Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
Pereira]
(Obra Mediúnica)
Memórias de um
Suicida
Capa de Cecconi
B.N. 10.427
Copyright 1955 by
FEDERAçÃO ESPÍRITA BRASILEIRA
(Casa-Máter do Espiritismo)
AV. PASSOS, 30
20051 - Rio, RJ - Brasil
Impresso no Brasil
PRESITA EN BRAZILO
Índice
Introdução 007
Prefácio da segunda edição 013
PRIMEIRA PARTE
Os Réprobos
I - O Vale dos Suicidas 015
II - Os réprobos 031
III - No Hospital "Maria de Nazaré" 054
IV - Jerônimo de Araújo Silveira e família 083
V - O reconhecimento 114
VI - A Comunhão com o Alto 136
VII - Nossos amigos - os discípulos de Allan Kardec 168
SEGUNDA PARTE
Os Departamentos
I - A Torre de Vigia 188
II - Os arquivos da alma 220
III - O Manicômio 246
IV - Outra vez Jerônimo e família 274
V - Prelúdios de reencarnação 311
VI - "A cada um segundo suas obras" 339
VII - Os primeiros ensaios 371
VIII – Novos rumos 394
TERCEIRA PARTE
A Cidade Universitária
I - A Mansão da Esperança 414
II - "Vinde a mim" 436
III - "Homem, conhece-te a ti mesmo" 451
IV - O "homem velho" 481
V - A causa de minha cegueira no século XIX 499
VI - O elemento feminino 519
VII - Últimos traços 544
Introdução
antigo "Centro
Espírita de Lavras", na cidade do mesmo
nome, no extremo sul do Estado de Minas Gerais, e de
cuja diretoria fiz parte durante algum tempo. Refiro-me a
Léon Denis, o grande apóstolo do Espiritismo, tão admi-
rado pelos adeptos da magna filosofia, e a quem tenho os
melhores motivos para atribuir as intuições advindas
para a compilação e redação da presente obra.
Durante cerca de vinte anos tive a felicidade de sentir
a atenção de tão nobre entidade do mundo espiritual
piedosamente voltada para mim, inspirando-me um dia,
aconselhando-me em outro, enxugando-me as lágrimas
nos momentos decisivos em que renúncias dolorosas se
impuseram como resgates indispensáveis ao levantamen-
to de minha consciência, engolfada ainda no opróbrio
das conseqüências de um suicídio em existência pregressa.
8 YVONNE A, PEREIRA
MEMÓRIAS DE UM SUICIDA
MEMÓRIAS DE UM SUICIDA
YVONNE A. PEREIRA
LÉON DENIS
OS RÉPROBOS
CAPÍTULO I
MEMÓRIAS DE UM SUICIDA
MEMÓRIAS DE UM SUICIDA 21
22 YVONNE A. PEREIRA
MEMÓRIAS DE UM SUICIDA 23
MEMÓRIAS DE UM SUICIDA 25
26 YVONNE A. PEREIRA
MEMÓRIAS DE UM SUICIDA 27
28 YVONNE A. PEREIRA
Os réprobos
MEMÓRIAS DE UM SUICIDA 33
34 YVONNE A. PEREIRA
MEMÓRIAS DE UM SUICIDA 35
36 YVONNE A. PEREIRA
38 YVONNE A. PEREIRA
MEMÓRIAS DE UM SUICIDA 39
40 YVONNE A. PEREIRA
MEMÓRIAS DE UM SUICIDA 42
MEMÓRIAS DE UM SUICIDA 43
44 YVONNE A. PEREIRA
MEMÓRIAS DE UM SUICIDA 45
46 YVONNE A. PEREIRA
MEMÓRIAS DE UM SUICIDA 47
48 YVONNE A. PEREIRA
MEMÓRIAS DE UM SUICIDA 49
MEMÓRIAS DE UM SUICIDA 51
52 YVONNE A. PEREIRA
MEMÓRIAS DE UM SUICIDA 53
MEMÓRIAS DE UM SUICIDA
CAPÍTULO III
55
Colônia Correcional
Torre de Vigia
Departamento de Vigilância
(Seção de Reconhecimento e Matrícula)
Departamento Hospitalar
A um e outro lado destacavam-se outras em que
setas indicavam o início de novos trajetos, enquanto no-
vas inscrições satisfaziam a curiosidade ou necessidade
do viajante:
A direita - Manicômio.
A esquerda - Isolamento.
58 YVONNE A. PEREIRA
MEMÓRIAS DE UM SUICIDA 61
MEMÓRIAS DE UM SUICIDA 63
MEMÓRIAS DE UM SUICIDA 69
eu em face muitas vezes, mal-humorado ante a vaidosa
enumeração que fazia dos variados cabedais próprios. O
doutor, porém - porque era doutor, honorificado por
mais de uma Universidade -, jamais revidou minhas im-
pertinências. Polido, educado, sentimental, chegaria tam-
bém á vera bondade de coração se a par de tão bonitos
dotes não carregasse os defeitos do orgulho, do egoísmo
de a si mesmo endeusar por a todos se julgar superior.
Ouvindo-me, não respondeu com agastamento, como
sempre. Antes, foi em tom macio, mesmo pesaroso, que
se expandiu, dirigindo-se a todos:
"- Eu julgava, sinceramente, que o túmulo absor-
veria minha personalidade, transmudando-a na essência
que se perderá nos abismos da Natureza: - seria o
Nada!
Discípulo de Augusto Comte, a filosofia levou-me
ao Materialismo, ao mecanismo acidental das coisas -
única explicação satisfatória que ao raciocínio pude ofe-
recer diante das anomalias com que deparava a cada
passo pela vida em fora, para me alarmar o coração e
decepcionar a mente!
Nutri sempre grande ternura e compaixão pelos ho-
mens, aos quais considerava irmãos de desgraça, pois
para mim, a vida era a expressão máxima da Desgraça,
embora deles procurasse afastar-me quanto possível,
temendo amá-los demasiadamente, e, portanto, sofrer.
Nem outra coisa compreenderia eu o que seria senão
desgraça um homem nascer, viver, trabalhar, sofrer, lu
tar por todos os pretextos... para depois desfazer-se
irremissivelmente, no pó do túmulo!
Não fui, jamais, dado a namoramentos, de baixa ou
elevada classe. Para que amar, constituir família, con-
tribuindo para lançar à vida outros desgraçados a mais
se a Filosofia convencera-me, além do mais, de que o
Amor era apenas uma secreção do cérebro?... Fui um
estudioso, isso sim, e estudava a fim de me aturdir, evi-
tando o acúmulo de elucubrações sobre a miserável si-
tuação da Humanidade. Assim sendo, não sobravam a
mim horas para cultivar amor junto a damas inglesa;
ou portuguesas,.. Estudava para esquecer de que un
70 YVONNE A. PEREIRA
MEMÓRIAS DE UM SUICIDA 71
MEMÓRIAS DE UM SUICIDA 73
74 YVONNE A, PEREIRA
MEMÓRIAS DE UM SUICIDA 75
MEMÓRIAS DE UM SUICIDA 77
80 YVONNE A. PEREIRA
MEMÓRIAS DE UM SUICIDA 81
84 YVONNE A. PEREIRA
MEMÓRIAS DE UM SUICIDA 85
MEMÓRIAS DE UM SUICIDA 87
88 YVONNE A, PEREIRA
MEMÓRIAS DE UM SUICIDA 89
tação prematura, sereis atendidos imediatamente... a
fim de que as revoltas que vos vêm ferindo a mente
não continuem retardando a aquisição de pendores novos
que vos possam beneficiar futuramente... Todos os de-
mais enfermos em idênticas condições recebem igual su-
gestão neste momento..."
Aproximou-se do aparelho e, com graciosa desenvol-
tura, ampliou-o até que pudesse retratar a imagem de
um homem em tamanho natural.
Perplexos, mas interessados, deixamos o leito, que
raramente abandonávamos, a fim de nos postarmos dian-
te da placa que principiava a iluminar-se. Fizeram-nos
sentar comodamente, em poltronas que ornavam o re-
cinto, enquanto aqueles zelosos colaboradores do além to-
maram lugar ao nosso lado. Era como se aguardássemos
o início de uma peça teatral.
De súbito Joel surgiu diante de nós, tão visível e
naturalmente, destacando-se no mesmo plano em que nos
encontrávamos, que o supusemos dentro da enfermaria,
ou que nós outros seguíssemos ao seu encalço... Ampa-
rava Jerônimo pelo braço... caminhando em busca da
saída de serviço... e tão intensa ia-se tornando a su-
gestão que logo nos abstraímos, esquecidos de que, em
verdade, continuávamos comodamente sentados em pol-
tronas, em nossos aposentos...
Mais real do que o atual cinematógrafo e superior
ao engenho da televisão do momento, esse magnífico re-
ceptor de cenas e fatos, tão usado em nossa Colônia, e
que tanta admiração nos causava, em esferas mais ele-
vadas desdobrava-se, evolutia até atingir o sublime no
auxílio à instrução de Espíritos em marcha para a aqui-
sição de valores teóricos que lhes permitissem, futura-
mente, testemunhos decisivos nos prélios terrenos, indo
rebuscar e selecionar, nas longínquas planícies do espaço
celeste, o próprio passado do Globo Terráqueo e de suas
Humanidades, sua História e suas Civilizações, assim
como o pretérito dos indivíduos, se necessário, os quais
jazem esparsos e confundidos nas ondas etéreas que se
agitam, se eternizam pelo invisível a dentro, nelas per-
manecendo fotografados, impressos como num espelho,
90 YVONNE A, PEREIRA
MEMÓRIAS DE UM SUICIDA 93
MEMÓRIAS DE UM SUICIDA 95
96 YVONNE A. PEREIRA
MEMÓRIAS DE UM SUICIDA 97
MEMÓRIAS DE UM SUICIDA 99
- 6 de novembro de 1903
- 15 de fevereiro de 1890 -
YVONNE A. PEREIRA
O Reconhecimento
tão amada por seu coração de pai, mas que tantos e tão
acerbos desgostos lhe causou... mau grado a educação
aprimorada que se esforçou por fornecer-lhe. Falar-lhe-ei
a respeito."
Compreendendo-o disposto a retirar-se, observei ain-
da, fiel à impertinência da antiga curiosidade do roman-
cista, que em toda a parte fareja substâncias sentimen-
tais com que engrandecer seus temas:
"- E... perdoai-me, boníssimo doutor... Vossa
esposa... a formosa Leila... onde se encontra presen-
temente?. . ."
Levantou-se calmo, firmou o pensamento gravemen-
te, como exercitando mensagem telepática a seus maio-
rais, e em seguida aproximou-se do esplêndido receptor
de imagens, sintonizou-o cuidadosamente para a crosta
terrestre e esperou, murmurando como que para si
mesmo
"- Deve estar entardecendo no hemisfério sul oci-
dental... Não haverá indiscrição em procurar vê-la nes-
te momento..."
Com efeito! A pouco e pouco a configuração de uma
criança destacava-se da penumbra de um aposento de
família paupérrima. Tudo indicava tratar-se de um lar
brasileiro dos mais modestos, conquanto não miserável.
Uma menina aparentando cinco anos de idade, cujas fei-
ções concentradas e tristes indicavam a violência das
tempestades que lhe tumultuavam o Espírito, entreti-
nha-se com seus modestos brinquedos de criança pobre,
parecendo mentalmente preocupada com reminiscências
que se embaralhavam aos fatos presentes, pois falava
às bonecas como se conversasse com personagens cujas
imagens se desenhavam quais contornos a "crayon" em
suas vibrações mentais. Roberto contemplou-a triste-
mente e, voltando-se para mim, que me apossava do
ensinamento deslumbrado ante a majestade do drama
cujos primórdios me davam a conhecer:
"- Aí está! Reencarnada na Terra de Santa Cruz...
onde palmilhará seu doloroso calvário de expiações...
Vive agora fora dos ambientes que tanto amava!... de-
samparada pela ausência daqueles que tão devotadamen-
186 YVONNE A. PEREIRA
OS DEPARTAMENTOS
CAPITULO I
A Torre de Vigia
Os arquivos da alma
O Manicômio
humana, pois são fruto dela, dos seus erros, a ela per-
tencem, sendo justo que ela própria os hospede e man-
tenha até quando necessário... até quando a calamitosa
situação for minorada!
Reencarnarão dentro em breve. Conosco permane-
cerão apenas o tempo necessário para se refazerem das
crises mais violentas, sob os cuidados dos nossos dedi-
cados cooperadores incumbidos da sua vigilância. Par-
tirão para o novo renascimento tais como se acham, pois
não há outro remédio capaz de lhes minorar a profun-
didade dos males que carregam. Levarão para o futuro
corpo, que moldarão com a configuração maculada com
que presentemente se encontram, todos os prejuízos de-
rivados da dissolução dos costumes de que se fizeram
incontidos escravos... e ali, como ficou esclarecido, se-
rão grandes desgraçados a se arrastarem penosamente
em estações de misérias e lágrimas...
Tão ardentes manifestações de sofrimento, no en-
tanto, fá-los-ão colher boa messe de proveitos futuros.
Sob os fogos redentores do infortúnio, as camadas im-
puras que impedem o brilho desse corpo astral se adelga-
çarão, dando lugar a que as vibrações se ativem, desen-
torpecendo-se para movimentações precisas no campo das
reparações. Seus corações, impulsionados pela dor edu-
cadora, ascenderão em haustos de súplicas frementes à
procura da Causa Suprema da Vida, num crescendo cons-
tante de veemência e de fé, até atingirem as camadas
luminosas da Espiritualidade, onde se farão refletir, afi-
nando-se ao amparo de vibrações generosas e superio-
res, que, lentamente, educarão as suas... Pouco a pouco,
assim sendo, o vírus se irá desfazendo até que, com a
desagregação do envoltório carnal, se encontrem alivia-
dos e em condições de algo aprenderem aqui conosco,
incentivando a própria reeducação, depois de receberem
alta do nosso estabelecimento..."
"- Se bem compreendi, então, a reencarnação pu-
nitiva que aguarda esses desgraçados lhes é imposta,
simplesmente, como tratamento médico hospitalar desta
seção do nosso Departamento?... Trata-se de um antí-
Prelúdios de reencarnação
(16)João, 3:3 e 7.
Os primeiros ensaios
13
386 YVONNE A. PEREIRA
Novos rumos
(22)João, 14:1, 2 e 3.
A CIDADE UNIVERSITÁRIA
CAPÍTULO I
A Mansão da Esperança
14
418 YVONNE A. PEREIRA
"Vinde a mim"
O homem velho
O elemento feminino
Últimos traços
18