Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
INTRODUÇÃO
1
O referente estudo encontra-se em fase inicial, e pertence ao projeto: “Desconcentração industrial,
território e poder no Estado do Rio de Janeiro: uma análise territorial da expansão metropolitana e da
formação de novos eixos econômicos-produtivos”, com Bolsa de Iniciação Científica PIBIC/CNPq (somente
para o autor), sob orientação do professor Dr. Floriano José Godinho de Oliveira.
1
resistência da sociedade local e da comunidade científica na implantação deste
investimento que resultou num conflito ainda em curso.
OBJETIVO
METODOLOGIA
O trabalho conta com o apoio teórico em Milton Santos (1997), Soja (1984), Singer
(1979), Topalov (1979) e Ribeiro (1997) para tratar dos conceitos de Espaço Urbano e
Setor Imobiliário. Para a realização do referido estudo, além de fazermos a discussão dos
textos de diversos autores, realizamos trabalhos de campo, levantamento de dados e de
notícias na imprensa, bem como entrevistas com os principais agentes envolvidos no
processo.
2
Concomitantemente, a região metropolitana fluminense vem sofrendo mudanças de cunho
político-administrativo com o movimento de saída e retorno de alguns municípios
integrantes de sua composição original devido aos mais distintos interesses. Em 2002, o
processo ocorreu com a saída do município de Maricá, o qual se deslocou e passou a
integrar a região administrativa das Baixadas Litorâneas, área com forte processo de
expansão turística e imobiliária, ou seja, valorização e possíveis captações de novos
investimentos - ficando o município conhecido como “Portal da Costa do Sol”. Entretanto,
no ano de 2009, o município de Maricá retorna para a região metropolitana, visto aos
atrativos que já estão sendo gerados a partir do anúncio e instalação do Comperj2.
O contexto regional está sendo marcado por processos de
reorganização/modernização espacial com novas transformações por meio do dinamismo
econômico a serem promovidos principalmente pela instalação do Terminal de Gás da Baía
de Guanabara3, o Arco Metropolitano, a Thyssen-Krupp CSA Siderúrgica do Atlântico, o
Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro – Comperj, entre outros. (o mapa 1.1 abaixo
localiza alguns destes empreendimentos). A tais processos mencionados, relacionam-se
outros tantos, sendo de índole quantitativa como qualitativa. A dinâmica imobiliária na
parte leste do território fluminense ganha um novo impulso dentro deste contexto. A este
fato não podemos deixar de mencionar a retomada das atividades voltadas para a indústria
do petróleo em Niterói na última década, o que vem provocando um aquecimento no setor
naval e um “boom” no setor imobiliário desta cidade, e ainda os cada vez mais constantes
lançamentos de condomínios em São Gonçalo feitos em sua maioria por empresas
paulistas, como a Abyara Incorporação e a CR2 Empreendimentos Imobiliários S.A; ambos
municípios vizinhos a Maricá.
É notória a forte ligação do município de Maricá com a dinâmica metropolitana,
assim sendo, a nova inserção de Maricá no estado ocorre principalmente pela sua posição
estratégica – entre o COMPERJ e a extração de petróleo e gás na Bacia de Santos. Diante
2
O Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro) será um pólo petroquímico com duas refinarias que
produzirão matérias-primas para a indústria de plásticos e combustíveis. Associado ao Comperj acredita-se
que se instalarão uma série de empresas de segunda e terceira geração, que utilizarão a matéria prima do pólo
para fabricação de produtos finais para o consumo da população.
3
O Terminal de Gás na Baía de Guanabara tem como objetivo beneficiar o gás oriundo da bacia de Campos,
visando a exportação. Já o arco metropolitano é um grande eixo rodoviário que contorna a Baía de Guanabara,
desde o município de Itaboraí a Itaguaí.
3
deste contexto, as prefeituras dos municípios vizinhos ao Comperj se associaram,
consolidando o Conleste (Consórcio Intermunicipal da Região Leste Fluminense) com o
intuito de obter ganhos com a nova conjuntura econômica da região; logo, o projeto do
resort luso-espanhol em Maricá faz parte deste novo quadro econômico regional.
4
Mapa 2.1 - Localização da APA de Maricá no território fluminense
Fonte: arquivo do autor (2009)
5
empresarial, piscinas, centro comercial, hotéis, para aproximadamente 95 mil habitantes.
Segundo o Consórcio Madrilisboa (Instituto de Desenvolvimento Brasileiro – IDB do
Brasil), braço no Brasil do grupo de empresários portugueses e espanhóis, que são os atuais
proprietários da área, prevê um investimento na ordem de U$ 4 bilhões, sendo deste
montante, R$ 320 milhões investido em saneamento básico – tratamento de água e esgoto.
A imagem (3.1) abaixo ilustra o projeto da área em questão:
6
permitindo que as pessoas desfrutem dos mais elevados padrões de qualidade de vida junto
ao “verde”. Tais argumentos vão de encontro com que Ribeiro (1997) denominou de
sobrelucro de urbanização, isto é, uma política fundiária realiza pelos incorporadores
associada às maciças campanhas publicitárias em prol de venda de um novo modo de vida,
recriando nos compradores o contato com a natureza. Uma outra consideração do autor está
orientada no que denominou de sobrelucro de antecipação, ou seja, condições que os
construtores encontram nos terrenos que permitem um maior lucro, esta caracterizada pela
forte especulação imobiliária onde o Estado modifica as condições que regulam o uso do
solo (legislação urbana) para que os incorporadores apropriem-se de importantes
sobrelucros, fatos esses que ocorrem atualmente no município de Maricá. Em Singer (1979)
percebemos que o prestígio citado anteriormente configura-se enquanto status para uma
determinada classe, onde:
O elemento “prestígio” tende a segregar os mais ricos da classe média, que paga
muitas vezes um preço extra pelo privilégio de morar em áreas residências que os
“verdadeiros ricos” estão abandonando exatamente devido à penetração dos
“arrivistas”. Os promotores imobiliários, que conhecem bem este mecanismo,
tiram o máximo proveito dele ao fazer “lançamentos” em áreas cada vez mais
afastados para os que podem pagar o preço do isolamento e ao mesmo tempo
incorporar prédios de apartamentos em zonas residências “prestigiosas”.
(SINGER, 1979, p. 27).
7
públicos. Em relação a estas observações, podemos destacar o comprometimento com as
obras de acessibilidade, redes de água e esgoto e mudança na legislação de uso do solo para
facilitar a implantação do empreendimento.
8
sancionou uma lei – Plano Diretor Setorial - em relação à ocupação do solo na área da
restinga.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS:
LIMONAD, Ester. “Yes, nós Temos Bananas!” Praias, Condomínios Fechados, Resorts e
Problemas Sócio-ambientais. Revista Geographia, Niterói v. IX, n.17, p.1-26, 2007.
MATIAS, Matheus Lage et al. Disputa por território na área de proteção ambiental de
Maricá-RJ. In: XII Encuentro de Geógrafos da América Latina – Egal 2009 Programa On
line, Montevideo: Universidad de La Republica, 2009. p. 1-11.
9
RIBEIRO, Luís César Queiróz. Dos cortiços aos condomínios fechados: as formas de
produção da moradia na cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira:
IPPUR, UFRJ: FASE, 1997.
SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo:
Edusp, 1997.
SINGER, Paul. O uso do solo urbano na economia capitalista. In: Maricato, Ermíria (org).
A produção capitalista da casa e da cidade no Brasil Industrial. São Paulo: Alfa-
Ómega, 1979.
SITES:
10