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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR PIAUIENSE LTDA

FACULDADE FIAUIENSE- FAP TERESINA

COORDENAÇÃO DO CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

EVILÁSIO JOAQUIM MACHADO JARDIM

A EFICÁCIA DA TRIBUTAÇÃO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE


PROTEÇÃO AMBIENTAL.

TERESINA
2010
2

EVILÁSIO JOAQUIM MACHADO JARDIM

A EFICÁCIA DA TRIBUTAÇÃO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE


PROTEÇÃO AMBIENTAL.

Monografia exigida como trabalho final de


conclusão de curso e como requisito para
obtenção do título de bacharel em direito da
Faculdade Piauiense- FAP, sob orientação da
professora Luiza Lourdes Pinheiro Leal Nunes
Ferreira.

TERESINA
2010
3

EVILÁSIO JOAQUIM MACHADO JARDIM

A EFICÁCIA DA TRIBUTAÇÃO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE


PROTEÇÃO AMBIENTAL.

Monografia exigida como trabalho final de conclusão de curso e


como requisito para obtenção do título de bacharel em direito
da Faculdade Piauiense- FAP, sob orientação da professora
Luiza Nunes.

Aprovada em ___/___/___

BANCA EXAMINADORA

________________________________________
Prof ª. Luiza Lourdes Pinheiro Leal Nunes Ferreira
Especialista em Direito Tributário

_________________________________________
Prof ª. Gracimar Sousa Cunha Tavares
Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente

___________________________________________
Prof. Marcos Pablo Moura Parente
4

A minha mãe, Ana Maria e ao meu


avô, Evilázio Bonfim.
5

AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha mãe, Ana Maria, por todo apoio e esforço para que eu
concluísse a faculdade.

Agradeço aos meus avós, por estarem sempre me incentivando.

Agradeço à minha namorada, por todo amor e compreensão.

Agradeço também a minha orientadora Luiza Nunes e à minha


professora de metodologia Gracimar Tavares.

E por último, agradeço aos meus amigos de turma, por toda alegria
compartilhada no decorrer do curso.
6

“Meu interesse é no futuro, porque é lá


que passarei o resto da minha vida.”

Charles F.
Kettering
7

RESUMO

Um dos principais problemas mundiais na atualidade, diz respeito á preservação do


meio ambiente, uma vez que, os danos causados pela atividade econômica ao meio
ambiente tornam-se cada dia mais freqüentes. O presente trabalho intitulado de “A
eficácia dos tributos ambientais como forma de proteção ambiental.“ analisa a
tributação ambiental como forma de proteger o meio ambiente, apontando os
princípios do direito ambiental e tributário que a justificam, caracterizando as funções
fiscais e extrafiscais dos tributos, além de analisar os tributos ambientais existentes
no Brasil. Para tanto, foi realizada uma pesquisa de forma exploratória, usando
pesquisa bibliográfica na construção do trabalho. Da pesquisa constatou-se ser a
tributação ambiental um importante instrumento na proteção do meio ambiente, que
pode arrecadar fundos para custear as políticas públicas ambientais ou
simplesmente ser usada para condicionar o comportamento dos agentes poluidores,
viabilizando assim a proteção ambiental e o desenvolvimento sustentável.

PALAVRAS-CHAVE: Desenvolvimento sustentável. Meio ambiente. Tributação


ambiental
8

ABSTRACT

One of the worst world problem nowadays, is related to environment preservation,


once the damage caused by economics activity on the environment became more
often. The following study intituled "The effectiveness of environmental taxation as an
instrument of environmental protection." make a analisys on the environmental
taxation as a way to protect the environment, pointing the principles of the right
environmental e tributary that justify it, caracterizing the fiscal and unfiscal functions
of the tributes, besides analisy the environment tributes existing in Brazil. For that, an
exploratory research was performed, using bibliographic research on this study
construction. From our study, we noticed that the environment taxation is one
important tool on the protection of the environment, using that tool colect budget to
make a value on the politics publishes environmental or be just used to condition the
behaviour of the polluters agents, making with that the environmental protection and
the sustainable development.

Keywords: Sustainable development. Environment. Environmental taxation


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LISTA DE SIGLAS

CF – Constituição Federal

CIDE – Contribuição de intervenção no domínio econômico

IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais


Renováveis

ICMS – Imposto sobre circulação de mercadorias e prestação de serviços

IPI – Imposto sobre produtos industrializados

IPVA – Imposto sobre propriedade de veículos automotores

IPTU – Imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana

IR – Imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza

ITR – Imposto sobre a propriedade territorial rural

TCFA – Taxa de controle e fiscalização ambiental


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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...........................................................................................................11

1 MEIO AMBIENTE E ORDEM ECONÔMICA NA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA


DE 1988......................................................................................................................13

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS...............................................................................13

1.2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL...............................................................14

1.3 EXTERNALIDADES.............................................................................................16

1.4 PRINCÍPIO DO POLUIDOR PAGADOR..............................................................18

1.5 PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO.............................................................................19

1.6 PRINCIPIO DA PREVENÇÃO..............................................................................21

1.7 PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO..........................................................................22

2 CONSIDERAÇÕESMETODOLÓGICAS.................................................................24

2.1 METODOLOGIA...................................................................................................24

3 A TRIBUTAÇÃO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇAO AMBIENTAL............26

3.1 FISCALIDADE E EXTRAFISCALIDADE..............................................................26

3.2 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE..............................................................................29

3.3 PRINCÍPIO DA TIPICIDADE................................................................................30

3.4 PRINCÍPIO DA IGUALDADE...............................................................................31

3.5 PRINCÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA.................................................32

4 TRIBUTAÇÃO AMBIENTAL NA ATUALIDADE....................................................34

4.1 IMPOSTOS...........................................................................................................34

4.2 TAXAS..................................................................................................................37

4.3 CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA........................................................................38

4.4 EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO.........................................................................40


11

4.5 CONTRIBUIÇÕES DE INTERVENÇAO NO DOMÍNIO ECONÔMICO –


CIDE...........................................................................................................................42

CONCLUSÃO............................................................................................................43

REFERÊNCIAS..........................................................................................................45
12

INTRODUÇÃO

Um dos principais problemas mundiais na atualidade, diz respeito á


preservação do meio ambiente, uma vez que, os danos causados pela atividade
econômica ao meio ambiente tornam-se cada dia mais freqüentes. Objetivando
minimizar os efeitos degradantes sobre o meio ambiente, o poder público dispõe de
alguns instrumentos, entre eles, da tributação, como forma de controlar essas
atividades econômicas, buscando o desenvolvimento sustentável.

Dessa forma, o Estado utiliza os tributos com dois objetivos, o primeiro deles
é para arrecadar verbas para o desenvolvimento de políticas públicas ambientais,
enquanto que, no segundo objetivo visa condicionar o comportamento dos
poluidores, para que assim adotem condutas compatíveis com a preservação
ambiental.

Este trabalho intitulado “A eficácia dos tributos ambientais como instrumento


de proteção ambiental” tem como objetivo analisar a tributação ambiental, desde os
princípios ambientais e tributários que a justificam, além de analisar os tributos
ambientais existentes no Brasil.

Pode-se observar como problemática desta pesquisa a busca em analisar e


conhecer de que forma a tributação ambiental, no Brasil, pode ajudar na proteção
ambiental e se é realmente eficaz.

A pesquisa está composta por cinco partes. A primeira trata da introdução da


à pesquisa.

A segunda parte aborda temas como o meio ambiente e a ordem econômica


na Constituição Federal, apontando e conceituando as idéias e os princípios
ambientais que apresentam relação com o direito tributário ambiental.

Na terceira parte, trata a parte metodológica, onde se realizou um estudo de


forma e exploratória, através do uso da pesquisa bibliográfica para a construção do
trabalho.
13

A quarta parte, trás a análise das funções dos tributos no sistema tributário
brasileiro, além de conceituar e analisar os princípios do direito tributário que se
relacionam a tributação ambiental.

Por último, a quinta parte da pesquisa consiste na conclusão, onde é feito uma
análise final sobre o tema bem como se aponta nortes a ser seguido com o fim de
efetivar as garantias constitucionais de caráter ambiental através da tributação
ambiental.
14

1 MEIO AMBIENTE E ORDEM ECONÔMICA NA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA


DE 1988.

A compreensão do meio ambiente como objeto da dignidade da pessoa


humana e fundamento do Estado Democrático de Direito obriga que o Estado atue
em sua proteção, sem deixar de lado a importância econômica dos bens ambientais,
por serem essenciais para a manutenção do modo de vida da sociedade atual, o que
torna o desenvolvimento econômico para a própria preservação do meio ambiente.

Dessa forma, é necessário analisar os princípios orientadores das políticas


ambientais junto aos conceitos do sistema econômico atual, garantindo assim o
melhor aproveitamento do meio ambiente.

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A preocupação com o meio ambiente tornou-se prioridade com a Conferência


das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada na em Estocolmo,
Suécia, em 1972. Desde então, surgiram inúmeros tratados e convenções
internacionais sobre o meio ambiente, impulsionando também o ordenamento
jurídico pátrio, que buscou tratar de forma mais organizada o tema.

Dessa forma, entre Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente
Humano, em Estocolmo, e a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente
e Desenvolvimento – RIO/92 passaram-se 20 anos, período em que mais surgiram
atos normativos visando a proteção ambiental.

Conforme Modé (2003, p. 28), a ECO/92 ocorreu da seguinte forma:

A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento


realizou-se no período de 01 a 12.06.1992 e contou com a participação de
178 governos e a presença de mais de 100 chefes de Estado ou de
Governo, representando a maior conferência já realizada pelas Nações
Unidas até aquele momento.
15

Contudo, o principal resultado da ECO/92 foi a introdução dos princípios do


desenvolvimento sustentável, do poluidor-pagador, do princípio da precaução na
Declaração do Rio sobre Meio Ambiente.

Antes porém, na Constituição Federal a defesa do meio ambiente passou a


fazer parte do desenvolvimento nacional, conforme os artigos 170, VI e 225 da
Constituição Federal:

Art. 170 da CF: A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho


humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna,
conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
[...] VI – defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento
diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de
seus processos de elaboração e prestação. (BRASIL, 1988);

Art. 225 da CF: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente


equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de
vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações. (BRASIL, 1988)

Portanto, percebe-se da leitura dos artigos a intenção do legislador em


proteger o meio ambiente, buscando a utilização do meio ambiente de forma
sustentável e a preservação deste para as futuras gerações.

1.2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

É o desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração


atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas
próprias necessidades, ou seja, é aquele que possibilita que as pessoas agora e no
futuro, vivão de forma satisfatória e atinjam um nível mínimo de desenvolvimento
social e econômico e de realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo,
um uso razoável dos recursos da terra e preservando as espécies.

Amaral (2007, p. 33) ao conceituar desenvolvimento sustentável ensina que:


16

Desenvolvimento sustentável é aquele que assegura as necessidades da


presente geração sem comprometer a capacidade das gerações sem
comprometer a capacidade das gerações futuras de resolver suas próprias
necessidades. A presente geração tem o dever de deixar para as futuras
gerações um meio ambiente igual ou melhor do que aquele que herdou da
geração anterior. Constata-se da leitura do art. 225 da CF/88 que a futura
geração possui o direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado,
além de constituir também em uma justiça intergeracional, pois essa futura
geração precisa de um meio ambiente saudável para atender suas
necessidades.

Entende-se da leitura da citação que, as futuras gerações tem direito a um


meio ambiente ecologicamente equilibrado, conforme consta no art. 225 da
Constituição Federal, daí a importância de um desenvolvimento sustentável, que é
aquele que busca assegurar as necessidades da atual geração sem comprometer as
futuras gerações.

Sobre o assunto, o autor explica que:

Para tanto, o Relatório Bruntland, de 1987-1988, ou como se tornou


conhecido, Nosso futuro comum conceituou desenvolvimento sustentável
como a retomada do crescimento e melhor distribuição de seus benefícios
pela racionalização do uso da energia e o atendimento das necessidades
fundamentais das populações pela estabilização dos níveis demográficos,
além de conservação da base de recursos pela reorientação de critérios
ambientais nas decisões econômicas (AMARAL, 2007, p. 35).

Em conformidade com a citação acima, percebe-se que o Relatório de


Bruntland, também conhecido como Nosso Futuro Comum conceituou o
desenvolvimento sustentável como, a racionalização do uso da energia, e uma
atenção especial as necessidades básicas da população, buscando diminuir as
diferenças sociais.

Ainda sobre o tema, assevera Modé (2003,p. 62):

O objetivo de garantir o desenvolvimento nacional (CF/88, art. 3°, II) deve


ser construído de maneira a que assegure de forma eqüitativa entre as
presentes e futuras gerações condições de bem estar e de qualidade de
vida, reduzindo-se as disparidades existentes entre os padrões de vida de
toda população e as desigualdades regionais. Um desenvolvimento em que
permaneça tal nível de desigualdades como hoje experimentado não pode
ser qualificado de sustentável.
17

Para Modé, o desenvolvimento nacional deve se dar de maneira que satisfaça


as presentes gerações, e garanta as futuras gerações condições de bem estar e
qualidade de vida, diminuindo assim a diferença entre os padrões de vida da
população.

Portanto, compreender o Princípio do Desenvolvimento Sustentável estimula


o uso de diversas medidas voltadas a proteção do meio ambiente. As medidas
podem ser as tradicionais, como as formas de responsabilização jurídica, bem como
medidas de ordem econômica, tributária e outras.

Tais medidas desejam alterar condutas poluidoras e estimulam as atividades


voltadas à proteção ambiental. Como ressalta Ezcurra (apud AMARAL, 2007, p. 38):

O desenvolvimento sustentável estabelece uma gama de instrumentos


como estratégia de intervenção ambiental, e destaca de forma especial a
utilização dos instrumentos econômicos com o fim de fixar os preços dos
bens ambientais e de incentivar comportamentos de acordo com a proteção
do meio ambiente.

Dessa forma, é crescente a criação de políticas econômicas tratando do


problema ambiental, e cada vez mais, essas políticas econômicas e ambientais
usam de instrumentos reguladores, de controle, sancionadores e tributários para
atingir seus fins.

1.3 EXTERNALIDADES

A externalidade é um dos pontos mais relevantes de uma análise econômico-


fiscal da proteção ao meio ambiente, uma vez que, é através do conceito de
externalidade que se entende a função estatal e dos próprios particulares na
consecução de um bem-estar geral.

As externalidades são atividades que envolvem a imposição involuntária de


custos ou de benefícios, ou seja, que têm efeitos positivos ou negativos sobre
terceiros sem que estes tenham oportunidade de impedir e sem que tenham a
obrigação de os pagar ou o direito de ser indenizados.
18

Conforme ressalta Amaral (2007, p. 40):

As externalidades correspodem a custos e benefícios que circulam


externamente ao mercado. As empresas, na maioria da vezes, com a
produção de seus produtos geram custos sociais e não os incorporam ao
preço do produto, por uma ausência ou insuficiência de intervenção do
Estado em atribuí-la aos seus causadores. No entanto, em caso de
benefícios sociais (v.g., geração de empregos), advindos de sua instalação
em determinada região, os agentes econômicos buscam, constantemente,
obter compensação por meio de benefícios fiscais ou financeiros fornecidos
pelo Estado, como isenções e benefícios fiscais, gratuidade de infra-
estrutura para a instalação de determinadas empresas, doação de terrenos
etc.

Percebe-se então que, ao produzir, as empresas geram custos sociais e não


incorporam esses custos ao valor final do produto, isso ocorre pela ausência de uma
política estatal que fiscalize e atribua preço para esses custos sociais, enquanto que,
sempre que gerar benefícios sociais, as empresas buscam uma forma de serem
compensadas, sendo com benefícios fiscais ou recebendo vantagens para se
instalarem.

Nesse sentido, Nusdeo (2008, p. 137) ensina que:

O efeito externo verifica-se quando o arcabouço legal se mostra


incapacitado a identificar e a atribuir tais custos adequadamente. O sinal
dos preços (custos) continua falhando. Mas os custos propriamente ditos
não deixam de existir por causa disso e recaem sobre terceiros,
determinados ou indeterminados. Por essa razão, esse tipo de
externalidade é chamado custo externo ou custo social, conforme
identificáveis ou não aqueles que sofrem os efeitos. Assim, quando as
externalidades redundam em algum custo para alguém são chamadas
negativas; quando beneficiam alguém são chamadas positivas. Outro nome
utilizado é economia ou deseconomia externa, conforme se trate de
beneficio ou de custo incidindo sobre terceiros.

Desse modo, quando a atividade econômica produz benefícios à coletividade,


denominam-se externalidades positivas e, quando acarretam prejuízos à
coletividade são chamadas de externalidades negativas e devem ser internalizadas
pelo agente econômico responsável.

Conforme já dito anteriormente, as externalidades envolvem uma imposição


involuntária, estas constituem uma falha de mercado, motivo pelo qual é necessária
a intervenção do Estado através da oferta ou da criação de incentivos à oferta de
19

atividades que constituem externalidades positivas e através do impedimento ou


criação de incentivos à não produção de externalidades negativas.

1.4 PRINCÍPIO DO POLUIDOR PAGADOR

O princípio do poluidor pagador pode transmitir a falsa idéia de que os


agentes econômicos podem poluir mediante pagamento, ou ainda, de que a simples
contribuição pecuniária é capaz de assegurar-lhe o direito de degradar o meio
ambiente. No entanto, o real sentido do referido princípio é o de prevenir danos e de
responsabilizar aquele que age contra as normas de proteção ambiental, na medida
em que o poluidor deve arcar, da forma mais ampla possível, com todas as
conseqüências da prática de seu ato.

Fernando Magalhães Modé define o princípio em comento da seguinte forma:

O princípio do poluidor pagador visa à internalização dos custos relativos


externos de deterioração ambiental, e como conseqüência, a um maior
cuidado na busca de uma satisfatória qualidade do meio ambiente. Pela
aplicação deste princípio, impõe-se ao “ agente econômico “ (produtor,
consumidor, transportador, comerciante), que nesta qualificação causar um
problema ambiental, arcar com os custos da diminuição ou afastamento do
dano (MODÉ, 2003, p. 63).

Portanto, o princípio do poluidor pagador compreende a internalização das


externalidades negativas, ou seja, das externalidades que causam degradação
ambiental, além de persuadir o agente econômico à buscar formas de produção
menos agressivas ao meio ambiente, ou arcar com os custos da recuperação
ambiental em caso de dano.

O princípio do poluidor pagador pode ser abordado sob duas formas: um


preventivo, através do qual se busca evitar a ocorrência de prejuízos ambientais, de
forma que o empreendedor deve arcar com as despesas de prevenção dos danos
que sua atividade pode causar, investindo de forma consistente para que qualquer
tipo de degradação venha a ser minimizada ou anulada; e um repressivo, o qual
representa a idéia de sanção a ser aplicada àquele que causou danos ambientais,
ou seja, uma vez ocorrida a degradação, deve existir sua reparação.
20

O princípio do poluidor pagador apareceu nos textos de tratados e


convenções internacionais a partir da Declaração do Rio – 1992, da seguinte forma:

Princípio 16, da Declaração do Rio (1992): As autoridades nacionais


deverão envidar esforços no sentido de promover a internalização dos
custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos, levando em
consideração a política de que o poluidor deverá, em princípio, arcar com os
custos da poluição, considerado o interesse público e sem distorcer-se o
comércio e as inversões internacionais.

Já o autor Paulo Affonso Leme Machado ensina sobre o princípio do poluidor


pagador é, (MACHADO, 2009, p.66): “[...] aquele que obriga o poluidor a pagar a
poluição que pode ser causada ou que já foi causada.”

Impende ressaltar que, o princípio do poluidor não é uma licença para poluir.
Deve ser compreendido juntamente com outros princípios, como forma de
orientação para que os agentes econômicos adotarem práticas menos lesivas ao
meio ambiente.

1.5 PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO

O princípio da precaução representa um dos principais instrumentos na


proteção do meio ambiente, uma vez que, diversas formas de degradação ambiental
causam danos irreversíveis ao meio ambiente, tais como, por exemplo, a extinção
de uma determinada espécie.

Dessa forma, percebe-se a importância do referido princípio, pois o mesmo,


busca proteger a sociedade contra a possibilidade de determinadas atividades em
face das incertezas científicas de seus efeitos gerarem danos irreversíveis.

O princípio da precaução apareceu de forma expressa na Declaração do Rio


de Janeiro e Desenvolvimento, assim descrito:

Princípio 15, da Declaração do Rio (1992): De modo a proteger o meio


ambiente, o princípio da precaução deve ser amplamente observado pelos
Estados, de acordo com suas capacidades. Quando houver ameaça de
danos sérios ou irreversíveis, a ausência de absoluta certeza científica não
21

deve ser utilizada como razão para postergar medidas eficazes e


economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental.

Este princípio tem por base a idéia de que, não se conhecendo os danos
causados por determinada atividade, não se deve esperar para ver os danos que ela
causará, pois a postura preventiva já teria perdido sua essência, os danos já terão
sido ocasionados e serão, como na maioria das hipóteses de degradação ambiental,
irreparáveis.

O princípio da precaução atua, no momento em que, não existe


desenvolvimento científico que proporcione uma correta avaliação da proporção do
dano ambiental causado por determinada atividade, conforme explica Fernando
Magalhães Modé: “[...] Na aplicação desse princípio, o perigo de determinada
atividade, assim como as incertezas científicas sobre a existência de algum perigo,
ou mesmo da extensão do dano possível, são constantemente postos à prova.”
(MODÉ, 2003, p.51)

Desse modo, buscam-se com o princípio em comento, informações baseadas


nas melhores tecnologias existentes, a certeza da ausência de dano irreversível ao
meio ambiente, devendo em caso de dúvida sobre a segurança do meio ambiente, a
atividade pretendida ser proibida.

Assim, impende destacar que a tributação ambiental financiará as políticas


ambientais, buscando combater o perigo e a incerteza científica, conforme explica o
autor Paulo Henrique Amaral:

O princípio da precaução legitimará a utilização dos tributos ambientais na


defesa do meio ambiente, pois o custo com a precaução será internalizado
pelo efetivo ou potencial poluidor por meio da tributação ambiental, além de
incentivar a criação de políticas ambientais. Implementando pesquisas no
campo ambiental, melhoramento de tecnologias ou desenvolvimento de
“tecnologia ambiental”, além, é claro, de criar programas para a constatação
e fiscalização dos impactos que a degradação ambiental possa ocasionar.
(AMARAL, 2007, p. 146)

Portanto, em conformidade com a citação, percebe-se que, a tributação


ambiental é o instrumento utilizado para que o poluidor internalize os custos
22

referentes as pesquisas cientificas com a finalidade de comprovar os efeitos que sua


atividade poderá causar ao meio ambiente.

1.6 PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO

O princípio da precaução atua em não permitir que atividades econômicas


com os danos ambientais desconhecidos sejam permitidas, enquanto que, já no
princípio da prevenção pressupõe-se que determinada atividade possui
potencialidade ou efetividade lesiva ao meio ambiente, mas ainda assim é permitida
por ser uma atividade essencial para o desenvolvimento social, porém, essa
atividade deverá se adequar as políticas ambientais que buscam prevenir e
recuperar os danos ambientais.

O princípio da prevenção foi incorporado no Princípio 8 da Declaração do Rio


sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, sob a seguinte forma: “Para atingir o
desenvolvimento sustentável e mais alta qualidade de vida para todos os Estados
devem reduzir e eliminar padrões insustentáveis de produção e consumo e
promover políticas demográficas adequadas. “

Portanto, quando se tem conhecimento acerca dos danos, ou seja, quando se


sabe que eles vão acontecer, o melhor a se fazer é preveni-los através medidas que
buscam efetivar o princípio da prevenção, tais quais: o estabelecimento de padrões
de qualidade ambiental, o zoneamento ambiental, a avaliação de impactos
ambientais, o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente
poluidoras, os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou
absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental, sempre
com o objetivo de prevenir o dano.

Sobre o princípio da prevenção AMARAL (2007, p. 153)

Assim, em primeiro lugar, é fundamental prevenir, pois diversos casos é


impossível remover a poluição, ficando comprometida a reconstituição
natural da situação anterior à poluição. Em segundo lugar, é muito
importante prevenir, pois, mesmo sendo possível a reconstituição in natura,
freqüentemente ela é tão onerosa que o poluidor não conseguirá
restabelecê-la à situação anterior. Por fim, é preferível prevenir por ser mais
dispendioso remediar.Portanto, o custo das medidas necessárias a evitar a
23

ocorrência de poluição é, em geral, muito inferior ao custo das medidas de


despoluição após a ocorrência de dano.

Assim, compreende-se que, mais vale prevenir do que remediar, uma vez
que, o custo das medidas preventivas é muito inferior ao das medidas de
recuperação ambiental após a ocorrência do dano.

Pelo exposto, percebe-se que o poluidor é quem deve assumir o custo da


prevenção, adotando mecanismos de controle e eliminação da poluição produzida
por sua atividade, sendo a tributação ambiental responsável por induzir o poluidor a
internalizar as externalidades negativas ambientais.

1.7 PRINCIPIO DA COOPERAÇÃO

O princípio da cooperação está presente no caput do art. 225 da Constituição


Federal, ao impor ao Poder Público e a coletividade o dever de defender e preservar
o meio ambiente para as presentes e futuras gerações, tal princípio está presente
também no Princípio 10 da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, sob a seguinte maneira: “A melhor maneira de tratar questões
ambientais é assegurar a participação, no nível apropriado, de todos os cidadãos
interessados. [...]”

Este princípio destina-se a propiciar uma parceria entre Estado e sociedade


na criação e fiscalização de políticas de proteção ambiental que efetive a proteção
do meio ambiente, ou seja, a finalidade desse princípio é que a sociedade exerça
seu direito a informação e assim participe das decisões fundamentais sobre o meio
ambiente.

Nesse contexto, ensina Derani (apud MODÉ, 2003, p.50) que o princípio da
cooperação é:

Pode-se dizer que o princípio da cooperação é resultado de uma divisão de


funções dentro da ordem econômica fundada nas relações de mercado. Sua
concretização, como princípio do direito ambiental e do direito econômico
simultaneamente, se dá, por exemplo, quando se determina a divisão dos
custos de uma política ambiental, implicando uma negociação constante
entre as atividades do Estado e do Cidadão.
24

Assim, para que princípio ora comentado se efetive é necessário essa relação
entre Estado e sociedade, o Estado na parte de criação de políticas de proteção
ambiental, enquanto que, a sociedade indica suas reais necessidades.

O princípio da cooperação também estar relacionado à tributação ambiental,


uma vez que, é dever de todos contribuir, por meio do pagamento dos impostos para
financiar as políticas de proteção ambiental promovidas pelo Estado, pois executar
políticas de prevenção, reparação e sustentabilidade gera custo ao erário.

2 CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS

A Pesquisa Científica visa conhecer cientificamente um ou mais aspectos de


determinado assunto. Para tanto deve ser sistemática, metódica e crítica,
contribuindo para o avanço do conhecimento humano.
25

Conforme LAKATOS e MARCONI (2009, p.176) “toda pesquisa implica o


levantamento de dados de várias fontes, quaisquer que sejam os métodos ou
técnicas empregadas.”

Assim, a pesquisa científica permite o surgimento do desejo de investigação


diante dos trabalhos e problemas sugeridos e propostos pelos professores e
orientadores.

2.1. Metodologia

Em harmonia com as normas metodológicas pertinentes a textos


monográficos, percebe-se ao analisar o texto que, o mesmo está classificado quanto
ao seu tipo como texto de pesquisa exploratória, uma vez que trata de explorar
problemas e apontar rumos para que sejam solucionados.

Dessa forma, ensina Gil (apud BERTUCCI, 2009, p. 48):

(...) a pesquisa exploratória têm como objetivo proporcionar maior


familiaridade com o problema com vistas a torná-lo mais explícito ou
construir hipóteses. Pode-se dizer que tais pesquisas têm como objetivo
principal o aprimoramento de idéias ou a descoberta de intuições. Seu
planejamento é, portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a
consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado.

A pesquisa bibliográfica é desenvolvida através de livros, publicações em


jornais e artigos científicos, conforme explica Lakatos e Marconi (2009, p.185)

A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda bibliografia


já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações
avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses,
material cartográfico etc., até meios de comunicação orais: rádio, gravações
em fita magnética e audiovisuais: filmes e televisão. Sua finalidade é colocar
o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado
sobre determinado assunto, inclusive conferências seguidas de debates que
tenham sido transcritos por alguma forma, quer publicadas, quer gravadas.

Esta pesquisa tem como objetivo explicitar e construir hipóteses acerca da


tributação ambienta e sua eficácia como instrumento de proteção ambiental,
26

aprimorando as idéias, fundamentando o assunto em questão abordado na


pesquisa. Para tanto, esse tipo de pesquisa envolve um levantamento bibliográfico,
o qual deverá ser feito em diversas fontes, buscando consultar obras respeitáveis e
atualizadas.

3 A TRIBUTAÇÃO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇAO AMBIENTAL

O direito é o meio pelo qual o Estado realizará suas políticas ambientais,


regulamentando as atividades econômicas relacionadas à degradação ambiental.
Dentre os instrumentos à disposição do Estado para a intervenção na economia,
tendo em vista a defesa do meio ambiente, é o sistema tributário, conforme se
depreende do art. 174, caput, da Constituição Federal: “Como agente normativo e
27

regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de


fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público
e indicativo para o setor privado.”

Dessa forma, sempre que o meio ambiente estiver sob risco ou já tiver sido
poluído na exploração de determinada atividade econômica, o Estado intervirá para
regulá-la.

A intervenção do Estado como ente ordenador da atividade econômica em


face da defesa do meio ambiente é inafastável, devendo criar medidas tributárias
eficazes de proteção ambiental, objetivando desenvolver sistemas preventivos,
evitando a ocorrência do dano ecológico, conforme aponta Ezcurra (apud AMARAL,
2007, p.50) que:

Os tributos ecológicos ou a ambientalização do sistema fiscal podem e


devem ajudar à consecução dos objetivos do desenvolvimento sustentável,
quando sabiamente combinados e complementados com outras políticas.

Assim, percebe-se da leitura da citação, que, os tributos ambientais devem


ser usados como meio para atingir os objetivos do desenvolvimento sustentável.

3.1 FISCALIDADE E EXTRAFISCALIDADE

Em consonância com a utilização da tributação como mecanismo de


validação de políticas públicas ambientais, passa-se a estudar as formas pelas quais
o Estado pode intervir no setor privado, direcionando o sistema tributário e tornando
efetiva a proteção do meio ambiente. Dessa forma, se faz necessário o estudo a
respeito das funções que um tributo pode assumir no ordenamento jurídico pátrio:
fiscal e extrafiscal.

Tradicionalmente, os tributos são dotados de função fiscal, que visam


exclusivamente à arrecadação de recursos necessários a realização das atividades
estatais, tal função é tida como primordial, pois é necessária para abastecer os
cofres do Estado e assim permite que o mesmo realize seus deveres.

Sobre o tema, MACHADO (2009, p. 26) aborda que:


28

A tributação é sem sombra de dúvida, o instrumento de que se tem valido a


economia capitalista para sobreviver. Sem ele não poderia o Estado realizar
seus os seus fins sociais, a não ser que monopolizasse toda a atividade
econômica. O tributo é inegavelmente a grande e talvez única arma contra a
estatização da economia.

Então, no aspecto fiscal, os tributos arrecadam fundos para que o Estado


tenha capacidade de por em prática suas atividades, buscando determinados fins
socais.

Já a função extrafiscal dos tributos, é aquela com fins distintos ao de angariar


fundos para realização dos fins estatais, o fim pretendido pela extrafiscalidade é
direcionar a conduta dos contribuintes, sendo assim, é adotada pelo Estado como
forma de corrigir as externalidades negativas geradas pelas atividades econômicas.

Conforme ensina Paulo de Barros Carvalho:

A experiência jurídica nos mostra, porém, que vezes sem conta a


compostura da legislação de um tributo vem pontilhada de inequívocas
providências no sentido de prestigiar certas situações, tidas como social,
política ou economicamente valiosas, às quais o legislador dispensa
tratamento mais confortável ou menos gravoso. A essa forma de manejar
elementos jurídicos usados na configuração dos tributos, perseguindo
objetivos alheios aos meramente arrecadatórios, dá-se o nome de
extrafiscalidade CARVALHO (2010, p. 287).

Dessa forma, entende-se que, as vezes os tributos vem em sua forma


extrafiscal, beneficiando atividades tidas como social, política ou economicamente
necessárias.

Neste contexto, impende ressaltar que os incentivos fiscais, representam o


meio pelo qual o caráter extrafiscal se concretiza com a finalidade de proteger o
meio ambiente. Esses incentivos podem ser considerados os principais instrumentos
a serem manipulados pelo poder público em busca da efetivação do direito ao bem
ambiental.

E assim se percebe que o caráter extrafiscal prevalece na utilização dos


tributos e incentivos fiscais voltados à questão ambiental, pois seu escopo é orientar
29

condutas não poluidoras e coibir as agressoras ao meio ambiente, ficando a função


arrecadatória em um segundo plano.

Apesar da prevalência do caráter extrafiscal não significa que a função fiscal


não tenha importância na tributação ambiental. O caráter fiscal dos tributos aparece
quando as espécies tributárias são conduzidas no sentido de captar e disponibilizar
recursos destinados a financiar programas de proteção ambiental.

Contudo, embora se diferencie nos conceitos, deve-se ressaltar que não há


como separar os sinais de fiscalidade e extrafiscalidade de um tributo. Não é
possível afirmar que existe uma espécie tributária pura, com o fim exclusivo de
arrecadar fundos ou apenas de incentivar determinadas condutas.

Conforme o ensinamento de Carvalho (2010, p.288)

[...] Não existe, porém, entidade tributária que se possa dizer pura, no
sentido de realizar tão só a fiscalidade, ou, unicamente, a extrafiscalidade.
Os dois objetivos convivem, harmônicos, na mesma figura impositiva, sendo
apenas lícito verificar que, por vezes, um predomina sobre o outro.

Percebe-se, então, que as duas funções, fiscal e extrafiscal, podem conviver


harmoniosamente na mesma figura impositiva, sendo apenas viável constatar a
predominância de um sobre o outro.

3.2 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

O princípio da legalidade estabelece que os tributos só podem ser criados e


modificados por meio de lei, dessa forma, exclui-se a arbítrio, limitando o poder de
tributar, concretizando-se assim numa proibição em desfavor da sociedade, estando
previsto no artigo 150, inciso I da Constituição federal: “Art. 150: Sem prejuízo de
outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao
Distrito federal e aos Municípios: I – exigir ou aumentar tributos sem que lei o
estabeleça.”

Luciano Amaro ensina que: “O princípio é informado pelos ideais de justiça e


segurança jurídica, valores que poderiam ser solapados se à administração pública
30

fosse permitido, livremente, decidir quando, como e de quem cobrar tributos.”


(AMARO, 2010, p. 133)

Dessa forma, pretende-se com o princípio da legalidade, buscar a segurança


jurídica, ou seja, impedir que os tributos sejam alterados arbitrariamente.

Sobre o princípio da legalidade, Modé (2003, p.77-78) estabelece que:

[...] se excluem do âmbito do Direito Tributário as demais fontes de Direito,


tais como os usos e costumes; os acordos firmados entre particulares e as
decisões jurisprudenciais, importantes enquanto construção exegética,
entretanto não capazes de instituírem ou alterarem qualquer imposição
tributária.

Assim, percebe-se que somente a lei pode instituir e modificar os tributos,


uma vez que, as demais fontes do direito são capazes de criar ou modificar
imposições tributárias.

Todavia, se faz necessário respeitar o princípio da legalidade para que a


tributação seja válida e eficaz na sua totalidade, de modo que todo incentivo fiscal a
atitudes preservacionistas ou tributo com caráter de reprovação de condutas
poluidoras, sejam frutos de leis corretamente elaboradas, livre de vícios que as
tornem ineficientes e desprovidas de eficácia na esfera jurídica.

3.3 PRINCÍPIO DA TIPICIDADE

O princípio da legalidade aplicado à matéria tributária exige que a lei seja a


fonte exclusiva na criação e modificação dos tributos. Porém, corroborrando com o
princípio da legalidade encontra-se o principio da tipicidade, que determina que, a lei
deve ser criada de forma adequada, ou seja, a lei deve adequar o fato à norma legal,
devendo conter os elementos estruturais que compõem qualquer tributo, tais como:
a definição do fato gerador, o sujeito passivo, a fixação da alíquota e a base de
cálculo, hipótese de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, dentre
outros.

Ao explicar o princípio da tipicidade Amaro (2010, p.134) ensina que:


31

A lei deve esgotar, como preceito geral e abstrato, os dados necessários à


identificação do fato gerador da obrigação tributária e à quantificação do
tributo, sem que restem à autoridade poderes para, discricionariamente,
determinar se “ A “ irá ou não pagar tributo, em face de determinada
situação. Os critérios que definirão se “ A “ deve ou não contribuir, ou que
montante estará obrigado a recolher, devem figurar na lei e não no juízo de
conveniência ou oportunidade do administrador público.

Assim, entende-se que a autoridade administrativa não possui o poder de


decidir se o tributo é devido ou o quanto é devido, uma vez que, tanto o fato gerador
da obrigação tributária, como a quantificação do tributo devem estar previstas na lei,
obedecendo ao princípio da tipicidade.

Uma vez que, não se pode invocar, para a caracterização dos fatos,
elementos estranhos aos contidos no tipo legal, a tipicidade tributária divide-se em
fechada, aquela tipicidade que os tributos só estão aptos a produzir efeitos no
mundo jurídico quando adequadamente e expressamente descritos na legislação, e
aberta que é quando o aplicador da lei tem a liberdade para preencher as lacunas
referentes aos elementos necessários a tributação através da analogia.

Nesse contexto, vale ressaltar que, a tipicidade fechada não exclui a


interpretação ou a integração da lei tributária, mas, busca afastar o emprego da
analogia e discricionariedade na implantação e modificação dos tributos.

Portanto, a interpretação de uma lei tributária de finalidade ambiental deve adequar-


se, segundo as normas de integração e interpretação admitidas no Direito Tributário,
às inovações conceituais ou descobertas científicas de caráter ambiental.

3.4 PRINCÍPIO DA IGUALDADE

O princípio da igualdade se elevou à categoria de direitos humanos em 1948,


quando incorporado no artigo 1° da Declaração Universal dos Direitos Humanos,
“todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direito”. Desde então
passou a integrar as constituições modernas, estando descrito na Constituição
Federal brasileira em seu artigo 5°, “todos são igual perante a lei”.
32

O princípio é particularizado, na esfera tributária, no artigo 150, II, que proíbe


“instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação
equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou
função por eles exercida [...]”.

Sobre o princípio da igualdade ensina Amaro (2010, p. 158):

Esse princípio implica, em primeiro lugar, que, diante da lei “x”, toda e
qualquer pessoa que se enquadre na hipótese legalmente descrita ficará
sujeita ao mandamento legal. Não há pessoas que possam, sob tal pretexto,
escapar do comando legal, ou ser dele excluídas. Até aí, o princípio da
igualdade está dirigido ao aplicador da lei, significando que este não pode
diferenciar as pessoas, para efeito de ora submetê-las ora não, ao
mandamento legal (assim como não se lhe faculta diversificá-las, para o fim
de ora reconhecer-lhes, ora não, benefício outorgado pela lei). Em resumo
todos são iguais perante a lei. Mas há um segundo aspecto a ser analisado,
no qual princípio se dirige ao próprio legislador e veda que ele dê tratamento
diverso para situações iguais ou equivalentes. Ou seja, todos são iguais
perante o legislador (= todos devem ser tratados com igualdade pelo
legislador).

Dessa forma, percebe-se que, é vedado ao aplicador, durante a aplicação da


lei discriminar, além de não está o legislador autorizado ao criar a lei, fazer
discriminações, evitando assim, perseguições e favorecimento.

Impende destacar- que, o princípio da igualdade não é absoluto, o princípio


em comento permite um tratamento tributário diferenciado, uma vez que, o
tratamento deve ser igual aos iguais e diferenciado aos desiguais. Cada um deve
submeter-se ao ordenamento jurídico na mesma proporção e forma que seus iguais
forem submetidos.

Nesse Contexto, ensina Amaral (2007, p. 84):

Assim, conseqüentemente, acredita-se que deverá haver tratamento


tributário isonômico para contribuintes que produzem o mesmo nível de
poluição ambiental e, por fim, tratamento desigual para contribuintes que
ocasionem níveis de poluição diferentes, pois só assim estar-se-á
incentivando a proteção ambiental e o desenvolvimento sustentável e, em
contrapartida, desestimulando a degradação ambiental.
33

Portanto, na tributação ambiental, o impacto provocado pela atividade


econômica é que definirá a obrigação tributária.

3.5 PRINCÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA

O princípio da capacidade contributiva, objetiva indicar um limite máximo,


além do qual, ninguém pode legitimamente estar obrigado a contribuir, estando
previsto na Constituição Federal em seu artigo 145, § 1° ao prescrever que “sempre
que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a
capacidade econômica do contribuinte [...]”.

Dessa forma, é sabido que toda a sociedade tem o dever de custear as


políticas de proteção ambiental promovidas pelo Estado, porém. O que se pretende
com o princípio em análise é que cada indivíduo contribua de acordo com suas
condições, sem que a contribuição se torne um empecilho em seu sustendo ou que
se caracterize com efeito confiscatório, o que é proibido no direito tributário
brasileiro.

Neste contexto, veja-se os ensinamentos de Amaro (2010, p. 162):

O princípio da capacidade contributiva inspira-se na ordem natural das


coisas: onde não houver riqueza é inútil instituir imposto, do mesmo modo
que terra seca não adianta abrir poço à busca de água. Porém, na
formulação jurídica do princípio, não se quer apenas preservar a eficácia da
lei de incidência [...]; além disso, quer-se preservar o contribuinte, buscando
evitar que uma tributação excessiva [...] comprometa os seus meios de
subsistência, ou o livre exercício de sua profissão,ou a livre exploração de
sua empresa, ou o exercício de outros direitos fundamentais, já que tudo
isso relativiza sua capacidade econômica.

É necessário destacar que, mesmo a Constituição Federal, ao incorporar o


princípio em análise, o tenha relacionado somente com os impostos, sua atuação
atinge todas as espécies tributárias, exercendo assim a função de limitar à atividade
de tributar do Estado, como forma de se garantir os direitos fundamentais da
sociedade.
34

No campo tributário ambiental, este princípio atua como verdadeira limitação


à tributação ambiental para que esta seja manejada de forma legal, sem apresentar
ofensa aos direitos e garantias individuais do contribuinte.

4 A TRIBUTAÇÃO AMBIENTAL NA ATUALIDADE

Não resta dúvida que a garantia de um meio ambiente saudável, prevista no


artigo 225 da Constituição Federal, está ligada aos fundamentos e princípios
presentes no decorrer deste trabalho e que o direito tributário, quando utilizado para
promover a proteção ambiental, atua como um dos instrumentos mais eficientes
para sua efetivação.

Dessa forma, neste capítulo serão abordadas as espécies tributárias


existentes no direito tributário e que se compatibilizam com a tributação ambiental,
analisando suas características ficais e extrafiscais. e de que forma podem estes ser
utilizados como mecanismo de intervenção do Estado em busca da condução da
sociedade para a preservação ambiental.
35

4.1 IMPOSTOS

O imposto é uma espécie tributária cujo pagamento é efetuado pelo


contribuinte sem que o Estado tenha oferecido uma contraprestação direta a ele.
Trata-se de uma prestação geral que tem por objetivo é arrecadar dinheiro para os
cofres públicos, custeado assim as necessidades sociais, sendo classificado, como
um tributo não vinculado a uma prestação estatal.

Nesse Contexto, Roque Antonio Carraza ensina:

Deveras, o imposto encontra seu fundamento de validade, apenas, na


competência tributária da pessoa política, não havendo necessidade, para
que ele seja instituído e cobrado, de que o Poder Público desenvolva, em
relação ao contribuinte, qualquer atividade específica. É nesse sentido que
muitos juristas chamam o imposto de tributo sem causa. Sem causa não por
que ele não tenha fato imponível, mas porque não há necessidade de a
entidade tributante oferecer qualquer contrarestação direta a quem o paga.
CARRAZA (2003, p.463)

Assim, não há relação entre o valor pago em impostos o e o benefício que o


Estado irá lhe proporcionar.

Os impostos para a defesa do meio ambiente poderão ser utilizados de forma


direta, quando a instituição de imposto possui como hipótese de incidência tributária
a poluição ambiental ou a utilização dos recursos ambientais; e de forma indireta,
mediante o uso de incentivos fiscais com a finalidade de desenvolver no contribuinte
um comportamento ambiental considerado adequado.

A Constituição Federal não previu imposto de natureza ambiental, que tenha


por fato gerador a degradação do meio ambiente ou o uso dos recursos naturais,
portanto, não existe, no Brasil, um imposto ambiental direto.

Dessa forma, a ausência de um imposto ambiental direto fez com que o


legislador utilizasse o imposto de forma indireta, através da concessão de incentivos
fiscais. A implementação desses estímulos por intermédio da extrafiscalidade, tem a
finalidade de estimular nos contribuintes um comportamento mais favorável ao meio
ambiente.
36

Os impostos ambientais indiretos, ou seja, os benefícios fiscais têm o papel


re-orientador da atividade econômica, servindo para estimular comportamentos
menos agressivos ao meio ambiente, ou incentivar a instalação de novas
tecnologias que diminuam a emissão de poluentes no meio ambiente, além
beneficiar os empreendimentos que são ambientalmente corretos.

Nesse sentido, no Brasil, foram editadas leis, no âmbito federal, estadual e


municipal, estabelecendo incentivos fiscais para aqueles que contribuem de alguma
forma para a proteção ambiental. Esses incentivos fiscais concedidos à essas
empresas possuem o caráter extrafiscal e busca adequar um comportamento.

O primeiro tributo no ordenamento brasileiro a ser empregado com função


ambiental, foi o imposto de renda, IR, por previsão inserida na Lei n.º 5.106, de 02
de setembro de 1966, que estabelece a possibilidade de abatimento ou desconto
nas declarações de rendimento de pessoas físicas ou jurídicas, dos recursos
empregados em florestamento ou reflorestamento. Objetivando à proteção do meio
ambiente cultural, foi promulgada a Lei Rouanet (Lei n.º 8.313, de 23 de dezembro
de 1991), que determina que os contribuintes podem deduzir do imposto de renda as
quantias despendidas em doações ou patrocínios de produções culturais.

A função ambiental do imposto sobre produtos industrializados, IPI, está


ligada à seletividade, introduzida segundo o critério de essencialidade de um
produto, ou seja, essencialidade refere-se à adequação dos produtos à realidade do
país: os produtos essenciais à existência devem ser tratados mais brandamente sob
o ponto de vista tributário, ao passo que as maiores alíquotas devem ser reservadas
aos produtos de consumo fútil.

Alguns outros impostos já são utilizados com fins ambientais, é o caso do


imposto territorial rural, ITR, que incentiva à preservação de áreas verdes nas
propriedades rurais; imposto sobre veículo automotor, IPVA, ao permitir a
progressividade da alíquota no caso de veículo movido a combustível menos
poluente; além do o imposto territorial urbano, IPTU, que permite a progressividade
da alíquota no caso de não cumprimento das funções sociais, entre elas, a
preservação ambiental, entre outros impostos.

No entanto, impende destacar que, o imposto ambiental indireto que tem se


destacado é o imposto sobre circulação de mercadorias e serviços vem sendo
37

utilizado desde 1991 com típica função ambiental, ficando conhecido como ICMS
Ecológico. Sua utilização no sentido de viabilização e manutenção de atividades que
preservem o meio ambiente nos Municípios vem sendo importante fonte de gestão
ambiental.

De acordo com o direcionamento indicado pela CF, alguns Estados passaram


a usar critério ambiental para redistribuição da parcela do imposto, gerando elevada
conscientização sobre a postura preservacionista nos Municípios. Sendo assim,
cada Município recebe montantes proporcionais aos compromissos ambientais por
ele assumidos.

Conforme ensinam Fernando Facury Scaff e Lise Vieira da Costa Tupiassu


(apud SPAGOLLA, 2008, p.135):

Através dos debates estaduais são estabelecidos diversos critérios de


mensuração do valor a ser recebido a título de repasse financeiro, sempre
levando em conta as peculiaridades naturais de cada região. Daí porque
cada um dos Estados que se utilizam do sistema estabelece diferentes
montantes a serem repartidos segundo a apreciação de diferentes aspectos
ecológicos sociais. Os valores e critérios legalmente estabelecidos passam
então a ser quantificados diante dos dados fáticos, proporcionando a
definição de um ranking ecológico dos municípios. Deste modo, cada
município receberá um montante proporcional ao compromisso ambiental
por ele assumido, o qual será incrementado conforme a melhoria da
qualidade de vida da população.

Percebe-se então, que não se trata de um novo imposto, mas sim, da


adequação do ICMS aos fins ecológicos, onde os municípios passam a receber sua
parcela tributária com base em seus empenhos em preservar o meio ambiente.

Enfim, com base nos exemplos citados de uso indireto de impostos para a
proteção ambiental e percebe-se a importância e a viabilidade do direcionamento
desta modalidade tributária para a efetivação das garantias constitucionais relativas
ao meio ambiente.

4.2 TAXAS

As taxas devem ser cobradas pela pessoa política tributante, no âmbito de


suas competências, sempre que houver o exercício do poder de polícia ou a
38

utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis,


prestados ao contribuinte ou postos à sua disposição.

O poder de polícia se evidencia quando os interesses individuais e


particulares dos poluidores ficam limitados e condicionados ao interesse público e
direitos de todos a um meio ambiente ecologicamente equilibrado. Dessa forma, a
proteção ambiental representa o interesse coletivo, e comporta a utilização desta
espécie tributária com o objetivo de buscar financiar a fiscalização de atividades
potencialmente poluidoras ou na adoção serviços públicos de natureza ambiental
prestados ou colocado a disposição.

Sobre as taxas como tributo ambiental, ensina Amaral (2007, p. 172)

A tributação ambiental por meio de taxas obriga o poluidor-contribuinte a


suportar o custo dos serviços públicos necessários à preservação e
recuperação do meio ambiente ou à fiscalização ou monitoramento de
atividades econômicas relacionadas com a potencialidade ou efetiva
lesividade ao meio ambiente.

Assim, percebe-se que através das taxas, a tributação ambiental pode


transferir os custos com a fiscalização e preservação do meio ambiente para o
contribuinte, induzindo-o a adotar medidas de preservação ambiental.

É preciso lembrar que, a base de cálculo das taxas ambientais será o custo
da atividade administrativa, devendo esta guardar razoável equivalência aos valores
representados pelo serviço público ambiental, afinal, a instituição da espécie
tributária está vinculada a uma atividade estatal, porém, sem deixar de lado o custo
do atividade administrativa de proteção ambiental, deve-se respeitar o princípio da
igualdade, portanto, tratar os iguais de forma isonômica e os diferentes de um
maneira diferente, ou seja, os que poluem menos não podem contribuir na mesma
proporção dos que mais poluem.

Deste modo, foi instituída pela Lei n.º 10.165, de 27 de dezembro de 2000 a
Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental, TCFA, cujo o fato gerador é o poder de
polícia exercido pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis,
IBAMA, no controle e fiscalização das atividades potencialmente poluidoras e
utilizadoras dos recursos ambientais.
39

Por fim, percebe-se a relevância da Taxa de Controle e Fiscalização


Ambiental como instrumento controlador e fiscalizador do meio ambiente, restando
ao poder público vincular essa espécie tributária a outros aspectos ambientais, com
o fim de preservação ambiental.

4.3 CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA

A contribuição de melhoria está prevista no artigo 145 da Constituição


Federal, estando ela relacionada à valorização dos imóveis de particulares pela
realização de obras públicas, e a ser cobrada tem como limite total a despesa
realizada e, como limite individual, o valor que a obra beneficiou cada imóvel.

Conforme os ensinamentos de Luciano Amaro sobre contribuições de


melhoria:

A valorização das propriedades adjacentes é diretamente proporcional à


melhoria que advenha da obra pública. A valorização é a medida da
melhoria. À vista do engate necessário entre melhoria e valorização, onde
esta inexistir, descabe, a nosso ver, a contribuição. O tributo não se legitima
pela simples realização da obra.

Portanto, entende-se que para se instituir a contribuição de melhoria a obra


pública deve gerar valorização nos imóveis adjacentes, caso não valorize as
propriedades, não porque se falar na cobrança do tributo.

Faz-se necessária a tributação por meio da contribuição de melhoria, pois o


Estado ao realizar a construção das obras públicas está atendendo o interesse da
coletividade, porém, as obras públicas acabam valorizando os imóveis próximos,
não sendo justo utilizar recursos arrecadados de toda a coletividade para beneficiar
um pequeno grupo de pessoas.

Assim, entende-se que esta espécie de tributos pode destinar-se à proteção


ambiental, uma vez que, poderão ser construídas obras públicas de natureza
ambiental que produzam ao sujeito passivo a valorização de suas propriedades
imóveis, como por exemplo, a construção de praças, parques, praças e bosques,
entre outros.
40

Regina Helena Costa (apud SPAGOLLA, 2008, p. 141) ao escrever sobre a


viabilidade da utilização dessa espécie tributária com fins ambientais afirma que:

Cremos que a contribuição de melhoria, outrossim, pode prestar-se à


proteção do meio ambiente. Pressuposto necessário para a sua exigência é
a realização de obra pública que venha a provocar a valorização imobiliária
particular (art. 145, III, CF). [...] Logo, se a obra pública causadora da
valorização imobiliária voltar-se à preservação ambiental, como, por
exemplo, a construção de parque urbano, poder-se-á exigir uma
contribuição de melhoria ‘verde’.

Percebe-se então que, a contribuição de melhoria pode ser usada como


instrumento de proteção ambiental, desde que, a obra pública construída e que
valorizou os imóveis adjacentes, seja de cunho ambiental, é devida a cobrança da
espécie tributária em questão.

Ainda sobre a contribuição de melhoria, Lise Vieira da Costa Tupiassu,


entende que:

Assim, utilizando-se da própria estrutura legal já existente, e considerando a


clara valorização imobiliária trazida pelas obras públicas voltadas para a
recuperação do meio ambiente degradado, ou que propiciem a sua
preservação, possível e desejável é a inclusão de efeitos extrafiscais em tal
tributo, de modo a promover uma maior socialização dos custos de
despoluição, provendo o poder público de recursos que lhe propiciem uma
maior e melhor execução de sua função ambiental.

Assim, através da cobrança da contribuição de melhoria, o Estado será


ressarcido dos valores gastos a título de preservação ou recuperação ambiental,
podendo assim dar início as outras políticas de caráter ambiental. Além de
condicionar o comportamento dos poluidores, para que não voltem a poluir uma vez
que os custos da reconstituição ambiental serão custeado por eles.

Sendo assim, entende-se que as contribuições de melhoria podem ser


empregadas na melhoria das condições de vida da população atingida pela
preservação ambiental, pois, além de possuir função arrecadatória, também é
dotado de extrafiscalidade, buscando estimular a consciência ambiental, viabilizando
a construção de obras públicas ambientais e modificando as condutas sociais em
função da proteção ambiental.
41

4.4 EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO

A Constituição Federal, em seu artigo 148, traz a figura do empréstimo


compulsório ao prescrever que a União pode cobrar, através da edição de uma lei
complementar, empréstimos compulsórios para atender despesas extraordinárias
decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou de sua iminência, bem
como nas hipóteses de investimento público relevante de caráter urgente e de
interesse nacional.

Por vez, ao analisar os casos em que a União está apta a instituir o


empréstimo compulsório, é fácil imaginar sua atribuição as causas ambientais.
Uma vez que podem ocorrer fatos ou desastres ambientais que representem
verdadeira calamidade pública, exigindo medidas urgentes por parte da sociedade e
do poder público com o objetivo de neutralizar ou minimizar seus efeitos sobre o
meio ambiente.

Dessa forma percebe-se que calamidade pública, é aquela que provocada por
agentes naturais ou eventos de caráter socieoeconômico que ponham em perigo o
equilíbrio social.

Por calamidade pública de natureza ambiental, Amaral (2007, p. 191) entende


que:

Interessante salientar que calamidade pública de natureza ambiental pode


ser catástrofes provocadas por fatos ou agentes da natureza, tais como
enchente, inundações, queimadas descontroladas; desmoronamento de
encostas e morros; vendaval que destruam cidades inteiras etc.
Calamidades públicas de natureza ambiental também podem ser
provocadas por atos humanos que desencadeiam desastres ecológicos, por
exemplo, os acidentes ocorridos em Sevezo e Bhopal que resultaram em
catástrofes vitimando diversas pessoas, alem da perda inrreparável de
biomassa.

Portanto, calamidade pública de natureza ambiental pode ter duas origens


sejam elas: a natural que é desencadeada por eventos da natureza, e as
decorrentes da ação humana.

Assim como nas calamidades públicas ambientais, podem os empréstimos


compulsórios servir à proteção ambiental nos casos em que a situação requer
42

investimento público urgente e de interesse nacional, já que o meio ambiente é um


direito difuso, ou seja, ultrapassa a individualidade do titular para atingir a sociedade
como um todo.

A lei complementar que instituir o empréstimo compulsório fixará,


obrigatoriamente, seu prazo e as condições para a devolução integral do valor
arrecadado junto ao contribuinte, sob pena de confisco. Além do que os recursos
arrecadados estão vinculados ao motivo do empréstimo compulsório, não podendo
então esses fundos serem usados para fins diferentes.

Por fim, é possível a utilização de empréstimos compulsórios nas hipóteses


de dano ambiental que resultem em calamidades públicas, ou na exigência de
investimentos urgentes e de interesse nacional, podendo a União, por meio de lei
complementar, instituir tal espécie tributária e vincular o emprego da arrecadação
aos fatores que a fundamentou.

4.5 CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇAO NO DOMÍNIO ECONÔMICO – CIDE

Das modalidades de contribuições sociais previstas no artigo 149 da


Constituição Federal, a CIDE, instituída em virtude da intervenção do poder público
no setor econômico, é de competência exclusiva da União. Importante ressaltar que
esse tributo só poderá ser utilizado em função do setor econômico que motivou sua
criação.

É da junção dos artigos 149 e 170 da Constituição Federal que faz nascer à
contribuição de intervenção no domínio econômico de caráter ambiental, que
assume a natureza de tributo vinculado estando destinada sua arrecadação
diretamente ao desenvolvimento de políticas de defesa do meio ambiente ligadas ao
setor econômico que motivou sua instituição.

A aplicação da CIDE está condicionada ao princípio da igualdade, pois os


agentes econômicos que desenvolverem atividades econômicas poluidoras
suportarão o ônus por precaver, prevenir e recuperar o meio ambiente afetado por
sua poluição, enquanto que, o os produtores que não causam poluição ambientais
não estarão sujeitos a esse ônus tributário.
43

Nesse contexto, ensina Amaral (2007, p.186-187)

Portanto, a Cide poderá ser utilizada na proteção ambiental, quando


determinada atividade econômica desrespeitar o princípio de defesa
ambiental da ordem econômica brasileira, inclusive mediante tratamento
diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de
seus processos de elaboração e prestação.

A CIDE combustível, por exemplo, traz elementos de proteção ambiental, ao


destinar parte da receita arrecadada para custear projetos de caráter ambiental
voltados para atender o desenvolvimento sustentável.

Destarte, a CIDE em relação a todas as atividades que venham a degradar o


meio ambiente deve representar a melhor forma de se regular o exercício de tais
atividades econômicas, pois atinge somente os setores que estiverem causando
danos ambientais, além de vincular a receita obtida à proteção ambiental.
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CONCLUSÃO

Conclui-se da pesquisa que, o meio ambiente é uma garantia fundamental


presente no artigo 225 da Constituição Federal, portanto, por ser ele de fundamental
importância deve ser preservado pelo Estado, através de suas políticas públicas de
proteção ambiental e pela sociedade, efetivando assim o desenvolvimento
sustentável, ou seja, preservando o meio ambiente para a presente e futuras
gerações.

Assim, ao aliar o direito ambiental ao direito tributário, percebe-se simetria


existente entre eles, uma vez que, seus princípios constituem elementos que
proporcionam aos tributos tornarem-se instrumentos de proteção ambiental.

Neste contexto, o direito Tributário, usado a favor do meio ambiente, mostrou-


se como um poderoso instrumento de proteção ambiental, seja ele usado com
função, para arrecadar fundos para financiar as políticas públicas ambientais do
Estado, ou em sua função extrafiscal, que visa condicionar o comportamento dos
empreendedores para que busquem novas técnicas e tecnologias menos danosas
ao meio ambiente.

Dessa forma, ao analisar as espécies tributárias existentes no Sistema


Tributário Nacional, entende-se que elas podem se ajustar à proteção ambiental,
pois alguns Impostos já são usados na defesa do meio ambiente, através de
concessão de incentivos fiscais aos contribuintes com um comportamento ambiental
correto, e ao angariar fundos para realização de políticas públicas ambientais.

Já as taxas de controle e fiscalização ambiental, cobradas pelo IBAMA,


poderão ser instituídas pelos serviços de limpeza e recuperação do meio ambiente
pelo poder público, além do poder de polícia exercido no controle das atividades
poluidoras.

A contribuição de melhoria atinge sua finalidade de proteção ambiental


quando o poder público ao realizar a construção de obrar públicas ambientais, como
reservas, praças, bosques, cause a valorização os imóveis adjacentes.

Os empréstimos compulsórios podem ser instituídos com a finalidade de


proteger o meio ambiente, desde que ocorra uma calamidade pública decorrente de
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desastre ecológico, necessitando de recursos urgentes para sanar ou minimizar


seus efeitos, estando esse empréstimo vinculado à situação que lhe deu causa.

Por ultimo, a contribuição de intervenção no domínio econômico apresenta


sua eficácia com instrumento de proteção ambiental quando for arrecadada e
destinada a corrigir as externeladidades negativas provocadas pelo setor econômico
que motivou sua instituição.

Percebe-se que com a tributação ambiental todos são beneficiados: o Estado,


ganha um aliado na proteção ambiental, pois além de arrecadar fundos, economiza
recursos que seriam destinados a reparação ambiental; os agentes econômicos,
porque tem a carga tributária diminuída através dos incentivos fiscais concedidos
aos que tem um comportamento ambiental correto; e a sociedade que tem o direito
ao meio ambiente garantido.

Por fim, conclui-se que por meio do direcionamento das espécies tributárias
existentes à proteção ambiental, o direito Tributário constitui uma das formas mais
eficazes de promover a proteção ambiental previsto na Constituição Federal.
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