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TRIBUNAL DE JUSTIÇA

PODER JUDICIÁRIO
São Paulo

Registro: Número de registro do acórdão digital Não informado

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº

990.10.470012-4, da Comarca de Presidente Venceslau, em que é apelante

ANTONIO JOSÉ DOS SANTOS (JUSTIÇA GRATUITA) sendo apelado VISA DO

BRASIL EMPREENDIMENTOS LTDA..

ACORDAM, em 21ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de

Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Decisão do Julgamento Não

informado", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmo. Desembargadores

SILVEIRA PAULILO (Presidente) e ITAMAR GAINO.

São Paulo, Data do Julgamento por Extenso Não informado.

ADEMIR BENEDITO
RELATOR
Assinatura Eletrônica
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PODER JUDICIÁRIO
São Paulo

VOTO Nº: 25671


APEL.Nº: 990.10.470012-4
COMARCA: PRESIDENTE VENCESLAU
APTE. : ANTONIO JOSÉ DOS SANTOS
APDA. : VISA DO BRASIL EMPREENDIMENTOS LTDA.

*Recurso Ação declaratória de inexistência de débito


Cartão de crédito furtado Gastos efetuados por terceiros
Pedido de inexigibilidade dos débitos não acolhido
Culpa exclusiva do consumidor configurada Autor que
mantém na carteira, objeto do furto, o cartão de crédito e
a respectiva senha - Responsabilidade objetiva pelo risco
da atividade afastada Recurso desprovido Sentença de
improcedência mantida.*

Trata-se de ação declaratória de inexistência de débito,


ajuizada pelo apelante em face da apelada.
A demanda foi julgada improcedente pela r. sentença de
fls. 149/152, sob o fundamento da responsabilidade do consumidor até a efetiva
comunicação do furto à administradora do cartão de crédito, condenando-se o
autor ao pagamento das custas, despesas processuais e honorários advocatícios,
fixados em R$ 400,00, observado o art. 12 da Lei nº 1.060/50.
Inconformado, apela o requerente (fls. 154/160). Aduz
responsabilidade objetiva do fornecedor. Alega injustiça da decisão, ao
transferir para o consumidor a responsabilidade pelos gastos feitos por
terceiros, verificados entre o furto do cartão de crédito e a comunicação à
administradora. Pediu provimento ao recurso, para o decreto de total
procedência da ação por ele proposta.
Recurso tempestivo, isento de preparo, com contrarrazões
a fls. 163/176.
É o relatório.
Consta da inicial que, no dia 12/10/2009, o autor teve seu
cartão de crédito furtado durante uma viagem à cidade de Aparecida e, tão

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logo tomou conhecimento do furto, lavrou o respectivo boletim de ocorrência e


manteve contato telefônico com a administradora do cartão, solicitando seu
bloqueio e cancelamento, bem como que fossem adotadas as providências
necessárias em casos desta natureza.
No entanto, ao receber a fatura do mês seguinte, verificou
o lançamento de despesas por ele desconhecidas, em razão da utilização do
cartão por terceiros, dentro do lapso temporal compreendido entre o momento
do furto e o da comunicação à administradora. Diligenciou no sentido de ver-se
desobrigado de pagar tais valores e, como não obteve êxito, procurou o Poder
Judiciário para resolver a questão.
Em que pese o inconformismo apresentado pelo apelante,
as argumentações expendidas nas razões de recurso conduzem à conclusão de
que a r. sentença deve ser mantida.
O próprio apelante concorda que as instituições
financeiras cada vez mais têm procurado se precaver, nas hipóteses de furto,
roubo e extravio de cartões de crédito e débito, introduzindo em seus produtos
novas tecnologias, no caso em análise, a instalação de chip no referido cartão.
Com efeito, observa-se que, pelo método anterior, bastava
a aposição da assinatura do cliente no comprovante do gasto levado a efeito,
fato que gerava inúmeras possibilidades de fraudes e falsificações.
Por meio deste novo mecanismo, só se permite a efetiva
aquisição de determinado produto ou serviço mediante a utilização da senha
correta, cadastrada junto ao chip inserto no cartão.
O recorrente, indignado, questiona como seria possível
que seu cartão de crédito fosse usado por terceiros, se este já era provido da
tecnologia de chip, e como aqueles, de má-fé, teriam conseguido obter,
inclusive, sua senha (fls. 157, terceiro parágrafo).
No entanto, a prova produzida nos autos, notadamente o
boletim de ocorrência relacionado aos fatos em questão, acostado a fls. 12, dá
conta de que sua insurgência não merece guarida.
Ora, o próprio apelante afirmou, na lavratura do boletim
de ocorrência, que as senhas dos cartões de crédito que possuía se encontravam
dentro de sua carteira, tendo sido esta furtada enquanto ele passeava na feira
livre da cidade de Aparecida. Desta forma, ambos, cartão de crédito e
respectiva senha, foram objeto do furto perpetrado. E tal fato afasta qualquer
responsabilização da administradora do cartão de crédito subtraído.
O artigo 14 do CDC trata da responsabilidade objetiva do
fornecedor de serviços. Funda-se esta na teoria do risco do empreendimento,
segundo a qual todo aquele que se dispõe a exercer alguma atividade no campo
do fornecimento de bens e serviços tem o dever de responder pelos fatos e vícios
resultantes do empreendimento, independentemente de culpa.
Outro não é o entendimento do Colendo Superior
Tribunal de Justiça, esposado no julgamento do REsp 550.912, Relator

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Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, DJ. 19.12.2003:


“... Trata-se de responsabilidade objetiva e solidária
introduzida pela teoria do risco e consagrada no atual Código de Defesa do
Consumidor, art. 14, de sorte que o fornecedor de serviços só se exime de
responsabilidade em provando a inexistência do defeito ou a culpa exclusiva do
consumidor ou de terceiro.”
Referido dispositivo, e entendimento supracitado, também
se aplicam com relação ao fornecimento de crédito.
No entanto, uma vez demonstrado que os gastos indevidos
no cartão do autor ocorreram por ter ele se descuidado da guarda e do sigilo da
senha de seu cartão de crédito, outra solução não há que o decreto de
improcedência da ação por ele proposta, por força do que dispõe o art. 14, § 3º,
inciso II, do Código de Defesa do Consumidor.
Nesse sentido, conforme esclarecem Arruda Alvim,
Thereza Alvim, Eduardo Pellegrini de Arruda Alvim e James J. Marins de
Souza:
“A justa distribuição do risco entre o consumidor e o
fornecedor é imperativo para que se obtenha um sistema protetivo não apenas
eficaz, mas harmônico, de modo a que não se desequilibre, desmesuradamente a
carga de responsabilidade. As eximentes de responsabilidade carregam a função
de proporcionar maior equilíbrio e equanimidade à divisão da responsabilidade
pelos acidentes de consumo, e, possibilitando a prova liberatória por parte do
fornecedor, se revestem as eximentes de responsabilidade da função de
mitigadoras do sistema de responsabilidade objetiva adotado pelo Código”
(Código do Consumidor Comentado, Editora Revista dos Tribunais, 2ª ed.
revista e ampliada, 1995, p. 121).
Assim, provada a responsabilidade do titular do cartão
nas despesas lançadas na fatura, legítima se mostra a cobrança, pela
administradora, do respectivo pagamento, o que gera a improcedência do feito
e, consequentemente, do apelo.
Diante do exposto, nega-se provimento ao recurso.

Ademir de Carvalho Benedito


Relator

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