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MINISTÉRIO DA ECONOMIA E DA INOVAÇÃO que, ao abrigo de um contrato, vende bens de consumo no

Decreto-Lei n.º 84/2008 de 21 de Maio âmbito da sua actividade profissional;

Artigo 1.º d) «Produtor», o fabricante de um bem de consumo, o

Alteração ao Decreto -Lei n.º 67/2003, de 8 de Abril importador do bem de consumo no território da Comunidade

Os artigos 1.º, 4.º, 5.º, 6.º, 9.º e 12.º do Decreto -Lei Europeia ou qualquer outra pessoa que se apresente

n.º 67/2003, de 8 de Abril, passam a ter a seguinte redacção: como produtor através da indicação do seu nome, marca

ou outro sinal identificador no produto;

(republicação do Decreto -Lei n.º 67/2003, de 8 de Abril) e) «Representante do produtor», qualquer pessoa singular

Artigo 1.º ou colectiva que actue na qualidade de distribuidor

Objecto comercial do produtor e ou centro autorizado de serviço

1 — O presente decreto -lei procede à transposição para pós -venda, à excepção dos vendedores independentes que

o direito interno da Directiva n.º 1999/44/CE, do Parlamento actuem apenas na qualidade de retalhistas;

Europeu e do Conselho, de 25 de Maio, relativa a f) «Garantia legal», qualquer compromisso ou declaração

certos aspectos da venda de bens de consumo e das assumido por um vendedor ou por um produtor

garanDiário perante o consumidor, sem encargos adicionais para este,

da República, 1.ª série — N.º 98 — 21 de Maio de 2008 2891 de reembolsar o preço pago, substituir, reparar ou ocupar -se

tias a ela relativas, com vista a assegurar a protecção dos de qualquer modo de um bem de consumo, no caso de este

interesses dos consumidores. não corresponder às condições enumeradas na declaração

2 — (Revogado pelo Decreto -Lei n.º 84/2008, de 21 de garantia ou na respectiva publicidade;

de Maio.) g) «Garantia voluntária», qualquer compromisso ou

declaração, de carácter gratuito ou oneroso, assumido por

Artigo 1.º -A um vendedor, por um produtor ou por qualquer intermediário

Âmbito de aplicação perante o consumidor, de reembolsar o preço pago,

1 — O presente decreto -lei é aplicável aos contratos substituir, reparar ou ocupar -se de qualquer modo de um

de compra e venda celebrados entre profissionais e bem de consumo, no caso de este não corresponder às

consumidores. condições enumeradas na declaração de garantia ou na

2 — O presente decreto -lei é, ainda, aplicável, com as respectiva publicidade;

necessárias adaptações, aos bens de consumo fornecidos no h) «Reparação», em caso de falta de conformidade do

âmbito de um contrato de empreitada ou de outra prestação bem, a reposição do bem de consumo em conformidade

de serviços, bem como à locação de bens de consumo. com o contrato.

Artigo 1.º -B

Definições

Para efeitos de aplicação do disposto no presente decreto- Artigo 2.º

-lei, entende -se por: Conformidade com o contrato

a) «Consumidor», aquele a quem sejam fornecidos bens, 1 — O vendedor tem o dever de entregar ao consumidor

prestados serviços ou transmitidos quaisquer direitos, bens que sejam conformes com o contrato de compra

destinados e venda.

a uso não profissional, por pessoa que exerça com 2 — Presume -se que os bens de consumo não são conformes

carácter profissional uma actividade económica que vise com o contrato se se verificar algum dos seguintes

a obtenção de benefícios, nos termos do n.º 1 do artigo 2.º factos:

da Lei n.º 24/96, de 31 de Julho; a) Não serem conformes com a descrição que deles é

b) «Bem de consumo», qualquer bem imóvel ou móvel feita pelo vendedor ou não possuírem as qualidades do

corpóreo, incluindo os bens em segunda mão; bem que o vendedor tenha apresentado ao consumidor

c) «Vendedor», qualquer pessoa singular ou colectiva como amostra ou modelo;


b) Não serem adequados ao uso específico para o qual sem encargos, por meio de reparação ou de substituição,

o consumidor os destine e do qual tenha informado o vendedor à redução adequada do preço ou à resolução do contrato.

quando celebrou o contrato e que o mesmo tenha 2 — Tratando -se de um bem imóvel, a reparação ou a

aceitado; substituição devem ser realizadas dentro de um prazo razoável,

c) Não serem adequados às utilizações habitualmente tendo em conta a natureza do defeito, e tratando -se

dadas aos bens do mesmo tipo; de um bem móvel, num prazo máximo de 30 dias, em ambos

d) Não apresentarem as qualidades e o desempenho os casos sem grave inconveniente para o consumidor.

habituais nos bens do mesmo tipo e que o consumidor 3 — A expressão «sem encargos», utilizada no n.º 1,

pode razoavelmente esperar, atendendo à natureza do bem reporta -se às despesas necessárias para repor o bem em

e, eventualmente, às declarações públicas sobre as suas conformidade com o contrato, incluindo, designadamente,

características as despesas de transporte, de mão -de -obra e material.

concretas feitas pelo vendedor, pelo produtor

ou pelo seu representante, nomeadamente na publicidade 4 — Os direitos de resolução do contrato e de redução

ou na rotulagem. do preço podem ser exercidos mesmo que a coisa tenha

3 — Não se considera existir falta de conformidade, na perecido ou se tenha deteriorado por motivo não imputável

acepção do presente artigo, se, no momento em que for ao comprador.

celebrado o contrato, o consumidor tiver conhecimento 5 — O consumidor pode exercer qualquer dos direitos

dessa falta de conformidade ou não puder razoavelmente referidos nos números anteriores, salvo se tal se manifestar

ignorá -la ou se esta decorrer dos materiais fornecidos pelo impossível ou constituir abuso de direito, nos termos gerais.

consumidor. 6 — Os direitos atribuídos pelo presente artigo transmitem

4 — A falta de conformidade resultante de má instalação -se a terceiro adquirente do bem.

do bem de consumo é equiparada a uma falta de conformidade Artigo 5.º

do bem, quando a instalação fizer parte do contrato Prazo da garantia

de compra e venda e tiver sido efectuada pelo vendedor, 1 — O consumidor pode exercer os direitos previstos no

ou sob sua responsabilidade, ou quando o produto, que se artigo anterior quando a falta de conformidade se manifestar

prevê que seja instalado pelo consumidor, for instalado dentro de um prazo de dois ou de cinco anos a contar

pelo consumidor e a má instalação se dever a incorrecções da entrega do bem, consoante se trate, respectivamente,

existentes nas instruções de montagem. de coisa móvel ou imóvel.

2 — Tratando -se de coisa móvel usada, o prazo previsto

Artigo 3.º no número anterior pode ser reduzido a um ano, por acordo

Entrega do bem das partes.

1 — O vendedor responde perante o consumidor por 3 — (Revogado pelo Decreto -Lei n.º 84/2008, de 21

qualquer falta de conformidade que exista no momento de Maio.)

em que o bem lhe é entregue. 4 — (Revogado pelo Decreto -Lei n.º 84/2008, de 21

2 — As faltas de conformidade que se manifestem num de Maio.)

prazo de dois ou de cinco anos a contar da data de entrega 5 — (Revogado pelo Decreto -Lei n.º 84/2008, de 21

de coisa móvel corpórea ou de coisa imóvel, respectivamente, de Maio.)

presumem -se existentes já nessa data, salvo quando 6 — Havendo substituição do bem, o bem sucedâneo

tal for incompatível com a natureza da coisa ou com as goza de um prazo de garantia de dois ou de cinco anos a

características da falta de conformidade. contar da data da sua entrega, conforme se trate,

respectivamente,

Artigo 4.º de bem móvel ou imóvel.

Direitos do consumidor 7 — O prazo referido no n.º 1 suspende -se, a partir da

1 — Em caso de falta de conformidade do bem com o data da denúncia, durante o período em que o consumidor

contrato, o consumidor tem direito a que esta seja reposta estiver privado do uso dos bens.
2 — O produtor pode opor -se ao exercício dos direitos

Artigo 5.º -A pelo consumidor verificando -se qualquer dos seguintes

Prazo para exercício de direitos factos:

1 — Os direitos atribuídos ao consumidor nos termos a) Resultar o defeito exclusivamente de declarações

do artigo 4.º caducam no termo de qualquer dos prazos do vendedor sobre a coisa e sua utilização, ou de má utilização;

referidos no artigo anterior e na ausência de denúncia da b) Não ter colocado a coisa em circulação;

desconformidade pelo consumidor, sem prejuízo do disposto c) Poder considerar -se, tendo em conta as circunstâncias,

nos números seguintes. que o defeito não existia no momento em que colocou a

2 — Para exercer os seus direitos, o consumidor deve coisa em circulação;

denunciar d) Não ter fabricado a coisa nem para venda nem para

ao vendedor a falta de conformidade num prazo de dois qualquer outra forma de distribuição com fins lucrativos,

meses, caso se trate de bem móvel, ou de um ano, se se tratar ou não a ter fabricado ou distribuído no quadro da sua

de bem imóvel, a contar da data em que a tenha detectado. actividade profissional;

3 — Caso o consumidor tenha efectuado a denúncia da e) Terem decorrido mais de 10 anos sobre a colocação

desconformidade, da coisa em circulação.

tratando -se de bem móvel, os direitos atribuídos 3 — O representante do produtor na zona de domicílio

ao consumidor nos termos do artigo 4.º caducam decorridos do consumidor é solidariamente responsável com o produtor

dois anos a contar da data da denúncia e, tratando -se de bem perante o consumidor, sendo -lhe igualmente aplicável

imóvel, no prazo de três anos a contar desta mesma data. o n.º 2 do presente artigo.

4 — O prazo referido no número anterior suspende -se 4 — (Revogado pelo Decreto -Lei n.º 84/2008, de 21

durante o período em que o consumidor estiver privado do de Maio.)

uso dos bens com o objectivo de realização das operações 5 — (Revogado pelo Decreto -Lei n.º 84/2008, de 21

de reparação ou substituição, bem como durante o período de Maio.)

em que durar a tentativa de resolução extrajudicial do

conflito de consumo que opõe o consumidor ao vendedor Artigo 7.º

ou ao produtor, com excepção da arbitragem. Direito de regresso

5 — A tentativa de resolução extrajudicial do litígio 1 — O vendedor que tenha satisfeito ao consumidor

inicia -se com a ocorrência de um dos seguintes factos: um dos direitos previsto no artigo 4.º bem como a pessoa

a) As partes acordem no sentido de submeter o conflito contra quem foi exercido o direito de regresso gozam de

a mediação ou conciliação; direito de regresso contra o profissional a quem adquiriram

b) A mediação ou a conciliação seja determinada no a coisa, por todos os prejuízos causados pelo exercício

âmbito de processo judicial; daqueles direitos.

c) Se constitua a obrigação de recorrer à mediação ou 2 — O disposto no n.º 2 do artigo 3.º aproveita também

conciliação. ao titular do direito de regresso, contando -se o respectivo

prazo a partir da entrega ao consumidor.

Artigo 6.º 3 — O demandado pode afastar o direito de regresso

Responsabilidade directa do produtor provando que o defeito não existia quando entregou a

1 — Sem prejuízo dos direitos que lhe assistem perante coisa ou, se o defeito for posterior à entrega, que não foi

o vendedor, o consumidor que tenha adquirido coisa defeituosa causado por si.

pode optar por exigir do produtor a sua reparação 4 — Sem prejuízo do regime das cláusulas contratuais

ou substituição, salvo se tal se manifestar impossível ou gerais, o acordo pelo qual se exclua ou limite antecipadamente

desproporcionado tendo em conta o valor que o bem teria o exercício do direito de regresso só produz

se não existisse falta de conformidade, a importância desta efeitos se for atribuída ao seu titular uma compensação

e a possibilidade de a solução alternativa ser concretizada adequada.

sem grave inconveniente para o consumidor. Artigo 8.º


Exercício do direito de regresso artigo não afecta a validade da garantia, podendo o consumidor

1 — O profissional pode exercer o direito de regresso continuar a invocá -la e a exigir a sua aplicação.

na própria acção interposta pelo consumidor, aplicandoDiário

da República, 1.ª série — N.º 98 — 21 de Maio de 2008 2893 Artigo 10.º

-se com as necessárias adaptações o disposto no n.º 2 do Imperatividade

artigo 329.º do Código de Processo Civil. 1 — Sem prejuízo do regime das cláusulas contratuais

2 — O profissional goza do direito previsto no artigo anterior gerais, é nulo o acordo ou cláusula contratual pelo qual

durante cinco anos a contar da entrega da coisa pelo antes da denúncia da falta de conformidade ao vendedor

profissional demandado. se excluam ou limitem os direitos do consumidor previstos

3 — O profissional deve exercer o seu direito no prazo no presente diploma.

de dois meses a contar da data da satisfação do direito ao 2 — É aplicável à nulidade prevista no número anterior

consumidor. o disposto nos n.os 2 e 3 do artigo 16.º da Lei n.º 24/96, de

4 — O prazo previsto no n.º 2 suspende -se durante o 31 de Julho.

processo em que o vendedor final seja parte.

Artigo 11.º

Artigo 9.º Limitação da escolha de lei

Garantias voluntárias Se o contrato de compra e venda celebrado entre profissional

1 — (Revogado pelo Decreto -Lei n.º 84/2008, de 21 e consumidor apresentar ligação estreita ao território

de Maio.) dos Estados membros da União Europeia, a escolha, para

2 — A declaração de garantia deve ser entregue ao consumidor reger o contrato, de uma lei de um Estado não membro que

por escrito ou em qualquer outro suporte duradouro se revele menos favorável ao consumidor não lhe retira os

a que aquele tenha acesso. direitos atribuídos pelo presente decreto -lei.

3 — A garantia, que deve ser redigida de forma clara

e concisa na língua portuguesa, contém obrigatoriamente Artigo 12.º

as seguintes menções: Acções de informação

a) Declaração de que o consumidor goza dos direitos A Direcção -Geral do Consumidor deve promover acções

previstos no presente decreto -lei, e na demais legislação destinadas a informar e deve incentivar as organizações

aplicável, e de que tais direitos não são afectados pela profissionais a informarem os consumidores dos direitos

garantia; que para eles resultam do presente decreto -lei.

b) A informação sobre o carácter gratuito ou oneroso

da garantia e, neste último caso, a indicação dos encargos Artigo 12.º -A

a suportar pelo consumidor; Contra -ordenações

c) Os benefícios atribuídos ao consumidor por meio 1 — Constituem contra -ordenações puníveis com a

do exercício da garantia, bem como as condições para a aplicação das seguintes coimas:

atribuição destes benefícios, incluindo a enumeração de a) De € 250 a € 2500 e de € 500 a € 5000, consoante

todos os encargos, nomeadamente aqueles relativos às o infractor seja pessoa singular ou pessoa colectiva, a

despesas de transporte, de mão -de -obra e de material, e violação do disposto no n.º 2 do artigo 4.º;

ainda os prazos e a forma de exercício da mesma; b) De € 250 a € 3500 e de € 3500 a € 30 000, consoante

d) Duração e âmbito espacial da garantia; o infractor seja pessoa singular ou pessoa colectiva, a

e) Firma ou nome e endereço postal, ou, se for o caso, violação do disposto no n.º 3 do artigo 9.º

electrónico, do autor da garantia que pode ser utilizado 2 — A negligência e a tentativa são puníveis sendo os

para o exercício desta. limites mínimo e máximo das coimas aplicáveis reduzidos

4 — Salvo declaração em contrário, os direitos resultantes a metade.

da garantia transmitem -se para o adquirente da coisa.

5 — A violação do disposto nos n.os 2 e 3 do presente Artigo 12.º -B


Sanções acessórias aptos a satisfazer os fins a que se destinam e a produzir

1 — Quando a gravidade da infracção o justifique, podem os efeitos que se lhes atribuem, segundo as normas

ainda ser aplicadas, nos termos do regime geral das legalmente estabelecidas, ou, na falta delas, de modo

contra -ordenações, as seguintes sanções acessórias: adequado às legítimas expectativas do consumidor.

a) Encerramento temporário das instalações ou Artigo 12.º

estabelecimentos; Direito à reparação de danos

b) Interdição do exercício da actividade; 1 — O consumidor tem direito à indemnização dos

c) Privação do direito a subsídio ou benefício outorgado danos patrimoniais e não patrimoniais resultantes do

por entidade ou serviço público. fornecimento de bens ou prestações de serviços defeituosos.

2 — As sanções referidas no número anterior têm uma 2 — O produtor é responsável, independentemente

duração máxima de dois anos contados a partir da data da de culpa, pelos danos causados por defeitos de produtos

decisão condenatória definitiva. que coloque no mercado, nos termos da lei.»

Artigo 12.º -C Artigo 14.º

Fiscalização e instrução dos processos de contra Entrada em vigor

-ordenação 1 — O presente diploma entra em vigor no dia seguinte

1 — Compete à Autoridade de Segurança Alimentar e ao da sua publicação, sem prejuízo do disposto no n.º 2.

Económica (ASAE) fiscalizar a aplicação do disposto no 2 — As normas previstas no artigo 9.º entram em vigor

presente decreto -lei, bem como instruir os processos de 90 dias após a publicação deste diploma.

contra -ordenação previstos no artigo 12.º -A.

2 — Compete à Comissão de Aplicação de Coimas em

Matéria Económica e de Publicidade (CACMEP) a aplicação

das respectivas coimas e sanções acessórias.

3 — A receita das coimas reverte em:

a) 60 % para o Estado;

b) 30 % para a ASAE;

c) 10 % para a CACMEP.

4 — A CACMEP comunica ao Instituto da Construção e

do Imobiliário, I. P., as decisões condenatórias, convertidas

em definitivas ou transitadas em julgado, que condenem

a empresa de construção pela prática da contra -ordenação

prevista na alínea a) do n.º 1 do artigo 12.º -A, bem como

aquelas que condenem a empresa de construção, ou qual2894

Diário da República, 1.ª série — N.º 98 — 21 de Maio de 2008

quer outra entidade que exerça a actividade cuja regulação

ou fiscalização incumba àquele Instituto, nas sanções

acessórias previstas no artigo anterior.

Artigo 13.º

Alterações à lei de defesa dos consumidores

Os artigos 4.º e 12.º da Lei n.º 24/96, de 31 de Julho,

passam a ter a seguinte redacção:

«Artigo 4.º

Direito à qualidade dos bens e serviços

Os bens e serviços destinados ao consumo devem ser


a nível comunitário ou nacional na observância do

direito comunitário para fomentar a diversidade cultural

e linguística e para assegurar o pluralismo.

CAPÍTULO II Prestadores de serviços da sociedade da

informação

Artigo 3.o Princípio da liberdade de exercício

1 — Entende-se por «serviço da sociedade da informação

» qualquer serviço prestado a distância por via

electrónica, mediante remuneração ou pelo menos no

âmbito de uma actividade económica na sequência de

pedido individual do destinatário.

2 — Não são serviços da sociedade da informação os

enumerados no anexo ao Decreto-Lei n.o 58/2000, de

18 de Abril, salvo no que respeita aos serviços contemplados

nas alíneas c), d) e e) do n.o 1 daquele anexo.

3 — A actividade de prestador de serviços da sociedade

da informação não depende de autorização prévia.

4 — Exceptua-se o disposto no domínio das telecomunicações,

CAPÍTULO I Objecto e âmbito bem como todo o regime de autorização

Artigo 1.o Objecto que não vise especial e exclusivamente os serviços da

O presente diploma transpõe para a ordem jurídica sociedade da informação.

interna a Directiva n.o 2000/31/CE, do Parlamento Europeu 5 — O disposto no presente diploma não exclui a aplicação

e do Conselho, de 8 de Junho de 2000, relativa da legislação vigente que com ele seja compatível,

a certos aspectos legais dos serviços da sociedade de nomeadamente no que respeita ao regime dos contratos

informação, em especial do comércio electrónico, no celebrados a distância e não prejudica o nível de protecção

mercado interno (Directiva sobre Comércio Electrónico) dos consumidores, incluindo investidores, resultante

bem como o artigo 13.o da Directiva da restante legislação nacional.

n.o 2002/58/CE, de 12 de Julho de 2002, relativa ao Artigo 4.Prestadores de serviços estabelecidos em Portugal

tratamento de dados pessoais e a protecção da privacidade 1 — Os prestadores de serviços da sociedade da informação

no sector das comunicações electrónicas (Directiva estabelecidos em Portugal ficam integralmente

relativa à Privacidade e às Comunicações Electrónicas). sujeitos à lei portuguesa relativa à actividade que exercem,

Artigo 2.o Âmbito mesmo no que concerne a serviços da sociedade

1 — Estão fora do âmbito do presente diploma: da informação prestados noutro país comunitário.

a) A matéria fiscal; 2 — Um prestador de serviços que exerça uma actividade

b) A disciplina da concorrência; económica no país mediante um estabelecimento

c) O regime do tratamento de dados pessoais e efectivo considera-se estabelecido em Portugal seja qual

da protecção da privacidade; for a localização da sua sede, não configurando a mera

d) O patrocínio judiciário; disponibilidade de meios técnicos adequados à prestação

e) Os jogos de fortuna, incluindo lotarias e apostas, do serviço, só por si, um estabelecimento efectivo.

em que é feita uma aposta em dinheiro; 3 — O prestador estabelecido em vários locais considera-

f) A actividade notarial ou equiparadas, enquanto se estabelecido, para efeitos do n.o 1, no local

caracterizadas pela fé pública ou por outras em que tenha o centro das suas actividades relacionadas

manifestações de poderes públicos. com o serviço da sociedade da informação.

2 — O presente diploma não afecta as medidas tomadas 4 — Os prestadores intermediários de serviços em rede que
pretendam exercer estavelmente a actividade em Portugal e) A matéria disciplinada por legislação escolhida

devem previamente proceder à inscrição junto da entidade de pelas partes no uso da autonomia privada;

supervisão central. f) Os contratos celebrados com consumidores, no

5 — «Prestadores intermediários de serviços em rede» são os que respeita às obrigações deles emergentes;

que prestam serviços técnicos para o acesso, disponibilização e g) A validade dos contratos em função da observância

utilização de informações ou serviços em linha independentes de requisitos legais de forma, em contratos

da geração da própria informação relativos a direitos reais sobre imóveis;

ou serviço. h) A permissibilidade do envio de mensagens

publicitárias não solicitadas por correio electrónico.

Artigo 5.o Livre prestação de serviços Artigo 7.o Providências restritivas

1 — Aos prestadores de serviços da sociedade da 1 — Os tribunais e outras entidades competentes,

informação não estabelecidos em Portugal mas estabelecidos nomeadamente as entidades de supervisão, podem restringir

noutro Estado membro da União Europeia é a circulação de um determinado serviço da sociedade

aplicável, exclusivamente no que respeita a actividades da informação proveniente de outro Estado membro

em linha, a lei do lugar do estabelecimento: da União Europeia se lesar ou ameaçar gravemente:

a) Aos próprios prestadores, nomeadamente no a) A dignidade humana ou a ordem pública,

que respeita a habilitações, autorizações e notificações, incluindo a protecção de menores e a repressão

à identificação e à responsabilidade; do incitamento ao ódio fundado na raça, no sexo, na religião ou

b) Ao exercício, nomeadamente no que respeita na nacionalidade, nomeadamente por razões de prevenção ou

à qualidade e conteúdo dos serviços, à publicidade repressão de crimes ou de ilícitos de mera ordenação social;

e aos contratos. b) A saúde pública;

2 — É livre a prestação dos serviços referidos no c) A segurança pública, nomeadamente na vertente

número anterior, com as limitações constantes dos artigos da segurança e defesa nacionais;

seguintes. d) Os consumidores, incluindo os investidores.

3 — Os serviços de origem extra-comunitária estão 2 — As providências restritivas devem ser precedidas:

sujeitos à aplicação geral da lei portuguesa, ficando também a) Da solicitação ao Estado membro de origem

sujeitos a este diploma em tudo o que não for do prestador do serviço que ponha cobro à

justificado pela especificidade das relações intra-comunitárias. situação;

Artigo 6.o Exclusões b) Caso este o não tenha feito, ou as providências

Estão fora do âmbito de aplicação dos artigos 4.o, que tome se revelem inadequadas, da notificação

n.o 1, e 5.o, n.o 1: à Comissão e ao Estado membro de origem

a) Apropriedade intelectual, incluindo a protecção da intenção de tomar providências restritivas.

das bases de dados e das topografias dos produtos 3 — O disposto no número anterior não prejudica

semicondutores; a realização de diligências judiciais, incluindo a instrução

b) A emissão de moeda electrónica, por efeito de e demais actos praticados no âmbito de uma investigação

derrogação prevista no n.o 1 do artigo 8.o da criminal ou de um ilícito de mera ordenação social.

Directiva n.o 2000/46/CE; 4 — As providências tomadas devem ser proporcionais

c) A publicidade realizada por um organismo de aos objectivos a tutelar.

investimento colectivo em valores mobiliários,

nos termos do n.o 2 do artigo 44.o da Directiva

n.o 85/611/CEE; Artigo 8.Actuação em caso de urgência

d) A actividade seguradora, quanto a seguros obrigatórios, Em caso de urgência, as entidades competentes

alcance e condições da autorização da podem tomar providências restritivas não precedidas das

entidade seguradora e empresas em dificuldades notificações à Comissão e aos outros Estados membros

ou em situação irregular; de origem previstas no artigo anterior.


CAPÍTULO III Responsabilidade dos prestadores de

Artigo 9. Comunicação à entidade de supervisão central serviços em rede

1 — As entidades competentes que desejem promover Artigo 11.o Princípio da equiparação

a solicitação ao Estado membro de origem que A responsabilidade dos prestadores de serviços em

ponha cobro a uma situação violadora devem comunicá- rede está sujeita ao regime comum, nomeadamente em

lo à entidade de supervisão central, a fim de ser caso de associação de conteúdos, com as especificações

notificada ao Estado membro de origem. constantes dos artigos seguintes.

2 — As entidades competentes que tenham a intenção

de tomar providências restritivas, ou as tomem efectivamente, Artigo 12.Ausência de um dever geral de vigilância dos

devem comunicá-lo imediatamente à autoridade prestadores intermediários de serviços

de supervisão central, a fim de serem logo notificadas Os prestadores intermediários de serviços em rede

à Comissão e aos Estados membros de origem. não estão sujeitos a uma obrigação geral de vigilância

3 — Tratando-se de providências restritivas de urgência sobre as informações que transmitem ou armazenam

devem ser também indicadas as razões da urgência ou de investigação de eventuais ilícitos praticados no

na sua adopção. seu âmbito.

Artigo 10.o Artigo 13.Deveres comuns dos prestadores intermediários

Disponibilização permanente de informações dos serviços

1 — Os prestadores de serviços devem disponibilizar Cabe aos prestadores intermediários de serviços a

permanentemente em linha, em condições que permitam obrigação para com as entidades competentes:

um acesso fácil e directo, elementos completos de a) De informar de imediato quando tiverem conhecimento

identificação que incluam, nomeadamente: de actividades ilícitas que se desenvolvam

a) Nome ou denominação social; por via dos serviços que prestam;

b) Endereço geográfico em que se encontra estabelecido b) De satisfazer os pedidos de identificar os destinatários

e endereço electrónico, em termos de dos serviços com quem tenham acordos

permitir uma comunicação directa; de armazenagem;

c) Inscrições do prestador em registos públicos e c) De cumprir prontamente as determinações destinadas

respectivos números de registo; a prevenir ou pôr termo a uma infracção,

d) Número de identificação fiscal. nomeadamente no sentido de remover ou

2 — Se o prestador exercer uma actividade sujeita impossibilitar o acesso a uma informação;

a um regime de autorização prévia, deve disponibilizar d) De fornecer listas de titulares de sítios que alberguem,

a informação relativa à entidade que a concedeu. quando lhes for pedido.

3 — Se o prestador exercer uma profissão regulamentada

deve também indicar o título profissional e o Estado Artigo 14.o

membro em que foi concedido, a entidade profissional Simples transporte

em que se encontra inscrito, bem como referenciar as 1 — O prestador intermediário de serviços que prossiga

regras profissionais que disciplinam o acesso e o exercício apenas a actividade de transmissão de informações

dessa profissão. em rede, ou de facultar o acesso a uma rede de comunicações,

4 — Se os serviços prestados implicarem custos para sem estar na origem da transmissão nem ter

os destinatários além dos custos dos serviços de intervenção no conteúdo das mensagens transmitidas

telecomunicações, nem na selecção destas ou dos destinatários, é isento

incluindo ónus fiscais ou despesas de de toda a responsabilidade pelas informações transmitidas.

entrega, estes devem ser objecto de informação clara 2 — A irresponsabilidade mantém-se ainda que o

anterior à utilização dos serviços. prestador realize a armazenagem meramente tecnológica

das informações no decurso do processo de trans


missão, exclusivamente para as finalidades de transmissão Responsabilidade dos prestadores intermediários de

e durante o tempo necessário para esta. serviços de associação de conteúdos

Os prestadores intermediários de serviços de associação

Artigo 15.o de conteúdos em rede, por meio de instrumentos

Armazenagem intermediária de busca, hiperconexões ou processos análogos que permitam

1 — O prestador intermediário de serviços de transmissão o acesso a conteúdos ilícitos estão sujeitos a

de comunicações em rede que não tenha intervenção regime de responsabilidade correspondente ao estabelecido

no conteúdo das mensagens transmitidas nem no artigo anterior.

na selecção destas ou dos destinatários e respeite as

condições de acesso à informação é isento de toda a Artigo 18.o Solução provisória de litígios

responsabilidade pela armazenagem temporária e automática, 1 — Nos casos contemplados nos artigos 16.o e 17.o,

exclusivamente para tornar mais eficaz e económica o prestador intermediário de serviços, se a ilicitude não

a transmissão posterior a nova solicitação de for manifesta, não é obrigado a remover o conteúdo

destinatários do serviço. contestado ou a impossibilitar o acesso à informação

2 — Passa, porém, a aplicar-se o regime comum de só pelo facto de um interessado arguir uma violação.

responsabilidade se o prestador não proceder segundo 2 — Nos casos previstos no número anterior, qualquer

as regras usuais do sector: interessado pode recorrer à entidade de supervisão respectiva,

a) Na actualização da informação; que deve dar uma solução provisória em quarenta

b) No uso da tecnologia, aproveitando-a para obter e oito horas e logo a comunica electronicamente

dados sobre a utilização da informação. aos intervenientes.

3 — As regras comuns passam também a ser aplicáveis 3 — Quem tiver interesse jurídico na manutenção

se chegar ao conhecimento do prestador que a daquele conteúdo em linha pode nos mesmos termos

informação foi retirada da fonte originária ou o acesso recorrer à entidade de supervisão contra uma decisão

tornado impossível ou ainda que um tribunal ou entidade do prestador de remover ou impossibilitar o acesso a

administrativa com competência sobre o prestador esse conteúdo, para obter a solução provisória do litígio.

que está na origem da informação ordenou essa remoção 4 — O procedimento perante a entidade de supervisão

ou impossibilidade de acesso com exequibilidade imediata será especialmente regulamentado.

e o prestador não a retirar ou impossibilitar imediatamente 5 — A entidade de supervisão pode a qualquer tempo

o acesso. alterar a composição provisória do litígio estabelecida.

Artigo 16.o Armazenagem principal 6 — Qualquer que venha a ser a decisão, nenhuma

1 — O prestador intermediário do serviço de armazenagem responsabilidade recai sobre a entidade de supervisão

em servidor só é responsável, nos termos e tão-pouco recai sobre o prestador intermediário de

comuns, pela informação que armazena se tiver conhecimento serviços por ter ou não retirado o conteúdo ou impossibilitado

de actividade ou informação cuja ilicitude for o acesso a mera solicitação, quando não for

manifesta e não retirar ou impossibilitar logo o acesso manifesto se há ou não ilicitude.

a essa informação. 7 — A solução definitiva do litígio é realizada nos

2 — Há responsabilidade civil sempre que, perante termos e pelas vias comuns.

as circunstâncias que conhece, o prestador do serviço 8 — Orecurso a estes meios não prejudica a utilização

tenha ou deva ter consciência do carácter ilícito da pelos interessados, mesmo simultânea, dos meios judiciais

informação. comuns.

3 — Aplicam-se as regras comuns de responsabilidade

sempre que o destinatário do serviço actuar subordinado Artigo 19.o

ao prestador ou for por ele controlado. Relação com o direito à informação

1 — A associação de conteúdos não é considerada

Artigo 17.o irregular unicamente por haver conteúdos ilícitos no


sítio de destino, ainda que o prestador tenha consciência directo, cuja recepção seja independente de intervenção

do facto. do destinatário, nomeadamente por via de aparelhos

2 — A remissão é lícita se for realizada com objectividade de chamada automática, aparelhos de telecópia ou por

e distanciamento, representando o exercício do correio electrónico, carece de consentimento prévio do

direito à informação, sendo, pelo contrário, ilícita se destinatário.

representar uma maneira de tomar como próprio o conteúdo 2 — Exceptuam-se as mensagens enviadas a pessoas

ilícito para que se remete. colectivas, ficando, no entanto, aberto aos destinatários

3 — A avaliação é realizada perante as circunstâncias o recurso ao sistema de opção negativa.

do caso, nomeadamente: 3 — É também permitido ao fornecedor de um produto

a) A confusão eventual dos conteúdos do sítio de ou serviço, no que respeita aos mesmos ou a produtos

origem com os de destino; ou serviços análogos, enviar publicidade não solicitada

b) O carácter automatizado ou intencional da aos clientes com quem celebrou anteriormente

remissão; transacções, se ao cliente tiver sido explicitamente oferecida

c) A área do sítio de destino para onde a remissão a possibilidade de o recusar por ocasião da transacção

é efectuada. realizada e se não implicar para o destinatário

dispêndio adicional ao custo do serviço de telecomunicações.

CAPÍTULO IV Comunicações publicitárias em rede e 4 — Nos casos previstos nos números anteriores, o

marketing directo destinatário deve ter acesso a meios que lhe permitam

Artigo 20.o Âmbito a qualquer momento recusar, sem ónus e independentemente

1 — Não constituem comunicação publicitária em rede: de justa causa, o envio dessa publicidade para

a) Mensagens que se limitem a identificar ou permitir futuro.

o acesso a um operador económico ou identifiquem 5 — É proibido o envio de correio electrónico para

objectivamente bens, serviços ou a imagem de um operador, em fins de marketing directo, ocultando ou dissimulando

colectâneas ou listas, particularmente quando não tiverem a identidade da pessoa em nome de quem é efectuada

implicações financeiras, embora se integrem em serviços da a comunicação.

sociedade da informação; 6 — Cada comunicação não solicitada deve indicar

b) Mensagens destinadas a promover ideias, princípios, um endereço e um meio técnico electrónico, de fácil

iniciativas ou instituições. identificação e utilização, que permita ao destinatário

2 — A comunicação publicitária pode ter somente por fim do serviço recusar futuras comunicações.

promover a imagem de um operador comercial, industrial, 7 — Às entidades que promovam o envio de comunicações

artesanal ou integrante de uma profissão regulamentada. publicitárias não solicitadas cuja recepção seja

Artigo 21.o Identificação e informação independente da intervenção do destinatário cabe manter,

Nas comunicações publicitárias prestadas à distância, por si ou por organismos que as representem, uma

por via electrónica, devem ser claramente identificados lista actualizada de pessoas que manifestaram o desejo

de modo a serem apreendidos com facilidade por um de não receber aquele tipo de comunicações.

destinatário comum: 8 — É proibido o envio de comunicações publicitárias

a) A natureza publicitária, logo que a mensagem por via electrónica às pessoas constantes das listas prescritas

seja apresentada no terminal e de forma ostensiva; no número anterior.

b) O anunciante; Artigo 23.o

c) As ofertas promocionais, como descontos, prémios ou Profissões regulamentadas

brindes, e os concursos ou jogos promocionais, bem como os 1 — As comunicações publicitárias à distância por via

condicionalismos a que ficam submetidos. electrónica em profissões regulamentadas são permitidas

Artigo 22.o mediante o estrito cumprimento das regras deontológicas

Comunicações não solicitadas de cada profissão, nomeadamente as relativas

1 — O envio de mensagens para fins de marketing à independência e honra e ao sigilo profissionais, bem
como à lealdade para com o público e dos membros Artigo 27.o

da profissão entre si. Dispositivos de identificação e correcção de erros

2 — «Profissão regulamentada» é entendido no sentido Oprestador de serviços em rede que celebre contratos

constante dos diplomas relativos ao reconhecimento, por via electrónica deve disponibilizar aos destinatários

na União Europeia, de formações profissionais. dos serviços, salvo acordo em contrário das partes que

CAPÍTULO V Contratação electrónica não sejam consumidores, meios técnicos eficazes que

Artigo 24.o Âmbito lhes permitam identificar e corrigir erros de introdução,

As disposições deste capítulo são aplicáveis a todo antes de formular uma ordem de encomenda.

o tipo de contratos celebrados por via electrónica ou Artigo 28.o

informática, sejam ou não qualificáveis como comerciais. Informações prévias

Artigo 25.o Liberdade de celebração 1 — O prestador de serviços em rede que celebre contratos

1 — É livre a celebração de contratos por via electrónica, em linha deve facultar aos destinatários, antes

sem que a validade ou eficácia destes seja prejudicada de ser dada a ordem de encomenda, informação mínima

pela utilização deste meio. inequívoca que inclua:

2 — São excluídos do princípio da admissibilidade os a) O processo de celebração do contrato;

negócios jurídicos: b) O arquivamento ou não do contrato pelo prestador

a) Familiares e sucessórios; de serviço e a acessibilidade àquele pelo

b) Que exijam a intervenção de tribunais, entes destinatário;

públicos ou outros entes que exerçam poderes c) A língua ou línguas em que o contrato pode

públicos, nomeadamente quando aquela intervenção ser celebrado;

condicione a produção de efeitos em d) Os meios técnicos que o prestador disponibiliza

relação a terceiros e ainda os negócios legalmente para poderem ser identificados e corrigidos

sujeitos a reconhecimento ou autenticação erros de introdução que possam estar contidos

notariais; na ordem de encomenda;

c) Reais imobiliários, com excepção do arrendamento; e) Os termos contratuais e as cláusulas gerais do

d) De caução e de garantia, quando não se integrarem contrato a celebrar;

na actividade profissional de quem as presta. f) Os códigos de conduta de que seja subscritor

3 — Só tem de aceitar a via electrónica para a celebração de e a forma de os consultar electronicamente.

um contrato quem se tiver vinculado a proceder dessa forma. 2 — O disposto no número anterior é derrogável por

4 — São proibidas cláusulas contratuais gerais que imponham a acordo em contrário das partes que não sejam consumidores.

celebração por via electrónica dos contratos com consumidores. Artigo 29.o

Ordem de encomenda e aviso de recepção

1 — Logo que receba uma ordem de encomenda por

via exclusivamente electrónica, o prestador de serviços

Artigo 26.o deve acusar a recepção igualmente por meios electrónicos,

Forma salvo acordo em contrário com a parte que não

1 — As declarações emitidas por via electrónica satisfazem seja consumidora.

a exigência legal de forma escrita quando contidas 2 — É dispensado o aviso de recepção da encomenda

em suporte que ofereça as mesmas garantias de fidedignidade, nos casos em que há a imediata prestação em linha

inteligibilidade e conservação. do produto ou serviço.

2 — O documento electrónico vale como documento 3 — O aviso de recepção deve conter a identificação

assinado quando satisfizer os requisitos da legislação fundamental do contrato a que se refere.

sobre assinatura electrónica e certificação. 4 — O prestador satisfaz o dever de acusar a recepção

76 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 5 — 7 de Janeiro se enviar a comunicação para o endereço electrónico

de 2004 que foi indicado ou utilizado pelo destinatário do


serviço. nomeadamente pelo uso de dispositivos de

5 — A encomenda torna-se definitiva com a confirmação detecção de erros de introdução.

do destinatário, dada na sequência do aviso de Artigo 34.o

recepção, reiterando a ordem emitida. Solução de litígios por via electrónica

Artigo 30.o É permitido o funcionamento em rede de formas de

Contratos celebrados por meio de comunicação individual solução extrajudicial de litígios entre prestadores e destinatários

Os artigos 27.o a 29.o não são aplicáveis aos contratos de serviços da sociedade da informação, com

celebrados exclusivamente por correio electrónico ou observância das disposições concernentes à validade e

outro meio de comunicação individual equivalente. eficácia dos documentos referidas no presente capítulo.

Artigo 31.o CAPÍTULO VI

Apresentação dos termos contratuais e cláusulas gerais Entidades de supervisão e regime sancionatório

1 — Os termos contratuais e as cláusulas gerais, bem Artigo 35.o

como o aviso de recepção, devem ser sempre comunicados Entidade de supervisão central

de maneira que permita ao destinatário armazená- 1 — É instituída uma entidade de supervisão central

los e reproduzi-los. com atribuições em todos os domínios regulados pelo

2 — A ordem de encomenda, o aviso de recepção presente diploma, salvo nas matérias em que lei especial

e a confirmação da encomenda consideram-se recebidos atribua competência sectorial a outra entidade.

logo que os destinatários têm a possibilidade de aceder 2 — As funções de entidade de supervisão central

a eles. serão exercidas pela ICP — Autoridade Nacional de

Artigo 32.o Comunicações (ICP-ANACOM).

Proposta contratual e convite a contratar N.o 5 — 7 de Janeiro de 2004 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I

1 — A oferta de produtos ou serviços em linha representa SÉRIE-A 77

uma proposta contratual quando contiver todos Artigo 36.o

os elementos necessários para que o contrato fique concluído Atribuições e competência

com a simples aceitação do destinatário, representando, 1 — As entidades de supervisão funcionam como

caso contrário, um convite a contratar. organismos de referência para os contactos que se estabeleçam

2 — O mero aviso de recepção da ordem de encomenda no seu domínio, fornecendo, quando requeridas,

não tem significado para a determinação do informações aos destinatários, aos prestadores de

momento da conclusão do contrato. serviços e ao público em geral.

Artigo 33.o 2 — Cabe às entidades de supervisão, além das atribuições

Contratação sem intervenção humana gerais já assinaladas e das que lhes forem especificamente

1 — À contratação celebrada exclusivamente por atribuídas:

meio de computadores, sem intervenção humana, é aplicável a) Adoptar as providências restritivas previstas nos

o regime comum, salvo quando este pressupuser artigos 7.o e 8.o;

uma actuação. b) Elaborar regulamentos e dar instruções sobre

2 — São aplicáveis as disposições sobre erro: práticas a ser seguidas para cumprimento do

a) Na formação da vontade, se houver erro de disposto no presente diploma;

programação; c) Fiscalizar o cumprimento do preceituado sobre

b) Na declaração, se houver defeito de funcionamento o comércio electrónico;

da máquina; d) Instaurar e instruir processos contra-ordenacionais

c) Na transmissão, se a mensagem chegar deformada e, bem assim, aplicar as sanções previstas;

ao seu destino. e) Determinar a suspensão da actividade dos prestadores

3 — A outra parte não pode opor-se à impugnação de serviços em face de graves irregularidades

por erro sempre que lhe fosse exigível que dele se e por razões de urgência.

apercebesse, 3 — A entidade de supervisão central tem competência


em todas as matérias que a lei atribua a um órgão a) A desobediência a determinação da entidade

administrativo sem mais especificação e nas que lhe de supervisão ou de outra entidade competente

forem particularmente cometidas. de identificar os destinatários dos serviços com

4 — Cabe designadamente à entidade de supervisão quem tenham acordos de transmissão ou de

central, além das atribuições gerais já assinaladas, armazenagem, tal como previsto na alínea b)

quando não couberem a outro órgão: do artigo 13.o;

a) Publicitar em rede os códigos de conduta mais b) O não cumprimento de determinação do tribunal

significativos de que tenha conhecimento; ou da autoridade competente de prevenir

b) Publicitar outras informações, nomeadamente ou pôr termo a uma infracção nos termos da

decisões judiciais neste domínio; alínea c) do artigo 13.o;

c) Promover as comunicações à Comissão Europeia c) A omissão de informação à autoridade competente

e ao Estado membro de origem previstas sobre actividades ilícitas de que tenham

no artigo 9.o; conhecimento, praticadas por via dos serviços

d) Em geral, desempenhar a função de entidade que prestam, tal como previsto na alínea a) do

permanente de contacto com os outros Estados artigo 13.o;

membros e com a Comissão Europeia, sem prejuízo d) A não remoção ou impedimento do acesso a

das competências que forem atribuídas a informação que armazenem e cuja ilicitude

entidades sectoriais de supervisão. manifesta seja do seu conhecimento, tal como

Artigo 37.o previsto nos artigos 16.o e 17.o;

Contra-ordenação e) A não remoção ou impedimento do acesso a

1 — Constitui contra-ordenação sancionável com informação que armazenem, se, nos termos do

coima de E 2500 a E 50 000 a prática dos seguintes actos artigo 15.o, n.o 3, tiverem conhecimento que foi

pelos prestadores de serviços: retirada da fonte, ou o acesso tornado impossível,

a) A não disponibilização ou a prestação de informação ou ainda que um tribunal ou autoridade

aos destinatários regulada nos artigos administrativa da origem ordenou essa remoção

10.o, 13.o, 21.o, 22.o, n.o 6, e 28.o, n.o 1, do presente ou impossibilidade de acesso para ter exequibilidade

diploma; imediata;

b) O envio de comunicações não solicitadas, com f) A prática com reincidência das infracções previstas

inobservância dos requisitos legais previstos no no n.o 1.

artigo 22.o; 3 — Constitui contra-ordenação sancionável com

c) A não disponibilização aos destinatários, quando coima de E 2500 a E 100 000 a prestação de serviços

devido, de dispositivos de identificação e correcção de associação de conteúdos, nas condições da alínea e)

de erros de introdução, tal como previsto do n.o 2, quando os prestadores de serviços não impossibilitem

no artigo 27.o; a localização ou o acesso a informação ilícita.

d) A omissão de pronto envio do aviso de recepção 4 — A negligência é sancionável nos limites da coima

da ordem de encomenda previsto no artigo 29.o; aplicável às infracções previstas no n.o 1.

e) A não comunicação dos termos contratuais, 5 — A prática da infracção por pessoa colectiva

cláusulas gerais e avisos de recepção previstos agrava em um terço os limites máximo e mínimo da

no artigo 31.o, de modo que permita aos destinatários coima.

armazená-los e reproduzi-los; Artigo 38.o

f) A não prestação de informações solicitadas pela Sanções acessórias

entidade de supervisão. 1 — Às contra-ordenações acima previstas pode ser

2 — Constitui contra-ordenação sancionável com aplicada a sanção acessória de perda a favor do Estado

coima de E 5000 a E 100 000 a prática dos seguintes dos bens usados para a prática das infracções.

actos pelos prestadores de serviços: 2 — Em função da gravidade da infracção, da culpa


do agente ou da prática reincidente das infracções, pode 2 — A entidade competente para a instauração, instrução

ser aplicada, simultaneamente com as coimas previstas e aplicação das sanções é a entidade de supervisão

no n.o 2 do artigo anterior, a sanção acessória de interdição central ou as sectoriais, consoante a natureza das

do exercício da actividade pelo período máximo matérias.

de seis anos e, tratando-se de pessoas singulares, da 3 — É aplicável subsidiariamente o regime geral das

inibição do exercício de cargos sociais em empresas contra-ordenações.

prestadoras CAPÍTULO VII

de serviços da sociedade da informação durante Disposições finais

o mesmo período. Artigo 42.o

3 — A aplicação de medidas acessórias de interdição Códigos de conduta

do exercício da actividade e, tratando-se de pessoas singulares, 1 — As entidades de supervisão estimularão a criação

da inibição do exercício de cargos sociais em de códigos de conduta pelos interessados e sua difusão

empresas prestadoras de serviços da sociedade da informação por estes por via electrónica.

por prazo superior a dois anos será obrigatoriamente 2 — Será incentivada a participação das associações

decidida judicialmente por iniciativa oficiosa e organismos que têm a seu cargo os interesses dos

da própria entidade de supervisão. consumidores na formulação e aplicação de códigos de

4 — Pode dar-se adequada publicidade à punição por conduta, sempre que estiverem em causa os interesses

contra-ordenação, bem como às sanções acessórias aplicadas destes. Quando houver que considerar necessidades

nos termos do presente diploma. específicas de associações representativas de deficientes

Artigo 39.o visuais ou outros, estas deverão ser consultadas.

Providências provisórias 3 — Os códigos de conduta devem ser publicitados

1 — A entidade de supervisão a quem caiba a aplicação em rede pelas próprias entidades de supervisão.

da coima pode determinar, desde que se revelem Artigo 43.o

imediatamente necessárias, as seguintes providências Impugnação

provisórias: As entidades de supervisão e o Ministério Público

a) A suspensão da actividade e o encerramento têm legitimidade para impugnar em juízo os códigos

do estabelecimento que é suporte daqueles serviços de conduta aprovados em domínio abrangido por este

da sociedade da informação, enquanto diploma que extravasem das finalidades da entidade que

decorre o procedimento e até à decisão definitiva; os emitiu ou tenham conteúdo contrário a princípios

b) A apreensão de bens que sejam veículo da prática gerais ou regras vigentes.

da infracção.

2 — Estas providências podem ser determinadas,

modificadas ou levantadas em qualquer momento pela

própria entidade de supervisão, por sua iniciativa ou

a requerimento dos interessados e a sua legalidade pode

ser impugnada em juízo.

Artigo 40.o

Destino das coimas

O montante das coimas cobradas reverte para o

Estado e para a entidade que as aplicou na proporção

de 60 % e 40 %, respectivamente.

Artigo 41.o

Regras aplicáveis

1 — O regime sancionatório estabelecido não prejudica

os regimes sancionatórios especiais vigentes.

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