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Museu Militar de Elvas

Museu Militar de Elvas - Fonte de São José - 1767 Foto MMElvas

Telefone +351 268 636 240


Fax +351 268 636 249
mme@mail.exercito.pt
Coordenadas Geográficas
Avenida de São Domingos 38º 52’ 45,734’’ Norte
7350-047 ELVAS 7º 52’ 33,857’’ Oeste
Descrição das Armas do Museu Gráfica Linhas de Elvas, 2004
Por Despacho do General Chefe do Estado Maior do OLIVEIRA, General A. N. Ramires de, História do Exército Português,
Exército, de 10 de Janeiro de 2008.
1910—1945, Edição do Estado-Maior do Exército, Lisboa, 1995.
a. Armas
- Escudo - de vermelho, uma pala de veiros, ladeada PAAR, Edwin, A Cidade Revista Cultural de Portalegre, Lisboa Edições
de duas espadas de ouro.
Colibri, Nº 12 (Nova Série), 1998.
- Elmo militar de prata, forrado de vermelho, a três
quartos para a dextra.
PASSOS e SOUSA, Coronel Aníbal de, Artelharia e Artelheiros de Elvas,
- Correia de vermelho perfilada de oiro.
- Paquife e virol de vermelho e de prata. Tipografia Progresso, Elvas, 1933.
- Timbre : uma abetarda de prata.
- Divisa: num listel de prata, ondulado, sotoposto ao Revista MONUMENTOS Nº28 Instituto da Habitação e da Reabilitação
escudo, em letras de negro, maiúsculas, de estilo
Urbana, Dezembro 2008.
elzevir,
RODRIGUES, Jorge e Mário Pereira, Elvas (Cidade e Vilas de Portugal)
“COVSAS QVE JVNTAS SE ACHAM RARAMENTE” Editorial Presença, Lisboa, 1996.

VARELA, Aires, Sucessos que houve nas fronteiras de Elvas, Olivença


b. Simbologia
Campo Maior e Ouguela, Typografia progresso, Elvas, 1901.
- O vermelho do campo lembra, através da composição argilosa do solo, o local
que abriga o Museu Militar de Elvas. “O ELVENSE” Nº 1838, História de Elvas, de 22 de Setembro de1898.
- A pala de veiros, com a sua geometria sinusoidal, assemelha-se aos arcos do
Aqueduto da Amoreira, verdadeira expressão da cidade onde o museu está ins- “O ELVENSE” N.º 1834, História de Elvas, de 8 de Setembro de 1898.
talado.
- As espadas, símbolos tradicionais militares, mantêm o elo às unidades que pre- VALADAS, Jorge Faro, Jornal Linhas de Elvas, A Gloriosa Batalha das
cederam o Museu Militar de Elvas, o Batalhão de Caçadores 8, posteriormente,
Regimento de Infantaria N.º 8 e o Regimento de Lanceiros N.º 1. Linhas de Elvas, Elvas 1954.
- A abetarda, espécie ornitológica local ameaçada de extinção, exorta para a
necessidade de preservação do Património. http://www.exército.pt/bibliopack
- A divisa “COVSAS QVE JVNTAS SE ACHAM RARAMENTE”, Lusíadas, X
- 154, é a afirmação do inequívoco valor do diversificado acervo nacional do
http://www.panoramio.com/photo/21984696
Museu Militar de Elvas, verdadeiro “fermento motivador” da cultura castrense.

c. Significado dos esmaltes


- O ouro, metal nobre por excelência, constância e sabedoria.
- A prata, veneração e firmeza.
- O vermelho, valor e firmeza.
- O azul, zelo e perseverança.

2 35
BIBLIOGRAFIA Nota de Abertura
No momento em que o Museu Militar de Elvas (MME) abre as suas por-
BARATA, Manuel Themudo e Nuno Severiano Teixeira, Nova História
tas ao público, confirmando a determinação do Exército Português em man-
Militar de Portugal, Círculo de Leitores, 2004. ter uma presença militar na cidade que, ao longo de muitos séculos foi ape-
CID, Capitão António José do Amaral Balula, Unidades de Artilharia sua lidada de “Chave do Reino”, será de toda a justiça referir aqueles que, nes-
Evolução, Separata da Revista de Artilharia, Lisboa, 1957. te espaço, deram todo o seu saber ao serviço da causa pública na defesa da
soberania de Portugal.
CID, Capitão António José do Amaral Balula, Unidades de Cavalaria sua Sem recuar muito no tempo, refiro Mouzinho de Albuquerque que, como
Evolução, Separata da Revista de Cavalaria, Lisboa, 1957. Capitão, partiu deste “Quartel do Casarão” em 1894 comandando um
Esquadrão de 300 militares, para as campanhas africanas em Moçambique,
CORREIA, Fernando Manuel Rodrigues Branco, Elvas na Idade Média,
onde se cobriu de glória.
Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, 1999.
As suas virtudes foram postas à prova e pesaram, com certeza, na decisão
FRANCO, Maria Manuel Guerra, Elvas numa perspectiva Geográfica, Bar- de El-Rei Dom Carlos quando o escolheu para aio e preceptor do seu filho,
bosa & Xavier Limitada, BRAGA, 1991. o Príncipe D. Luís Filipe.
Uma das primeiras decisões de Mouzinho foi escrever uma carta ao Prín-
GAMA, Eurico, Separata da revista “Ocidente”, Volumes LXI/LXII, Lis- cipe onde releva, de maneira brilhante, alguns exemplos da História de Por-
boa, 1961/1962. tugal, referindo a dado passo “…este Reino é obra de soldados”
LAVADINHO, Domingos, O Forte da Graça, tipografia Progresso Elvas, Podemos afirmar que a cidade de Elvas é o exemplo perfeito para corro-
borar o que Mouzinho de Albuquerque escreveu na sua Carta. Que melhor
1929.
espaço poderia ser escolhido para a instalação de um museu militar?
MARINHO, Alberto de Oliveira, A Gloriosa Batalha das Linhas de Elvas Não esquecemos também que foi neste Quartel que se aprontaram muitos
(Estudo e notas), Barbosa e Xavier, Limitada, Braga, 1990. infantes, cavaleiros e artilheiros, para além dos milhares de condutores de
viaturas que ainda hoje circulam por esse Portugal.
MARTINS, General Ferreira, História do Exército Português, Editorial
Com mais de duzentos e cinquenta anos de história (a sua construção
Inquérito Limitada, Lisboa, 1945. data de 1767), o “Quartel do Casarão” albergou diversas unidades milita-
MATOS; Capitão Virgílio Vicente de, Equipamentos e Arreios, Escola Cen- res:
-Entre 1767 e 1975 Regimentos de Cavalaria e de Lanceiros;
tral de Sargentos, Águeda, 1949 – 1950.
-Entre 1975 e 2006, Regimentos de Infantaria;
MATOS; Capitão Virgílio Vicente de, Armas, Escola Central de Sargentos, -Entre 1838 e 1938, tropas de Artilharia, aquarteladas no Conven-
Águeda, 1948 – 1949. to de São Domingos (que igualmente integra o conjunto das insta-
lações atribuídas ao Museu Militar de Elvas);
O FALCÃO, Boletim do Regimento de Infantaria Nº 8, Exemplar Nº 2 –

34 3
-A partir da década de cinquenta do séc. XX, e em simultâ-
pois foi nele que
neo com as unidades que aqui se encontravam aquartela-
o General Patton, coman-
das manteve em funcionamento um Centro de Instrução de Condu-
dante do terceiro exército
ção Auto.
aliado durante a segunda
Fruto da reestruturação do Exército, no ano de 2006, foi extinto o Regi-
mento de Infantaria nº 8 (última unidade militar que ocupou as instalações) guerra mundial (1939—
e, no mesmo espaço físico, está a ser criado um museu que permite mostrar 1945) declarou vitória.
parte do acervo museológico e patrimonial do Exército Português, nas temá- Entrou ao serviço do
ticas museológicas de: Carro de Combate M47 “Patton” - Foto MMElvas Exército Português em
- História do Serviço de Saúde do Exército 1952, tendo-se mantido até 1987.
- Viaturas do Exército Igualmente pré-posicionados estão já:
-Hipomóveis e Arreios Militares no Exército - Carro de combate M24 “Chaffee”;
Foi igualmente decidido criar duas áreas de estudo e investigação: - Auto Obus Sexton, em reparo “Sherman”;
- Centro de estudos sobre a Fortificação de Elvas - Carro de Combate M4A1 “Sherman”;
- Centro de Interpretação sobre a Guerra do Ultramar Português
- Viatura Auto Blindada de Reconhecimento Saladin
Face à dimensão dos espaços a museografar e à dispersão do acervo
- Viatura Auto TG Berliet-Tramagal 6x6 GBC 8KT
patrimonial, houve necessidade de levar a efeito as obras de adaptação das
instalações, recolher, transportar, inventariar, e restaurar as peças museoló-
gicas, tendo em vista abrir o MME no mais curto período de tempo possível.
Porque se considera importante mostrar algum do trabalho já realizado,
foi decidido fazer a abertura pública, numa primeira fase, apenas com parte
das temáticas museológicas já disponíveis e é assim que hoje vos damos a
conhecer a colecção hospitalar da História do Serviço de Saúde e parte do
acervo dos Hipomóveis e Arreios Militares, reservando para mais tarde a
temática das Viaturas do Exército e a abertura dos Centros de Estudos e
Investigação.
Que a vossa visita seja proveitosa e com a colaboração de todos promete-
mos melhorar, esperando contribuir de maneira objectiva para a cultura
nacional e em particular valorizar a região alentejana e a cidade de Elvas.
O Director
José Manuel de Pina Aragão Varandas
Coronel

4 33
VIATURAS DO EXÉRCITO FICHA TÉCNICA
DIRECTOR
Esta colecção foi iniciativa do tenente-coronel Salgueiro Maia, que se
Coronel José Manuel de Pina Aragão Varandas
dedicou à recolha e classificação de viaturas e carros de combate, a partir do
SUBDIRECTOR
final da década de 1970, os quais reuniu na Escola Pratica de Cavalaria, em
Santarém, totalizando vinte e seis viaturas de diversos tipos e marcas. Tenente-coronel José Albino Galheta Ribeiro
CONSELHEIROS CIENTÍFICOS
A colecção a expor neste Museu, contempla, além destas viaturas, muitas Prof. Doutor Arlindo Pestana da Silva e Freitas Sena
outras oriundas de diversas Unidades do Exercito. Prof. Doutora Maria da Conceição Vaz Serra Pontes Cabrita
Coronel João José A. Cruz Azevedo
As peças museológicas expostas neste momento são:
Tenente-coronel Médico Nuno António Martins Canas Mendes

- O carro de combate M5A1 REDACÇÃO


“Stuart” (à entrada do Serviços Museológicos
museu), fabricado nos Esta- FOTOGRAFIA
dos Unidos da América, com Sargento-chefe João António de Matos Barreto
uma guarnição de quatro Sargento-ajudante Manuel João Rodrigues Martins
homens. Como armamento
DESIGN GRÁFICO
principal dispõe de um
Sargento-chefe João António de Matos Barreto
canhão de 37 mm e três
INVESTIGAÇÃO
metralhadoras ligeiras de cali-
bre 7,62 mm. Tenente-coronel José Albino Galheta Ribeiro
Carro de Combate M5A1 Stuart - Foto MMElvas Sargento-ajudante Manuel João Rodrigues Martins

- O carro de combate M47 “Patton”, fabricado nos Estados Unidos da ENDEREÇOS


América, com uma guarnição cinco homens. Avenida de São Domingos
Como armamento principal dispõe de um canhão 90 mm e três metralha- Apartado 253
doras (duas pesadas - Browning de calibre 12,7 mm e uma ligeira de calibre 7350-047 ELVAS
7,62 mm). É um dos carros de combate mais emblemáticos a nível mundial, EXECUÇÃO GRÁFICA
Museu Militar de Elvas

32 5
Legenda gráfica do Museu Essen na Alemanha
1 - Entrada do Museu (Meio Baluarte (durante duzentos anos a
de São Domingos)
2 - Bilheteira maior fundição de armas do
3 - Colecção de Arreios
4 - Colecção Hospitalar do Serviço de mundo).
Saúde
5 - Hipomóveis
6 - Pilastra Visigótica
7 - Jardim e claustro - Peça Schneider Canet 75
8 - Muralha Fernandina
9 - Fonte de São José mm e armão para transporte
10 - Parada D. Nuno Álvares Pereira
11 - Batalhas da Infantaria de munições. Peças de
12 - Parada Mouzinho de Albuquerque
13 - Batalhas da Cavalaria fabrico Francês do ano
14 - Cavaleiro do Baluarte do Casarão
15 - Casamata 16 1917 que participaram com
16 - Obra-coroa
17 - Baluarte da Porta Velha Armão da Peça A.E. (M.K.) de 90 mm - Foto MMElvas
o corpo expedicionário Por-
tuguês na primeira Guerra Mundial (1914-1918).
17
11

9 Esta peça, foi a primeira com um sistema de recuo hidráulico, evitando


10
que entre cada disparo fosse reapontada a arma, permitindo assim que o
12
número de disparos por
5
minuto passasse de oito para
14
6
vinte.
7
15
8

1 13
4
3
2

Peça Schneider Canet 75 mm - Foto MMElvas

Foto MMElvas
6 31
lenha eram recolhidas na gaveta existente na parte inferior da câma-
ra.
Tinha como particularidade a possibilidade de poder confeccionar a ali- Índice
mentação durante o movimento de uma posição para outra.
Heráldica 2

HIPOMÓVEIS
Nota de Abertura 3

Sala dos Hipomóveis Ficha Técnica 4


Estas peças expõem-se numa sala
Legenda gráfica do Museu 6
de singular beleza e importância histó-
rica, pois como pano de fundo, o visi-
Síntese dos Conselheiros Científicos
tante pode observar parte da muralha
fernandina do Séc. XIV, restaurada e Prof. Doutor Arlindo Pestana da Silva e 8
Freitas Sena
exposta segundo a sua traça original.
Ten-cor. Médico Nuno António Martins 12
Esta sala cuja função inicial foi a de Peça Canet em ferro de 75 mm do ano 1890 Canas Mendes
Foto MMElvas
cavalariça, dos Regimentos de Cavala-
ria, sofrendo posteriormente adaptações a casernas para alojamento de tropa. Espaços do Museu 16
Foi restaurada para exposição de
História do Serviço de Saúde do Exército 20
peças relacionadas com a sua
função inicial, pois todas as 26
Hipomóveis e Arreios Militares no Exército
peças expostas foram rebocadas
por cavalos. Viaturas do Exército 32

Destacam-se nesta sala:


Bibliografia 34
- Uma peça Krupp de 90 mm
fabricada em 1878, na fábrica de
Peça A.E. (M.K.) 90 mm Modelo/1878
Foto MMElvas

30 7
Prof. Doutor Arlindo Pestana Sena (*)

Desde a época medieval que Elvas, primeiro como vila e depois como
cidade, se consolidou como um espaço territorial fundamental na defesa e
afirmação da soberania portuguesa. Nos primeiros tempos da reconquista
cristã, os exércitos que corriam as terras de Entre Tejo e Guadiana eram cons- Nesta sala observamos um conjunto de arreios de elevado tecnicismo e
tituídos por forças de gente da pequena nobreza (ou mesmo não nobre) que, dupla funcionalidade, pois contemplamos arreios com as funções simultâ-
neas de transporte de carga a dorso e tracção.
no tempo das Guerras da Independência (1383-1385), se encontravam refor-
Como peça central, destaca-se a composição de seis arreios para carga a
çadas por milícias recrutadas pelos concelhos, de origem social distinta e que
dorso e tracção de um carro de munições e uma peça de Artilharia, sendo
integravam os besteiros e os aquantiados e que, no seu todo, constituíam as que todos os arreios são diferentes, para cumprir a sua missão especifica de
milícias que operaram com bandeiras e oficiais próprios. Na época moderna, transporte a dorso, da guarnição e da “Palamenta” que compõe o equipa-
as tropas concelhias correspondiam às ordenanças a que se refere a lei de D. mento completo.

Sebastião, de 1570, no qual as funções de comando pertenciam a um capitão


Sala de Intendência
de cavalaria ou infantaria, sob comando de um general de província. Mas o
Nesta sala expõe-se uma peça de rara e singular beleza, uma cozinha
recrutamento subsidiado pelas obras pias, no início do séc. XVII, não impe- rodada, que foi adoptada pelo Exército Português em 1948.
dia o recrutamento forçado dos passantes, dos detidos nos cárceres e dos
vadios. Como o visitante pode obser-
var, é composta por duas
Em meados do séc. XVII, a questão da mobilização geral era “testada”
panelas de pressão e três
pela primeira vez. A demografia e o início da “ideia” de um serviço militar
panelas sem sistema de pres-
obrigatório estavam já subjacentes, mas a problemática manteve-se já na épo- são.
ca contemporânea, quando os quantitativos demográficos estavam longe do O aquecimento simultâneo
número de recrutados. No teatro bélico do Cerco (1658) e da Batalha das destes cinco recipientes era
feito por combustão de lenha
Linhas (1659), evoluiu então a “nação em armas”, numa época em que o
que ardia na câmara de com-
País, preparando a sua defesa, alistava nos seus “exércitos” todos os homens
bustão localizada centralmen-
válidos dos 16 aos 60 anos. A caminho de meados do séc. XVIII, pela Lei de Cozinha com respectivo arreio - Foto MMElvas te e á qual se acede pela parte
1764, o recrutamento tornava-se uma realidade regular e pública, com as posterior da cozinha, as cinzas resultantes do processo de combustão da

8 29
- Alguns acessórios que com- limitações conjunturais da própria época. Vivia-se a época do Conde
põem os arreios de montada. de Lippe que lançava as bases para a formação de um exército moderno, com
um regulamento próprio e organizado, que estruturava a disciplina, o serviço,
Sala de Arreios da Cavalaria
a instrução, a justiça, o pagamento e o recrutamento.

Nesta sala contemplamos os arreios utili- Mas a Praça militar abaluartada de Elvas, dos governadores da nobreza de
zados na arma de Cavalaria, destacando- Portugal, desde a época seiscentista, gizada por Juan Sciermans ou Cosman-
se o arreio de baste do séc. XIX. der, em 1643, com os seus setes baluartes, quatro meios-baluartes e um
Podemos observar também a evolução
redente, era agora confrontada com os “ventos de modernização”, instituídos
pelo conde germânico, tornando o espaço
militar elvense numa máquina de guerra
inexpugnável, com a planificação e edifica-
Arreio de baste - Foto MMElvas ção do Forte da Graça e com as primeiras
que tiveram os arreios de montada do
obras de referência de ocupação e perma-
séc. XIX ao séc. XX, tendo sido redu-
nência militar - os “Quartéis do Casarão”,
zidas significativamente as dimensões
e o peso dos arreios, e aumentado o Forte da Graça - Foto RI8 iniciadas em 1767, sob a direcção do Enge-
conforto para o cavaleiro. nheiro – general Valleré, perante a questão problemática de estacionamento
Sela de montar de cavalaria - Foto MMElvas
militar que se tornará evidente na centúria seguinte.
Sala de Arreios da Artilharia
Todavia, as últimas décadas do final de setecentos e a primeira de 1800
foram marcadas por novas ameaças que não vinham apenas de Espanha,
como foi quase uma evidência ao longo da nossa História, mas da França
imperial, numa conjuntura politica internacional que envolvia um outro pro-
tagonista, a Inglaterra. E foi neste contexto de ameaça bélica que a cidade de
Elvas não só reforçou a sua posição de “sentinela de fronteira” como se tor-
nou até ao fim do séc. XX como uma placa operacional de estacionamento
militar do Exército Português.
Arreios de transporte de carga a dorso e tracção - Foto MMElvas

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Na verdade, em vésperas das invasões francesas o espaço gueses, no séc. XVII, e não teve
abaluartado elvense concentrava nos seus panos de muralhas a principal grandes alterações até aos nos-
sos dias, sendo actualmente muito utili-
retaguarda do exército de linha estacionado na raia, constituída por cerca de
zada principalmente pelos cavaleiros
21.600 efectivos de infantaria e 9.600 de cavalaria, cuja operacionalidade
tauromáquicos portugueses.
teórica e prática justificou, a partir de então, a presença efectiva do Exército
Português, após a guerra civil que marcou a época liberal entre 1831-1834. E
seria neste quadro de estabilidade política e de paz, centrada na unidade do
Sela portuguesa - Foto MMElvas
Exército Português, que o Governo da Regeneração legislava no sentido de
modernizar os seus equipamentos e a prática e formação do serviço de armas.
Sala de Arreios de Infantaria
O Convento e a Hospedaria da Igreja de São Domingos incorporava-se, a
partir de meados do séc. XIX, após a extinção das Ordens religiosas, em Nesta sala podem ser observados
1834, na função militar tornando-se uma os arreios específicos utilizados pela
arma de Infantaria, e destacam-se os
estrutura funcional no processo de milita-
arreios para transporte do Morteiro I
rização da cidade de Elvas que conheceu
de 8 cm (modelo de 1937) em con-
períodos áureos em momentos de estacio- junto com o arreio para transporte
namento do Exército Português, de apoio das munições para esta arma de tiro
Arreio porta morteiro I de 8 cm - Foto MMElvas
a cenários de guerra a longa distância,
curvo.
como as campanhas de África em finais
Vista do Convento de São Domingos
Foto MMElvas de oitocentos ou a Guerra Colonial
- Cabeçadas específicas bem como
(1960-1975), marcando o quotidiano das gerações que viveram esses perío- os freios e bridões nelas utilizados.
dos, em que os militares constituíram uma referência para os filhos de Elvas
que encontraram, desde então, na instituição militar uma opção de vida de - Dois arreios de montada
(utilizados apenas para transporte
servirem as armas do Exército Português.
do cavaleiro).
Na vida quotidiana, a presença militar cruzava-se, em tempo de paz, com
a comunidade local. Ao longo da segunda metade do séc. XIX, os cirurgiões Arreio de transporte de munições de morteiro
Foto MMElvas

10 27
HIPOMÓVEIS E ARREIOS MILITARES DO EXÉRCITO militares, entre os quais José Desidério Pacheco, organizavam com
as autoridades públicas e civis, as medidas preventivas face às ameaças
ARREIOS MILITARES
Esta colecção é composta por 134 arreios, estando considerada, dentro epidémicas que a cólera morbus então determinava. Nas iniciativas de solida-
desta temática, uma das mais importantes da Europa, não só pela quantidade riedade, como a função do Asilo de Infância Desvalida, em 12 de Outubro de
como pela diversidade das peças que a compõem.
1851, por iniciativa e acção do Governador da Praça Militar, general José
À semelhança da colecção de viaturas tácticas e carros de combate, tam-
bém esta começou por iniciativa do tenente-coronel Salgueiro Maia, que Maria Baldi, numa época em que a miséria e a pobreza coincidia com o aban-
reuniu na Escola Pratica de Cavalaria, então sediada na cidade de Santarém, dono das crianças. Na cultura, destacaram-se figuras como o Capitão Vitori-
setenta e quatro destes arreios. Os restantes chegaram a este museu vindos no de Almada que deixou à sua cidade natal o esboço do seu testemunho his-
do Museu Militar do Porto, da Escola Prática de Infantaria em Mafra e do tórico. Na vida política, desempenharam a função de Presidente de Câmara o
Regimento de Infantaria nº 3 em Beja.
tenente-coronel José Joaquim Ferreira (1905-1908) e o major Joaquim de
Estes arreios encontram-se expostos em cinco salas:
Melo (1928/1931) e foram Administradores do Concelho os tenentes José
Sala do Cavalo Jácome de Santana Silva (1919) e João Miguel Simões (1922). Em meados
Nesta sala o visitante encontra um cavalo de madeira, em tamanho natu- do século, a “cidade-quartel” era um dos pólos da economia local e, nos
ral, fabricado nas Oficinas
finais do séc. XX, a componente formativa e profissional tornou-se um dos
Gerais de Fardamento e
vectores do Regimento da Infantaria nº 8, herdeiro directo do Batalhão de
Equipamento do Exército,
em Lisboa, no primeiro Caçadores nº 8 (1961-1975) e legítimo e histórico das forças contemporâneas
quartel do séc. XX. Este estacionadas na Praça Militar de Elvas, tais como o Batalhão de Caçadores nº
cavalo está equipado com 1 ou os Regimentos de Infantaria nº 1, nº 8 e nº 17 que se distinguiram vito-
um arreio para montada de
riosamente nas Campanhas Militares da Guerra Peninsular (1807-1814).
oficial general conforme
Por último, há que salientar os reflexos, das reformas militares que ocorre-
pode ser observado na estre-
la da cabeçada que o equipa. ram nos dois últimos séculos, na comunidade local que, desde sempre defen-
deu a permanência militar na cidade, hoje representada pelo Museu Militar de
- Sela portuguesa com estri-
Elvas.
bos de caixa e adornos de
prata. Este modelo de sela
Cavalo equipado com arreio para montada
de oficial general - Foto MMElvas foi inventado pelos portu-
(*) Conselheiro Científico do MME

26 11
Tenente Coronel Médico Nuno Canas Mendes (*)
destaque para o aparelho
de dupla função que permitia que
Os cuidados de saúde acompanharam, desde os tempos mais remotos,
o paciente, ao pedalar, durante a
as forças militares, sempre que estas eram reunidas, quer no âmbito da segu- sua sessão de reabilitação, accio-
rança territorial quer em expedições mais ou menos longínquas. Mas as for- nasse uma serra de vaivém e reali-
ças militares reunidas a propósito de um objectivo, logo, eram licenciadas. A zasse, simultaneamente, pequenos
Guerra da Restauração vem alterar procedimentos e criar o Exército Perma- trabalhos de carpintaria.
- Caixa com instrumentos de
nente onde surgem a figura do físico e do cirurgião militar, em meados do
amputação, onde se destacam a
séc. XVII.
serra e o machado.
No terceiro quartel do séc. XVIII - Um interessante conjunto de
Aparelho de reabilitação membros inferiores
era já o Cirurgião-Mor do Exército o Foto MMElvas
utensílios de ortopedia onde se
responsável pela nomeação de cirur- destacam a serra e as diferentes
facas.
giões. Para garantir a qualidade dos
- Mostruário de placas de “Sherman” (placas que servem de talas nas
cirurgiões ingressados no Exército,
intervenções para sujeição dos ossos, seguras com os vulgarmente
criaram-se as Aulas de Anatomia e designados parafusos)
Cirurgia dos Hospitais Militares de - Completa caixa de anatomia e autópsia equipada com instrumental
Almeida, Elvas, Tavira e Chaves. Antigo Hospital Militar de Elvas para cortar, serrar e
Foto MMElvas
Curiosamente em Elvas as aulas eram partir membros.

também frequentadas por civis que se dedicavam à prática clínica em meio


rural.
Com as invasões francesas, surgem influências sobre novas disposições
militares e sanitárias. As evoluções da medicina progridem vertiginosamen-
te, lançando novas descobertas científicas, maior conhecimento das boticas
cada vez com mais itens nos seus formulários e nos instrumentos cirúrgicos,
diagnósticos e terapêuticos.
O Exército Português, no início do séc. XIX, era constituído por cerca Caixa de anatomia e autópsia - Foto MMElvas

12 25
- Um aparelho de de 40.000 homens e equipado com mais de 5.600 cavalos. O número
anestesia pré- elevado de solípedes requeria, por parte da Veterinária Militar, um vasto
operatório e reanimação
leque de equipamentos indispensáveis à sua manutenção. Uma das peças
pós-operatório do início
desta colecção museológica é um conjunto de ferraduras ortopédicas, para
do séc. XX;
- Conjunto de três esfig- cavalos, em excelente estado de conservação.
nomanómetros do inicio A área museológica da Saúde Militar, no Museu Militar de Elvas, está
do século XX (aparelhos disposta por três salas amplas que reúnem um vasto leque de objectos, retra-
para medicação da tensão tos, documentos, instrumentos cirúrgicos, instrumentos de diagnóstico e
arterial);
Mesa de operações do período de 1950 terapêutica, caixas de botica, instrumentos de oficina de farmácia, caixas de
Foto MMElvas - Caixa de anestesia dota-
da com sistema de oxigénio de emergência. medicamentos, aparelhos de produção de manipulados e de água destilada,
objectos estes que foram sendo guardados ao longo dos tempos e muito bem
Uma peça de capital importância preservados, mostrando alguns um aspecto novo.
no seio médico: um aparelho de trans- Com o desenvolvimento das especialidades médicas, no primeiro quar-
fusões sanguíneas manual, em que o
tel do séc. XX, surgem instrumentais liga-
sangue circulava forçado por uma
dos à anestesia, como os maravilhosos apa-
manivela, com a existência de um con-
ta gotas para aferição da quantidade da relhos de anestesia e todo o instrumental de
transfusão. origem alemã, francesa e inglesa, nomeada-
mente as famosas máscaras de Ombredane
Sala de Ortopedia e de Schimmelbusch para administrar o éter
Nesta sala sobressai, ao centro,
e o clorofórmio.
uma mesa de operações de trauma- Aparelho de anestesia - Foto MMElvas
Na oftalmologia, salientam-se as tabelas de
tologia, cujo aspecto bizarro esconde a sua verdadeira função que
era permitir o alinhamento ósseo durante as intervenções cirúrgicas visão cromática da autoria de um fundador
ortopédicas, para não deixar imperfeições físicas ao paciente. da oftalmologia portuguesa, o Coronel

Destacam-se ainda moldes e próteses dos membros inferiores e superio- Médico Mário Moutinho, que fundou o
Tabela de Visão Cromática
res, e dois aparelhos de reabilitação dos membros inferiores, com especial Foto MMElvas Serviço de Oftalmologia do Hospital Mili-

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tar Principal e cujo centenário foi este ano assinalado em Lisboa e - Tabela para a análise da visão cromática, da autoria do Coro-
Évora. Inclui ainda variado instrumental, desde armações de prova, apare- nel Médico Mário Moutinho, fundador do Serviço de Oftal-
mologia do Hospital Militar Principal no início do séc. XX;
lhos de medição do campo visual,
- Conjunto de vasos de vidro, com e sem pé para lavagem ocular e
aparelhos de observação e um eleva-
aplicação medicamentosa;
do número de vasos de vidro para - Conjunto de lãs para análise da visão cromática (detecção do grau de
lavagem ocular e aplicação medica- daltonismo do paciente)
mentosa. - Um aparelho de observação
Na ala da cirurgia existem instrumen- oftalmológica do inicio do séc.
XX;
Conjunto de afastadores - Foto MMElvas
tos cirúrgicos na sua maioria de
- Uma interessante escala métrica
fabrico inglês, mas outros fabricados em Portugal, com particular realce para
para medição da acuidade visual,
caixas de amputação muito completas e em estojos magníficos com variado editada em Paris no ano 1917;
instrumental de peças muito queridas para qual- - Dois conjuntos de diagnóstico,
quer cirurgião. um dos quais ainda completo;
Também na área da fisioterapia e ortope- - Uma completa colecção de len-
Conjunto de lãs de análise cromática
tes de oftalmologia, para detecção
dia estão reunidas peças que constituem um
Foto MMElvas da graduação do paciente.
acervo assinalável.
Na pneumologia salienta-se um magnífico Sala de Cirurgia
aparelho de drenagem torácica de pneumotó- Nesta sala como peça central, destaca-se uma mesa de operações da
rax. década de 50 do século passado, proveniente do Campo Militar de Santa
Mas mais animador do que descrever algu- Margarida.
Complementa-se esta sala com:
mas das peças do Museu Militar de Elvas é,
- Dois conjuntos de afastadores de músculos e órgãos, em cerâmica e
sem dúvida, a criação de uma Ala dedicada à
Pernas artificiais - Foto MMElvas em aço inoxidável;
Saúde Militar e que pode ser desfrutada atra-
- Um conjunto de três instrumentos de tracção craniana;
vés da sua visita. - Um aparelho para Clister, gota a gota, para limpeza intestinal do
paciente antes da intervenção cirúrgica;
(*) Conselheiro Científico do MME

14 23
cas e confecção medicamentosa. O Museu Militar de Elvas foi criado pelo Despacho n.º
- Microscópios monoculares da primeira metade do séc. XX, dos quais 12.555/2006 de 24 de Maio de 2006, do Ministro da Defesa Nacional, publi-
um já dotado com sistema de iluminação; cado no Diário da República, 2.ª série, n.º 115, de 16 de Junho de 2006.
- Conjunto para efectuar testes de pasteurização e um aparelho de medi- ESPAÇOS DO MUSEU
ção da velocidade de sedimentação; Ocupa um quarto da muralha seiscentista de Elvas, (séc. XVII) o claustro
- Dois interessantes banhos-maria em e jardim do claustro do antigo convento de São Domingos (séc. XIII e XIV)
cobre para esterilização, um dos quais já e três partes das quatro restantes, da antiga muralha fernan-
dotado de sistema termo regulador; dina (séc. XIV).
- Duas estufas de cobre para incubação de
colheitas. Convento de São Domingos
O Convento de São Domingos ergue-se onde outrora exis-
Banho-maria em cobre Sala de Oftalmologia tia a ermida de Nossa Senhora dos Mártires, erguida para
Foto MMElvas
Esta é a sala mais conhecida da grande dar sepultura aos soldados tombados na conquista da então
maioria dos visitantes, pois todos aqueles que usam óculos já passaram pela Vila de Elvas aos Árabes, em 1166, por D. Afonso Henri-
consulta de oftalmologia, e nela podemos observar a evolução das peças ques, ou na reconquista definitiva, por D. Sancho II, entre
nesta especialidade. 1226 e 1228.
Destaca-se: A construção do convento inicia-se em 1267 e é o templo
- Um interessante aparelho de de maiores dimensões da cidade de Elvas, construído em
medição do campo visual, três naves e um transepto. O claustro desenvolve-se em
que permite analisar a dois pisos, tendo sido o piso superior utilizado para o aloja-
amplitude visual do pacien- mento dos frades em vinte e nove celas, o piso inferior uti-
te; lizado originalmente como sala do capítulo, refeitório e
- Diferentes tabelas de medi- arrecadações diversas e como elemento central um magnífi-
ção e análise da acuidade co jardim rodeado por nove arcos de volta perfeita em cada
visual, não só directa, como lado.
uma interessante tabela Em 1834, com a extinção das ordens religiosas, o Convento
invertida, onde o paciente fica devoluto, sendo que, em 1836, a Câmara de Elvas soli-
observa, não a tabela, mas cita para que nele fosse instalada uma unidade militar,
um espelho que a reflecte; Aparelho de medição do campo visual Pilastra visigótica situação que veio a acontecer ,em 1838, com a instalação
Foto MMElvas Foto MMElvas

22 15
do 2º Regimento de Arti- - Forja (aparelho para aquecimen-
lharia. to do ferro para confecção das fer-
No do contexto da investigação raduras);
efectuada neste museu, numa das - Fole (aparelho para soprar na forja com a
janelas do convento foi encontrada finalidade de incrementar o poder calorífi-
uma pilastra do período visigótico, co do carvão de pedra);
constituindo-se até ao momento a - Saco para forragem (saco onde se colo-
peça de maior antiguidade do acer- cava a forragem para alimentar o cavalo
vo. Foram desco- ou muar);
Jardim e claustro do Convento de São Domingos
Foto MMElvas bertas ainda três - Raspadores de cascos (objectos para
carantonhas em Forja com ventilador mecânico efectuar o desbaste nos cascos dos cava-
Foto MMElvas
mármore branco do período medieval. los, antes dos mesmos serem ferrados);
- Máquina de tosquiar solípedes (inicio século XX, para cortar o pelo
Muralha Fernandina Carantonha dos animais).
Foto MMElvas
Na primeira metade de séc. XIV com o crescimento da
população da então Vila de Elvas, Sala de Farmácia
as muralhas construídas pelos Nesta sala podem ser apreciadas as peças indispensáveis para equipar
Árabes já não davam protecção um laboratório:
adequada às necessidades pelo - Duas Autoclaves, uma de cuba vertical e outra de cuba horizontal
que, em 1340, o Rei D. Afonso (estes aparelhos têm a finalidade de esterili-
IV lhe mandou construir nova zar os instrumentos médicos, para evitar
muralha, terminada em 1369, já propagações infecciosas);
no reinado de D. Fernando, daí - Um curioso conjunto para efectuar testes à
ter ficado conhecida por muralha urina;
fernandina. Esta nova cerca tinha Muralha Fernandina - Caminho de Ronda - Duas balanças de precisão para pesagem de
vinte e duas torres e onze portas. Foto MMElvas componentes, uma das quais já com sistema
Esta nova muralha integrava no seu interior espaços vazios, o que permi- de iluminação;
tiu que durante vários séculos a expansão urbana se desse sob a protecção - Um expositor contendo várias peças de vidro
dos seus muros. de várias entradas e frascos contendo varia-
dos produtos químicos para reacções quími- Autoclave - Foto MMElvas

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TEMÁTICAS MUSEOLÓGICAS Chegados ao séc. XVII e
com a necessidade impe-
HISTÓRIA DO SERVIÇO DE SAÚDE DO EXÉRCITO riosa de construção de uma nova
Esta colecção teve início na Escola do Serviço de Saúde Militar, ante- cerca, face às restrições orçamen-
riormente localizada no Palácio Bensaúde em Lisboa, e subdivide-se em três tais do período pós Restauração da
grandes áreas: veterinária, farmácia e medicina. A área de medicina com- Independência de 1640, a nova
preende ainda dois grandes temas: hospitalar e campanha. muralha seiscentista assentou,
quase na totalidade, sobre a ante-
TEMA HOSPITALAR rior cerca fernandina, restando
A parte hospitalar subdivide-se em várias especialidades, tais como: Restauro de pano de muralha fernandina apenas quatro elementos indivi-
Foto MMElvas
oftalmologia, cirurgia e ortopedia. dualizados, três dos quais neste
Assim, o visitante pode contemplar 75 das 640 peças que compõem esta museu, um pano de muralha, uma torre já descaracterizada e uma das onze
colecção. Portas (a Porta Velha).
Continuando os princípios de investigação deste Museu, efectuou-se o
Sala da Veterinária
restauro de um pano de muralha bastante descaracterizado, permitindo assim
Nesta sala podem ser admiradas as seguintes peças:
não só a sua leitura original como também os usos posteriores.
- Colecção de ferraduras para correcção de cascos (conjunto de vinte e
cinco ferraduras ortopédi-
Muralha Seiscentista
cas para correcção dos
problemas nos cascos dos Após a restauração da independência, uma das
quadrúpedes); primeiras medidas do novo monarca, D. João IV,
foi a de nomear Conselhos de Guerra e a reconstru-
- Arreio de transporte de
ção ou construção de novas muralhas, principal-
feridos (arreio dotado
mente ao longo da linha de fronteira, desde Valen-
com duas cadeiras a dor-
ça a Vila Real de Santo António.
so de um muar para trans-
porte de feridos); Elvas não fugiu à regra e o conselho de Guerra
- Coleira de rosário decidiu-se pela construção de um novo reduto
(coleira para imobilização defensivo.
Ferraduras de correcção de cascos - Foto MMElvas Em 1642, a coroa portuguesa contrata Jan Scier-
do pescoço do cavalo,
para recuperação de lesões no pescoço do animal); mans, mais conhecido, em Portugal, por João Pas- João Pascacio Cosmander
( autor desconhecido)

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cacio Cosmander para organizar as fortificações da raia alentejana. Inserido no futuro Centro de
Após fortificar Campo Maior e Estudos da História da Fortifi-
Olivença, em 1643, surge em cação de Elvas, na Sala “Limpopo”
Elvas, onde já se encontravam o numa das pelheiras anteriormente
Conde de Vimioso e Mathias de entaipadas, foram encontrados dois
Albuquerque, e é de acordo com o importantes vestígios.
primeiro sistema holandês de for- Um documento manuscrito do soldado
tificar que constroem esta magní- n.º 252 do Regimento de Cavalaria N.º
fica obra de fortificação militar. Testemunho escrito - Foto MMElvas
1, José Correia de Sousa, que em 17
Em 1650, Nicolau de Langres de Janeiro de 1934, tapou a “pelheira” onde encontrámos o testemunho,
Vista da Obra-coroa da Muralha Seiscentista
acrescenta-lhe uma obra-coroa. Foto MMElvas bem como o tinteiro que continha a tinta com que o documento foi redigido.
No seguimento das investigações nesta muralha, efectuaram-se pesquisas
Com o decorrer dos vinte e numa casamata, sob o baluarte do casarão, tendo sido encontradas duas
oito anos das Guerras da Res- munições de ferro fundido, (calibre 7,5 cm e 5 cm) e um polvorinho.
tauração (1640–1668) e em
virtude de Elvas ter uma posi-
ção estratégica destacada na
defesa do reino, houve a
Planta de uma das casernas do casarão 1825 necessidade de lhe aumentar
Foto MMElvas
os efectivos militares chegan-
do a atingir neste período os 16.000 homens.
Tal aumento de militares, levou à necessidade Munições em Ferro
Foto MMElvas
de construção de novos quartéis e, em 1767, sob o
traço do então brigadeiro Guilherme de Valleré, dá-
se início à construção do “Quartel do Casarão”, nas
duas cortinas adjacentes ao baluarte do mesmo
nome. É assim que no interior da muralha surgem
quarenta e oito Casernas para alojar 720 militares.
Foto Biblioteca Nacional de Lisboa

Brigadeiro Guilherme
de Valleré Polvorinho - Foto MMElvas Casamata sob o baluarte do casarão
Foto MMElvas

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