Sie sind auf Seite 1von 10




    
       !"#$"
%'&)(*&)+,.- /10.2*&4365879&4/1:.+58;.2*<>=?5.@A2*3B;.- C)D 5.,.5FE)5.G.+&4- (IHJ&?,.+/?<>=)5.KA:.+5MLN&OHJ5F&4E)2*EOHJ&)(IHJ/)G.- D - ;./);.&
Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007

MAPEAMENTO DO FLUXO DE VALOR


NA COTONICULTURA - ESTUDO DE
CASO

Sergio Luiz Ribas Pessa (UTFPR)


slpessa@utfpr.edu.br
Jose Donizetti de Lima (UTFPR)
donizetti@utfpr.edu.br
Roberto Nunes da Costa (UTFPR)
rnunes@utfpr.edu.br

Resumo: O objetivo deste artigo é propor melhorias em uma unidade


produtora de algodão a partir da utilização da ferramenta da
Produção Enxuta, Mapeamento de Fluxo de Valor. Através da
transformação do caroço do algodão em óleo bruto e tortta (ração
animal), vislumbra-se um novo destino para o mesmo, o que concorre
para aumentar o valor agregado do algodão. Resultados encontrados
apontam para um lucro na ordem de 32,57% (revender o caroço para
uma pequena indústria) e 45,58% (revender o caroço para uma grande
indústria - modalidade de consórcio) sobre o custo operacional total
(COT). Salienta-se que o lucro representava 24,67% sobre o COT,
quando da comercialização do grão sem o beneficiamento e
apresentava um cenário desfavorável, quando o algodão era
comercializando in natura (sem a separação da pluma do caroço).

Palavras-chaves: Produção Enxuta, Mapa do Fluxo de Valor,


Cotonicultura.
P PQ RSRUT8VW XYVAZ\[XVA]W RSXYVA]^F_Y`6`.aYbY`8aYcY% dYe %f_Y`6gUdhY_Yijk% h
l'mMn?mIo p?q rsut9mv wJx*myrz9o w9{?t9|~}~w??t?v€{9q ~‚ w?p9wƒ~w9„?o myq nO…mMp9o r~|u}~w9†>z?o wO‡ˆm…NwmyƒIt?ƒN…mMnJ…rM„?q ‚ q {?r~{9m
Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007

1. Introdução
O desempenho de qualquer empreendimento, depende de como é planejada e executada a
atividade que se pretende explorar, usando os recursos naturais, materiais e humanos para
alcançar os objetivos a que se propõe, considerando a inserção no contexto sócio-econômico e
político. Em razão da nova ordem econômica, os negócios agropecuários revestem-se da
mesma complexidade e dinâmica dos demais setores da economia (indústria, comércio e
serviços), exigindo do produtor rural uma nova visão na administração dos seus negócios.
Assim, é notória a necessidade de abandonar a posição tradicional de sitiante / fazendeiro para
assumir o papel de empresário rural (YAMAGUCHI & CARNEIRO, 1997), independente do
tamanho de sua propriedade e do seu sistema de produção.
A análise econômica é o processo pelo qual o produtor passa a conhecer os resultados
financeiros obtidos, de cada atividade da empresa rural, servindo como suporte de decisões
em seu sistema de produção (LOPES & CARVALHO, 2002).
O agronegócio é o segmento econômico de maior valor em termos mundiais, e sua
importância relativa varia para cada país. Em âmbito mundial, o agronegócio participou, em
1999, com US$ 6,6 trilhões, significando 22% do Produto Interno Bruto (PIB). As projeções
para o ano de 2028 apontam para o valor de US$ 10,2 trilhões, com crescimento anual de
1,46% ao ano. No Brasil, o Produto Interno Bruto (PIB), em 2006, foi de R$ 2.001,54 bilhões,
enquanto que o setor do agronegócio ficou em R$ 534,77 bilhões (26,7% do PIB). Em
relação ao crescimento dos setores da economia brasileira no período 1990-2007, podemos
destacar: Agropecuária: 2,97% ao ano, Indústria: 1,80% ao ano e Serviços: 1,77% ao ano.
Outros indicadores relevantes para o agronegócio no Brasil referem-se à geração de
empregos, ao custo para cada emprego gerado e à absorção dos gastos familiares. O
agronegócio emprega 52% da População Economicamente Ativa (PEA), cerca de 36 milhões
de pessoas (BACEN, 2006; CNA, 2006). O Brasil é atualmente o 5o maior produtor mundial
de grãos, com uma produção estimada em 131,1 milhões de toneladas para a safra 2006/07
(IBGE, 2007).
2. Método de Pesquisa
A abordagem foi realizada seguindo etapas definidas, 1- análise de resultados obtidos pela
cotonicultura nos últimos anos a nível mundial, nacional e regional, através de pesquisas das
publicações e dados disponíveis nos órgãos de desenvolvimento, fomento e informação do
agronegócio; 2 - avaliação da dinâmica das projeções das safras futuras, sob a ótica de
produção, produtividade e demanda, através de pesquisas das publicações e dados disponíveis
nos órgãos de comercialização, fomento e informação do agronegócio; 3 - compilação
descritiva da cotonicultura; 4 - levantamento dos dados de processo em pequenas unidades
através de pesquisa em bancos de dados da EMBRAPA; 5 – Levantamento de dados de
processo de uma grande unidade produtora, através de levantamento junto ao banco de dados
da unidade produtora da Fazenda Nova, situada em Primavera do Leste/MT; 6 - elaboração
dos Mapas de Fluxo de Valor para pequeno produtor, grande produtor e alternativo ao grande
produtor; 7 - abordagem crítica dos cenários propostos.
3. Cotonicultura (EMBRAPA, 2003)
A cultura do algodão herbáceo (Gossypium hirsutum L. raça latifolium Hutch.), realizada em
condições de sequeiro, apresenta-se como uma opção econômica importante para o estado do

2
P PQ RSRUT8VW XYVAZ\[XVA]W RSXYVA]^F_Y`6`.aYbY`8aYcY% dYe %f_Y`6gUdhY_Yijk% h
l'mMn?mIo p?q rsut9mv wJx*myrz9o w9{?t9|~}~w??t?v€{9q ~‚ w?p9wƒ~w9„?o myq nO…mMp9o r~|u}~w9†>z?o wO‡ˆm…NwmyƒIt?ƒN…mMnJ…rM„?q ‚ q {?r~{9m
Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007

Mato Grosso. A planta de origem tropical, também é explorada comercialmente em países


subtropicais. O cultivo é realizado em terras com declive abaixo de 12%, pois expõe o solo
aos agentes erosivos. A cultura é exigente em nutrientes minerais, de raiz pivotante requer
solos profundos com fertilidade de média para alta. A calagem do solo é realizada de 30 a 60
dias antes do plantio, já que a reação do calcário é lenta e se manifesta após a sua
solubilização no solo. Este fato, justifica uma prática comum em grandes unidades produtivas
de só realizar a correção do solo a cada três anos, para obter uma maior disponibilização do
solo. A adubação é realizada com base nos resultados da análise do solo, visando otimizar a
produtividade e custeio.
O raleamento ou desbaste, prática comum entre os pequenos produtores, é realizado entre 20 a
30 dias após a emergência do algodoeiro (quando atingem 15 a 20 cm de altura), consiste na
eliminação do excesso de plantas nas fileiras do algodoeiro, com o fim de se obter a
população desejada evitando o excesso de plantas que resulta em falta de vigor e baixa
produtividade. Procedimentos elementares melhoram os índices de produtividade, tais como,
realizar rotação de culturas em ciclos de 3 a 5 anos; queima de restos culturais em áreas
comprometidas; utilização de sementes aclimatadas e de germinação certificada. O plantio
regional geralmente se concentra em um período de 30 dias, como medida preventiva no
controle do bicudo (anthonomus grandis, Boheman), assim como suprimir a rebrota após a
colheita, deixando o campo sem algodão por pelo menos 90 dias como forma complementar
de controle das populações de pragas e doenças.
O beneficiamento foi a mola propulsora de expansão da cultura do algodão no mundo
(PASSOS, 1977). A operação primária é realizada para separar as fibras das sementes do
algodão em caroço e eliminar as impurezas trazidas do campo. Pode ser realizada por
máquinas de serra ou máquinas de rolo. O processo de beneficiamento e enfardamento é a
fase que antecede a sua industrialização. Os diferentes tratamentos de pré-limpeza da fibra
influem na classificação comercial e industrial do produto têxtil. É recomendável que o
algodão em caroço, oriundo da colheita manual ou mecânica, chegue à usina de
beneficiamento, com baixo nível de impurezas e isento de contaminação de pragas e doenças,
com grau satisfatório de maturidade.
Vários são os modos de se fazer o beneficiamento do algodão, os quais dependem do
desenvolvimento e tecnificação da cultura. As principais são: (1) o produtor que dispuser de
uma usina, pode beneficiar sua produção; (2) o produtor que não beneficia a sua produção
paga uma tarifa a empresas comerciais ou cooperativas pela operação de descaroçamento,
ficando ao produtor apenas a semente e a fibra e (3) o produtor vende sua produção de
algodão em caroço diretamente ou através de intermediários a uma usina, que passa a ser
proprietária da semente e da fibra.
Além da fibra, o algodoeiro produz diversos subprodutos de importância econômica,
destacando-se o línter (fibras curtas que permanecem com o caroço após o beneficiamento),
que corresponde a até 10% da semente de algodão, o óleo bruto em média 15% da semente, a
torta (substrato de natureza protéica, oriundo do esmagamento/prensagem das sementes) até
50% da semente e os resíduos/casca que resultam em 4,9% do total. Os percentuais variam
com o tipo de indústria e com o tipo de extração do óleo que pode ser mecânica ou
mecânica/química.
A cotonicultura está concentrada basicamente em sete países, por ordem de importância:
China, Estados Unidos, Índia, Paquistão, Usbequistão, Brasil e Turquia. Os quatro países
maiores produtores também são os principais consumidores. A cultura do algodão registrou

3
P PQ RSRUT8VW XYVAZ\[XVA]W RSXYVA]^F_Y`6`.aYbY`8aYcY% dYe %f_Y`6gUdhY_Yijk% h
l'mMn?mIo p?q rsut9mv wJx*myrz9o w9{?t9|~}~w??t?v€{9q ~‚ w?p9wƒ~w9„?o myq nO…mMp9o r~|u}~w9†>z?o wO‡ˆm…NwmyƒIt?ƒN…mMnJ…rM„?q ‚ q {?r~{9m
Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007

acentuado crescimento na produtividade média mundial, nos últimos 30 anos, passando de


377 kg de algodão em pluma por hectare, em 1970/71, para 601 kg/ha, em 2000/01, segundo
o United States Department of Agriculture (USDA), ou seja, um crescimento de 59,42% para
o período analisado. Na safra de 2000/01, as produtividades médias obtidas nos maiores
produtores foram de 1.089 kg/ha na China, 708 kg/ha nos Estados Unidos, 304 kg/ha na Índia,
576 kg/ha no Paquistão, 662 kg/ha no Usbequistão e 1.137 kg/ha na Turquia. No Brasil, é de
918 kg/ha, superior, portanto, à média mundial. Destacam-se, também, a Austrália, com 1.481
kg/ha, e Israel, que apesar de não integrar o rol dos principais fornecedores obteve a maior
produtividade do mundo (1.633 kg/ha).
No Brasil, a cotonicultura extensiva é uma atividade de elevado nível tecnológico, contando
com melhoramento genético, desde 1924, com reflexos positivos na produtividade
(BARBOSA et al, 2001). Segundo esses mesmos autores, os grandes produtores do cerrado
da região Centro-Oeste iniciaram a busca por alternativas à cultura de soja que já apresentava
baixa rentabilidade pelo uso contínuo do solo. Assim, foram iniciados os trabalhos com
algodão, mediante convênio entre a Empresa Brasileira da Pesquisa Agropecuária
(EMBRAPA) e o Grupo Itamarati Norte. Os esforços subseqüentes, apoiados pela Fundação
Mato Grosso, permitiram que a região, passasse a responder pela maior parcela da produção
nacional de algodão, com níveis de produtividade superiores aos dos grandes produtores
mundiais. A atual produção algodoeira desenvolve-se, principalmente, em duas regiões –
Meridional (São Paulo e Paraná) e Centro-Oeste (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás)
por força de fatores ambientais, econômicos e sociais.
BARBOSA et al, 2001, analisam o desempenho da produtividade da cultura de algodão nos
principais estados produtores do Brasil: São Paulo, Paraná, Goiás, Mato Grosso e Mato
Grosso do Sul. Os resultados indicaram, para o período (1996-2000), a existência de
diferenças significativas na produtividade média entre os estados. O estado de Mato Grosso
ficou na primeira posição, seguido de Mato Grosso do Sul e Goiás, ficando Paraná e São
Paulo nas posições inferiores da ordenação dos rendimentos, característica de sistemas de
produção que mantêm a tradição de exploração em áreas relativamente pequenas, nem sempre
aproveitando toda a tecnologia disponível. Particularmente no Mato Grosso, a cotonicultura é
alicerçada no intensivo uso de tecnologia e de mecanização, explorada em grandes áreas.
Neste artigo, utilizamos como valor de referência para o preço da pluma de algodão, o
indicador CEPEA/ESALQ, de 11 de abril de 2007 - para pagamento em 8 dias - cotava o
preço do algodão em R$ 1,3332 /lp (equivalente a R$ 44,15 /@) - algodão tipo 41.4. O preço
médio da Pluma de algodão nacional, no mês de março de 2007, esteve 9,98% acima da
cotação internacional, em virtude dos padrões de qualidade do algodão interno em relação ao
importado (CEPEA/ESALQ, 2007). Uma das justificativas para o aumento do preço do
algodão nos últimos dias do mês de março de 2007, se deve à divulgação de várias estimativas
de redução de até 15% na área plantada de algodão nos Estados Unidos, devido à substituição
pelo cultivo de milho para a produção de etanol. Segundo dados da Companhia Nacional de
Abastecimento (CONAB), divulgados em 05 de abril de 2007, a projeção da safra de algodão
(com caroço) está estimada em 2,2 milhões de toneladas, ante 1,7 milhão de toneladas em
2005/06, ou seja, um aumento de 29,41% na produção. Por outro lado, a área cultivada teve
uma expansão de 24,43%, passando de 884 mil hectares na safra anterior para 1,1 milhão de
hectares na safra atual. A partir desses dados se faz necessário verificar o que aconteceu com
os índices de produtividade: uma simples inspeção nos mostra que a produtividade passou de
1,92 ton/ha (ou 128 @/ha) para 2 ton/ha (ou 133,33 @/ha), ou seja, um incremento na
produtividade na ordem de 4,17% (AGROLINK, 2007; REVISTA FATOR, 2007).

4
P PQ RSRUT8VW XYVAZ\[XVA]W RSXYVA]^F_Y`6`.aYbY`8aYcY% dYe %f_Y`6gUdhY_Yijk% h
l'mMn?mIo p?q rsut9mv wJx*myrz9o w9{?t9|~}~w??t?v€{9q ~‚ w?p9wƒ~w9„?o myq nO…mMp9o r~|u}~w9†>z?o wO‡ˆm…NwmyƒIt?ƒN…mMnJ…rM„?q ‚ q {?r~{9m
Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007

Conforme o último relatório de previsão de safras do Departamento de Agricultura dos


Estados Unidos (USDA), divulgado em 8 de março deste ano, a produção mundial de algodão
deverá ser de 25,4 milhões de toneladas para a safra 2007/08. O consumo mundial ficará em
27,2 milhões de toneladas, gerando déficit de demanda que influenciará os preços. Com isso,
deverá ocorrer, nos níveis de estoques finais, declínio de 11,5 milhões de toneladas na safra
2006/07 para 10,7 milhões na safra 2007/08 (USDA, 2007). As exportações mundiais de
algodão segundo o USDA deverão crescer entre 2005/2006 e 2015/2016 a 1,68% ao ano. Os
Estados Unidos continuarão sendo os principais exportadores, sendo responsáveis por 36,8%
das exportações mundiais. As importações mundiais devem crescer a 2,1% ao ano. A China
aumentará suas importações a uma taxa anual de 7,0%. As exportações de algodão do Brasil
crescerão nos próximos dez anos a 3,0% ao ano. A partir da análise desses resultados e
perspectivas, aliados a projeção de redução de área de plantio da safra americana e em face da
também projeção da redução dos estoques mundiais, podemos vislumbrar a tendência de
aumento de área, produção e produtividade para as safras vindouras. E, a partir destas
perspectivas é que propomos este artigo.
4. Sistema de Produção Enxuta e Mapeamento do Fluxo de Valor
4.1. Produção Enxuta
No meio industrial, tem sido feitos grandes investimentos para se promover processos de
melhoria contínua e redução sistemática de desperdícios, com a finalidade de se manter
elevados índices de competitividade e qualidade dos produtos. A técnica de Produção Enxuta
(Lean Production) prioriza a valorização de todo o trabalho que agrega valor, a eliminação
total do desperdício e dos trabalhos adicionais desnecessários. A Produção Enxuta pode ser
definida como uma estratégia operacional orientada na direção de se obter o menor tempo de
ciclo possível com o menor índice de desperdícios (ROCKFORD, 1999). Fundamentalmente,
os pontos principais a serem alcançados são a qualidade e a flexibilidade do processo. Para
minimizar os desperdícios de produção, seus efeitos e prosseguir com a busca contínua de
melhoria do processo, a Produção Enxuta lança mão de técnicas e ferramentas, como o
Mapeamento do Fluxo de Valor, dentre outras (NAZARENO, et al, 2007).

4.2. Mapeamento de Fluxo de Valor


Fluxo de Valor, pode ser definido como o conjunto de todas as atividades e processos que são
realizados desde a entrada de matéria prima até a expedição do produto final. Esta ferramenta,
introduzida por Mike Rother e John Shook (ROTHER & SHOOK, 1999), é um método de
modelagem de empresas relativamente simples (utiliza papel e lápis) como um procedimento
para a construção de cenários de manufatura (NAZARENO, et al, 2002). Existem dois fluxos
importantes que devem ser mapeados, o fluxo de materiais e o fluxo de informações, o que
facilita o modelamento e a visualização do processo como um todo. Inicialmente é feito um
modelo da situação atual, como apoio para um mapa posterior ilustrando uma provável
situação futura, com as alterações que se fizerem necessárias.
Este trabalho pretende trazer também a dimensão custo ao processo de análise e de tomada de
decisão em aplicações da Produção Enxuta. Nesse sentido, segundo Kaplan & Cooper (1998)
apud Nazareno, et al (2002), é preciso uma análise racional que justifique também as
vantagens e desvantagens econômicas derivadas do fato de se destinarem certos recursos para
a melhoria de determinado processo de uma organização. No diagrama de fluxo, cada etapa
ou processo é indicado por símbolos padronizados (caixas de processo, caixas de dados,

5
P PQ RSRUT8VW XYVAZ\[XVA]W RSXYVA]^F_Y`6`.aYbY`8aYcY% dYe %f_Y`6gUdhY_Yijk% h
l'mMn?mIo p?q rsut9mv wJx*myrz9o w9{?t9|~}~w??t?v€{9q ~‚ w?p9wƒ~w9„?o myq nO…mMp9o r~|u}~w9†>z?o wO‡ˆm…NwmyƒIt?ƒN…mMnJ…rM„?q ‚ q {?r~{9m
Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007

flechas indicadoras de fluxo de processo ou informação, pontos de inspeção, pontos de


estocagem e alimentação, etc.) que oferece uma visão clara em um único diagrama do que
está sendo executado em cada etapa e a sua quantificação.
5. Descrição da Unidade Produtiva em análise
A unidade produtiva escolhida para servir de base ao artigo foi a Fazenda Nova, localizada
em Primavera do Leste - MT, há 17 anos gerida pelos proprietários, os empresários João Luiz
Ribas Pessa, Wilson José Vian e Carlos Vian. A propriedade tem área total de 22.786
hectares, sendo a área plantada de 11.611 hectares de soja; 910 hectares de forrageiras e
8.266 hectares de algodão; Safrinha milho 1.999 hectares. Abriga a Algodoeira, armazéns,
silos, misturadora de adubos, barracões de máquinas, estrutura para oficina, almoxarifado,
refeitório, escritório com balança, alojamentos e casas. A industrialização do algodão inicia na
fazenda, com a separação da pluma do caroço do algodão, que dentre as culturas apresenta
maior retorno por hectare plantado. A colheita é realizada mecanicamente. A unidade conta
com uma infra-estrutura com 2 aviões agrícolas, 1 avião de passageiros, 13 colheitadeiras de
algodão, 7 colheitadeiras de brachiaria, 52 colheitadeiras de soja (terceirizada), 109
plantadeiras, 186 tratores, 136 veículos (caminhões, motos etc.). Os custos com operações de
máquinas e transporte interno estão embutidos nos custos de produção. Desta forma, é
importante enfatizar que a escolha do algodão se fez por esta ser a atividade que representa o
maior valor comercial para a unidade produtiva em análise (indicativo da produção enxuta:
criação do Mapa do Fluxo de Valor para a atividade mais expressiva da empresa) e ser esta
uma atividade que está vinculada a cenários que apontam para incrementos na produção.
Além do que, segundo a metodologia (MFV), os problemas inerentes a um grupo de produtos,
tendem a serem os mesmos na maioria dos produtos da empresa (MARODIN & ZAWISLAK,
2005).
A seguir serão descritos os cenários utilizados como estudo de caso:
• Cenário 1: Beneficiar e vender separado a Pluma e o Caroço.
• Cenário 2: Não Beneficiar, ou seja, vender o algodão in natura.
• Cenário 3A: 1a Etapa - Beneficiar o algodão (separar Pluma e Caroço); 2a Etapa) Beneficiar
o Caroço (Linter, Oléo Bruto e Torta Gorda) através de uma pequena indústria.
• Cenário 3B: 1a Etapa - Beneficiar o algodão (separar Pluma e Caroço); 2a Etapa) Beneficiar
o Caroço (Linter, Óleo semi-refinado e Torta) através de uma grande indústria, com
utilização de consórcio: unidade produtiva e indústria.
6. Apresentação e Descrição do Mapeamento do Fluxo de Valor
O levantamento dos cenários, implicam em uma abordagem sistêmica que agregue valor ao
produto, pois o estado da arte em relação ao cultivar e o desenvolvimento do processo
produtivo nas etapas técnicas tem sido amplamente abordado.
Os mapas de fluxo de valor apresentam as características de produção do processo em um
pequeno produtor (Figura 1) e em uma unidade produtiva de grande porte (Figura 2). Destaca-
se nestes dois casos o manejo diferenciado da cultura. O pequeno produtor raramente executa
a análise de solos, compra a semente tratada, no manejo há a etapa de raleamento das plantas,
a colheita via de regra é manual e a venda do produto é feita como colhido. No caso do grande
produtor o acompanhamento e o vocacionamento do solo são uma etapa importante, bem
como a semente ser selecionada e tratada na propriedade, o controle de pragas é realizado de
forma sistêmica e com técnicas e implementos de ultima geração (avião, GPS, etc.), o produto

6
P PQ RSRUT8VW XYVAZ\[XVA]W RSXYVA]^F_Y`6`.aYbY`8aYcY% dYe %f_Y`6gUdhY_Yijk% h
l'mMn?mIo p?q rsut9mv wJx*myrz9o w9{?t9|~}~w??t?v€{9q ~‚ w?p9wƒ~w9„?o myq nO…mMp9o r~|u}~w9†>z?o wO‡ˆm…NwmyƒIt?ƒN…mMnJ…rM„?q ‚ q {?r~{9m
Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007

colhido recebe a primeira industrialização na propriedade (separação da pluma do caroço), e


em alguns casos industrialização secundária (línter, óleo bruto, torta, etc.). Na Figura 3, é
apresentada uma proposta de incremento no sistema produtivo, visando agregar valor ao
processo na fazenda. Foram criados dois cenários, para destinar o subproduto caroço, o
primeiro: cenário 3A, indica a destinação a uma indústria de pequeno porte, onde se obtém
10% óleo bruto (R$ 950,00 /ton.), 80% torta gorda obtida por prensagem mecânica (R$
250,00 /ton.) e 10% de impurezas sem valor comercial. Já o cenário 3B indica a destinação a
uma indústria de grande porte, onde se obtém 16% óleo bruto (R$ 1.520,00 /ton.), 50% farelo
(R$ 380,00 /ton.), 7% línter (R$ 635,50 /ton.), 18% casca (R$ 130,00 /ton.) e 9% de
impurezas sem valor comercial. Nos três mapas de fluxo de valor, os tempos anotados, são
referenciais médios, característicos da produção agrícola, que depende de fatores como clima
e desenvolvimento vegetal. Cabe ressaltar que diferentemente da indústria onde os tempos são
pequenos, facilmente controláveis e cíclicos, no agronegócio a aplicação da ferramenta resulta
num MFV diferente, onde o tempo de ciclo é relativo ao cultivar, o tempo de troca é relativo
ao manejo da terra.

Fonte: Elaborado pelos autores baseado em dados de pesquisa da EMBRAPA.


Figura 1: Mapa de Fluxo de Valor Atual – Situação do Pequeno Produtor de Algodão.

7
P PQ RSRUT8VW XYVAZ\[XVA]W RSXYVA]^F_Y`6`.aYbY`8aYcY% dYe %f_Y`6gUdhY_Yijk% h
l'mMn?mIo p?q rsut9mv wJx*myrz9o w9{?t9|~}~w??t?v€{9q ~‚ w?p9wƒ~w9„?o myq nO…mMp9o r~|u}~w9†>z?o wO‡ˆm…NwmyƒIt?ƒN…mMnJ…rM„?q ‚ q {?r~{9m
Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007

Fonte: Elaborado pelos autores a partir de dados coletados junto à Unidade Produtora Pesquisada.
Figura 2: Mapa de Fluxo de Valor Atual – Situação do Grande Produtor de Algodão.

Fonte: Elaborado pelos autores como proposta de melhoria no processo.


Figura 3: Mapa de Fluxo de Valor Futuro – Proposta para o Grande Produtor de Algodão.

6. Resultados e Conclusões
Alguns apontamentos são necessários sobre a unidade produtiva (estudo de caso) em análise:
Destaque na atualização tecnológica (equipamentos, genética, etc.); Produtividade acima da
média nacional: 250 @/ha contra 133,33 @/ha; Custo Operacional Total (COT) de R$
3.681,22 /ha. Valor esse inferior ao limite inferior do COT estimado para o estado do Mato
Grosso: variando de R$ 4.100,00 /ha a R$ 4.400,00. Os resultados encontrados para os
cenários propostos são comentados na seqüência:

8
P PQ RSRUT8VW XYVAZ\[XVA]W RSXYVA]^F_Y`6`.aYbY`8aYcY% dYe %f_Y`6gUdhY_Yijk% h
l'mMn?mIo p?q rsut9mv wJx*myrz9o w9{?t9|~}~w??t?v€{9q ~‚ w?p9wƒ~w9„?o myq nO…mMp9o r~|u}~w9†>z?o wO‡ˆm…NwmyƒIt?ƒN…mMnJ…rM„?q ‚ q {?r~{9m
Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007

Inicialmente, foi realizada uma simulação na possibilidade da unidade produtiva em análise


comercializar o algodão in natura (cenário 2), ou seja, sem o beneficiamento (separação de
plumas e de caroços). Este cenário apresentou-se deficitário (prejuízo de R$ 3,59 por hectare).
Este resultado confirma uma tendência do grande produtor nos últimos anos: realizar o
beneficiamento para tornar viável o empreendimento. Em seguida foi simulado o cenário 1, o
qual apresentou um superávit de R$ 908,28 por hectare ou 24,67% além do Custo Total
Operacional (COT). Salienta-se que este é o cenário atual (MFV atual) na unidade produtiva
em análise. Finalmente foram simulados os cenários 3A e 3B os quais apresentaram, como
resultados R$ 1.198,91 /ha ou 32,57% de lucro sobre o COT e R$ 1.678,05 ou 45,58% de
lucro sobre o COT, respectivamente. As diferenças entre os custos e as participações relativas
de cada item que os compõem variam em função das características físicas de cada região e
do sistema de produção adotado em cada uma delas, com reflexos diretos sobre a
produtividade, remetendo a necessidade de se estudar o MFV em grupos homogêneos de
produção, adequando as propostas de melhorias ao cenário. Embora seja uma atividade de
relativo risco, a cotonicultura tem apresentado excelentes taxas de retorno nos últimos anos,
mas só com o elevado nível tecnológico (independente da região) haverá possibilidade de
aumentar sua competitividade para concorrer nos mercados interno e, principalmente,
internacional.
Agradecimentos
Os autores agradecem as agências co-financiadoras – CAPES e Fundação Araucária. Também
agradecem o incentivo e apoio dado pelo Grupo Fazenda Nova de Primavera do Leste/ MT,
que através do empresário João Luiz Ribas Pessa e seus colaboradores que não mediram
esforços para disponibilizar as necessárias informações à pesquisa.

Referências
AGE/MAPE. Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/. Acesso em: 11/04/2007.
AGROLINK. Disponível em: http://www.agrolink.com.br/cotacoes/pg_analise.asp?cod=5065. Acesso em:
11/04/2007.
BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN). Disponível em: <http://www.bcb.gov.br>. Acesso em abril de 2007.
BARBOSA, M. Z.; FERREIRA, C. R.R.P.T.; NOGUEIRA JR, S. Análise regional da produtividade na
cotonicultura brasileira. In III Congresso Brasileiro de Algodão. Campo Grande, 2001. Anais. [CD-ROM].
CEPEA/ESALQ. Disponível em: http://cepea.esalq.usp.br/. Acesso em: 11/04/2007.
CNA. Agropecuária Brasileira: Balanço 2006, perspectivas 2007. Disponível em: http://www.cna.org.br. Acesso
em: 04/2007.
CONAB. Disponível em: www.conab.org.br. Acesso em abril de 2007.
EMBRAPA-Algodão. Sistema Produção.1 ISSN 1678-8710. 01/2003. Disponível em: http://www.embrapa.br/. Acesso
em: 11/04/07.
IBGE. Disponível em: http://www.ibge.gov.br. Acesso em abril de 2007.
LOPES, M. A.; CARVALHO, F. C. Custo de produção do gado de corte. Lavras: UFLA, 2002.
MARODIN, G.; ZAWISLAK, P. Mapeamento do fluxo de valor em empresa madeireira. In: XII Simpósio de
Engenharia de Produção (SIMPEP). Bauru, São Paulo, Brasil. 7 a 9 de novembro de 2005.
NAZARENO, R. R.; RENTES, A. F.; SILVA, A. L. Implantado técnicas e conceitos da produção enxuta
integradas à dimensão de análise de custos. São Carlos: Escola de Engenharia de São Carlos – USP, 2007.
PASSOS, S. M. de G. Algodão. Campinas, São Paulo. Instituto Campineiro de Ensino Agrícola, 1977. 424p.

9
P PQ RSRUT8VW XYVAZ\[XVA]W RSXYVA]^F_Y`6`.aYbY`8aYcY% dYe %f_Y`6gUdhY_Yijk% h
l'mMn?mIo p?q rsut9mv wJx*myrz9o w9{?t9|~}~w??t?v€{9q ~‚ w?p9wƒ~w9„?o myq nO…mMp9o r~|u}~w9†>z?o wO‡ˆm…NwmyƒIt?ƒN…mMnJ…rM„?q ‚ q {?r~{9m
Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007

REVISTA FATOR. Disponível em: http://www.revistafator.com.br/ver_noticia.php?not=7923. Acesso em:


05/04/2007.
ROCKFORD Consulting Group, 1999. Disponível em: http//rockfordconsulting.com. Acesso em: 10/04/2007.
ROTHER, M.; SHOOK, J. Aprendendo a Enxergar – Mapeando o fluxo de valor para agregar valor e eliminar
desperdício. São Paulo: Lean Institute Brasil, 1999.
USDA. USDA agricultural baseline projections to 2015. Disponível em: http://usda.mannlib.cornel.edu/data-
sets/Baseline. Acesso em janeiro de 2007.
YAMAGUCHI, L. C. T.; CARNEIRO, A. V. Aplicação de planilha eletrônica na análise técnica e econômica de
unidades de produção de leite. In: ANAIS CONGRESSO. S. BRAS. INF. APLICADA À AGROPECUARIA E À
AGROINDÚSTRIA, 1., 1997, Belo Horizonte-MG: SBIAGRO, 1997. p.95-99.

10

Das könnte Ihnen auch gefallen