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Para os que consideram processo apenas o que aqui foi chamado processo judicial, esta é uma
definição equivocada. Para estes juristas, tudo do que não fosse judicial, seria procedimento. No
entanto, há que notar, conforme dissemos, que, na prática, sequer são tão bem diferenciados os
termos. Além disso, esta posição dificulta depois a conceituação do que seja procedimento, como
veremos.
que desemboca na decisão de aprovar ou não um projeto de lei ou ato similar –, e o
processo administrativo – que desemboca em um ato administrativo.
Procedimento (ou rito), por outro lado, seria o modo pelo qual os diversos atos
(processuais) que compõem esta relação jurídica chamada processo se desenrolam e se
concatenam uns com os outros. Por isso, há quem diga que o processo é a visão externa da
relação jurídica entre as partes, tal como descrito acima; ao passo que o procedimento é a
visão interna de como esta relação caminha em direção ao seu desfecho, seja ele qual for2.
Mais especificamente: no processo penal, há uma relação que une uma parte que
acusa (chamada AUTOR(A) ou acusação) – normalmente o Ministério Público, mas
excepcionalmente e própria vítima –, uma parte que se defende (chamada RÉU(É) ou
defesa) e uma parte que julga (chamada JUIZ(A)). Estas partes entram em relação quando
um documento (em jargão técnico, petição) escrito pelo AUTOR – a denúncia (ou queixa,
se escrito pela vítima) – é aceita como válida (em jargão técnico, é recebida) pelo JUIZ. A
partir de então, o RÉU vai procurar se defender das teses de acusação do AUTOR e, no
final, o JUIZ irá avaliar se tais teses são procedentes ou improcedentes. No primeiro caso,
temos uma sentença condenatória; no segundo caso, a sentença será absolutória. Esta
relação é o processo. Estas fases – recebimento da denúncia, defesa do RÉU, além das
audiências e da apresentação ou requerimento de provas – pelas quais esta relação tem de
passar antes de chegar ao seu fim – a sentença – são o procedimento.
Esta explicação pode parecer, à primeira vista, um pouco abstrata demais. Ela
certamente parece assim mesmo para estudantes de direito, quando se defrontam com ela
pela primeira vez. Contudo, em vista do processo em concreto, certamente estas
explicações ganham densidade e iluminação. Além do mais, o importante, neste ponto, é
entender que, embora a relação processual seja uma só, há várias maneiras pelas quais ela
pode chegar ao seu termo. Em outras palavras, há um só processo, mas vários
procedimentos (ou ritos) pelos quais ele pode seguir.
Os procedimentos podem ser classificados de várias maneiras. Para o que aqui
interessa há uma primeira grande distinção: de acordo com o seu direcionamento para uma
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Aqui já se vê, portanto, que diferenciar processo de procedimento com base no órgão perante o
qual eles são realizados – judicial no primeiro caso, e não-judicial no segundo – apenas empurra o
problema da definição para o termo procedimento, que passa a ter uma definição ampla – qualquer
“processo” não-judicial – e uma definição restrita – o modo pelo qual anda a relação processual.
espécie de crimes ou de acordo com a sua generalidade para vários crimes de naturezas
diversas, o procedimento é especial ou comum. Agora, se o procedimento for comum, isto
é, se ele valer para vários tipos de crimes de diferentes naturezas, quando não há
procedimento especial, ele ainda pode ser ordinário – o “comum dos comuns” –, ou
sumário – aplicável a casos menos graves e de menor duração processual. Há, por fim, o
procedimento sumariíssimo, que, na verdade, é um procedimento especial, já que se aplica
só aos crimes que entram na definição de infração de menor potencial ofensivo, definidos
na Lei n.º 9.099 de 26.09.1999. Eis o quadro que ilustra a distinção: