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Alteridade

Alteridade (ou outridade) é a concepção que parte do pressuposto básico de que


todo o homem social interage e interdepende de outros indivíduos. Assim, como
muitos antropólogos e cientistas sociais afirmam, a existência do "eu-individual"
só é permitida mediante um contato com o outro (que em uma visão expandida
se torna o Outro - a própria sociedade diferente do indivíduo).
Dessa forma eu apenas existo a partir do outro, da visão do outro, o que me
permite também compreender o mundo a partir de um olhar diferenciado,
partindo tanto do diferente quanto de mim mesmo, sensibilizado que estou pela
experiência do contato.
A “noção de outro ressalta que a diferença constitui a vida social, à medida que
esta efetiva-se através das dinâmicas das relações sociais. Assim sendo, a
diferença é, simultaneamente, a base da vida social e fonte permanente de
tensão e conflito”.
“A experiência da alteridade (e a elaboração dessa experiência) leva-nos a
ver aquilo que nem teríamos conseguido imaginar, dada a nossa dificuldade
em fixar nossa atenção no que nos é habitual, familiar, cotidiano, e que
consideramos ‘evidente’. Aos poucos, notamos que o menor dos nossos
comportamentos (gestos, mímicas, posturas, reações afetivas) não tem
realmente nada de ‘natural’. Começamos, então, a nos surpreender com
aquilo que diz respeito a nós mesmos, a nos espiar. O conhecimento
(antropológico) da nossa cultura passa inevitavelmente pelo conhecimento
das outras culturas; e devemos especialmente reconhecer que somos uma
cultura possível entre tantas outras, mas não a única.”
Avançando cronologicamente na História, é possível ainda encontrar relatos de
relações de alteridade no texto "Descobrindo os brancos", de autoria de um índio
ianomâmi chamado Davi Kopenawa Yanomaqui, já no século XX. Nele, as
relações de alteridade mais uma vez são descritas, desta vez devido à invasão
de suas terras, no estado brasileiro do Amazonas, por milhares de garimpeiros
entre os anos de 1987 e 1990.
Assim, a análise crítica dessas obras pode levar à indagação de que, por vezes,
os estudos históricos possam ser em parte o reflexo do modo de agir e pensar
dos europeus na época da conquista, que tomaram a sua sociedade, os seus
valores como o "correto" e o "modelo" a ser seguido pelos "outros".
Há outras idéias que podem ser relacionadas ao conceito de alteridade. quando
ligado à literatura, por exemplo. O "eu" que fala na obra não é mais o eu que
escreve.
A palavra alteridade possui o significado de se colocar no lugar do outro na
relação interpessoal, com consideração, valorização, identificação e dialogar
com o outro.
A pratica da alteridade se conecta aos relacionamentos tanto entre indivíduos
como entre grupos culturais religiosos, científicos, étnicos, etc.
Na relação alteritária, está sempre presente os fenômenos holísticos da
complementaridade e da interdependência, no modo de pensar, de sentir e de
agir, onde o nicho ecológico, as experiências particulares são preservadas e
consideradas, sem que haja a preocupação com a sobreposição, assimilação ou
destruição destas.

“Ou aprendemos a viver como irmãos, ou vamos morrer juntos como


idiotas”(Martin Luther King).

A prática da alteridade conduz da diferença à soma nas relações interpessoais


entre os seres humanos revestidos de cidadania.
Pela relação alteritária é possível exercer a cidadania e estabelecer uma relação
pacífica e construtiva com os diferentes, na medida em que se identifique,
entenda e aprenda a aprender com o contrário.
Ter consciência da existência e das necessidades do outro, ser capaz de
apreender o outro na plenitude de sua dignidade, dos
seus direitos,sobretudo, da sua diferença...
Aquilo que fica restrito ao âmbito da indulgência, da política e da religião
segundo os dicionaristas, pode se expressar amplificadamente ao universo
cultural e social através de um vocábulo relativamente recente: “alteridade".
“Tentar compreender a alteridade, isto é, a relação com os/as outros/as, é um
tema candente no cenário internacional contemporâneo. A xenofobia e o
racismo, as guerras étnicas, o preconceito e os estigmas, a segregação e a
discriminação baseadas na raça, na etnia, no gênero, na idade ou na classe
social são todos fenômenos amplamente disseminados no mundo, e que
implicam em altos graus de violência. Todos eles são manifestações de não
reconhecimento dos/das outros/as como seres humanos cabais, com os
mesmos direitos que os nossos.”
Alteridade seria, portanto, a capacidade de conviver com o diferente, de se
proporcionar um olhar interior a partir das diferenças. Significa que eu reconheço
“o outro” também como sujeito de iguais direitos, É exatamente essa
constatação das diferenças que gera a alteridade.
Os indivíduos têm sido continuamente condicionados a manter-se extremamente
fixados na valorização das suas diferenças individuais: força, inteligência, raça,
gênero, poder etc.
No sentido inverso à alteridade, a intolerância busca uma “solução”, de
preferência imediata, para um problema e não um tratamento permanente, um
caminho a ser seguido, principalmente com vistas a evitar sua repetição no
futuro.
A intolerância, geralmente pela incapacidade de perceber o universo de inter-
relações sociais e culturais determinantes de uma dada situação, exige um
culpado para satisfazer um erro.
“0 espírito de intolerância deve estar apoiado em razões muito más, já que por
toda parte busca os menores pretextos.”
O “não” é um vocábulo absoluto, sempre objetivo e peremptório, que exclui
maiores interpretações. Ao contrário, o “sim” é uma abertura para o manejo de
uma idéia. para a prática de uma relação.
“Como a simplicidade é a virtude dos sábios e a sabedoria, dos santos, assim a
tolerância é sabedoria e virtude para aqueles que – todos nós – não são uma
coisa nem outra.”

A Alteridade e Cidadania

A prática da alteridade conduz da diferença à soma nas relações interpessoais


entre os seres humanos revestidos de cidadania. Pela relação alteritária é
possível exercer a cidadania e estabelecer uma relação pacífica e construtiva
com os diferentes, na medida em que se identifique, entenda e aprenda a
aprender com o contrário.

“Olhe para os dedos de sua mão. Eles são diferentes. Ainda bem. Exatamente
por serem diferentes eles são harmoniosos quando vistos em conjunto. Já
imaginou se eles fossem todos iguais?
Certamente teríamos dificuldade de fazer o que fazemos de maneira tão natural.
A humanidade, pode-se dizer, é semelhante a uma mão. Somos diferentes
numa família. Somos diferentes numa região. Somos diferentes numa nação. A
diferença é inerente, portanto, à natureza humana. Que bom que assim
seja.”(Carlos Pereira).
Não há princípios de alteridade naqueles que não aceitam a dissidência de
antigos companheiro, que não aceitam a oposição deliberada, a opinião, o ponto
de vista diferente e adota-se uma postura de discriminação, trata o diferente com
a indiferença não adota a tolerância como princípio básico de mediação das
relações interpessoais. Não é um cidadão alteritário quem não consegue amar a
natureza, os seres vivos e aos outros, que repudia o seu irmão simplesmente
por ele possuir uma visão diferente de enxergar o mundo, de ver a mesma
realidade.

Devido ao ego hipertrofiado do ente humano, por estes tempos há ausência de


compreensão, ausência de cidadania, ausência da prática alteritária na família,
na escola e na sociedade. Temos que viver e ensinar aos educandos a ampliar o
relacionamento pela prática do alteritarismo e não pelo autoritarismo.
Eis que é chegada a hora de nos mobilizarmos para o exercício da cidadania
auteritária, dar-nos as mãos a todos, aos diferentes e aos iguais. “Compreender
que apenas a diferença é que verdadeiramente soma”. “Você pode pensar que
eu sou um sonhador. Mas eu não sou o único”.
Na família, na escola e na sociedade devemos ensinar ao educando, através do
exemplo, o principio da alteridade, como o vetor norteador das relações
interpessoais, para que possa eliminar de sua psique os agregados psicológicos
inumanos da xenofobia, da aversão a pessoas e coisas estrangeiras, do
racismo, para evitar o ódio e as guerras étnicas, dos preconceitos de idades e
de classes sociais, dos estigmas, da discriminação,etc. E para ensinar
precisamos ser a alteridade em si, fazermos como fez o nosso mestre, que
vivenciou a alteridade e nos ensinou assim: “Fazei aos outros aquilo que queiras
os outros façam a ti”.

Se pautarmos em nossas vidas pelas relações de alteridade, jamais iremos


fabricar armas, material bélico e tudo aquilo que ceifa a vida de qualquer coisa
do cosmo, que holisticamente coexistem interdependentemente conosco. Pois
na relação de alteridade sentimos como se fossemos o outro, sentimos bem com
o bem estar do outro e sofremos com a angústia do outro. Devemos saber
colocar no lugar do outro, em qualquer situação, para compreende-lo
integralmente. Se possuirmos nenhuma sensibilidade pelo outro, pelas coisas da
natureza, é porque não somos revestidos de alteridade, não sabemos conviver
com a pluralidade.

Alteridade seria, portanto, a capacidade de conviver com o diferente, de se


proporcionar um olhar interior a partir das diferenças. Significa que eu reconheço
o outro em mim mesmo, também como sujeito aos mesmos direitos que eu, de
iguais direitos para todos, o que também gera deveres e responsabilidades,
ingredientes da cidadania plena. Desta constatação das diferenças é que gera a
alteridade, alavanca da solidariedade, da responsabilidade, eixo da cidadania.

Os educandos da escola convencional antropocêntrica têm sido mecânica e


continuamente condicionados a manterem-se extremamente fixados na
valorização das suas diferenças individuais direcionadas para o robustecimento
do individualismo. Daí a necessidade de educá-los para paz em valores de
alteridade e cidadania. A alteridade gera a tolerância e busca uma solução, de
preferência de imediato, para um problema que atormenta nossos semelhantes
e busca um caminho a ser seguido, principalmente com vistas a evitar sua
repetição no futuro. A verdadeira cidadania na família, na escola e na sociedade
consiste aceitar as diferenças dos outros e engendrar esforços para ajudar na
superação de suas dificuldades. Os agregados psicológicos da intolerância
levam o anticidadão a incapacidade de perceber o outro e o universo de inter-
relações sociais e culturais determinantes de uma dada situação que exige um
culpado para satisfazer um erro.

0 estado de intolerância é apoiado em na ignorância de anticidadãos que


buscam os menores pretextos para justificação de seus atos de maldade. A
simplicidade dos sábios, a sabedoria dos silenciosos, a tolerância dos
pacificadores, a alteridade e a solidariedade dos cidadãos, etc., são reais
valores da Cultura da Paz e Não-violência.

O movimento da cidadania deverá crescer muito no Séc. XXI, através das


pessoas que valorizam o diálogo, a alteridade, e acreditam que o respeito na
diversidade e a perfeita correlação entre os direitos e os deveres se constituem
nas bases da verdadeira Cultura da Paz e Não-Violência. Através da alteridade
e dos demais valores de cidadania, os construtores da paz buscam educar os
educandos para aceitarem e aprenderem com os que são e pensam diferentes;
construir a fraternidade, a solidariedade e cidadania sempre, em qualquer lugar,
apesar das divergências e das adversidades, respeitando-as sempre e
procurando aprender com as diferentes opiniões; pois assim como a
biodiversidade se constitui na maior riqueza ambiental, a diversidade de opiniões
e enfoques se constitui na mais rica oportunidade de crescimento pessoal.

Alteridade é uma palavra que vem ganhando uso acentuado nos meios sociais
do século XXI, entretanto a palavra em si não serve para nada, se não for
acompanha da praticada em si mesma. De nada adianta falar em alteridade, se
tivermos em nosso interior o estado de alteridade. Esse vocábulo alteridade é
relativamente novo, tanto é que nem os dicionários o registra, mas a ação que
ele descreve nasceu com a humanidade e atualmente seu significado denomina
uma nova mentalidade holística, que deverá vigorar na civilização deste século,
certamente, irá transformar a Terra num mundo de regeneração porque se
refere à aceitação das diferenças; também significa a não-indiferença, o
aprender com os diferentes, o amar ou ser responsável pelo outro, aceitando e
respeitando as suas diferenças.

Alteridade é uma palavra que designa em sua profundidade o holismo presente


nas leis de convívio entre os seres humanos revestidos de cidadania e na
relação destes com todos os seres da natureza. A pessoa alteritária é mais
fraterna em todos os sentidos, deixa de criticar, julgar, agredir, infligir leis e
normas e passa a ser responsável pelos deveres e obrigações. Quem é altério
trilha o caminho da não-agressão, do não-julgamento, luta pela paz de seus
semelhantes, por estar em paz consigo mesmo, com a humanidade, com a vida.
Ao desenvolvermos a alteridade, nasce o respeito pela maneira de ser dos
outros, levando-se em conta que todos somos seres em diferentes, com graus
de compreensão diferente.

Já adentramos no Terceiro Milênio carregando conosco os velhos dilemas da


humanidade. Chamamos de modernidade ao processo de complicação da
humanidade, estamos convencidos de sermos muito superiores às gerações
passadas, o que é um equívoco. Construímos o império da razão, mas
destruímos os valores do coração. A racionalidade e o progresso científico-
tecnológico invade os diversos âmbitos de nossa existência, mas a
irracionalidade está presente na forma de inconsciência. Para que algo seja
verdadeiro deve ser abençoado com o título de que está cientificamente
demonstrado.
Nas nossas sociedades contemporâneas, onde impera a inalteridade, a
racionalidade, sob as formas de ciência e tecnologia, no paradigma
antropocêntrico, passou a ser instrumento de violência estrutural, no modelo
social hegemônico neoliberal, onde se expressa como meio mais eficiente de
dominação social, de controle ideológico, de exploração, de exclusão das
maiorias economicamente desfavorecidas.

O sistema antropocêntrico, por intermédio da violência estrutural, vai produz


vítimas de modo massivo. As vítimas da racionalidade do sistema vão ficando
num beco-sem-saída. O sofrimento das maiorias excluídas ecoa pelas ruas das
favelas, dos vilarejos. Mas a alteridade faz-nos adotarmos a perspectiva do olhar
das vítimas, para através da cidadania profunda engendrarmos ações que nos
levam a lutar para mudanças neste estado de coisa.

Os mecanismos do sistema neocapitalista antropocêntrico engendra o


sofrimento as grandes maiorias de excluídos. Para este sistema anticidadão
inalteritário, o outro (alter) é totalmente destituído de vida, é coisificado, reduzido
a um número, a uma estatística, a um elemento do consumo. Então, para este
sistema perverso, o outro não tem configuração humana, uma vez que ele é
objetivado para fins de lucratividade, produtividade, uso, etc.

O sofrimento indescritível das vítimas da violência estrutural do poderio


econômico; elas possuem uma alteridade irredutível que desmascara a
hipocrisia neoliberalismo econômico. A alteridade das vítimas, diante das
evidências, não pode ser negada nem reduzida ao silêncio através da
propaganda enganosa do sistema capitalista antropocêntrico.

A da tão propalada pseudoneutralidade científico-tecnológica fica evidente ante


a dor humana das vítimas denunciam esta legitimações ideológicas dos modelos
sociais que proclamam a necessidade do crescimento material a custa do
sofrimento humano, da existência massiva de excluídos, das vítimas da violência
estrutural.

A cidadania, a ética e alteridade se constituem no tripé do paradigma holístico,


no modelo, no referencial para qualquer modo de convivência humana. Elas
devem ser construídas na família, na escola e na sociedade, para nortearem
todo o protagonismo juvenil na construção dos futuros projetos político-
econômicos e todas as dinâmicas sociais e institucionais. Elas devem constituir
na base de detecção e de ação para erradicação do sofrimento das vítimas. Um
cidadão alteritário possui um compromisso inadiável para com as vitimas da
violência estrutural, no que se diz respeito ao seu grito por dignidade humana.

A cidadania, a ética e a alteridade se constituem na base de sustentação do


homem íntegro, cuja preocupação com o seu semelhante se constitui no
autêntico imperativo ético, no dever ser absoluto, que emerge do clamor
irredutível das vítimas indefesas da violência estrutural para serem reconhecidas
na sua dignidade humana.

“Nunca deixo de pensar naqueles que sofrem, e junto com eles caminho
solidário”
(Oscar Neimayer).

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