
forte da economia portuguesa e o combate ao desemprego, recuperação data marcada e fica a incógnita de como esta promessa de “magistratura
dos atrasos em matéria de qualificação dos recursos humanos, reforço da activa” irá marcar o segundo mandato de Cavaco Silva.
credibilidade e eficiência do sistema de justiça, sustentabilidade do siste- O sistema parlamentarista português não deixa muita margem ao
ma de segurança social e credibilização do sistema político. Presidente da República, visto como símbolo da continuidade e da repre-
sentação do Estado. Nesta altura, a chefia das Forças Armadas é pacífica
Uma presidência semi-aberta e quanto a esse assunto Cavaco limitou-se a prometer acompanhar de
O primeiro mandato de Cavaco Silva foi ainda marcado pelo que chamou perto o processo de reestruturação e modernização e “estimular o trabalho
de “roteiros”. Uma espécie de reinvenção das presidências abertas, criadas conjunto dos ramos, por forma a reforçar a operacionalidade das forças e
por Mário Soares, em que Cavaco alertou para assuntos como as Comuni- a promover uma adequada racionalização dos meios”.
dades Locais Inovadoras, Juventude, Património, Ciência e Inclusão. Das poucas certezas que se podem avançar é de que o segundo capí-
Iniciativas cobertas pela Imprensa, que no entanto prestou mais aten- tulo de Cavaco Presidente vai ficar para a história como o mais marcante
ção ao Presidente sempre que se pronunciou sobre diplomas do Governo. na carreira política do político algarvio. Foi assim com Eanes, recordado
Foi um dos presidentes que mais devolveu à Assembleia da República como Presidente e não como o “homem do 25 de Novembro”, com Má-
leis e alterações propostas. Foi o caso das uniões de facto, do diploma que rio Soares, cuja chefia do Governo se releva para segundo plano, tendo
alterava a lei do segredo de Estado, da lei do financiamento dos partidos, o mesmo acontecido com Jorge Sampaio, quase nunca lembrado como
da lei da não concentração dos meios de comunicação social, da alteração Presidente da Câmara de Lisboa.
à lei eleitoral para a Assembleia da República que previa o fim do voto por Como sempre a condução da política externa está entregue ao Gover-
correspondência dos emigrantes, da revisão do Estatuto-Político Adminis- no. Ao presidente Cavaco Silva resta-lhe a influência e a palavra.

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IRLANDA POLÓNIA
REPÚBLICA CHECA ESLOVÁQUIA
HUNGRIA

PORTUGAL ESPANHA ROMÉNIA

MÉXICO

CABO VERDE

COLÔMBIA

S. TOMÉ E PRÍNCIPE
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Entrevista António Saraiva

PRESIDENTE DA CIP
“Os empresários acabam por relegar
o mercado para segundo plano”
Conhecidos que são os constrangimentos que as famílias enfrentam e os desafios
que se colocam ao Estado, restam as empresas para estimular a economia nacional.
E esta realidade não é, infelizmente, devidamente reconhecida, lamenta o primeiro
presidente da Confederação Empresarial de Portugal.

A
ntónio Saraiva, primeiro presidente da Confederação De que maneira é que a nova CIP pode ajudar a economia portuguesa no
Empresarial de Portugal (sigla CIP), tem um discurso previsível contexto de recessão?
agregador e bem estruturado. Para Portugal, tem cons- Com reflexão sobre os problemas e apresentando soluções concretas. Ain-
ciência das prioridades, que devem começar pelas con- da recentemente apresentámos uma proposta muito concreta para fazer
tas públicas e acabam na responsabilidade das empre- acontecer a regeneração urbana em Portugal. A dinamização do mercado
sas. Critica a perda de tempo com os custos de contexto, que impede o de arrendamento e a criação de um ambiente favorável ao investimento na
foco dos empresários no mercado. Lançou entretanto propostas novas, reabilitação urbana poderiam criar mais de meio milhão de empregos e
para a dinamização do mercado de arrendamento e a criação de con- potenciar um crescimento anual do PIB em cerca de 900 milhões de euros,
dições de investimento na reabilitação. Numa projecção a 20 anos, o durante 18 a 20 anos, o que representa um valor acumulado entre os 16 mil
impacto no crescimento do PIB poderá chegar aos 18 mil milhões de milhões e os 18 mil milhões de euros.
euros, garante.
Quais devem ser as prioridades da política económica para Portugal?
Não teme que os interesses da AEP, da AIP e da Confederação da Indús- No plano imediato, a prioridade é ultrapassar a crise financeira. Para tal, é
tria Portuguesa sejam inconciliáveis na CIP? necessário conquistar credibilidade orçamental, mas também confiança na
Muito pelo contrário. Os interesses que eram os interesses das três Economia, o que passa por compatibilizar a indispensável consolidação orça-
organizações são agora os interesses de uma única e mesma organi- mental, com base na redução da despesa pública, com o estímulo, coerente
zação. Temos entendimentos convergentes sobre os caminhos que de- e sustentado, à competitividade e ao investimento nos sectores abertos à con-
vemos trilhar, para tornar Portugal um país mais competitivo e econo- corrência internacional.
micamente mais desenvolvido. Enquanto instituição, falaremos a uma A redução do défice orçamental, pela via da diminuição da despesa pública,
voz unida. As associações que se congregaram na nova CIP abdicaram é o primeiro passo. É um sinal de querer caminhar no sentido certo. Mas a
do princípio de que cada um por si faz melhor que todos em conjunto. diminuição da despesa pública – que só será conseguida de forma sustentada
E abdicaram no momento certo. A agregação das três associações con- através da Reforma do Estado e da Administração Pública – e a promoção da
fere-nos maior peso institucional junto de todos os poderes públicos. competitividade, devem constituir duas faces da mesma moeda. Se o Estado

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Entrevista António Saraiva
passar a absorver uma menor parcela da riqueza produzida em Portugal,
porque necessita de menos para cumprir as suas funções, e se tomar me-
didas capazes de agilizar e promover a actividade económica, ficará aberto
o caminho para encontrarmos o equilíbrio que nos levará, de novo, ao pro-
cesso de convergência com os níveis de bem-estar dos países mais desen-
volvidos da União Europeia.
A resolução da encruzilhada em que Portugal se encontra passa por dois
factores determinantes: tempo e determinação.

Que papel devem ter as PME?


É necessário não perder de vista que elas são a base da estrutura produtiva
nacional. Assim, a sua revitalização – através, nomeadamente, da redução
dos custos de contexto, do apoio à recapitalização, da melhoria do acesso
ao financiamento, sobretudo na situação actual de maiores restrições ao
crédito bancário, e de maior atenção aos custos da energia - será, com toda
a certeza, o mote para impulsionar a actividade económica e, consequente-
mente, para reduzir a taxa de desemprego.

A agregação das três


associações confere-nos
maior peso institucional
junto de todos os poderes
públicos.

Em que consiste o “Acordo Social para o Desenvolvimento” que propôs na presarial e industrial e também sobre os melhores caminhos para os
sua tomada de posse? ultrapassar.
No cerne desta proposta encontra-se a constatação de que a redução do pa-
pel do Estado, no que respeita às relações laborais, será positiva para o País Que contributo se pode esperar das empresas para inverter a actual con-
e que compete em primeira instância aos legítimos representantes das em- juntura económica?
presas e dos trabalhadores a procura das melhores relações entre as partes. As empresas estão a desempenhar bem o seu papel. A dinâmica das ex-
Estamos profundamente convictos de que “com menos Estado” seremos portações é a prova disso mesmo. Se a economia portuguesa está a cres-
capazes de gerar as grandes bases de consenso nas áreas fundamentais do cer, ainda que muito timidamente, é sobretudo devido às exportações.
Direito do Trabalho. Não pretendemos qualquer esvaziamento do poder Uma chamada de atenção, neste ponto, também, para as associações sec-
sindical, mas sim tornar possível a aplicação de medidas essenciais para o toriais e regionais. Homenagem lhes seja feita porque o trabalho “de bas-
aumento da competitividade das nossas empresas, conciliando-as com os tidores” que têm vindo a desenvolver com as empresas está a dar frutos.
interesses reais e efectivos dos trabalhadores. Isso será possível se forem Conhecidos que são os constrangimentos que as famílias enfrentam e os
atribuídas, definitivamente, competências próprias para a negociação colec- desafios que se colocam ao Estado, restam as empresas para estimular
tiva às estruturas representativas dos trabalhadores na empresa. a economia nacional. E esta realidade não é, infelizmente, devidamente
reconhecida, com perdas evidentes para a economia nacional. As empre-
Uma das iniciativas anunciadas pela CIP para o futuro próximo é a rea- sas têm plena consciência da importância e da responsabilidade que têm
lização do Congresso das Empresas e da Actividade Económica. Qual a na sociedade. E não se irão furtar a essa mesma responsabilidade. Assim
motivação para a realização deste projecto? lhes saibam criar as condições para que possam trabalhar mais e melhor.
Pretende-se que esse seja um momento de convocação de todo o sec- Os empresários portugueses perdem tanto tempo com custos de contex-
tor, e das pessoas que se têm dedicado a estudar aprofundadamente a to no seu quotidiano que acabam por relegar, para segundo plano, o que
nossa realidade económica, para uma reflexão estratégica que permita é mais importante: o mercado. Ora, esta situação é inconcebível num
uma ponderação séria sobre os problemas que afectam o tecido em- contexto de globalização onde a concorrência não dá tréguas!

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Incentivos fiscais, linhas de crédito e flexibilização do Código do Traba- cíficas destas empresas. Não me parece que esta posição configure fuga a
lho são as premissas para uma maior competitividade das empresas princípios, proteccionismo ou que, sequer, venha ferir as leis da concorrên-
portuguesas? cia. A discriminação positiva nunca me ofendeu.
A competitividade alcança-se através da conjugação de inúmeros fac-
tores. Os incentivos fiscais, as linhas de crédito e a flexibilização do Em sentido oposto, defende a harmonização fiscal como forma de comba-
mercado laboral são apenas uma parte, embora importante, diga-se. ter a distorção concorrencial no seio da Zona Euro!
Mas há muito mais competitividade para conquistar para além da que Pela resposta que dei anteriormente, não considero que seja no sentido
poderá resultar destas áreas. A melhoria do sistema judicial e a redu- oposto. Uma maior harmonização fiscal permitiria diminuir a distorção da
ção dos custos energéticos, por exemplo, teriam um efeito significa- concorrência. A situação a que repetidamente me tenho referido é a dos
tivo na competitividade da nossa economia, ajudariam as empresas efeitos indesejáveis e perversos resultantes das diferenças de taxas de IVA
nacionais e seriam factores de atracção do investimento estrangeiro. vigentes em Espanha e em Portugal e que incidem sobre produtos idênti-
cos, nomeadamente dos sectores agro-alimentares e das bebidas, os quais
Defende que uma percentagem relevante das compras públicas realizadas são manifestamente prejudicados com esta situação. As taxas de IVA mais
pela Administração Central, Autarquias e empresas públicas sejam adju- baixas em Espanha têm levado a um desvio do consumo de Portugal para o
dicadas a PME. Não é uma proposta proteccionista e que subverte as leis país vizinho, sobretudo nas regiões mais próximas da fronteira. Ainda bem
da concorrência? que o país está sensibilizado para esta questão, e a proposta de Orçamento
de Estado para 2011 sobre esta matéria,
que alargava a diferença de taxas, não
teve acolhimento.

Na sua tomada de posse disse tam-


bém que o Estado “tem sido um mau
árbitro que, ainda por cima, se trans-
forma regularmente num péssimo
jogador”. Que papel na economia de-
fende a nova CIP para o Estado?
As empresas devem olhar para si
próprias e decidir, de acordo com o
meio envolvente e as condições do
mercado, o que devem fazer para ser
competitivas e para criar emprego e
riqueza. Primeiro, olhar para si pró-
prias e decidir de acordo com os seus
recursos – só depois olhar para o que

Com menos Estado seremos capazes o Estado deve fazer. Se as empresas


tiveram esta atitude sistematicamen-

de gerar bases de consenso nas áreas te estaremos a criar melhores em-


presas e a criar melhores empregos.

fundamentais do Direito do Trabalho. Não podemos ficar à espera do que


o Estado pode fazer por nós. Temos
que ser nós a dizer o que devemos
A CIP é acérrima defensora da economia de mercado. Nestas condições, a fazer. É assim tanto para as empresas como para a sociedade em geral.
concorrência é, no nosso entender, condição ‘sine qua non’ para o progres- É verdade que a economia precisa que o Estado assegure “estabiliza-
so. No entanto, estarei a cometer algum pecado se defender os interesses dores” para que o mercado funcione e as empresas mantenham esta-
das empresas mais frágeis do nosso tecido produtivo, aquelas que criam bilidade. Mas estamos a falar de estabilizadores, “não de flutuadores”
riqueza e emprego no nosso país? que mantêm à superfície empresas sem viabilidade que distorcem a
A utilização das compras públicas para dinamizar o mercado interno deve- concorrência e prejudicam os empreendedores e aqueles que têm ver-
rá passar pelo incentivo à cooperação entre as PME portuguesas, com vista dadeira iniciativa empresarial.
ao necessário aumento de escala que lhes permita concorrer competitiva- Esses estabilizadores devem servir para assegurar a aposta na indús-
mente a concursos públicos e pela formatação desses concursos – dentro tria transformadora e nos bens transaccionáveis; a melhoria das qua-
do que é permitido pelas normas comunitárias – de modo a maximizar as lificações e o aumento da competitividade. Têm que ser transparentes
possibilidades de sucesso das empresas e consórcios nacionais e a promo- e atribuídos em condições a que todos possam ter acesso. Ao Estado,
ver a participação de um maior número de empresas de menor dimensão. cabe fomentar verdadeiramente o empreendedorismo. Fazendo isto, o
Trata-se de proporcionar e fomentar uma maior participação das PME nos Estado não está a fazer um favor aos empresários mas simplesmente a
mercados públicos, através da adequação dos concursos às realidades espe- cumprir um dever básico e essencial perante a economia.

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CALENDÁRIO 2011
d
Um conjunto de eventos e acontecimentos mundiais que
se vão destacar ao longo deste ano.
5
JANEIRO o World Economic Forum recebe • Revolução nos países árabes. O a sua separação da parte Norte
• A Hungria assume a a nata dos dirigentes políticos e presidente da Tunísia, Zine Ben e muçulmana do País. Será o
presidência rotativa empresariais. A reformulação do Ali, no poder desde 1987, resigna e 193.º país do mundo, com uma
da União sistema financeiro mundial e os abandona o país na sequência das população de 8,8 milhões de
Europeia e a problemas da dívida dos países manifestações populares iniciadas pessoas.
Estónia adopta periféricos da UE em debate, em meados de Dezembro. Num
o Euro, num Fórum onde as economias efeito dominó, a rebelião alastra
tornando- emergentes foram reclamar mais a todo o Norte de África, levando FEVEREIRO
-se o 17.º membro da Zona. protagonismo mundial. também à queda de Hosni • Os chineses celebram a
A França agarra a presidência Mubarak, presidente do Egipto entrada no novo ano.
do G8, o grupo dos oito países • Chuvadas torrenciais no Rio de desde 1981 e a forte O Ano do Coelho,
mais industrializados do mundo, Janeiro provocam enxurradas, que contestação doméstica ligado à fertilidade,
iniciando um ano na ribalta da arrasam várias cidades do estado. aos regimes de antecipa novo ano de
diplomacia mundial e que lhe dará Nova Friburgo desaparece do Marrocos, Argélia, crescimento recorde
também, por inerência, a liderança mapa e Teresópolos é fortemente Líbia, Bahrein e para a economia chinesa, que já
do G20. abalada. Rescaldos provisórios Iémen. é a segunda maior do mundo.
apontam para mais de um milhar
• A Wikipedia de mortos. • Eleições • A 45.ª edição da SuperBowl, em
celebra o presidenciais Dallas, coloca frente-a-frente as
seu 10.º • A divulgação dos telegramas em Portugal. O equipas de futebol americano dos
aniversário. secretos da Casa Branca pelo presidente Cavaco Packers e dos Steelers. O maior
O sucesso da Wikileaks e por cinco jornais Silva é reeleito espectáculo desportivo dos EUA
enciclopédia internacionais – o americano para um segundo dá à cadeia Fox uma audiência de
‘online’ “New York Times”, o britânico mandato, logo à primeira volta, 111 milhões de tele-espectadores,
alimentada “Guardian”, o espanhol “El com uma maioria de 52,95% dos batendo o anterior recorde da
por contributos voluntários não Pais”, o francês “Le Monde”, e o votos. CBS, na final do ano passado, com
disfarça o fracasso comercial do alemão “Der Spiegel” -, iniciada 106,5 milhões. Uma transmissão
negócio, que assume não ter fins ainda no final de Dezembro, • Emissões de dívida pública de financiada à média de 100 mil
lucrativos e de ser suportado por faz rebentar o debate sobre Portugal e Espanha provocam dólares por cada segundo de
uma Fundação. A wikipédia é o a privacidade na internet e a nervosismo nos mercados publicidade.
sétimo ‘website’ mais visitado do ética no jornalismo moderno. e atiram os juros para níveis
mundo. O fundador do Wikileaks, o estratosféricos. Um eventual • A resposta do mundo emergente
australiano Julian resgate da economia portuguesa, a Davos. Activistas políticos e
• Tuku, na Finlândia e Talin, Assange, é detido à semelhança do que se passou sociais reúnem-se em Dakar, a
na Estónia, são as novas em Londres, com a Grécia e a Irlanda, passa a capital do Senegal, para o Fórum
Capitais Europeias da Cultura. acusado de marcar a agenda dos principais Social Mundial. Um regresso a
Oportunidade para visitar o canto violação de duas jornais portugueses e mundiais. África, depois de uma anterior
oposto da Europa. cidadãs suecas. Os edição em Nairobi, no Quénia.
adeptos da teoria • Os cidadãos não árabes
• Como habitual, na luxuosa da conspiração da região Sul do Sudão • Eleições no Uganda. Yoweri
estância de neve suíça de Davos, desconfiam. votam, em referendo, Museveni é declarado o vencedor

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n
das eleições presidenciais, com douradas para “O Discurso do • Eleições gerais na Estónia. É
68% dos votos, estendendo os Rei”, a segunda obra do realizador provável que a solução de governo • Eleições parlamentares no Perú.
seus 25 anos no poder. O seu Tom Hooper. Além de melhor passe por uma coligação, embora Provável mudança de Governo,
adversário Kizza Besigye recebe filme e realizador, o Partido Reformador, de dizem os analistas. Na corrida
26% dos votos, mas rejeita os “O Discurso Andrus Ansip, deva continuar a à predidência, que decorre em
resultados, alegando fraudes no do Rei”, que liderar os destinos do País. paralelo, o ex-presidente centrista
escrutínio. Novo foco de tensão na concorria em 12 Alejandro Toledo, ou Keiko
África subsahariana. das categorias, bateu • Paulo Portas e José Sócrates Fujimori (cujo pai governou
os adversários no melhor reeleitos como líderes no país entre 1990 e 2000),
• Início do ciclo de eleições argumento original do CDS-PP e PS, disputarão o cargo ao populista
regionais na Alemanha, que se e actor, atribuído a respectivamente. Ollanta Humala, que quase
prolongarão até Dezembro. Na Colin Firth. Óscar de Sem novidades. roubou a presidência a Alain
primeia votação, a chanceler melhor actriz foi para Garcia nas anteriores eleições,
Angela Merkel perdeu. O grande Natalie Portman. em 1996.
teste está marcado para Março,
quando os eleitores do lander de
Baden-Wurttemberg forem a votos. MARÇO
Aqui, a União Denocrata Cristã • 150.º aniversário da criação da
(CDU), de Angela Merkel governa Itália moderna, celebrando a ABRIL
desde 1953, mas o rival Partido reunificação do país pelo rei Vítor • Reunião de Primavera do Fundo
Social-Democrata (SPD) ameaça Emanuel, de Piemonte-Sardenha, Monetário Internacional e do
provocar um resultado surpresa. a 17 de Março de 1861. As Banco Mundial, em Washington.
celebrações serão acompanhadas As primeiras previsões anuais do
• Eleições na Irlanda. Oposição pelos habituais casos em torno do FMI para a economia mundial. • Casamento do príncipe William
de Centro vence as eleições, mas mediático primeiro-ministro Silvio Entre o crescimento acelerado com a plebeia Kate Middleton.
terá de governar em coligação Berlusconi. das economias emergentes e os A Monarquia britânica regressa
com os independentes ou com o problemas na periferia da União aos palcos mundiais. Os críticos
Partido Trabalhista. Enda Kenny, • 5.º aniversário do primeiro Europeia. dizem que o matrimónio pode dar
líder do Fine Gael, futuro primeiro- ‘tweet’. um prejuízo de 5,8 mil milhões de
-ministro. O ex-chefe do Governo, • Banco Central Europeu acaba com euros à economia britânica, com o
Brian Cowen, castigado pelas • Eleições parlamentares na intervenção no mercado da dívida. comércio fechado por 11 dias. Os
medidas de austeridade e pela Finlândia. O governo provisório, A dívida pública da Grécia, Irlanda, monárquicos argumentarão que os
intervenção da UE e do FMI no no poder desde Junho de 2010, Portugal e de Espanha deixa de ganhos em imagem e no turismo,
país. tentará a recondução. É provável ter comprador assegurado. A mais do que compensarão as
que o consiga, mas com uma colocação das emissões do Tesouro perdas. O povo suspirará, na
• Os ministros das Finanças recomposição das forças na volta a depender dos mercados e esperança de que Kate venha a ser
da União Europeia (UE) coligação: mais peso para o a expectativa sobre o que possa uma nova Lady Di.
anunciam, em Bruxelas, Partido da Coligação Nacional e acontecer aos juros é grande.
a criação de um menos para o Partido do Centro.
fundo de resgate • Anúncio, em Nova Iorque, dos MAIO
permanente para os • Congresso do Povo, na China. vencedores do Prémios Pulitzer, • 1.º de Maio. Novo teste aos
países da Zona Euro Celebrando o estatuto de segunda de Jornalismo, Literatura, Teatro e governos de todo o mundo, com
com problemas de potência económica mundial e de Música. sindicatos e partidos de esquerda
endividamento excessivo. olho nas futuras ambições de uma a contestarem os planos de
O fundo vigorará até 2013 emergente classe média. • 37.ª aniversário da Revolução austeridade, os cortes salariais, o
e contará com dotações de 25 de Abril. Num ano aumento do desemprego e o fim
de 500 mil milhões de • Cimeira da UE. As novas regras marcado pela austeridade e pelo dos benefícios sociais. Na habitual
euros da UE e de 250 mil de acompanhamento orçamental desemprego, conseguirão os guerra de números, governos
milhões do FMI. dos estados-membros, a situação sindicatos e os partidos mais à e sindicatos contarão de forma
das endividadas economias esquerda capitalizar a seu favor diferente o total de manifestantes.
• 83.ª cerimónia periféricas e a sucessão de o momento? Segunda volta uma
de atribuição dos liderança no Banco Central semana depois, nas celebrações • Um mês despois do Economic
Óscares. Quatro Europeu, como pontos do Dia do Trabalhador, a 1 de Outollok, é a OCDE a apresentar
estatuetas quentes da agenda. Maio. as suas previsões económicas.

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n
• 63.º Festival de Cinema de e o seu Partido da Justiça e para festejos. Bloqueado pela
Cannes. Desfile de estrelas na • Bienal de Veneza. Um mês Desenvolvimento (AK) deverão maioria republicana no interior,
capital francesa do cinema. depois de Cannes, é a vez do garantir um terceiro mandato. o que poderá o novel cinquentão
cinema italiano. As Palmas de Depois, o AK poderá conquistar no exterior?
Ouro francesas dão lugar aos tentar a • Eleições parlamentares na
Leões de Ouro de Itália. Guiana e presidenciais nas
Seychelles. A Democracia da
• A partir de agora, pode nascer o América Latina ao Índico.
ciadadão número 7 mil milhões
do planeta, 12 anos depois de reforma constitucional,
registado pelas Nações Unidas propondo um regime SETEMBRO
que o bósnio Adman Nevic, presidencial. • 10.º aniversários dos ataques
• Conferência Bilderberg, em nascido a 12 de Outubro de 1999, terroristas às torres gémeas de
Atenas. O mais poderoso ‘lobby’ foi o cidadão seis mil milhões. Nova Iorque. O terrorismo e o
político e financeiro do mundo O debate sobre o excesso de AGOSTO fundamentalismo islâmico voltam
discute o estado do planeta. Do povoamento do planeta voltará, • Verão. A Europa (e não só) parte à primeira linha do discurso
que for decidido por este restrito com a escassez de recursos e a de férias para a praia. A ‘silly nacionalista americano.
grupo de poderosos dependerá season’ começa e a discussão dos
o futuro de muitos países e problemas graves da economia • 3º aniversário da falência do
governantes. e da política fica congelada até Lehman Brothers. Foi assim que
Setembro. O turismo, sobretudo tudo começou.
no Sul da Europa, inicia a sua
época alta. • Novas previsões do FMI. O
mundo espera ansioso por boas
• Celebração do 2.º aniversário notícias. Terá a crise despoletada
do golpe de Agosto de 1991, no pela falência do Lehman Brothers,
Báltico, que abriu as portas para há três anos, já passado?
sustentabilidade a apoiar algumas o movimento de independência
teses. das repúblicas que compunham • Começa a taça do mundo de
JUNHO a antiga União Soviética. Lituânia, Rugby, na Nova Zelândia, uma
• 100.º aniversário da IBM. A Big JULHO Letónia e Estónia, Geórgia, Ucrãnia longa maratona que só termina
Blue é um exemplo de longevidade • 90.º aniversário da fundação do e os países asiáticos do Cáucaso a 23 de Outubro, na final. Os All
e o assunto será discutido nos Partido Comunista Chinês. Os festejarão. Em Moscovo, alguns Blacks partem como favoritos
fóruns de gestão e administração liberais e reformistas aproveitarão antigos comunistas relembrarão, e contam com o factor casa.
de empresas. Lou Gerstner, o para pedir uma maior abertura do com saudade, os velhos dias de Mas é preciso não esquecer
mítico CEO da companhia, será regime. que nem sempre os mais fortes
recordado como o homem que
salvou a IBM da falência, nos • Polónia assume a
anos 90, deslocando o foco da presidência da
empresa do ‘hardware’ para União Europeia.
a prestação de
serviços. • Celebrações da
Microsoft, Independência
Google, dos EUA, dia 4, e da
Facebook Tomada da Bastilha, em França, glória de um império, cuja área conseguiram erguer a taça e a
e muitos dia 14. de influência ia das fronteiras da derrota na final de 1995, contra a
outros ‘his dotcom’ Alemanha ao Pacífico. África do Sul, ainda está viva na
escutarão as lições, para evitarem • Casamento de Alberto do memória de todos.
os erros. Monaco. Os monegascos • 50.º aniversário de Barack
suspiram com a hipótese de um Obama. O presidente norte- • Ao fim de 25 anos, Oprah
• Le Mans. A mítica prova de herdeiro para a coroa. -americano festeja o seu Winfrey põe um ponto final no
resistência francesa continua a meio século, no meio de uma seu programa de entrevista na
cativar as atenções dos adeptos de • Eleições gerais na Turquia. O turbulência político-económica televisão. A mulher mais poderosa
automobilismo em todo o mundo. primeiro-ministro Recep Erdogan que não lhe deixará muito tempo do mundo, segundo alguns

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n
analistas, promete regressar em OUTUBRO festival do costume. Os bávaros • Sexta Cimeira do G20. A
novo formato e em canal próprio. • Apresentação e debate do celebram entusiasticamente o bom França preside e as economias
Orçamento de Estado para 2012. ritmo de crescimento da economia emergentes, com China, Índia e
• Polacos escolhem os seus Menos austeridade? alemã. Brasil à frente, continuarão a exigir
representantes para as maior protagonismo na condução
duas Câmaras • Termina o mandato de Jean • Anúncio dos laureados com os dos assuntos económicos e
parlamentares. Claude Trichet à frente do Banco Prémios Nobel. Que destino terá o financeiros mundiais.
A Plataforma Central Europeu (BCE). Quem será Nobel da Paz?
Cívica, o próximo senhor Euro?
partido do • Jogos pan-americanos, 30 DEZEMBRO
actual primeiro-ministro • Eleições presidenciais na modalidades em competição, na • A conferência sobre as alterações
Donald Tusk deverá Argentina. A morte súbita do cidade mexicana de Guadalajara. A climáticas da ONU, agendada para
sair do escrutínio como peça ex-presidente Nestor Kirchner, antecipação americana dos Jogos Durban, na África do Sul, deve
central de uma nova coligação em Outubro do ano passado, Olímpicos de 2012. pôr maior
governamental. Mas a oposição arrumou a hipótese de ele suceder enfase na
conservadora, do partido Lei e à sua viúva e actual presidente, ligação
Justiça, parece estar a renascer, Cristina Fernandez Kirchner. Uma entre
depois da vitória nas presidenciais. recandidatura não está posta de alterações
parte, mas o homem do momento, climáticas
Daniel Scioli, governador da e o desenvolvimento. Capitalismo
Província de Buenos Aires, poderá e ecologia de mãos dadas, em
arrebatar-lhe a Presidência. busca dos primeiros resultados
práticos.
• Reabre em Moscovo, o • Cimeira dos Chefes de Governo
mundialmente famoso Teatro da Commonwealth, em Perth, na • Santa Lúcia, uma pequena
Bolshoi, após seis Austrália. A Rainha Isabel ilha das Caraíbas, elege o seu
anos de obras de II preside em grande estilo. Parlamento de 17 membros.
restauro. Novo Democracia em estado micro.
marco para
um edifício
• Assembleia-Geral da ONU, em com quase
Nova Iorque. O grande desfile da 190 anos
diplomacia mundial. (inaugurado
em 18 de Janeiro de 1825). NOVEMBRO
• Eleição presidencial na • Dia 11, atinge-se a data mágica
Guatemala. Sandra Torres, casada • Eleições federais na Suíça. O de 11/11/11. Numerologistas e
com o presidente cessante Álvaro Partido Popular Suíço, de direita, cabalistas divertir-se-ão com as
Colon, tentará imitar a argentina resiste às reformas nas leis do suas conjecturas em torno de
Cristina Kirchner e suceder na sigilo bancário, mas deverá ser a uma data composta apenas pela • Natal. Milhões de católicos
presidência ao seu marido. O rival actual coligação de quatro partidos unidade. (e não só) de todo o mundo
mais forte é Otto Pérez Molina, quem se manterá no poder. As celebram o nascimento de Jesus.
um antigo general reformas continuarão. • 3º aniversário da nacionalização Nalguns países, a esperança é que
conotado com do Banco Português de Negócios. a época mais consumista do ano
movimentos • Estará ainda nas mãos do Estado? contribua para afastar de vez o
populistas. fantasma da crise económica.
• Eleições gerais na Nova Zelândia,
presidenciais na Nicarágua e
parlamentares e presidenciais
na República Democrática do
Congo. Na Nicarágua, Daniel
Ortega, líder sandinista e aliado
de Hugo Chavéz da Venezuela,
Oktoberfest, a festa da cerveja quer candidatar-se a um segundo
de Munique, em 178.º edição. O mandato.

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Opinião

Raúl Marques
Economista

Crescimento,
Endividamento e Início
da Era da Desalavancagem

A
economia mundial percorreu ao longo das últimas 3 dé- a qual acelerou a quebra da inflação e das taxas de juro, que tinham
cadas um ciclo marcado por elevado crescimento econó- atingido máximos históricos em 1985 no final do ciclo de estabilização
mico, desinflação, quebra sustentada das taxas de juro e da economia portuguesa resultado do acordo com o Fundo Monetário
aumento dos níveis de endividamento das empresas, das Internacional em 1983. Contudo, se a economia portuguesa registou
famílias e dos Estados. De facto, nos anos 70/início dos efectivamente, entre 1986 e 1992, uma importante fase de crescimento
anos 80 a economia mundial atravessou um ciclo caracterizado pela in- e de aproximação à média de produtividade e poder de compra europeus
flação e taxas de juro elevadas, potenciadas pelos 2 choques petrolíferos (alavancada pelos fundos comunitários e pelo enquadramento econó-
registados nessa época. mico mundial positivos), conjugadamente com a rápida construção de
A década de 80 assistiu a profundas transformações na economia um Estado Social que a maioria dos seus parceiros europeus tinham
mundial, com realce para o sucesso das autoridades governamentais e consolidado desde o pós-guerra, o ciclo subsequente de elevado cresci-
monetárias no controlo da inflação, o que permitiu que se registasse mento da economia nacional a partir de 1995 (durante o qual se regis-
uma redução sustentada das taxas de juro. Em simultâneo, abriu-se um taram múltiplos êxitos, com destaque para a entrada na Zona Euro) foi
ciclo de abertura e globalização dos mercados, o qual permitiu a efectiva já caracterizado por um crescente endividamento dos agentes econó-
entrada dos mercados emergentes na economia mundial (salientem-se micos (embora muito canalizado para a aquisição de habitação própria
os casos da China, Índia e Europa de Leste, com reflexos extraordinários pelas famílias), o qual levou designadamente a níveis elevados de dívida
nos níveis de produtividade e crescimento económico à escala mundial externa e dívida pública que se têm vindo a agravar recentemente. As
nas últimas décadas. No entanto, as taxas de juro reduzidas que têm per- famílias e as empresas portuguesas foram baixando gradualmente a sua
manecido em quase todo o Mundo, conjugadas com o ciclo de inovação poupança a partir dos anos 80, situação que se reflecte presentemente
e desregulação no sistema financeiro mundial e a liquidez abundante numa reduzida taxa de poupança interna, insuficiente para financiar o
proporcionada pelos bancos centrais, originaram uma valorização gene- investimento produtivo.
ralizada dos preços dos activos financeiros e reais (com um forte ‘bull Com efeito, à medida que a economia portuguesa mantinha um
market’ na maioria dos mercados accionistas e imobiliários, nomeada- défice estrutural da balança comercial (neste quadro o défice ener-
mente no norte-americano) e conduziram a um aumento progressivo gético nacional, que só recentemente começa a reduzir-se, tem sido
dos rácios de endividamento da generalidade das economias mais de- especialmente gravoso), não compensado por remessas do exterior,
senvolvidas. Este crescente endividamento foi “viabilizado” pelas baixas os juros da dívida ao exterior começaram também a pesar cada vez
taxas de juro e alimentou frequentemente quer o investimento imobi- mais na balança corrente e de capital, estruturalmente deficitária. Por
liário quer o consumo das famílias, sendo esta situação especialmente outro lado, o Estado mantinha défices estruturais, acreditando na ca-
notória e significativa nas economias anglo-saxónicas e, recentemente, pacidade de o elevado investimento público potenciar o crescimento
em diversas economias europeias. económico e a produtividade nacional, situação que não se verificou
A economia portuguesa registou também um interessante ciclo de suficientemente, deixando a economia portuguesa em dificuldades no
crescimento e aumento do nível de vida e de protecção social a partir ciclo adverso que se veio a registar desde 2007. O aumento da dívida
da adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia em 1986, externa foi exponencial, tendo a dívida externa bruta atingido mais de

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O Mundo mudou e a economia portuguesa tem que se
adaptar rapidamente ao novo contexto.

230% do PIB em 2010! Por outro lado, a dívida pública aumentou rápido possível a dívida pública relativamente ao PIB.
de cerca de 50% do PIB em 2000 para cerca de 85% em 2010. Em É essencial reduzir fortemente o défice da balança corrente e de
simultâneo com a alavancagem dos balanços das famílias, empresas capital e estabilizar o valor da dívida externa portuguesa relativamente
e Estado, também o sector bancário se alavancava, chegando a uma ao PIB.
situação onde, embora permanecendo eficiente e sólido a nível inter- É importante retomar uma trajectória de aumento da produtividade
nacional, o rácio de transformação de depósitos em crédito se cifrava e competitividade da economia portuguesa e voltar a níveis aceitáveis
em aproximadamente 150% em 2009. de crescimento económico, manifestamente inexistentes na última dé-
A crise financeira mundial de 2007/2008, ao evoluir para uma gra- cada, focando mais recursos nos sectores/empresas exportadores.
ve crise económica e de confiança dos agentes económicos privados à É importante desalavancar progressivamente os balanços das famí-
escala mundial em finais de 2008 e em 2009, obrigou os Governos lias, empresas e instituições financeiras nacionais.
de todo o Mundo a acelerarem os volumes de despesa pública, subs- A realidade é que o Mundo mudou e a economia portuguesa tem
tituindo assim a iniciativa privada e minimizando o impacto da que- que se adaptar rapidamente ao novo contexto. Depois de duas décadas
bra da procura global, mas, ao aumentar os défices e a dívida pública, de endividamento progressivo, que levou a uma Sociedade do Consu-
chegámos em 2010 a uma grave crise de confiança na dívida soberana mo e do Crédito, temos que construir uma Sociedade mais focada na
na Zona Euro, a qual tem exigido não só o apoio financeiro internacio- Poupança.
nal à Grécia e Irlanda, mas também a implementação de medidas de A Era da Desalavancagem já começou ao nível de diversas econo-
austeridade, com redução dos gastos públicos e privados em diversas mias desenvolvidas mas vai demorar a ser consolidada. No entanto,
economias, de entre as quais a portuguesa. esse processo permitirá conduzir a um modelo de crescimento segura-
É essencial reduzir fortemente o défice público e estabilizar o mais mente mais sustentável a longo prazo.

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Análise banca

EXPANSÃO

A REVOLUÇÃO
DA BANCA ANGOLANA
O sector bancário angolano é hoje um dos mais modernos e desenvolvidos do
continente africano, em rota com o crescimento da economia do País. O aumento
da taxa de bancarização e a cobertura de todo o território são os grandes desafios
para os bancos instalados e para os novos ‘players’ que chegam.

Q uando analisamos a evolução recente do sector bancário


em Angola, os números são impressionantes. Em dez
anos, o número de instituições praticamente duplicou e
os activos, os depósitos e o crédito crescem anualmente a
dois dígitos, num país onde cartões de débito e crédito, terminais de
A 1 de Julho de 2010, todas as instituições sob supervisão do BNA
tiveram de adoptar o novo Plano Contabilístico das Instituições Finan-
ceiras (Contif), em vigor desde o final de 2007. O novo plano de contas
teve um impacto directo no tratamento contabilístico de diversas opera-
ções e nos sistemas de informação, nomeadamente aos níveis do registo
pagamento e caixas ATM se estão a multiplicar. Os maiores bancos co- de imparidades da carteira de crédito, da contabilização de produtos de-
brem agora todo o território do País e, apesar da crise internacional, as rivados e impostos diferidos e da divulgação da informação financeira.
mudanças no sector aceleraram o ritmo nestes últimos três anos. No final de 2009, o sistema financeiro angolano era constituído por
“A expansão das redes de agências e a aposta em estratégias comer- 20 instituições bancárias, 14 das quais autorizadas a operar nos últimos
ciais para a captação de clientes têm marcado os mais recentes anos de dez anos. Em 2010, foram autorizados mais três, elevando para 23 o
desenvolvimento do sector”, refere a KPMG Angola num estudo em número total de instituições a operar em Angola.
que analisa o sector bancário de Angola. “Os condicionalismos existen-
tes ao nível da gestão de recursos humanos e do planeamento e controlo Um negócios redesenhado
da actividade lançam desafios adicionais, quer aos ‘players’ estabeleci- A política oficial de fomentar a criação de ‘joint-ventures’ entre os ban-
dos, quer aos novos ‘players’”, adianta o estudo. cos de capital estrangeiro e accionistas locais conduziu a uma pequena
Do ponto de vista do enquadramento legal, 2009 foi um ano-chave revolução do sector. Ao longo dos últimos três anos, o perfil do negócio
para o sector. O Banco Nacional de Angola (BNA) emitiu vários diplo- bancário foi redesenhado, com novas parcerias e a chegada de novos
mas com impacto directo na actividade da banca. Com o objectivo de ‘players’ ao mercado.
melhorar a gestão das reservas cambiais, o banco central duplicou, de Ainda em 2008, o Banco de Fomento Angola viu a sua estrutura ac-
15% para 30%, o coeficiente de reservas obrigatórias, medido pela per- cionista alterada. O português BPI vendeu 49,9% do capital à operadora
centagem do valor dos depósitos que a banca tem de imobilizar junto do angolana de telecomunicações Unitel.
BNA. Esta alteração, a par com a modificação da base de incidência do Em 2009, o Banco Totta & Açores passou a denominar-se Banco
coeficiente, estabilizou o sector monetário, mas fez diminuir a liquidez Caixa Geral Totta Angola e a incorporar também capitais angolanos.
do sistema financeiro, obrigando a banca a fazer uma gestão mais rigo- Ao accionista original, o Banco Santander Totta (braço luso do grupo
rosa do seu ‘working capital’. Outra importante medida de enquadra- espanhol Santander), juntou-se a também portuguesa Caixa Geral de
mento do sector foi a criação de uma Central de Informação e Riscos de Depósitos, a petrolífera angolana Sonangol e um grupo de investidores
Crédito, um sistema de informação sobre o perfil de riscos dos clientes. privados de Angola.

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Apesar da crise
internacional, as
mudanças no sector
bancário angolano
aceleraram o ritmo
nos últimos três anos.

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» Análise banca
Indicadores de dimensão e actividade
Início Activos totais Depósitos Crédito Líquido
actividade (milhões de kwanzas) (milhões de kwanzas) (milhões de kwanzas)

2008 2009 rank var % 2008 2009 rank var % 2008 2009 rank var. % 2
BAI - Banco Africano de Investimentos 1997 573 246 739 063 1 28,9 375 929 592 531 1 57,6 131 872 272 122 1 106,4 23
BESA - Banco Espírito Santo Angola 2002 372 127 579 059 2 55,6 170 136 252 186 5 48,2 122 077 212 983 3 74,5 14
BFA - Banco de Fomento Angola 1993 474 023 528 802 3 11,6 225 154 447 046 2 98,6 130 563 155 076 5 18,8 28
BPC - Banco de Poupança e Crédito 1976 365 555 463 665 4 26,8 279 317 356 110 3 27,5 165 500 240 694 2 45,4 26
Banco BIC 2005 340 438 386 013 5 13,4 209 298 301 839 4 44,2 123 506 164 167 4 32,9 23
BPA - Banco Privado Atlântico 2006 106 784 136 885 6 28,2 20 112 102 060 6 407,5 13 883 36 088 9 159,9 3
BNI - Banco de Negócios Internacional 2006 57 175 106 788 7 86,8 45 273 87 583 7 93,5 27 499 61 922 6 125,2 3
Banco Sol 2001 83 018 103 650 8 24,9 40 005 77 145 8 92,8 47 242 38 472 8 -18,6 4
BMA - Banco Millennium Angola 2006 48 389 95 725 9 97,8 19 659 54 661 9 178,0 22 136 39 311 7 77,6 2
BCGTA - Banco Caixa Geral Totta Angola 1993 47 512 68 673 10 44,5 26 932 42 859 10 59,1 14 761 15 964 11 8,1 3
BRK - Banco Regional de Kewe 2003 33 102 37 442 11 13,1 20 836 35 094 11 68,4 12 631 17 985 10 42,4 3
Finibanco de Angola 2008 2 956 8 881 12 200,4 1 324 5 353 12 304,3 776 4 185 12 439,3
Banco VTB Africa 2007 2 057 13 933 13 113 13

No Banco Espírito Santo Angola (BESA), um aumento de capital magadora das instituições financeiras, foi alcançado pelo BAI, que em
possibilitou a entrada de investidores angolanos, que tomaram 48% do 2009 passou a cobrir a totalidade das 18 Províncias do País, juntando-se
capital social, enquanto no Banco Millennium Angola (BMA), a Sonan- a um grupo restrito que integra também o BPC, o BFA e o muito activo
gol tomou uma participação de 29,9% e o BPA angolano ficou com Banco BIC.
20%, abrindo em contrapartida 10% do seu próprio capital ao BMA, Em 2009, o número total de agências cresceu 19%, com todas as
concretizando um acordo cujas primeiras linhas foram delineadas ao instituições a alargarem as suas redes. No final desse ano, BPC, BFA e
longo dos dois anos anteriores. Banco BIC contavam já com mais de uma centena de balcões, enquan-
Ainda em 2009, a banca angolana registou um primeiro movimen- to o esforço dos bancos com redes menores se reflectia em taxas de
to de consolidação, com a compra do Novo Banco pelo Banco Africano crescimento acima dos 10%. “Os bancos em Angola estão concentrados
de Investimentos (BAI). Depois da integração no BAI, o Novo Banco na capacidade de resposta às necessidades de bancarização”, confirma
mudou a sua denominação para Banco Bai Micro-Finanças, passando a Vítor Ribeirinho, Head of Audit da KPMG em Portugal. A bancarização
actuar no segmento do micro-crédito. Já em 2010, autoridades angola- vai implicar não só um esforço de expansão geográfica, mas também
nas concederam luz verde ao banco sul-africano Standard Bank, o maior uma maior diversificação dos serviços bancários. Um dos desafios será
banco do continente africano. “adequar esse esforço ao retorno esperado e dentro dos parâmetros de
O sistema financeiro nacional passou assim a ser constituído por 23 risco toleráveis”, adianta.
bancos comerciais, dois dos quais de capitais públicos: Banco de Pou-
pança e Crédito (BPC) e o Banco de Comércio e Indústria (BCI). A con- Explosão de caixas ATM
corrência crescente no sector resultou numa evolução muito positiva Os progressos na bancarização foram acompanhados por um crescimen-
da bancarização em Angola. A cobertura pelas redes da banca de todo to do número de cartões de pagamento automático e por um aumento
o território nacional, um dos objectibvos simbólicos assumidos pela es- de 38% no número de caixas ATM e de 185% no total de terminais de

Indicadores de rendibilidade e eficiência


Início Activos totais Depósitos Crédito Líquido
actividade (milhões de kwanzas) (milhões de kwanzas) (milhões de kwanzas)

2008 2009 rank var % 2008 2009 rank var % 2008 2009 rank var. % 2
BAI - Banco Africano de Investimentos 1997 12 451 20 654 1 65,9 31,45 36,35 4 4,90 2,94 3,15 8 0,21
BESA - Banco Espírito Santo Angola 2002 9 060 16 842 3 85,9 44,50 47,21 1 2,71 3,50 3,54 6 0,04 3
BFA - Banco de Fomento Angola 1993 16 847 19 886 2 18,0 39,79 40,10 3 0,31 4,55 3,97 3 -0,58 2
BPC - Banco de Poupança e Crédito 1976 7 288 11 130 5 52,7 34,03 23,74 10 -10,29 2,52 2,68 11 0,16 4
Banco BIC 2005 10 584 13 292 4 25,6 48,04 32,33 7 -15,71 4,11 3,66 5 -0,45 3
BPA - Banco Privado Atlântico 2006 1 204 3 437 7 185,5 51,12 28,56 9 -22,56 1,81 2,82 10 1,01 5
BNI - Banco de Negócios Internacional 2006 1 880 3 012 8 60,2 30,50 32,89 5 2,39 4,16 3,67 4 -0,49 3
Banco Sol 2001 1 597 2 943 9 84,3 46,08 47,20 2 1,12 2,70 3,15 8 0,45 4
BMA - Banco Millennium Angola 2006 433 1 590 10 267,2 9,66 11,29 13 1,63 1,17 2,21 12 1,04 6
BCGTA - Banco Caixa Geral Totta Angola 1993 2 085 4 050 6 94,2 21,92 18,98 11 -2,94 4,94 6,97 2 2,03 3
BRK - Banco Regional de Kewe 2003 1 139 1 170 11 2,7 19,70 16,83 12 -2,87 4,53 3,32 7 -1,21 3
Finibanco de Angola 2008 -34 607 12
Banco VTB Africa 2007 64 13 29,58 8 29,58 10,26 1 10,26

28 » PRÉMIO » Março 2011

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Produto Bancário Capitais Próprios Número médio
(milhões de kwanzas) (milhões de kwanzas) de empregados Número de agências Número de ATM

2008 2009 rank var% 2008 2009 rank var% 2008 2009 rank var % 2008 2009 rank var% 2008 2009 rank var%
23 980 42 623 2 77,7 39 587 56 813 1 43,5 1089 1276 3 17,2 60 69 4 15,0 83 125 3 50,6
14 431 24 695 5 71,1 4 485 14 084 7 214,0 419 432 7 3,1 28 31 6 10,7 22 8 -100,0
28 698 37 630 3 31,1 42 341 49 591 2 17,1 1598 1838 2 15,0 113 129 2 14,2 160 241 1 50,6
26 374 42 688 1 61,9 21 415 46 890 3 119,0 2278 2836 1 24,5 165 200 1 21,2 139 169 2 21,6
23 207 33 233 4 43,2 22 030 41 120 4 86,7 1112 1168 4 5,0 100 109 3 9,0 97 4 -100,0
3 902 8 887 6 127,8 2 355 12 034 8 411,0 10 10 10 0,0
3 788 7 312 7 93,0 6 164 9 158 9 48,6 191 314 8 64,4 12 21 9 75,0 23 55 6 139,1
4 599 7 224 8 57,1 3 466 6 235 11 79,9 515 648 5 25,8 53 65 5 22,6 40 76 5 90,0
2 716 6 613 9 143,5 20 358 35 673 5 75,2 311 499 6 60,5 16 23 8 43,8 15 31 7 106,7

Fonte: KPMG Angola


3 639 5 903 10 62,2 9 511 21 342 6 124,4 227 9 13 9
3 014 4 127 11 36,9 5 781 6 951 10 20,2 218 244 9 11,9 21 25 7 19,0 20 31 7 55,0
155 1 524 12 883,2 706 2 053 12 190,8 25 52 10 108,0 1 4 11 300,0 2 7 10 250,0
388 13 1 257 13 27 11 1 12

O perfil do negócio bancário gola. O desenvolvimento do sector implicou um aumento da população


bancária. O número médio de colaboradores aumentou 9% em 2009,

foi redesenhado com novas e a entrada no mercado de novos ‘players’ e a agressividade da expansão
de alguns bancos médios, estão a agudizar a guerra pela conquista dos

parcerias e a chegada de melhores talentos. “Apesar de se tratar de um sector jovem, é admirável


assistir à rapidez da sua evolução, quer em termos de indicadores de

novos ‘players’ ao mercado. crescimento e de performance, quer no que concerne à crescente matu-
ridade no enquadramento regulamentar e legistativo, aproximando-o a
passos largos de outras realidades mais maduras e sofisticadas”, conclui
a KPMG Angola, adiantando que as palavras-chave para os próximos
pagamento automático (TPA). “Em paralelo com esta democratização anos serão o crescimento, a gestão de riscos e o ‘compliance’.
do uso de meios de pagamento automáticos, também o número de tran- “Os bancos deverão estar atentos e preparados para as mudanças
sacções realizadas através desses meios aumentou, registando-se um regulatórias, nomeadamente ao nível dos requisitos de gestão de risco e
crescimento de 28% no total de levantamentos realizados nas ATM e controlo interno, da gestão de capital e liquidez e das políticas de comba-
de 88% no número de transacções em TPA,” refere o estudo da KPMG te ao branqueamento de capitais”, precisa Vítor Ribeirinho. Até porque o
Angola, sobre o sector bancário em Angola. BNA está a acompanhar de uma forma cada vez mais efectiva os bancos,
A maioria dos bancos está a crescer de forma orgânica, registando particularmente ao nível de gestão de riscos e ‘compliance’. O responsá-
um reforço dos seus capitais e um aumento dos activos. “A evolução ge- vel da KPMG prevê que, mesmo num ambiente mais restritivo e cada
ral em termos de captação de depósitos e de crédito é também ilustrativa, vez mais regulado, o sector financeiro continuará a crescer de forma a
com taxas de crescimento médias de dois dígitos”, avança a KPMG An- sustentada.

Produto Bancário Capitais Próprios Número médio


(milhõesc de kwanzas) (milhões de kwanzas) de empregados Número de agências Número de ATM

2008 2009 rank var% 2008 2009 rank var% 2008 2009 rank var % 2008 2009 rank var% 2008 2009 rank var%
26,11 23,34 2 -2,77 3,33 3,15 10 -0,18 22,02 32,40 2 10,38 35,08 45,93 8 10,85 2,06 3,57 7 1,51
32,22 23,96 4 -8,26 3,20 2,14 12 -1,06 34,44 56,96 1 22,52 93,89 84,45 1 -9,44 0,00
28,70 28,41 5 -0,29 4,86 3,27 9 -1,59 17,96 20,47 5 2,51 57,99 93,02 10 35,03 1,04 2,50 6 1,46
45,78 43,21 9 -2,57 5,65 5,78 2 0,13 11,58 15,05 8 3,47 59,61 67,59 5 7,98 4,49 4,99 8 0,50
31,49 23,79 3 -7,70 5,41 4,46 4 -0,95 20,87 28,45 4 7,58 59,01 54,39 6 -4,62 0,76 1,33 2 0,57
58,76 50,74 11 -8,02 3,73 4,16 5 0,43 3,51 -3,51 69,03 35,36 10 -33,67 1,15 1,43 3 0,28
32,29 38,35 7 6,06 5,20 3,44 8 -1,76 19,05 18,80 6 -0,25 68,74 80,27 2 11,53 4,01 1,67 4 -2,34
48,86 50,29 10 1,43 5,27 3,05 11 -2,22 8,93 11,15 10 2,22 28,83 24,83 12 -4,00 7,79 8,76 10 0,97
69,69 61,33 12 -8,36 3,77 4,08 6 0,31 8,73 13,25 9 4,52 112,60 72,41 4 -40,19 2,62 0,93 1 -1,69
Fonte: KPMG Angola

30,76 21,98 1 -8,78 5,57 3,61 7 -1,96 16,99 -16,99 54,81 37,25 9 -17,56 2,28 8,41 9 6,13
39,26 44,17 8 4,91 5,87 4,98 3 -0,89 13,83 16,91 7 3,08 60,63 51,25 7 -9,38 5,31 13,09 11 7,78
58,59 78,19 3 19,60 0,04 3,58 5 3,54
32,54 6 32,54 5,98 1 5,98 29,31 3 29,31 12,12 13 12,12 0,00

Março 2011 » PRÉMIO » 29

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Análise bancal

JOSÉ REINO DA COSTA, MILLENNIUM ANGOLA

“Queremos 100 balcões


e mais de 100 milhões
de resultados”
Um dos mais recentes e activos bancos a operar no mercado
angolano, o Millennium Angola fechou 2010 com um
desempenho extraordinário, duplicando o número de clientes,
abrindo 16 novos balcões e registando um crescimento a dois
dígitos. A três anos, os objectivos passam por atingir os 100
balcões, cobrindo todas as Províncias do País e ultrapassar os
100 milhões de dólares de resultados.
Para 2011 as prioridades estratégicas do Millennium Ango- Em 2010 a actividade económica em Angola apresentou
la continuam a ser o crescimento rentável do negócio com um desempenho positivo, em linha com as expectativas
grande enfoque na captação de novos clientes e depósitos. iniciais, tendo tido um crescimento em torno dos 4%, des-
“Pretendemos voltar a dobrar o número de clientes acti- tacando-se o sector não petrolífero, com um crescimento
vos, ultrapassando os 150 mil, continuar a ganhar quota de de cerca de 6%, não obstante o preço do crude ter estado
mercado nos recursos e crédito, abrir entre 20 e 25 balcões sempre acima dos 70 dólares por barril e ter mesmo ultra-
e ultrapassar os 40 milhões de dólares de resultados líqui- passado os 90 dólares perto do final do ano. A taxa de in-
dos”, adianta José Reino da Costa, presidente da Comissão flação manteve-se próxima dos 14% e a taxa de câmbio do
Executiva do banco. kwanza (moeda nacional de Angola) não sofreu alterações
significativas, tendo valorizado cerca de 4,3% face ao Euro
Como avalia a evolução da economia angolana em 2010? e desvalorizado cerca de 3,6% face ao dólar.
Angola é um país muito dependente das importações,
com implicações imediatas na disponibilidade de moeda E no que respeita ao sector financeiro?
estrangeira para fazer face ao pagamento das mercadorias Foi um ano caracterizado por alguma falta de liquidez,
importadas, o que provoca também uma grande pressão nomeadamente de moeda estrangeira, com implicações
sobre a inflação. Sendo a venda do petróleo praticamente nas taxas de juro e na oferta de crédito, tendo-se assistido,
a única fonte de receitas por via das exportações, Angola no segundo semestre, a uma melhoria significativa das
acaba por estar muito vulnerável ao preço do petróleo para condições de mercado em virtude do Governo ter resol-
sustentar o seu desenvolvimento, como aliás ficou bem cla- vido uma parte significativa dos atrasos dos pagamentos
ro nos últimos dois anos. às empresas.

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Março 2011 » PRÉMIO » 31

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Análise banca
Deixe-me realçar que o sector financeiro angolano é seguramente Depois de anos de crescimento a dois dígitos, é possível manter o ritmo
dos sectores mais desenvolvidos, a par dos sectores petrolífero e das te- nos próximos anos?
lecomunicações. É um sector onde nos últimos cinco anos foram feitos O modelo de negócio do banco Millennium é um modelo de banca
grandes investimentos em tecnologia, formação de quadros e expansão universal, que tem sido a base da fórmula de sucesso que usamos
da rede de balcões e que, por isso, tem reflectido a vitalidade espelhada em todos os mercados, com um enfoque intenso sobre as necessi-
nas oportunidades de desenvolvimento que se oferecem, quer ao nível dades dos clientes, apoiado pela inovação em serviços bancários e
de parcerias e de investimentos, quer ao nível do crescimento. tecnologia.
A nossa missão em Angola passa por contribuir para a moderniza-
Que balanço faz do desempenho do Millennium Angola? ção e desenvolvimento da economia angolana. Queremos assumir um
O balanço é muito positivo. Continuámos o nosso crescimento confor- papel-chave na bancarização do País e manter elevados níveis de sa-
me previsto, de uma forma sustentável e rentável. Abrimos 16 novos tisfação, fidelização e envolvimento com os nossos clientes. Por isso,
balcões e terminámos o ano com um total de 39; ultrapassámos os 80 nos últimos anos, o banco Millennium Angola tem efectuado fortes
mil clientes, o que significa que mais do que duplicámos o número de investimentos na expansão da sua rede de balcões, em tecnologia, na
clientes de 2009; e recrutámos mais de 250 colaboradores, somando, formação de quadros, no desenvolvimento de produtos e em comuni-
agora, mais de 700. Em termos de resultados, o banco teve um resul- cação (como por exemplo a associação da Marca à conhecida cantora
tado líquido de 33 milhões de dólares, um crescimento de 63% face a angolana Yola Semedo). Lançámos também, com os nossos accionistas
2009, tendo também melhorado significativamente as sua eficiência e locais e parceiros de negócios, uma Academia projectada para formar
quadros angolanos nas áreas financeiras, tendo como objectivo formar
cerca de 10 mil angolanos até 2015.
Dito isto, pensamos que temos condições para continuar a crescer
em Angola a um ritmo elevado nos próximos três anos e sempre acima
da média do mercado. Queremos ultrapassar os 100 balcões, estar pre-
sente em todas as províncias e ultrapassar os 100 milhões de dólares

“Para 2011, a economia angolana de resultados líquidos.

vai voltar a ter um crescimento forte e O Millennium Angola tem hoje o seu capital repartido entre três grandes
accionistas – o português Millennium bcp, o banco BPA angolano e a pe-

estimamos que o BMA também possa trolífera estatal Sonangol. Que contributo traz cada um dos accionistas
para o crescimento do banco?

continuar o seu desenvolvimento com Ter parceiros locais faz parte do modelo de negócio do Grupo Millen-
nium porque contribui para a obtenção de ‘know-how’ local e acesso ao

taxas de crescimento acima da média mercado duma forma mais eficiente, ajudando assim ao crescimento
mais rápido da base de clientes. Com os nossos accionistas, partilha-

do mercado.” mos o interesse em ajudar Angola a crescer como destino de investi-


mento e como mercado doméstico robusto.

rentabilidade, com o rácio ‘cost-to-income’ a descer de 62%, em 2009, Com a crescente sofisticação do mercado financeiro e o futuro arranque da
para 53%, em 2010, e a rendibilidade dos capitais próprios (ROE), a Bolsa de Valores, que novas áreas de negócio se poderão abrir ao banco?
subir de 13% para 20%. A abertura da Bolsa permitirá uma nova forma de financiamento para
as empresas, quer pela abertura de capital, quer pela emissão de dívida.
Quais as perspectivas para 2011? Poderá também criar um mercado secundário de títulos de dívida pú-
Para 2011, acreditamos que a economia angolana vai voltar a ter um blica, o que certamente permitirá melhorar o funcionamento do sector
crescimento forte e por isso estimamos que o BMA também possa financeiro angolano. Será normal que os principais bancos queiram
continuar o seu desenvolvimento com taxas de crescimento acima da ter um serviço de corretagem e de prestação de serviços de banca de
média do mercado. Assim, para este ano, as prioridades estratégicas investimento para oferecer aos seus clientes e, por isso, o Millennium
continuam a ser o crescimento rentável do negócio com grande en- Angola não deixará de estar presente no mercado.
foque na captação de novos clientes e depósitos. Pretendemos voltar
a dobrar o número de clientes activos, ultrapassando os 150 mil, con- O banco Millennium Angola foi recentemente galardoado pela revista
tinuar a ganhar quota de mercado nos recursos e crédito, abrir entre “The Banker” com o prémio “ Banco do Ano – Angola 2010”. O que repre-
20 e 25 balcões e ultrapassar os 40 milhões de dólares de resultados senta esta distinção?
líquidos. Estamos confiantes que, com as perspectivas de evolução do Este prémio atribuído pela “The Banker” é um dos prémios interna-
mercado e com a equipa que temos, podemos ambicionar em 2011 cionais mais relevantes no sector bancário e por isso é uma distinção
continuar a crescer com um ritmo elevado como nos últimos anos. muito importante para nós já que é um reconhecimento efectuado
por uma entidade externa de referência mundial do nosso desempe-

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nho, qualidade de serviço e solidez, e que só foi possível pelo trabalho uma política de responsabilidade social que tem vindo a implementar
desenvolvido nos últimos anos pela equipa do banco num contexto ao longo dos anos. A título de exemplo, em 2010, o banco manteve a
muito complexo, quer em Angola, quer internacionalmente. Por outro sua acção de apoio à comunidade por ocasião do dia da Criança Africa-
lado, este é o quarto prémio que recebemos no último ano e meio. Re- na (16 Junho) e, à semelhança do ano anterior, entregou um donativo
cordo que, em 2009, recebemos o prémio de “Banco Mais Inovador”, em numerário, bens alimentares, material escolar, vestuário e brinque-
já em 2010 fomos considerados “Melhor banco com capital maiorita- dos ao Programa Criança Feliz. O Programa Criança Feliz tem como
riamente estrangeiro”, ambos atribuídos pela revista EMEA Finance, objectivos reduzir a pobreza, promover a educação das crianças da co-
tendo sido igualmente distinguidos como “Marca de Excelência” pela munidade e oferecer cuidados de saúde. Esta acção é realizada em par-
Superbrands. ceria com o Grupo da Amizade, uma Organização Não Governamental
Acreditamos que este prémio terá um impacto muito importante (ONG) e envolve todos os colaboradores do banco que, de forma directa
na imagem do banco enquanto instituição credível, sólida e inovado- ou indirecta, contribuem com a entrega de bens alimentares, material
ra, contribuindo para que aumente a confiança que os clientes têm no escolar, vestuário e brinquedos.
banco e também para o aumento da sua visibilidade no mercado. O que Outro exemplo é a participação do banco Millennium como parceiro
naturalmente permitirá reforçar o envolvimento com os clientes e, con- da Fundação Western Union no suporte ao projecto Aldeias de Crian-
sequentemente, desenvolver o negócio. Isto reforça a nossa confiança ças SOS, que visa o desenvolvimento social e pedagógico em escolas no
para continuarmos no caminho que ainda temos pela frente para con- Huambo, Lubango e Benguela.
solidar a operação e afirmar o Millennium
Angola como um dos bancos de referência
do mercado angolano.

Qual o contributo do Millennium Angola


para o desenvolvimento social de Angola?
Ao nível dos serviços bancários o Millen-
nium Angola têm criado produtos destina-
dos à estimulação da poupança, e também
para a concessão de crédito a particulares e
a empresários de baixo rendimento. Como
exemplo, estamos a ultimar um protocolo
com a OMA-Organização da Mulher An-
golana que tem por missão promover o
empreendorismo e a criação de auto-em-
prego através do início de uma actividade
empresarial. O banco predispõe-se a apoiar
as mulheres angolanas com iniciativas em-
presariais viáveis e assim cooperar com a
população que a OMA pretender incentivar.
Por outro lado, o banco Millennium tem

perfil
José Reino da Costa nasceu a 2 nistration) da Universidade Nova cargo de Director da Companhia
de Fevereiro de 1964 em Mo- de Lisboa. Iniciou o seu percurso de Seguros Bonança. Posterior-
çambique. É o Presidente da Co- profissional no sector automó- mente foi CEO (Chief Executive
missão Executiva do Banco Mil- vel, no grupo Mocar, passando Officer) da Companhia de
lennium Angola desde Junho de posteriormente pela consultora Seguros Macau e Administrador
2008. Licenciado em Engenharia estratégica Roland e pela Sonae Executivo do Banco Comercial de
Mecânica, pelo Instituto Superior Distribuição. Macau.
Técnico de Lisboa, tem ainda um Está no grupo Millennium bcp
MBA (Master in Business Admi- desde 1999, inicialmente com o

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Análise banca

MILLENNIUM BIM
O BANCO QUE TROUXE A
INOVAÇÃO A MOÇAMBIQUE
Em 15 anos de existência, o Millennium bim, o primeiro banco privado
moçambicano do pós-independência, transformou-se no maior empregador e
na principal fonte de inovação financeira do País. Por João Bénard Garcia

Q uando em 1995 o Millennium


bim instalou em Moçambique
os primeiros pontos de ATM e
as pessoas viam que de lá saía
dinheiro, não só os aparelhos
se tornaram motivo de conversa nas ruas de
Maputo como foram objecto de romarias e dis-
cussões entre a assistência incrédula. Muitos
julgavam haver alguém atrás da máquina que
dava o dinheiro. Em pouco tempo, de forma
espontânea, começou um movimento informal
de escolarização e de interajuda de pessoas que
se juntavam ao redor dos ATM: quem sabia
ensinava. Movimento esse que, em apenas 15
anos, gerou a maior revolução na banca comer-
cial deste país africano.
O Millennium bim, o primeiro banco priva-
do criado de raiz a fixar-se no País após a inde-
pendência, percebeu essa predisposição para a
mudança e apostou forte na introdução de no-
vos produtos e tecnologias, algumas delas du-
rante muito tempo “misteriosas” para a maio-
ria da população. Ultrapassado o receio que os
ATM inicialmente inspiravam, os moçambica-
nos rapidamente adoptaram os produtos bim.
Num País onde apenas 10% da população
tem conta bancária, o bim não só introduziu
o conceito de caixa automática de levantar di-
nheiro com cartão, como ligou os seus 311 ATM
à rede Visa e associou as contas dos clientes à
Western Union, permitindo-lhes fazer, desde
2001, transferências internacionais.
A aposta na Conta Cartão, o produto mais po-
pular do bim, cuja titularidade depende apenas
de um depósito de 500 meticais (moeda de Mo-
çambique), permite que qualquer pessoa perce-

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O CAÇA PRÉMIOS
E A MARCA DE QUE
TODOS GOSTAM
Foram os moçambicanos quem reco- de prémios nacionais e internacionais
nheceu a marca Millennium bim como conquistados. À sua galeria de dez
a Melhor Marca da Banca, com um prémios – só nas categorias de Melhor
grau de notoriedade de 93%. Além dis- Banco e de Melhor Marca em Mo-
so, são os mesmos quem a identifica çambique –, o bim somou em 2010 o
como a marca de que os consumidores conceituado prémio Corporate Social
mais gostam, aquela que recomendam Responsability, no âmbito do African
e a com maior qualidade. O sucesso do Banking Achievement Awards, pela
bim também se conta pela quantidade revista EMEA Finance.

O Millennium bim é o primeiro


banco privado criado de raiz após a
independência.
ba que pode ser cliente do banco, mas também
o acesso generalizado ao Cartão de Débito, ou
específico ao Cartão Mulher. Estas são algumas
das inovações que atraíram pessoas ao banco e
lhe permite deter uma quota de 40% da banca
comercial moçambicana, tendo uma carteira
com mais de 800 mil clientes.
Crédito Especializado, Crédito Nova Vida,
Leasing, ALD, Gestor de Cliente, Linha (telefó-
nica) Millennium bim ou serviços de Internet
Banking e SMS Banking, foram conceitos e ex-
pressões absorvidas com facilidade por todos os
estratos socioeconómicos de Moçambique. “O
banco está aberto a todos: calçados e descalços,
camisados e descamisados”, defendeu Moisés
Jorge, o Director Coordenador do Corporate,
desvendando que a aposta futura do bim conti-
nuará a ser na massificação.
Mário Machungo, o timoneiro que lidera,
desde a sua fundação, o banco que tem 130
balcões, é o maior empregador do sector fi-
nanceiro (1550 pessoas) e o que mais contribui
para o fisco nacional, sublinhou, durante a gala
comemorativa dos 15 anos da instituição, em
Dezembro último, que o principal objectivo do
bim será, mais do que ganhar a quota de mer-
cado, “servir bem e melhor o cliente”, elegendo
a “excelência, o fazer bem à primeira e o ser efi-
ciente” como metas fundamentais.

Março 2011 » PRÉMIO » 35

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Opinião

Urban Larson
Director, Emerging Equities

ECONOMIA BRASILEIRA
EM ALTA EM 2010
A
economia do Brasil cresceu cerca de 7,5% em 2010, após o Brasil e onde a credibilidade da administração de Lula foi crucial para
período de recessão ligeira registado em 2009. A confiança conseguir a queda da inflação e a elevada taxa de crescimento verificada
dos consumidores e das empresas atingiu, entretanto, nos últimos anos.
níveis elevados. A reputação internacional do país está mais Os mercados que procuram sinais inequívocos de uma política
fortalecida do que nunca, apesar de em 2010 a Bolsa Brasileira ter tido fiscal restritiva, na sequência dos últimos dois anos de uma política
um dos piores desempenhos no universo dos mercados emergentes. O particularmente liberal, são os mais cépticos. No entanto, o Ministro
MSCI Brasil subiu apenas 3,8%, com referência a dólares americanos, das Finanças, Guido Mantega, comprometeu-se a reduzir a despesa, e a
face às subidas de dois dígitos registadas pelos demais mercados da inesperadamente reduzida subida do salário mínimo, este ano, é prova
América Latina, e à subida de 16,4% apresentada pela globalidade dos clara de um elevado nível de responsabilidade fiscal.
Mercados Emergentes. Porquê? A política monetária é, também, no Brasil, um grande desafio,
Numa palavra, política: grandes dúvidas pois o sobreaquecimento da economia levou
quanto às políticas fiscal e monetária e a a inflação aos 5.9% em 2010, questão que se
inábil gestão governamental de uma enorme complicou devido ao facto de o real Brasileiro
colocação de acções pela Petrobrás, o gigante ter sido uma das moedas mais fortes, em
petrolífero controlado pelo Estado. termos globais, ao longo do ano transacto, uma
A nova presidente do Brasil, Dilma Rousseff, vez que a robustez económica atraiu fluxos de
do Partido Trabalhista, foi eleita com o forte investimento internacional. Para travar um
apoio do seu antecessor Lula da Silva. Durante
os dois mandatos de Lula da Silva, a economia
Dilma Rousseff maior fortalecimento do real, o governo decretou
uma subida dos impostos sobre os fluxos de
do Brasil apresentou o mais elevado índice
de crescimento desde o período anterior à
prometeu a investimento externo, limitando também a
capacidade de os bancos locais tomarem posições
crise do petróleo da década de 70. Por outro
lado, a inflação manteve os níveis mais
continuidade do curtas no dólar Norte Americano. Neste contexto,
a subida das taxas de juro torna-se um tema
baixos registados no período histórico mais
recente. Taxas de juro em mínimos históricos
legado de Lula e está delicado.
Após um ano de baixo desempenho relativo,
– embora ainda altas face aos padrões globais –
estimularam o investimento das empresas e a
a cumprir. o Mercado Brasileiro está a negociar com
as valorizações mais baixas dos mercados
procura dos consumidores. emergentes, com expectativas de crescimento dos
A Presidente Rousseff prometeu aos eleitores a continuidade rendimentos da ordem dos 18% para o ano em curso. Se o novo governo
deste legado, e até agora parece estar a cumprir. No entanto, enfrenta for capaz de concretizar as suas palavras encorajadoras no que se refere
numerosos desafios e terá ainda de construir a sua credibilidade junto às políticas fiscal e monetária, tudo indica que o mercado de acções
dos mercados financeiros; terá também que estabelecer um equilíbrio venha a reagir muito positivamente.
entre as pressões opostas dos seus aliados políticos e dos mercados.
As políticas fiscal e monetária são, neste momento, os desafios mais As posições expressas são as do autor e não necessariamente da F&C Investments,
importantes, pois foram, no passado, os aspectos que correram mal no não constituindo aconselhamento financeiro.

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Negócios telecomunicações

MIGUEL MARTINS,
DIRECTOR-GERAL E ADMINISTRADOR UNITEL

“Fechámos 2010 com


uma quota de 64,2%
do mercado”
Foi um ano de significativas mudanças para a empresa, não apenas em termos
de presença territorial, onde expandimos a rede a 15 novos municípios do País,
mas também em termos de expansão da rede de lojas, explica Miguel Martins.

O
administrador e director-geral da Unitel, a maior opera- Onde está hoje o maior potencial de crescimento do negócio? Nos serviços
dora angolana de comunicações móveis, garante que o de voz ou dados? Que expectativas têm para os serviços de banda larga
peso do mercado empresarial tem tendência para cres- móvel?
cer nos próximos anos. Em entrevista à Prémio, Miguel O potencial existe em ambos os mercados, mas com maior peso para os
Martins destaca o papel da empresa nas áreas da respon- dados. A nossa ambição é chegar a 2012 com 1 milhão de clientes.
sabilidade social, com o apoio a escolas e a instituições de saúde. Sobre a
parceria local com a portuguesa PT, o responsável da Unitel avança que Como correu o ano à Unitel?
ela “dificilmente se estenderá a outros mercados”. Foi um ano de significativas mudanças para a empresa, não apenas em
termos de presença territorial, onde expandimos a rede a 15 novos muni-
Como evoluiu o mercado das telecomunicações móveis em Angola, no cípios do País, mas também em termos de expansão da rede de lojas, com
último ano? Qual é a taxa de cobertura actual e quantos utilizadores de um total de 26 inaugurações.
telefonia móvel existem neste momento em Angola? É de realçar, também, o lançamento de serviços pioneiros e verdadei-
A cada ano que passa, o mercado das telecomunicações tem conheci- ramente inovadores na área da internet, como é o caso do serviço de inter-
do melhorias consideráveis, a oferta de serviços e produtos tem aumenta- net no estrangeiro, o que nos permite estar ainda mais próximos dos nos-
do substancialmente e segundo o Inacom, a rede de serviços de telefonia sos clientes e com maior capacidade para responder rápida e eficazmente
móvel no país está bastante avançada, atingindo já um valor de teledensi- às suas necessidades.
dade superior a 60%. Os números indicam existir em actividade mais de A expansão da fibra óptica a quase todo o País, com um grande in-
nove milhões de linhas ou telefones móveis no conjunto das operadoras vestimento, desempenhou um papel muito relevante, prometendo para
nacionais. os próximos tempos uma melhoria da qualidade da nossa rede e propor-
cionarmos serviços e produtos aos nossos clientes. Fechámos o exercício
O facto dos mercados africanos estarem ainda numa fase de crescimento com uma quota de 64,2%.
acelerado e de estarem agora a expandir-se a franjas da população de me-
nores rendimentos, faz do pré-pago uma solução ideal para a evolução do Qual o peso relativo do mercado de particulares face ao segmento empre-
negócio? sarial? Como evoluirá esta relação no futuro?
Sem dúvida. O pré-pago tem um peso muito significativo no nosso mer- O peso do segmento empresarial ainda é pequeno, mas com tendência a
cado, o que não foge à regra dos mercados africanos e de outros. crescer muito rapidamente com a aposta que estamos a fazer.

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miguel martins destaca o
papel da empresa nas áreas
da responsabilidade social

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Negócios telecomunicações

A Unitel é, actualmente, um A marca Unitel assume-se “genuinamente an-

dos maiores anunciantes em golana, nacionalista e líder”. De que forma a co-


municação se ajusta a estes atributos da marca?

Moçambique. A Unitel é hoje um dos maiores anunciantes do


País. O ajustamento da comunicação aos atri-
butos da marca é feito através de uma política
Qual é o valor actual do ARPU? A tendência é de subida? assente no respeito e na valorização dos costumes próprios de cada região
O valor de ARPU é confidencial, mas pretendemos aumentá-lo, ou pelo de Angola.
menos mantê-lo com a ajuda dos serviços de dados.
É por isso que há um investimento tão forte na música e no desporto an-
Que projectos têm para 2011? golanos?
Temos dois grandes objectivos estratégicos da empresa para este ano. O O investimento na música e desporto está enquadrado no quadro da res-
primeiro passa por continuar a ter um ‘branding’ institucional muito for- ponsabilidade social da empresa, que se alarga também à educação e à
te, chegar mais perto dos nossos clientes e ajudá-los a comunicar melhor. saúde.
O segundo é crescer no acesso à internet. Fizemos um grande investi-
mento nos últimos anos nesse sentido, com a instalação de fibra entre os A Unitel tem mantido uma política de responsabilidade social muito activa
nossos computadores principais. Queremos melhorar a qualidade de rede nas áreas do desporto, da cultura, da saúde e da educação. Quais os prin-
e consequentemente garantir um melhor acesso à internet. Alargar o ser- cipais projectos em curso nestas áreas?
viço de internet no estrangeiro é outro objectivo estratégico para este ano. A responsabilidade social da Unitel passa não apenas por uma política de
concessão de patrocínio, mas também de doações. Por exemplo, em cada
Como está hoje estruturada a rede comercial da Unitel? abertura de loja, temos o cuidado de tentar perceber quais são as necessi-
Temos 68 lojas sendo 41 de clientes, 26 de agentes e a restante empresa- dades dessa região e colaborar com base nelas.
rial, e mais de 7.900 agentes distribuídos pelas 18 Províncias. A expansão Entre os muitos projectos, pretendemos este ano apostar na construção de
da rede de lojas é um dos grandes objectivos para este ano. As grandes escolas e postos médicos em zonas com dificuldades nessas áreas.
cidades já têm cobertura de rede e representação de lojas e agentes, e es-
tamos agora a criar condições para chegarmos a todos municípios e loca- Que vantagens resultam da parceria com a Portugal Telecom?
lidades do País. Tem algumas sinergias ao nível dos terminais e de ‘know-how’ muito es-
pecífico em certas áreas.
E a nível da infra-estrutura de antenas?
Pretendemos dar continuidade à nossa política de expansão da rede, con- A parceria esgota-se no mercado angolano ou poderá estender-se a outros
tinuamos a apostar nas infra-estruturas para chegarmos a todos os muni- países?
cípios e ligar Angola do Norte ao Sul e do Mar ao Leste. Dificilmente se estenderá para outros mercados.

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Negócios new media

CUNHA VAZ & ASSOCIADOS


O QUE A COMUNICAÇÃO
DIGITAL PODE FAZER PELA
SUA EMPRESA
Com os consumidores repartidos por quatro ecrãs - televisão, computador,

Fotos Fernando Piçarra


telemóvel e tablet - o grande desafio das marcas passa por conseguir
conquistar-lhes a atenção. Uma realidade a que a CV&A está atenta.

N
uma altura em que os consumidores repartem já as suas simpatias e desagrados. “Nunca em comunicação tínhamos assisti-
suas fontes de informação entre quatro ecrãs - televisão, do a uma relação tão bidirecional e transparente. Há que aproveitar essa
computador, telemóvel e tablet - o grande desafio das transparência para quebrar certas barreiras. A Internet transformou-se
marcas passa por conquistar-lhes a atenção e, depois de no canal mais próximo de sempre do destinatário da mensagem”, adianta
a conseguirem, mantê-la. Isto porque, à informação di- Ricardo Salvo.
vulgada por meios especialistas, acresce agora a que é colocada online “As empresas e os cidadãos têm de saber como utilizar com o melhor
por consumidores que não deixam as marcas cometer mais erros. proveito possível esta nova e poderosíssima ferramenta e uma consultora
Hoje, impera a relação 1-9-90 -- 90% que lêem, 9 que distribuem e de comunicação, como a CV&A, tem a responsabilidade de saber guiar
apenas um que produz. os seus clientes neste processo. Quem subestimar esta interactividade
Uma realidade a que a Cunha Vaz & Associados (CV&A) está aten- está a cometer um erro crasso e, garantidamente, terá uma estratégia de
ta e que justifica o investimento na área de Comunicação Digital. Ri- comunicação que lhe trará dissabores”, defende.
cardo Salvo, o responsável da CV&A por esta área, explica que “com as Num ano, a mudança mais vincada na forma de pensar “foi passar-se
novas tecnologias, a que cada vez mais pessoas têm acesso, a Internet de uma atitude de não se querer usar redes sociais, por se achar que não
deixou de ser um exclusivo dos computadores pessoais. Hoje respira-se se conseguem controlar, para, mais recentemente, querer usar-se redes so-
Internet quase sem se dar por isso, num gesto básico no telemóvel, em ciais para garantir que se controlam distorções de mensagem. Em muitos
equipamentos de entretenimento, ou até mesmo em simples suportes casos não se tratou de um caminho confortável, porque há ainda muitas
de comunicação na rua e em espaços comerciais”. A isto, acresce a pos- empresas que só aderiram a novos formatos por, achando-os perigosos,
sibilidade de, através da Internet, se comentar abertamente tudo o que terem a necessidade de os vigiar. Nestes casos não é uma adesão simpática.
se vê, lê ou ouve. Com um simples clique, os consumidores revelam as Mas não é este o caminho que se pretende”, refere o responsável da CV&A.

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Fotos Fernando Piçarra

À CONVERSA COM.... O que levou a CV&A a abraçar esta nova área? Quais são as expectativas
de crescimento?
RICARDO SALVO, A CV&A está apenas a garantir que as estratégias de comunicação que
desenha seguem os caminhos naturais das novas tendências. Não é
RESPONSÁVEL PELA ÁREA DE COMUNICAÇÃO DIGITAL CV&A fácil estimar o crescimento da comunicação digital. Está a usar-se me-

“Facturação
nos do que se devia. Há inúmeras empresas que não estão ainda a
usar os novos formatos de comunicar com a devida naturalidade e
com estratégias de qualidade. O potencial de crescimento é portanto

da CV&A proveniente gigantesco e a vontade das empresas em incluir a Internet e os supor-


tes audiovisuais nas suas estratégias de comunicação está a aumentar

da comunicação
exponencialmente. No caso da CV&A, acredito que a percentagem da
facturação proveniente da comunicação digital possa mais do que du-
plicar este ano.

digital mais do que Que tipo de trabalhos é possível desenvolver?

duplicará este ano”


A comunicação digital é um mundo sem fim. A cada dia é criada uma
nova plataforma que abre portas a algo que nunca antes se tinha fei-

Março 2011 » PRÉMIO » 43

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Negócios new media
to. E se hoje estamos a falar de criação de conteúdos para blogues e a estratégia geral de comunicação. Não há uma área que a comunica-
redes sociais, difusão de podcasts, monitorização online e gestão de ção digital não possa ajudar a qualquer momento.
visibilidade na Internet, através de técnicas de SEO (Search Engine
Optimization), amanhã algumas destas formas de actuar estarão de- Que trabalhos foram desenvolvidos até à data?
sactualizadas e outras mais adequadas surgirão. A CV&A criou um ca- A CV&A está muito apostada em apresentar a cada um dos seus clientes
tálogo de serviços em comunicação digital que pode fornecer aos seus um conjunto de oportunidades em comunicação digital que vão desde a
clientes e que está longe de ser estanque. Até porque a comunicação forma de estarem na Internet, através das suas páginas pessoais, até à for-
digital não passa apenas pela Internet e compreende muitos suportes ma como interagem directamente com os seus públicos, e não apenas atra-
audiovisuais e electrónicos. vés de redes sociais. Os podcasts, que a CV&A lançou em 2010, estão a ser
muito bem acolhidos, uma vez que permitem medir as reacções dos desti-
Que equipa tem para este departamento? natários. Estamos a desenvolver projectos de monitorização de reacção dos
Contamos com três consultores especializados em estratégia de co- consumidores a um produto e de reacção de públicos a comportamentos
municação digital e que têm o apoio de uma equipa de produção (de- de empresas. Estamos ainda a desenvolver formatos de comunicação que
sign gráfico e edição de áudio e vídeo) e de dois redactores. Em cada deixam de estar dependentes de geografias. Apostamos nos web stream-
projecto são ainda envolvidos os consultores directamente afectos ao ings, nas web conferences, no envolvimento interactivo dos jornalistas com
cliente, por forma a permitir uma perfeita integração e coerência com os factos, na produção de conteúdo adaptado à Internet e ao audiovisual.

o menu da cv&a na comunicação digital


ARQUITECTURA DIGITAL WEB MARKETING ONLINE ADVERTISING DIGITAL BENCHMARK
Serviço que avalia o estado global Serviço de alavancagem da Gestão de publicidade na Auditoria da estratégia e
de um site. visibilidade do site em todo o internet. resultados do site face aos dos
• O servidor é adequado ao mundo. • Identificação dos meios, idades, mais directos concorrentes.
número de visitas? • Submissão do site em milhares sexo e nacionalidade dos
• Está a desperdiçar investimento? de motores de busca mundiais; destinatários da mensagem • Identificação das melhores
• Como está a velocidade de • Sugestão de alterações do publicitária; práticas digitais dos principais
acesso ao site? site para URL’s amigáveis aos • Idealização dos anúncios concorrentes;
• Os utilizadores com deficiência motores de busca; electrónicos de publicidade; • Análise exaustiva de conteúdos
podem acedê-lo? • Identificação das melhores • Sugestão de adequação do site e organização dos sites dos
• O site possui erros estruturais que descrições e títulos para as aos resultados das campanhas concorrentes;
o prejudicam? diferentes páginas do site; publicitárias; • Sugestão de alterações
• Quais as melhores ferramentas • Organização do site consoante • Rentabilização do site com estruturais no site, com base
de análise de tráfego? o comportamento dos anúncios publicitários de outras no rácio melhores exemplos/
internautas; entidades. resultados dos concorrentes;
• Identificação de outros sites • Apresentação matricial das
que, através de um link, possam CONTENTS ONLINE comparações para melhor e
gerar benefícios. Produção e gestão de conteúdos mais rápida análise e tomada de
para redes sociais e blogs. decisões.

PODCASTS
Filmes e ficheiros de áudio de curta duração • Webconference para públicos vastos;
adaptados para distribuição pela Internet • Comunicação para distribuição por accionistas e
mediante as ferramentas mais utilizadas para o investidores;
efeito. • Mensagens para analistas financeiros;
• Divulgação de resultados da Imprensa;
Um novo formato de comunicação que foi
• Anúncio de operações;
especialmente desenhado a pensar nas
• Comunicação de balanço de actividade aos
necessidades actuais das empresas mais
‘stakeholders’ de interesse;
dinâmicas no mercado, nomeadamente:
• Esclarecimentos ao mercado;
• Comunicação interna para distribuição por
• Combate à contra-informação;
e-mail para colaboradores;
• Apresentação de novos produtos e serviços;
• Comunicações para distribuição por bases
• Conteúdos para TV corporativa.
de dados de clientes;

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A Reputação das empresas é um activo cada vez mais complexo


de gerir. As empresas são alvo de um escrutínio social, ético e
financeiro exigente e mediático. Só empresas capazes de exceder

REPUTATION
as expectativas de todos os seus stakeholders conseguem ter uma
Reputação forte.

INDEX 2011
A MYBRAND e o Instituto Português de Corporate Governance
têm o prazer de anunciar o lançamento do MYBRAND REPUTATION
INDEX 2011. A edição deste ano contará com um substancial reforço
amostral e analisará um maior número de empresas. Este será mais
um passo para a afirmação da ferramenta de referência da análise de
Reputação em Portugal, contribuindo para a promoção dos valores
essenciais do sucesso das empresas e da economia portuguesa.
www.mybrandconsultants.com

com o apoio de:


Para mais informações:
intelligence@mybrand.pt

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Cooperação diplomacia

CASA DA AMÉRICA
LATINA APOSTA
NA ECONOMIA
A estratégia da Casa da
América Latina para
2011 vai ao encontro do
grande desígnio actual:

Fotos Fernando Piçarra


a Economia. Entre as
acções a concretizar
está o estabelecimento
de parcerias
com associações

Q
empresariais.
uando daqui por dois
anos, a Casa da Amé-
O objectivo é a
rica Latina mudar internacionalização das
do bonito, mas
acanhado edifício PME.
amarelo da Avenida 24 de Julho
em Lisboa, para a Avenida da Índia,
junto ao futuro Museu dos Coches,
terá um espaço à altura da estratégia Para prosseguir este objectivo, a Casa da América Latina propõe-se
que acaba de definir para o futuro. levar a cabo um conjunto de iniciativas, que visam explicitar aos em-
Reunida no início de Janeiro, a Co- presários portugueses quais são as potencialidades desta região, dos
missão Executiva aprovou para 2011, seus países e vice-versa, “promovendo a aproximação entre as vontades
além do reforço da consolidação das comerciais dos dois lados do Atlântico”. Uma estratégia alinhada com
relações culturais, linguísticas, diplo- os desígnios da política externa portuguesa, que definiu a internacio-
máticas e políticas com os países latino- nalização da economia, no geral, e das suas empresas, em particular,
-americanos, uma nova rota para o aprofun- como um dos seus pilares mais importantes. “A estratégia da Casa da
damento destas relações: a Economia. “A priori- América Latina vai ao encontro do esforço de Portugal de aumentar o
dade para os próximos anos é a diplomacia económi- nível das suas exportações e de reduzir o défice da balança de transac-
ca”, sublinha o secretário-geral, Alberto Laplaine Guimarãis. ções correntes”, confirma Laplaine Guimarãis, salientando que, devido
Com esta estratégia, a instituição quer alargar horizontes, tornando a ao facto da base produtiva do País estar essencialmente nas pequenas
sua actividade mais abrangente de forma a posicionar-se como interlo- e médias empresas (PME) é para elas que se deve apontar. “Há muitas
cutor privilegiado no âmbito da actividade económica e comercial entre PME com capacidade exportadora e com alguma capacidade de inves-
Portugal e os países da América Latina. timento”, sublinha.

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Fotos Fernando Piçarra

alberto laplaine guimarãis,


secretário-geral da casa da
américa latina

O potencial da economia longe. Como exemplo de proximidade histórica muitas vezes esque-
Assente em três eixos fundamentais – O eixo atlântico, através das rela- cida, Laplaine Guimarãis cita o Uruguai, que adquiriu a sua indepen-
ções com a NATO e os EUA; o eixo europeu, consagrado na sua integra- dência não de Espanha, mas do Brasil, que entretanto se tornara por
ção na União Europeia; e o eixo lusófono, assente no relacionamento sua vez independente de Portugal. “O relacionamento com a América
com os PALOP -, a política externa portuguesa tem no Magrebe e na Latina tem uma componente histórica muito importante, uma compo-
América Latina dois outros parceiros fundamentais. nente cultural muito importante, uma componente política muito forte
O Brasil é a âncora deste relacionamento. No entanto, a influência e uma componente económica que ainda não é forte, mas que pode ser
histórica e cultural de Portugal na América Latina vai bastante mais potencializada”.

Associados
O CLUBE LATINO EM LISBOA
Podem ser associados da Casa da América da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, El EMEL, EPUL, Estoril Sol, Galp Energia, Grupo
Latina todas as pessoas singulares ou colecti- Salvador, Equador, México, Panamá, Para- Pestana, KPMG, Metropolitano de Lisboa, PT,
vas em Portugal ou em outros países, incluindo guai, Peru, República Dominicana, Uruguai Somague, Turismo de Lisboa, REN e Repsol. Os
organizações, que queiram contribuir para a e Venezuela. O grupo de 21 membros prove- associados cooperantes são cinco: TAP, Banif,
prossecução dos seus fins. Existem quatro nientes da área empresarial inclui basicamente Santander Totta, Abreu Advogados e Cunha Vaz
categorias de associados: os efectivos, os hono- empresas de natureza municipal de Lisboa e & Associados. Os associados apoiam a activi-
rários, os cooperantes e os aderentes. grandes empresas. A saber: Amorim – Inves- dade da instituição nas vertentes universitária,
São associados efectivos o Ministério de timentos e Participações, Banco Comercial cultural, institucional, diplomática e económica.
Negócios Estrangeiros, 14 embaixadas e 21 Português, Banco Espírito Santo, Banco BPI,
empresas. Entre as embaixadas contam-se as Banco Itaú Europa, Carris, CP, EDP, EGEAC,

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Cooperação diplomacia
No seu conjunto, os 20 países da América Latina, dos quais 14 são tégicas na área económica, abrindo as portas às mais importantes asso-
membros da Casa da América Latina, através das suas embaixadas, ocu- ciações empresariais portuguesas – Associação Industrial Portuguesa
pam cerca de 14,1% da superfície terrestre, e têm uma população de (AIP), Associação Empresarial de Portugal (AEP) e Confederação da In-
569 milhões de habitantes. dústria Portuguesa (CIP) –, estabelecendo uma parceria com a AICEP,
Ao potencial económico decorrente de tão grande e vasto mercado, o organismo responsável pela promoção de Portugal no exterior. “O
acresce a importância particular dos seus três blocos económicos – objectivo é alargarmos a nossa base
Mercosul, que integra a Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai, Venezue- institucional de trabalho e de contac-
la, Chile e Bolívia; Pacto Andino, que congrega o Equador, Colômbia, tos”, justifica Laplaine Guimarãis. A MÉXICO
Superfície: 1 958 201 km²
Bolívia, Venezuela e Peru; e Centro América, onde estão unidos Cuba, implementação desta estratégia de População: 106 milhões
República Dominicana, Panamá, El Salvador e México - e de alguns dos proximidade assenta, por um lado, no Capital: Cidade do
México
seus países vistos numa perspectiva individual, como o Brasil, que é já desenvolvimento de uma série de en- Moeda: Peso mexicano
a décima economia do mundo, o México, Argentina, Venezuela ou o contros nas associações regionais da Presidente: Felipe
Calderón
Chile. rede da AIP, que cobre todo o País de PIB per Capita (2009):
As estatísticas do comércio externo entre Portugal e a América Latina Norte a Sul e, pelo outro, no desenvol- 14.150 USD
mostram que, em 2009 (últimos dados definitivos apurados), as expor- vimento de contactos com associações
tações portuguesas para os 20 países da região representaram apenas sectoriais, com o apoio dos novos par- PANAMÁ
Superfície: 75.517 km²
2,41% do valor total das vendas de produtos nacionais ao estrangeiro, ceiros institucionais. “Às PME portu- População: 3,3 milhões
totalizando 764,723 milhões de euros. No mesmo ano, as importações guesas que querem apostar na inter- Capital: Cidade do
Panamá
nacionalização, que querem exportar, Moeda: PAB e dólar
ou ir para outros países, há que dizer Presidente: Ricardo
Martinelli
que a América Latina é de facto um PIB per Capita (2009):
mercado, um mercado aberto, onde 9.900 USD
nós portugueses entramos bem”.
COLÔMBIA
Superfície: 1 138 914 km²

O relacionamento com a América Quanto vale uma língua?


Paralelamente, a Casa da América La-
População: 44 milhões
Capital: Bogotá
Moeda: Peso

Latina tem uma componente tina vai promover a realização de qua-


tro seminários económicos, focados
colombiano
Presidente: Juan Manuel
Santos

histórica e cultural muito importante, no investimento. Três deles abrangem


os grandes blocos económicos agluti-
PIB per capita (2009):
5.190 USD

uma componente política muito forte nadores dos países da América Latina
– Mercosul (já em Abril ou Maio), Pacto Andino e América central. O

e uma componente económica que quarto será um Fórum de natureza política, com forte componente eco-
nómica, à semelhança de um desenvolvido no ano passado com o apoio

pode ser potencializada. da Fundação Gulbenkian. Em 2010, os protagonistas foram os quatro


países que comemoravam os 200 anos da independência: Argentina,
Chile, México e Colômbia. Este ano, os protagonistas serão os países
que comemoram os 200 anos de independência em 2011: Venezuela,
Paraguai e El Salvador.
A Casa da América Latina está ainda a trabalhar, em conjunto com
o Instituto Camões e o Instituto Cervantes, as duas instituições repre-
portuguesas provenientes da região alcançaram 1.470,989 milhões de sentativas das línguas portuguesa e espanhola, na realização de um im-
euros, ou seja, 2,87% do total das nossas compras ao exterior. Registou- portante seminário que visa aferir o valor económico das duas línguas
-se, assim, um défice de 706,266 milhões de euros, sendo o coeficiente ibero-americanas. “A língua tem um valor económico próprio e, no caso
de cobertura das importações portuguesas pelas exportações de apenas das línguas portuguesa e espanhola, este valor advém do facto de serem
51,98%. faladas por centenas de milhões de pessoas”, salienta Laplaine Guima-
Tendo em conta o valor conjunto das exportações e das importações, rãis, acrescentando que entre os objectivos a atingir está o de perceber
os cinco principais parceiros comerciais de Portugal na América Latina em que medida a língua é um elemento facilitador da abertura de mer-
são: Brasil, que representa 52,89% do total regional, México (11,54%), cados e da concretização de negócios.
Venezuela (11,03%), Argentina (6,94%) e Colômbia (4,91%). O português e o espanhol, referências linguísticas de todo o conti-
nente latino-americano, da Península Ibérica e de vários países africa-
Estratégia de proximidade nos, têm vindo a afirmar-se com as cimeiras ibero-americanas e a cres-
“Temos que ir oferecer o conhecimento das potencialidades da Região cer de importância internacional muito por via do desenvolvimento dos
a quem normalmente não tem acesso a elas”, diz o secretário-geral. A laços dos países de língua espanhola e dos países de língua portuguesa,
Casa da América Latina vai alargar as suas parcerias a instituições estra- que estão agrupados na CPLP.

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CUBA REPÚBLICA EL SALVADOR
Superfície: 21.041 km²
Superfície: 110.861 km²
População: 11,3 milhões
DOMINICANA
Superfície: 48.442 km² População: 6,99 milhões
Capital: San Salvador
PROMOVER A ARTE
Capital: Havana População: 9,5 milhões
Moeda: Peso
Presidente: Raul Castro
Capital: Santo Domingo
Moeda: Peso dominicano
Moeda: dólar
Presidente: Mauricio
E A CULTURA
PIB per capital: Presidente: Leonel Funes
PIB per capita: ND As actividades promovidas anualmente pela Casa da Amé-
5.400 USD Fernández
PIB per capita: ND rica Latina no domínio das artes e da cultura são muitas e
VENEZUELA diversificadas e incluem desde saraus de poesia, exposições
Superfície: 916.445 km² de pintura e fotografia, festivais de teatro, concertos de
População: 27,9 milhões
Capital: Caracas música, mostras de cinema, espectáculos de dança, a arraiais,
Moeda: Boliver lançamento de livros, debates, ‘workshops’ e até oficinas de
venezuelano (VEF)
Presidente Hugo cozinha. Fevereiro foi o mês da fotografia, com exposições de
Chávez artistas latino-americanos – a mostra individual “Reflexões da
PIB per capita:
8.125 USD Patagónia”, do chileno Roberto Santandreu, na Galeria Arte
Periférica e a exposição colectiva “Caixa de Luz”, que trouxe à
PARAGUAI Casa da América Latina oito artistas oriundos do Brasil e da
Superfície: 406 750 km² Argentina.
População: 6,1 milhões
Capital: Assunção Março será o mês da poesia, com actividades variadas que
Moeda: Guarani vão do cinema a uma feira do livro, terminando com uma
Presidente: Fernando
Lugo “maratona de poesia”, na sede da associação, em Lisboa.
PIB per capita: 5.638 USD Maio será o mês das línguas ibero-americanas. Juntamente
com o Instituto Camões e o Instituto Cervantes, a Casa da
América Latina promoverá um seminário sobre a “Economia
das Línguas Portuguesa e Espanhola”. Os bicentenários da
independência da Venezuela, Paraguai e El Salvador serão
mote de seminário histórico-diplomático, a realizar no segun-
EQUADOR BRASIL
Superfície:256. 370 km² Superfície: 8 514 876,599
do semestre deste ano. Na área da formação e conhecimento
População: 14,205 km² destacam-se os estágios de formação jurídico pós-universitá-
milhões Habitantes: 191 milhões
Capital: Quito Capital: Brasília
ria na Abreu Advogados, as aulas de português em colabo-
Moeda: USD Moeda: Real ração com a Escola Know-How, as bolsas de alojamento na
Presidente: Rafael Presidente: Dilma
Correa Roussef
Fundação Cidade de Lisboa para estudantes de mestrado e os
PIB per capita: 4.250 USD PIB per capita: prémios nas áreas de ciências sociais e humanas e tecnolo-
11.037 USD
gias e ciências sociais para dissertações de doutoramento em
conjunto com o Santander Totta.
PERU
Superfície: 1 285 220 km²
No Verão, o ISCTE – IUL Instituto Universitário de Lisboa, em
População: 28,6 milhões Lisboa, acolhe a realização do curso “America Latina Hoje”.
Capital: Lima
Moeda: PEN
Lançado em 2008, trata-se de um curso de formação intensiva
URUGUAI
Presidente: Alan García Superfície: 176.215 km² que proporciona instrumentos de análise e compreensão da
PIB per capita (2009): População: 3,49 milhões
8.600 USD
actualidade Latino-Americana.
Capital: Montevidéu
Moeda: Peso uruguaio Em Outubro, no CCB, em parceria com a Orquestra Metropo-
Presidente: José Mujica litana de Lisboa, a Casa da América Latina homenageará os 20
Pib per capita:
5.490 USD anos da morte do compositor Astor Piazzola e os bicentená-
rios da Venezuela, Paraguai e El Salvador com o concerto “À
Descoberta da América”. Outro ponto alto das actividades
ARGENTINA culturais para este ano é a conferência e o concerto pelos 100
Superfície: 3.761.274
km² anos do nascimento do músico, poeta e compositor brasilei-
Habitantes: 40 milhões ro Noel Rosa (1910), em Junho no Teatro São Luiz. Aulas de
Capital: Buenos Aires
Moeda: Peso culinária dos vários países da América Latina, aulas de dança
Presidente: Cristina em colaboração com a escola Projecto Latino e a apresenta-
Kirchner:
PIB per Capita: ção da II Mostra de Cinema da América Latina e do II Arraial
CHILE 14.120 USD Latino-Americano, no âmbito das festas de Lisboa, são outras
Superfície: 756.950 km²
População: 16,8 milhões iniciativas em destaque.
Capital: Santiago Em parceria com o Banif- Banco Internacional do Funchal, a
Moeda: Peso chileno
Presidente: Sebastián Casa da América Latina promove anualmente o Prémio de
Piñera Literatura Casa da América Latina/Banif.
PIB per Capita (2010):
14.922 USD

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Internacional Brasil

PASSAGEM DE TESTEMUNHO
TERÁ DILMA PULSO PARA
AGARRAR ESTE GIGANTE
O Brasil, outrora uma sociedade violenta e pobre, hoje um País vibrante
e optimista, trocou o metalúrgico Lula da Silva pela ex-guerrilheira Dilma
Rousseff, agora transformada em economista e tecnocrata. Lula abriu-lhe o
caminho da prosperidade. Dilma terá que o manter, reformando ao mesmo
tempo o Estado. Por João Bénard Garcia

O
politólogo Francisco Ferraz, que em tempos foi rei- balhadores (PT) venceu o preconceito e as Eleições Presidenciais à quarta
tor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, tentativa, e, em apenas oito anos, através do crescimento do consumo,
vaticinou a poucos dias de Dilma Rousseff, 63 anos, do aumento da produção industrial e agrícola e de múltiplos programas
vencer nas urnas o seu opositor José Serra – e sema- sociais, tirou quase 24 milhões de brasileiros da miséria e fê-los engrossar
nas antes de subir a rampa do Palácio do Planalto e nas fileiras da classe média. Conseguiu, com políticas progressistas e so-
se tornar na primeira mulher a conduzir os destinos ciais, em plena e grave crise financeira mundial, colocar o País no restrito
do Brasil – que Dilma iniciaria o seu mandato com um estilo próximo clube das nações com maior potencial de crescimento económico.
do Presidente Lula e que o terminaria com o do ex-Presidente Fernando Ainda sem o carisma e os níveis de popularidade de Lula da Silva, que
Henrique Cardoso. E como pensa este estudioso da política que governa- em 2011 será um forte candidato a Prémio Nobel da Paz e que em 2010
rá Dilma dentro de quatro anos? “Terá de se aproximar de um Governo constava na lista das 25 personalidades mundiais com maior influência,
mais pragmático, mais ordenado, com menos despesa”, afirma Ferraz, da economista Dilma Rousseff é esperado que mantenha a linha do seu
que também prevê um divórcio entre Dilma e Lula caso este tente exer- antecessor e que continue a aposta num forte crescimento económico
cer uma influência exagerada sobre a sua governação. com repercussões dessa riqueza na distribuição social, particularmente
De facto, não será tarefa fácil para Dilma Rousseff desatrelar da ima- no combate às discrepâncias entre ricos e pobres, no atendimento médico
gem do carismático líder “petista” que deixou o Governo do Brasil com e na educação. De Dilma espera-se que seja capaz de negociar e mostrar,
níveis de popularidade (segundo sondagens da Data Folha) na ordem dos já nos três primeiros meses de governação, que tem capacidade de lutar
83%. O operário metalúrgico nordestino que liderava o Partido dos Tra- contra os interesses instalados e imprimir as reformas urgentes.

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dilma rousseff,
a nova presidente
do brasil

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Internacional Brasil
Lula legou-lhe, como ela reconhece,
uma “boa herança”. Um crescimento econó-
mico acima dos 7% ao ano, com diminuição
da pobreza e aumento do consumo interno,
importações e exportações com excelentes
fasquias, aumento da produção agrícola e
industrial, estas últimas com valores muito
à boleia da forte expansão dos preços das
matérias-primas a nível mundial.
O ex-Presidente deixa a Dilma um país
entusiasmado com a descoberta crescente
de petróleo e gás natural nas profundezas
do Atlântico, em quantidades suficientes
para gerar uma almofada de riqueza e pros-
peridade para as próximas décadas e promo-
ver subsequentes reformas sociais.

Os oito trabalhos de Dilma


Apesar de ser a oitava maior potência económica mundial, o Brasil continua a padecer de problemas graves típicos de uma
Nação do terceiro mundo, motivos que explicam o facto de, no seu discurso de tomada de posse a 1 de Janeiro último,
Dilma Rousseff ainda se ter comprometido com políticas que visam “erradicar a miséria” e “acabar com a fome”.

I II III IV
A batalha por milhões Reformas políticas para O problema da Travar a violência urbana e
de casas condignas combater interesses Formação e Educação mudar a imagem do país
É que não obstante o facto de No plano político, Dilma arranca A educação, o grande calcanhar A violência urbana e o tráfico de
Lula ter arrancado da pobreza para quatro anos de governação de Aquiles do Brasil, continua drogas são outro dos dramas que
24 milhões de brasileiros, o País com uma boa plataforma de medíocre, especialmente ao nível Dilma terá de enfrentar com vigor.
continua a ter 30 milhões de apoio popular e uma maioria do ensino básico e secundário, Mais ainda quando será o Brasil a
pobres, entre uma população de governamental e parlamentar impossibilitando-o de formar a receber em 2014 o Mundial de Fute-
quase 190 milhões. O Governo que lhe permite, se assim en- mão-de-obra qualificada de que bol e em 2016 os Jogos Olímpicos.
estimou em seis milhões a ca- tender, alterar a Constituição da precisa para as suas exigências À nova Presidente caberá a missão
rência de habitações condignas. República. Lula empenhou-se ao nesta fase de grande cresci- de modernizar as infra-estruturas
Um terço dos brasileiros não longo de oito anos no combate mento económico. Os analistas degradadas e saturadas do país,
tem esgotos, água potável ou à pobreza, mas, devido a vários esperam que seja o Governo de nomeadamente estradas, portos e
condições mínimas de higiene compromissos partidários que Dilma a provocar uma verdadei- aeroportos, as portas de entrada dos
nos locais onde reside. teve de assumir para atingir esse ra revolução ao nível do ensino milhões de visitantes esperados para
fim, não foi capaz de dar a volta básico. Tudo porque não basta os dois megaeventos desportivos. Só
a problemas tão graves como a ter uma rede que cubra 100% há um pequeno senão: o Governo Fe-
corrupção ou a burocracia, ou das crianças em idade escolar, deral não tem dinheiro para todas as
estabelecer uma reforma política, mas importa que os alunos, obras e deverá apostar nas parcerias
definindo regras claras para o além de estarem dentro da sala público-privadas.
financiamento público dos parti- de aula, tenham professores
dos políticos. Terá Dilma múscu- qualificados que os consigam
lo suficiente para combater esses ensinar a ler e a escrever.
interesses instalados?

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Perfil
Quem é a mulher que um dia apareceu a Lula
com um computadorzinho na mão?
Lula da Silva estava longe de imaginar que Quem a conhece considera-a dona de um tem- peramento bravo” e classificou-o como de
a camarada que conheceu em 2002 e que peramento explosivo, áspero até. Dilma nega “qualidade excelente para comandar o País”.
lhe apareceu com um computadorzinho na todos os mitos que sobre ela se escreveram, Mas Dilma tem também um lado delicado e
mão seria um ano depois sua ministra das excepto a fama de ser durona, e dispara frases sério, quase maternal: Sabe tudo sobre mito-
minas e energia, nove anos depois o seu como: “Sou criticada não por ser dura, mas por logia grega, péla-se por uma boa ópera, é uma
“Delfim” e o sucederia na Presidência do ser mulher” e “sou uma mulher dura cercada exímia bordadeira e leitora compulsiva dos
Brasil. Nas veias de Dilma Vana Rousseff por ministros meigos”. O ex-vice Presidente, expoentes máximos da literatura brasileira.
corre sangue búlgaro. O seu coração já José Alencar, disse dela que tinha um “tem-
balançou em marés marxistas-leninistas. As
suas mãos dispararam tiros de arma contra
o regime de ditadura militar. Sofreu prisão
política durante três anos, ganhando com lula da silva deixou
isso uma disfunção na tiróide. Foi a mãe e a dilma rousseff uma
gestora do PAC (Programa de Aceleração “boa herança”, como a
e Crescimento), um plano caro, mas que mesma o reconhece
tem permitido o rápido desenvolvimento
do País.

V VI VII VIII
Acabar com a desigualdade Reforma tributária Aposta forte na Pegar de caras
nos cuidados de saúde ciência e tecnologia os cortes na despesa
A Saúde, tal como a Educação, foi um A fama de boa gestora deverá Dilma e o seu antecessor estão Dilma terá que fazer ajustes no
sector onde o Governo não conseguiu facilitar a vida a Dilma quando afinados no que concerne aos investimento público, travar
dar a volta aos indicadores negativos. A começar a pegar nas pastas chamados grandes projectos na- o galopante défice, os custos
qualidade dos equipamentos e dos pro- mais polémicas. Especialmente cionais de que o Brasil necessita. fiscais destas políticas e conter
fissionais de saúde, o acesso a medica- quando avançar com reformas Ambos sabem que só é possível a inflação. Consciente dessa
mentos de alto custo e a procedimentos políticas, tributárias e fiscais, que elevar o padrão de vida da popula- realidade, uma das primeiras
sofisticados, além do tempo de espera fechem os canos e as torneiras ção se o país desenvolver as suas reuniões de Dilma com os seus
nos serviços públicos, são o principal e impeçam o sangramento dos forças produtivas, com base na ministros teve como objectivo
fosso entre ricos e pobres. Lula tentou recursos financeiros da Fazenda ciência e tecnologia, com o Estado fazer um “ajuste fiscal” que
diminuir as diferenças, mas falhou em Federal, medidas que travem o como indutor e parceiro desse pretende que seja “severo”
muitas áreas. Dilma chega ao Palácio enriquecimento ilícito e permi- desenvolvimento. O que inclui in- mantendo o Brasil dentro dos
do Planalto tendo entre as mãos para tam melhor redistribuição dos dustrializar o país tendo por base limites dos 3,1% do défice em
combater, além dos indicadores negati- rendimentos das famílias, com parâmetros científicos e tecnológi- relação ao seu Produto Interno
vos da saúde, um dos maiores flagelos políticas de inclusão e mobilida- cos, sempre com o compromisso Bruto (PIB).
do mundo rico ocidental: a obesidade. de social. Terá de cortar e estan- do equilíbrio ambiental.
Dados de 2009 revelavam que 46,6% da car gastos ao mesmo tempo que
população tem excesso de peso, 13,9% é investe em políticas de apoio.
obesa, os ataques cardíacos dispararam
70% em apenas 10 anos.

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Internacional Colômbia

INVESTIMENTO

COLÔMBIA, OPORTUNIDADE
PARA ÓCIO E NEGÓCIO
A América Latina tem vindo a converter-se, nos últimos tempo, num dos focos
de atenção mais recorrentes para investidores e analistas a nível mundial.
Por Daniel Feged Mor*

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Bogotá, capital da praias do parque
colômbia e zona nacional tayrona,
conhecida como centro costa do caribe
internacional

milhões (11,5% do total), correspondiam ao co- novo governo logrou manter e fortalecer as ex-
mércio de Portugal com a América Latina. pectativas de crescimento e desenvolvimento,
O caso da Colômbia é um dos mais des- que se vinham implementando nos últimos
tacados no contexto latino-americano. Tanto o anos.
seu ambiente político, como os reconhecidos
progresos no controlo das condições de segu- Política de Segurança
rança interna, bem como o crescimento da sua O conflito interno foi uma das problemáticas
economia, fazem da Colômbia um dos países mais difíceis que a Colômbia teve de enfrentar
mais atractivos da Região. e, adicionalmente, uma das mais reconhecidas
no exterior. Durante a maior parte do século
40 anos de Democracia XX, e sem excluir os últimos dez anos, forças
A Colômbia tem a boa imagem de ser uma das violentas provocadas originalmente por movi-
democracias mais estáveis da Região. No de- mentos sociais e diferenças entre partidos polí-
curso dos últimos 40 anos a transição de poder ticos, foram infiltradas pelo narcotráfico. Estas
Fotos gentilmente cedidas por Proexport

entre diferentes correntes políticas desenrolou- expressões de violência e terrorismo geraram


-se com base em procesos eleitorais democráti- condições de segurança interna bastante frá-
cos, avalizados pela comunidade internacional. geis que afectavam a imagem do País perante o
Ameaças como o narcotráfico e as forças mundo e, portanto, o seu desempenho econó-
irregulares do conflito interno, tanto de direita mico e a sua capacidade de atrair investimen-
como de esquerda, tentaram infiltrar o quadro tos e turistas.
político. Conseguiram alarmar muitos analis- Em 2002, o presidente Uribe foi eleito
tas e a opinião pública nacional e internacio- pela sua tese de recuperar a segurança como
nal, mas falharam no seu intento de controlar direito fundamental da sociedade e como base
o poder político do País. para promover a coesão social e a confiança do

A
A recente mudança de governo, mediante investidor. Esta política foi denominada “Segu-
estabilidade revelada durante a qual o ex-presidente Álvaro Uribe Vélez foi ridad Democrática (Segurança Democrática)”.
a crise financeira dos últimos sucedido pelo ex-ministro do Comércio Exte- Com uma maioria significativa, o presi-
três anos, a persistente parti- rior, Economia e Defesa, Juan Manuel Santos dente Uribe foi eleito nesse ano e reeleito em
cipação de vários dos países da Calderón, é mais uma prova de maturidade 2006, com o mandato de atacar directamente
Região nas listas de economias institucional do quadro político colombiano. os focos de violência que afectavam a socie-
emergentes mais atractivas – como o Brasil e Depois de oito anos de governo de Álvaro dades colombiana. Dessa maneira, através do
a Colômbia – e o crescimento estável dos seus Uribe, o País recebeu com grande expectativa fortalecimento das forças militares e do acom-
mercados e do investimento directo estran- a nova Administração. O presidente Juan Ma- panhamento por parte da justiça e dos progra-
geiro, justificam o protagonismo recente da nuel Santos conta com um índice de aprova- mas sociais do governo, o objectivo principal
América Latina. ção de 72%, de acordo com uma sondagem foi recuperar o controlo da segurança no País.
De acordo com dados do Eurostat, o gabi- da Invamer-Gallup, realizada em Dezembro. A campanha empreendida neste campo
nete estatístico da União Europeia, o comércio A elevada popularidade do actual presidente é deu resultado. Os índices de segurança, bem
externo (importações e exportações) com a motivada pela escolha da sua equipa de gover- como o poder, o tamanho e o controlo territo-
América Latina representou, para a Penínsu- no, pela experiência internacional acumulada rial que os grupos à margem da lei tinham al-
la Ibérica, um total de 186 milhões de euros, como ministro e pela continuidade dos seus cançado, - tanto à esquerda (FARC, ELN) como
entre 2000 e 2009. Deste total, cerca de 21,5 esforços em matéria de segurança. O perfil do à direita (Paramilitares) - estão hoje reduzidos

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Internacional Colômbia

vestimentos internacionais, perfi-


lando a Colômbia como uma po-
O governo declarou o sector das tência regional neste campo.
A agricultura é a segunda
infra-estruturas como um dos motores da aposta do actual governo, que ten-
ciona reforçar o investimento em
economia nos próximos anos. tecnologia e inovação, com vista a
proporcionar uma revolução pro-
de forma muito significativa. recendo Portugal na 37ª posição, segundo da- dutiva e aproveitar as importantes extensões de
O presidente Santos, como ex-ministro da dos do Fundo Monetário Internacional (FMI). terras cultiváveis com que o País conta.
Defesa e respondendo ao mandato que lhe foi A grande diferença entre ambas as economias As infra-estruturas e a habitação, dois sec-
outorgado após a sua eleição, graças às suas tem que ver com os cerca de 47 milhões de tores que respondem a necesidades básicas do
propostas de continuidade das políticas do an- habitantes da Colômbia, que reduzem o PIB País e que são intensivos em mão-de-obra e em
terior governo, é considerado um garante do per capita do País a pouco mais do que 6 mil investimento privado, complementam a aposta
fortalecimento e de consolidação da recupera- dólares, o que representa aproximadamente a do governo.
ção da segurança na Colômbia. quarta parte do PIB per capita português. Pelo seu lado, o café colombiano continua
A balança comercial entre ambos os países a ser reconhecido no exterior pela sua quali-
Livre comércio com a Europa apresenta-se excedentária para a Colômbia. dade, e embora tenha diminuído o seu peso
Bons indicadores económicos e um Tratado Dados da Proexport (agência colombiana de relativo no volume total de exportações, man-
de Livre Comércio com a União Europeia, têm promoção da exportação, investimento estran- tém-se como jogador de primeira linha a nível
promovido os negócios bilaterais. A situação geiro e turismo) indicam que as exportações mundial.
económica colombiana demonstrou também, colombianas para Portugal, em 2009, soma- Finalmente, as indústrias tradicionais,
durante a actual crise financeira internacional, ram 178 milhões de dólares, focadas principal- como as confecções e os têxteis, a construção e
que goza de muito boa saúde. O crescimento mente em produtos como bananas, materiais os componentes automóveis, mantém tendên-
médio do Produto Interno Brtuo (PIB), entre plásticos e produtos de padaria. Por seu lado, cias de crescimento que fortalecem a criação
2001 e 2007, foi de 5,3%. Mantendo a tendên- Portugal centrou as suas exportações para a de emprego e o desenvolvimento económico
cia positiva dos anos anteriores, a economia Colômbia em maquinaria, peças de vestuário e do País.
colombiana cresceu 0,8%, em 2009 e, confir- produtos para a casa, num total de 12 milhões Em Maio de 2010, foi assinado, em Ma-
mando este bom momento, fechou 2010 com de dólares. drid, no decurso da Cimeira UE-América
um crescimento próximo de 4,5%, correspon- O governo do presidente Santos destacou Latina, o acordo comercial negociado entre a
dendo a um PIB nominal de 283 mil milhões quatro sectores da economia como bases do Colômbia e a União Europeia para o estabe-
de dólares, um valor ligeiramente superior ao crescimento do País nos próximos anos. O lecimento de um Tratado de Livre Comércio.
do PIB português. Aquele valor coloca a Co- sector mineiro, centrado principalmente no Depois dos correspondentes trâmites, tanto na
lômbia na 34ª posição no ‘ranking’ mundial de petróleo, gás e carvão, atingiu níveis muito Colômbia como na UE, o dito acordo deverá
países, segundo o valor nominal do PIB, apa- importantes de exportações e tem atraído in- entrar em vigor, em 2013 ou 2014. O acordo

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panorâmica do centro histórico de
cartagena das índias Colômbia seja hoje reconhecida como o país o Oceano Pacífico como com o Mar das Cara-
que mais protege os investimentos estrangei- íbas, permitem ter uma enorme variedade de
ros na América Latina e o quinto no ‘ranking’ opções num mesmo País. Praias paradisíacas
mundial Doing Business 2011. sobre o Mar das Caraíbas, micro climas ideais
para a produção de café, na zona Cafetera, sel-
Primavera todo o ano vas virgens no Amazonas, acidentes geográ-
A Colômbia não é, no entanto, apenas propícia ficos, como desfiladeiros, rios e cascatas para
para os negócios. O ócio e a diversão também o turismo de aventura, em Santander, selvas
têm um espaço na agenda, particularmente tropicais, um mar exuberante na costa pacífica
pelo actual nível de desenvolvimento do sector e cumes nevados à beira mar, como a Sierra
turístico, que se converteu num dos mais atrac- Nevada de Santa Marta.
tivos, tanto para investir como para disfrutar. A par com as suas condições naturais, a
Dentro da política de promoção do investi- Colômbia desenvolveu uma oferta cultural
mento, o governo desenhou incentivos fiscais muito ampla, que alarga o leque de razões pe-
para a construção ou remodelação de hotéis las quais é interesante para o sector turístico.
e para quem quiser investir na promoção do Festivais culturais, como o Festival Internacio-
Eco-turismo. Importantes cadeias internacio- nal de Teatro de Bogotá, o Hay Festival e o Fes-
nais de turismo e hotelaria – Hilton, Sheraton, tival de Música Clássica, estes dois últimos rea-
Holiday Inn, Ibis, Sonesta, entre outras – iden- lizados em Cartagena, começam a posicionar a
tificaram esta oportunidade e estão a analisar Colômbia também como um destino cultural.
destina-se a fortalecer a relação
comercial entre as partes, outor-
gando um marco claro e estável, A Colômbia é reconhecida como o país
dentro do qual se desenvolverão
todos os intercâmbios comerciais. que mais protege os investimentos
O Tratado de Livre Comércio
soma-se assim aos benefícios es- estrangeiros na América Latina.
tabelecidos durante os últimos
oito anos, tais como os contratos de estabilida- ou a realizar investimentos no País. Mas não são apenas a sua Primavera cons-
de jurídica, os incentivos fiscais para sectores Um dos desafíos para o fomento do turis- tante, as suas praias e as suas montanhas, o
como o turismo, energias alternativas, investi- mo é dotar o País de infra-estruturas de comu- seu café, ou as suas condições facilitadoras
mentos em ciência e tecnologia ou para a con- nicações aéreas, terrestres e marítimas adequa- para o investimento estrangeiro, que fazem da
tratação de empregados descapacitados, entre das para servir este sector. O governo declarou Colômbia um lugar para o ócio e o negócio. As
outros. o sector das infra-estruturas como um dos suas gentes, com uma entrega, uma cordialida-
Como complemento a estes benefícios e motores da economia nos próximos anos, e de e sentido de responsabilidade inegualáveis,
aos tratados de livre comércio, foi implemen- entre os projectos mais importantes em desen- são sem dúvida o elemento-chave. Sem elas,
tada uma estratégia para promover Zonas volvimento, contam-se a ampliação e moderni- Colômbia não seria a mesma e nem o ócio
Francas, que levou à criação de 84 destas zonas zação do Aeroporto El Dorado, de Bogotá, e a nem o negócio seriam possíveis.
em diferentes regiões do País. Actualmente, as construção, em regime de concessão privada, A boa noticia é que todas estas posibili-
Zonas Francas da Colômbia são consideradas de auto-estradas que agilizarão o tráfego entre dades estão abertas na Colômbia e que, tanto
as mais competitivas da América Latina, pelas os diferentes destinos e o interior do País. as agências governamentais encarregues de
condições tributárias que oferecem, e pela pos- A crescente oferta cultural em diferentes promover o turismo e o investimento, como o
sibilidade de aproveitar tantos os acordos inter- destinos ao longo do País, assim como os in- sector privado, estão ávidos para identificar e
nacionais como o mercado local. Importantes centivos do governo ao crescimento da oferta promover novas oportunidades e, mais impor-
empresas internacionais já aderiram a este for- hoteleira e ao reforço do papel do País como tante que tudo, para acolherem sócios e inves-
mato na Colômbia, entre as quais se destacam ‘hub’ de voos internacionais, fazem com que o tidores que as desenvolvam.
a Siemens e a Coca-Cola. futuro no sector seja muito promisor. * Daniel Feged (dfeged@ibcom.net) é CEO de Ibcom
Em relação a Portugal, o Tratado de Livre Co- A Colômbia conta com uma localização ge- Colombia e da Feged&Co. Business Advisors. Tem
mércio com a UE está complementado com um ográfica privilegiada. Por estar perto da linha uma ampla experiência profissional em consultoria e
acordo internacional de investimento e um acor- de Equador não regista grandes variações cli- assessoramento empresarial e desempenha actual-
do de dupla tributação, já subscritos, e que devem máticas, sendo sempre Primavera. A riqueza mente funções como administrador independente em
entrar em vigor assim que estejam concluídos to- e a variedade natural do seu territorio é muito empresas colombianas e estrangeiras. Trabalhou mais
dos os trâmites correspondentes aos dois países. atractiva para o eco-turismo. Diferentes zonas de 18 anos na Deloitte Colômbia, de que foi presidente
Estes esforços para incentivar o investi- climáticas, criadas pela presença da Cordilhei- e CEO nos últimos sete, com funções também na
mento estrangeiro contribuíram para que a ra dos Andes, e pelo seu contacto tanto com Deloitte América Latina.

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Moçambique energia

o aproveitamento dos recursos


hídricos de moçambique mantém-se
como a grande aposta

INFRA-ESTRUTURAS

MOÇAMBIQUE,
UM POTENTADO
ENERGÉTICO
A abundância de recursos energéticos em Moçambique é conhecida.
Uma nova mega-barragem e o potencial da exploração de petróleo vão
permitir caminhar para a auto-suficiência.
Por Vítor Norinha

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a nova mega-barragem
de mphanda nkuwa

Para o grupo brasileiro, que é o maior


construtor mundial de projectos hidro-
eléctricos (construi o projecto de Itaipu,
no estado basileiro do Paraná), a HMNK
passa a ser o seu maior investimento em
África. Em declarações recentes à comu-
nicação social, o administrador-executivo
do consórcio, Raúl Giesta, revelava que a
Camargo Corrêa já construiu hidroeléc-
tricas que produzem 50 Gw de potência,
o equivalente a 7% da capacidade mun-
dial neste segmento de produção. Ainda
em Moçambique, a Camargo Corrêa está
também envolvida na reabilitação da li-
nha férrea de Nacala.
O contrato de concessão da HNMK,

A
assinado entre o ministro moçambicano da Energia, Salvador Nambure-
captura e a distribuição dos recursos energéticos de Mo- te, e o presidente da hidroeléctrica, Egídio Leite, especifica que o arran-
çambique tem sido um problema estrutural do País. que das obras deverá acontecer entre o final deste ano e o início de 2012,
À recente decisão do Governo moçambicano de ad- com um prazo de conclusão de cinco anos.
judicar a nova mega-barragem de Mphanda Nkuwa a al- O empreendimento terá capacidade para gerar 1500 Mw de energia
gumas dezenas de quilómetros da maior obra dos portu- hidroeléctrica, sendo que 20% estão destinados ao mercado interno e
gueses em África, Cahora Bassa, está associada a necessidade de grande o restante para exportação. O projecto – que será do tipo fio de água –
potência energética para os mega-projectos industriais que o País quer lan- localiza-se a 61 quilómetros a jusante da barragem de Cahora Bassa e
çar e reforçar nos próximos anos. Falamos dos grandes investimentos no a 70 quilómetros da cidade Tete. A obra contará com quatro turbinas
alumínio ou nos cimentos, mas também a necessidade de electrificação do de 375 Mw cada, terá um paredão de 400 metros de comprimento e 86
País, gerando uma melhoria substancial do nível de vida das populações. metros de largura acima da fundação, com 13 comportas para a descarga
O grande volume de reservas ao nível dos recursos energéticos (ver de água.
caixa) consubstancia-se num investimento previsto a 10 anos equiva- Esta obra será o primeiro mega-projecto infra-estruturante de ener-
lente a metade do Produto Interno Bruto (PIB) actual do País, ou seja, gia construído depois da independência e no comparativo com Caho-
qualquer coisa como cinco mil milhões de euros. A China tem sido ra Bassa é nítida a evolução tecnológica e o modelo de aproveitamento
um dos países que mais tem contribuído para
o financiamento da economia moçambicana.
O País pode ser um potentado energético
e a nova barragem de Mphanda Nkuwa é a A nova barragem de Mphanda
coqueluche das grandes infra-estruturas que
vão arrancar entre o final deste ano e o início Nkuwa é a coqueluche das grandes
do próximo.
O projecto de construção e exploração da infra-estruturas dos próximos tempos.
Hidroeléctrica de Mphanda Nkuwa (HMNK),
no rio Zambeze, na Província de Tete, foi
concessionado a um consórcio constituído pela Electricidade de Mo- da água para a produção de energia. Contrastando com a barragem de
çambique (EDM), a empresa pública de energia moçambicana, e que Cahora Bassa, que ocupa uma área de 250 Km2, Mphanda Nkuwa fica-
integra ainda a Insitec, uma empresa privada também moçambicana e -se por uma área duas vezes e meia inferior, ou seja, por 97 Km2.
a construtora brasileira Camargo Corrêa, cujo responsável para o con- O custo real do projecto, somando a construção e a função financei-
tinente africano é o gestor português Armando Vara. Mphanda Nkuwa ra, ascenderá aos 2,9 mil milhões de dólares, o equivalente a cerca de 2,2
(HMNK) constituirá o maior projecto da Camargo Corrêa em África. mil milhões de euros. Tudo indica que o financiamento será assegurado
No consórcio, a EDM detém 20% do capital e os dois parceiros priva- pela banca local e por várias instituições financeiras mundiais, num mo-
dos ficaram com 40% cada. delo de ‘project finance’, não tendo comparticipação pública. O reem-

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Moçambique energia
bolso do investimento terá origem na venda de energia. Em Dezembro Outros modelos
último, aquando da assinatura da adjudicação, Egídio Leite, da gestora de Moçambique tem abundantes recursos de carvão. A zona de Tete, no
Mphanda Nkuwa afirmou que os financiadores querem a garantia de um centro do País, tem confirmadas grandes reservas deste material fóssil.
pré-contrato de aquisição a prazo da energia produzida. As negociações As informações oficiais, revelam vários projectos em desenvolvimento à
com a sul-africana Eskom, a eléctrica estatal que adquire toda a energia de volta de Moatize, tendo a Riversdale Moçambique anunciado a constru-
Cahora Bassa, e que é apontada como principal cliente da nova barragem, ção de um ramal ferroviário até à linha do Sena e um depósito de carvão
não estão ainda concluídas. O projecto vai criar 3500 empregos directos e para armazenagem do produto extraído da mina de Benga. Uma recente
indirectos, e integrará vários subprojectos de carácter social. Até Junho, encomenda ao nível de logística de transporte confirma as melhores ex-
deverá ficar concluído o estudo sobre o impacto ambiental de Mphanda pectativas sobre este projecto.
Nkuwa. O ministro moçambicano do Ambiente disse a este propósito As grandes multinacionais de vários continentes estão presentes
que a rigorosa legislação ambiental tem todos os aspectos em conside- na região, desde a já falada australiana Riversdale, até à brasileira Vale
ração e frisou o papel relevante da hidroeléctrica no controlo e regulação do Rio Doce ou à indiana Tata Steel e à sul-africana Sazol. A Eskom, a
do caudal do rio Zambeze, sobretudo a jusante da
Cahora Bassa, minimizando os efeitos negativos
das cheias, que ciclicamente afligem esta região.
Um outro aspecto fulcral na decisão política de
Durante esta década, Moçambique
avançar está na necessidade de mais energia, sob
pena do desenvolvimento do país ser afectado. O
receberá investimentos para grandes
governante deu o exemplo da fase III da fábrica de
alumínios da Mozal, que estava para avançar antes
projectos energéticos.
da crise de 2008, mas que acabou por não sair da
gaveta, pois necessitava de 650 Mw adicionais de
energia. Existem outros projectos que estão em ‘stand by’, pela falta de eléctrica estatal sul-africana, é uma empresa central neste processo, pois
energia, o que justifica o compromisso de colocar boa parte da produção recebe a quase totalidade da energia produzida pela barragem de Cahora
da nova barragem no mercado doméstico de Moçambique. Bassa e revende-a às empresas que operam em Moçambique.
A construção da nova infra-estrutura na mesma bacia do rio Zam-
beze pretende alterar este figurino, onde a mais-valia fica do lado sul-
-africano, mas ainda não está definido quem serão os grandes clientes
da nova hídrica, e a Eskom ainda não se pronunciou, muito embora a
empresa tenha necessidade de maior potencial energético porque tem
clientes para a distribuir. Em Moçambique é também conhecida a ca-
pacidade da bacia do Rio Rovuma ao nível da produção de petróleo e
gás natural, outras fontes de grande potencial energético de Moçambi-
que. Uma adjudicação relevante foi atribuída à National Daqing Oilfield
Driling Engineering Company, uma subsidiária da PetroChina, a qual
ganhou o concurso para a realização de perfurações petrolíferas no País.

Projectos da energia valem 50% do PIB


Durante esta década, Moçambique receberá investimentos, equiva-
lentes a metade do PIB, para grandes projectos energéticos. Petró-
leo, gás, carvão e hídricas receberão mais de 5 mil milhões de euros
de investimentos. A nova barragem Mphanda Nkuwa, uma obra
liderada pela brasileira Camargo Corrêa, envolverá o equivalente a
dois mil milhões de euros de investimentos a seis anos, enquanto
o sector do petróleo receberá investimentos de 1,5 mil milhões de
euros ao longo dos próximos 10 anos. No carvão vão ser emitidas
novas licenças, e o país ficará com um total de 108 autorizações
de exploração, enquanto o gás receberá um investimento de 436
milhões de euros anuais, aumentando a produção em mais de 50%
nos próximos anos.

60 » PRÉMIO » Março 2011

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Riversdale investe
nos minérios
A companhia mineira australiana Riversdale vai in-
vestir na área logística ligada à mineração. A empresa
anunciou a compra de 11 locomotivas e 200 vagões,
avaliados em 36,5 milhões de euros, para o transporte
de carvão das concessões carboníferas que explora no
centro de Moçambique. A Riversdale ganhou duas im-
portantes concessões mineiras de carvão na província
de Tete, por um período de 25 anos, prevendo investir
mais de 2,2 mil milhões de euros, na construção do
complexo carbonífero.
A Riversdale quer criar as condições logísticas neces-
sárias para o escoamento de carvão através da linha-
férrea de Sena, que liga a província de Tete ao Porto da
Beira, no centro de Moçambique. A empresa pretende
ainda assegurar o transporte de parte do carvão por
barcaças, de Benga a Chinde, através do Rio Zambeze.
As concessões da Riversdale comportam reservas
superiores a 4 mil milhões de toneladas.
As reservas de carvão de Tete foram concessionadas a
várias companhias, sendo que a brasileira Vale do Rio
Doce detém os jazigos mais importantes. A situa-
ção dos atrasos na reconstrução da linha férrea de
Sena, levou o Governo moçambicano a actuar, tendo
rescindido o contrato com o consórcio indiano Rites e
Ircon, entidade que ganhara o concurso de reabilitação
e abrindo o caminho à Riversdale.

Energias renováveis Índia, num projecto que prevê a transferência gradual de tecnologia
O aproveitamento dos recursos hídricos de Moçambique mantém-se para Moçambique.
como a grande aposta, existindo, a este nível, sete grandes projectos. O
potencial hídroeléctrico permitirá aumentar a capacidade de geração Electrificação rural
de energia dos actuais 2 mil Mw de potência para mais de 6 mil Mw. O Conselho Coordenador do Ministério da Energia reafirmou, no final
Na zona envolvente de Cahora Bassa, existe a possibilidade de do ano passado, o objectivo da electrificação rural. O Governo moçam-
construção de duas novas barragens, uma a norte, expandindo a actual bicano continua comprometido com a electrificação de todas as sedes
hidroeléctrica, até aos 2,9 mil Mw, e a de Mphanda Nkuwa, a edificar distritais até 2014. O ministro da Energia, Salvador Namburete, aponta
entre a actual hidroeléctrica e Tete, e com uma capacidade potencial que o acesso à energia eléctrica passa ainda pelo uso de energias renová-
de 2,4 mil Mw. Para esta obra será relevante a reabilitação das estações veis e pela expansão e construção de infra-estruturas de armazenagem,
hidroeléctricas de Chicamba, com 45 Mw, junto ao rio Mavuzi, e ainda de transporte e de distribuição de combustíveis líquidos e gás natural.
a construção de uma estação terminal na Província de Tete. Uma das obras de referência é a linha de transporte de energia eléctrica
As energias renováveis são outra aposta e a sul-africana Eskom Tete/Maputo, a espinha dorsal da rede do país. O reforço e a expansão da rede
criou o primeiro sistema de energia eólica, na Província de Inham- de distribuição de energia eléctrica estão orientados, numa primeira aborda-
bane, devendo rapidamente ligar-se à rede eléctrica nacional como gem, para os grandes centros urbanos. O objectivo é atingir a qualidade e a
produtor alternativo. Em Agosto passado foi anunciada a vitória da fiabilidade no fornecimento, o que atrairá novos consumidores. Recorde-se o
britânica Fortune CP num concurso que visava adjudicar os serviços primeiro semestre do ano passado, a EDM manteve o nível de trabalhos do
de supervisão do fornecimento e instalação de sistemas solares foto- projecto da linha Tete/Maputo, num investimento avaliado em 1,7 mil mi-
voltaicos para a electrificação de distritos nas províncias de Nampula, lhões de dólares na primeira fase, e que consumirá mais 700 milhões de
Cabo Delgado e Niassa. Foi ainda anunciado o arranque da fábrica dólares na segunda fase. Esta linha permitirá distribuir a energia produzida
de painéis solares no Parque Industrial de Beluluane, em Maputo, nas centrais de Mphanda Nkuwa, Cahora Bassa Norte, Boroma, Lupata, Mo-
num investimento de 7,5 milhões de euros. O objectivo é produzir atize e Benga. Os investimentos industriais de pequena e média dimensão
sistemas fotovoltaicos, sendo que os primeiros componentes virão da serão os primeiros a beneficiarem desta democratização da energia eléctrica.

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Sustentabilidade energia

CONFERÊNCIA

MOURA QUER SER A


CAPITAL DAS RENOVÁVEIS
O concelho de Moura quer afirmar-se como a capital das
energias renováveis. O acordo com a brasileira Fundação
Científica e Tecnológica em Energias Renováveis (FCTER), do
Estado de Santa Catarina, é um passo importante nesse sentido.

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vítor silva,
responsável
da lógica,
e josé pós-de-mina
josé maria pós-de-mina,
presidente da câmara municipal de moura

M
oura vai instalar um labo- de instalações de microgeração”, explica o Pre- e cultural entre FCTER e a Lógica, com vista ao
ratório de energia solar sidente da Câmara Municipal de Moura, José desenvolvimento de actividades relacionadas
fotovoltaica no Brasil. Este Pós-de-Mina. Outro dos compromissos do acor- com a pesquisa, desenvolvimento tecnológico
é um dos vários compro- do é um plano de estágios, a concretizar já este e inovação em áreas de mútuo interesse das
missos de um acordo assi- ano, que passa pelo intercâmbio de estudantes e partes, nomeadamente no domínio da energia
nado entre a Lógica, E.M., Sociedade Gestora técnicos portugueses e brasileiros, em estágios solar, tanto fotovoltaica quanto térmica.
do Parque Tecnológico de Moura e a Fundação em instalações indicadas pela Lógica e em labo-
Científica e Tecnológica em Energias Renová- ratórios de energia solar de entidades associadas
veis (FCTER), do Estado de Santa Catarina, no da FCTER. Neste âmbito, vão ainda ser desen-
Brasil. O protocolo de colaboração, que vigorará volvidos esforços para implantar no Brasil duas
até 2012, foi assinado no encerramento da pri- fábricas de painéis fotovoltaicos. Mais de 200 pessoas no Sustentar 2010
meira edição nacional da conferência Sustentar, O protocolo inclui também a continuida- A primeira edição do Fórum Sustentar,
que decorreu no final do ano passado em Mou- de da realização da conferência Sustentar em que teve como tema central as Energias
ra. Ao longo de três dias estiveram em debate Moura, nos próximos anos, transformando este Sustentáveis, reuniu mais de 200
evento num Fórum participantes. Ao longo de três dias
verificou-se uma troca de experiências
Nos próximos anos, Moura privilegiado para a
discussão dos proble-
entre empresas, técnicos e académicos
de Portugal e do Brasil, tendo ainda o
vai continuar a receber a mas da sustentabili-
dade entre países da
debate sido alargado a representantes de
quase todos os PALOP.

conferência Sustentar. comunidade lusófona.


De acordo com Vítor
Para além dos vários projectos e
experiências apresentadas, decorreram
Silva, responsável da ainda várias visitas técnicas a centros de
nesta localidade alentejana temas como Energia Lógica, “com esta política de coooperação com o desenvolvimento, a centrais eléctricas
Solar, Hídrica, dos Oceanos, Biomassa, Biocom- Brasil, podemos ser uma plataforma importante e a unidades industriais localizadas na
região de Moura, onde os participantes
bustíveis, Eólica e Hidrogénio. de contactos. É possível encontrar fórmulas de
puderam conhecer ‘in loco’ a realidade
“A escolha de Portugal para acolher este interesse comum para o desenvolvimento das dos projectos já desenvolvidos.
evento resulta do trabalho de colaboração e da energias renováveis tendo em conta o que esta- O Sustentar é um evento criado pelo
participação, desde 2008, na edição brasileira mos a fazer em Moura”. agora deputado federal brasileiro Pedro
do Sustentar e, por outro lado, do reconheci- “Em Portugal existem áreas onde estamos Uczai, no Estado de Santa Catarina,
mento do trabalho do concelho de Moura na claramente mais adiantados e em condições Brasil, que decorre anualmente desde
área das energias renováveis, sobretudo por via de responder a algumas dúvidas e o contrário 2008 e que conheceu este ano a sua
da Central Fotovoltaica da Amareleja e de vá- também acontece”, acrescenta. Este acordo tem primeira edição em Portugal. O evento
rias iniciativas que permitiram a instalação de como objectivo o estabelecimento de coopera- foi organizado pela Câmara Municipal de
Moura (CMM) e pela Lógica, E.M.
empresas de fabrico de painéis fotovoltaicos e ção técnica, científica, tecnológica, educacional

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Sociedade ensino

OEIRAS INTERNATIONAL SCHOOL

A ESCOLA
ONDE O INGLÊS É REI
Com sede na Fundição de Oeiras, a escola prepara a mudança para novas
instalações na histórica Quinta de Nossa Senhora da Conceição, em Barcarena.

A
inda recentemente, Oeiras foi distinguido como “Melhor aulas e todo o funcionamento da instituição utilizar como língua o inglês.
Município para Estudar”, no âmbito dos Prémios de Re- Para aqueles que não possuem bases no idioma, há aulas especiais de for-
conhecimento à Educação 2010”. E o facto é que, entre ma a colocá-los num nível de conhecimento que lhes permita concluírem
muitas outras iniciativas, o concelho tem dado todo o seu os seus estudos sem percalços.
apoio à sua primeira escola internacional - a Oeiras Inter- As escolas IB são conhecidas pelo seu grau de exigência e a OIS não
national School. Que segue os programas do International Baccalaureate foge à regra. A nível curricular, a OIS dá realce ao ensino científico. À mar-
(IB), já reconhecidos pelo Ministério da Educação. Esta escola, onde se gem dos programas oficiais, aposta na transmissão de valores sociais, co-
estuda do 6.º ao 13.º ano, nasceu fruto da vontade de um grupo de pais e locando os seus alunos ao serviço da comunidade local e enfatizando todos
cidadãos preocupados com a educação e a formação dos seus filhos. Jun- os aspectos relacionados com uma sociedade sustentável. Ou seja, além
tos, formaram uma associação sem fins lucrativos e empreenderam este daquilo que as matérias curriculares possam e devem incutir, a escola pre-
projecto, pioneiro no concelho. tende formar cidadãos exemplares.
Concluído o 13.º e último ano da escola, os alunos que pretendam ser No final do ano lectivo a Oeiras Internacional School irá mudar-se para
admitidos na universidade poderão fazê-lo, como aliás podem transitar a sua morada definitiva, a histórica Quinta de Nossa Senhora da Concei-
sempre ao longo dos anos, bastando para isso que peçam as equivalências. ção, em Barcarena, mandada construir no início do Séc. XVII pelo Rei D.
Mas assim sendo, o que tem a OIS de diferente? Desde logo, o facto de as Filipe II para receber dignitários estrangeiros.

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Perfil pedro rezende,
o novo presidente da
atkearney portugal

PEDRO REZENDE

NOVO “PILOTO”
PARA A A.T. KEARNEY
PORTUGAL
O novo presidente da consultora americana em Portugal
é engenheiro, mas deixou-se seduzir pela gestão, deixando para trás
o sonho de ser um dia piloto de competição.

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C
hegou a equacionar ser piloto, tal a paixão por automó-
veis que o persegue desde sempre. Mas o mais recente
presidente da ATKearney Portugal acabou por deixar
que o seu lado racional levasse a melhor e, influencia-
do ainda pelo percurso do pai – engenheiro e gestor –,
viria a cursar Engenharia no ICAI de Madrid. E se entre 1985 e 1990
chegou mesmo a participar em corridas de automóveis, hoje, a maior
“O que mais me fascina na área
corrida de Pedro Rezende é conseguir com que a consultora a que
preside ganhe pontos na ‘pole position’ do mercado português e ibé-
onde trabalho é a qualidade dos
rico. Ou não tivesse Pedro Rezende como grandes traços distintivos –
a nível profissional – o “sentido comum, o pragmatismo, a resiliência
consultores que tem.”
e a lealdade”, conforme o próprio indica.
Natural de Lisboa, pela capital portuguesa estudou no São João de
Brito até 1975, ano em que teve que acompanhar a família para Ma- Gestão, compatível com a manutenção das renováveis, pelo que decide re-
drid. “Lá andei por vários colégios e depois estudei engenharia (ICAI). gressar ao sector, também desta vez com um projecto relacionado funda-
O primeiro emprego foi como engenheiro do departamento de estudos mentalmente com o desenvolvimento do escritório em Portugal de uma
e desenvolvimento de uma multinacional francesa de componentes au- “firma de primeiro nível mundial na consultoria”.
tomóveis (VALEO). Neste caso ajudou o facto de ser relacionado com os Ao longo de todo este percurso, Pedro Rezende já passou por me-
automóveis que sempre foram uma quase “paixão”, lembra. lhores e piores etapas. Por momentos de grandes sorrisos e difíceis deci-
O facto de ter optado pela área académica que seguiu foi de certa for- sões, como quando teve que sair da EDP ou quando o sócio financeiro da
ma influenciado pelo testemunho de vida que recebera do pai, conforme Hyperion, americano, decidiu não investir mais na zona que considerou
confessa. Assim como a decisão do MBA, no INSEAD, “foi também nas- “tóxica”, passando a empresa de um enorme plano de expansão a ficar
cendo no âmbito familiar muito cedo, como forma de passar rapidamente estagnada.
da Engenharia para a Gestão”. De qualquer forma, garante que nunca Em jeito de balanço dos últimos anos, Pedro Rezende confessa que
houve realmente um sonho de seguir uma carreira diferente, excepto foram muito intensos, onde com a ajuda de uma equipa que rotula de
quando em determinada altura, com vinte e poucos anos, equacionou “fabulosa”, estiveram muito perto de “chegar à praia”. “Não esconde
“aproveitar uma oportunidade para realizar um desporto de forma profis- que muito aprendeu pelo caminho, além de que depois de todo este
sional. Mas a decisão de não sacrificar os estudos e uma profissão foi clara percurso voltou à consultoria “com mais experiência e maior capacida-
e rápida”. O automobilismo, esse, haveria então de ficar para mais tarde… de de acrescentar valor aos clientes”.
Já depois do MBA, conta, abriram-se várias portas em diferentes sec- Diz que o que mais o fascina na área onde trabalha é a qualida-
tores com a decisão final a ser equacionada entre Private Equity e consul- de dos consultores que tem, “que permite montar equipas que em
toria. Acaba por optar por esta última que “tinha um enorme prestígio conjunto com os clientes diagnostica problemas reais das empre-
entre os MBA, oferecia muito boas condições e, sas, desenha as melhores soluções e ajuda a
na altura, era um projecto interessante na medi- implementá-las em diversos sectores e áreas
da em que passava por estar uns anos em Madrid funcionais”. Mas não deixa de criticar a falta da
e depois abrir um escritório em Portugal”. Assim adrenalina da tomada de decisões, “quer de im-
seria ao longo de 13 anos, altura em que recebe
um convite de João Talone para fazer parte da sua As minhas pacto elevado como nas grandes empresas, quer
de impacto directo pessoal como na empresa

escolhas
equipa na Comissão Executiva da EDP. Deixa a própria”.
consultoria para trás e regressa à indústria. “O Com um ritmo de vida bastante intenso, em
desafio de conseguir fazer uma grande mudança média, e com alguma frequência com períodos
na EDP era muito atractivo e o João tinha reuni- “mesmo muito intensos”, lamenta apenas não
do uma boa equipa”, contextualiza. Livro conseguir conciliar tão bem quanto gostaria o
Um desafio, contudo, que se esgotaria em três Novelas históricas (qualquer um de Ken seu dia-a-dia na consultora com o ritmo fami-
anos, após os quais toda a equipa sai. Decide arris- Follet por exemplo) liar. Sempre que pode, contudo, os tempos mais
car e, a meias com João Talone, criam a Hyperion livres são para as filhas. E, claro, para os carros…
para investir em renováveis chegando a desenvol- Música “São, para mim, uma forma de descarregar
ver vários projectos em Espanha e Portugal. “As Ligeira comercial com ritmo adrenalina e de me sentir bem”, conta.
perspectivas de grande crescimento tiveram que Quanto ao futuro, Pedro Rezende sublinha
ser substituídas por um período de desenvolvi- Filme desde logo os dois projectos interessantes que
mento bastante mais lento devido à crise finan- “O Caçador” e “As Good as It Gets” tem pela frente: “desenvolver a ATKearney em
ceira de 2008 e, sobretudo, à crise económica e Portugal para que ocupe o lugar que merece
de credibilidade dos estados de 2010”, conta hoje, Hobbies e que tem lá fora e atravessar esta crise com a
lembrando ainda que neste contexto apareceu Corridas de carros, ténis e praia Hyperion para que depois possa vir a recuperar
uma boa oportunidade na área da consultoria de um maior desenvolvimento”.

Março 2011 » PRÉMIO » 67

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Iniciativa

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DO PORTO

“AQUELES QUE DECIDEM


O NOSSO FUTURO”
A
ntónio Mexia, presidente do Conselho de Administração da
A afirmação é de Rui Moreira, EDP, abriu o mais recente jantar-debate do ciclo “Conferên-

presidente da Associação Comercial do cias do Palácio”, no passado dia 24 de Fevereiro, no Palácio


da Bolsa, no Porto. A “Situação Actual das Empresas Portu-
Porto, e refere-se ao painel de oradores guesas” foi o tema escolhido para a segunda edição das “Conferências
do Palácio”, que reúne gestores e decisores de topo de diversos sectores
de mais um ciclo das “Conferências do económicos.
Este segundo ciclo de conferências, que se iniciou em Novembro
Palácio”: Alberto da Ponte, António e se estenderá até Maio, contou recentemente com a participação de
Carlos Santos Ferreira, presidente do Conselho de Administração do
Mexia, António Mota, António Millennium bcp, dia 17 de Março. Sucede-lhe António Saraiva, presi-

Saraiva, Carlos Santos Ferreira e Pedro dente da CIP - Confederação Empresarial de Portugal, no decorrer do
mês de Abril. António Mota, presidente do Conselho de Administração
Rebelo de Sousa. da Mota-Engil SGPS, encerrará esta segunda edição das Conferências
do Palácio, a 9 de Maio.
Por Susana Baptista Dias
A iniciativa foi inaugurada por Alberto da Ponte, CEO da Central

68 » PRÉMIO » Março 2011

68-71Conf.Palacio.indd 68 3/21/11 5:06 PM


Fotos cedidas pela Sociedade Central de Cervejas e Bebidas

a selecção de gestores convidada para este segundo ciclo das “conferências do palácio”, intitulado “a situação actual das
empresas portuguesas”, vai expor as suas perspectivas sobre a conjuntura actual das empresas nacionais. alberto da ponte,
presidente da SCC, e pedro rebelo de sousa, presidente do IPCG , foram os dois primeiros representantes

de Cervejas e Bebidas, em Novembro, a que se seguiu Pedro Rebelo Uma iniciativa que vai ao encontro do estatuto da Associação Co-
de Sousa, advogado e presidente do Instituto Português de Corporate mercial do Porto, “que como Fórum de reflexão e Senado da cidade, tem
Governance, já em Janeiro de 2011. procurado contribuir para o desenvolvimento sustentado da região do
Um painel constituído por gestores de peso do actual quadro econó- Norte”, adianta.
mico português, que Rui Moreira, presidente da Associação Comercial As “Conferências do Palácio” são produzidas pela Cunha Vaz & As-
do Porto, que é responsável pela organização das “Conferências do Pa- sociados e contam com o patrocínio do Millennium bcp e o apoio da
lácio”, acredita serem “aqueles que decidem o nosso futuro”. Por isso, Central de Cervejas e Bebidas, através da sua marca Sagres Bohemia.
cabe-lhe a eles o desafio de “explicar o ‘macro’ a partir do ‘micro’ com Aberta aos associados da Associação Comercial do Porto, contam-se por
visões – necessariamente, pessoais e subjectivas -, e experiências em várias centenas os participantes até agora nesta iniciativa.
diferentes sectores da economia”, acrescenta Rui Moreira.
No seguimento do sucesso da primeira iniciativa, realizada em 2009, Novas ideias em debate
e cujo enfoque esteve sobre o estado das relações bilaterais portuguesas, Os trabalhos iniciaram-se com Alberto da Ponte, que foi o primeiro a
com a participação de embaixadores estrangeiros em Portugal, a Associa- apresentar a sua perspectiva estratégica para a economia nacional, assente
ção Comercial do Porto decidiu avançar com este segundo ciclo de confe- numa análise do papel das empresas e nos constrangimentos que lhes cria
rências, “abrangendo novas temáticas e individualidades que estão a mar- a actual política orçamental. Para os ultrapassar, o CEO da Central da Cer-
car a diferença no universo empresarial português”, explica Rui Moreira. vejas e Bebidas insistiu na necessidade de Portugal reforçar a sua competi-

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Iniciativa
tividade no espaço externo, e defendeu a substituição do actual PEC por lugar em Janeiro de 2009 e contou com a participação de seis Embaixa-
um “PECC – plano de estratégia de crescimento e de competitividade”, dores, de países convidados tanto pela sua relevância em termos absolu-
com um elenco de medidas que na sua perspectiva colocariam Portugal tos como pela sua importância relativa para o nosso País. Luís Amado,
“em três anos, no espaço de crescimento do PIB”. ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, encerrou este ciclo de
O ciclo de conferências foi retomado em Janeiro, com Pedro Rebelo conferências, que se prolongou até Março de 2010.
de Sousa que conduziu o segundo jantar-debate. O presidente do Ins- “Trazer ao Porto e ao encontro dos empresários da cidade e da região
tituto de Corporate Governance começou por fazer uma apresentação do Norte, os embaixadores de alguns dos principais parceiros externos
aprofundada do actual cenário macroeconómico português, que inte- de Portugal, possibilitando que as perspectivas dos respectivos países
grou nos contextos europeu e mundial, detendo-se em seguida numa sobre o estado das relações bilaterais e a situação mundial sejam conhe-
análise ao comportamento do sector bancário, de que é um reconheci- cidas e debatidas”, foi o objectivo da primeira edição “Conferências do
do especialista. O impacto da crise actual nos níveis de rentabilidade Palácio”, explica Rui Moreira.
dos bancos e no próprio valor de mercado das principais instituições Com a convicção de um projecto pioneiro, sustentado no exercí-
cio de um dever social para com a
comunidade empresarial da região,
O ciclo de conferências foi retomado em as conferências tiveram igualmente
um propósito cívico, que deverá “ser
Janeiro, com Pedro Rebelo de Sousa, entendido como uma contribuição da
Associação Comercial do Porto para a
presidente do IPCG. vida cultural e social da cidade”, refor-
ça Rui Moreira.
financeiras nacionais foi longamente comentado por Pedro Rebelo de A conferência do Embaixador de Espanha, Alberto Navarro, inau-
Sousa, que, no entanto, terminou a sua intervenção sob uma nota op- gurou as Conferências do Palácio 2009. Das relações bilaterais com
timista: é sabido que as crises são sempre oportunidades de mudança, Portugal, o Embaixador referiu que “a opção europeia, que Portugal e
e a sua convicção é que a presente crise financeira e a recessão que lhe Espanha exprimiram em simultâneo, conferiu-lhes, nas últimas déca-
está associada poderão contribuir para um novo paradigma do compor- das, uma identidade de valores e visões estratégicas ímpar na sua longa
tamento do Estado, que defende dever ser menos interventivo e muito história comum”.
mais regulador. O lugar do Reino Unido na nova ordem mundial foi o tema escolhi-
do para a apresentação de Alexander Ellis, Embaixador do Reino Unido,
O ciclo da Diplomacia que marcou o segundo jantar-debate. O embaixador traçou um retrato
O primeiro Ciclo de Conferências organizado no Palácio da Bolsa teve vivo e informado sobre o mundo, não se limitando a dar a conhecer

A SELECÇÃO NACIONAL
Sob o mote da situação actual das empresas, o segundo ciclo das Conferências do Palácio traz ao Porto uma parte importante
da elite da gestão em Portugal. Conheça os oradores convidados, que formam parte da Selecção Nacional da Economia e dos Negócios.

António Mexia Carlos Santos Ferreira António Saraiva


Foi Ministro das Obras Públicas, Transportes e Licenciado em Direito pela Faculdade de António Saraiva completou o curso da Escola
Comunicações do XVI Governo Constitucional, Direito da Universidade de Lisboa em 1971, é o Industrial e frequentou o Instituto Superior
em 2004 e hoje é o presidente do Conselho de presidente do Millennium bcp. Antes, foi ainda Técnico. Recentemente foi eleito líder da CIP –
Administração Executivo da EDP. É licenciado em presidente do Conselho de Administração da Confederação Empresarial de Portugal, organiza-
Economia pela Universidade de Genéve. Foi pro- Caixa Geral de Depósitos e da Companhia de ção associativa empresarial de cúpula que resulta
fessor universitário e desempenhou funções como Seguros Mundial Confiança e da seguradora da integração das componentes institucionais
adjunto do Secretário de Estado de Comércio Império Bonança, presidente da mesa da As- da AEP e da AIP e das Câmaras de Comércio e
Externo e vice-presidente do ICEP. Posteriormente, sembleia Geral do Banco Pinto & Sotto Mayor Indústria na CIP.
passou pelo BES Investimentos, GDP - da Gás de e vice-presidente da Estoril-Sol. António Saraiva é o ex-presidente da Associação
Portugal e da Transgás, Galp Energia, APE e AIP. dos Industriais Metalúrgicos Metalomecânicos.

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as posições do Reino Unido, e comentando tam- 20 anos. Pavel Fiodorovitch Petrovskiy, Embaixa-
bém os grandes temas que marcavam a agenda dor da Federação Russa, resumiu este processo
internacional. de mudança e explicitou o pensamento do seu
Na altura, a tomada de posse do Presidente presidente, Dmitry Medvedev, para os próximos
Obama, tinha acontecido há apenas três me- anos, no plano interno e externo.
ses. Não foi por isso de estranhar, que a confe- Não poderia ser mais actual o debate com
rência do Embaixador dos Estados Unidos da O primeiro ciclo Ehud Gol, Embaixador do Estado de Israel, sobre
América, Thomas Stephenson, fosse umas das as “perspectivas para a paz no Médio Oriente”,
que teve maior afluência. Ainda sob o “efeito de “Conferências realizado em 2009. Ehud Gol descreveu o pro-
Obama”, Thomas Stephenson pronunciou-se jecto do seu país para o futuro da região e deu
sobre a crise financeira e as medidas adopta- do Palácio” foi a conhecer as posições em Israel, não só no que
das pela, na altura, nova administração norte- respeita ao conflito que se vive naquela zona do
americana. Caracterizou a crise e o seu alastra- encerrado, em 2010, mundo, mas também no que respeita aos direi-
mento ao sector financeiro e diferentes áreas tos históricos que assistem às diferentes partes
da economia, para depois explicar as medidas por Luís Amado. em confronto.
adoptadas pela administração presidencial O primeiro ciclo de “Conferências do Palá-
para salvar o sector financeiro e relançar a eco- cio” foi encerrado, em 2010, por Luís Amado,
nomia americana. ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiro.
“O Presente e o Futuro das Relações Luso- Depois da contribuição das diferentes perspec-
brasileiras” foi o tema da intervenção de Celso tivas dos seis Embaixadores, Luís Amado expôs
Vieira de Souza, Embaixador do Brasil. Com a a importância de fazer da política externa um
estabilização da moeda brasileira, e sob o efei- instrumento ao serviço do crescimento e desen-
to, quer da procura continuada das suas exportações para o mercado volvimento de Portugal, através da denominada “diplomacia económi-
mundial, quer do dinamismo do próprio mercado interno, o Brasil ca”, que deverá, em seu entender, “prestar uma particular atenção aos
tem conseguido manter índices de crescimento notáveis, que fazem países do mundo que produzem a energia de que a economia portu-
do País uma das 10 maiores economias do mundo. Foi exactamente guesa necessita”. Para Luís Amado, tal não implica que não deva ser
sobre estas transformações, que incidiu o discurso de Celso Vieira igualmente prioritário cultivar as relações assentes na história com
de Souza. os nossos parceiros tradicionais, bem como com os vizinhos mais
Uma das economias em destaque tem sido a Rússia, pelas profun- próximos, e não apenas europeus, e isto sem esquecer as economias
das transformações económicas e políticas que tem vivido nos últimos emergentes.

Alberto da Ponte Pedro Rebelo de Sousa


Alberto da Ponte assumiu em 2004 o cargo de O advogado Pedro Rebelo de Sousa assu- António Mota
presidente executivo da Sociedade Central de miu a liderança do Instituto Português de António Mota é o presidente do Conselho de
Cervejas e Bebidas e da Sociedade da Água do Corporate Governance em 2010, um projecto Administração da Mota-Engil, um projecto
Luso. A empresa tem mantido um crescimento do qual foi dos primeiros dinamizadores. É empresarial iniciado em 1946 pelo seu pai, Ma-
sustentado por uma coerência estratégica e senior partner da Sociedade Rebelo de Sousa nuel António da Mota, e pelo cunhado deste,
assegurou recentemente a liderança do sector. & Advogados Associados RL e foi adminis- Joaquim da Fonseca, e que deu origem à Mota
trador-executivo e membro não-executivo de & Companhia. Em 2006, o Grupo Mota-Engil
órgãos sociais de várias empresas, nomeada- completou 60 anos de existência.
mente do sector bancário.

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Iniciativa internacionalização

BARCLAYS

DESAFIA PORTUGUESES
A MOSTRAR TALENTO
Ao longo de vários meses, a instituição financeira mostrou aos empresários os
melhores exemplos no enquadramento da economia portuguesa. E, no fim,
elegeu um projecto de excelência internacional que inspirasse para o futuro.

U
ma ideia de negócio ou um projecto empresarial que merecem umas boas horas de debate nas melhores salas de aula de
se quer bem sucedido raramente comporta limita- economia e gestão do mundo. E por isso mesmo, quando um negócio
ções geográficas nos tempos presentes. Motivos para leva o carimbo do sucesso internacional, mais do que uma palmadi-
assim ser pode haver muitos: ou porque o mercado nha nas costas aos seus mentores, é necessário dar a conhecer os seus
local é sempre pequeno; ou porque há necessidades formatos de gestão para que possam servir, mais do que de exemplo,
em outros países com uma roupagem de oportunidade; ou, pura e de inspiração para os futuros empresários e para aqueles que têm na
simplesmente, porque em Portugal temos muito talento para exportar lista dos seus afazeres garantir às suas empresas e accionistas um bom
e para mostrar ao mundo. Razões não faltam para no ‘business plan’ caminho para os mercados internacionais.
de qualquer organização constar algures, em letras gordas, a palavra Da necessidade de promoção das melhores práticas de internacio-
“Internacionalização”. Diz-se mesmo que, no actual cenário das eco- nalização nasceu a ideia: juntar empresários, economistas e persona-
nomias globais, quem não puser os olhos na internacionalização po- lidades com um amplo conhecimento do enquadramento económico
derá ter a sua estratégia condenada. português para avaliar e escolher os melhores exemplos. E está, assim,
No caso particular dos portugueses, já se demonstrou por diversas criado o principal racional do Prémio Barclays Líderes da Internacio-
vezes que este raciocínio está muito perto da verdade. Há provas dadas. nalização, que foi apresentado ao país ao longo de várias conferências
Há casos de estudo protagonizados por empresários portugueses que durante mais de meio ano (ver caixa). O objectivo explica-se em traços

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os vários oradores
apresentaram as
suas ideias sobre a
economia portuguesa

gerais: promover e distinguir a empresa portuguesa que mais se des-


taca na internacionalização através da excelência dos seus resultados.
Como funciona? Uma empresa exclusivamente com capital priva-
do e maioritariamente de origem portuguesa, com um volume de ne-
gócios entre os 5 e os 50 milhões de euros e que não integre grupos eco-
nómicos com volume consolidado total superior a 50 milhões de euros
é elegível para concorrer ao Prémio Barclays Líderes da Internacionali-
zação. Basta que para isso demonstre uma actividade internacional de
significado, quer através de exportações, quer através de investimentos
no exterior ou outras actividades relevantes em mercados fora de Por-
tugal. Se a sua empresa se revê nestes critérios, o prémio destina-se a
si, ao qual ainda pode concorrer até ao dia 30 de Abril.
Será já em Maio que os projectos submetidos a concurso serão ava-
liados por alguns dos mais notáveis nomes da economia portuguesa.
Filipe de Botton (empresário), Vítor Bento (economista e gestor), Rui
Moreira (economista e gestor), João Coutinho (gestor e em represen-
tação do Barclays Bank Portugal) e Pedro Santos Guerreiro (jornalista,
POR ONDE PASSOU O BARCLAYS
director do Jornal de Negócios) compõem o Jurí que escolherá, com Não basta premiar um bom projecto internacional. É
base em critérios previamente definidos, a empresa vencedora e que, preciso motivar os empresários para o que se pode fazer
como prémio, terá direito a um ‘workshop’ com especialistas de mer- a partir de Portugal e chamar a atenção para as nossas
cados e de sector do Barclays; a formação em produtos de trade finance capacidades. Foi com base neste raciocínio que o Barclays
e de cobertura de risco; a um acesso gratuito ao Barclays Global Trade quis apresentar por todo o País o “Prémio Barclays Líderes
Portal (uma plataforma electrónica para a realização de operações de da Internacionalização”, promovendo o debate e a troca de
‘trade finance’); e a patrocínios da Baker Tilly Portugal, EGE Atlantic experiência pelas várias regiões.
Business School, OgilvyAction e PLMJ Sociedade de Advogados. Num calendário espalhado por mais de seis meses, o
Esta é uma iniciativa que decerto marcará. Dará a conhecer o que Barclays promoveu um conjunto de conferências onde os
de melhor em Portugal se faz nos mercados internacionais e lembra- melhores oradores apresentaram as suas ideias e os seus
rá à iniciativa empresarial e aos futuros empresários a importância de raciocínios sobre a economia portuguesa. Aveiro, Maia,
olhar para os negócios de uma forma global e sem fronteiras. Um pro- Lisboa, Leiria, Setúbal, Braga e Porto foram os palcos
jecto que, para já, quer ser inspirador e que o Barclays fez questão de escolhidos para pôr empresários, economistas e gestores
dar a conhecer a todo o País. a pensar Portugal, a sua economia e as oportunidades que
proporciona em termos de talento. E, acima de tudo, nas
Toda a informação sobre esta iniciativa pode ser consultada na Internet capacidades de exportar ‘know-how’.
no endereço http://www.barclays.pt/premiobarclays

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Iniciativa recursos humanos

GREAT PLACE TO WORK INSTITUTE

CISCO É A MELHOR
EMPRESA PARA TRABALHAR
Há três anos presente nos lugares cimeiros do ‘ranking’ nacional, elaborado pelo
“Great Place to Work Institute”, a Cisco foi agora considerada a “Melhor Empresa
para Trabalhar em Portugal”.

A
Cisco Systems Portugal foi considerada pelo estudo do “Gre- entreajuda, muitos benefícios e a formação e oportunidades de carrei-
at Place to Work Institute” a melhor empresa para trabalhar ra além fronteiras.
em Portugal. A subsidiária portuguesa da Cisco tem ganho Esta preocupação permanente com os colaboradores garantiu
um lugar de destaque no universo da gigante tecnológica também à Cisco o estatuto de melhor empresa para trabalhar para as
norte-americana, nestes últimos anos, com a inauguração de vários cen- mulheres, aliando ainda a menção honrosa no capítulo da Responsa-
tros de suporte e apoio para a Europa. Conta actualmente com cerca de bilidade Social. “Sendo eu mulher e mãe, com uma experiência profis-
200 colaboradores em Portugal, onde está presente desde 1997. sional que me permitiu conhecer outras realidades, reconheço a Cisco
O trabalho de equipa e o excelente ambiente que se respira na como a melhor empresa para trabalhar. Saliento as tecnologias que
empresa são alguns dos aspectos elogiados pelos colaboradores da contribuem para uma maior integração das pessoas com limitações
empresa. “Nos momentos de ‘stress’, encontramos sempre colegas visuais e motoras e a total flexibilidade de horários e regime de traba-
dispostos a ajudar para conseguirmos, em equipa, atingir os nossos lho, ideal para quem tem crianças para acompanhar nas mais diversas
objectivos”, refere um dos quadros inquiridos. Apesar da dimensão situações imprevistas”, refere uma colaboradora. A companhia permi-
da empresa, é muito comum ouvirmos a expressão “Cisco Family” te aos seus colaboradores trabalharem a partir de casa com todas as
por parte dos colaboradores. “Somos mesmo uma grande família, condições que teriam nos seus locais de trabalho, garantindo-lhes o
multicultural, multisocial, multiracial e diversa, mas procurando ser acesso remoto à rede interna e às ferramentas fundamentais.
sempre inclusiva. Como em todas as famílias, há dias melhores do O “Great Place to Work Institute” norte-americano é especializa-
que outros, mas afinal de contas é disto que são feitas as verdadeiras do na análise de ambientes de trabalho e todos os anos leva a cabo o
famílias”, confessa com emoção outro colaborador. estudo sobre as melhores empresas para trabalhar em 46 países, com
Entre as vantagens que oferece aos seus trabalhadores, conta-se a a participação de mais de 5500 companhias espalhadas pelo mundo.
total flexibilidade de trabalho, através de ferramentas que garantem a Em Portugal, no ‘ranking’ das 30 melhores empresas, os quatro
eficácia, a partir de onde e quando o colaborador quiser trabalhar. A primeiros lugares foram ocupados por empresas no sector da tecnolo-
esta funcionalidade, a Cisco Portugal adiciona ainda um espírito de gia: a Cisco, seguida pela Microsoft, Everis Portugal e ROFF.

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Conf.Palacio.pdf 1 3/21/11 3:38 PM

Uma iniciativa

Conferências
do Palácio
2011
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A ECONOMIA VISTA PELOS


GRANDES EMPRESÁRIOS
ABRIL | 2011 MAIO | 2011
António Saraiva António Mota
Presidente da CIP Confederação da Indústria Portuguesa Presidente do Conselho de Administração da Mota-Engil SGPS

PATROCÍNIO APOIO

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Tecnologia marketing

TAXINTERACTIVO
PUBLICIDADE
EM QUATRO RODAS
Uma ideia simples transformada num bom
negócio: aproveitar o tempo que os passageiros
passam dentro de um táxi para a publicidade.
O sistema funciona em ecrãs instalados nos
encostos de cabeça de 300 táxis de
Lisboa e tem a assinatura da
Taxinteractivo.

S
e durante uma viagem de táxi temos o passageiro sentado e sendo-lhes possível receber, via SMS (para campanhas do grandes Anun-
sem nada para fazer, porque não ocupar o tempo a este con- ciantes) ou Bluetooth (para os anunciantes do Directório), conteúdos
sumidor precioso? Esta foi a ideia que presidiu ao lançamen- seleccionados, como ‘vouchers’ de descontos, convites ou informações
to da Taxinteractivo, um serviço de informações e publicidade complementares sobre os produtos e serviços publicitados. O sistema
destinado aos passageiros de táxis. Através de um ecrã inte- está também disponível em inglês, bastando seleccionar o ícone com a
ractivo, instalado na parte de trás do encosto de cabeça do passageiro da bandeira do País.
frente, a Taxinteractivo oferece ao cliente do táxi um menu de informa- A ligação do sistema via telecomunicações móveis de banda larga
ções úteis, que vão desde a meteorologia a moradas de hotéis, restauran- permite, por um lado, a actualização constante dos conteúdos de modo
tes e mapas GPS com detalhes sobre o percurso. Pelo meio, vão surgindo a torná-los mais dinâmicos e atractivos para os passageiros e, por ou-
‘spots’ dos anunciantes, que são a base do negócio. tro lado, a monitorização remota dos equipamentos, produzindo assim
Um estudo apresentado pela Taxinteractivo prova a qualidade do pas- garantias para os anunciantes do funcionamento da rede. O passageiro
sageiro de táxi como ‘target’ da publicidade. Os utilizadores de táxi em pode desligar o som e o ecrã se assim o desejar.
Lisboa são sobretudo jovens dos estratos sociais mais altos e com um
nível de instrução elevada. Um terço deles usa o táxi pelo menos uma Um negócio em expansão
vez por semana, em lazer (42% das vezes) ou trabalho (31%). Os trajec- A Taxinteractivo é controlada a 100% por capitais portugue-
tos duram uma média de 19 minutos. Uma eternidade de tempo que os ses e baseia-se num modelo de negócio já comprovado em
passageiros utilizavam, até agora, para falar ao telemóvel ou não fazer várias partes do mundo. Serviços semelhantes já são usados
nada, refere o estudo. em Espanha, no Canadá e na Austrália. Existem outras ofer-
Para captar a atenção do cliente, a Taxinteactivo preparou uma es- tas menos sofisticadas nos EUA, Reino Unido, Itália e China.
pécie de rede fechada de televisão interactiva, com sete canais temáticos Para já, o serviço está activo em cerca de 300 táxis de Lisboa,
com textos e elementos multimédia animados. A navegação entre pági- ao abrigo de uma parceria estabelecida com a Associação
nas é feita através de toques no ecrã (tecnologia touchscreen). Nacional de Transportadores em Automóveis Ligeiros.
Os passageiros têm também acesso a serviços de valor acrescentado,

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76-77taxi+OpiniaoMyBrand.indd 76 3/21/11 5:02 PM


Opinião
Lourenço Bray
Consultor de Brand Intelligence na MYBRAND

GERIR O WORD OF MOUTH


E O BUZZ
C
om a crescente importância dos Social Media, o Word na gestão da marca, o mais rápido possível, ‘insights’ gerados por ex-
Of Mouth (WOM) favorável é uma componente cada periências passadas. Para tal, deve ser montado um sistema de mo-
vez mais relevante para o sucesso das marcas. O WOM nitorização capaz de gerar ‘outputs’ accionáveis pelo marketing num
é considerado mais credível do que comunicação con- ‘feedback’ contínuo.
trolada pela marca e, com os Social Media, pode criar A monitorização de WOM não se pode limitar ao uso de ferra-
fenómenos de Buzz intenso, geradores de share of mind a nível glo- mentas automáticas ‘online’. Estas ferramentas são ainda incapazes
bal. Contudo, gerir o WOM é extremamente complexo por dois mo- de caracterizar com fiabilidade e detalhe o que está a ser dito da marca,
tivos. apesar dos avanços nesta área que se vão verificando, particularmen-
Primeiro, as empresas não têm qualquer controlo sobre o WOM, te, na língua inglesa. A monitorização deve ser complementada por
apenas podem influenciá-lo e não é fácil. Precisam de conteúdos re- uma análise exaustiva de conteúdos ou por amostra. O WOM ‘online’
levantes, produtos inovadores, uma experiência de satisfação total e é uma fonte muito rica de ‘insights’.
envolvente e um foco intenso no pós-venda. E a “febre” dos Social Media não pode es-
Os resultados podem ser imprevisíveis. WOM quecer o universo ‘off-line’. Em Portugal, existe
pode ser praticamente inexistente ou negati- um ‘digital divide’ nítido, com cerca de metade
vo. A campanha que se pretendia viral e ge- da população a não utilizar a Internet. Como es-
radora de Buzz pode falhar. O WOM pode tes grupos têm perfis distintos, uma marca cujo
ocorrer nos ‘targets’ errados ou limitar-se ao ‘target’ seja transversal aos dois não pode ignorar
universo ‘online’ e ser inexistente em impor- um deles. Por outro lado, é necessário relacionar
tantes segmentos do mercado. Mesmo WOM O WOM favorável os dois universos, uma vez que as fronteiras na
positivo sobre a marca pode não ser suficiente prática não existem. Alguém pode ser exposto a
para converter potenciais clientes em clientes é uma componente WOM positivo através da Internet e replicar a in-
efectivos. Pode revelar uma imagem da marca formação fora da Internet. E este comportamen-
que não corresponde ao posicionamento am- cada vez mais to - o mais comum pois a maior parte dos utili-
bicionado e não ser diferenciador. E é explosi- zadores não gera conteúdos mas apenas os vê - é
vo, podendo redundar em Buzz negativo nas relevante para o totalmente invisível apenas com monitorização
próprias plataformas da empresa (ex: Facebook ‘online’. Para produtos cuja utilização ou consu-
da Ensitel). sucesso das marcas. mo tenha uma componente social importante, o
Em segundo lugar, com o advento dos WOM ‘off-line’ é também fundamental.
Social Media, o WOM passou a ter uma di- Empresas que consigam gerar WOM po-
mensão e rapidez de evolução vertiginosa, em sitivo e diferenciador e que, no lançamento de
plataformas digitais em permanente inovação. novos produtos, marcas ou conteúdos, consigam
Exige-se uma grande capacidade de participa- gerar Buzz elevado, têm uma vantagem subs-
ção, adaptação e reacção que não é compatível tancial. Não é possível controlar mas é possível
com os processos tradicionais de gestão da marca, demasiado lentos influenciar. O processo implica tentativa e erro e uma monitorização
e pouco credíveis. Grande parte da aprendizagem é feita empirica- permanente e global para aprender com a experiência e identificar o
mente através de tentativa e erro, sendo essencial detectar e integrar caminho certo.

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Arte Brasil

paula rego, “anjo”, 1998

EXPOSIÇÃO

RETROSPECTIVA DE PAULA
REGO EM SÃO PAULO
A Fundação Paula Rego e a Casa das Histórias emprestaram
cerca de 50 obras da artista portuguesa para uma exposição
retrospectiva na Pinacoteca do Estado de São Paulo, no Brasil.
A mostra vai decorrer até ao próximo dia 5 de Junho.

D
epois da apresentação em Monterrey (México) é a vez A exposição tem como comissário Marco Livingstone, prestigiado
da Pinacoteca do Estado de São Paulo, um dos mais historiador artístico inglês, e está patente ao público entre 19 de Março
importantes museus da maior cidade brasileira, pro- e 5 de Junho de 2011.
mover uma exposição retrospectiva de Paula Rego. Tal como na exposição no Museu de Arte Contemporânea de
É a primeira vez que o Brasil recebe uma exposição Monterrey (MARCO), a Fundação Paula Rego e a Casa das Histórias
individual de Paula Rego. A mostra reúne cerca de 110 obras da artista, contribuíram para esta homenagem, emprestando um núcleo de 50
entre pinturas, gravuras, desenhos e colagens, que percorrem mais de trabalhos da artista, dos quais se destacam o tríptico “The Pillowman”,
50 anos da sua trajectória artística. Apresentada por ordem cronológi- “The Company of Women”, “Anjo” e “Love”.
ca, as obras exibem todas as fases de produção de Paula Rego. Começa Esta é uma parceria que vai ao encontro de um dos principais pro-
com as primeiras pinturas realizadas nos anos 1950, quando era uma pósitos da Fundação, que passa por promover a divulgação e o estudo
jovem estudante de arte, e passa pelos desenhos, gravuras, até os pas- das obras de Paula Rego e o intercâmbio com instituições congéneres
téis em grandes formatos. nacionais e internacionais.

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Escapadela Póvoa Dão

PÓVOA DÃO

UM DESTINO NATUREZA
POR EXCELÊNCIA
A Póvoa Dão é pioneira no turismo de aldeia. Depois de alguns anos ao
abandono, esta aldeia beirã converteu-se ao turismo pelas
mãos do Grupo Catarino.

A
aldeia de Póvoa Dão é um dos mais antigos povoa- estava à venda, visitou-a e foi como um amor à 1ª vista, adquiriu-a com
dos da freguesia de Silgueiros, no concelho de Vi- a certeza de que tinha que lhe dar vida”.
seu. Atravessada por uma via romana, que integra as Hoje, após um processo de recuperação rigoroso, terminado em
Rotas Romanas do Dão, pertenceu à família fidalga 2004, as ruínas deram lugar a um verdadeiro refúgio, que proporciona
Santos Lima durante mais de 700 anos e estava pra- um modo de vida diferente, longe do bulício das cidades e perto da
ticamente abandonada desde os anos 30. Em 1995, autenticidade portuguesa. O restauro respeitou a traça e os materiais
a Póvoa Dão, S.A., empresa do Grupo Catarino, adquiriu esta aldeia originais (granito, madeira e cana de telhudo). As casas individuais
beirã com o intuito de lhe devolver os seus usos e costumes. Como possuem lareira, estão decoradas com requinte e equipadas para uma
conta José Alberto Rodrigues, actual director hoteleiro de Póvoa Dão, total autonomia.
“a administração do Grupo Catarino tomou conhecimento que a aldeia Recuperada a aldeia com mais de sete séculos de existência e re-

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Após um processo
de recuperação rigoroso
a aldeia tranformou-se num
verdadeiro refúgio
fotos cedidas pelo grupo catarino

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Escapadela Póvoa Dão

A associação de valências do Grupo Catarino


Este projecto consegue reunir as várias também nas vertentes da carpintaria e gestão florestal sustentável. Na Póvoa
valências do Grupo Catarino, em todas madeira. Na decoração tem o cunho e Dão continua a cultivar-se em modo
as áreas a que se dedica. É como que assinatura das decoradoras da Catarino de produção biológica frutas e legumes
uma face do Grupo. Na reconstrução Mobiliário e o paisagismo tem o dedo que são consumidos no restaurante
propriamente dita mostra o saber fazer da Santos & Santos – Espaços Verdes. ou transformados na 4 Bio inova. Na
e a experiência da Ramos Catarino, no A forma de gestão integrada e susten- propriedade florestal, com mais de 100
recurso ao uso da madeira vai às ori- tável vai ao encontro de toda uma nova hectares, faz-se uma gestão florestal
gens do Grupo, à mestria da serração área de negócio do Grupo relacionada sustentada e certificada pelo FSC e,
Santos & Santos, ainda hoje essencial, com a agricultura biológica e com a recentemente, procurando valorizar a

descobertos os costumes de outros tempos – no forno comunitário, no mantém viva esta povoação, gradualmente abandonada por quem ou-
lavadouro público ou no granito que marca todo o casario -, a Póvoa trora nela viveu. Actualmente estão afectas ao Turismo de Aldeia oito
Dão aposta também em mostrar a riqueza de fauna e flora da Região, casas com tipologias que variam entre o T1 e o T3. De acordo com o
afirmando-se como um destino Natureza por excelência. O cenário director hoteleiro, a grande percentagem de clientes de Póvoa Dão são
natural e quase intocado, dos cerca de 120 hectares de propriedade ru- portugueses (95%).
ral onde a aldeia se insere, tornou-se o habitat de uma diversidade de O investimento inicial desta recuperação foi de 5 milhões de euros
espécies de animais e vegetais, que convivem harmoniosamente com e contemplou a criação de todas as infra-estruturas básicas inexisten-
o turismo cuidado e de respeito pela Natureza, de que a aldeia Póvoa tes até então, desde electricidade a águas pluviais. No futuro, perspec-
Dão quer ser ícone. tiva-se a afectação de outras casas ainda disponíveis na aldeia também
Embora Póvoa Dão tenha também a vertente de imobiliário, é a para o Turismo, o que representará mais um grande investimento por
vertente turística, fortemente valorizada com a afectação de casas ao parte do Grupo proprietário.
Turismo de Aldeia, a criação de infra-estruturas de lazer e a abertu- Situada numa região de grande riqueza histórica, cultural e paisa-
ra de um restaurante que é já uma referência na Região Centro, que gística, a Póvoa Dão oferece vários tipos de atractivos. Além das inú-

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os 120 hectares da
propriedade rural
onde a aldeia se
insere tornaram-
-se o habitat de
uma diversidade de
espécies

Póvoa Dão
3500-546 Silgueiros
o restauro das
Viseu-Portugal
casas de póvoa dão
biodiversidade de fauna e flora locais com a Tel. :
respeitou a traça
elaboração de um estudo por parte de uma (351) 232958 557
e os materiais
equipa de biólogos das Universidades de Fax: (351) 232 957 322
originais: granito,
Coimbra e Aveiro das espécies existentes. madeira e cana de
E-mail:
O grupo, apesar da internacionalização povoadao@grupo-catarino.pt
telhudo
com abertura de escritórios e estruturas em
Lisboa, Funchal, Madrid e Salvador da Baía, Coordenadas GPS:
faz questão de manter a sede em Febres, vila Long. 7º 56’39’’ W
de onde é originário. Lat. 40º 32’51’’ N

meras estruturas de lazer e desporto que o concelho de Viseu oferece, marcadamente regionais”. De entre as especialidades, este responsável
a própria aldeia dispõe de piscina, ‘court’ de ténis, campo polivalente, privilegia a gastronomia típica local: bacalhau com broa, galo velho
trilhos aprovados pela Federação Portuguesa de Campismo e Carava- da quinta, cabrito à serrana, favas da beira, espetada de porco preto,
nismo, restaurante, bar e loja com produtos criados pelos artesãos da rojões da beira, naco na telha, linguado na grelha ou petinguinha de
região. escabeche. Depois do almoço ou jantar, impõe-se uma visita ao bar,
José Alberto Rodrigues explica que, “o restaurante Póvoa Dão é no piso superior, num ambiente recatado onde no Inverno o calor da
uma mais-valia para a aldeia e para a região. Já distinguido com o pré- lareira aquece o espírito e fortalece as relações e onde, nos dias mais
mio de “Melhor Restaurante do concelho de Viseu” na primeira edi- quentes, o terraço permite desfrutar de todo o ambiente da aldeia.
ção do concurso de gastronomia e vinhos “Dão com Sabor 2007”, foi Segundo José Alberto Rodrigues, “neste momento não está previs-
ainda agraciado com o segundo melhor prémio da região Dão Lafões. to o investimento em nenhum outro projecto do género. A prioridade
O restaurante dispõe de sete salas distintas, onde a decoração cruza o será avançar para uma segunda fase na Póvoa Dão, que inclui a recu-
rústico do forno a lenha com uma zona mais requintada, um conceito peração de mais de uma dúzia de outras casas que também faziam
que se estende também à gastronomia que aposta em especialidades parte da aldeia, embora localizadas de forma menos central à aldeia”.

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Evento vinicultura
ESSÊNCIA DO VINHO

“TOP 10 VINHOS
PORTUGUESES”
O Palácio da Bolsa acolheu entre 3 e
6 de Março a “principal experiência de
vinho em Portugal”, numa organização
da empresa Essência do Vinho e da
Associação Comercial do Porto.

as provas premium e as provas


comentadas foram algumas das
novidades deste evento

O
Quinta da Romaneira Reserva tinto 2008 (Douro), o
Vinha do Contador branco 2009 (Dão) e o Quinta
do Noval Vintage 2008 (Vinho do Porto) foram os
grandes vencedores do “TOP 10 Vinhos Portugue-
ses”. O Palácio da Bolsa foi palco de um dos eventos
de referência dos Vinhos Portugueses - O Essência do Vinho -, que
decorreu entre 3 e 6 de Março, onde entusiastas, apreciadores e enó-
filos tiveram a oportunidade de provar cerca de 3000 vinhos de 350
produtores nacionais e estrangeiros e escolher os melhores.
A prova internacional, realizada anualmente no nosso país, reu-
niu no Porto um conceituado leque de especialistas oriundos de paí-
ses como Espanha, Alemanha, Reino Unido, Países Nórdicos, Brasil,
Canadá, Estados Unidos e Portugal.
Foram pré-seleccionados um total de 47 vinhos (sete brancos de
2009; 31 tintos de 2008; e nove Porto Vintage de 2008), pelo Pai-

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Número recorde
de visitantes
Na sua 8.ª edição, o Essência do Vinho
superou as expectativas mais optimistas da
organização ao registar um número recorde
de visitas, cerca de 20.000, dos quais 1.500
foram estrangeiros. O aumento de visitantes
(em 2010 haviam sido 18.200) notou-se
sobretudo nos dois primeiros dias do evento.
Este ano, o Essência do Vinho conseguiu
igualmente atrair a maior representação de
sempre de jornalistas e líderes de opinião
estrangeiros.
“Os números falam por si, pelo que o balanço
desta edição deixa-nos muito satisfeitos.
Numa época de retracção económica, em
que todos os dias somos confrontados com
notícias menos positivas acerca da evolução
do nosso país, é para nós muito especial
produzir um evento que passa a imagem
de um pontapé na crise, que eleva um dos
produtos mais competitivos de Portugal,
o vinho, e comprova que este é um sector
dinâmico, competitivo e diferenciador”, refere
Nuno Botelho, director da Essência do Vinho.

nuno botelho, nuno pires, rui rio e ferreira marques

nel de Provas da revista WINE – A Essência representação de sempre de jornalistas es-


do Vinho. Entre os jurados são de destacar trangeiros, cerca de 40. É a prova da crescen-
Charles Metcalfe (crítico de vinhos, Reino te importância que o evento tem assumido,
Unido), Paul J. White (crítico de vinhos, ao ponto de ser já uma referência na cidade,
Nova Zelândia), Mark Shipway (jornalista, no país e até no contexto europeu”, referiu o
Canadá), Matthieu Longuère (Master Som- presidente da Associação Comercial do Por-
melier, Reino Unido), Carlos Cabral (Wine to, Rui Moreira, durante a conferência de
Educator, Brasil), José Peñín (crítico de vi- imprensa de apresentação do programa e da
nhos, Espanha), Mads Jordansen (jornalista, imagem oficiais da iniciativa.
Dinamarca), João Pires (Master Sommelier, Provas Premium, Provas Comentadas,
Reino Unido), Rui Falcão (crítico de vinhos, Conversas sobre Vinho e Harmonizações en-
Portugal), Aníbal Coutinho (crítico de vi- tre gastronomia e vinho, com a presença de
nhos, Portugal), entre outros. renomados ‘chefs’ internacionais e nacionais
O Essência do Vinho-Porto é uma organi- (Luis Américo, José Avillez, Pedro Lemos,
zação da empresa Essência do Vinho e da As- Vítor Matos e Vítor Sobral) foram alguns dos
sociação Comercial do Porto. Nesta edição, o atractivos do programa deste ano.
evento mantém a parceria com a Metro do Por- Com vista a associar a arte do vinho a
to e assume uma responsabilidade social com outras artes, o ‘designer’ de interiores Paulo
a Associação Bagos d’Ouro, de apoio às crian- Lobo preparou um espaço vanguardista com
ças desfavorecidas do Alto Douro vinhateiro. a temática “vinho”, acessível a todos os visi-
“Nesta oitava edição, o Essência do Vi- tantes durante o evento, assim com uma ins-
nho – Porto tem vários motivos de destaque, talação, designada como “Brilho de Vinho”,
desde logo a presença confirmada da maior em homenagem o sector do vinho português.

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Lifestyle moda

150 ANOS DEPOIS


FATO, CAMISA E GRAVATA
SÃO… A ARMADURA
DO HOMEM MODERNO
Uma crise mudou o paradigma da forma de vestir do homem europeu.
Duas guerras e a industrialização do fardamento uniformizaram
e universalizaram o uso do fato. Indumentária indispensável no armário de
um executivo, cria uma imagem mais construída ou mais ‘casual’, consoante
o gosto, e massificou-se de tal modo que até as mulheres o imitaram.
Por João Bénard Garcia

O
s momentos de crise são também momentos de ao mestre George Beau Brummel para desenhar o primeiro fato civil
oportunidade. E foi no meio de uma severa crise, masculino; e, por fim, a confecção industrial em série das fardas ne-
acelerada por epidemias, que o Rei Carlos II de In- cessárias para a Guerra da Secessão, na América, que impulsionaram
glaterra, em meados do século XVII, decretou dis- a produção de roupa a preços razoáveis.
crição e austeridade na indumentária dos nobres Foram contudo os novos conceitos de fabrico dos tecidos, o corte
da sua corte e nas vestes da média e alta burguesia. das peças de fazenda, o despojamento do agora copiado ADN da farda
Impôs a simplificação e uniformização da roupa masculina e abriu a militar e a importância atribuída à silhueta masculina que catapulta-
porta ao aparecimento do fato, obviamente ainda longe dos modelos ram George Brummel e o fizeram conquistar na História o título de
actuais. Esta foi a mudança de paradigma que faltava para se universa- “Pai do Fato Moderno”. Foi ele quem inverteu todo o conceito de moda
lizar o modo de vestir do homem ocidental: poder e ‘status’ social eram masculina e a uniformizou, defendendo sempre que “se as pessoas se
agora incompatíveis com laços, rendas e plumas. viram na rua para olhar para si é porque está mal vestido”.
Outros factores se somariam, século e meio depois, para justifi- Brummel redesenhou calças e casacos por encomenda régia. Usou
car o aparecimento do fato masculino moderno. Quatro deles foram uma paleta de cores para focar a atenção nas formas e nas linhas. Em-
fundamentais: a Revolução Francesa e as suas ideias de igualitarismo bora as tenha introduzido como conjunto, duvida-se que tenha sido
(em eterno confronto com as de liberdade) que visavam apagar os re- ele a inventar as calças compridas até aos pés – a sua moda de calças
quisitos da elegância cortesã; o estabelecimento de mestres alfaiates vagueia entre a teoria de que as copiou dos militares de cavalaria; a
refugiados de toda a Europa invadida por Napoleão Bonaparte em Sa- defendida pelo alfaiate Patrick Grant de que foram desenvolvidas pelos
vile Row, Londres; a encomenda que o Rei George IV de Inglaterra fez cavaleiros cossacos que as prendiam nas botas de montar; e os regis-

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tos do modelo de ‘chausses’ até aos pés usado vam que um homem elegante era aquele que
por Pantalon, um actor de comédia italiana se vestia de acordo com as suas formas físicas,
do século XVII, desenhos que não eram des- causava “boa aparência” e ao mesmo tempo
conhecidos de Brummel. mostrava poder de compra por usar fatos fei-
tos por medida. Com um conjunto de regras
O Processo de Uniformização Em Portugal, um rígidas, os alfaiates ganharam em Inglaterra
Enquanto a casaca e a sobrecasaca cada vez honras, sucessivas condecorações e poderes
mais justas ao corpo lutavam por um lugar ao espírito conservador delegados pelo monarca para imporem social-
sol nas escolhas masculinas, as várias peças mente os seus cânones de elegância. Na pri-
soltas da indumentária do homem evoluíram atrasou a adesão ao meira década de 1900, o próprio Rei Eduardo
para uma forma mais uniforme, com o traba- VII tornou-se um bem-sucedido figurino de
lho meticuloso dos mestres alfaiates judeus, traje moderno europeu exportação do estilo de vestir inglês.
polacos, russos, húngaros e alemães no ber- Contudo, ao adoptar a sociedade ociden-
çário criativo em que se tinha transformado nos finais do séc. XIX. tal o modelo de casaco americano, mais cur-
Savile Row, outrora bairro de médicos-cirur- to, relegando a sobrecasaca para meras fun-
giões londrinos, agora poiso da imaginação ções cerimoniosas, catapultou o uso do fato,
dos melhores “cirurgiões” europeus da tesoura e da fazenda. convencionando-o como a indumentária civil masculina. Doravante, o
No final do século XIX e início do século XX, os alfaiates acredita- fato tornar-se-á cartão-de-visita da personalidade do homem civilizado

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Lifestyle moda

e por isso lhe deverá corresponder. Com uma enorme vantagem: exis- os mestres alfaiates defendiam serem estes os fatos mais elegantes (e
tem modelos que permitem criar uma imagem mais tradicional e cons- por norma mais raros e vistosos) e porque impediam os seus donos de
truída e outros que transmitem um ‘look’ mais ‘casual’, descontraído. meter as mãos nos bolsos, um gesto considerado como de mau hábito
e falta de educação pelos povos germânicos. Casacos com apenas um
Casacos para todos os Gostos botão são mais raros e mais adequados a traje de ‘smoking’ ou fato
Com os tradicionais fatos de três peças em desuso, por razões de custo de gala.
de fabrico a deixar cair o colete do conjunto, o fato divide-se agora em
duas peças, sendo desde os anos 60 do século XX o casaco de dois Nos Detalhes é que Está o Ganho
botões e duas rachas atrás o modelo mais vendido. Esta nova arquitec- O número de botões e de rachas nas costas não são os únicos requisitos
tura do fato masculino, com a banda em V a abrir o peito e a destacar de elegância para determinar a qualidade ou a modernidade de um fato.
a gravata, ganhou força e tornou-se moda durante a acirrada campa- A presilha na lapela era um detalhe nos casacos
nha presidencial que opôs John F. Kennedy a Richard Nixon e que o feitos por medida que entretanto se generalizou
primeiro venceu. aos fatos de confecção de pronto-a-vestir. Se o

Aos poucos, as casas


portuguesas de confecção
masculina foram
acolhendo reputados
alfaiates que ditavam
as modas.
casaco inglês se caracteriza por ter os ombros
pouco estufados já os de fabrico italiano exage-
ram na utilização de enchumaços e multipli-
cam-se em padrões exuberantes e cortes mais
ousados, irreverentes até.
Outro pormenor que a confecção de pronto-
-a-vestir menosprezou foi o funcionamento dos
botões nas mangas dos casacos. Um casaco de
qualidade e elevado preço deve permitir ao seu
Até aos anos 60 tinham marcado a moda masculina os fatos com utilizador desabotoar apenas os dois inferiores dos três ou quatro botões
casacos de três botões e uma racha atrás ou traçados de seis e de qua- da manga quando pretende lavar as mãos. Este método é muito utilizado
tro botões, considerados então estes últimos solução pontual de ele- pelos grandes alfaiates e costureiros italianos e é uma marca de qualidade
gância e muito apropriados para ocasiões de negócios. que distingue um fato caro.
A todas estas alternativas de corte surge ainda uma terceira hi- Simultaneamente, os botões dos casacos de boa confecção devem ser
pótese - que se prende com uma particularidade cultural - e que é a de chifre de búfalo e ter as casas bem debruadas para que o botão feche de
de os fatos não terem qualquer racha atrás. Na Europa continental, forma lisa, sem atrito. Os bolsos das calças devem ser de tecido grosso, re-
particularmente na Alemanha, os homens usavam sem racha porque sistente e cosido com pontos pequenos e as calças de alta qualidade devem

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ser forradas até aos joelhos para evitar contacto da pele com tecidos como
o ‘tweed’, tão protectores do frio como incomodativos para a pele humana.
Excepto para os anglo-saxões que consideram forros em tecidos ‘tweed’
Os vários nós de gravata
um luxo desnecessário e pouco viril.
É todavia consensual no mundo ocidental que o melhor tecido para fabrico De uma maneira geral acredita-se que a “cravata”, a antepassada
mais directa da gravata contemporânea, teve origem durante a
dos fatos é lã churda, a única que cai de forma elegante e quase nunca se amarrota.
Guerra dos Trinta Anos (1618-1648). Na época, o exército francês era
composto por diversos soldados croatas – daí o nome do acessório
Ícone Também de Moda Feminina inicialmente ser “croat”, – que usavam uma espécie de lenço
Embora o fato esteja associado à moda masculina e tenha sofrido um ‘boom’ amarrado ao pescoço semelhante às gravatas actuais. Aos poucos,
de ‘grife’ nos anos 60, 70 e 80 quando estilistas como Ted Lapidus, Pierre os próprios franceses foram incorporando o hábito e a moda foi
Cardin, Yves Saint-Laurent e Giorgio Arma- adoptada pela sociedade parisiense, por serem acessórios que
ni o trouxeram para as passarelas da moda não permitiam grandes engomados, como as tradicionais golas, e
Fotos gentilmente cedidas por Dunhill e Rosa & Teixeira

internacional, a verdade é que, hoje em dia, permitiam uma maior liberdade de movimentos.
Com a restauração da monarquia inglesa, Carlos II regressou a
Inglaterra para reivindicar o seu trono e consigo levou a “cravata”,
a qual uma década depois já era usada em toda a Inglaterra. Estas
primeiras “cravatas” eram uma faixa de renda cara, de musselina ou
cambraia, cujas extremidades tinham uma orla de renda.
Em finais do século XVII, a “cravata” estava firmemente estabelecida
como acessório indispensável da indumentária masculina por toda
a Europa e colónias na América do Norte.
Ao longo dos tempos, esta peça de vestuário sofreu alterações
profundas a nível de corte e de tecido, transformando-se numa peça
usual do vestuário masculino.
Actualmente, existem mais de 80 formas diferentes de fazer nós
de gravata, dos quais os mais usuais são o simples (o grande
clássico dos nós de gravata), o duplo (o nó ideal para a maioria das
camisas), o windsor (volumoso e usado em colarinhos afastados),
o semi-windsor (adequa-se à maior parte dos colarinhos) e o de
é utilizado tanto por homens como por mulheres e tenta satisfazer as necessida- borboleta (para ocasiões mais formais).
des estéticas básicas da própria sociedade a cada mudança de estação.
A alfaiataria masculina, agora também usada pela mulher, é um dos simples duplo windsor semi-windsor
marcos gigantes da história do vestuário no séc. XX. A pioneira da in-
trodução do modelo e termo ‘tailleur’ na moda feminina foi a estilista
Gabriele “Coco” Chanel, a primeira criadora a “invadir” o universo mas-
culino para construir as suas criações. Foi ela quem inventou a versão
feminina do fato, tanto quanto foi a actriz e cantora alemã Marlene Die-
trich que desde 1932 o imortalizou como sua imagem de marca.
Impulsionado por estilos que se produziam com detalhe na indu-
mentária dos protagonistas masculinos dos filmes norte-americanos, o
chamado “à moda de…” seguido do nome do actor, o fato passou, em
pouco mais de 150 anos, de traje de maior distinção da burguesia a peça
fundamental do guarda-roupa do homem urbano. Transformou-se na far-
da do capitalismo, uniforme de executivos, conquistou os armários dos
políticos e dos empresários de todo o mundo. E quando acompanhado
de camisa e gravata é a armadura perpétua do homem contemporâneo.

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Lifestyle shopping

FÁTIMA LOPES

A LOJA DE LUANDA
É UMA APOSTA GANHA
Ao fim de apenas três meses, a estilista já festeja o seu sucesso em Angola, um
país com “o culto do muito bom e em que o preço está sempre em segundo
plano”. Os fatos de homem com pano inglês tecido com fios de ouro, de
platina e de pó de diamantes são um dos produtos exclusivos deste mercado.
Por João Bénard Garcia

T
rês meses apenas depois de ter aberto as portas da sua mantes”, um produto exclusivo para Angola, que a estilista não vende
loja, no Hotel de Congressos de Talatona, a primeira de em Portugal ou em Paris.
uma estilista internacional em Luanda, Fátima Lopes não Com roupa de alta-costura, adereços e joalharia apreciadas por
tem a menor dúvida do sucesso do seu investimento no clientes angolanos há pelo menos dez anos, Fátima Lopes compreen-
mercado de moda angolano: “Esta loja já é uma aposta deu o desejo de qualidade dos seus já fiéis clientes e dos potenciais no-
ganha. Os resultados obtidos em três meses são a garantia de que foi vos compradores nesta parte do continente africano. Encontrou o que
uma boa opção. Acredito muito neste mercado”, sustenta. classifica como “parceiros certos” e decidiu avançar com uma presença
O hotel onde a loja está inserida localiza-se no bairro onde se estão física em Angola. “Há alguns anos que muitos clientes angolanos, na
a sedear algumas das principais empresas internacionais e é o único sua maioria mulheres, vinham a Portugal ter comigo para fazer peças
hotel de cinco estrelas de Luanda. especiais de alta-costura, vestidos de gala exclusivos, vestidos de noiva
Sabendo de antemão estar perante uma clientela que tem “o culto únicos. Clientes para quem o preço está sempre em segundo plano”,
do muito bom”, Fátima Lopes não se fez rogada e levou para Luanda o salienta.
que de melhor produz. Como é o caso dos “fatos de homem em tecidos Com a abertura do espaço Fátima Lopes no Hotel de Talatona –
ingleses fabricados com fio de ouro, de platina e de resíduos de dia- um local que classifica como “fantástico e muito aberto” –, a estilista

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hotel de congressos
de talatona - rua luanda sul,
Luanda
tel.: +244 226 424 300
fax: +244 226 424 301

coloca à disposição dos angolanos quase toda a gama de produtos da


sua marca. A excepção, por ora, são os artigos para o lar e as peças de
joalharia, que, todavia, estão disponíveis em catálogo para encomen-
dar. Na loja de Luanda “tenho jóias por catálogo, nomeadamente uma
grande colecção de alianças, com mais de 50 modelos, chamada Dia-
mond, que podem ser personalizadas. Se o cliente quiser uma peça
mais sofisticada, o que muda é só o tamanho das pedras preciosas”,
esclarece Fátima Lopes.
Nos recém-inaugurados 60 metros quadrados do espaço, inteira-
mente decorado pela estilista, coexiste moda de pronto-a-vestir, com
artigos iguais aos das lojas em Portugal, com peças de ‘street-ware’,
roupa de praia, vestidos exclusivos de alta-costura (que podem chegar
Impossível copiar
aos 30 mil dólares), canetas, sapatos, malas, óculos e um sem número Contrafacção? Ora aí está um drama dos maiores criadores
de acessórios para ambos os sexos. A estilista destaca inclusive a sua internacionais que parece não afectar a estilista portuguesa.
enorme surpresa pela procura angolana de peças masculinas: “Temos “Que me lembre nunca fui vítima de contrafacção. Não
tido uma enorme procura de roupa de homem, de fatos e de blazers. receio esse problema porque a minha roupa não é fácil
Tudo peças por medida, com tecidos dos melhores fornecedores do de copiar. Os meus modelos são difíceis de imitar. Hoje,
mundo”. ninguém se dedica a copiar peças sofisticadas”, refere a
A abertura da loja permitiu-lhe não só evitar viagens desnecessá- criadora nacional, manifestando-se ainda mais segura em
rias às clientes, mas também garantir um contacto mais directo com relação ao mercado angolano: “Ainda não há indústria de
elas. “Estou permanentemente em ligação com clientes através do confecção com capacidade para copiar. Só se for o meu
Skype. Neste preciso momento estou a fazer dois vestidos de noiva logótipo e umas T-shirts a dizer Fátima Lopes. De resto é
usando esses contactos online. Sou eu pessoalmente quem desenha impossível”, acrescenta.
os vestidos e faço-os como se fossem para mim”, assume.

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Lifestyle design

CORTICEIRA AMORIM
UM CHÃO
“MADE IN PORTUGAL”
A escolha do revestimento do chão
da Sagrada Família, em Barcelona,
recaiu sobre a portuguesa
Corticeira Amorim.

M
ais de dois tas quiseram cumprir a vontade
milhões de do génio Antoni Gaudí, o pai
turistas, qua- da obra monumental: “a opção
tro milhões pela cortiça justifica-se pelo total
de pés, pisar alinhamento com a filosofia de
de muletas, rolar de carrinhos Gaudí – que defendia e utilizava,
de bebé e circulação de cadeiras fundamentalmente, materiais
de rodas aos milhares – por ano naturais”, explicam os actuais
– são alguns dos maiores desa- responsáveis pela conclusão do
fios à resistência a que os pavi- templo.
mentos da Corticeira Amorim já Contudo, esta não é a primeira
estiveram sujeitos. Os milhões vez que Jordi Bonet i Armengol
de visitantes são os da centenária opta pela cortiça como material
Basílica da Sagrada Família, em de excelência para revestimento
Barcelona, classificada como Pa- nas suas criações arquitectóni-
trimónio Cultural da Humanida- cas. “Sempre considerei a cortiça
de pela UNESCO – e consagrada um excelente material, tanto que
pelo Papa Bento XVI a 7 de No- o utilizei em diversas obras mi-
vembro de 2010. Quem desafia nhas”, considera Bonet, que ex-
é a equipa do mestre-arquitecto plica, rematando, a sua escolha:
catalão Jordi Bonet i Armengol. “não apodrece, é asséptica, con-
À “prova de esforço” estarão dois fortável ao caminhar, apresenta
mil metros quadrados do chão da níveis de conforto térmico supe-
cripta do templo cobertos com re- riores aos do mármore, o que evi-
vestimentos Wicanders, da linha ta instalar aquecimento artificial.
CorkComfort, a marca ‘premium’ Além disso, num projecto desta
da corticeira portuguesa. dimensão, a acústica é importan-
Boa absorção acústica, elevados tíssima”.
padrões de conforto térmico, re- A escolha recaiu sobre a Cor-
sistência, estética, higiene e con- ticeira Amorim, do Grupo Amo-
forto ao pisar foram argumentos rim, a maior empresa mundial
que renderam aos benefícios da de produtos de cortiça e uma das
cortiça os arquitectos catalães na mais internacionais de todas as
hora de escolher o revestimento empresas portuguesas, com ope-
da cripta da Basílica. Além das rações em curso em dezenas de
vantagens técnicas, os especialis- países, em todos os continentes.

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Lazer automóveis

BENTLEY CONTINENTAL GT
Dê-se a este luxo
É, como todos os Bentley, uma obra de arte que combina ‘design’ com
tecnologia, sempre respeitando a tradição de uma marca emblemática.
Por Álvaro de Mendonça

O
Continental GT foi o primeiro modelo que a Bentley R-Type, que abrilhantou as estradas europeias em meados da década de
lançou, depois de ter passado para a órbita do grupo cinquenta.
Volkswagen, em 2003. Hoje, é a estrela e o símbolo O novo Continental GT mantém o DNA do seu antecessor, apresentan-
da recuperação da marca britânica, respondendo por do-se como um luxuoso coupé de 2+2 lugares. A grelha frontal é agora
40% das suas vendas. Após um percurso de sucesso, mais vertical, para respeitar as normas de protecção de peões, e os faróis
a Bentley decidiu actualizar o modelo, melhorando- dianteiros foram redesenhados e passaram a incorporar luzes de circula-
-o em termos de desempenho e actualizando-lhe o ‘design’, agora mais ção diurna. Na traseira há uma aproximação estética ao Bentley Mulsane.
anguloso, mas mantendo o ar de família com o histórico Continental As luzes LED abraçam as partes laterais, fazendo sobressair uns ombros

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o novo continental gt da bentley mantém o dna do seu antecessor

musculados. Os enormes tubos de escape confirmam o carácter desporti- 1700 rotações por minuto, justificando as extraordinárias performan-
vo deste novo Continental GT. ces do modelo: aceleração dos zero aos 100 km/h em 4,6 segundos, ao
Face ao modelo anterior, o novo Continental GT está 65 Kg mais leve nível de um Porsche Carrera 4S, e 318 km/h de velocidade de ponta.
devido à maior utilização do alumínio no chassis, na carroçaria e na tampa Uma curiosidade é o facto do depósito tanto poder ser enchido com
do porta-bagagens. gasolina, com Bioetanol E85, ou com uma combinação de ambos. A
O motor 12 cilindros em W (dois motores V6 de origem VW acopla- caixa automática de seis velocidades está dotada do sistema Quickshift,
dos) viu a sua potência reforçada em 15 Cv, para uns impressionantes que permite a redução dupla de velocidades.
575 Cv. O binário subiu para 700 Nm, disponíveis logo a partir das O interior também foi renovado, embora mantendo o luxo, o conforto e

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Lazer automóveis

ficha técnica BENTLEY CONTINENTAL GT


Motor: W12, 12 cilindros em W
6 litros bi-turbo
Potência máxima 575 Cv a 6000 rpm
Binário máximo
a elegância tradicionais da marca. As novas tecnologias dão um toque de 700Nm a 1700 rpm
actualidade num ambiente onde os cromados e o couro de elevada qua- Caixa Automática ZF de 6 velocidades
lidade se combinam com inserções em madeira na consola central e no Velocidade máxima 318 km/h
‘tablier’. Todas as peças continuam a ser produzidas segundo os métodos Aceleração 0-100 Km/h em 4,6 segundos
artesanais de corte e montagem e são alvo de um tratamento especial que Consumo (misto) 16,5 litros /100 Km
as protege da descoloração.
Nos bancos dianteiros, a Bentley incorporou um sistema de massagem DIMENSÕES
e cintos de segurança de ajuste electrónico. Como opção, pode acrescen- Comprimento: 4806 mm
tar-lhe um sistema de ventilação. Largura: 1944 mm
Entre as comodidades presentes, destacam-se o fecho eléctrico do Altura: 1404 mm
porta-bagagens e o travão de estacionamento electrónico com ajuda ao Entre-eixos: 2746 mm
arranque em subida. Peso bruto: 2750 kg
O sistema de som, desenvolvido pela Naim, conta com onze altifalantes
e foi desenhado especificamente para o Continental GT, com o objecti- O novo Continental GT progrediu também ao nível do comportamento
vo de garantir a melhor qualidade acústica em todos os quatro lugares. dinâmico.
Na consola central existe um ecrã táctil de oito polegadas que controla A tracção total do Continental GT está agora mais equilibrada, com
os sistemas de som e de navegação (compatível com o Google Maps), o 60% do binário a ser colocado no eixo traseiro, contra 50% na versão an-
telefone, os ajustes da condução e o computador de bordo. Este sistema terior, o que reduz o risco de subviragem em curvas apertadas. O Bentley
pode integrar um disco rígido de 30 GB ou um reprodutor de DVD e de Continental GT vem equipado de série com jantes de 20 polegadas, que
televisão digital. em opção podem ser de 21.

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Opinião

Rodrigo Queiroz e Melo


Director-Executivo da Associação
de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo

ESCOLAS PRIVADAS E
SERVIÇO PÚBLICO DE ENSINO

A
actualidade nacional tem sido marcada por um debate das propinas: mil euros por ano no escalão mais favorável) e meca-
público intenso em torno do financiamento do Esta- nismos de financiamento para tornar o ensino gratuito em estabeleci-
do às escolas particulares com contrato de associação. mentos de ensino privado situados em zonas onde não havia escolas
Trata-se de um instrumento jurídico criado há cerca públicas (contratos de associação). Passámos então a ter em Portugal
de trinta anos – e que tem sido usado ao longo desse um mecanismo de “cheque escolar” de valor muito baixo e um me-
tempo – que prevê que o Estado possa financiar
a escolaridade obrigatória em estabelecimentos
de ensino privado, garantindo assim um serviço
público de educação em zonas onde não havia
Não é racional o Ministério querer
escolas públicas: as crianças e jovens que fre-
quentam estas escolas fazem-no em total gra-
tirar alunos de escolas privadas para os
tuitidade e nas mesmas condições de acesso à
escola estatal.
colocar em escolas estatais.
O Governo, a pretexto da crise, promoveu
cortes abusivos no apoio financeiro a estes es-
tabelecimentos de ensino, o que pode comprometer a sua viabilidade canismo de financiamento integral onde não houvesse escola estatal.
num futuro próximo. Alunos, pais e professores e inúmeras comuni- Desde então o país mudou. Muito. Por um lado, o Estado construiu
dades educativas por todo o país saíram à rua em defesa das suas es- escolas em todo o país. Por outro, os portugueses têm hoje mais poder
colas e da estabilidade dos percursos educativos das crianças e jovens. de compra que na altura. Consequentemente, os defensores de que é
Esta é uma situação que importa analisar no âmbito das relações entre ao Estado que compete ter escolas e que todos devem frequentar uma
o Estado e a sociedade civil no sistema educativo português. escola do Estado defendem que estes contratos já não são necessários.
Em primeiro lugar, a questão do papel do Estado na educação. Na Mas esquecem que também a ideologia e a sociedade mudaram.
nossa tradição centralista e estatizante, o Estado Central é o “Grande Do PREC aos dias de hoje passaram já 36 anos. Por isso, a discussão
Educador”, competindo-lhe gerir os docentes, os não docentes, os ho- que hoje importa ter não é sobre quem é o dono da escola, mas sim
rários, os ‘curricula’, chegando-se ao absurdo de determinar a forma como é possível termos escolas cada vez melhores, com um custo cada
como devem decorrer as reuniões que ocorrem nas escolas! Neste con- vez menor. Haverá quem discorde deste paradigma?
texto, o ensino particular foi sempre considerado uma opção reservada Não é racional o Ministério querer retirar alunos de escolas priva-
a quem pudesse pagar o seu custo. Em 1980, com o Estatuto do Ensi- das para os colocar em escolas estatais. O Estado deve pagar o custo do
no Particular e Cooperativo, foram criados mecanismos de apoio aos aluno à escola que tiver melhor relação custo/benefício! A melhoria
filhos de famílias carenciadas para frequência de estabelecimentos de substancial e sustentada dos resultados escolares dos alunos portugue-
ensino privado (os contratos simples, que cobrem uma pequena parte ses exige boas escolas. Que fechem as más, sejam estatais ou privadas.

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